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FORMAÇÃO MARXISTA MÓDULO II_ A SOCIEDADE CAPITALISTA (1) (1)

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FORMAÇÃO MARXISTA
MÓDULO II: 
A SOCIEDADE CAPITALISTA
LEMARX/UFBA
LABORATÓRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS MARXISTAS
A SOCIEDADE CAPITALISTA
1. O que é o LEMARX?
2. Site: www.lemarx.faced.ufba.br
3. Canal no Youtube: 
https://www.youtube.com/channel/UCDi1A1U0KmaUQCbq9rk02yw 
4. Facebook: https://www.facebook.com/marxlemarx 
5. Em 2019, realizamos a Formação Marxista do Módulo I: O Materialismo 
Histórico
6. A Formação é constituída de 7 Encontros, cada um tratando de um tema
7. Módulo II: A Sociedade Capitalista foi encaminhado para os emails 
indicados na ficha de inscrição
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BASE TEÓRICA DA FORMAÇÃO: O MARXISMO
1. O que é o marxismo?
2. Fundadores: Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels 
(1820-1895)
3. Resumo da trajetória de Marx e Engels
4. Pensadores e revolucionários
5. A crise do capitalismo e a atualidade do marxismo
6. A necessidade de estudar a origem, estrutura, dinâmica e 
contradições da Sociedade Capitalista
OBRAS SOBRE A INFLUÊNCIA DO 
HEGELIANISMO – ATÉ 1842
OBRAS EM QUE SE GESTA A NOVA CONCEPÇÃO DE 
MARX E ENGELS – DE 1843 A 1844
OBRAS DE EXPOSIÇÃO DO MATERIALISMO 
HISTÓRICO
OBRAS DE APLICAÇÃO DO MATERIALISMO 
HISTÓRICO À CRÍTICA DA SOCIEDADE BURGUESA
OBRAS DE APLICAÇÃO DO MATERIALISMO A 
PROBLEMAS DA HISTÓRIA E DA LUTA DE CLASSES
OBRAS DE APLICAÇÃO DO MATERIALISMO 
HISTÓRICO À ECONOMIA POLÍTICA E AO 
CAPITALISMO
OBRAS DE EXPOSIÇÃO GERAL DO 
SOCIALISMO CIENTÍFICO E DO MATERIALISMO 
HISTÓRICO
O MATERIALISMO HISTÓRICO E OS CONCEITOS 
BÁSICOS DA CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA
Texto: Prefácio à Para a crítica da Economia Política (1859):
“ A minha investigação desembocou no resultado de que relações jurídicas, tal como formas 
de Estado, não podem ser compreendidas a partir de si mesmas nem a partir do chamado 
desenvolvimento geral do espírito humano, mas enraízam-se, isso sim, nas relações 
materiais da vida, cuja totalidade Hegel, na esteira dos ingleses e franceses do século XVIII, 
resume sob o nome de"sociedade civil", e de que a anatomia da sociedade civil se teria de 
procurar, porém, na economia política. A investigação desta última, que comecei em Paris, 
continuei em Bruxelas, para onde me mudara em consequência duma ordem de expulsão do 
Sr. Guizot. O resultado geral que se me ofereceu e, uma vez ganho, serviu de fio condutor 
aos meus estudos, pode ser formulado assim sucintamente: na produção social da sua vida 
os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, 
relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das 
suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura 
económica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superstrutura jurídica e 
política, e à qual correspondem determinadas formas da consciência social. 
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/h/hegel.htm
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/g/guizot.htm
O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e 
espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o 
seu ser social que determina a sua consciência. Numa certa etapa do seu desenvolvimento, 
as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de 
produção existentes ou, o que é apenas uma expressão jurídica delas, com as relações de 
propriedade no seio das quais se tinham até aí movido. De formas de desenvolvimento das 
forças produtivas, estas relações transformam-se em grilhões das mesmas. Ocorre então 
uma época de revolução social. Com a transformação do fundamento económico 
revoluciona-se, mais devagar ou mais depressa, toda a imensa superstrutura. Na 
consideração de tais revolucionamentos tem de se distinguir sempre entre o 
revolucionamento material nas condições económicas da produção, o qual é constatável 
rigorosamente como nas ciências naturais, e as formas jurídicas, políticas, religiosas, 
artísticas ou filosóficas, em suma, ideológicas, em que os homens ganham consciência deste 
conflito e o resolvem. Do mesmo modo que não se julga o que um indivíduo é pelo que ele 
imagina de si próprio, tão-pouco se pode julgar uma tal época de revolucionamento a partir 
da sua consciência, mas se tem, isso sim, de explicar esta consciência a partir das 
contradições da vida material, do conflito existente entre forças produtivas e relações de 
produção sociais.
