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1. ESTUDO SOCIAL 1.1 IDENTIFICAÇÃO Processo: 000000 Nome: Maria da Silva Idade: 35 anos Data de nascimento: 05/08/1987 Naturalidade: Caxias do Sul Escolaridade: Ensino fundamental incompleto Filiação: Pai: Sr. Jurandir da Silva Mãe: Sra. Jurema Soares da Silva Endereço: Rua Getúlio Vargas, 105, Bairro Paraíso Expressão que dá visibilidade à Questão Social: Fragilização de vínculos familiares Estratégias metodológicas: Abordagem individual e conjunta Instrumentais operativos: escuta sensível, observação, visita domiciliar, entrevistas individuais reflexivas com Maria da Silva, e Jade da Silva Almeida em 13/05/2022 e entrevista conjunta reflexiva com Maria da Silva e Jade da Silva Almeida, em 16/05/2022 1.2 SITUAÇÃO FAMILIAR E SOCIAL Sra. Maria realiza faxinas esporádicas para sustentar seus 5 filhos, conseguindo obter uma renda mensal de aproximadamente R$800,00 (realiza por volta de 10 diárias recebendo um valor de R$80,00 por faxina), sendo que Maria não possui carteira assinada. A família, porém, não recebe pensão alimentícia, pois o pai das crianças - José Santos Almeida - sempre foi ausente e nunca manteve contato com os filhos, mesmo Maria insistindo nos primeiros anos de sua filha mais velha, tendo desistido após inúmeras tentativas. A filha mais velha, Jade da Silva Almeida possui 13 anos e frequenta o 7° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Madre Teresa, da rede pública, localizada no bairro onde mora, Vila Paraíso. Conforme o relato de Maria, a filha tem apresentado um "comportamento rebelde" há algum tempo, e ela associa isso à suspeita de que a filha está se relacionando com alguém do bairro, já que passa muito tempo na rua, e quando está em casa passa o tempo todo no celular. Júnior, de 6 anos de idade, frequenta a mesma escola da irmã, e está no 1°ano do ensino fundamental. Maria conta que sua gravidez foi muito conturbada, pois na época ela e José estavam iniciando o processo de separação, o que levou muitos anos para acontecer de fato, por esse motivo, sente ter falhado com o filho. Maria reside também com Jussara, sua filha de 1 ano e meio, Jonatan de 4 anos, e Jaqueline, de 9 anos. Jussara e Jonatan, não frequentam a escola, portanto, Jade cuida dos irmãos mais novos no turno inverso de suas aulas, quando a mãe sai para trabalhar. Jaqueline vai para a escola com Jade e Junior, no turno da manhã, quando a mãe fica em casa para cuidar dos filhos mais novos. 1.3 HISTÓRICO DO RELACIONAMENTO Aos 18 anos de idade Maria conheceu José, tendo sido apresentados por um amigo em comum. A partir desse momento, eles começaram a se relacionar e em menos de um ano foram morar juntos em uma casa construída por José e seu tio, no bairro Vila paraíso. Sempre tiveram uma boa relação e por Maria sonhar em ser mãe desde muito nova, passou a tentar engravidar ao completar 20 anos. Aos 22 anos Maria teve sua primeira filha, Jade, e a partir disso o relacionamento começou a se desgastar, pois José não queria assumir as responsabilidades da paternidade. A situação só piorou quando Maria engravidou novamente de Jaqueline (gravidez esta que não foi planejada, nem desejada, decorrente da recusa de José em utilizar preservativos, não permitindo também que Maria utilizasse). Mesmo com as constantes brigas, o casal levou o relacionamento por 12 anos até a primeira separação. Porém, ambos tentaram uma reconciliação que durou cerca de 4 meses, tendo falhado quando Maria descobriu a gravidez de Jussara e relatou isso ao marido, que se recusou a aceitar que o bebê era dele, acusando Maria de ter se relacionado com outros homens durante a separação. Em decorrência disso, Maria não entrou com o processo para requerer o pagamento de pensão alimentícia, visto que José nunca demonstrou interesse no bem-estar dos filhos, o que causa ainda muito sofrimento às crianças, que perguntam constantemente pelo pai. 1.4 ESPAÇO DE MORADIA A família reside em uma casa pequena, simples, de madeira, localizada no bairro Vila paraíso, próxima à escola que seus filhos frequentam. A casa em questão é dividida em: dois quartos (o maior é ocupado pela mãe e os dois filhos mais novos, e o outro é dividido entre os três mais velhos), sala, cozinha e 1 banheiro. 