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Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totali- zando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu- ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. TEORIA No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui- dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa- cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. MULTIMÍDIA Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co- nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi- culta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial me- morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi- venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo- cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. VIVENCIANDO Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa- zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re- solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica- ções dadas em sala de aula. APLICAÇÃO DO CONTEÚDO Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-las com tranquilidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte- údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. DIAGRAMA DE IDEIAS © Hexag SiStema de enSino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2023 Todos os direitos reservados. Coordenador-geral Murilo de Almeida Gonçalves reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa Hexag Editora editoração eletrôniCa Letícia de Brito Matheus Franco da Silveira projeto gráfiCo e Capa Raphael de Souza Motta imagenS Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) Pixabay (https://www.pixabay.com) iSbn 978-85-9542-241-4 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a in- clusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens pub- licadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não rep- resentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2023 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br HISTÓRIA HISTÓRIA GERAL 5 AULAS 1 E 2 : INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA E PRÉ-HISTÓRIA 007 AULAS 3 E 4 : ANTIGUIDADE ORIENTAL 014 AULAS 5 E 6 : CIVILIZAÇÃO GREGA: PERÍODOS PRÉ-HOMÉRICO, HOMÉRICO E ARCAICO 026 AULAS 7 E 8 : CIVILIZAÇÃO GREGA: PERÍODOS CLÁSSICO E HELENÍSTICO & CIVILIZAÇÃO ROMANA: MONARQUIA 034 HISTÓRIA DO BRASIL 43 AULAS 1 E 2: FORMAÇÃO DE PORTUGAL E NAVEGAÇÕES ULTRAMARINAS 045 AULAS 3 E 4: AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA, MERCANTILISMO E ADMINISTRAÇÃO ESPANHOLA NA AMÉRICA 056 AULAS 5 E 6: PERÍODO PRÉ-COLONIAL, ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E INVASÕES FRANCESAS 067 AULAS 7 E 8: ECONOMIA COLONIAL, SOCIEDADE E INVASÕES HOLANDESAS 078 SUMÁRIO Co m pe tê n Ci a 1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspectoda cultura. H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.Co m pe tê n Ci a 2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Co m pe tê n Ci a 3 Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, con- flitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Co m pe tê n Ci a 4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Co m pe tê n Ci a 5 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H21 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. H22 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário. H23 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Co m pe tê n Ci a 6 Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM HISTÓRIA HISTÓRIA GERAL LIVRO TEÓRICO 6 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS A proposta do Enem é interpretativa. Na maioria das questões, o candidato deve ler os textos propostos atentamente, pois as soluções quase sempre estarão contidas neles. Determina a compreensão de processos históricos em associação com conceitos e dados próprios de cada tema. A temática Antiguidade Clássica é muito cobrada. É necessário atribuir correlações entre as realidades econômicas e política de cada período. Atente-se aos principais temas da atualidade. As questões exigem do candidato uma apreensão conceitual com alto teor de crítica. O caráter das questões é de âm- bito reflexivo, trazendo temas históricos para o debate de temas contemporâne- os. Cabe ao candidato ficar atento aos aspectos sociológicos, políticos e econômicos dos temas. No sistema misto de ingresso é necessá- rio a realização da prova do Enem e do vestibular da Unifesp. São determinados dois dias para a prova e nela, não são abordadas diretamente questões de His- tória, mas há um grau de interdisciplinari- dade na resolução dos exercícios e escrita da redação. Cobra a associação de fatos e conceitos políticos, econômicos e sociais com tex- tos científicos e mapas. Exige domínio de interpretação textual e estabelecimento de conexões entre diferentes áreas do conhecimento. Os temas da Antiguidade Clássica são recorrentes. A prova possui cinco questões de múlti- pla escolha de História e que, nos últimos anos, não trouxe o tema da Antiguidade Clássica. Contudo, as estruturas sociais, políticas e econômicas contemporâneas são embasadas em conceitos originados no período antigo. Nesta prova, a abordagem de História combina análise de documentos com alto teor de interpretação. Nas seis ques- tões de História, há uma tendência em abranger temas relacionados à História do Brasil, mas isso não impede a relevân- cia da temática da Antiguida- de Clássica. Esta prova adota um perfil específico, que ora cobra do candidato um teor de interpretação textual nas questões de História, dado que os registros textuais costumam ser longos, ora realiza uma combinação entre a leitura e conhe- cimentos detalhados sobre determinados con- teúdos. São cinco questões de múltipla escolha de História. A abordagem conta com for- te presença de questões de Antiguidade Clássica, que exigem do candidato um grau de apreensão de conceitos combi- nados com interpretação de fontes. O vestibular é dividido em duas fases. Na primeira, História está relacionada com a capacidade do candidato de rea- lizar leituras atentas e, simultaneamente, analisar o contexto de um determinado período. Há um tema que percorre toda a prova e nele, pode-se englobar a temática de Antiguidade Clássica. Na primeira fase, História ocorre em nove questões de múltipla escolha. O vesti- bular privilegia que o candidato realize análises e interpretações sobre diferentes processos históricos e perceba suas con- tinuidades e rupturas. Há uma distribui- ção balanceada de questões de Brasil e Geral. Elaborada pela Vunesp, esta prova possui características semelhantes às demais provas citadas e organizadas pela mes- ma fundação. Em suas 55 questões de múltipla escolha, não são contemplados diretamente temas de História, mas que podem aparecer abordados em outras discipli- nas. Este vestibular não contempla com fre- quência temas das Antiguidades Clássica e Oriental. No entanto, pelo caráter da prova, cabe ao candidato preparar-se para questões que envolvam conheci- mento das condições políticas, sociais e econômicas dos períodos des- critos. Nesta prova, não há uma divisão clara entre História e Geografia, que são abor- dadas como Estudos Sociais. Portanto, não existem definições específicas de tema, mas sim um grau elevado de inter- disciplinaridade. Para o curso de Medicina, além do Enem, conta com uma avaliação elaborada pela instituição “TalentVest”. Em suas dez questões de múltiplaescolha destinadas à História, há uma tendência em abordar temas contemporâneos. CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 7 V O LU M E 1 1. Introdução ao estudo de História Quando iniciamos os estudos na disciplina de História, geralmente um dos primeiros pensamentos que temos é “tudo aquilo que já aconteceu” ou, em outras palavras, “nosso passado”. Entretanto, essa visão é simplista, já que a História não se limita apenas a estudar fatos antigos. A História vai além desse objetivo e é com ela que podemos analisar a trajetória das diversas sociedades e compreender contextos e problemáticas atuais, levando em consideração as transformações econômicas, políticas e sociais das so- ciedades humanas. 