Uma formação social nunca decai antes de estarem desenvolvidas todas as forças produtivas 
para as quais é suficientemente ampla, e nunca surgem relações de produção novas e 
superiores antes de as condições materiais de existência das mesmas terem sido chocadas 
no seio da própria sociedade velha. Por isso a humanidade coloca sempre a si mesma 
apenas as tarefas que pode resolver, pois que, a uma consideração mais rigorosa, se achará 
sempre que a própria tarefa só aparece onde já existem, ou pelo menos estão no processo 
de se formar, as condições materiais da sua resolução. Nas suas grandes linhas, os modos 
de produção asiático, antigo, feudal e, modernamente, o burguês podem ser designados 
como épocas progressivas da formação económica e social. As relações de produção 
burguesas são a última forma antagónica do processo social da produção, antagónica não no 
sentido de antagonismo individual, mas de um antagonismo que decorre das condições 
sociais da vida dos indivíduos; mas as forças produtivas que se desenvolvem no seio da 
sociedade burguesa criam, ao mesmo tempo, as condições materiais para a resolução deste 
antagonismo. Com esta formação social encerra-se, por isso, a pré-história da sociedade 
humana.”
PRODUÇÃO
1. A sociedade é um sistema de relações sociais que tem como base a produção das condições 
materiais de existência;
2. Para viver e fazer história é preciso ter alimentos, vestimentas, moradias etc. que só podem ser 
produzidas por meio do TRABALHO;
3. O trabalho, base da produção social, é desde o início da sociedade humana uma atividade de 
caráter social, coletivo, que envolve o esforço de várias pessoas;
4. Para Marx: “O homem é, no sentido mais literal, um zoon politikon (animal político); não 
é simplesmente um animal social, é também um animal que só na sociedade se pode 
individualizar.” (Introdução à Para crítica da economia política); 
5. PRESSUPOSTOS DA PRODUÇÃO:
- TRABALHO HUMANO - atividade humana direcionada a determinado fim; por meio da qual se 
transforma a natureza, se produzem bens, numa relação metabólica com a natureza;
- OBJETO DE TRABALHO - matérias primas, matéria bruta; sobre a qual atua o trabalho humano;
- MEIOS DE TRABALHO - ferramentas, instrumentos de trabalho; edifícios, estradas, recursos;
FORÇAS PRODUTIVAS E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO
1. FORÇAS PRODUTIVAS - são compostas pela Força de Trabalho (pessoa) e os 
Meios de Produção (objetos e meios de trabalho);
2. Força de Trabalho - capacidade dos indivíduos, suas forças físicas e intelectuais 
por meio das quais é capaz de transformar a natureza e produzir bens, objetos 
necessários à existência social;
3. A Força de Trabalho é o elemento ativo da produção, que colocam em movimento 
os meios de produção;
4. A Força de Trabalho vai se desenvolvendo historicamente, em termos de 
capacidade, destreza, experiência ao longo da vida social, assim como também as 
ferramentas e instrumentos de trabalho;
5. RELAÇÕES DE PRODUÇÃO - relações que os indivíduos estabelecem entre si, 
independente da sua consciência, para realizar a produção, envolvendo as 
relações entre as classes sociais, formas de propriedade e distribuição dos bens;
6. As Relações de Produção contraída pelos indivíduos pode ser de 
COOPERAÇÃO (propriedade coletiva, social) ou de EXPLORAÇÃO (propriedade 
privada);
7. Essas FORMAS DE PROPRIEDADE condicionam a existência dos indivíduos eos situam no âmbito da produção social e da estrutura de classes da sociedade;
8. As RELAÇÕES DE PRODUÇÃO, como base da vida social, condicionam a 
DISTRIBUIÇÃO, TROCA e o CONSUMO dos bens produzidos nas diversas formas 
de sociedade;
9. PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, TROCA e CONSUMO constitui uma totalidade 
complexa e dinâmica, na qual a PRODUÇÃO tem um papel central;
10. Por sua vez, a DISTRIBUIÇÃO, TROCA e CONSUMO reagem sobre a 
PRODUÇÃO, favorecendo ou freando o seu desenvolvimento; 
Texto: Introdução à Para a crítica da economia política (1859):
“ Indivíduos que produzem em sociedade, ou seja a produção de indivíduos socialmente determinada: 
eis naturalmente o ponto de partida …A conclusão a que chegamos não é de que a produção, a 
distribuição, a troca e o consumo são idênticos; concluímos, sim, que cada um deles é um elemento 
de um todo, e representa diversidade no seio da unidade. Visto que se determina contraditoriamente 
a si própria, a produção predomina não apenas sobre o setor produtivo, mas também sobre os 
demais elementos; é a partir dela que o processo sempre se reinicia. E evidente que nem a troca 
nem o consumo podiam ser os elementos predominantes. O mesmo se verifica em relação à 
distribuição tomada como distribuição dos produtos; e se a :omarmos como distribuição dos agentes 
de produção, ela é um momento da produção. Por conseguinte, uma dada produção determina um 
dado consumo, uma dada distribuição e uma dada troca; determina ainda as relações recíprocas e 
bem determinadas entre esses diversos elementos. Sem dúvida que a produção em sentido estrito é 
também determinada pelos outros elementos. Assim, quando o mercado - esfera da troca - se 
expande, a produção aumenta de volume e divide-se ainda nais. Quando o capital se concentra, ou 
quando se nodifica a distribuição dos habitantes entre a cidade e o ampo, etc., a produção 
modifica-se devido a essas nodificações de distribuição. Por último, as necessidales de consumo 
influem na produção. Existe uma interação de todos estes elementos: isto é próprio de um todo 
orgânico.”
