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FORUM DE CONSTITUCIONALISMO

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Classificação da Constituição Venezuelana em Termos de Sua Eficácia 
A Constituição Venezuelana de 1999, em termos de eficácia, pode ser classificada como 
nominal. Essa classificação baseia-se em uma análise crítica da sua aplicação prática em 
comparação com seus princípios e disposições teóricas. 
Argumentação com Base em Autores 
Segundo Carl Schmitt, uma constituição é normativa quando suas normas são 
efetivamente aplicadas e respeitadas, nominal quando suas normas são em grande parte 
desrespeitadas e semântica quando a constituição serve apenas para legitimar o poder de 
um grupo dominante, sem real preocupação com sua aplicação prática (Schmitt, 2008). 
A Constituição Venezuelana de 1999 estabelece um extenso conjunto de direitos e 
garantias para os cidadãos, incluindo direitos sociais, econômicos e culturais. No entanto, 
diversos estudos e análises indicam uma discrepância significativa entre o texto 
constitucional e sua implementação prática. Para entender essa classificação, é importante 
considerar os seguintes pontos: 
1. Discrepância entre Teoria e Prática: Roberto Gargarella argumenta que a 
eficácia de uma constituição deve ser avaliada pela capacidade de suas normas 
influírem efetivamente na realidade política e social de um país (Gargarella, 
2010). Na Venezuela, há uma significativa diferença entre os direitos garantidos 
pela Constituição e a realidade vivida pelos cidadãos. Por exemplo, apesar de 
garantias constitucionais robustas em relação à liberdade de expressão e direitos 
políticos, há relatos constantes de repressão e censura, que são amplamente 
documentados por organizações internacionais de direitos humanos (Human 
Rights Watch, 2021). 
2. Uso Político da Constituição: Bruce Ackerman (1991) destaca que uma 
constituição pode ser utilizada como um instrumento de poder político, onde o 
texto constitucional serve mais para justificar a autoridade do governo do que para 
proteger os direitos dos cidadãos. Na Venezuela, sob o governo de Hugo Chávez 
e seus sucessores, a Constituição de 1999 foi frequentemente utilizada para 
consolidar o poder executivo e marginalizar a oposição, refletindo características 
de uma constituição nominal. 
 
Referências Bibliográficas 
Ackerman, B. (1991). We the People: Foundations. Harvard University Press. 
Gargarella, R. (2010). Latin American Constitutionalism, 1810-2010: The Engine Room 
of the Constitution. Oxford University Press. 
Human Rights Watch. (2021). World Report 2021: Events of 2020. Human Rights Watch. 
https://www.hrw.org/world-report/2021 
Schmitt, C. (2008). Constitutional Theory. Duke University Press. 
 
 
Opinião Pessoal e Comentários 
Concordo com a avaliação de que a Constituição Venezuelana de 1999 se enquadra na 
categoria nominal. Embora o texto constitucional apresente uma visão progressista e 
abrangente de direitos, a realidade vivida pela população, marcada por violações de 
direitos humanos e repressão política, contrasta fortemente com os princípios 
estabelecidos. A eficácia nominal da Constituição reflete, portanto, uma dissociação entre 
a teoria jurídica e a prática governamental. 
Além disso, é crucial considerar que uma Constituição nominal, como observada na 
Venezuela, pode minar a confiança pública nas instituições democráticas e no estado de 
direito, agravando ainda mais a crise política e social no país. 
Estou curioso para saber se meus colegas têm uma perspectiva diferente ou talvez mais 
detalhada sobre aspectos específicos da aplicação da Constituição Venezuelana que 
possam reforçar ou contestar essa classificação.

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