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- MÉTODOS DE INTERVENÇÃO II - TEACCH, ABA, PECS E PADOVAN 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 FATORES QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS TEA.............. 6 Atendimento Educacional Especializado .............................................................. 8 MÉTODO TEACCH ................................................................................................... 13 Meios relativos e o ensino estruturado ............................................................... 13 Agendas de comunicação .................................................................................... 14 Níveis de trabalho ................................................................................................. 16 MÉTODO ABA - ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO .......................... 21 Ajuda e Dicas ......................................................................................................... 22 Tipos de dicas ....................................................................................................... 22 Reforçamento positivo ......................................................................................... 24 Metodologia ABA na utilização de reforço positivo, DTT (Tentativas Discretas) .................................................................................................................................. 25 Ensino e Aprendizagem Incidental – Generalização .......................................... 25 SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA TROCA DE FIGURAS (PECS) ...... 27 MÉTODO PADOVAN DE REORGANIZAÇÃO NEUROFUNCIONAL ...................... 31 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36 3 NOSSA HISTÓRIA A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criada a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 INTRODUÇÃO O Transtorno do Espectro Autista é um termo cada vez mais comum nos dias de hoje, síndrome comportamental que possui diversas etiologias diferentes com incapacidade de relacionar-se com demais pessoas, sérios distúrbios de linguagens, muita resistência no momento de aprendizagem e a não aceitação nas mudanças de rotinas (KHOURY; TEIXEIRA, CARREIRO et al, 2014). O que antigamente gerava incompreensão, hoje está na vanguarda da investigação e educação devido ao número crescente de crianças e pessoas com transtornos relacionados, existindo cada vez mais sensibilidade e interesse em formas e situações onde essas pessoas podem receber algum tipo de ajuda. O desenvolvimento da criança depende muito do comprometimento do professor, e para isso, é necessário que o profissional elabore novas metodologias de trabalho. De acordo com estudos da área, diferentes modelos e métodos podem ser utilizados, sendo: TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Communication Handicapped Children), ABA (Applied Behavior Analysis), PECS (Picture Exchange Communication System) e Padovan, apontados como os principais métodos utilizados para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem de pessoas com TEA. Este modelo não se delimita apenas a um recurso que pode ser no período escolar, mas sim um instrumento que pode auxiliar a vida toda da pessoa. Estudar os princípios orientadores que podem auxiliar na formação da autonomia de um autista é de grande valia para uma geração, que hoje passa a ver com outros olhos o “diferente”. Primeiro, as pessoas precisam compreender e saber lidar com as características apresentadas pelo aluno com TEA, principalmente nas áreas de comunicação, interação social e áreas de interesse restrito. Além disso, muito se fala sobre a inclusão, sobre a inserção de crianças com TEA ou qualquer outro transtorno, síndrome ou anomalia, nas escolas de ensino regular, porém pouco é falado do preparo que o professor precisa ter para trabalhar com um aluno especial. 5 Desse modo, a presente disciplina tem como finalidade analisar os métodos educacionais utilizados para favorecer o desenvolvimento global do aluno, a partir da descrição dos objetivos e funcionalidade de cada método educacional. 6 FATORES QUE DIFICULTAM A APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS TEA O Transtorno do Espectro Autista é marcado por disfunções sensoriais como sensibilidade à luz, sons, cheiros, texturas e sabores. Frente a esses estímulos, pode ser que a pessoa balance as mãos ou a cabeça em movimentos repetitivos, fique nervoso e agitado, emita sons, se balanceie ou emita outras formas comportamentais. Os sinais podem ser óbvios ou simplesmente passar despercebidos (SILVA; GAIATO; REVELES, 2012). Segundo o DSM-5 (2014) o transtorno do processamento sensorial é frequentemente identificado nas pessoas com TEA. A causa é genética, e os estímulos do meio ambiente precisam ser perceptíveis para aqueles que convivem com as pessoas TEA. A sensibilidade sensorial interfere no modo como o cérebro recebe, processa e responde aos estímulos vindos dos sentidos. É importante que pais e professores evitem oferecer mais de um estímulo por vez para pessoas TEA, já que, para eles é mais fácil compreender e trabalhar com apenas um estimulo por vez. O essencial é oferecer um estimulo visual antes da verbalização. São ações simples, que podem facilitar o dia a dia do autista, segundo Khoury et al. (2014). O ser humano tem dez sentidos e não cinco como imagina-se, e o autista que tem o transtorno do processamento sensorial, vive diariamente cada um deles como relata Kwant (2016). Os cinco sentidos popularmente conhecidos são visão, audição, tato, olfato e paladar. Além desses, a literatura aponta para o sistema vestibular responsável pelo equilíbrio; a propriocepção relacionada a postura, contração muscular, sensação de “controle” sobre o próprio corpo; a interocepção responsável pelas sensações interiores de fome, sede, sono, bexiga cheia, batimentos cardíacos e cansaço; a nocicepção que favorece a sensação de dor) e, por fim a termocepção que faz o registro de temperatura explica a especialista em autismo (KWANT 2016). Pessoas com TEA poder ser hipersensíveis aos estímulos do meio ambiente. Interpretam esses estímulos de forma exacerbada e costumam fugir, ficar estagnadas ou agredir. 