MODO DE PRODUÇÃO
1. As épocas econômicas se distinguem uma das outras não pelo que se 
produz, mas como se produz, como os indivíduos se organizam socialmente 
para a produção das condições materiais de existência social;
2. MODO DE PRODUÇÃO - forma como os indivíduos se organizam para 
produzir as condições materiais, o que envolve uma determinada articulação 
entre as Forças Produtivas e as Relações de Produção;]
3. O desenvolvimento das Forças Produtivas têm impacto nas Relações de 
Produção e produzem modificações nessas relações ao longo da história;
4. Também as Relações de Produção exercem uma influência recíproca sobre 
as Forças Produtivas, favorecendo o seu desenvolvimento ou se tornando 
um obstáculo cada vez maior;
5. No curso do desenvolvimento do MODO DE PRODUÇÃO, as relações em geral 
favorecem o desenvolvimento das Forças Produtivas e as impulsionam para 
frente (Ex.: A Revolução Industrial);
6. Como diz Marx no Prefácio à para a crítica da economia política, a certa etapa 
do desenvolvimento do MODO DE PRODUÇÃO, as Relações de Produção se 
tornam um obstáculo, um estorvo, entrando em choque com as Forças Produtiva 
altamente desenvolvidas;
7. CONDIÇÕES OBJETIVAS - esse choque abre uma ÉPOCA DE REVOLUÇÃO 
SOCIAL, criando as condições objetivas para a superação desse conflito 
histórico, para abrir uma nova etapa de desenvolvimento da sociedade;
8. CONDIÇÕES SUBJETIVAS - entretanto, a dinâmica dos MODOS DE PRODUÇÃO 
se dão pelos choques entre as classes, pela luta de classes, de modo que são 
necessárias as Condições Subjetivas para a superação da velha ordem social; 
9. As RELAÇÕES DE PRODUÇÃO e as FORÇAS PRODUTIVAS foram uma totalidade 
complexa e dinâmica, a ESTRUTURA ECONÔMICA DA SOCIEDADE;
10. Essa ESTRUTURA ECONÔMICA é a base real sobre a qual se ergue uma 
SUPERESTRUTURA JURÍDICO-POLÍTICA (Estado, instituições, partidos), e à qual 
correspondem certas FORMAS DE CONSCIÊNCIA SOCIAL (Filosofia, arte, religião, etc.);
11. A SUPERESTRUTURA exerce uma influência ativa e recíproca sobre a ESTRUTURA 
ECONÔMICA E SOCIAL DA SOCIEDADE;
12. A transformação da ESTRUTURA ECONÔMICA E SOCIAL impacta sobre a 
SUPERESTRUTURA JURÍDICO-POLÍTICA e as FORMAS DE CONCIÊNCIA SOCIAL em 
processo de transformação;
13. FORMAÇÃO SOCIAL - articula numa totalidade diferentes RELAÇÕES DE 
PRODUÇÃO (Ex.: No capitalismo há modernas relações de assalariamento, mas se 
conserva relações pré-capitalistas como artesanato, semiservis, em situação análogo à 
escravidão);
14. MODOS DE PRODUÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE:
- Comunismo Primitivo (ou Sociedades originárias);
- Sociedades Escravistas
- Sociedades Feudais
- Sociedades capitalistas
- Poderíamos acrescentar outras formas sociais: Modo de 
Produção Asiático; Sociedades pré-coloniais
MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL
1. O MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL nasceu de uma complexa articulação entre o 
processo de desmoronamento do Império Romano e as características das tribos 
chamadas pelos romanos de “bárbaras”, em processo de desagregação 
(germanos, gauleses, eslavos etc.);
2. De um lado, foram se desenvolvendo nas ruínas do Império romano novas 
relações, nas quais escravos libertos ou pequenos produtores camponeses 
trabalhavam na terras do senhores proprietários, pagando-lhe um excedente na 
forma de trabalho, produtos ou renda;
3. As tribos, que haviam conhecido relações coletivas propriedade da terras estavam 
em processo de desagregação, começam a conhecer o desenvolvimento da 
propriedade privada da terra por famílias, formando uma camada de proprietário, 
que passam a concentrar terras, enquanto a maioria dos camponeses passavam a 
viver em relações de dependência;
4. Constituíram-se os feudos, nos quais os camponeses eram obrigados a trabalharem 
nas terras do senhores, relações das quais derivavam também deveres militares para 
os proprietários de terras e o monarcas. As terras também passaram às mãos das 
tropas, servidores reais, mosteiros e eclesiásticos;
5. As relações de produção feudais eram marcadas pela SERVIDÃO, às quais estavam 
submetida a massa camponesa, sendo a AGRICULTURA a base da economia feudal;
6. A dominação era baseada na grande propriedade de terra e nas relações de 
dependência pessoal, de modo a articular a exploração econômica e a COAÇÃO 
EXTRAECONÔMICA (jurídico-política) diretamente efetivada pelos senhores de terra;
7. O camponês se diferenciava do escravo da Antiguidade clássico, esse considerado 
