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PREFEITURA MUNICIPAL DE MATÃO CONCURSO PÚBLICO 04/2023 Esta apostila contém o seguinte conteúdo: CONHECIMENTOS GERAIS DE EDUCAÇÃO (todos os cargos) Documentos e livros BACICH, Lilian. et al. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. CAMARGO, Fausto. DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegra: Penso, 2018. CORTELLA, Mario Sergio, A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos, 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011. DOLZ, Joaquim; GAGNON, Roxane; DECÂNDIO, Fabrício, Produção Escrita e Dificuldades de Aprendizagem. 1.ed. Campinas: Mercado de Letras, 2010. GUENTHER, Zenita Cunha, Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. IMBERNÓN, Francisco, Formação Docente e Profissional: Formar-se para a mudança e a incerteza. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2011. Volume 14. (Coleção Questões da Nossa Época). KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8ª ed. – Campinas, SP: Papirus, 2012. LUCKESI, Cipriano C., Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Preposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011. MACEDO, Lino de Capítulos 1, 2, 3, 4, 5 e 10. In: Ensaios Construtivistas. ed. Casa do Psicólogo, 2010. MORAN, José. BACICH, Lilian. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. SACRISTÁN, J. Gimeno. GÓMEZ, A. I. Pérez. Compreender e transformar o ensino. 4ª Ed. – Artmed, 1998. VASCONCELLOS, Celso dos Santos, Indisciplina e disciplina escolar: Fundamentos para o trabalho docente. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2010. VYGOTSKY, L.S., A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Indagações sobre Currículo: educandos e educadores: seus direitos e o currículo, Brasília: Ministério da Educação, 2007. 52 p., disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag2.pdf BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretrizes curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013- pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag2.pdf http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013-pdf/file Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998. Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito do autor. Obra: PREFEITURA MUNICIPAL DE MATÃO CONCURSO PÚBLICO 04/2023 CONHECIMENTOS GERAIS DE EDUCAÇÃO (todos os cargos) VISÃO GERAL DA LITERATURA Responsável: 16 996071383 *** Resumo das literaturas (documentos e livros) - CONHECIMENTOS GERAIS DE EDUCAÇÃO – Todos os cargos. PREFEITURA MUNICIPAL DE MATÃO CONCURSO PÚBLICO Nº 04/2023 *** BACICH, Lilian. et al. Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015) apresenta-se como um livro feito por professores para professores. A proposta deste livro se assenta na experiência de um grupo de professores que refletiram a partir de experiências práticas de uso integrado das tecnologias digitais visando à personalização do ensino e buscaram apoio na literatura para embasar suas reflexões. A obra está organizada em 10 capítulos que apresentam as concepções que norteiam a proposta de ensino híbrido e que são enriquecidos por exemplos práticos de utilização de modelos híbridos em sala de aula. No prefácio, José Armando Valente introduz o tema indicando que ações eficientes de personalização do ensino e da aprendizagem, integradas ao uso de tecnologias digitais, oferecem ao estudante oportunidade de mover-se, gradativamente, para o papel de protagonista no processo de construção de conhecimento e, afirma, a promoção da autonomia e da responsabilidade do estudante são os aspectos mais importantes do ensino híbrido. No primeiro capítulo, Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje José Moran discute sobre as inúmeras formas de aprender e ensinar em uma sociedade predominantemente heterogênea, que tem, à sua disposição, uma ampla oferta de recursos e, apesar disso, se depara com a dificuldade em conseguir que todos os atores desse processo desenvolvam todo o seu potencial. Moran discute modelos pedagógicos inovadores que enfatizam valores e competências amplas, apontando a importância do projeto pedagógico contemplar as chamadas metodologias ativas na relação que se estabelece com o conhecimento. Após esses textos, que introduzem e embasam a reflexão sobre o tema, Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto e Fernando Mello Trevisavi, organizadores do livro, apresentam, no segundo capítulo, um histórico do processo de experimentação proposto aos professores que participaram do Grupo de Experimentação em Ensino Híbrido, iniciativa do Instituto Península e da Fundação Lemann, em 2014, e que assinam os demais capítulos do livro. Aspectos como o papel do professor, a valorização da autonomia do aluno, a organização do espaço escolar para o uso integrado das tecnologias digitais, a reflexão sobre qual a melhor forma de avaliar nesse processo, o envolvimento da gestão para propiciar uma mudança gradativa na cultura escolar, foram temas abordados durante o processo de formação e que fazem parte dos capítulos que compõem a obra. O foco das propostas elaboradas e apresentadas ao grupo foi possibilitar aos professores suporte para experimentarem novas formas de atuação, refletirem sobre elas e, nesse movimento, verificarem até que ponto essas formas de condução das aulas poderiam impactar nos resultados esperados em relação ao desempenho dos alunos. Os autores deste capítulo, que atuaram na equipe de coordenação do grupo, afirmam que se tratou, portanto, de um processo de pesquisa-ação em que a reflexão decorrente dessa pesquisa é o fio condutor dos textos elaborados pelos professores. Fernanda Schneider, no terceiro capítulo, intitulado Otimização do espaço escolar por meio do modelo de ensino híbrido, discute o protagonismo do estudante nas ações em que está envolvido nos modelos de ensino híbrido e enriquece suas reflexões com o relato de sua experiência com alunos do Ensino Médio, concluindo que a motivação e a maximização do aprendizado são os principais benefícios da personalização que é possibilitada, também, pelos usos das tecnologias digitais nos mais diferentes espaços escolares. Carla F. F. Pires complementa essa exposição com o relato de suas experiências com os alunos da segunda etapa do Ensino Fundamental, enfatizando a importância de movimentar o aluno do papel de mero espectador para o de protagonista e a construção de conhecimentos por meio da autonomia e da valorização das relações interpessoais. O professor no ensino híbrido é o título do capítulo seguinte, elaborado por Leandro H. F. de Lima e Flávia R. de Moura. De acordo com as reflexões dos autores, a ação docente é essencial na organização e no direcionamento da proposta, porém o objetivo é que, gradativamente, ele assuma um papel de articulador e de coaching, à medida que planeja atividades que possam atender às demandas reais da sala de aula, por meio de parceria e apoio mútuo. Afirmam, ainda, que a utilização de todos os recursos para que os alunos realmenteaprendam está no cerne da personalização, compreendendo que os alunos não aprendem todos da mesma forma e que o ensino que desconsidera essa questão tende a estar distante da maioria das estudantes. Os Espaços de aprendizagem são abordados, no quinto capítulo, por Glauco de Souza Santos. As tecnologias digitais podem ampliar esses os espaços, segundo o autor, possibilitando vivências compartilhadas que são enriquecidas quando o espaço é organizado e adaptado com o intuito de atender às necessidades de seus alunos. Algumas sugestões de organização do espaço e depoimentos de sua ação em sala de aula enriquecem o capítulo, complementado pelo depoimento de Maria Alessandra D. Nascimento, que leciona para alunos da primeira etapa do ensino fundamental, e que relata sobre sua experiência com a gestão do espaço em uma escola pública. A avaliação é um ponto nevrálgico a ser discutido na proposta de ensino híbrido, uma vez que é a partir dela que as ações pedagógicas podem ser planejadas. Muito mais do que ocorrer ao final de um processo, é ela que possibilita a identificação do caminho a seguir, como afirma o professor Eric Freitas Rodrigues, no capítulo