1.1. Por que estudar a História? Existem vários motivos para estudar a História. Entre a va- riedade e a multiplicidade de fatores, talvez o mais evidente seja a busca para a compreensão das transformações da humanidade ao longo do tempo, ou seja, estudar História é fundamental para perceber como foram alicerçadas as estru- turas que envolvem os sistemas políticos de variadas regiões do globo, os diversos processos históricos que acarretaram, por exemplo, na queda de monarcas e na instauração de regimes representativos ou nas disputas sociais que levaram determinados grupos socias, antes marginalizados, a con- quistarem direitos políticos. Fonte: Youtube O que é História? multimídia: vídeo 1.1.1. O termo "História" O termo "História" surgiu com os gregos "histor" e, origi- nalmente, significava "aquele que aprende pelo olhar, aquele que sabe, o testemunho, aquele que testemunhou com seus próprios olhos os acontecimentos". "História" ("his" + "oren") significava "apreender pelo olhar aquilo que se sucede dinamicamente", ou seja, tes- temunhar os acontecimentos, a realidade. O termo foi criado pelo grande geógrafo e historiador He- ródoto de Halicarnasso, nascido no século V a.c. Esse termo surgiu devido aos registros em escrita que Heró- doto fazia das “Histórias” (em forma oral) que ele ouvia dos povos que ele encontrava durante suas viagens. Heródoto posteriormente foi apelidado pelos historiadores como o “pai da História” por ter sido o primeiro homem que come- çou a registrar as histórias contadas de geração a geração (a valorização de vestígios sobre o passado). 1.1.2. Periodização da História Ao longo do tempo, os historiadores convencionaram-se a organizar os eventos em períodos. Essa periodização, natu- ralmente, seguia uma organização cronológica e utilizava acontecimentos marcantes para determinar o fim de um período e o começo de outro. O fim de um período, no en- tanto, não significava o registro de mudanças profundas e INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE HISTÓRIA E PRÉ-HISTÓRIA COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4, 5 e 6 HABILIDADE(s) 1, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 14, 15, 16, 18, 19, 22, 23, 27 e 29 CH AULAS 1 E 2 8 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 imediatas, mas indicava a partir daquele marco o aconteci- mento de mudanças significativas com o passar do tempo. Apesar de muitos historiadores questionarem a datação dos marcos de cada período, ela permanece em vigência e é utilizada como mecanismo para organizar o estudo da História e facilitar o ensino. Os principais períodos históricos são: Pré-História, Idade An- tiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea. Fonte: Youtube Aula Top | História Geral | Introdução aos Estudos Históricos | Profª Carla Kurz multimídia: vídeo 1.1.3. Calendários O tempo é considerado um objeto de difícil conceituação, mas de extrema importância no estudo da História. Situar os fatos no tempo e contextualizá-los é tarefa de historiadores e professores dessa disciplina. Sem o tempo, não existe His- tória. Assim, como os instrumentos para contar o tempo, os calendários também foram criados como forma de organizar as sociedades. Calendários são sistemas de contagem que utilizam unidades temporais como dia, mês e ano. Eles va- riam de acordo com a cultura ou religião de um povo. O calendário cristão marca os anos a partir do nascimento de Cristo, usando a extensão a.C. (antes de Cristo) ou d.C. (depois de Cristo). Foi adotado em 1582, através do papa Gregório XIII. O calendário hegírico, ou muçulmano, é utilizado em paí- ses de religião muçulmana. Marca os anos a partir da fuga (Hégira) de Maomé para Meca, em 622. O calendário hebraico, por sua vez, é utilizado em países de re- ligião judaica. Marca os anos a partir de uma referência bíblica do que seria a criação do mundo, situada no ano 3760 a.C. 1.1.4. Linha do tempo Através de uma concepção eurocêntrica do mundo, difun- diu-se uma linha do tempo baseada em eventos ligados ao contexto do continente europeu. Essa linha do tempo, considerada “oficial”, divide-se tradicionalmente em: § Pré-História: surgimento dos primeiro hominídeos até cer- ca de 4 mil anos antes de Cristo, com o surgimento dos primeiros tipos de escrita. § Idade Antiga: até 476 d.C. (queda do Império Romano). § Idade Medieval: até 1453 (fim do Império Bizantino). § Idade Moderna: até 1789 (Revolução Francesa). § Idade Contemporânea: dias atuais. Essa linha do tempo é limitada por não oferecer dados para a compreensão histórica e temporal de outras sociedades, como as africanas e asiáticas. 1.2. Os períodos da História A Pré-História é dividida em dois principais períodos (Pale- olítico e Neolítico). A definição de Pré-História vai do início da espécie humana até o advento da escrita. Entretanto, pela periodização, levar em consideração o protagonismo do Ocidente, em especial a Europa, é uma divisão que pode sofrer algumas críticas, tais como levar em consideração um processo que não foi unifor- me em toda humanidade. Desse modo, toma-se como refe- rência a Pré-História como o período que ocorre por volta de 4.000 a. C., quando se tem os primeiros indícios das grandes civilizações que surgiram no Crescente Fértil – Mesopotâmia e o Egito – e suas tentativas de passagem do nomadismo à sedentarização, o que se consolida com a urbanização. Fonte: Youtube Pré-História multimídia: vídeo A ”História” é dividida em 4 períodos (Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea). § Idade Antiga Tem início com o surgimento da escrita, em um contexto aproximado de 4.000 a.C. e vai até o fim do Império Roma- no. Esse período também é marcado pelo desenvolvimento CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 9 V O LU M E 1 das civilizações do Crescente Fértil (Mesopotâmia e Egito), assim como das civilizações persa, hebraica e fenícia. § Idade Média Compreende-se desde a queda do Império Romano do Oci- dente, em 476 d.C., até a tomada de Constantinopla (capi- tal do Império Romano Oriental) pelos turcos otomanos em 1453. É nesse período que também há o desenvolvimento do sistema feudal na Europa Ocidental, as primeiras caracte- rísticas do sistema capitalista (o surgimento das cidades na Europa, a burguesia e a expansão do comércio). § Idade Moderna Esse período começa com a tomada de Constantinopla em 1453 e vai até 1789 com a queda da Bastilha (início da Revolução Francesa). É interessante destacar que é na Idade Moderna que ocorre a transição do mundo feudal para o sistema capitalista. Além disso, esse intervalo é mar- cado pelo surgimento da Reforma religiosa e da formação e consolidação do Antigo Regime, caracterizado pelas suas estruturas absolutistas e mercantilistas. § Idade Contemporânea Estende-se do início da Revolução Francesa, em 1789, até os dias atuais. Caracteriza-se pela ascensão política da bur- guesia, o desenvolvimento e a consolidação do capitalismo financeiro, a extensão da industrialização, o surgimento do socialismo científico e outras ideologias. É a esse período que pertence o século XX, marcado por inúmeros eventos histó- ricos que modelaram a sociedade ocidental e oriental, como Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Surgimento do Nazi-Fascismo,Segunda Guerra Mundial, Guerra Fria, Des- colonização da África e Ásia e Ordem Globalizada. 1.3. Historiador e historiografia A História é uma ciência humana. Como uma ciência, a História possui métodos para investigar o passado. His- toriografia é o termo utilizado para designar o campo de estudo, as reflexões e os exames de discursos, narrativas e pesquisas sobre o passado. O historiador é o profissional apto para pesquisar e construir o saber histórico, definindo linhas de pesquisa, objetivos e, sobretudo, utilizando docu- mentação para a análise do passado. 1.3.1. O papel do historiador Para iniciar um trabalho de pesquisa histográfica, o historia- dor precisa utilizar documentação, ou seja, algum elemento humano que seja um vestígio do período que ele estuda. Por exemplo, a utilização de fontes textuais, evidências arqueo- lógicas, fontes de cultura material, representações pictóricas (gênero da pintura, com o objetivo de representar a aparência visual do sujeito, em geral um ser humano, embora também possam ser representados animais) e registros orais. Inicialmente temos que destacar o compromisso da verda- de como aspecto fundamental do ofício do historiador. E, para chegar a essa verdade, o historiador segue um padrão rígido de investigação. Quando um historiador traça uma hipótese, como ao defender que o assassinato do arquidu- que Ferdinando foi o estopim da Primeira Guerra Mundial, ele utiliza fontes primárias para fundamentar essa hipóte- se. Fontes primárias são vestígios da época, como docu- mentos, manuscritos, diários, cartas, fotografias, tudo que foi produzido em um contexto passado. Como observamos, as fontes históricas são a matéria-pri- ma do historiador. Elas podem ser materiais e imateriais ou vestígios do passado. Segundo o historiador Marc Bloch, “tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo que toca pode e deve informar sobre ele” (BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Rio de Janei- ro: Zahar, 2001, p. 79). A partir dessa afirmação, podemos definir que as fontes históricas são: § Fósseis: registros de vida animal ou vegetal que se conservaram ao longo dos séculos. Normalmente, os fósseis são objetos de estudo da paleontologia. Entre- tanto, constituem-se em fontes históricas, já que podem atestar elementos sobre a vida no local encontrado. § Vestígios arqueológicos e fontes da cultura ma- terial: referem-se a itens resgatados pela arqueologia, como construções, ruas, estátuas, objetos funerários, roupas, peças de cerâmica, etc. Outros itens mais mo- dernos e que não foram resgatados pela arqueologia também se encaixam aqui, como vestuário e utensílios fora de circulação e produção. § Documentos textuais: documentos oficiais, cartas pessoais e governamentais, diários, relatos de viagens, crônicas, livros literários, processos de justiça, jornais, en- tre outros. § Representações pictóricas: quadros, fotos, afres- cos, pinturas rupestres, charges, entre outros. § Registros orais: testemunhos pessoais e mitos trans- mitidos oralmente de geração para geração. É a partir desses vestígios que o historiador elabora a sua ideia e monta a sua pesquisa com o objetivo de compreen- der o que ocorreu. Fernand braudel, um dos maiores historiadores recentes. 