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Victória Ellen Gomes de Sousa Bacharel em enfermagem na UEPB INTRODUÇÃO As Normas Operacionais Básicas do SUS(NOB-SUS/ 1991, 1992, 1993 e 1996) foram editadas com o objetivo de colaborar com a implantação do SUS. No entanto, a NOB-SUS 1991 e, em parte, a NOB-SUS 1992 dificultaram processo de descentralização e financiamento do SUS, visto que estavam atreladas às diretrizes do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS); Depois de movimentos de mobilização popular, foram editadas as NOB-SUS 1993 e 1996, com a finalidade de efetivar a implantação do SUS (BRASIL, 2011). NOBS-SUS/1991, 1992, 1993, 1996 Definiram as competências de cada esfera de governo e as condições necessárias para que os estados e municípios possam assumir as responsabilidades de gestão; Apresentaram as ações necessárias para implantação do SUS, respeitando as disposições da CF/88 e das Leis 8.080/90 e 8.142/90; - São instrumentos utilizados para definição de estratégias a partir de avaliação periódica de implantação e desempenho do SUS. Embora o instrumento que formalize as normas seja uma portaria do Ministério da Saúde, seu conteúdo é definido de forma pactuada entre MS e representantes dos conselhos; OBJETIVOS Entre os objetivos das Normas Operacionais Básicas (NOBs), destacam-se: - Induzir e estimular mudanças no SUS; - Aprofundar e reorientar implementação do SUS; - Definir objetivos estratégicos, prioridades, diretrizes e movimentos tático-operacionais; - Regular as relações entre seus gestores; - Normatizar o SUS. NOBS-SUS 01/199 le 01/1992 NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUS 01/91 Resolução do INAMPS n° 258/91; Reedição: Resolução do INAMPS n° 273/9; Objetivo: dificultar o processo FINANCIAMENTO e DESCENTRALIZAÇÃO do SUS, favorecendo as instituições privadas. Definiu os repasses por meio de CONVÊNIOS a ser firmado entre gestores. (Acompanhar, Controlar e Avaliar) - AIH-Autorização Internação Hospitalar - SIH-Sistema Informação Hospitalar - FEM-Fator de Estímulo à Municipalização - UCA-Unidade de Cobertura Ambulatorial AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA NOB-SUS 01/91 FORAM: Equiparou prestadores públicos privados, no que se refere à modalidade de financiamento, que passou a ser, em ambos os casos, por meio de pagamento pela produção de serviços; Centralizou a gestão do SUS em nível federal (INAMPS), o que dificultou o processo de descentralização e municipalização; Estabeleceu o instrumento convenial como forma de transferência de recursos do INAMPS para os estados, o Distrito Federal e os municípios, com o objetivo de burocratizar e dificultar a transferência de recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) para os fundos estaduais e municipais de saúde; Implantou o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS) NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUS 02/92 Portaria do INAMPS n° 234/92; Manteve o INAMPS como órgão responsável pelo repasse de recursos financeiros aos municípios e estados; Continuou utilizando o instrumento convencional como forma de transferir os recursos para os estados e os municípios. Com a extinção do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), por meio da Lei nº 8.689/93, o Ministério da Saúde tornou-se a única autoridade sanitária em nível federal; as SES, em âmbito estadual; e as SMS, em âmbito municipal. Assim, alcançou-se a direção única em cada esfera de governo defendida na Constituição de 1988 (BRASIL, 2011). NOBS-SUS 01/1993 e 01/1996 NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUS 01/93 Portaria do Ministério da Saúde nº 545/1993. - Aprovada CNS - “A ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei” Formalizou os princípios aprovados na 9º Conferência Nacional de Saúde (1992), que teve o tema central: "A municipalização é o caminho"; Desencadeou um amplo processo de municipalização da gestão com habilitação dos municípios nas condições de gestão criadas (incipiente, parcial e semiplena). PRINCIPAIS