A avaliação e a tecnologia. Em tempos de tecnologias digitais, as avaliações podem ser repensadas e, de forma mais ágil, fornecer dados para que o professor, a partir dessa análise, organize suas ações, como aponta Aline Soares Silva, em seu depoimento sobre as atividades no modelo de ensino híbrido que realizou com seus alunos do 5º ano, em uma escola particular. No sétimo capítulo, é discutido o tema As tecnologias digitais no ensino híbrido, por Alexsandro Sunaga e Camila Sanches de Carvalho. As tecnologias digitais são apresentadas como um recurso para a personalização do ensino e, entre outras propostas, os autores comentam sobre plataformas adaptativas, indicando que, apesar de fornecerem atividades de acordo com a identificação de acertos e erros dos estudantes ao realizá-las, reforçam que não dispensam uma análise do professor na interpretação dos dados, principalmente ao elaborar um plano de ação que possibilite envolver alunos em diferentes níveis de proficiência em relação a um determinado conteúdo. Verônica Cannatá discute o papel da gestão, no capítulo Quando a inovação na sala de aula passa a ser um projeto de escola, refletindo sobre a importância de um projeto político pedagógico que contempla o uso das tecnologias digitais amparado por uma metodologia adequada, não com fins em si mesmas. A cultura escolar na era digital é o título do nono capítulo, em que Rodrigo Abrantes Silva e Ailton Luiz Camargo abordam as diferenças entre modelos sustentados e disruptivos de implementação de tecnologias digitais nas instituições de ensino e a relevância de uma reflexão conjunta dos atores envolvidos no processo para a ressignificação de uma cultura Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação tecnologias, sociedade e conhecimento escolar arraigada, ainda, em um modelo de educação distante das expectativas dos estudantes e, de maneira geral, da sociedade do século XXI. Os organizadores apresentam, no capítulo denominado Planejando a mudança, a análise de planos de aula elaborados pelos professores do grupo e discutem como cada um desses planos envolve modelos de Ensino Híbrido e sua relação com a personalização do ensino. Assim, são apresentadas possibilidades de integração das tecnologias digitais ao currículo escolar, de forma a alcançar uma série de benefícios no dia a dia da sala de aula, como o maior engajamento dos alunos no aprendizado e o melhor aproveitamento do tempo do professor para momentos de personalização do ensino por meio de intervenções efetivas. *** CAMARGO, Fausto. DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso, 2018. O primeiro capítulo é relevante por demonstrar o contexto atual da educação brasileira em relação ao resto do mundo, apresentar os anseios dos envolvidos e mostrar uma alternativa para modificação do cenário. Apesar da consistente fundamentação teórica para busca de uma alternativa inovadora no processo de aprendizagem, os autores poderiam apresentar resultados mais robustos em relação aos benefícios oriundos da aplicação de sua proposta em outros ambientes mundiais, demonstrando de que forma a aplicação das estratégias pedagógicas melhoraram os resultados dos países que estão melhores posicionados no ranking citado e quais estratégias eles têm utilizado. O segundo capítulo, enfoca os aspectos históricos do início do século XX e desafios atuais, e nele são apresentadas as bases conceituais, relacionando a teoria e prática com problemas do cotidiano. Outra proposta de trabalho tem como base centros de interesses dos estudantes, abordando a transdisciplinariedade, o ensino globalizado, centrado no aluno, valorizando os seus conhecimentos prévios. A proposta de aplicação de metodologias inovadoras visa tornar o sujeito crítico, reflexivo, transformador e humanizado, melhorar a capacidade de resolução de problemas, por meio de uma pedagogia centrada na criatividade, no autodidatismo e no protagonismo do aluno. Neste sentido, é perceptível a presença das características da teoria libertadora, problematizadora e conscientizadora de Paulo Freire, podendo ser citado o princípio teórico da busca pela autonomia do educando, bem como a busca por superar desafios, resolver problemas e a utilização das experiências dos aprendizes para gerar novos conhecimentos capazes de transformar a realidade social em que estão inseridos. Posteriormente, os autores enfatizam a demanda da sociedade por trabalhadores qualificados, sendo necessário aprimorar os projetos educacionais, ressaltando o papel das rápidas inovações tecnológicas, que modificarão a maneira como o conhecimento é desenvolvido, inclusive alterando a função do docente na aprendizagem. Dessa forma, as metodologias ativas são uma alternativa para às demandas da educação e da sociedade. Neste capítulo, os autores estabelecem a fundamentação teórica para propositura das metodologias ativas resgatando autores consolidados, tais como Dewey, Ausubel e Paulo Freire dentre outros, com a pura intenção de aproximar a teoria da prática e colocar o aprendiz como responsável por sua própria formação. Entretanto, acredita-se que seria possível aprofundar-se na perspectiva da exigência da sociedade por um modelo de profissional alternativo, ressaltando o perfil crítico-reflexivo e autônomo que os ambientes de ensino devem modelar. O terceiro capítulo trata de Por que usar metodologias ativas de aprendizagem? e nele são demonstradas as modificações na sociedade em decorrência da tecnologia, sendo necessário modificar a educação e seus métodos de ensino. Outro motivo são os alunos desmotivados, distraídos, com sonolência em relação ao modelo tradicional de ensino. Os autores argumentam que a utilização das metodologias ativas permite ao aluno atuar com autonomia e protagonismo, aprendendo e desenvolvendo, de modo colaborativo e interdisciplinar, competências e habilidades. Esses dois atributos são fundamentais para que ocorra o desenvolvimento efetivo de competências para a vida profissional e pessoal, possibilitando uma visão transdisciplinar do conhecimento, colocando o aluno como sujeito da aprendizagem. Já, sob a perspectiva do docente, há o desenvolvimento de uma nova postura, que passará agir como facilitador e mediador da geração de conhecimento. Este capítulo, apesar de curto, retrata as motivações para utilizar as metodologias ativas com base em pesquisas científicas, por meiode distintas metodologias. Apesar de apresentarem resultados consistentes, os autores optaram por priorizar argumentação sobre um grupo específico de alunos pesquisados, pouco explorando os motivos para utilização das metodologias ativas com outros públicos e outros ambientes. Adicionalmente, poderia ter sido ampliado as vantagens para os aspectos sociais, profissionais e acadêmicos da utilização das metodologias ativas na formação dos indivíduos. A segunda parte do livro trata das estratégias pedagógicas para o aprendizado ativo, onde se destacam 43 estratégias, seguidas das competências e estratégias didáticas para elaboração de cada estratégia, ainda a exposição de modelos de papéis de trabalho, recomendações aos docentes, bem como o leiaute da sala de aula para realização da estratégia. As estratégias elencadas pela obra iniciam com “atividade de contrato de aprendizagem” (estratégia um), cujo objetivo é chamar atenção do aluno para sua responsabilidade no processo de aprendizagem e de desenvolvimento das competências para exercício profissional, tendo sido muito utilizada para gerar responsabilidade, conscientização e empatia no aluno. A utilização dessa estratégia é capaz de desenvolver a capacidade de cooperação e socialização, bem como promove a autonomia do aprendiz, aspectos cada vez mais exigidos pelo mercado de trabalho. A segunda estratégia “análise de todos os fatores ou ideias” deve considerar os fatores na tomada de decisão e no planejamento do tema da aula. Ela gera impacto na formação profissional, na medida em que possibilita o gerenciamento e a troca de informações, potencializa o trabalho em equipe, gera reflexão com foco em solucionar problemas e auxilia a tomada de decisão. Já a estratégia três, trata da “*...