7 Essas crianças precisam de estímulos dosados, pois em suas características vão sempre ter texturas preferíveis, para a comida, cobrem as orelhas quando expostos a barulho excessivo, não gostam de ser tocados, entre outros. Essas características quando exploradas positivamente para a criança, e quando percebidas precocemente, evitam muito sofrimento para o autistaem todos os momentos de sua vida. (DEFENDI, 2016). Ao contrário da hipersensibilidade, quando a criança com TEA procura por estímulos sensoriais o tempo todo, pulando ou olhando diretamente para a luz, girando coisas initerruptamente demonstram características de uma hipossensibilidade. Essa necessidade de estímulo pode gerar impactos negativos no desenvolvimento da criança, pois nem sempre as reações são as mesmas frente ao estímulo. A escola, como um todo deve estar preparada para variadas situações e claro para os variados perfis diferentes de crianças autistas, adequando-se com materiais e meios didáticos que levem a criança com o transtorno a criar vínculo com a sala de aula e suas propostas de estimulação. A grande maioria de crianças com TEA não gostam e não suportam barulhos, as mudanças de rotinas, regras e a identificação dessas situações estressantes previnem e ajudam no conforto para que esse aluno continue frequentando a escola. Para Defendi (2016) os professores, consequentemente devem adaptar o currículo de acordo com a criança, direcionando um foco mais individualizado. A maioria dos autistas apresentam morbidades como: ansiedades, TDAH, TOC, déficit de atenção, problemas de sono, e fobias especificas, onde atrapalha muito a criança no seu processo de aprendizagem, e nesses casos o uso de medicamentos pode ser muito importante. Por parte dos professores, a vivência desses primeiros momentos pode ser paralisante, carregada de sentimento de impotência, angústia e geradora de falsas convicções a respeito da impossibilidade de que a escola e o saber/fazer dos professores possam contribuir para o desenvolvimento daquela criança. (BRASIL, 2010, p.22). 8 As instituições escolares possuem diversos déficits, como carências de rede de apoio e desconhecimento das estratégias efetivas de ensino voltadas para a educação especial. Além de aumentar a ansiedade em lidar com o educando, tais aspectos influenciam as práticas pedagógicas empregadas e diminuem as expectativas dos docentes no que diz respeito à educabilidade de seus educandos. As instituições têm tentado se esforçar para realizar essa inclusão efetivamente, mas o que temos notado é uma grande dificuldade e falta de recursos para saber trabalhar com crianças com TEA. Notar que as especificidades de cada criança autista são únicas é o melhor começo, e conseguir compreender o que agrada e o que causa desconforto é essencial. Atendimento Educacional Especializado Segundo o “Manual de Orientação: Programa de Implantação de Sala de Recursos Multifuncionais” (BRASIL, 2010) o Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um serviço especializado e garantido por lei, que funciona nas Salas de recursos Multifuncionais, montadas e equipadas especialmente para receber e trabalhar com crianças especiais. Essas salas têm por objetivo oferecer ferramentas de possam auxiliar no processo de ensino e aprendizagem no âmbito pedagógico, trabalhando com diferentes e estratégias e metodologias. A inclusão educacional é um direito do aluno e requer mudanças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de professores, para a efetivação do direito de todos à escolarização. No contexto das políticas públicas para o desenvolvimento inclusivo da escola se insere a organização das salas de recursos multifuncionais, com a disponibilização de recursos e de apoio pedagógico para o atendimento às especificidades dos alunos público alvo da educação especial matriculados no ensino regular (BRASIL, 2010). Essas salas servem para dar mais apoio a escola, aos pais dos alunos com TEA e principalmente as crianças que, precisam de um olhar especial, para serem capazes de realizar todas e quaisquer atividades que seja proposta na escola regular. 9 A oferta do atendimento educacional especializado - AEE deve constar no Projeto Pedagógico da escola de ensino regular, prevendo na sua organização: a) Sala de recursos multifuncional: espaço físico, mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos; b) Matrícula do aluno no AEE; c) Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas; cronograma de atendimento dos alunos; d) Professor para o exercício da docência do AEE; e) Profissionais da educação: tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuam no apoio às atividades de alimentação, higiene e locomoção. f) Articulação entre professores do AEE e os do ensino comum. g) Redes de apoio: no âmbito da atuação intersetorial, da formação docente, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que contribuam para a realização do AEE (BRASIL, 2008). Servindo de apoio para o desenvolvimento de crianças com deficiência ou transtorno, disponibilizando um trabalho com linguagens que se adequam as características especificas de cada criança, desenvolvendo materiais didáticos pedagógicos visando cada necessidade e oportunizando o enriquecimento cultural da criança. 