10 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 1.3.2. Escolas historiográficas Inicialmente cabe definirmos o que é historiografia e para que serve. Historiografia é o registro escrito da História, a arte de escrever e registrar os fatos. E seu uso serve como ferramenta teórica de como iremos realizar um estudo crítico sobre como um determinado historiador escreveu aquele fato sobre História. As principais correntes das escolas historiográficas são: § Positivismo: é uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX. Ela defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento verdadeiro. A partir desse saber, pode- -se explicar coisas práticas, como as leis da física, das relações sociais e da ética. O seu uso na História se dá pela análise cronológica dos fatos, sem realizar qual- quer análise crítica; § Materialismo histórico: criado pelo filósofo alemão Karl Marx, enfatiza o aspecto econômico da sociedade no estudo da História. O materialismo dialético consis- te em ler a história baseando-se na constante luta de classes. Dessa forma, sempre há uma classe dominan- te e uma classe dominada, sendo que ambas estão em confronto de interesses, já que uma explora a outra. Esse embate seria o motor da História, através do qual se da- ria o progresso e as transformações na estrutura. § Escola dos Annales: criada no ano de 1929 pelos his- toriadores franceses Marc Bloch e Lucien Febvre. A pro- posta inicial do periódico era se livrar de uma visão posi- tivista da escrita da História que havia dominado o final do século XIX e início do XX. De acordo com essa teoria, a História até então era relatada como uma crônica de acontecimentos. O novo modelo, no entanto, baseava-se na interdisciplinaridade. Assim, pretendia-se realizar análises de processos de longa ou curta duração com a finalidade de permitir maior e melhor compreensão das civilizações, das “mentalidades”. Desse modo, incorpo- rou na História aspectos de Antropologia, Psicologia, Geografia e Filosofia. 1.4. Pré-História Fonte: Youtube Pré-História multimídia: vídeo Ao iniciar o estudo da Pré-História, vale um adendo: no senso comum existe uma visão popularizada dos chama- dos “homens das cavernas”, representados de maneira “primitiva” e “selvagem”. É importante romper com essa visão simplista para que possamos realizar análises mais pormenorizadas. Como visto anteriormente, a periodização tradicional divide a História em duas grandes partes: “Pré-História” e “His- tória”. Ou seja, o critério utilizado por essa visão histórica para dividir os dois períodos é o surgimento da escrita. Pode ser que agora você esteja se perguntando: “Como então os historiadores e cientistas conseguiram ter conhecimento de como era a vida das pessoas daquela época, já que não ti- nha nenhum documento oficial informando essas coisas?”. Tal conhecimento advém dos vestígios arqueológicos e pale- ontológicos que os pesquisadores encontram em suas pes- quisas, como pinturas rupestres, instrumentos antigos, restos de fósseis, etc. Com ajuda desses vestígios, é possível ter uma visão de como era a vida desses nossos antepassados. CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 11 V O LU M E 1 Os historiadores, durante suas pesquisas, dividiram a Pré- -História em dois períodos: Paleolítico e Neolítico. 1.4.1. Período Paleolítico O período Paleolítico, também conhecido como Idade da Pedra Lascada, ocorreu há aproximadamente 2,7 milhões de anos até 10 mil a.C. Trata-se do maior período da pré- -história. Esse período é chamado de Idade da Pedra Lasca- da porque uma de suas características principais é o come- ço do desenvolvimento de ferramentas e de instrumentos de trabalho provenientes da pedra. Certos eventos e comportamentos marcaram o período Pa- leolítico, como domínio do fogo, nomadismo (mobilização de grupos humanos sem local fixo), caça em grupo, divisão de tarefas, coletas de recursos na natureza (frutos e raízes), começo do convívio em tribos, primeiras manifestações artís- ticas (pinturas rupestres) e uso da pele de animais, uso de cavernas para se abrigar. Fonte: Youtube Pré-História - Brasil Escola multimídia: vídeo Mas foi bem notório que a característica mais presente nes- se período foi o domínio do fogo. O fogo podia esquentar as pessoas, aquecer os alimentos e iluminar lugares. O mais importante, porém, é que os grupos paleolíticos que controla- vam o fogo "dominavam" os grupos que não o controlavam. Fonte: Youtube Paleolítico | Pré-História - Brasil Escola multimídia: vídeo 1.4.2. Mesolítico O período Mesolítico foi a transição do Período Paleolítico para o PeríodoNeolítico. Ele se caracteriza pelo começo e pelo fim da era do gelo em alguns continentes. Após a era glacial, o planeta Terra ficou em um ótimo clima para a agricultura. 1.4.3. Período Neolítico O período Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida, ocorreu aproximadamente de 10 mil a.c. até 3 mil a.c., ou seja, ele durou desde a revolução neolítica até a criação da escrita. O período Neolítico começou com a revolução neolítica, que ocorreu quando o ser humano passou a dominar outras áreas do conhecimento que fo- ram essenciais para as tribos começarem a se estabelecer em um único lugar. Durante o período Neolítico, o ser hu- mano desenvolveu a agricultura (onde a terra era coletiva) 12 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 e a domesticação dos animais, o que só foi possível devido ao clima da Terra depois do período Mesolítico. Esses povos se estabeleceram em lugares onde criaram sua própria “es- tratificação social”, ou seja, sua divisão social. Fonte: Youtube Neolítico | Pré-História - Brasil Escola multimídia: vídeo 1.4.4. Período da Idade dos Metais A Idade dos Metais teve início quando os seres humanos começaram a dominar a metalurgia, aprendendo a fundir coisas e a aprimorar suas armas e ferramentas. Assim, eles conseguiram manipular cobre, bronze e ferro. Fonte: Youtube Idade dos Metais - Brasil Escola multimídia: vídeo O fim do período Neolítico ocorreu em um contexto de cres- cimento das comunidades sedentárias, com o surgimento de hierarquizações sociais, de religiões e de um Estado capaz de organizar produções agrícolas e de proteger territórios pre- viamente definidos. Vale o destaque para a consolidação dos primeiros sistemas de escrita. CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 13 V O LU M E 1 ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM HABILIDADE 26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. A habilidade 26 tem como objetivo desenvolver a capacidade de percepção sobre a pluralidade de fontes históricas como elemento fundamental para a compreensão e estudo do passado, além de dar ênfase ao processo de ocupação dos meios físicos, trazendo para as questões abordagens que identificam a dispersão territorial humana como fator de intervenção no meio físico e natural, sobretudo salientando as modifi- cações humanas de paisagens. MODELO 1 (Enem) A pintura rupestre mostrada na figura abaixo, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa Pintura ruPestre da toca do Pajaú – Pi. internet: www.betocelli.com a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil; b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros; c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil; d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos; e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial. ANÁLISE EXPOSITIVA A questão, ao colocar uma imagem de pintura rupestre da Toca do Pajaú, exige do aluno a percepção de que elas representavam cenas de