+ aplicabilidade de um conceito por representação visual com envolvimento de estudo de caso”, que deve desenvolver a prática de algo existente no plano de ideias. Nesse contexto, agrega para formação do aprendiz no sentido de aplicabilidade da teoria no campo profissional, coloca o indivíduo em contato com um problema real do mercado articulado com a teoria, ampliando sua capacidade de expressão. A estratégia quatro trata de “aplicativos na educação”, utilizados, de maneira criativa, crítica e amplamente, como recurso pedagógico na educação por suas diversas possibilidades de utilização. São capazes de gerar habilidades e conhecimentos úteis para aplicação prática no mercado de trabalho, além de potencialmente ampliar a capacidade de concentração e participação do aprendiz. A quinta estratégia constitui-se da percepção individual, análise, comparação, debate em dupla, por fim, ampliação de conceitos, esclarecimentos de dúvidas e síntese em grupo sobre determinado assunto, nomeada por aprendizagem em espiral. Caracterizam-se por ampliar a capacidade de análise, síntese, sistematização de conhecimentos, comparação, associação de ideias, melhora a comunicação e a capacidade de ouvir o outro. Árvore de problemas é a sexta estratégia abordada pelos autores e visa à análise de problemas, por meio de identificação das causas e consequências relativas a um problema. Contribui para formação, melhorando a forma de trabalhar em equipe, a capacidade de análise, amplia a reflexão e a tomada de decisão dos futuros profissionais. Já a sétima estratégia é o brainstorm com post-its, que deve ser utilizado quando se desconhece o problema e, em razão disso, se busca mais informações sobre o tema, na tentativa de gerar ideias espontaneamente, sem julgamentos ou críticas. Essa estratégia estimula a criatividade, favorece a troca de informações, associação e o desenvolvimento de ideias, facilita o trabalho em equipe, leva à reflexão e melhora a tomada de decisão. O brainwriting (oitava) consiste em realizar o debate e a discussão de ideias sobre determinado tema ou problema, promovendo o protagonismo individual e coletivo do aluno, estimulando-o a sugerir soluções ao grupo. Incentiva as habilidades ressaltadas no mercado de trabalho como troca de informações, desenvolvimento de ideias, facilidade em trabalho em equipe e possibilita tomar melhores decisões. Construindo um muro é a nona estratégia e ela permite que os alunos considerem quais pontos são mais relevantes no desenvolvimento de uma questão ou na resolução de um problema, devendo priorizar ideias e informações, bem como discutir e justificar suas escolhas. Ajuda no desenvolvimento de ideias e a consequente tomada de decisão e incentiva o trabalho em equipe. A décima estratégia é a construção de situações-problema que devem ser situações que se caracterizem como um problema para os alunos com início, meio e fim bem definidos. Essa estratégia possui a capacidade de colocar o aluno como protagonista na resolução de problemas, desenvolvendo análise crítica. A décima primeira estratégia trata da “construção de um estudo de caso” que visa apresentar um problema a ser solucionado, não possuindo solução pré- definida. Muito útil para preparar o candidato para resolução de problemas, tomar decisões, melhorar argumentação e quando aplicado em grupo facilita a capacidade de trabalhar em equipe. Já a décima segunda estratégia “corrida intelectual gamificada” trata-se de um jogo em grupo, de caráter competitivo. Essa estratégia garante o engajamento e a motivação dos estudantes, podendo elevar a capacidade de trabalhar em equipe e comunicação. O “Debate dois, quatro e todos”, é a décima terceira estratégia, possibilita a reflexão sobre o conteúdo, debate e compartilhamento de ideias. Contribui para formação da capacidade de argumentar dos aprendizes, amplia o modo de pensar e agir, com a inclusão de uma percepção crítica, além de favorecer o trabalho em equipe. A décima quarta estratégia é o “debate inteligente”, em que os estudantes devem preparar os argumentos, de maneira lógica e racional, para defesa dos seus posicionamentos. Por meio dela é possível construir argumentos racionais com base em pesquisas científicas, agregar diferentes formas de pensar qualificado, contribuindo para formação profissional e para o meio social, pois será possível ampliar a capacidade de tomar decisões fundamentadas. A décima quinta estratégia “desing thinking de curta duração” é criativa e prática, com foco no trabalho colaborativo, parte do entendimento das necessidades dos outros, por meio da geração rápida de ideias, para criação de soluções inovadoras. Organizações e profissionais no mundo dos negócios têm utilizado esta estratégia como forma resolver problemas. Ela contribui para melhoria da comunicação, possibilita desenvolver ideias, amplia a capacidade de trabalhar em equipe e promove espírito de liderança, colocando os aprendizes para solucionar problemas em contextos determinados. Já a décima sexta estratégia trata do “diagrama dos cinco porquês” e se inicia com o estabelecimento do problema e pergunta como o problema ocorreu e diante das causas cada uma delas é novamente questionada. Muito útil para desenvolver o trabalho em equipe, criar ambiente para novas ideias, um momento de reflexão e análise para tomada de decisão, são as competências que se esperam despertar nos aprendizes. Posteriormente, apresenta-se a décima sétima estratégia “diferentes perspectivas de um texto”, que proporciona aos alunos ampliação de sua visão pessoal, complementando-a com olhar dos outros colegas sobre o mesmo texto. Por meio dessa estratégia, é possível compreender um texto sob vários pontos de vista diferentes, estabelecer um posicionamento pessoal quanto ao assunto estudado, realizar análise crítica, ampliar a capacidade de síntese e, principalmente,o fortalecimento do trabalho em equipe por meio da cooperação. A décima oitava estratégia é a “disputa argumentativa com flashcards” que inclui a realização de debate argumentativo, em formato de auditório, em que a plateia decide pela solução do problema ou pelo produto. Muito útil para melhoria da argumentação, como também para resolução de problemas, melhoria da tomada de decisão e a capacidade de trabalhar em equipe. Já o “ensino híbrido” (décima nona) é o programa de educação formal em que o aluno aprende, pelo menos em parte, on- line. Tal metodologia tem sido bastante utilizada pelo avanço da tecnologia, pelo baixo custo, e também pela elevada capacidade de alcance de pessoas e pela comodidade nos horários, que, por vezes, são flexíveis. Sua utilização foi intensificada no período da pandemia (COVID-19), por instituições de ensino privadas e públicas, bem como por organizações empresariais. Seu potencial consiste em fazer com que ocorram aulas, troca de informações e experiências, promovendo debates que acabam transformando-se em aprendizagem significativa, ao mesmo tempo em que preparam os alunos para um ambiente corporativo interligado com a evolução tecnológica. O “estudo de caso” (vigésima) possibilita confrontar realidades que possibilitam desafios e permite a proposta de soluções ou a expressão de argumentos fundamentados. Os estudos de caso concedem autonomia ao aluno para analisar de maneira mais eficiente e eficaz os problemas, proporcionando capacidade de resolvê-los, possibilita a vivência com problemas profissionais do mundo corporativo, além de propiciar uma visão sistêmica e integradora da temática e desenvolver argumentação crítica do aprendiz. A vigésima primeira “geek”, que exige que os alunos resolvam cada questão juntos, utilizada como avaliação diagnóstica ou atribuição de notas, é uma alternativa para trabalhar com assuntos que necessitam de resoluções de muitos exercícios. Contribui para o processo de formação do educando, na medida em que possibilita a troca de informações, desenvolvimento de novas ideias, cria um clima para reflexão em busca de resultado, favorece ao alcance da melhor tomada de decisão e, prioritariamente, a colaboração entre os participantes. O “giro colaborativo” (vigésima segunda), coleta ideias, possibilita o compartilhamento de opiniões. Aqui são enfatizadas as competências do trabalho em