instrumento de produção, enquanto os camponeses apesar das relações de servidão, 
tinha, ao lado do trabalho nas terras do senhor, a sua pequena produção agrícola e 
artesanal;
 8. Ao contrário do escravo, que não tinha qualquer interesse no 
aperfeiçoamento das técnicas e instrumentos, as novas relações possibilitaram 
um certo desenvolvimento das Forças Produtivas materiais: dos métodos de 
cultivo, vinicultura, horticultura, instrumentos como o arado, foice, moinho de 
vendo e de água etc.;
9. TRABALHO DO CAMPONÊS se dividia em:
-TEMPO/TRABALHO NECESSÁRIO: no qual produzia as condições materiais 
necessárias à sua sobrevivência e da família;
- TEMPO/TRABALHO EXCEDENTE: no qual criava o sobretrabalho, o produto 
suplementar, apropriado pelo senhor feudal;
10. A RENDA FEUDAL DA TERRA, apropriada pelo senhor feudal, foi se transformando ao longo do 
tempo. Nas fases iniciais prevaleceu a RENDA-TRABALHO (corveia, arava, semeava, corte de lenha, 
transporte de produtos, fiação, tecelagem etc.);
11. A RENDA-TRABALHO foi sendo substituída pela RENDA-PRODUTO (determinada quantidade de 
trigo, gado, aves etc.) e pela RENDA-DINHEIRO na fase mais avançado do feudalismo, o que permitia ao 
camponês uma maior liberdade para aumentar a produtividade do trabalho;
12. Os camponeses eram explorados por toda parte, pelos senhores de terras, pelas autoridades feudais 
e pela Igreja, a maior proprietária de terras da Europa;
13. A ECONOMIA feudal erade SUBSISTÊNCIA, natural, a produção se voltava à subsistência das família 
camponesas e do senhor feudal. A agricultura era combinada com a atividade artesanal caseira; 
14. A RENDA-DINHEIRO e crescente monetarização das relações sociais constituia cada vez mais um 
fator dissolvente, fazendo ampliar a pequena produção mercantil no campo e o crescimentos das trocas 
mercantis; 
15. CIDADES, CORPORAÇÕES DE OFÍCIO E COMÉRCIO 
- O artesanato se desenvolvia nas cidades medievais, centros comerciais, 
nas aldeias, castelos e monastérios;
- As cidades (burgos) começam a conquistar certa independência frente aos 
senhores de terras, constituindo seus próprios tribunais, impostos e 
moedas;
- As cidades se transformavam em centros da produção mercantil, nas quais 
viviam artesãos (mestres, oficiais, aprendizes) e comerciantes;
- O artesãos se organizavam em CORPORAÇÕES DE OFÍCIO, para 
autoproteção da coerção e da concorrência;
- O comerciantes também se organizavam em CORPORAÇÕES OU GUILDAS, 
defendendo os seus interesses frente aos concorrentes externos;
16.CLASSES, ESTADO E HIERARQUIA FEUDAL
- As classes fundamentais do feudalismo eram os senhores feudais, os 
camponeses. O senhores mais fracos (VASSALO) tinham obrigações frente 
aos mais poderosos, pagavam tributo e ajudavam militarmente, recebendo 
em troca a proteção do senhor mais forte (SUSERANO);
- Os senhores de terras constituiam a NOBREZA, o “primeiro estado”, com os 
privilégios, honras e direitos superiores;
- CLERO (eclesiásticos e monásticos) era também dono de terra, possuiam 
servos e privilégios próprios da NOBREZA feudal;
- CAMPONESES: maioria da população, explorada pelas classes dominantes 
(senhores feudais e REI), sem direitos políticos ou privilégios;
- NAS CIDADES: comerciantes, usurários, proprietários de terrenos e imóveis;
- NAS CIDADES: artesãos (mestres, oficiais e aprendizes);
17. DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PRODUTIVAS NO FEUDALISMO
- Como se disse, houve um certo desenvolvimento das forças produtivas nos 
interstícios do feudalismo: técnicas agrícolas, instrumentos de ferro, 
vinicultura, horticultura, produção de vinhos, criação de cavalo, ROCA (séc. 
XVI e XVII), TEAR DE FITAS (1600), RODAS HIDRÁULICAS, PÓLVORA, 
FORNOS, ARTILHARIA DE FOGO, BALAS DE FERRO, BÚSSULA, NAVEGAÇÃO, 
TIPOGRAFIA;
- Com o desenvolvimento da produção mercantil e do comércio, as forças 
produtivas em desenvolvimento entravam cada vez mais em choque com as 
relações de produção e de propriedades feudais, as instituições 
jurídico-políticas e as formas de consciência social dominantes (igreja, 
religião);
AVANÇA A PRODUÇÃO MERCANTIL, O COMÉRCIO E 
A LUTA DE CLASSES
1. A PRODUÇÃO MERCANTIL e o COMÉRCIO avançam a passos largos ainda 
nos interstícios do FEUDALISMO, nas cidades, aldeias, castelos, 
monastérios;]
2. A ECONOMIA NATURAL DE SUBSISTÊNCIA camponesa vai dando lugar à 
ECONOMIA MERCANTIL SIMPLES baseada na pequena propriedade privada 
e no trabalho próprio;
3. CAMPONESES e ARTESÃOS produzem bens para serem trocados nos 
