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RETÍCULO ENDOPLÁSMATICO LISO E GLICOGENOSE TIPO 1 Estrutura: Retículo endoplasmático liso (REL): também chamado de agranular, é formado por sistemas de túbulos cilíndricos e sem ribossomos aderidos à membrana. A membrana do REL é contínua com a do retículo rugoso, embora exista diferença entre as moléculas que constituem essas duas variedades de membrana. Localização: Retículo endoplasmático liso ou retículo endoplasmático agranular (REL) ocupa uma grande parte do citoplasma muito próximo ao núcleo. Sendo a sua membrana uma continuação da membrana nuclear externa. O REL tem diversas funções, sendo as principais: · A função de Transportação: Onde as substâncias produzidas pelo retículo endoplasmático podem ser distribuídas por toda a extensão do citoplasma celular. · Destoxificação: Quando qualquer substância tóxica é ingerida, como é o caso do álcool ou das drogas, é dentro do retículo endoplasmático liso que ocorre uma série de reações químicas, que transformam essas substâncias tóxicas em produtos não tóxicos. Isso explica, por exemplo, por que, com o tempo, as pessoas que fazem uso dessas substâncias necessitam de doses cada vez mais altas para conseguir determinado efeito. Pois, o volume desta organela na célula costuma ser maior nos indivíduos que fazem uma alta ingestão de bebida alcoólica ou de drogas. · Síntese de lipídeos: são mais frequentes nas células hepáticas, nas células que formam as gônadas masculinas e femininas e nas estruturas celulares da glândula suprarrenal. No interior dos canais membranosos do retículo endoplasmático liso, há muitas enzimas que desenvolvem diversas reações químicas no metabolismo celular desencadeando a síntese de vários tipos de lipídios como os fosfolipídios, o colesterol e os seus derivados. · Armazenamento de cálcio: O retículo endoplasmático liso nas células musculares estriadas esqueléticas tem a função de armazenar cálcio, que é fundamental para que ocorra o processo de contração muscular. · Excreção celular: Muitas substâncias produzidas no retículo endoplasmático liso são também enviadas para serem secretas pelo complexo de Golgi e depois integradas a membrana celular. (Em todas as células secretoras de produtos de natureza lipídica o retículo endoplasmático liso e o complexo de Golgi são bastante desenvolvidos. Doença associada a um defeito no REL: São denominadas glicogenoses as afecções decorrentes do erro do metabolismo hereditário, com consequente anormalidade na concentração e/ou na estrutura do glicogênio em qualquer tecido do organismo. Atualmente, existem 14 tipos de doenças do armazenamento de glicogênio, que são classificados de acordo com a deficiência enzimática ou transportadora e a distribuição desses defeitos em diferentes órgãos. Em 1929, Edgar von Gierke descreveu aumento da concentração de glicogênio em tecidos de autópsias de jovens com manifestações hemorrágicas. Já em 1952, Gerty & Cori analisaram biópsias hepáticas de pacientes com sintomas semelhantes, com a constatação de ausência parcial ou total da enzima glicose-6-fosfatase (G6Pase) – denominando então a Doença de von Gierke. Nordlie et al., em estudos durante a década de 1970, também a partir de biópsias hepáticas, observaram níveis normais da enzima G6Pase, porém com sua atividade diminuída. Dessa forma, a glicogenose tipo I é caracterizada pela deficiência da G6Pase, enzima-chave no metabolismo do glicogênio, o que leva à redução na glicogenólise e gliconeogênese e, consequentemente, ao acúmulo hepático de glicose-6-fosfato (G6P). A G6Pasa-a é encarregada de hidrolisar a glicose 6 fosfato no citoplasma celular durante a gliconeogênese e a glicogenólise. As complicações a longo prazo são hipoglicemia severa e alterações no crescimento. Nas crianças menores a doença se apresenta tipicamente com crises convulsivas e hepatomegalia que se manifestam aos 6 e 8 meses. Outras complicações são osteoporose, gota, doença renal, hipertensão pulmonar e adenomas hepáticos que podem malignizar-se. Etiopagenia ( explicar o defeito na organela que causa a doença): A glicogenose tipo 1/ doença de Von Gierke, é causada por uma deficiência na enzima glicose-6-fosfatase. Essa enzima é fundamental na quebra da glicose-6-fosfato em glicose livre, que pode ser então liberada na corrente sanguínea para fornecer energia às células, equilibrando os níveis de glicose no sangue. Então, a deficiência ou ausência dessa enzima, compromete a quebra adequada da glicose-6-fosfato(G6P) em glicose livre. A G6P não consegue sair da célula sem passar pela ação dessa enzima, com isso a G6P se acumula nos tecidos do corpo, especialmente nos rins e no fígado. Portanto, isso leva a hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue) e outros problemas metabólicos associados à glicogenose tipo 1. A enzima fica localizada na membrana do Retículo Endoplasmático Liso (REL). Sinais e sintomas da doença: A doença de depósito de glicogênio