equipe, bem como gera espaço para reflexão na busca de alcançar a melhor alternativa para tomada de decisão. O “intercâmbio com o autor” (vigésima terceira) estabelece diálogo entre o autor e o leitor, os aprendizes são desafiados a discutir com o autor, reunindo pensamentos e ideias acerca do texto. Obriga o aprendiz a melhorar sua capacidade de síntese, por meio de leitura compreensiva do conteúdo levando-o a reflexão e a consequente determinação de um posicionamento em relação ao texto. O “jogo de cartas”, vigésima quarta estratégia, permite aos alunos aprenderem acerca de um assunto por meio de um conjunto de cartas com questões sobre esse assunto. Relevantes contribuições dessa estratégia são canalizadas para a área de gerenciamento e troca de informações, priorizam o trabalho em equipe, além de possibilitar a reflexão e a tomada de decisão. Já o “jogo pedagógico verdadeiro, falso ou discussão” (vigésima quinta) promovem situações de ensino-aprendizagem desenvolvendo ação ativa e motivadora. Coloca o aprendiz para desenvolver a empatia, a compreensão e a relacionar-se com outros colegas, criando um ambiente de cooperação, além de possibilitar a análise do cenário para utilizar as melhores informações disponíveis para tomada de decisão. A vigésima sexta consiste em “mapeamento de causas” e contribui para pensar as causas diretas e indiretas de um evento sobre um problema. Essa estratégia possui potencial para ser utilizada nas organizações empresariais, por poder ser aplicada na busca de solução de problemas de qualquer espécie, gerando benefícios para o gerenciamento de informações, que, por sua vez, fortalecem o trabalho em equipe, criam novos pensamentos, além de capacitarem os aprendizes para tomada de decisão. A “matriz de problemas” (vigésima sétima) possibilita classificar problemas conforme os critérios: importantes e urgentes, urgentes, mas não importantes, importantes, mas não urgentes e sem importância e sem urgência. Trata-se de outra possibilidade que pode ser útil não somente no ambiente acadêmico, mas também no empresarial e governamental para construção de políticas públicas mais eficazes e eficientes voltadas para atender às necessidades da sociedade. São habilidades trabalhadas nessa atividade: análise de cenários, síntese de conteúdos, a comunicação, resolução de problemas e, prioritariamente, o trabalho em equipe. Os “mapas mentais” (vigésima oitava) são úteis para memorizar conteúdos e permitir revisões rápidas e resumidas dos conteúdos. O aprendiz é forçado a ampliar sua capacidade de sintetizar, organizar e associar os pensamentos, tornando-se um profissional mais objetivo, sem perder a qualidade. Já o “mural de fatos e notícias” (vigésima nona) proporciona o debate e a discussão de assuntos e uma visão maior a respeito do tema. Também pode ser aplicado em outros ambientes, além do educacional, como forma de debater um assunto relevante. Essa estratégia testa a capacidade de análise e comparação do aluno, amplia sua capacidade de comunicação e argumentação que são, talvez, os principais legados dessa atividade, além de trocar informações, associar e desenvolver ideias. A “paleta de cores com uso de artigo científico” (trigésima estratégia) ensina a ver, auxiliando na iniciação da produção científica, onde o aluno identifica com uma cor a parte do artigo trabalhada. Pode ser trabalhada no intuito de facilitar habilidade com a escrita formal e científica, assim como a associação de ideias, sendo muito útil para formação do aluno. Já em “passa ou repassa acadêmico” (trigésima primeira) é formado um quiz com perguntas e respostas sobre conhecimentos de determinado assunto. É uma opção interessante para desenvolver o trabalho em equipe, a comunicação e a tomada de decisão, mas, sem dúvidas, o foco consiste no desenvolvimento de reflexão sobre o conteúdo e a formação de novos pensamentos. A “peer instruction com uso de flashcards ou aplicativos tipo clickers” (trigésima segunda) se desenvolve por meio da aplicação de testes conceituais que promovem o debate e a exposição de ideias. Trabalha a habilidade do cooperativismo na construção do conhecimento com foco em resolver problema, logo desenvolve a competência de ler compreensivamente, domínio de múltiplas formas de linguagens e trabalho em equipe, por ser uma atividade flexível pode ser adaptada aos distintos ambientes e públicos que está trabalhando. A trigésima terceira estratégia é a “pirâmide de prioridades” que permite que os alunos considerem quais pontos são mais relevantes na construção de uma questão ou na resolução de um problema. É mais um exemplo de atividade que pode ser adaptada para o ambiente empresarial e público na busca de resolver problema. Dentre as habilidades desenvolvidas em seus envolvidos, destaca-se a ampliação da capacidade de trabalhar em equipe e desenvolvimento de novos pensamentos, espaço para reflexão sobre os conteúdos e melhoria da tomada de decisão. O “planejamento de escrita científica por meio de diagrama” (trigésima quarta) tem como objetivo auxiliar os acadêmicos no processo de organização e de desencadeamento das ideias. Torna-se relevante por contribuir para melhorar a habilidade de organizar e planejar a escrita do educando. A estratégiatrigésima quinta estratégia é “problemas do cotidiano” que desperta o envolvimento, interesse e a criatividade, criando uma situação desafiadora e reflexiva remetendo ao domínio de informações do conteúdo. Essa atividade pode ser adaptada para outros contextos, como o corporativo, e pode ser potencial gerador de vantagem competitiva se bem utilizado. Remete à autonomia do aprendiz no sentido de criar situações desafiadoras e reflexivas, ampliando a habilidade de domínio e organização de informações, a capacidade de argumentação, eleva a inteligência para resolver problemas e aplicabilidade de conceitos teóricos no campo profissional. O “quadro sinóptico” (trigésima sexta) é um resumo esquematizado das principais ideias, texto ou documento, organiza um conteúdo. Por meio dele pode ampliar a capacidade de síntese, organização de pensamentos e memorização do conteúdo, exige do aprendiz ampliação da capacidade de reflexão, ao mesmo tempo em que possibilita liberdade de pensar para o mesmo, tornando o aprendizado mais significativo. A trigésima sétima estratégia é “quebra – cabeça” em que cada aluno ou grupo fica responsável pela explicação de parte do conteúdo, cumprindo tarefas específicas para dominar os conceitos de sua parte do conhecimento e ensina o que aprende para os demais colegas. Por meio dessa estratégia, o aprendiz pode aprimorar habilidade de leitura compreensiva e sua capacidade de resolver problemas, logo o exercício de ensino possui característica problematizador, também é possível perceber o potencial desenvolvimento reflexivo do aluno sobre o conteúdo. Já o “recordatório” (trigésima oitava) permite que os alunos pensem, reflitam e registrem seu nível de conhecimento, bem como a progressão após o estudo. Essa estratégia possui como base o conhecimento prévio dos alunos, característico das teorias de Ausubel e Paulo Freire, além de propiciar o trabalho em equipe, o gerenciamento de informações e o autodiagnóstico e autoconhecimento típicos das exigências do mercado e alinhados com as teorias de aprendizagem citadas. No “relógio didático”, o professor determina um tempo para responder cada questão e ao término de cada, apresenta uma nova. Coloca o aprendiz em situação problematizadora ampliando sua capacidade de resolver problema, a capacidade analítica e torna o aluno apto a trabalhar de modo colaborativo. A “narração de história (storytelling)” (trigésima nona) consiste em contar uma história criando personagens para, em seguida, enquadrá-los em determinadas situações, buscando as causas e resoluções, proporcionando um ambiente criativo e colaborativo. Neste caso, a habilidade de argumentação, a criatividade, a cooperação e empatia se destacam, sendo reflexo direto no comportamento do aprendiz tornando o aprendizado cada vez mais significativo. A “team-based learning” (quadragésima estratégia) é realizado em preparação (pré-classe), garantia de preparo (na classe) e aplicação de