mercados, produzem MERCADORIAS;
4. COMERCIANTES se interpunham cada vez mais entre os produtores, 
comprando mercadores para vender em outros lugares e condições; 
Desenvolvia também o comércio entre feudos, povos e regiões;
5. A fragmentação política e estatal no feudalismo se tornava cada vez mais um empecilho ao desenvolvimento da 
atividade mercantil e do comércio;
6. Os senhores feudais impunham cada vez mais tributos, obrigações, privilégios, dificultando a circulação das 
mercadorias e das pessoas, necessárias ao desenvolvimento da produção, do comércio e das forças produtivas;
7. domínio político e ideológico da Igreja constituia igualmente um obstáculo ao desenvolvimento das CIÊNCIAS, 
do CONHECIMENTO e das TÉCNICAS;
8. A criação de um MERCADO NACIONAL dependia, nesse momento, da centralização política: nasceram as 
MONARQUIAS, os ESTADOS NACIONAIS;
9. O RENASCIMENTO CULTURAL e a REVOLUÇÃO CIENTÍFICA em andamento constituiam a base do conhecimento, 
da arte e das Ciências modernas, com avanços na ASTRONOMIA, FÍSICA, QUÍMICA, MECÂNICA, NAVEGAÇÃO;
10. Quando os TURCOS tomam Constantinopla e fecham a ligação entre Ocidente e Oriente, os Europeus procuram 
um NOVO CAMINHO PARA AS ÍNDIAS, chegando à América, em 1492 (Colombo) e contornam a África (1498, Vaco 
da Gama), para um novo caminho para a Índia;
11. Desenvolve-se o COMÉRCIO MUNDIAL, despontando países como INGLATERRA, BÉLGICA, 
HOLANDA, FRANÇA, ITÁLIA, ESPANHA e PORTUGAL;
12. FICA EVIDENTE AS LIMITAÇÕES DA PEQUENA PRODUÇÃO MERCANTIL CAMPONESA E ARTESANAL 
NAS CORPORAÇÕES DE OFÍCIO NAS CIDADES PARA ATENDER AS CRESCENTES NECESSIDADES 
COLOCADAS PELO ESTREITAMENTO DAS RELAÇÕES ENTRE REGIÕES E POVOS;
13. O regime corporativo e hierárquico da CORPORAÇÕES travam o desenvolvimento do comércio; 
14. A concorrência e o aumento das desigualdades entre Mestres, oficiais e aprendizem aumentaram a 
distância entre eles, gerando conflitos cada vez mais profundos, transformando Mestre em patrões 
capitalistas enriquecidos contra aprendizes e oficiais se convertiam em trabalhadores assalariados;
15. Os conflitos entre camponeses e senhores feudais percorreram todo o FEUDALISMO e se ampliaram 
a partir do SÉC. XIV na França, dando origem às INSURREIÇÕES CAMPONESA;
16. Com o desenvolvimento da indústria téxtil, os grandes proprietário levam a frente a POLÍTICA DE 
CERCAMENTOS, expulsando os camponeses das terras, que passam a ser utilizadas para a criação de 
gado para o fornecimento de lã;
 
A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA DO 
CAPITAL(CAPÍTULO 24, DE O CAPITAL, 1867)
1. A ECONOMIA POLÍTICA BURGUESIA tentou de todas as formas discursivas 
justificar teoricamente a existência do capitalismo e do capital a partir de 
várias teorias: Teoria da Abstinência (Sênior, John Stuart Mill); Teoria da 
Ética Protestante e o Espírito do Capitaismo (Max Weber); Teoria do Homem 
Intrinsecamente Racional, Livre e Egoísta por natureza (Contratualistas);
2. Marx rechaçou todas essas teorias sobre a origem do capitalismo e 
concebeu uma Teoria Social, a partir da Concepção Materialista da História, 
muito complexa, que abarca a partir da análise do PROCESSO HISTÓRICO, 
ECONÔMICO, SOCIAL, POLÍTICO E CULTURAL o processo de formação do 
capitalismo; 
1. NECESSIDADE DE EXPLICARA A “ACUMULAÇÃO PRIMITIVA (ORIGINAL, 
PRIMEIRA) DO CAPITAL
- Marx rechaça a Teoria da Abstinência da Economia Politica burguesa no 
capítulo 22, de O Capital;
- No CAPÍTULO 23, denominado “A ASSIM CHAMADA ACUMULAÇÃO 
PRIMITIVA”, Marx começa afirmando:
- “Viu-se como o dinheiro é transformado em capital, como por meio do capital 
se faz mais-valia e da mais-valia se faz mais capital. Entretanto a acumulação 
do capital pressupõe a mais-valia, a mais-valia a produção capitalista, esta 
porém a existência de massas maiores de capital e força de trabalho nas mãos 
de produtores de mercadorias. Todo este movimento parece, portanto, girar 
num círculo vicioso, do qual só saímos subpondo [unterstellen] uma 
acumulação «original» («previous accumulation»(1*) em Adam Smith) 
anterior à acumulação capitalista, uma acumulação que não é o resultado do 
modo de produção capitalista mas o seu ponto de partida.”
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap01.htm#tr1
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/s/smith_adam.htm
2. O PECADO ORIGINAL DA ECONOMIA POLÍTICA, QUE TENTA DISSIMULAR A ORIGEM DO 
CAPITAL: POR QUE A MAIORIA TEM DE TRABALHAR PARA SOBREVIVER, ENQUANTO UMA 
MINORIA NÃO?