10 Figura 1: Modelo de atividades desenvolvidas nas salas de AEE. Figura 2: Modelos de agendas utilizadas nas salas de AEE. Figura 3: Modelos de agendas utilizadas nas salas de AEE. 11 São atribuições do professor do atendimento educacional especializado: a) Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da educação especial; b) Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado, avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade; c) Organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncional; d) Acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; e) Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; f) Orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; g) Ensinar e usar recursos de Tecnologia Assistiva, tais como: as tecnologias da informação e comunicação, a comunicação alternativa e aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e não ópticos, os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de orientação e mobilidade entre outros; de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia, atividade e participação. h) Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando a disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares. i) Promover atividades e espaços de participação da família e a interface com os serviços setoriais da saúde, da assistência social, entre outros (BRASIL, 2008, p.4). 12 É de importância relevante conhecer as atribuições cabíveis aos professores das salas de AEE. Pois o trabalho com a criança com TEA deve ir muito além das salas para que ele tenha sucesso no seu desenvolvimento cognitivo e motor. Os pais também devem se sentir parte dessas tarefas em casa. 13 MÉTODO TEACCH Segundo Ciola e Fonseca (2014), o método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças com Autismo e com Distúrbios Correlatos da Comunicação) é um modelo de intervenção onde se trabalha a organização de espaço, materiais e atividades. Permitindo criar estruturasinternas que devem ser transformadas pelo próprio aluno em formas de estratégias e posteriormente tornando automático de modo a funcionar fora de sala de aula nos ambientes onde não possuem estrutura. Na perspectiva educacional, o foco do Programa TEACCH está no ensino de capacidades de comunicação, organização e partilha social. Assim, centra-se nas áreas fortes, frequentemente encontradas nas crianças com perturbações do espectro do autismo: processo visual, memorização de rotinas e interesses especiais. O programa deve ser sempre adaptado a níveis de funcionamento diferentes e às necessidades de cada pessoa. (FONSECA; CIOLA, 2014, p.18). As abordagens mais recomendadas para ensinar uma criança com TEA são aquelas com estímulos que se utilizam de apoios visuais. Os alunos demonstram com frequência determinadas forças de pensamentos concretos, nas rotas de memória e na compreensão das relações visões parciais, demonstram dificuldades no raciocínio simbólico, comunicação e atenção, os objetos, as figuras, pistas escritas podem ajudar esses alunos a aprender a comunicação e desenvolver alto controle, sendo assim os orientam na organização e na qualidade de comportamento (FONSECA; CIOLA, 2014). Meios relativos e o ensino estruturado O ensino quando estruturado adequadamente, inclui o uso de rotinas com trabalhos individualizados, procurando sempre compensar os déficits cognitivos, sociais, sensoriais, comunicativos e comportamentais que se fazem presentes no TEA e que interferem no desenvolvimento. Viabilizando o ambiente escolar, o espaço deve ser com áreas claramente bem definidas e com divisões para as necessidades por delimitações físicas, sendo assim a estrutura visual da sala ajuda a criança com TEA a focar a sua atenção nas tarefas mais relevantes. O meio de aprendizagem deve ser neutro de efeitos visuais ou 14 sonoros que dificultam a possibilidade de identificação de pistas necessárias para as crianças com TEA realizarem atividades (FONSECA; CIOLA 2014). Figura 4: Mesas individuais, apenas com os estímulos necessários para cada aluno. O aluno autista constrói a sua aprendizagem através de rotinas organizadas e tais necessitam de um ambiente estável visando à organização, por isso espaços são visualmente demarcados, com isso as atividades incorporam os seus conceitos, pois o ambiente guia, clarifica, orienta e antecipa, abstendo a dependência e a confusão não necessária. Agendas de comunicação Segundo Fonseca e Ciola (2014), as crianças com TEA necessitam de uma programação, pois muitos têm problemas com memória sequencial e organização do tempo. O trabalho com as agendas ajuda também sobre a orientação das atividades programadas do dia a dia, diminuindo a ansiedade sobre o desconhecido, dando mais autonomia a criança, uma vez que, ela já tem uma noção do que deve fazer. 15 Figura 5: Modelo de agenda de comunicação, com auxílio de objetos concretos. As autoras também esclarecem que, a criança precisa saber que terá atividades que ela não considera prazerosa, seguida de atividades do seu gosto, isso motiva o aluno a completar as tarefas programadas. [...] Durante as sessões de trabalho, alunos e professores podem estar envolvidos em uma série de atividades, desde o trabalho pré-vocacional independente, treinamento individual sobre autoajuda, até sobre tarefas na escola. Essas atividades se refletem na programação individual. Uma rotina não precisa ser igual a outra de modo que um aluno tem a sua própria agenda de rotina programada a partir de sua necessidade e interesse (FONSECA; CIOLA, 2014, p.34). Fonseca e Ciola (2014) explicam que, a agenda pode ser indicada de várias formas, dependendo apenas do nível de compreensão da criança, podendo ser ilustrada com fotos, concreta com objetos, pictogramas, escritas, etc. Cada aluno deve ter sua própria agenda de acordo com sua necessidade. Não basta colocar um cartão com uma imagem esperando que o aluno reconheça e passe a cumprir a sequência. Se for um aluno de baixo funcionamento que não entende o significado do símbolo, aquele cartão não passara de um pedaço de papel com um borrão sem significado (FONSECA; CIOLA, 2014, p. 35). 