conceitos (na classe), por meio do gerenciamento de equipe, realização de tarefas, aplicação de conceitos e avaliação. Baseado no estudo prévio e na autonomia dos aprendizes possui característica das teorias de Ausubel e Paulo Freire, além de ampliar a capacidade de tomada de decisões, resolver problemas, melhorar argumentação e ampliar o senso crítico, contribui significativamente para torná-lo apto para o trabalho em equipe. A “timeline” (quadragésima primeira) ou linha do tempo estimula a percepção da sucessão e da duração dos acontecimentos. Muito utilizada para estimular a criatividade, argumentação, aptidão para sintetizar e cooperar, sua principal característica consiste na interpretação da realidade baseada em fatos passados, que possibilitam transformações sociais, políticas e culturais. Aqui novamente percebe-se a presença dos alicerces básicos das teorias da aprendizagem citadas anteriormente. Por fim “zonas de relevância” (quadragésima segunda) permitem que os alunos considerem pontos mais e menos importantes em relação a um assunto. As habilidades aprimoradas são o trabalho em equipe, o desenvolvimento de pensamentos, ampliação da reflexão e melhoria na tomada de decisão. A segunda parte do livro é a principal e ocupa em torno de 90% do conteúdo, resta evidenciado que aborda diversas possibilidades de aplicação de metodologias ativas, também é consenso sua facilidade de aplicação, e que a didática escolhida para apresentação induz aos docentes sua utilização. Os possíveis atributos que são ressaltados pela aplicabilidade das metodologias ativas encontram-se alinhados com os anseios da academia, das organizações privadas e públicas e principalmente com os desejos da sociedade. *** CORTELLA, Mario Sergio, A Escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos, 14. ed. São Paulo: Cortez, 2011. Trabalho pleno de humanismo, rompe com antigas falácias da academia, entre elas a neutralidade e o racionalismo, geralmente defendidos como se ambos fossem possíveis. Desconstruindo discursos, principalmente jargões e repetições automatizadas - que com força ideológica engendram ações, atribuem valores, assim determinando a realidade - vai revelando as fragilidades e, consequentemente, os espaços para transformação do que muitas vezes nos parece inabalável. Localiza a educação, e sua eterna "crise", em um panorama amplo, marcado principalmente pela injustiça social resultante de um eficaz projeto de dominação, elaborado e executado por uma minoria gerando, em contraposição, uma massa de excluídos. Adverte para a repetição, no microuniverso da escola, dos equívocos cometidos ao sermos levados pelo drama que nos envolve: perdemos o verdadeiro sentido de nosso trabalho e desprezamos nossa capacidade de transformar a situação que nos oprime. Na introdução, aponta a urbanização acelerada, que marca a história recente do Brasil, como um dos fatores determinantes dos descalabros observáveis em nosso sistema educacional. Associado à urbanização (e também por ela responsável), o modelo econômico desenvolvimentista, que privilegiou a alocação de recursos para criação de infraestrutura indispensável à industrialização do país, contribuiu para a falência do sistema público de ensino. Por outro lado, lembra que esse modelo também teve seu aspecto positivo, pois contribuiu para a ampliação do acesso de um grande número de pessoas à escolarização. Diante desse cenário, apresenta a análise do papel do conhecimento na conservação ou transformação da dinâmica social como objetivo central do livro. No capítulo 1, retomando a premissa de que não há conhecimento sem o ser humano, faz um interessante "passeio" pela história buscando a definição do que é ser humano. Durante o "passeio", vai coletando e relacionando elementos (para a reflexão posterior) fundamentais, a saber: as origens e a evolução biológica das espécies; a cultura que produzimos e que nos produz; a ação transformadora do homem sobre a natureza através do trabalho; o conhecimento e os valores como construção coletiva e balizadores da existência humana; e, finalmente, a não neutralidade dos processos educativos. No capítulo 2, é a história da civilização grega - mais especificamente da sua produção de conhecimento - que possibilita a reflexão sobre a construção da ideia de verdade como "descoberta" e sobre a origem da escola dissociada da prática produtiva, pois é fruto do ócio (tempo livre) e riqueza da aristocracia. Sendo assim, a vivência e os conhecimentos adquiridos na escola/ócio possibilitavam o domínio da arte de falar e argumentar bem, e esse era um fator decisivo nas assembleias e nos debates políticos, definindo, portanto, comquem ficava o poder. Finalmente, situa sua concepção de conhecimento. Opondo-se à ideia de verdade, como algo a ser "descoberto" pelo sujeito sobre o objeto, ela é concebida como uma dimensão fundamental do conhecimento, mas com caráter social - constrói-se a partir da relação entre o sujeito e o objeto, na vivência do coletivo - e histórico. No capítulo 3, ao tratar da mitificação da ciência e dos cientistas - como mundo e seres fantásticos, respectivamente - na atualidade, lembra o quanto os professores contribuem para tanto quando deixam de situar as reais condições de produção do conhecimento. Essa mitificação atinge vários campos do conhecimento, desde a matemática e a física, até a história e a geografia. Ela interfere na compreensão de conceitos e fatos, mas mais ainda determina um distanciamento entre o aprendiz e o conhecimento, respaldado pelo senso comum de que ciência é coisa para "gênios". Mas o que fazer com anos de mitificação? E com as histórias de descobertas "fantásticas" que nos foram contadas e que, por considerá-las interessantes, recontamos aos nossos pupilos? O professor Cortella sugere: revalorizar o prazer e desvelar a luta pelo poder que envolve o conhecimento. No capítulo 4, mostra um panorama com as concepções sobre a relação entre a escola e a sociedade. Chama atenção para três delas que alteram doses de otimismo, pessimismo, ingenuidade e criticidade. Destaca o que denomina otimismo crítico, como a concepção que considera "a natureza contraditória das instituições sociais" (pág. 135). Nela, apesar de estar contida uma dimensão conservadora, há também o espaço para inovação. Para que seja possível criar, é necessário revermos nossa maneira de avaliar, nossas concepções prévias sobre a criança, nossos métodos e tantas outras questões que se apresentam cristalizadas. Só assim é possível vislumbrar o fim do vício do círculo vicioso, aquela atitude pouco edificante de atribuir nosso fracasso a tudo que está em volta e que vem antes de nossa ação. Três ideias são particularmente caras e instigadoras de reflexões fundamentais para a contemporaneidade. A primeira retoma a importância das mídias na construção do imaginário social (p. 144): a propaganda promove nosso consumo de mercadorias, ou ela mesma nos consome? Onde fica a subjetividade em meio ao duelo e império das marcas que nos invadem pelos ouvidos e olhos, em casa ou fora dela, com ou sem consentimento? A segunda e a terceira, distanciadas no texto (p. 126 e 156), mas profundamente próximas, tratam da substituição do embate homem versus mundo, pelo embate homem versus homem e da tão "gasta" e questionada liberdade. No último século, apesar do trauma de duas grandes guerras (e, consequentemente, o repúdio a el as), assistiu-se à proliferação de vários conflitos incompatíveis com qualquer ideia de civilidade. Religião, etnia e economia foram alguns dos motivos anunciados para o que mais impressionava: o embate homem versus homem, resultante de sua ainda incapacidade de encontrar soluções pacíficas e diplomáticas. Difícil julgar quem tem razão, afinal são tantos e variados argumentos de ambas as partes... Entretanto, é possível constatar que aceitar, respeitar e conviver com as diferenças continua sendo um grande desafio. Ao tratar da liberdade e de nossa capacidade singular de dizer não, apresenta uma ideia preciosa: "Ser humano é ser justo" (p. 156). A partir dela, constrói um olhar radical sobre questões como violência, injustiça e miséria. Ou se universaliza a determinação de pôr um fim a essas mazelas - independente de religião, etnia ou valor do PIB, ou seja, descartando-se qualquer arbitrariedade - ou como acreditar que exista humanidade? Sendo assim, pensar, como sugere o autor, talvez ajude a encontrar soluções para os impasses que afetam desde pequenos grupos até nações e a redefinir o papel da escola, uma vez que ela continua sendo o espaço legítimo de formação do cidadão. Com um domínio de conteúdo e de linguagem próprio de quem vive plenamente os sabores e dissabores da educação, o professor Cortella realizou um pequeno livro, mas um grande trabalho. *** DOLZ, Joaquim; GAGNON, Roxane; DECÂNDIO, Fabrício, Produção Escrita e Dificuldades de Aprendizagem. 