“Esta acumulação original desempenha na economia política aproximadamente o mesmo papel 
que o pecado original na teologia. Adão(2*) deu uma dentada na maçã, e deste modo o pecado 
desceu sobre o género humano. A origem daquele é explicada ao ser contada como anedota do 
passado. Num tempo remoto havia, de um lado, uma elite diligente, inteligente, e sobretudo 
frugal, e do outro uma escumalha preguiçosa, que dissipava tudo o que tinha e mais.
A lenda do pecadooriginal teológico conta-nos, certamente, como o homem foi condenado a 
comer o seu pão no suor do seu rosto; a história do pecado original económico, porém, revela-nos 
como é que há pessoas que não precisam de o fazer. Mas é indiferente. Assim aconteceu que os 
primeiros acumularam riqueza e os segundos, por fim, nada tinham para vender a não ser a sua 
própria pele. E deste pecado original datam a pobreza da grande massa, a qual continua, a 
despeito de todo o trabalho, a não ter nada para vender a não ser a si própria, e a riqueza de uns 
poucos, a qual cresce continuamente, embora eles há muito tenham deixado de trabalhar. “
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap01.htm#tr2
3. A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DO CAPITALISMO NADA TEM DE IDÍLICA: A 
VIOLÊNCIA COMO POTÊNCIA ECONÔMICA E HISTÓRICA:
“Mas assim que a questão da propriedade está em jogo, torna-se 
dever sagrado manter o ponto de vista da cartilha infantil como 
o único justo para todas as classes etárias e etapas de 
desenvolvimento. Na história real é sabido que a conquista, a 
subjugação, o assassínio para roubar, numa palavra, a violência 
[Gewalt], desempenham o grande papel. Na suave economia 
política reina desde sempre o idílio. Direito e «trabalho» foram 
desde sempre os únicos meios de enriquecimento, naturalmente 
com a excepção todas as vezes repetida de «este ano». De 
facto, os métodos da acumulação original são tudo o que se 
quiser, só não são idílicos.”
4. MEIOS DE PRODUÇÃO, MERCADORIA E DINHEIRO POR SI SÓS NÃO SÃO CAPITAL:
“O dinheiro e a mercadoria não são desde o início capital, tão-pouco os meios de produção e de 
vida. Carecem da transformação em capital. Mas esta mesma transformação só pode processar-se 
em circunstâncias determinadas, que se condensam no seguinte: “
5. PARA A CONSTITUIÇÃO DA RELAÇÃO SOCIAL “CAPITAL” É PRECISO QUE DUAS ESPÉCIES DE 
MERCADORIAS SE ENCONTREM:
“duas espécies muito diferentes de possuidores de mercadorias têm de se pôr frente a 
frente e entrar em contacto, de um lado proprietários de dinheiro, de meios de produção e 
de vida, aos quais o que interessa é valorizar a soma de valor por eles possuída por meio 
da compra de força de trabalho alheia; do outro lado trabalhadores livres, vendedores da 
força de trabalho própria e por isso vendedores de trabalho. Trabalhadores livres no duplo 
sentido de que nem eles próprios pertencem imediatamente aos meios de produção, como 
os escravos, servos, etc, nem também os meios de produção lhes pertencem, como no caso 
do camponês que trabalha a sua propriedade, antes estão livres deles, livres e sem 
responsabilidades. Com esta polarização do mercado das mercadorias estão dadas as 
condições fundamentais da produção capitalista.”
6. PARA QUE HAJA TRABALHADORES LIVRES É PRECISO UM PROCESSO VIOLENTO 
DE EXPROPRIAÇÃO:
“A relação de capital pressupõe o divórcio entre os trabalhadores e a 
propriedade das condições de realização do trabalho. Logo que a 
produção capitalista se firma nos próprios pés, ela não conserva 
apenas esse divórcio, reprodu-lo numa escala sempre crescente. O 
processo que cria a relação de capital não pode, portanto, ser outra 
coisa que não o processo de divórcio entre o trabalhador e a 
propriedade das suas condições de trabalho, um processo que por um 
lado transforma os meios sociais de vida e de produção em capital e 
os produtores imediatos, por outro lado, em operários assalariados. A 
chamada acumulação original nada é, portanto, senão o processo 
histórico de divórcio de produtor e meios de produção. Ele aparece 
como «original» porque forma a pré-história do capital e do modo de 
produção que lhe corresponde.”
7. AS CONDIÇÕES OBJETIVAS E SUBJETIVAS DO CAPITALISMO SE ORIGINARAM NOS INTERSTÍCIOS 
DO FEUDALISMO:
“A estrutura económica da sociedade capitalista saiu da estrutura económica da 
sociedade feudal. A dissolução desta libertou os elementos daquela.”
8. PARA SURGIR O CAPITALISMO, O TRABALHADOR DEVE SER LIVRE, EM QUE 
SENTIDO?
“O produtor imediato, o trabalhador, só podia dispor da sua pessoa a partir do momento em 
que deixara de estar preso à gleba e de ser servo e vassalo de uma outra pessoa. Para se 
tornar vendedor livre de força de trabalho, o qual leva a sua mercadoria a toda a parte em 
que ela encontra um mercado, ele tinha além disso de ter escapado ao domínio das 
corporações, às suas ordenações sobre aprendizes e oficiais e aos preceitos de trabalho 
inibitivos. Com isto surge o movimento histórico que transforma os produtores em operários 
assalariados, por um lado como a libertação destes da servidão e da coacção das 
corporações; e só este lado existe para os nossos historiógrafos burgueses. Mas por outro 
lado estes recém-libertos só se tornam vendedores de si mesmos depois de lhes serem 
roubados todos os seus meios de produção e todas as garantias da sua existência 
proporcionadas pelas velhas instituições feudais. E a história desta sua expropriação está 
inscrita nos anais da humanidade com caracteres de sangue e fogo.”