16 O professor deve analisar quais crianças conseguem trabalhar em grupo, quais necessitam do auxílio do professor, quais conseguirão apenas se tiverem o acompanhamento integral do professor e quais alunos são de difícil controle comportamental, porque mesmo que as agendas devam ser individuais, o trabalho pode ser feito em conjunto. “Sempre importante ressaltar que, todas as pessoas que trabalham com a criança devem utilizar o mesmo sistema representativo para não gerar confusão para a criança” (FONSECA E CIOLA, 2014). As agendas são divididas em aquelas que são dirigidas pelo professor, desde a agenda que os alunos consigam programar e montar sozinhos. Quando uma atividade sinalizada é concluída, o elemento sinalizador é retirado da agenda/mural e colocado na área destinada ao FIM. Pela sequência, a própria agenda mostra o item da próxima atividade, que é retirada daquela área e transitada até o local de seu destino (check in) via pareamento (FONSECA; CIOLA, 2014, p.38). É necessário que o aluno compreenda a importância da utilização da agenda, entendendo que é um instrumento de comunicação, apoiando até que a criança consiga realizar sua rotina de modo natural. Níveis de trabalho Fonseca (2006) sugere esse termo (níveis) para que o educador saiba identificar em que momento cognitivo e funcional o aluno esta, para estruturar atividades que comtemplem aspectos ainda não atingidos pela criança, e reforçar habilidades já desenvolvidas. De acordo com o processo de aquisição das habilidades cognitivas e psicomotoras, pretendemos imaginar níveis de trabalho a fim de oferecer ao educador um caminho mais direto de avaliação, preparo de materiais e ensino de habilidades onde inseridos no contexto das tarefas estão conceitos psicopedagógicos e conteúdos escolares – e não apenas mecanismos como emparelhar, transferir, sobrepor, selecionar, organizar, classificar. (FONSECA; CIOLA, 2014, p.61). Então, de acordo com o estilo cognitivo de cada criança, apresenta-se os níveis de trabalho: 17 Nível I – Atividades iniciais: preparação e atividades motoras Na fase inicial da aquisição, as habilidades ainda são primitivas e muito próximas do estágio sensório-motor. Assim esse nível deve proporcionar o entendimento de que as mãos podem e devem trabalhar independentes umas das outras, em conjunto com os olhos mantendo o foco atencioso, priorizando atenção para o aspecto motor. Para cumprir com uma atividade de nível I, pessoa não precisa de estratégias de resolução cognitiva ou buscar critérios para a solução de problemas. Nesta fase, exigência é ainda motora, inicial, básica e preparatória para os níveis posteriores. Normalmente as pessoa que se encontram no nível I ainda não desenvolveram estruturas linguísticas suficientes para provocar comunicação, não conseguem usar objetos nem brinquedos funcionalmente, possuem pouco foco atencioso, pouco uso de integração olho x mão não consegue resolver atividades que exigem encaixe, classificações, seriações, comparação, não conseguem estabelecer igualdades entre objetos (emparelhar identidades) nem descrimina-los quando solicitados, ou seja, estão em um nível de funcionamento mais baixo ou são ainda menores de 2 anos de idade para quem ainda se espera este tipo de pensamento (FONSECA; CIOLA, 2014, p.62). Nessa primeira fase, o apoio dos objetos é necessário para que o aluno internalize os conceitos apresentados pelo educador. Com o trabalho voltado para a questão motora, as exigências cognitivas iniciam a partir do próximo nível. Figuras 6 e 7: Atividades desenvolvidas no nívelI. 18 No Nível I, o aluno precisa de auxílio físico total para começar a compreender os objetivos das tarefas e como proceder na execução do sistema de trabalho. Nível II Como dito anteriormente, a partir desse nível inicia-se a ênfase no trabalho cognitivo, entretanto incorporando o aspecto trabalhado no primeiro nível (triar, transportar/transferir), trabalhando como combinar elementos concretos, selecionar, fazer o pareamento de objetos iguais e diferentes etc. O nível II exige que a pessoa consiga discriminar elementos e reconhecer objetos, mas ainda não se espera que o aluno consiga fazer a identificação planificada em imagens e figuras. O pensamento das pessoas que executam atividades de nível II ainda é um pensamento que funciona concretamente, ou seja, ainda não conseguem simbolizar nem abstrair a ponto de formar os conceitos necessários à fase posterior. Por isso, ainda usamos objetos e materiais concretos nesta fase enquanto estimulamos as habilidades da fase posterior (FONSECA; CIOLA, p.64). Figuras 8 e 9: Atividades desenvolvidas no nível II. Para mudar do nível II para o III, o aluno precisa discriminar figura-fundo, identificar imagens, parear objetos com pictogramas ou fotos e trazer as habilidades do nível I e II. 19 Nível III Neste nível, espera-se que o aluno já consiga executar sem auxilio as habilidades trabalhadas anteriormente, realizando pareamento de figuras, descriminando imagens, letras, iniciando processo gráfico, etc. É uma fase de maior discriminação e onde as habilidades perceptuais estão mais desenvolvidas. As atividades já trazem conceitos mais simbólicos, imagéticos, incorporam fotografias, pictogramas, rótulos, letras, números e a criança já consegue usar as habilidades dos níveis anteriores I e II (que são cumulativas), além de sobreposição, associação, seriação, com uso de imagens e objetos, completar figuras, categorizações, classificações, mas recursos ainda insuficientes para o processo da leitura (FONSECA; CIOLA, 2014, p. 65). Este nível dispensa o uso de objetos, pois nessa fase a criança já está com o processo de discriminação de imagens completo, tendo assim o domínio dessa habilidade. Figuras 10 e 11: Atividades desenvolvidas no nível III, pareamento de figuras. Para passar do nível III para o IV, o aluno necessita dominar o valor sonoro das letras e sílabas, relacionar imagens com sua representação escrita, trazer as habilidades do nível I, II e III. 20 Nível IV As exigências para a leitura começam a aparecer, porque