atividades rotineiras, como caça, pesca e rituais, evidenciando a inter- venção humana no meio natural e as formas de representação sobre o cotidiano no contexto conhecido como “pré-história do Brasil”. Vale destacar que, ao apresentar uma pintura rupestre encontrada na região da Serra da Capivara, no Piauí, local que abarca uma série de importantes sítios arqueológicos da pré-história brasileira e onde é possível encontrar e conhecer milhares dessas pinturas, fica evidente a importância que o exame do Enem atribui aos significativos elementos que fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. RESPOSTA Alternativa C 14 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 1. Egito 1.1. Geografia e povoamento Antigo Egito adaPtado de: Pt.wikiPedia.org. acesso em: 03 dez. 2014 Da Pré-História para a História houve uma série de trans- formações, como o surgimento do Estado, a organização da religião como instrumento de poder, o desenvolvimen- to da escrita e a realização de grandes obras de irrigação e drenagem do solo para permitir a agricultura. Entre as civilizações que surgiram durante esse processo, vale des- tacar a civilização egípcia. Fonte: Youtube Se liga nessa História - Egito Antigo multimídia: vídeo A civilização egípcia desenvolveu-se no nordeste da Áfri- ca, uma região caracterizada pela existência de desertos e uma vasta planície banhada pelo rio Nilo, onde, de junho a setembro, ocorrem chuvas abundantes que provocam en- chentes. Quando voltam ao normal, as águas deixam nas terras um limo, ou húmus, muito fértil. A vida girava em torno do ciclo de cheias e vazantes do Nilo. Os egípcios dirigiam preces e cânticos ao deus Hapi, deus do Nilo. O rio Nilo divide o Egito em duas partes bem distintas: o Alto e o Baixo Egito. O Alto Egito é a região do interior do território, com cerca de 10 quilômetros de largura e que chega até a primeira catarata. O Baixo Egito é a região do delta, cheia de alagadiços e que se alarga à medida que se aproxima do Mediterrâneo. Graças à localização do seu território cercado de desertos, uma das características da civilização egípcia foi seu isola- mento, o que permitiu o desenvolvimento de traços cultu- rais razoavelmente homogêneos. 1.2. Política 1.2.1. Império Antigo (3200-2200 a.C.) A história do Egito começou quando as populações que vi- viam às margens do Nilo tornaram-se comunidades dedica- das mais à agricultura do que à caça ou à pesca. No quarto milênio antes de Cristo, evoluíram para pequenas unidades políticas, chamadas nomos. Formaram-se dois reinos, um ao norte e outro ao sul. Por volta de 3200 a.C., o faraó Menés (ou Narmer) unificou os reinos, com capital em Tínis, daí o período chamar-se Tinita até 2800 a.C. ANTIGUIDADE ORIENTAL COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4, 5 e 6 HABILIDADE(s) 1, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 14, 15, 16, 18, 19, 22, 23, 27 e 29 CH AULAS 3 E 4 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 15 V O LU M E 1 Os sucessores de Menés organizaram uma monarquia po- derosa e de maior prosperidade do Antigo Império. Entre 2700 e 2600 a.C., foram construídas as célebres pirâmides de Gizé, atribuídas aos faraós Quéops, Quéfren e Miqueri- nos, da terceira dinastia, fundada por Djoser em cerca de 2850 a.C.; sua nova capital era Mênfis. 1.2.2. Império Médio (2000-1750 a.C.) Com a ascensão dos monarcas, após uma crise de autori- dade e apoiados pela nobreza, os faraós reconquistaram o poder. Permitiram o ingresso de elementos das camadas inferiores no exército e, com isso, submeteram a Palestina, onde descobriram minas de cobre, e a Núbia, onde encon- traram ouro. Tais metais fortaleceram o Estado. Entre 1800 e 1700 a.C., chegaram os hebreus, mas foram os hicsos, vindos da Ásia, que criaram as maiores dificuldades. Eles possuíam cavalos e carros de combate, que os egípcios desconheciam. Dominaram a região e instalaram-se no delta de 1750 a 1580 a.C. 1.2.3. Império Novo (1580-1085 a.C.) A nova fase, após a expulsão dos hicsos, de enorme desen- volvimento militar, transformou o Egito em potência imperia- lista. O Novo Império marcou o apogeu da civilização egípcia. No reinado de Tutmés III (1480-1448 a.C.), o império atingiu sua maior expansão territorial, ampliando-se até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. Marido da rainha Nefertiti, Amenófis IV empreendeu uma revolução religiosa monoteísta, provavelmente para anular o poder e a autoridade da camada sacerdotal, ins- tituiu o culto monoteísta ao deus Áton, simbolizado pelo disco solar, chegando a mudar seu nome para Akhenaton (“aquele que agrada a Aton”). Tutancáton, seu sucessor, restaurou o deus Amon e pôs fim à revolução, mudando o próprio nome para Tutancâmon. Os faraós da dinastia de Ramsés II (1320-1232 a.C.) enfren- taram novosobstáculos, como a invasão dos hititas, vindos da Ásia Menor. O Império entrava em declínio. Em 525 a.C., o rei persa Cambises derrotou o faraó Psamético III. A inde- pendência acabou. Nos séculos seguintes, os povos do Nilo seriam dominados pelos gregos e, finalmente, cairiam nas mãos do imperialismo romano em 30 a.C. 1.3. Sociedade e economia Considerada uma civilização mais agrária que mercantil, era o Nilo que movia a economia e garantia unidade à civi- lização egípcia. A agricultura de regadio era a principal atividade econômica no Egito Antigo. Estava diretamente ligada às águas e às obras hidráulicas que tornavam possí- vel o controle sobre essas águas. O faraó encarregava-se de fornecer alimentos a todos, em um sistema econômico dirigido. Os agricultores conside- ravam a terra como propriedade do faraó e a si mesmos como funcionários do Estado, ficando com uma parte mui- to pequena da produção. Em consequência natural da geografia, o Estado precisava intervir para regularizar o uso das águas do Nilo. A economia egípcia pode ser enquadradada no modo de produção asiático, em que coexistiam comunidades caracterizadas pela propriedade coletiva do solo, e organi- zadas sobre as relações de parentesco, e um poder estatal que representava a unidade verdadeira ou aparente de tais comunidades. O Estado, detentor das terras, organizava as atividades produtivas por meio de uma rígida estrutura repressiva, a população camponesa era subjugada ao poder do faraó, pagando impostos, em produto ou em trabalho, sob uma estrutura chamada de servidão coletiva. Tais tributos permitiam ao Estado apropriar-se do excedente de produ- ção e contar com uma mão de obra numerosa e gratuita para a construção de grandes depósitos para estocagem. Em épocas de cheia do Nilo, quando a agricultura tornava- -se impossível, era comum o Estado requerer camponeses das comunidades de aldeia para o trabalho em obras como diques, palácios, canais de irrigação e templos. O contro- le sobre o excedente da produção e sobre o trabalho era realizado por uma ampla burocracia estatal, diretamente controlada pela nobreza e pela casta sacerdotal. O governo do Egito antigo era teocrático, o faraó era consi- derado filho de Amon-Rá, o deus Sol, e encarnação de Hórus, simbolizado pelo falcão. Isolados geograficamente, os egíp- cios criaram uma civilização original, intensamente marcada pela religião, era estratificada e rígida em termos de mobili- dade. Os egípcios julgavam que toda a felicidade dependia do faraó, diante de quem se prostravam em frequentes ceri- mônias. Ele comandava o exército, distribuía justiça e organi- zava as atividades econômicas. Usava dupla coroa, símbolo do Alto e Baixo Egito, e um cetro. Tinha várias mulheres, mas só a primeira podia usar o título de rainha. 16 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 A nobreza era formada pelos parentes do faraó, altos funcio- nários do palácio, oficiais do exército, chefes administrativos e sacerdotes. A dignidade sacerdotal passava de pai para fi- lho. Os sacerdotes, membros da mais elevada camada social, administravam os bens oferecidos aos deuses. Recebiam do Estado grandes propriedades. O mais importante de todos era o Profeta de Amon. Exerciam considerável influência política e, no período do Novo Império, muitos tentaram tomar o poder. Escribas formavam-se nas escolas do palácio e aprendiam os hieróglifos, complicados caracteres da escrita. Subestimados pela população, os soldados viviam dos pro- dutos recebidos como pagamento e saques realizados durante as conquistas. Camponeses e artesãos eram a camada inferior da socieda- de, mas deles dependia a prosperidade do país. Recebiam míseros pagamentos em forma de produtos, moravam em cabanas, vestiam-se pobremente e comiam pouco. Aquilo que poupavam, guardavam para o funeral, para garantir uma vida melhor após a morte. Mais tolerantes que outros povos da mesma época, os egíp- cios ofereciam certa segurança a seus escravos, em geral, bem tratados e numerosos em tempo de guerra. 