1.ed. Campinas: Mercado de Letras, 2010. Esta obra se configura como uma introdução à Didática da Escrita, destinada à formação inicial e contínua de professores de línguas. Trata-se de uma adaptação do livro "Production ecrite et difficultés d'apprentissage" (J. Dolz, R. Gagnon e S. Toulou, 2008) para o ensino da Língua Portuguesa, voltada, em particular, para o contexto brasileiro. O objetivo é atender a um amplo público de professores de Português do Ensino Fundamental e estudantes universitários que iniciam seus estudos em Didática das Línguas. Entretanto, este livro não deve ser considerado uma simples tradução de sua contraparte em francês, pois procura considerar, na medida do possível, as particularidades da Língua Portuguesa, os fenômenos próprios de sua textualização e as questões referentes ao sistema ortográfico português. Além disso, esforça-se para integrar, às análises realizadas, textos produzidos por alunos brasileiros provenientes de escolas de Londrina, referenciando-os conforme disponibilizado por Elvira Lopes Nascimento, a quem expressa agradecimento de modo especial. O livro, explicitamente orientado para a análise de produções escritas, propõe uma metodologia que permite deduzir as capacidades e dificuldades dos alunos, autores dos textos. Demonstra como partir de suas capacidades e erros para organizar o ensino, destacando os principais obstáculos a serem ultrapassados em função dos diferentes componentes dos textos trabalhados. Dessa forma, procura adaptar o ensino aos aprendizes da escrita da melhor maneira possível. O desafio desta obra consiste em apresentar, de maneira simples, um procedimento que é, por definição, complexo e que se aplica aos diferentes níveis da escolaridade obrigatória. Com esse propósito e para orientar o leitor, limita as referências teóricas e bibliográficas àquelas que parecem indispensáveis e mais representativas do campo da pesquisa. Considerar a diversidade textual e a escolha do gênero textual como unidade de trabalho para ensinar a produção escrita é o fio condutor deste livro. Como ilustração, alguns gêneros narrativos e argumentativos foram objeto de análises mais detalhadas nos dois últimos capítulos, focalizando procedimentos de análise das capacidades e dificuldades dos alunos e o desenvolvimento de pistas didáticas para as atividades concretas de ensino. Vale ressaltar que tanto o trabalho de definição e caracterização de outros gêneros textuais quanto de atividades escolares para ensiná-los exigiria um livro mais completo do que este. Acredita-se que a pesquisa de formas de intervenção eficazes contra o iletrismo, baixo letramento ou analfabetismo funcional é uma prioridade para um país como o Brasil. O livro é particularmente adequado para acompanhar as atividades sobre as sequências didáticas do Programa Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, conforme vem sendo realizada no Brasil. Uma das razões principais de sua adaptação para o português é justamente o desejo de modestamente poder contribuir para o desenvolvimento desse projeto, buscando, sobretudo, adequar o trabalho com a escrita aos alunos com dificuldades de aprendizagem. *** GUENTHER, Zenita Cunha, Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. A Educação Especial, como uma modalidade de educação escolar que perpassa todas as etapas e níveis deensino, está definida nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica que regulamenta a garantia do direito de acesso e permanência dos alunos com necessidade educacionais especiais e orienta para a inclusão em classes comuns do sistema regular de ensino. Considerando a importância da formação de professores e a necessidade de organização de sistemas educacionais inclusivos, para a concretização dos direitos dos alunos com necessidade educacionais especiais, a Secretaria de Educação Especial do MEC tem a satisfação de entregar-lhe a coleção “Saberes e Práticas da Inclusão”, que aborda as seguintes temáticas: Caderno do Coordenador e do Formador de Grupo. Recomendações para a construção de escolas inclusivas. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência física/neuromotora. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação. Desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. Avaliação para identificação das necessidades educacionais especiais. *** IMBERNÓN, Francisco, Formação Docente e Profissional: Formar-se para a mudança e a incerteza. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2011. Volume 14. (Coleção Questões da Nossa Época). A obra, organizada em 14 capítulos, além da parte introdutória e conclusão, direciona a leitura para a análise da formação inicial e permanente de professores. O autor destaca a importância de uma formação docente e profissional que compreenda as mudanças e incertezas no ambiente escolar. Na parte introdutória, o autor ressalta as mudanças ocorridas do século XX para o XXI, como o acelerado avanço do conhecimento científico, inovações nos meios de comunicação e tecnologia, e alterações nas formas de pensar, sentir e agir. Ele alerta para a necessidade de mudanças nos campos educacionais, propondo uma alteração na concepção do papel do docente, que não deve ser apenas um transmissor de conhecimentos, mas compreender o ambiente escolar como uma manifestação de vida em toda sua complexidade. No primeiro capítulo, "A Necessária Redefinição da Docência como Profissão", o autor argumenta que o papel do docente precisa passar por uma redefinição, com o professor assumindo novas competências profissionais nos eixos do conhecimento pedagógico, científico e cultural. Isso implica na combinação de diferentes estratégias de formação e uma nova concepção do papel do professor, capaz de oferecer espaços de participação, reflexão e formação para os alunos, promovendo relações mais estreitas entre a educação e os aspectos éticos, coletivos e comunicativos. No segundo capítulo, "Inovação Educativa e Profissão Docente", o autor argumenta que a inovação educativa está relacionada com a pesquisa educativa na prática. Ele propõe uma transformação educativa e social, destacando a necessidade de a formação permitir que o professor intervenha no processo de inovação e mudança, realizando criações e adaptações de acordo com seu contexto educativo. Quanto ao terceiro capítulo, "O Debate sobre a Profissionalização Docente", o autor adota o conceito de profissão elaborado por Pereyra, o modelo da profissão como processo. Ele inclui nessa categoria a profissão docente, afirmando que o docente, nesse processo, influenciará na emancipação das pessoas, tornando-as menos dependentes do poder econômico, político e social, sendo esse o objetivo da educação. No capítulo quatro, "O Conhecimento Profissional do Docente", o autor discute os conhecimentos que um professor deve ter e a definição de suas funções profissionais. Ele aborda que o docente possui um conhecimento pedagógico específico, que deve ser polivalente, não absoluto, e construir-se gradativamente, do conhecimento comum ao conhecimento específico. O autor destaca que quando esse conhecimento pedagógico especializado se une à ação, estamos lidando com um conhecimento prático. No capítulo cinco, "A Profissão Docente Diante dos Desafios da Chamada Sociedade Globalizada, do Conhecimento ou da Informação", o autor enfatiza que o processo de formação deve dotar os professores de conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos e investigadores. Essa formação profissional deve estar