já existe o reconhecimento e a discriminação de letras e números, além das habilidades já conquistadas nos níveis passados. Nesse nível, a criança já estabelece relações entre uma imagem e seu correspondente escrito, já consegue associar numeral com sua respectiva quantidade, e de forma geral já está com os conceitos para a alfabetização já instalados em seu pensamento, que já opera em um nível simbólico. Neste nível são propostas atividades de emparelhamentos, associações, seriação, com o uso de palavras, letras, números, operações, situações, problema, leitura, completar lacunas (FONSECA; CIOLA, p.66). O quarto e último nível possuem atividades menos estruturadas, para que possa chegar o mais perto possível das atividades oferecidas pelo currículo comum, aqui as agendas escritas podem e devem ser introduzidas. Figuras 12 e 13: Modelos de atividades nível IV, relação da imagem com a escrita. 21 MÉTODO ABA - ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO É um método comportamental que visa ensinar as habilidades que a pessoa com TEA ainda não possui. O ABA por meio de intervenções pontuais possibilita progressos necessários para o dia a dia, promovendo autonomia e diminuição de comportamentos inadequados. A criança autista pode ser independente ou depender totalmente de alguém para realizar e executar funções simples, como tomar banho, escovar os dentes, e vestir roupas. As habilidades são ensinadas, em geral, individualmente, iniciando apresentações associadas com indicações ou instruções. Em certas circunstâncias, designa apoio (como exemplo, apoio físico), devendo ser retirado logo que possível, para que aluno não se torne dependente dele. A forma adequada de como a criança responde resulta na ocorrência de algo satisfatório para ela, sendo assim, torna-se uma recompensa (LEAR, 2004). O tratamento comportamental analítico do autismo visa ensinar à criança habilidades que ela não possui, através da introdução destas habilidades por etapas. Cada habilidade é ensinada, em geral, em esquema individual, inicialmente apresentando-a associada a uma indicação ou instrução. Quando necessário, é oferecido algum apoio (como por exemplo, apoio físico), que deverá ser retirado tão logo seja possível, para não tornar a criança dependente dele. A resposta adequada da criança tem como consequência a ocorrência de algo agradável para ela, o que na prática é uma recompensa. Quando a recompensa é utilizada de forma consistente, a criança tende a repetir a mesma resposta. (MELLO, 2007, p 37). Existindo a recompensa, ela pode ser utilizada de forma constante. “O primeiro ponto importante é tornar o aprendizado agradável para a criança. O segundo ponto é ensinar a criança a identificar os diferentes estímulos”. (MELLO, 2007, p.37) As respostas que são problemáticas, como exemplo: as negativas ou as birras, elas não são premeditadas, reforçadas. Ao invés disso, os fatos e dados registrados são averiguados em profundidade, com o intuito de descobrir quais eventos podem funcionar como recompensa ou reforço para comportamentos negativos e/ou birras. 22 O aluno é levado a dedicar-se de forma positiva para que não ajam comportamentos indesejáveis. A repetição é um ponto importante neste tipo de abordagem, assim como o registro exaustivo de todas as tentativas e seus resultados. A principal crítica ao ABA é também, como no TEACCH, a de supostamente robotizar as crianças, o que não nos parece correto, já que a ideia é interferir precocemente o máximo possível, para promover o desenvolvimento da criança, de forma que ela possa ser maximamente independente o mais cedo possível”. (MELLO, 2007, p.37). A importância de se tratar a criança com TEA está na grande possibilidade dele conseguir desenvolver as funções do dia a dia, como pessoas normais, este método tem ganhado cada vez mais lugar de destaque, consequentemente à eficácia que é oferecida para esses alunos e os resultados que são obtidos com o decorrer da utilização dele. Ajuda e Dicas O processo ajuda a aprendizagem, usando vários níveis de dicas. A dica é um despertar extra que ajudará o comportamento esperado para que ele ocorra sob o estímulo certo. Visa usar o menor nível possível de dicas necessárias para que o objetivo seja alcançado. Quando queremos que crianças aprendam habilidades e conceitos, precisamos ajudá-las dando-lhes dicas suficientes para que possam executar determinada tarefa com sucesso. As dicas vivem acontecendo em situações naturais. (LEAR, 2004, p.65) Tipos de dicas Lear (2004) identifica dois tipos de dicas: Dicas de Estímulo e Dicas de Resposta, a dica de resposta ela envolve o comportamento de outro indivíduo que ajuda na efetuação da resposta. As dicas de resposta podem ser: Verbal - Dividia em verbal parcial (VP) e verbal total (VT). A VP tem como fundamento dar a resposta inteira, exemplo: Qual o seu nome? Douglas. Já a verbal parcial, significa dar apenas uma parte da resposta, como um tipo de começo: Qual o seu nome? Dou... 23 Gestual - Apontar a resposta correta ou indicá-la olhando na direção da resposta certa. Pode ser pelo movimento, inclinando a cabeça para dar um sinal ou até mesmo executar uma ação. Suponha-seque a criança recebe ajuda para brincar de esconde-esconde, nesse momento poderia ser dado uma dica para a criança procurar atrás da porta indagando-a: O que será que tem pendurando na porta? E fazer movimentos de abre e fecha usando as mãos. Modelação - Essa dica tem por objetivo mostrar a criança como fazer alguma coisa. No momento que você mostra e pede para a criança observar como você lava as mãos, ao pedir para que o aluno toque sua própria cabeça e ao mesmo tempo executa o movimento, logo o comportamento está sendo modelado. Física - Ajuda física para que o aluno consiga completar uma tarefa colocando sua mão sobre a dela para que pegue os brinquedos, segure um giz, empilhe blocos, use garfo ou colher entre outras tarefas. Essa dica é