9. A BURGUESIA COMERCIAL NASCENTE TEVE DE DERROTAR TAMBÉM SEUS 
CONCORRENTES DAS CORPORAÇÕES NAS CIDADES E SENHORES FEUDAIS NO 
CAMPO:
“Os capitalistas industriais, estes novos potentados, tiveram por seu turno de 
desalojar não só os mestres artesãos corporativos mas também os senhores 
feudais que se encontravam de posse das fontes de riqueza. Deste ângulo o seu 
ascenso apresenta-se como fruto de uma luta vitoriosa contra o poder feudal e os 
seus privilégios revoltantes, bem como contra as corporações e os grilhões que 
estas colocavam ao livre desenvolvimento da produção e à livre exploração do 
homem pelo homem. Os cavaleiros da indústria, todavia, só conseguiram desalojar 
os cavaleiros da espada por meio da exploração de acontecimentos de que 
estavam completamente inocentes. Eles elevaram-se por meios tão vis como 
aqueles por meio dos quais o liberto romano se fez outrora senhor do seu 
patronus’
10. A EXPROPRIAÇÃO VIOLENTA DA POPULAÇÃO RURAL:
“O ponto de partida do desenvolvimento que gera tanto o operário assalariado como o capitalista foi a 
servidão do trabalhador. O progresso consistiu numa mudança de forma desta servitude, na 
transformação da exploração feudal em capitalista. Para compreender o seu curso não precisamos de 
recuar muito. Embora os primeiros começos de produção capitalista se nos deparem esporadicamente 
já nos séculos XIX e XV em algumas cidades do Mediterrâneo, a era capitalista data apenas do século 
XVI. Ali onde ela aparece está a abolição da servidão há muito consumada, e o ponto mais brilhante da 
Idade Média, a existência de cidades soberanas, desde longo tempo a empalidecer.
Fazem época na história da acumulação original todos os revolucionamentos que servem de 
alavanca à classe dos capitalistas em formação; acima de todos, porém, os momentos em que grandes 
massas humanas de súbito, e violentamente, são arrancadas aos seus meios de subsistência e atiradas 
para o mercado de trabalho como proletários fora-da-lei(5*). A expropriação do produtor rural, do 
camponês, da terra forma a base de todo o processo. A sua história assume coloração diversa em 
diversos países e percorre as diversas fases em .sequência diversa e em diversas épocas da história. 
Apenas em Inglaterra, que por isso tomamos como exemplo, possui ela forma clássica”.
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap01.htm#tr5
11. IMPOSIÇÃO PELOS ESTADOS DE UMA LEGISLAÇÃO SANGUINÁRIA CONTRA 
OS EXPROPRIADOS DESDE O SÉCULO XV: CRIAÇÃO DE UM PROLETARIADO 
URBANO:
“Os expulsos por dissolução dos séquitos feudais e pela expropriação violenta e 
por sacões da terra, este proletariado fora-da-lei não podia, possivelmente, ser 
absorvido pela manufactura nascente tão rapidamente quanto era posto no mundo. 
Por outro lado, estes [homens] subitamente catapultados para fora da sua órbita 
de vida habitual não se podiam adaptar tão subitamente à disciplina da nova 
situação. Transformaram-se massivamente em mendigos, ladrões,vagabundos, em 
parte por inclinação, na maioria dos casos por constrangimento das circunstâncias. 
Daqui, no fim do século XV e durante todo o século XVI, em toda a Europa 
ocidental, uma legislação sangrenta contra a vagabundagem. Os pais da classe 
operária actual foram, antes do mais, castigados pela transformação, a que foram 
sujeitos, em vagabundos e pobres. A legislação tratava-os como criminosos 
«voluntários» e pressupunha que dependia da boa vontade deles que 
continuassem a trabalhar nas velhas condições que já não existiam mais.”
12. VIOLENTA EXPLORAÇÃO DOS POVOS COLONIAIS, O EXTERMÍNIO DE COMUNIDADES ORIGINAIS E A ESCRAVIZAÇÃO DE TRABALHADORES NEGROS:
“ A descoberta de terras de ouro e prata na América, o extermínio, escravização e enterramento da população 
nativa nas minas, o início da conquista e pilhagem das Índias Orientais, a transformação da África numa 
coutada para a caça comercial de peles-negras, assinalam a aurora da era da produção capitalista. Estes 
processos idílicos são momentos principais da acumulação original. Segue-se-lhes de perto a guerra comercial 
das nações europeias, com o globo terrestre por palco. Inicia-se com a revolta dos Países Baixos contra a 
Espanha[N86], toma contornos gigantescos na Inglaterra com a guerra antijacobina[N35] e prolonga-se ainda na 
guerra do ópio contra a China[N87], etc.