1.4. Cultura e religião: politeísmo e imortalidade Os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deu- ses. Antropozoomórficos, esse deuses apresentavam forma de homem e animal. As principais divindades eram: Osíris, Amon-Rá, Isis, Hórus, Ápis e Anúbis. Para explicar a origem de seus deuses, contavam que, nos primeiros tempos, Set (o vento quente do deserto) assas- sinou Osíris (o sol poente) e lançou o corpo ao rio Nilo (deus das sementes). Ísis (deusa da vegetação) conseguiu encontrar o corpo, mas Set voltou a atacar Osíris e dividiu- -lhe o corpo em 14 pedaços, que espalhou pelo Egito. Ísis, pronunciando palavras mágicas, uniu os pedaços com a ajuda de Hórus (deus do céu, o sol levante). A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encon- trasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. Por isso, era preciso conservar o corpo. Com essa finalidade, os egípcios desenvolveram técnicas de mumificação. Dentro do corpo, punham substâncias aromáticas que evi- tavam a deterioração, como mirra e canela. Eles extraíam as vísceras e imergiam o corpo numa mistura de água e carbonato de sódio. Envolviam o corpo em faixas de pano, sobre as quais passavam uma cola especial para impedir o contato com o ar, e o colocavam num sarcófago para levá-lo a um túmulo. Os faraós tinham lugares reservados numa câmara secreta dentro das pirâmides. 1.5. Ciência e arte A arquitetura egípcia é reconhecida pelos seus templos, as pirâmides, as mastabas e os hipogeus, túmulos sub- terrâneos cavados nas barrancas do Nilo, o Vale dos Reis. Nas ciências, eles se destacaram na Matemática e Geome- tria, que tinham finalidade prática: a construção civil. Na escultura, predominantemente religiosa, destacaram-se com os sarcófagos, de pedra ou madeira. Os egípcios conheciam a raiz quadrada e as frações e che- garam a calcular a área do círculo e a do trapézio. A preocupação com as cheias e vazantes do Nilo e com a natureza estimulou-os a estudar Astronomia. Localizaram alguns planetas e constelações. Construíram um relógio de água e organizaram um calendário solar. Dividiram o dia em 24 horas, e a hora, em minutos, segundos e terços de segundos. Tinham semana de dez dias e mês de três se- manas. O ano de 365 dias dividiu-se em estações agrárias: cheia, inverno e verão. Pirâmides de QuéoPs, QueFren e miQuerinos Seus escritores se inspiravam em temas morais, poéticos ou religiosos, como o Texto das Pirâmides e o Livro dos Mortos. Tinham três tipos de escrita. Uma sagrada, em túmulos e templos, a hieroglífica; uma versão mais simplificada, a hierática, em documentos administrativos; e a demócri- ta, mais popular. Champollion, orientalista francês, foi o CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 17 V O LU M E 1 primeiro a decifrar os hieróglifos egípcios, a partir de uma lápide, conhecida como Pedra da Roseta, encontrada por um soldado de Napoleão Bonaparte em 1799. Pedra de roseta, british museum Fonte: Youtube Cleópatra (1963) Uma fantástica história de poder e traição que mudou o curso da história. Como a lendária Cleópatra, rainha do Nilo, conquistou Júlio César e Marco Antônio, dois dos maiores soldados de Roma. multimídia: vídeo 2. Mesopotâmia 2.1. Geografia e povoamento Crescente fértil e Mesopotâmia disPonível em: <httPs://Pt.wikiPedia.org/wiki/ crescente_F%c3%a9rtil>. acesso em: 22 dez. 2015. Mesopotâmia (atual Iraque) é uma palavra de origem gre- ga que significa “terra entre rios”. Nela viveram sumérios, acádios e assírios, entre os rios Tigre e Eufrates, que nasciam nas montanhas da Armênia e desaguavam no golfo Pérsico. Uma extensa faixa de terra conhecida como Crescente Fértil, onde a neve dos montes da Armênia derretia e provocava inundações anuais semelhantes às que ocorriam no Egito, e o húmus depositado no solo dava à terra grande fertilidade.Desde muito cedo essa intensa fertilidade em meio a de- sertos e a uma natureza essencialmente inóspita atraiu e fixou comunidades. Estima-se que a sedentarização das primeiras comunidades humanas na Mesopotâmia tenha ocorrido por volta de 10 000 a.C.; vários historiadores e arqueólogos acreditam que essas são as primeiras formas de civilização humana existentes. Fonte: Youtube Já entendi - História - Mesopotâmia multimídia: vídeo 2.2. Política Quish foi a primeira cidade da primeira civilização mesopo- tâmica, de acordo com a tradição suméria. Depois Ur, Uruk, Lagash, Eridu e Nipur – cidades-Estado, com autonomia reli- giosa, política e econômica, e governadas por um sacerdote, ajudado por um conselho de anciãos, que logo evoluiu para uma espécie de autocracia, um governo pessoal, despótico. Lagash e Ur combatiam, enquanto os semitas instalavam-se na Mesopotâmia. Sua cidade mais famosa foi Acad, que deu origem ao termo acádios. Estes estabeleceram uma organização centralizada em seu Império, afastando a in- fluência dos sacerdotes. Por volta de 2330 a.C., o rei semi- ta Sargão unificou as cidades sumérias, criando o Primeiro Império Mesopotâmico. 2.3. Sociedade e economia Marcadas pela agricultura de regadio e pela servidão co- letivas, várias civilizações mesopotâmicas inseriram-se no chamado modo de produção asiático. As terras e meios de produção, bem como as grandes obras hidráulicas, eram di- retamente controlados pelo Estado, seja em um plano mais local, na cidade-Estado, seja no nível dos grandes impérios. 18 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 Tendo no topo uma elite composta por reis, nobres, sa- cerdotes, militares e altos funcionários; comerciantes e artesãos; camponeses e, finalmente, escravos, via de regra prisioneiros de guerra; a estrutura social mesopotâmica as- semelhava-se à egípcia. 2.3.1. Primeiro Império Babilônico (1800-1600 a.C.) Concentrados em torno da Babilônia, e com o enfraqueci- mento sumério, os semitas ascenderam. Hamurábi foi um dos primeiros reis babilônicos (1728-1686 a.C.). Ampliou o Império, foi sobretudo um legislador, responsável por um dos primeiros códigos de leis que se conhece: o Código de Hamurábi. Transformou a língua acádia em língua oficial e Marduck, deus babilônico, em primeiro deus supremo da Mesopotâmia. Com as invasões de hititas e cassitas, o rei- no sucumbiu provavelmente no século XVI a.C. A epopeia de Gilgamesh (séc. XX a.C.) Um antigo poema épico da Mesopotâmia (atual Ira- que), uma das primeiras obras conhecidas da literatura mundial. Sua origem são diversas lendas e poemas su- mérios sobre o mitológico deus-herói Gilgamesh, que foram reunidos e compilados no século VII a.C. pelo rei Assurbanípal. multimídia: livro O império Babilônico adaPtado de: <httPs://Pt.wikiPedia.org/wiki/>. acesso em: 25 dez. 2015. adaPtado de: <httPs://Pt.wikiPedia.org/wiki/assíria>. acesso em: 25 dez. 2015. 2.4. Império Assírio (1875-612 a.C.) Com origem por volta de 1800 a.C., o Império Assírio teve seu período de maior expansão entre 883 e 612 a.C., con- quistando a Síria e o Egito. Com carros de combate e catapultas, o exército assírio im- punha sua dominação pelo terror, saqueando os territórios conquistados e massacrando as populações vencidas. O apogeu dessa civilização ocorreu durante os reinados de Sargão II, Senaqueribe e, principalmente, Assurbanipal, que conquistou o Egito. Em 612 a.C., o Império Assírio chegou ao fim com a invasão e o domínio dos medos. 2.5. Novo Império ou Segundo Império Babilônico (612-539 a.C.) O domínio babilônico voltou a impor-se com os caldeus, um dos povos que haviam se aliado aos medos para com- bater os assírios. Nabucodonosor (605 a 563 a.C.), filho de Nabopo- lassar, fundador da nova dinastia, tomou Jerusalém em 587 a.C., levou numerosos israelitas cativos para a Babilônia (episódio conhecido como “Cativeiro da Babilônia”), conquistou a Síria, a Fenícia e construiu grandiosas obras, como os Jardins Suspensos da Ba- bilônia e a Torre de Babel, com 215 metros de altura. Não deixou sucessores capazes, e o Segundo Império Babilônico foi tomado por Ciro em 539 a.C. 2.6. Cultura e religião zigurate Estado teocrático, a religião mesopotâmica tinha caráter po- liteísta. Entre os deuses destacam-se: Anu (rei do céu), Enlil CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 19 V O LU M E 1 (rei da terra), Shamash (deus Sol) e Marduk, deus de Babi- lônia, que tornou-se a principal divindade da Mesopotâmia. relevo assírio de nimrud, a Partir de 728 a.c. A escrita era em forma de cunha (cuneiforme), feita com um estilete para gravar em tabuletas de argilas com traços verti- cais, horizontais e oblíquos. Na literatura, as principais obras foram o Poema da Criação e a Epopeia de Gilgamesh. Também avançaram em Matemática, criando tábuas de mul- tiplicação e divisão, inclusive de raízes cúbicas. Na astronomia, desenvolveram um calendário baseado nos ciclos da Lua. A arquitetura se destacou pela construção de palácios e zi- gurates, torres de vários andares sobre as quais havia uma capela, usada para observar o céu. Na escultura, figuras em baixo-relevo ornamentavam as paredes dos palácios, geralmente retratando a guerra e a caça. O maior legado mesopotâmico foi o Código de Hamurábi, o primeiro código escrito do qual se tem conhecimento na história do Oriente Antigo. Tinha como princípio a “Lei de Talião”, resumida na expressão “olho por olho, dente por dente”, ou seja, a punição deveria ser equivalente ao crime cometido. 