1.5 SITUAÇÃO ESCOLAR O bairro Vila Paraíso é conhecido por ser perigoso devido à predominância da venda e uso de substâncias ilícitas. Relacionado a esse aspecto, há uma preocupação por parte da escola de que outras pessoas frequentem a casa de Maria para fazer uso de substâncias psicoativas enquanto ela está no trabalho, tendo sido acionado o Conselho Tutelar para fazer a verificação. Além disso, levantou-se na escola a questão de as crianças ficarem muito tempo sozinhas em casa, já que Maria é mãe solo e precisa trabalhar. Por esse motivo, Jade e Jaqueline acabam assumindo uma responsabilidade que não lhes caberia. Ademais, a escola percebeu que Junior apresenta dificuldades de adaptação no ambiente escolar, pois não consegue realizar as tarefas escolares e não gosta de se relacionar com os colegas, o que atrasa o seu desenvolvimento cognitivo. Apresenta também comportamento agressivo o que faz com que tanto os colegas quanto a professora não consigam efetivar uma aproximação e criação de vínculos com o menino. 1.6 ANÁLISE O histórico do relacionamento de Maria e José é algo que afeta, até hoje, fortemente a relação deste grupo familiar, porque além de Maria ter de assumir sozinha a responsabilidade com seus cinco filhos, tendo uma sobrecarga de trabalho sobre si; as crianças, especialmente Júnior e Jaqueline, questionam diariamente o motivo do pai tê-los abandonado, acarretando, portanto, consequências para além do desempenho escolar do menino. Em consonância a isso, a filha mais velha, Jade, relatou durante uma breve conversa, e vem demonstrando com ações, que se sente “indesejada pelo pai e esquecida pela mãe”, pois a algum tempo dona Maria teve de assumir mais diárias para conseguir dar conta dos gastos da casa, o que fez com que a filha tivesse de passar mais tempo cuidando dos irmãos e menos tempo com a mãe, que representava ainda, a última rede de apoio da menina. Tais mudanças provocaram alterações no comportamento de Jade, que passou a confiar em pessoas que não conhecia para suprir a fragilização dos vínculos familiares. Jade relatou que se aproximou de um amigo mais velho, que também mora no bairro, Felipe Ramos, e que com ele consegue desabafar e contar suas preocupações, também contou que algumas vezes Felipe vai à sua casa para ajudá-la com os irmãos mais novos e com as tarefas domesticas, o que faz com que a vizinhança faça especulações. Ela nega ter um relacionamento com o jovem, diz que são apenas amigos, mas que tem medo de contar à mãe sobre a ida de Felipe à sua casa. Por isso a necessidade de fortalecimento de vínculos familiares. Nota-se que não há, de fato, pessoas que frequentem a casa para o uso de substancias psicoativas, trata-se de Felipe, amigo de Jade que frequenta a casa para ajudar a amiga com as tarefas diárias. Durante a conversa com Maria e Jade, Jade conseguiu apresentar seus sentimentos o que sensibilizou Maria, que também conseguiu se expressar à sua filha, ambas demonstraram estar dispostas a se reconectarem e fortalecerem os vínculos familiares. Maria também foi orientada sobre a situação do não pagamento de pensão por parte de seu ex marido, sendo um direito dos seus filhos, desse modo ela manifestou o seu desejo em exigir a pensão alimentícia. 1.7 PARECER Diante do exposto, percebe-se que a família se encontra em situação de vulnerabilidade socioeconômica, o que afeta diretamente o relacionamento entre os integrantes, portanto, dona Maria deve ser orientada, inicialmente, a realizar o Cadastro único em seu CRAS de referência, já que a família possui baixarenda e atende os critérios para inclusão no Programa Auxílio Brasil, o que auxiliará na complementaridade da renda familiar, fazendo com que Maria não necessite realizar tantas faxinas, e possa direcionar mais sua atenção aos filhos, em especial Jade e as crianças mais novas. Além disso, sugere-se ser feito um encaminhamento ao Ministério Público, noticiando o caso de abandono parental por parte de José Santos Almeida, ao não pagamento de pensão alimentícia aos filhos. Há também a necessidade da socialização das informações pertinentes com a escola, referente á atual situação familiar, o que compromete o aprendizado das crianças, em especial de Júnior, que precisa de um maior grau de atenção por parte dos educadores.