tipo I, também conhecida como doença de Von Gierke, é um distúrbio genético raro que afeta o metabolismo do glicogênio. Ela é causada pela deficiência da enzima glicose-6-fosfatase, que é essencial para a liberação de glicose a partir do glicogênio nos tecidos, especialmente no fígado. Isso resulta em acúmulo de glicogênio no fígado e nos rins, causando uma série de sintomas. Alguns sinais e sintomas da doença de Von Gierke incluem: · 1. Hepatomegalia (aumento do fígado): Devido ao acúmulo de glicogênio no fígado, ele pode se tornar aumentado e palpável. · 2. Hipoglicemia: Como a glicose não pode ser liberada adequadamente do glicogênio, os pacientes frequentemente apresentam hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue), o que pode causar sintomas como tremores, sudorese, fraqueza e, em casos graves, convulsões ou coma. · 3. Acidose láctica: O acúmulo de ácido lático pode ocorrer devido à metabolização inadequada do glicogênio. · 4. Atraso no crescimento: Devido à incapacidade do organismo de utilizar adequadamente a glicose armazenada, que é uma fonte importante de energia para o crescimento e desenvolvimento. · 5. Problemas renais: O acúmulo de glicogênio nos rins pode levar a problemas renais, como cálculos renais. · 6. Distúrbios no metabolismo de gorduras: Podem ocorrer devido à alteração no metabolismo geral do organismo. O tratamento da doença de Von Gierke geralmente envolve uma dieta específica, rica em carboidratos complexos e de liberação lenta, para evitar hipoglicemia, além de monitoramento regular por uma equipe médica especializada. Em alguns casos, pode ser necessária a administração de glicose intravenosa durante períodos de jejum prolongado. Uma disfunção no retículo endoplasmático liso pode resultar em várias doenças, sendo uma das mais conhecidas a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). A DHGNA é uma condição em que há acúmulo excessivo de gordura no fígado, não relacionada ao consumo excessivo de álcool. Ela pode se manifestar de forma assintomática em estágios iniciais, mas à medida que progride, pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: · 1. Fadiga: Sensação de cansaço constante. · 2. Dor abdominal superior direita: Dor ou desconforto na parte superior direita do abdômen, onde o fígado está localizado. · 3. Aumento do fígado: O fígado pode aumentar de tamanho, o que pode ser detectado durante um exame físico. · 4. Perda de peso não intencional: Em alguns casos, pode ocorrer perda de peso sem motivo aparente. · 5. Fraqueza: Sensação de fraqueza geral. · 6. Confusão mental: Em casos mais avançados, pode ocorrer confusão mental devido à disfunção hepática. É importante notar que a DHGNA é uma condição complexa e pode estar associada a outros problemas de saúde, como resistência à insulina, diabetes tipo 2, obesidade e doença cardiovascular. O diagnóstico preciso e o tratamento adequado geralmente envolvem uma abordagem multidisciplinar com acompanhamento médico especializado.Diagnostico clinico: Normalmente suspeita-se de GSDI com base em um conjunto de características clínicas e bioquímicas. Uma triagem básica consiste em determinar a ocorrência de hipoglicemia, hiperlactatemia, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e de hiperuricemia em pacientes com suspeita clínica dessa doença. Outros sintomas: · Atraso no crescimento e puberdade · Diarreia causada por pseudocolite; esteatorreia · Epistaxes por disfunção plaquetária: sangramento nasal · Distensão abdominal : sensação de inchaço ou aumento de volume na região do abdômen que pode ser desconfortável e dolorosa · Aumento do volume na região malar ( está relacionado a hipercolesterolemia) · Xantomas nas extremidades: como consequência da dislipidemia · Úlceras aftosas: é a presença de feridas pequenas, mas dolorosas (úlceras) dentro da boca. Lesões bucais, estresse e algumas comidas podem desencadear uma crise. · Dislipidemia: são caracterizadas pela presença de níveis elevados de lipídios, gorduras no sangue. Quando estes níveis ficam elevados, é possível que placas de gordura se formem e se acumulem nas artérias, o que pode levar à obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo que chega ao coração e ao cérebro. Diagnóstico laboratorial: Diagnóstico laboratorial da doença de Von Gierke, é feito através de exames de sangue, exames de imagem, como ultrassom para medir o fígado e os rins, e, possivelmente, um teste genético ou biópsia do fígado. As alterações laboratoriais mais frequentes são: • Hipoglicemia após 3 ou 4 horas de jejum • Aumento de ácido láctico, colesterol, ácidos graxos, triglicérides, fosfolípides e ácido úrico • Aumento discreto de aminotransferases A confirmação da doença só será feita por meio de biópsia do fígado, onde serão documentados os acúmulos de glicogênio e lipídio no órgão e principalmente os baixos valores enzimáticos da glicose -6 -fosfatase. image1.png image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png