3. Hebreus 3.1. Geografia e povoamento A Palestina, localizada no Oriente Próximo, era formada pelo vale do rio Jordão, as áridas terras da Judeia e a planí- cie costeira, delimitada a nordeste pela Síria, ao norte pela Fenícia, a sudeste pelo deserto da Arábia e a oeste pelo mar Mediterrâneo. Inicialmente habitada por cananeus, filisteus e arameus, foi povoada por volta de 2000 a.C. pelos hebreus1, povo de origem semita2. Os hebreus 1. A palavra hebreu significa, de maneira literal, “povo do outro lado do rio”, referindo-se ao rio Eufrates, uma vez que a base de seu povoado deu-se após realizarem a travessia do rio e fixarem-se na chamada “terra de Canaã”. 2. Semita (do hebraico sem, nome do filho de Noé); nome dado aos membros de um grupo de povos do Oriente Próximo, que falam atual- mente, ou que falaram na antiguidade, línguas originárias do norte da África e da Ásia Médio-Oriental. disPonível em: <httP://www.historianet.com.br/conteudo/deFault. asPx?codigo=85>. (adaPtado). acesso em: 25 dez. 2015. 3.2. Política 3.2.1. Período dos patriarcas (2000-1200 a.C.) Os hebreus viviam perto de Ur, no Primeiro Império Babilô- nico, eles se organizavam em grupos familiares patriarcais, seminômades, sob a liderança de chefes denominados pa- triarcas. Nessa fase não havia unidade política e os hebreus estavam divididos em tribos. Segundo a Bíblia, Abraão foi o primeiro patriarca, tendo conduzido seu povo à terra pro- metida por Deus, Canaã, ou Palestina. De seu neto, Jacó, originaram-se as 12 tribos de Israel. Talvez, afugentados pelos hicsos, cerca de 1800 a.C. as se- cas obrigaram os hebreus a emigrarem para o Egito. A vida tornou-se difícil, e depois da expulsão dos hicsos (1580 a.C.), os hebreus, perseguidos, deixaram o Egito por volta de 1250 a.C. Foi o Êxodo, ou fuga, sob a li- derança de Moisés, criado pela filha de um faraó, que o encontrou boiando em uma cesta no rio. Segundo a Bíblia, os israelitas atravessaram o mar Verme- lho, atingiram a península do Sinai e vagaram quarenta anos pelo deserto antes de chegar à Palestina. No deserto, do alto do Monte Sinai, Deus se revelou a Moi- sés. Ele recebeu as Tábuas da Lei, que apresentou ao povo. Apesar da crença no único Deus, Iavé (Aquele que é), os hebreus se desviaram do monoteísmo várias vezes, como quando adoraram um bezerro de ouro. Moisés morreu an- tes de ver seu povo entrar na Terra Prometida. 3.2.2. Período dos juízes(1200-1010 a.C.) Os hebreus chegaram à Palestina (Terra Prometida), logo após a morte de Moisés, e, sob a liderança de Josué, deram início a intensas lutas contra os antigos habitantes da região (cananeus e filisteus). As necessidades bélicas impuseram uma maior unidade às tribos hebraicas, que passaram a ser 20 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 lideradas por chefes guerreiros, os juízes. Os mais importan- tes, segundo a Bíblia, foram: Josué, que tomou a cidade de Jericó; Gedeão; Sansão, que lutou contra os filisteus, e Sa- muel, que foi o articulador da centralização política. 3.2.3. Período dos reis (1010-587 a.C.) Reino dividido disPonível em: <httPs://Pt.wikiPedia.org/wiki/reino_de_judá>. acesso em: 25 dez 2015. A luta pela reconquista da Palestina desencadeara um pro- cesso de unificação das tribos hebraicas e de centralização política, cujo desfecho foi a fundação do reino de Israel. Saul, o primeiro rei dos hebreu, comandou uma ofensiva contra os filisteus, mas acabou derrotado. Davi, seu suces- sor, derrotou os inimigos e ampliou os territórios sob seu domínio conquistando Jerusalém, a capital do reino. Com a morte de Davi, o trono foi ocupado por seu filho Salomão. Seu reinado ficou marcado por realizações em várias áreas. Na área religiosa, mandou construir o Templo de Jerusalém, onde foi depositada a Arca da Aliança, urna que continha as Tábuas da Lei, onde estão gravados os Dez Mandamentos. No campo da economia, o comércio dos hebreus atingiu seu apogeu. As relações comerciais com a Fenícia foram intensificadas com destaque para o comér- cio de madeiras, óleos e tecidos. O reinado de Salomão foi marcado pela ostentação e pela abundância de palácios luxuosos que exigiram o constante aumento dos impos- tos, empobrecendo cada vez mais o trabalhador do campo, para sustentar o luxo de seu reinado, criando um clima de insatisfação entre o povo hebreu. A morte de Salomão, em 933 a.C., desencadeou uma crise política conhecida como o Cisma hebraico, resultan- do na divisão do reino em duas partes: o Reino de Judá (duas tribos), situado ao sul e com capital em Jerusalém, e o Reino de Israel (dez tribos), localizado no norte e com capital em Samaria. Em 722 a.C., o Reino de Israel foi conquistado por Sargão II e transformado em província do Império Assírio. O Reino de Judá foi conquistado por Nabucodonosor em 587 a.C. O Templo de Jerusalém foi destruído e os hebreus foram levados como escravos para a Babilônia (Cativeiro da Babilônia). 3.2.4. Diáspora (70 a.C.) Em 539 a.C. terminou o Cativeiro da Babilônia com a derrota do Império Babilônico diante das forças de Ciro, rei dos per- sas. Os hebreus retornaram à Palestina, reconstruíram o Tem- plo de Jerusalém e tornaram-se parte integrante do Império Persa. Situados nos territórios da antiga tribo de Judá, os habitantes dessa região passaram a ser chamados de judeus. Os judeus foram dominados por vários povos. Após o do- mínio persa, veio o domínio dos macedônios (332 a.C.), de Antíoco, filho de Seleuco, general que ficou com a Ásia por ocasião da partilha do Império de Alexandre. Em 63 a.C., a Palestina foi conquistada por Pompeu e transformada em província do Império Romano. Com o estabelecimento da figura do imperador como divino, no ano 70 d.C., os judeus se recusaram a reconhecer o imperador dos romanos como um verdadeiro deus, rebelando-se contra o domínio romano. Em resposta, as autoridades romanas, lideradas pelo general Tito, destruíram Jerusalém, inclusive o Templo, e expulsaram os judeus da Palestina, que dispersaram-se pelo mundo. Esse acontecimento ficou conhecido como Diáspora. O retorno dos judeus à Palestina só ocorreu a partir de 1918 e culmi- nou com a fundação do atual Estado de Israel, em 1948. destruição do temPlo de jerusalém (1867), Por Francesco haYez 3.3. Sociedade e economia A economia era predominantemente agropastoril, desen- volvida nas terras férteis do vale do rio Jordão. E também com intensas relações comerciais com o Egito, a Fenícia, a Síria, a Ásia Menor, a Mesopotâmia, a Arábia e o reino CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 21 V O LU M E 1 de Sabá (atual Etiópia). Seus principais produtos agrícolas eram a oliva, a uva e diversos cereais. Durante o Período dos Reis, a estrutura tribal de posse da ter- ra deu lugar à propriedade privada. A terra ficou concentra- da nas mãos da aristocracia ligada ao Estado. Camponeses, pastores e uma pequena parcela de escravos estavam su- bordinados a essa aristocracia por meio de vários impostos, incluindo a exigência de parte da produção, a sujeição ao trabalho compulsório e a obrigatoriedade do serviço militar. Durante o reinado de Salomão, surgiu uma rica camada de comerciantes que possuíam a mesma condição social que a camada de funcionários reais. Acima desses, havia uma elite de aristocratas, os sacerdotes (rabinos) e a família real. Fonte: Youtube Hebreus - Mundo História - ENEM multimídia: vídeo 3.4. Cultura e religião O Deus dos hebreus não podia ser representado por está- tuas ou pinturas, sendo asim eles não se destacaram tanto nas artes. No Direito, produziram o Código Deuteronômio e sua literatura está contida no Antigo Testamento, onde destacam-se os Salmos de Davi, os Cânticos e Provérbios de Salomão e o Livro de Jó. Fonte: Youtube Os dez mandamentos (1956) Um longa com Charlton Heston, que conta a vida de Moi- sés, desde seu nascimento, quando é colocado em um cesto nas águas do rio Nilo, até seu resgate pela princesa egípcia Bithiah, que resolve criá-lo como príncipe. Já adul- to, Moisés descobre sua origem e dedica-se a libertar seu povo da escravidão e conduzi-lo à Terra Prometida. multimídia: vídeo Constituíram a única civilização monoteísta da antigui- dade oriental. A religião judaica ensina que Deus fez uma aliança com o povo de Israel, em que o povo receberia a proteção divina por obediência aos Dez Mandamentos (Decálogo), gravados nas Tábuas da Lei, depositadas numa urna (Arca da Aliança) guardada no templo. A Bíblia con- tém todos os ensinamentos que o povo deveria seguir. Vale dizer que o monoteísmo judaico exerceu grande influência sobre o cristianismo e o islamismo. 