também chamada de condução Mão–sobre Mão que significa pegar esse aluno e conduzi-lo até o local designado. A Iniciativa é outro tipo de dica física, uma espécie de cutucada, podendo ser feita com uma leve pressão sobre o braço, ombro, ou costas, dever começar delicadamente, para que o movimento de tocar um braço indique que está na hora de levantar a mão, ao tocar as costas fazer a criança lembrar de começar a andar, ou até mesmo dar tapinhas para mostrar para ele que chegou a sua vez. Dicas de estímulos - É algo que você faz para tornar o estímulo mais avançado e mais provável de ser escolhido, existem dois tipos: Intra-estímulo e extra estímulo. O primeiro é quando você muda alguma coisa do próprio estímulo para que se destaque e tenha mais chances de ser escolhido. Trocando o tamanho (tornando ele maior que o resto); as formas (podem ser redondas quando o resto é todo quadrado); e a cor (sendo a escolha correta, quando o resto é branco-e-preto). Já o extra estímulo é quando se adiciona ao estímulo coisas para ajudar a criança a responder certo. Exemplo: usar um adesivo de coração sobre o cartão que está a resposta correta. Logo você poderá remover esse adesivo e assim esperar a resposta correta. Dica “não-não” (também conhecida como NNP) - Refere-se a uma técnica em que é feita uma pergunta para a criança e lhe é permitido que dê duas respostas incorretas antes que receba uma dica. 24 Figura 14: Exemplo de dica. Essa dica é o reverso da aprendizagem sem o erro, uma vez que ela segue dicas da mínima para a máxima, ela não deve ser usada para ensinar novas habilidades, pois a criança errará muito mais e a situação se tornará menos reforçada. Reforçamento positivo Lear (2004) explica que o reforçamento positivo consiste em um processo que se acrescenta uma grande consequência de fortalecimentos no comportamento, aumentando a perspectiva desses para que se repita em contextos. Um exemplo: A criança canta uma canção e todos que estão a sua volta aplaudem a partir dessa situação isso terá grandes chances dela repetir novamente esse comportamento; outro exemplo claro é de um bebê quando pronuncia “papa” e todos a sua volta sorriem e aplaudem, consequentemente ele repetira esse balbuciado outras vezes. Sendo assim essas consequências ajudam e reforçam o comportamento, lembrando que por serem agradáveis o indivíduo se comportará assim para conquistar e produzir novas consequências. 25 Metodologia ABA na utilização de reforço positivo, DTT (Tentativas Discretas) Lear (2004) explica que DTT (tentativas discretas) é um procedimento de ensino em que analisa o comportamento que deve ser realizado em um formato estruturado que torna fácil a aprendizagem de novas habilidades. O DTT, ele se dividi em sequências menos simples de aprendizado com passos pequenos ensinados um de cada vez. O aluno deve escolher a resposta certa entre algumas sugestões que é proposta para que ele ganhe um reforço, caso esse aluno não consiga responder devidamente o que se espera, deve-se oferecer algum tipo de ajuda, como exemplo: receber um comando ou um auxilio físico (levando a mão da criança até a resposta correta). O Ensino por Tentativas Discretas (Discrete Trial Teaching – DTT) é uma das metodologias de ensino usadas pela ABA. Tem um formato estruturado, comandado pelo professor, e caracteriza-se por dividir sequências complicadas de aprendizado em passos muito pequenos ou “discretos” (separados) ensinados um de cada vez durante uma série de “tentativas” (trials), junto com o reforçamento positivo (prêmios) e o grau de “ajuda” (prompting) que for necessário para que o objetivo seja alcançado. (LEAR, 2004, p.1) Seguir esse reforçamento positivo valoriza a aprendizagem da criança, mesmo quando o resultado não for o esperado o ideal é apresentar alternativas que não desanimem o aluno. Ensino e Aprendizagem Incidental – Generalização Lear (2004), explica que o método é por meio do ensino um-para-um, sendo uma das formas utilizadas pelo ABA, o aprendizado adquirido é um método generalizado para as várias situações cotidianas. A partir do progresso que a criança apresenta, torna-se capaz de assimilar linguagens, conceitos e habilidades que não são ensinadas em sessões diretamente individuais, sendo assim são chamadas de aprendizagem incidental, onde se tem um equilíbrio nas atividades e variedades de locações tanto de professores e de terapeutas podendo ajudar para que a generalização das habilidades para que se tornem mais fáceis. 26 O Ensino Incidental refere-se "às interações entre um adulto e uma criança que ocorrem naturalmente em situações rotineiras, e que são usadas pelo adulto para transmitir novas informações ou promover a prática no desenvolvimento de novas habilidades de comunicação (HART; RISLEY, 1975, p. 411) Essa prática traz segurança para a criança, pois naturalmente ele consegue desenvolver suas habilidades sem perceber que faz parte de uma atividade planejada pelo professor. 27 SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DA TROCA DE FIGURAS (PECS) O método PECS, foi desenvolvido para auxiliar crianças e adultos com autismo e outros distúrbios de desenvolvimento para que ambos possam adquirir habilidades de comunicação. Esse sistema é utilizado primeiro com indivíduos que não se comunicam ou que possuem comunicação, mas com baixíssima eficiência (MELLO 2007). O PECS visa ajudar a criança a perceber que através da comunicação ela pode conseguir muito mais rapidamente as coisas que deseja, estimulando a assim a comunicar-se, e muito provavelmente a diminuir drasticamente problemas de conduta. Tem sido bem aceito em vários lugares do mundo, pois não demanda materiais complexos ou caros, é relativamente fácil de aprender, pode ser aplicado em qualquer lugar e quando bem aplicado apresenta resultados inquestionáveis na comunicação através de cartões em crianças que não falam, e na organização da linguagem verbal em crianças que