Os diversos momentos da acumulação original repartem-se agora, mais ou menos em sequência temporal, 
nomeadamente, por Espanha, Portugal, Holanda, França e Inglaterra. Em Inglaterra, no fim do século XVII, 
eles são reunidos sistematicamente no sistema colonial, no sistema da dívida do Estado, no sistema moderno 
de impostos e no sistema proteccionista. Estes métodos repousam, em parte, sobre o poder mais brutal, por 
exemplo, o sistema colonial. Todos eles utilizam, porém, o poder do Estado, o poder concentrado e organizado 
da sociedade, para acelerar, como em estufa, o processo de transformação do modo de produção feudal em 
capitalista e para encurtar a transição. A violência é a parteira de toda a velha sociedade que está grávida de 
uma nova. Ela própria é uma potência económica.”
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm#tn86
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm#tn35
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm#tn87
13. TRÁFICO E ESCRAVIZAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA DA ÁFRICA:
“Com o desenvolvimento da produção capitalista durante o período da manufactura a opinião 
pública da Europa tinha perdido o último resto de sentimento de vergonha e de consciência. As 
nações gabavam-se cinicamente de cada infâmia que era um meio para a acumulação de capital. 
Leiam-se, por exemplo, os ingénuos anais do comércio do honrado A. Anderson[N84]. É aí 
trombeteado como um triunfo da sageza política inglesa que a Inglaterra, na Paz de Utrecht, 
tenha extorquido à Espanha, pelo Tratado de Asiento[N92], o privilégio de poder exercer o 
comércio de negros — que até então só exercia entre a África e as Índias Ocidentais inglesas — 
agora também entre a África e a América espanhola. A Inglaterra obtinha o direito de fornecer a 
América espanhola até 1743 anualmente com 4800 negros. Isto concedia, ao mesmo tempo, uma 
cobertura oficial para o contrabando britânico. Liverpool engordou à base do comércio de 
escravos. Ele constituía o seu método de acumulação original. E, até aos dias de hoje, a 
«honorabilidade» de Liverpool permanece o Píndaro do comércio de escravos, o qual — 
compare-se com o escrito citado do Dr. Aikin de 1795 — «coincidiu com aquele espírito de 
corajosa aventura que caracterizou o comércio de Liverpool e que rapidamente a levou ao seu 
presente estado de prosperidade; ocasionou um vasto emprego para embarcadiços e marinheiros, 
e aumentou grandemente a procura das manufacturas do país» [p. 339]. Em 1730, Liverpool 
empregava no comércio de escravos 15 navios; em 1751, 53; em 1760, 74; em 1770, 96; e em 
1792, 132.”
“O CAPITAL NASCE ESCORRENDO SANGUE E LAMA POR TODOS OS POROS, DA CABEÇA AOS PÉS”
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/a/anderson_adam.htm
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm#tn84
https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/cap24/cap06.htm#tn92
https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/a/aikin_john.htm
O DESENVOLVIMENTO DAS MANUFATURAS
1. OS COMERCIANTES, antes intermediários, entre os pequenos produtores e 
os senhores feudais, passam a açambarcar a maior parte dos produtos e do 
comércio;
2. Passam a fornecer matéria prima, dinheiro e outros materiais para que 
camponeses e artesãos produzam bens para serem vendidos pelos 
comerciantes;
3. Com a ruína cada vez maior da pequena economia, os COMERCIANTES 
passam a fornecer também INSTRUMENTOS DE TRABALHO, quebrando 
qualquer INDEPENDÊNCIA DOS PRODUTORES, transformando-se em 
CAPITALISTAS e ASSALARIADOS;
4. Progressivamente, os TRABALHADORES SÃO REUNIDOS EM OFICINAS, 
continuando o trabalho no sentido artesanal, sendo que cada trabalhador 
produz todas as fases do processo;
5. Depois se estabelece uma certa DIVISÃO DE TRABALHO nas oficinas, de modo 
que o trabalho fica responsável por uma ou mais fases do processo, nas quais 
mostrava maior habilidade;
6. Surgem as MANUFATURAS: EMPRESAS CAPITALISTAS QUE REÚNEM 
TRABALHADORES ASSALARIADOS, trabalhando com ferramentas manuais e sob 
certa divisão de trabalho;
7. No campo, avançam o dinheiro e a monetarização das relações sociais, de 
modo que os camponeses passam cada vez mais a retribuir o senhor feudal com 
a RENDA - DINHEIRO. O excedente da produção é vendido e trocado por outros 
produtos, avançando a produção mercantil e comércio também no campo;
AVIZINHAM-SE AS REVOLUÇÕES BURGUESAS
1. Como diz Marx, a certa etapa do desenvolvimento de um MODO DE 
PRODUÇÃO, o desenvolvimento das Forças Produtivas entram em choque 
com as Relações de Produção dominantes, que se tornaram um obstáculo à 
continuidade do desenvolvimento das Força Produtivas;
2. As RELAÇÕES DE PRODUÇÃO FEUDAIS se tornou um estorno às FORÇAS 
PRODUTIVAS EM ASCENSÃO e ao desenvolvimento da PRODUÇÃO 
MERCANTIL E AO COMÉRCIO;
3. ABRIU-SE UMA ÉPOCA DE REVOLUÇÃO SOCIAL, QUE DESEMBOCARÁ NAS 
REVOLUÇÕES BURGUESAS DO SÉC. XVII (INGLATERRA) E XVIII (FRANÇA), 
entre outros países.

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