4. Fenícios Os fenícios disPonível em: <httPs://Pt.wikiPedia.org/wiki/Fenícia>. acesso em: 22 dez. 2015. 4.1. Geografia e povoamento Lar dos Fenícios, a estreita faixa de terra localizada ao sul da Palestina começou a ser ocupada por povos de origem semita, originários das costas setentrionais do mar Verme- lho, por volta de 3000 a.C. Atualmente é região do Líbano, uma faixa de 200 quilômetros de comprimento, entre as montanhas e o mar Mediterrâneo. 4.2. Sociedade e economia Na Fenícia, a agricultura cedeu lugar ao comércio, à pesca e a um rico artesanato, voltado para a comercialização com os povos vizinhos. O solo pobre e a configuração geográfi- ca da região determinaram a ligação com o mar. As vastas florestas de cedros (madeira excelente para a construção naval) e os bons portos naturais favoreceram a atividade marítimo-comercial, destacando-se vinho, azeite, objetos de cerâmica, metal, vidro colorido e, especialmente, o co- rante de púrpura, obtido de molusco chamado múrice, que permitia o tingimento de tecidos. Isso fez deles os principais navegantes e comerciantes da an- tiguidade, desenvolvendo técnicas navais e conhecimentos 22 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 geográficos que só foram recuperados no início dos tempos modernos. Uma sociedade de castas e constituída por sacer- dotes, aristocratas, comerciantes, homens livres e escravos. 4.3. Política Os fenícios, durante toda sua história, diferente dos demais povos da antiguidade oriental, não tiveram uma unidade política, não constituíram um Estado unificado com um go- verno centralizado. Agrupavam-se em cidades-Estado, de governo autônomo e soberano. Destacaram-se Ugarit, Aradus, Trípoli, Biblos, Sídon e Tiro, todas importantescen- tros manufatureiros e comerciais. Em cada cidade, um rei exercia o poder, com um conselho escolhido entre os grandes comerciantes e proprietários agrícolas, que controlavam o governo. Os fenícios fundaram feitorias para ampliar os benefícios de seu comércio marítimo, pontos de apoio localizados no litoral das regiões, facilitando o escoamento das mercado- rias vindas do interior. Uma dessas feitorias era Cartago, no litoral da atual Tunísia, a maior rival de Roma no controle do Mediterrâneo ocidental no século III a. C. 4.4. Cultura e religião A religião era politeísta, com divindades associadas às for- ças da natureza, como Baal, o deus do Sol, e Astarte, a deusa da fecundidade, representada pela Lua. Sua principal contribuição foi a invenção do alfabeto fo- nético. Para facilitar as transações comerciais, criaram 22 sinais dos sons das palavras, logo adotado por arameus e judeus. Com as vogais, tornou-se o alfabeto grego. 5. Império Persa 5.1. Geografia e povoamento Situado a leste do Crescente Fértil, entre a Mesopotâmia e a Índia, é hoje conhecido como Planalto Iraniano e compre- ende áreas montanhosas e desérticas. Dois grupos arianos ocuparam o Irã, a partir de 2000 a.C., os medos e os persas. Os primeiros ao sul do mar Cáspio; os persas a leste do golfo Pérsico. Tornaram-se pequenos reinos rivais no século VIII a.C.. Entre esses Estados mo- nárquicos, o Reino da Média, ou dos medos, organizou-se antes do Reino dos Persas e exerceu sua hegemonia na região estendendo seus domínios pela Mesopotâmia e participando da destruição do Império Assírio. Entretanto, declinaram no século VI a.C., quando Ciro I, rei dos persas, conquistou o Reino da Média, provocando a unificação po- lítica dos povos do Planalto Iraniano, em 550 a.C. Os persas (séc. V a.C.) A peça mais antiga que se tem notícia. Os persas, de Ésquilo (525-455 a.C.), se desenrola no ano de 472 a.C em Susa, capital da Pérsia, e coloca em cena a angústia da rainha Atossa e a derrocada de seu filho, o grande rei Xerxes, responsável pela invasão à Grécia. multimídia: livro 5.2. Política Ocorreu um rápido expansionismo territorial com a cons- trução de um enorme império durante o governo de Ciro I (559-529 a.C.). Quando de sua morte, o Império Persa se estendia dos atuais Paquistão e Afeganistão, a leste, até o litoral dos mares Negro e Mediterrâneo, a oeste. Em 525 a.C., seu filho, Cambises, conquistou o Egito até a Líbia. O auge do império foi no reinado de Dario I (512-484 a.C.), que manteve a tradição de Ciro de integrar a elite dos povos submetidos e de respeitar as diferenças religiosas e culturais locais. O império foi dividido em satrápias, pro- víncias dirigidas por governadores que recebiam o título de sátrapas, que eram vigiados e fiscalizados por funcionários reais. O dárico, moeda-padrão cunhada em ouro e prata, facilitou a integração econômica das regiões e dos povos do império. Susa, Sardes, Persépolis, Ecbátana e Babilônia – foram integrados por uma ampla rede de estradas e por um eficiente sistema de correios. Dario iniciou a tentativa de submeter completamente as cidades gregas da Ásia Menor (litoral da atual Turquia) ao Império Persa - origem das Guerras Médicas (490-479 a.C.), em que os persas lutaram contra as cidades-Estado gregas. Em 480 a.C., Xerxes, sucessor de Dario, foi derrotado na Segunda Guerra Médica, na Batalha Naval de Salamina. Com a derrota, houve o enfraquecimento e a progressiva desintegração do Império Persa, facilitando a total conquis- ta greco-macedônica de Alexandre Magno, em 330 a.C. CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 23 V O LU M E 1 CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS 5.3. Sociedade e economia O comércio dentro do Império foi ajudado com a unifi- cação política ao reduzir os obstáculos e oferecer maior segurança às viagens dos mercadores. A rede de estradas reais, o dárico e a padronização dos pesos e medidas pos- sibilitaram o desenvolvimento das atividades comerciais. A elite persa era composta pelo imperador e sua família e por altos burocratas, comandantes militares e sacerdotes. A massa da população era sujeita ao trabalho compulsório nos sistemas de regadio e/ou nas obras públicas, e ainda tinha que pagar uma pesada tributação. 5.4. Cultura e religião Desenvolveram a escultura, os baixos-relevos e a arquite- tura monumental, reconhecidas nos palácios reais de Susa e Persépolis. Tinham uma religião dualista, em que o deus do bem, Ahura-Mazda (ou Ormuz), opunha-se ao deus do mal, Arimã. E fundamentava-se na crença do Juízo Final, onde o bem triunfaria sobre o mal, descritos no livro sagra- do Zend Avesta, escrito pelo lendário Zoroastro ou Zaratus- tra, em que se baseava o zoroastrismo (ou mazdeísmo, em alusão à divindade Ahura-Mazda). Tais princípios exerceram grande influência sobre o judaísmo e, por meio desse, sobre o cristianismo e o islamismo. 5.5. Oriente Médio: tradição e cultura Enquanto cresciam as civilizações do Oriente Médio, os homens dependiam menos da natureza e a aprenderam a usar melhor os instrumentos e a técnica para dominá-la. O arado, canais de irrigação, domesticação de animais para tração e construção de silos para armazenagem são apenas alguns exemplos. A indústria evoluiu quando passou a fabri- car tijolos e a usar planos inclinados para elevar blocos de pedra ao alto das construções. Os homens aprimoraram as técnicas de construção, com o uso de metalurgia, a cerâmi- ca e o preparo dos papiros e placas de barro para a escrita. Os frígios inventaram a moeda. No campo da cultura, foram diversos os avanços. A inven- ção da escrita, com o alfabeto fonético dos fenícios, assi- nalou a passagem da Pré-História para a História. Foram criadas as primeiras obras literárias, como a Epopeia de Gilgamesh. Também surgiram os grandes códigos religio- sos e morais, como os de Moisés e Hamurabi. Desenvol- veram-se o cálculo matemático, a geometria, as unidades de peso e medida, o calendário lunar e o solar, os estudos de Astronomia, Medicina e Farmácia. Além disso, foram realizados progressos nas ideias de organização do Esta- do e na arte da guerra. Em relação à moral e à religião, destacam-se a tolerância religiosa dos persas e a ideia de um único Deus dos hebreus. Tanto as civilizações mesopotâmicas quanto a egípcia cresceram em torno de grandes rios – o Tigre, o Eufrates e o Nilo, no caso dos egípcios. Evidenciando a escassez de água no norte da África e no Oriente Médio, mesmo até os dias atuais, o que é um empecilho muito grande ao sedentarismo. Tais povos só conseguiram desen- volver a agricultura a partir do uso da água desses rios. Isso explica a densidade demográfica muito maior nas regiões adjacentes às suas margens. Na imagem ao lado, do Iraque atual, é possível observar as prin- cipais cidades do país, ainda hoje, que se concentram na região mesopotâmica. 