centrada na tomada de decisões para processar, sistematizar e comunicar a informação. No capítulo seis, "A Formação como Elemento Essencial, mas não Único, do Desenvolvimento Profissional do Professor", o autor comenta que mesmo os dilemas e dúvidas enfrentados durante o processo formativo apresentam-se como aspectos do desenvolvimento profissional. Ele destaca que a formação do professor vai além dos aspectos pedagógicos e está vinculada a fatores não formativos, possibilitando que os professores atuem como agentes sociais, capazes de intervir nos sistemas que constituem a estrutura social e profissional, provocando melhorias. No capítulo sete, "A Formação Permanente do Professor", o autor destaca a necessidade de cinco eixos de atuação na formação permanente do docente: reflexão sobre a própria prática, troca de experiências com os pares, articulação da formação a um projeto de trabalho, união das práticas profissionais às práticas sociais, e inserção coletiva na instituição educativa. No capítulo oito, "A Formação Inicial para a Profissão Docente", o autor comenta que a formação inicial dos professores fornece embasamentos para a construção do conhecimento pedagógico especializado. Deve proporcionar ao professor um conjunto de conhecimentos e experiências nas áreas científica, cultural, contextual, psicopedagógico e pessoal, contribuindo para que o professor sinta-se preparado para enfrentar a complexidade do sistema educativo. No capítulo nove, "A Formação Permanente do Professor Experiente", o autor trabalha a ideia de que o conhecimento profissional se transforma em um conhecimento experimentado por meio da prática em um contexto específico. Assim, a formação permanente, para Imbernón, deve oferecer processos relativos às metodologias de participação, observação, estratégias, comunicação, tomada de decisões, entre outros, possibilitando ao docente criar processos de intervenção autônomos. No capítulo dez, "O Modelo Indagativo ou de Pesquisa como Ferramenta de Formação do Professor", o autor comenta que o professor deve questionar sua própria prática de ensino e buscar respostas a esses questionamentos. Esse é um caminho para que ele desenvolva novas formas de compreensão e possa ajudá-lo a desvendar e resolver problemas ligados ao processo de ensino- aprendizagem, contribuindo para modificar seu conhecimento, seu pensamento e instigá-lo a trabalhar mais com a tomada de decisões. No capítulo onze, "A Formação a Partir da Escola como uma Alternativa de Formação Permanente do Professor", o autor diz que a formação centrada na escola deve levar em consideração as estratégias utilizadas pelos formadores e professores, de modo a responder às necessidades da instituição educativa e interferir na qualidade do ensino em sala de aula, em particular, e na qualidade da escola, de modo geral. No capítulo doze, "O Formador ou a Formadora do Profissional de Educação como Assessor de Formação Permanente", Imbernón comenta que o papel do assessor em uma escola de professores não se limita ao ramo da assessoria pedagógica. Implica também na execução de trabalhos de gestãoe administração da formação. Para o autor, um assessor de formação deveria intervir nas instituições educativas com o objetivo de auxiliar na resolução das situações problemáticas e promover a inserção dos professores em um processo de reflexão na ação. No capítulo treze, "Formação do Professor e Qualidade de Ensino", o autor afirma que a qualidade no campo educacional está relacionada a diversos fatores, tais como conteúdo, atividades, materiais e métodos, dinâmica do processo de ensinar, entre outros. Esses fatores, que interferem na qualidade do ambiente escolar, são vistos a partir de uma perspectiva pedagógica e dizem respeito à qualidade ao que se aprendeu e à forma como se aprendeu, à qualidade dos alunos. No capítulo quatorze, "Algumas Dificuldades Atuais, ou o Risco de Estagnação Profissional, e Algumas Ideias para Possíveis Alternativas", o autor comenta que existem obstáculos enfrentados pela formação dos docentes, como a falta de debate sobre a formação inicial, a escassez de assessores e a formação em contexto individualista. Na visão do autor, os processos de formação devem analisar os obstáculos e elaborar medidas de recuperação e estímulo à qualificação, buscando uma redefinição da profissão, de suas funções e da formação. Na conclusão, o autor sugere que o conhecimento que o professor possui não deve ser desvinculado da relação existente entre teoria e prática, nem da função profissional do docente como analista de problemas éticos, sociais e políticos da educação, nem do seu contexto específico. Conclui que a formação docente deve aproximar-se da prática educativa, pois as situações problemáticas que surgem obrigam o professor a construir o sentido de cada situação de forma única. Isso permite educar com toda a carga de compromisso científico, político, ético e moral, intervindo nos diversos quadros educativos e sociais em que se produz a docência. *** KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8ª ed. – Campinas, SP: Papirus, 2012. Em seu livro, Vani Moreira Kenski aborda a relação entre educação e tecnologias utilizando uma linguagem acessível para que, além dos estudantes e profissionais da educação, outros leitores de diferentes áreas, interessados pelo tema, possam compreender conceitos e questões relacionados à educação e às tecnologias. A autora trata o tema educação e tecnologias de forma abrangente, buscando elucidar, historicamente, os sucessivos avanços tecnológicos ao longo dos tempos, destacando seus reflexos na educação. O livro é composto de seis capítulos e, ao final, apresenta algumas questões relativas a cada capítulo, além de um glossário de nomenclaturas específicas utilizadas na obra. No primeiro capítulo, Kenski busca situar as relações existentes entre os avanços tecnológicos e as alterações de seus usos nas sociedades em diferentes épocas, pautando-se no conhecimento, no poder e nas tecnologias. Inicia sua abordagem enfatizando que, desde tempos antigos, o homem já utilizava as tecnologias de sua época, garantindo um processo crescente de inovação através de materiais mais potentes, o que possibilitou, para povos mais desenvolvidos tecnologicamente, o domínio e o acúmulo de riquezas. Ao relacionar presente e passado, Kenski salienta que a relação de ampliar domínios e acumular riquezas não mudou e pode ser retratada através das grandes potências mundiais como, por exemplo, dos países e corporações multinacionais que se preocupam em manter e ampliar poderes políticos e econômicos, investindo grande parte de seu orçamento em pesquisas de inovações para garantir sua hegemonia. Há, também, uma relação entre educação, poder e tecnologia feita na indicação de que o meio cultural familiar de uma pessoa determina seu comportamento de forma similar ao modo com a escola exerce seu poder em relação aos conhecimentos e ao uso das tecnologias. Nesse contexto, a escola representa o espaço de formação de todas as pessoas, possibilitando o domínio de conhecimentos necessários para uma melhor qualidade de vida das pessoas. Com a evolução das tecnologias, as qualificações profissionais são alteradas, bem como a forma com que as pessoas vivem, informam-se e comunicam-se. Por fim, Kenski conceitua tecnologia de duas formas distintas: por meio da relação existente com técnicas e equipamentos; e por meio das novas tecnologias, levando em conta o conceito de inovação. No capítulo 2, intitulado "Tecnologias também servem para informar e comunicar", a autora discorre sobre as TICs para a produção e propagação de informações e, ainda, sobre as novas tecnologias de informação e comunicação, as NTICs, conceituando-as por meio da linguagem oral, da linguagem escrita e da linguagem digital. Assumindo o fato de que as TICs provocaram mudanças radicais ao convergir para uma nova tecnologia, a digital, Kenski apresenta as redes, citando a internet como sendo o “espaço possível de integração e articulação de todas as pessoas conectadas com tudo que existe no espaço digital, o ciberespaço” (KENSKI, 2012, p.34). Relata que o avanço das tecnologias digitais define poderes