AÇÕES DA NOBS-SUS 01/93: Criou a transferência financeira regular e automática (fundo a fundo) do teto global da assistência para municípios em gestão semiplena, o que facilitou o processo de transferência de recursos do SUS da União para os demais entes federativos; Descentralizou a gestão das ações e dos serviços de saúde para os municípios e possibilitou a habilitação para o recebimento de recursos fundo a fundo; Criou as Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e a Comissão Intergestores Tripartite (CIT); Definiu o papel dos estados de forma frágil, mas eles passaram a assumir o papel de gestores do sistema estadual de saúde; e Desencadeou um amplo processo de municipalização da gestão com habilitação dos municípios nas condições de gestão criadas (incipiente, parcial e semiplena). MODALIDADES DE GESTÃO NOBS-SUS 01/93: MUNICÍPIOS Gestão Incipiente: cabe ao gestor programar e autorizar a utilização de AIH e dos procedimentos ambulatoriais; controlar e avaliar os serviços ambulatoriais e hospitalares públicos e privados; incorporar ações básicas de saúde, nutrição. educação, vigilância epidemiológica e sanitária e desenvolver ações de vigilância, assistência e reabilitação de saúde do trabalhador; Gestão Parcial: cabe ao gestor, além de realizar o proposto na forma incipiente, gerenciar as unidades ambulatoriais públicas do município; Gestão Semi-Plena: forma mais avançada de gestão, cabendo ao município a gestão de toda a rede de saúde municipal. ESTADOS Gestão Parcial: conferiu menor grau de autonomia gerencial; Gestão Semi-Plena: o Estado passa a assumir totalmente a gestão dos serviços de saúde presentes no seu território que não estejam sob a responsabilidade municipal. NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SUS 01/96 Portaria do Ministério da Saúde n° 2.203/1996. A ênfase foi para a municipalização, o financiamento e o mecanismo de gestão do SUS; Definiu o papel e a responsabilidade de cada esfera de governo na construção do SUS. PRINCIPAIS AÇÕES DA NOB-SUS 01/96: Fortaleceu as diretrizes e os princípios do SUS, com ênfase à municipalização, ao financiamento e aos mecanismos de gestão do SUS; Definiu o papel e a responsabilidade da cada esfera de governo para a construção do SUS; Aumentou a participação percentual da transferência regular e automática (fundo a fundo) dos recursos federais para estados e municípios; Fortaleceu a gestão do SUS, de forma compartilhada e pactuada entre os governos municipais, estaduais e federal, por meio das CIB e da CIT; Criação do PAB (Piso Assistencial Básico repassando fundo a fundo de forma regular e automática e com base no valor nacional per capita para população coberta; Incorpora ações de epidemiologia e controle de doenças; Aumentou a participação percentual da transferência regular e automática (fundo a fundo) dos recursos federais para os estados e os municípios e incluiu nessa modalidade os seguintes mecanismos: - O PAB, o FAE, o incentivo ao Programa Saúde da Família (PSF) e ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), o índice de Valorização de Resultados (IVR), o Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS) e o Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA), a Fração Ambulatorial Especializada (FAE) e a Autorização Procedimentos de alta Complexidade/Custo (APAC); Aprimorou o planejamento e a orientação para definição de elaborar a Programação Pactuada e Integrada (PPI). ESTADO GASE - Gestão Avançada do Sistema Estadual: conferiu menor grau de autonomia gerencial; GPSE - Gestão Plena do Sistema Estadual: conferiu maior grau de autonomia gerencial. MUNICÍPIOS GPAB - Gestão Plena da Atenção Básica: conferiu autonomia gerencial para os municípios administrarem os serviços básicos de ambulatório, vigilância sanitária e epidemiológica, bem como participar do planejamento, controle, avaliação e programação do sistema municipal de saúde. GPSM - Gestão Plena do Sistema Municipal: conferiu maior autonomia administrativa para os municípios. NORMAS