24 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM HABILIDADE 11 Através de variadas fontes, cite o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da paisagem com a vida humana. Em documentos escritos, na arte ou na arquitetura, todas as sociedades registram suas práticas cotidianas. A habilidade 11 permite ao aluno a compreensão da regência das instituições sociais, políticas e econômicas em tais registros. Para isso ele deve interpretar as informações passadas, por meio de imagens e textos, juntamente com seus conhe- cimentos teóricos, relacionando-os conforme a exigência de cada exercício em particular. MODELO 1 (Enem) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois: a) significava, entreoutros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos; b) representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar tra- balho nos canteiros faraônicos; c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos; d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalha- rem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito; e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições. ANÁLISE EXPOSITIVA O poder teocrático do faraó era representado pela arquitetura e pelas pirâmides e templos. A alternativa A é a correta. Muitas das obras públicas eram realizadas pela servidão coletiva. RESPOSTA Alternativa A CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 25 V O LU M E 1 DIAGRAMA DE IDEIAS • ESTADO • RELIGIÃO • ESCRITA • GRANDES OBRAS TRANSIÇÃO: PRÉ-HISTÓRIA -> HISTÓRIA ANTIGUIDADE ORIENTAL GEOGRAFIA: NORDESTE DA ÁFRICA - DESERTOS / RIO NILO ECONOMIA: MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO SOCIEDADE: TEOCRÁTICA - FARAÓ (DEUS) / NOBREZA COMERCIANTES / CAMPONESES / ESCRAVOS RELIGIÃO POLITEÍSMO / MUMIFICAÇÃO EGITO GEOGRAFIA: REGIÃO FÉRTIL ENTRE OS RIOS TIGRES E EUFRATES ECONOMIA: MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO SOCIEDADE: TEOCRÁTICA - REIS / NOBREZA / COMERCIANTES CAMPONESES / ESCRAVO RELIGIÃO POLITEÍSMO / CÓDIGO HAMURABI ESCRITA CUNEIFORME MESOPOTÂMIA GEOGRAFIA: ATUAL ISRAEL / PALESTINA ECONOMIA: AGROPASTORIL E COMERCIAL SOCIEDADE: ESTRUTURA TRIBAL - PROPRIEDADE PRIVADA - NOBREZA / COMERCIANTES CAMPONESES / ESCRAVOS RELIGIÃO MONOTEÍSMO HEBREUS GEOGRAFIA: ATUAL LÍBANO ECONOMIA: MARÍTIMO-COMERCIAL SOCIEDADE: CIDADE-ESTADO - REI CONSELHEIROS COMERCIANTES RELIGIÃO POLITEÍSMO / ALFABETO FONÉTICO FENÍCIOS GEOGRAFIA: ENTRE A MESOPOTÂMIA E A ÍNDIA - DESERTOS E MONTANHAS ECONOMIA: COMÉRCIO / MODO DE PRODUÇÃO ASIÁTICO SOCIEDADE: IMPÉRIO - NOBREZA - BUROCRATAS MILITARES / SACERDOTES RELIGIÃO RELIGIÃO DUALISTA / ARQUITETURA MODERNA IMPÉRIO PERSA 26 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias V O LU M E 1 1. Geografia Banhada pelos mares Jônico e Egeu, a Grécia era, por sua posição geográfica, um elo entre a Europa e o Orien- te Próximo. O território grego era composto por duas regiões distintas: a parte continental, ao sul da península dos Balcãs, e a Grécia insular, que ocupava as ilhas do mar Egeu e a costa da Ásia Menor. Com a expansão colonial, ela ocupou também a cos- ta egeia da Ásia Menor e o sul da península Itálica. As comunicações terrestres eram dificultadas pelo seu relevo montanhoso e seu solo árido e rochoso. Porém, seu litoral com excelentes portos e salpicado de ilhas facilitava as co- municações marítimas. A escassez de contatos internos con- tribuiu para impedir a unidade política da Grécia Antiga e, ao mesmo tempo, favoreceu a formação de cidades-Estado. A Grécia antiga disPonível em: <httPs://commons.wikimedia.org/wiki/ File:maPa_grecia_antigua.svg>. acesso em: 05 jun. 2018. 2. Períodos A História da civilização grega é dividida, convencional- mente, em cinco grandes períodos temporais denomina- dos “Pré-homérico”, “Homérico”, “Arcaico”, “Clássico” e “Helenístico”. Neste capítulo abordaremos os três primei- ros períodos mencionados, salientando o processo de for- mação e consolidação de importantes estruturas culturais e políticas da civilização grega. 2.1. Período Pré-homérico (2000-1200 a.C.) De origem indo-europeia, os gregos, helenos – de Hélade, nome primitivo da Grécia – ou arianos chegaram à Grécia em cerca de 2000 a.C. Antes deles os aqueus, povo pastoril, já ocupavam as melhores terras. Sedentários, assimilaram povos mais an- tigos, como os pelágios ou pelasgos, provavelmente de origem mediterrânea, do Período Neolítico. Os aqueus formaram os núcleos urbanos de Micenas, Tirinto e Argos. Os habitantes de Micenas integraram sua cultura à dos cretenses, cuja civilização era bastante avançada – povo marítimo-comercial que dominava as rotas do Mediter- râneo Oriental (talassocracia1) – o que deu origem à civilização creto-micênica. Com a chegada de novos grupos indo-europeus, os jônios e os eólios, por volta de 1700 a.C., os núcleos arianos instalados na Grécia foram fortalecidos. Paci- ficamente integrados com os já habitantes da Grécia, enquanto a civilização creto-micênica chegava ao seu auge. Os troianos, outra importante civilização pré-he- lênica, desenvolveram-se ao norte da Anatólia. Troia tinha uma população aparentada com os primeiros gregos, e foi erguida por volta de 1900 a.C., sua pros- peridade econômica baseava-se na exploração de ter- ras ricas e na pecuária. No início do século XII a.C.; os gregos destruíram Troia (Ílion, em grego), cidade que ocupava posição estratégica nos estreitos entre os mares Egeu e Negro, o que lhes conferiu o controle do tráfego marítimo na região. Os dórios, último grupo de povos arianos a penetrar na Grécia, chergaram enquanto a civilização micênica se expandia em direção à Ásia. Aguerridos, nômades e conhecedores de armas de ferro, os dórios arrasaram as cidades dos gregos, que fugiram para o interior ou para o exterior. Numerosas colônias gregas formaram-se na costa da Ásia Menor e nas ilhas do mar Egeu. Esta foi a Primeira Diáspora (dispersão) Grega. 1. Talassocracia = poderio econômico de um Estado baseado no domínio de rotas marítimas comerciais. CIVILIZAÇÃO GREGA: PERÍODOS PRÉ-HOMÉRICO, HOMÉRICO E ARCAICO COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4, 5 e 6 HABILIDADE(s) 1, 4, 5, 9, 11, 14, 18, 19, 22, 23, 24, 27 e 29 CH AULAS 5 E 6 CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologias 27 V O LU M E 1 Primeira Diáspora Grega adaPtado de: <httP://slidePlaYer.com.br/slide/1758745/>. acesso em: 22 dez. 2015. 2.2. Período Homérico (séc. XII-VIII a.C.) O nome Homérico é baseado em dois poemas épicos atri- buídos a Homero: a Ilíada e a Odisseia. A Ilíada narra a tomada de Troia pelos gregos. Centra-se na figura do herói Aquiles e sua cólera contra Agamenon, que lhe roubou a escrava Briseida. No começo, Aquiles ne- ga-se a participar dos combates. Porém, a morte de seu amigo Pátroclo o faz mudar de ideia. Parte importante é a descrição do cavalo de madeira com o qual os gregos “presenteiam” os troianos para tomar sua cidade. A Odisseia conta o retorno de Ulisses, Odisseus, ao Rei- no de Ítaca. Trata de três temas: a viagem de Telêmaco, as viagens de Ulisses e o massacre dos pretendentes de sua mulher, Penélope. Após o século XII a.C., a célula básica da sociedade grega era o genos (comunidade gentílica), uma grande família. Os descendentes de um mesmo antepassa- do viviam no mesmo lar. Cada membro (gens) dependia da unidade da família cujo chefe era o páter-famílias – o mais velho dos membros do genos, um líder de clã, que era juiz, comandante militar e chefe religioso. Seu poder era passado para o filho mais velho. Meios de produção, terras, sementes, implementos, re- sultados da produção, alimentos, utensílios, pertenciam à comunidade, inexistindo a propriedade privada. Porém os genos não deixavam de levar em conta diferenças indi- viduais, uma vez que o status pessoal na família depen- dia do parentesco com o páter-famílias. Politicamente, o poder patriarcal era baseado no monopólio de fórmulas secretas, que permitiam ao chefe o contato com os deuses protetores da família. A falta de terras férteis e o crescimento demográfico levou as comunidades gentílicas a tensões, lutas internas e desa- gregação. Era o fim do Período Homérico. A desintegração do sistema gentílico e a luta entre os mem- bros do genos por um pedaço de terra que lhes garantisse a subsistência fizeram com que aquela civilização passasse do sistema de propriedade coletiva para o de propriedade privada. Os parentes mais próximos do pater, os eupátri-