falam, mas que precisam organizar está linguagem”. (MELLO 2007, p.39). O PECS consiste em uma aplicação sequencial de seis fases, segundo Bondy com o livro “Considerações da Aplicação do Método PECS em Indivíduos com TEA”: O treino do PECS, inicialmente, ensina o indivíduo a pedir algo que lhe interessa: pode ser um objeto ou até mesmo uma situação (um intervalo, ir ao banheiro, ir para casa etc.). O sujeito aprende a dar uma figura para outra pessoa (representação de um objeto ou de uma situação), que por sua vez lhe entregará o que foi pedido. Indivíduos nessa fase do treino aprendem rapidamente novos comportamentos, pois são imediatamente reforçados pelas consequências de suas respostas (BONDY, 1994, p. 306). A utilização desse método é eficiente desde o início de sua utilização, pois o resultado é notado pela criança ou adulto rapidamente, principalmente nos casos onde a comunicação é inexistente. De acordo com Bondy (1994), a fase I é denominada de Causa e efeito Os alunos aprendem a trocar uma única figura para itens ou atividades que eles realmente querem.28 Figura 15: Como se comunicar. A Fase II, denominada distância, usa-se ainda a primeira figura da fase I, porém os alunos aprendem a generalizar esta nova habilidade e usá-la em lugares diferentes, com pessoas diferentes e usando distâncias variadas. Eles aprendem a ser comunicadores persistentes. (BONDY, 1994). Figura 16: Distância e Persistência. A fase III, denominada de Discriminação de figuras, os alunos aprendem a escolher entre duas ou mais imagens para pedir seus itens favoritos. Estes são colocados em uma pasta de comunicação onde as figuras são armazenadas e facilmente removidas para a comunicação. (BONDY, 1994). 29 Figura 17: Discriminação de Imagem. De acordo com Bondy (1994), a fase IV, intitulada Estrutura de sentença, os alunos aprendem a construir frases simples em uma tira de sentença usando um ícone "Eu quero" seguido por uma figura do item que está sendo solicitado. Figura 18: Estrutura de sentença. Na fase V denominada O que você quer, os alunos aprendem a usar PECS para responder à pergunta: "O que você quer?". Por fim, a fase VI, comentando, permite que os alunos aprendam a comentar em resposta a perguntas como: "O que você vê?", "O que você ouve?" e "O que é isso?". Eles aprendem a compor sentenças começando com "Eu vejo", "Eu ouço", "Eu sinto", "É um", etc. 30 Figura 19: Comentando perguntas e resposta. Para que se atinjam resultados positivos deverá envolver a participação dos pais e profissionais de forma intensiva, a partir das preferências da criança. 31 MÉTODO PADOVAN DE REORGANIZAÇÃO NEUROFUNCIONAL O Sistema Nervoso Central (S.N.C.) é o mediador de todas as funções do nosso corpo. É ele que recebe SENSAÇÕES, através das informações vindas dos receptores nervosos, prepara as respostas MOTORAS, BIOLÓGICAS, EMOCIONAIS, COMPORTAMENTAIS e de ATITUDES que o ser humano mantém consigo mesmo, com o mundo e com seus semelhantes. Através de estudos e pesquisas atuais, sabemos que o S.N.C. é provido de uma grande PLASTICIDADE, o que facilita a aplicação de estímulos que podem recuperar (parcial ou totalmente) lesões e injúrias sofridas durante o desenvolvimento da criança ou mesmo após traumas do tipo AVE. O Método de Reorganização Neurofuncional, idealizado e desenvolvido por Beatriz Padovan, baseia-se em três fontes: A) Rudolf Steiner, filósofo e educador austríaco (1861-1925), que desenvolveu estudos e ensinamentos sobre a natureza do Ser Humano. B) Temple Fay, neurologista e neurocirurgião americano, que fez um estudo amplo e profundo do desenvolvimento ontogenético, com o intuito de aplicar estes conhecimentos na recuperação de casos de traumas e lesões cerebrais, denominando este trabalho de Reorganização Neurológica. C) Beatriz Padovan, pedagoga e fonoaudióloga, que acrescentou aos exercícios propostos por Temple Fay, após estudos e observações clínicas – na década de 70 – o seu Método Mioterápico de Reeducação das Funções Orais, desenvolvido durante os 6 anos em que atuou no Curso de Especialização em Ortodontia, na Faculdade de Odontologia da USP (este método foi publicado pela primeira vez em l976, na Revista Ortodontia, São Paulo, vol. 9, ns. 1 e 2, jan/abr, sob o título de “Reeducação Mioterápica nas Pressões Atípicas de Língua – Diagnóstico e Terapêutica”). Podemos dizer que o “start” foi dado quando Beatriz tomou conhecimento de uma conferência de Steiner, intitulada “Andar, Falar, Pensar”, onde afirmava ele que estas três atividades definiam o ser humano como tal: o ser que anda ereto; que tem 32 uma linguagem codificada e, portanto, pode falar; e que tem a capacidade de aprender, adaptar-se, criar, indicando que tem a competência de pensar. Dizia ainda que estas três atividades se originam do mesmo “processo”, que é contínuo, e que o “processo do andar” leva ao falar e este ao pensar. Sem atinar claramente de que “processo” se tratava, Beatriz aprofundou-se nos estudos de neurologia. Foi quando deparou com o trabalho de Temple Fay que falava sobre a Organização Neurológica, definindo-a como “um processo dinâmico e complexo, mas natural, que leva à maturação do Sistema Nervoso Central, tornando o indivíduo apto a cumprir o seu potencial genético”, ou seja, pronto para adquirir todas as suas capacidades, incluindo a locomoção, a linguagem e o pensamento. Esta Organização Neurológica, que nada mais é do que o próprio Desenvolvimento Ontogenético, consiste nas fases do desenvolvimento natural do Ser Humano (espernear, rolar, rastejar, engatinhar, andar, etc.) que são significativamente importantes na determinação do esquema corporal e na definição da lateralidade (maturação do próprio Sistema Nervoso Central) tornando o indivíduo pronto para dominar e comandar seu próprio corpo no espaço, isto é, poder fazer todos os movimentos, tanto os involuntários como os voluntários. Para Temple Fay, a Reorganização Neurológica consiste na