OPERACIONAIS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO SUS (NOAS-SUS) NOAS-SUS/2001/2002 Portarias doMinistério da Saúde n° 95/2001 (NOAS-SUS 2001) e n° 373/2002 (NOAS-SUS 2002) NORMA OPERACIONAL DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE (NOAS-SUS 01/2001) Portaria GM/MS n° 95/2001; Foi o resultado de um longo processo de negociação que envolveu o MS, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS); Objetivo geral: promover a equidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e aos serviços de saúde em todos os níveis de atenção; COMPATIBILIZOU PRINCÍPIOS Atualização critérios de habilitação municípios/estados; Regionalização e organização assistência; Fortalecimento e capacidade de gestão do SUS. REGIONALIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO ESTADOS Ampliar acesso e qualidade; Plano Diretor Regional; Programar atenção alta complexidade; Média Complexidade; Organizar referências. O Plano Diretor de Investimentos (PDI) visa identificar prioridades e desenvolver estratégias de investimento de forma a promover a equalização da oferta de recursos assistenciais em todos os níveis de complexidade. FORTALECIMENTO E GESTÃO DO SUS - Coord. Programação Pactuada e Integrada-CIB; - Elaborar Plano Diretor Regional-CIT; - Controle, avaliação e regulação; - Coordenação referências. ATUALIZAR CRITÉRIOS HABILITAÇÃO - Gestão Plena Atenção Básica Ampliada; - Gestão Plena Sistema Municipal; NOAS-SUS 01/2002 Portaria GM/MS n° 373/2002; É o resultado dos encaminhamentos estabelecidos na reunião da Comissão Intergestores Tripartite realizada em 22 de novembro de 2001; Contempla propostas do Conselho Nacional de Secretários de Saúde quanto aos comandos únicos sobre os prestadores de serviços de média e alta complexidade e o fortalecimento da gestão estadual sobre as referências municipais. - Município GPSM para GPAB - Limite financeiro estados e DF - Estado: hemocentro, núcleo hemoterapia e laboratórios - Regionalização da rede - Fortalece gestor estadual MODALIDADES DE GESTÃO DEFINIDAS NA NOAS-SUS 01/2002: MUNICÍPIOS: Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada; Gestão Plena de Sistema Municipal. ESTADOS: Gestão Avançada do Sistema Estadual: Gestão Plena de Sistema Estadual. O Pacto pela Saúde extinguiu as formas de habilitação de gestão dos estados e dos municípios, definidas na NOB-SUS 01/96 e na NOAS-SUS 01/2001. No entanto, o art. 3º da Portaria 399/2006 determinava que os municípios e os estados já habilitados em Gestão Plena do Sistema, antes da criação do Pacto pela Saúde, em 2006, continuariam com esse tipo de gestão até a assinatura do Termo de Compromisso de Gestão (TCG); O TCG era o instrumento que formalizava o Pacto pela Saúde, em suas dimensões pela Vida e de Gestão. Esse termo contemplava os objetivos e as metas, as atribuições e as responsabilidades sanitárias dos gestores municipais e estaduais e os indicadores de monitoramento e de avaliação desses Pactos; As atribuições e as responsabilidades sanitárias contidas no TCG eram pactuadas no preenchimento do quadro correspondente a cada um dos eixos, a saber: - Responsabilidades Gerais da Gestão do SUS; - Regionalização; - Planejamento e Programação; - Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria; - Gestão do Trabalho; - Educação na Saúde; e - Participação e Controle Social. Cada um desses eixos era composto de diversas responsabilidades a serem pactuadas. Cada ente federativo, ao assinar o TCG, poderia pactuar na CIB (municípios) ou na CIT (estados e DF) a adesão ao Comando Único de sua gestão. Dessa forma, ficariam responsáveis pela gestão dos prestadores de saúde situados em seu território, independentemente de sua natureza jurídica, e teriam mais autonomia financeira e gerencial. Vale salientar que o Decreto nº 7.508/2011 criou o Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP), que ampliou os princípios e as diretrizes do Pacto pela Saúde e modificou o processo de habilitação de gestão dos estados e dos municípios. Assim, substituiu o TCG. EVOLUÇÃO