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1/3 Novo relatório coloca a floresta amazônica no palco principal na COP26 Na primeira quinzena de novembro, todos os olhos e ouvidos serão voltados para Glasgow, na Escócia, para ver o que sairá da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP26). Aqui, o diálogo internacional sobre mudanças climáticas compartilhará o centro do palco com a floresta amazônica, já que o Painel de Ciência para a Amazônia (SPA) lança seu primeiro relatório. O Painel de Ciência para a Amazônia é uma rede de cientistas, comunidades, instituições, profissionais e líderes de diferentes campos envolvidos no debate em torno do futuro da floresta. No centro do grupo estão mais de 200 especialistas de toda a região que, de forma semelhante ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estão encarregados de resumir o melhor conhecimento disponível sobre a floresta amazônica. Convocada pelo professor Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, a SPA foi concebida dentro da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Um IPCC para a Amazônia “A principal diferença entre o IPCC e o Painel de Ciência da Amazônia é que o SPA tem apenas o aspecto científico, e não intergovernamental, como parte de sua natureza”, explicou Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília no Brasil. A Bustamante é membro do comitê de direção científica da SPA, bem como principal autor do Sexto Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho III do IPCC, focado na mitigação das mudanças climáticas. https://ukcop26.org/ https://www.theamazonwewant.org/ https://www.ipcc.ch/ https://www.jeffsachs.org/ https://bustamantelab.com.br/mercedes-bustamante-2/ https://eos.org/articles/what-five-graphs-from-the-u-n-climate-report-reveal-about-our-path-to-halting-climate-change https://eos.org/articles/what-five-graphs-from-the-u-n-climate-report-reveal-about-our-path-to-halting-climate-change 2/3 “Não é necessário passar por um processo de aprovação com os governos nacionais depois de reunir o relatório dá aos pesquisadores um pouco mais de flexibilidade para propor políticas – ao contrário do IPCC, cujo lema é ser “política relevante, mas não prescritiva de políticas”. Com o SPA, podemos ser um pouco mais prescritivos”, disse. A flexibilidade proporcionada pelo processo de SPA tem aspectos positivos e negativos, de acordo com a Bustamante. “Quando os governos avaliam um relatório, eles reconhecem as informações que estão lá no final do processo. Com a SPA, por outro lado, há muito trabalho a ser feito para abordar os governos com o relatório, porque não há aprovação intergovernamental”, explicou. Ainda assim, as formas como os cientistas trabalham no relatório SPA são muito semelhantes às formas como trabalham nos relatórios do IPCC. Além disso, como os processos na Amazônia afetam fortemente as mudanças climáticas globais, não é raro encontrar especialistas, como a própria Bustamante, envolvidos em ambos os grupos. “Temos contribuições de pesquisadores de todos os países amazônicos, diferentes perspectivas, [e nós] também dependemos das ciências sociais para entender a dinâmica e os impactos humanos na região”, disse Bustamante. “O relatório do SPA é o equivalente a combinar todos os três relatórios do grupo de trabalho do IPCC em um para a Amazônia”, disse ela. (Os relatórios do grupo de trabalho do IPCC abrangem a ciência física, a vulnerabilidade dos sistemas socioeconômicos e naturais às mudanças climáticas e a mitigação das mudanças climáticas.) Um relatório abrangente Tal como acontece com o IPCC, tais esforços resultaram em um documento, um relatório de quatro páginas que será lançado durante a COP26. É composto por 34 capítulos que analisam o estado atual da floresta amazônica, as ameaças e as soluções para essas ameaças. O relatório é dividido em quatro seções principais. A primeira seção transmite a floresta como parte do sistema terrestre e abrange uma série de tópicos que vão desde o clima e a história geológica da Amazônia até sua evolução e biodiversidade. O segundo abrange o uso da terra, a ocupação histórica e a diversidade cultural na região. O terceiro aborda as mudanças climáticas e demográficas na floresta, incluindo questões como política, agronegócio, políticas de conservação e desmatamento. A quarta e última seção analisa soluções e caminhos sustentáveis para a floresta. O papel da região amazônica nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, possíveis medidas de restauração e conservação e ênfase na importância dos Conhecimentos Indígenas encerram o relatório. Uma pré-visualização (e um resumo de comprimento digerível) está disponível agora no resumo executivo. Estacas altas e expectativas “Espero que o relatório e a atividade na SPA estimem o avanço da ciência, cobrindo lacunas de conhecimento [e] a obtenção de academias científicas e mais jovens pesquisadores envolvidos, bem como estimulando o investimento em ciência, tecnologia e inovação na região amazônica”. https://sdgs.un.org/goals https://sdgs.un.org/goals https://www.theamazonwewant.org/wp-content/uploads/2021/09/SPA-Executive-Summary-11Mb.pdf 3/3 O relatório chega em um momento em que as apostas para a floresta amazônica são altas, com uma crise climática iminente já mostrando alguns efeitos práticos – incluindo o aumento dos casos de incêndios florestais, água mais poluída e redução da biodiversidade. Emma Torres, coordenadora estratégica da SPA e conselheira sênior de sustentabilidade para a América Latina no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, espera que o relatório seja um ponto de referência para os formuladores de políticas e atores do setor privado. “E não apenas isso – espero que o relatório e a atividade na SPA estimulem o avanço da ciência, cobrindo lacunas de conhecimento [e obtenção] de academias científicas e mais jovens pesquisadores envolvidos, bem como estimulando o investimento em ciência, tecnologia e inovação na região amazônica”, disse ela. A ideia por trás do SPA, disse Torres, é ter uma abordagem mais horizontal para a produção de conhecimento, em vez de um fluxo de cima para baixo de cientistas ou formuladores de políticas. “É por isso que o envolvimento de cientistas sociais, bem como de comunidades e pesquisadores indígenas, é essencial” no processo de elaboração do relatório e de outros documentos dentro da SPA. —Meghie Rodrigues (?meghier), Escritora de Ciência Citação: Rodrigues, M. (2021), novo relatório coloca a floresta amazônica no palco principal na COP26, Eos, 102, https://doi.org/101029/2021EO210554. Publicado em 18 de outubro de 2021. Texto ? 2022. Os autores. CC BY-NC-ND 3.0 (em versão 3.0) Exceto quando indicado de outra forma, as imagens estão sujeitas a direitos autorais. Qualquer reutilização sem permissão expressa do proprietário dos direitos autorais é proibida. https://eos.org/research-spotlights/amazon-deforestation-and-fires-are-a-hazard-to-public-health https://eos.org/research-spotlights/how-forest-degradation-affects-carbon-and-water-cycles https://eos.org/research-spotlights/how-forest-degradation-affects-carbon-and-water-cycles https://eos.org/articles/birds-are-getting-caged-in-at-brazils-savanna https://sdgacademy.org/faculty/emma-torres/ https://twitter.com/meghier https://doi.org/10.1029/2021EO210554 https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/us/