recapitulação daquelas fases do desenvolvimento natural do Ser Humano que, com isto, poderá preencher eventuais falhas da Organização Neurológica original. Beatriz Padovan aplicava os exercícios descritos por Temple Fay e seus pacientes melhoravam bastante, mas começou a observar que pacientes neurológicos que não falavam também tinham muita dificuldade nas funções orofaciais: respiração fragilizada, péssima mastigação, deglutição atípica, e a grande maioria era incapaz de sugar. Não podemos esquecer que a cada 3 minutos, aproximadamente, o indivíduo deglute a saliva. Para isto, antes é preciso juntar a saliva através de uma rápida (e muitas vezes imperceptível) sucção. Se não o fizer, vai babar. Se observarmos os portadores de Paralisia Cerebral, alguns que sofreram AVE, Síndrome de Down e outros, vamos constatar que a sialorreia nestes indivíduos é muito frequente. Beatriz, então, começou a aplicar exercícios das funções orais e o sucesso foi muito significativo. Ela criou, então, o Método Padovan de Reorganização 33 Neurofuncional - reorganização neurológica mais a reorganização das funções orais. Este método, portanto, ficou assim composto: a) exercícios corporais – que compreendem a recapitulação dos movimentos que fazem parte do desenvolvimento ontogenético. Este desenvolvimento recapitula, em certos aspectos, a evolução filogenética. Foram acrescentados também exercícios visuais e de mãos, sempre seguindo a ordem da aquisição destas competências, que obedecem à maturação do S.N.C. b) exercícios orofaciais – são feitos através do aprimoramento e/ou da recuperação das Funções Reflexo-Vegetativas Orais (respiração, sucção, mastigação, deglutição). Estas funções são consideradas pré-linguísticas, pois preparam a neuromusculatura e as estruturas usadas para a produção da fala. A filosofia do método obedece dois pontos importantes: PRIMEIRO – considerar o SER HUMANO como UM TODO - não se trabalha apenas o sintoma, mas trabalha-se para levar o SNC a eliminar aquele sintoma - A musculatura do corpo é toda interligada – basta lembrar das chamadas Cadeias Musculares (um estudo muito atual). Sabemos, por exemplo, que o respirador oral apresenta alterações posturais e pode até ter uma tendência a pés chatos e “hálux valgus”. Há um outro exemplo muito marcante: quando se trata um indivíduo ainda em coma e se inicia com a aplicação dos exercícios corporais (o primeiro é a pedalação, onde se dá um estímulo maior no hálux), em seguida ele começa a movimentar a boca, como se estivesse mastigando ou bocejando. SEGUNDO – este método segue uma linha de acordo com a própria NATUREZA. Os movimentos corporais consistem de movimentos da sequência geneticamente programada do desenvolvimento humano normal. Os exercícios orais são feitos seguindo a mesma filosofia, isto é, treinando as funções por elas próprias, porque seus movimentos sãotambém parte do programa genético humano. 34 Mais um ponto importante: o paciente não precisa estar consciente de sua dificuldade nem precisa colaborar nos exercícios. Se ele conseguir executá-los voluntariamente, é bom; se ele não puder, vai receber passivamente os movimentos genéticos (exercícios) aplicados pelo terapeuta. É preciso que o terapeuta, naturalmente, tenha aprendido as estratégias para conseguir conduzir bem os movimentos genéticos. Desta forma, pode-se trabalhar qualquer tipo de paciente, desde um bebê e até mesmo um portador de AVE, um indivíduo com disfagia, podendo-se começar quando ainda em coma. Quando o processo de Organização Neurológica (desenvolvimento ontogenético) apresenta falta ou falha em seu desenvolvimento, pode-se - através da Reorganização Neurofuncional - impor os movimentos de cada fase (obedecendo sua sequência normal), utilizando-se de exercícios específicos que recapitulam o processo do ANDAR, desde seus movimentos mais primitivos até o indivíduo alcançar a postura ereta, dominando o espaço com ritmo e equilíbrio. Trabalhando a maturação do andar, atingimos consequentemente o FALAR, que também é trabalhado com exercícios para a reeducação das Funções Reflexo- Vegetativas Orais, por serem elas a base para o falar, como já foi dito. Ajudando o indivíduo a melhor expressar seus sentimentos, suas emoções, seus desejos – seu equilíbrio psicoemocional – estaremos trabalhando a possibilidade de PENSAR, abrangendo também áreas específicas da percepção visual e auditiva (atenção, memória, discriminação, análise e síntese), linguagem espontânea (fluência e ritmo) e da leitura e escrita. Este método pode ser utilizado para tratar: a) problemas neurológicos – desde o atraso do desenvolvimento neuropsicomotor até casos graves de AVE; b) distúrbios de aprendizagem – dislexias, disgrafias; c) Transtornos do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) d) síndromes, como a Síndrome de Down e outras, onde o indivíduo apresenta dificuldades neuro sensomotoras e de comunicação; 35 e) problemas degenerativos – dando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo. Finalmente, podemos considerar este método como um agente importante quando se trata de PREVENÇÃO, de TRATAMENTO e mesmo de MANUTENÇÃO do Sistema Nervoso Central. 36 REFERÊNCIAS ARAUJO, Álvaro Cabral; NETO, Francisco Lotufo. A Nova Classificação Americana Para os Transtornos Mentais – o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. São Paulo, 2014. BONDY, Andrew ; FROST, Lori. Picture Exchange Communication System. 1994. BOONE, Daniel; PLANTE, Elena. Comunicação Humana e Seus Distúrbios. Porto Alegre, Artes Médicas, 1994. BOTT, V. A estrutura ternária do ser humano. In: BOTT V. Medicina antroposófica – uma ampliação da arte de curar. São Paulo: Associação Beneficente Tobias; 1982. p. 13-21. BRASIL. MEC: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: Transtornos Globais do Desenvolvimento. Brasília. 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). 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