baseados na velocidade de acesso às informações disponíveis nas redes. Além disso, apresenta exemplos concretos de inovações tecnológicas destacando as mudanças que ocorrem socialmente, nas relações econômicas, políticas, financeiras, educacionais e culturais, resultantes do uso intensivo das tecnologias digitais. No capítulo 3, intitulado "Tecnologias também servem para fazer educação", a autora procura estabelecer a relação entre educação e tecnologias, focando a socialização da inovação, ressaltando que “a presença de uma determinada tecnologia pode induzir profundas mudanças na maneira de organizar o ensino” (KENSKI, 2012, p. 44). Como exemplo, associa mídias e educação, uma vez que as tecnologias como a televisão e o computador provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado, isto é, a imagem, o som e o movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. Acrescenta ainda que, mais importante do que as tecnologias e os procedimentos pedagógicos mais modernos, é a capacidade de adequação do processo educacional aos objetivos que levam as pessoas ao desafio de aprender. Nessa direção, traz exemplos de novas formas de aprender apoiando-se nas redes digitais, cuja dinâmica e capacidade de estruturação colocam os participantes de um determinado momento educacional em conexão, aprendendo e discutindo coletivamente de forma igualitária. No que tange os espaços coletivos do uso educacional, Kenski enfatiza a necessidade de manutenção e segurança por parte das instituições de ensino, a fim de se evitar um colapso em suas atividades online. Para tanto, faz algumas considerações sobre experiências em que o uso das mídias digitais permite a jovens autodidatas da nova geração digital facilidades de acesso às informações disponíveis nas redes para pesquisar e aprender o que lhes interessa. Além disso, faz críticas quanto ao uso inadequado da tecnologia no âmbito educacional, utilizando exemplos de projetos de ensino pouco eficazes, de profissionais despreparados para o uso pedagógico das tecnologias, de projetos de educação a distância oferecida via broadcasting e de cursos à distância em bases digitais que não levam em conta as especificidades educacionais e comunicativas, não atendendo às necessidades de aprendizagem dos alunos. No capítulo 4, "A educação serve para fazer mais do que usuários e desenvolvedores de tecnologias", explora a “contradição existente na educação escolar que formacientistas, pesquisadores e desenvolvedores de tecnologias, mas que também forma usuários e os que se colocam contra o seu bom uso na educação” (KENSKI, 2012, p.9). Segundo a autora, a escola é a instituição social de maior importância, pois em todos os momentos de mudanças sociais fornece a escolaridade mínima que permite a uma pessoa o letramento necessário para mantê-la atualizada e informada quanto à utilização das informações disponíveis. Faz uma reflexão sobre a função da escola na sociedade atual que, segundo ela, consiste em garantir aos alunos-cidadãos a formação e aquisição de novas habilidades, atitudes e valores na chamada Sociedade da Informação. Cita, como exemplo, o Livro Verde, documento em que são apresentadas as bases para a discussão de um novo projeto social em todas as áreas do conhecimento, afirmando que, em relação à educação, deve-se “considerar um leque de aspectos relativos às tecnologias de informação e comunicação. A começar pelos papéis que elas desempenham na construção de uma sociedade que tenha a inclusão e a justiça social como uma das prioridades” (TAKAHASHI, 2001, p. 45 apud KENSKI, 2012, p.65). Apresenta exemplos de projetos e propostas de ensino, mediadas pelas TICs e realizadas em sistemas públicos de ensino, evidenciando o quão criativo e dinâmico pode ser o processo educacional em redes, e analisa o centro do processo educativo nesse contexto, indagando se é o conhecimento, o aluno ou são as tecnologias. Outro ponto interessante presente nesse capítulo é a apresentação de como se deu a trajetória da educação, desde o final do século XX até os dias atuais, focando as diferenças entre a educação a distância e a educação presencial, principalmente na forma em como ambas foram e são ofertadas. No que concerne à educação a distância, a autora faz uma associação da possibilidade de deslocalização espaço temporal possível pelas novas tecnologias digitais, sobretudo, a internet. Para compreender a educação a distância, caracterizada pelas mídias digitais, isto é, utilizando e-mails, fóruns, chats, tele e videoconferência, por exemplo, apoia-se em Jacquinot (1993), que analisa a questão da distância em educação a partir de cinco aspectos diferentes: o geográfico, o temporal, o tecnológico, o psicossocial e o socioeconômico. Por fim, esclarece dúvidas sobre as diferentes terminologias utilizadas para a realização de projetos educacionais por meio das tecnologias digitais, por exemplo, educação online, educação a distância e e-learning, além de apresentar certas características da educação a distância. No capítulo 5, intitulado "Das salas de aula aos ambientes virtuais de aprendizagem", a autora fala em como as TICs são utilizadas em atividades de ensino, destacando o uso do computador e da internet ao citar os cursos de autoaprendizagem. Nesses cursos, o computador desempenha o papel de professor eletrônico através de programas tutoriais que funcionam como livros. Cita, ainda, cursos oferecidos em CBT (computer-based training) e WBT (web- based training), que treinam os alunos com base na resolução repetitiva de exercícios. Para Kenski, essa forma de utilização das TICs baseia-se em uma visão tradicionalista de ensino, na qual o aluno e o contexto em que ocorre a educação não são levados em conta. Para discutir o grau de interação em atividades educativas, a autora apoia-se em Moore (2004), que apresenta o conceito de distância transacional com o qual tematiza a distância física e comunicativa que toma lugar em sala de aula. Moore considera que a aprendizagem será mais significativa quanto maior for o grau de interação e comunicação entre os participantes do processo. O exemplo disso, visando obter o máximo de aproximação nas atividades realizadas à distância, por exemplo, Kenski cita Romero Tori (2002): “Enquanto vemos muitos cursos tradicionais sustentando-se única e exclusivamente na proximidade natural de suas aulas presenciais, a educação mediada pelas tecnologias não para de evoluir e de criar condições para a efetiva redução de distâncias. Esse avanço tecnológico pode ser utilizado não apenas em cursos a distância, mas em cursos presenciais” (TORI, 2002 apud KENSKI, 2012, p.89). Nesse contexto, Kenski discute possibilidades que podem ser utilizadas tanto no ensino presencial como no ensino a distância, concluindo que o uso intensivo de tais possibilidades fortalece a interação comunicativa e a relação entre ensino e aprendizagem. Comenta sobre as mudanças de percepção sobre as TICs no ambiente escolar, usando como exemplo a inserção do computador quando isso ocorria de forma isolada, considerando-o como mais um equipamento similar à televisão, ao retroprojetor e a outros recursos utilizados nas atividades pedagógicas nas escolas. Com o passar do tempo, após o aparecimento de programas e softwares, os professores e alunos foram treinados de modo a, no contexto de atuação dos professores e de interesse dos alunos, planejarem projetos para a inserção dessas tecnologias nas atividades de ensino. Além disso, os CDs, DVDs, programas interativos, enciclopédias, imagens e sons tornaram o computador um recurso para auxiliar nas pesquisas e trabalhos diferenciados, surgindo novas demandas, inclusive a realização de projetos interdisciplinares. Entretanto, para a autora, o grande salto entre educação e tecnologias acontece em um terceiro momento, com as possibilidades de comunicação entre os computadores e o surgimento da internet, quando se possibilitou o acesso à informação em qualquer lugar do mundo, ou seja, o ensino mediado pelas tecnologias digitais redimensiona os papéis de todos os envolvidos no processo educacional. No contexto atual, Kenski afirma que a sala de aula é redesenhada pela evolução tecnológica em um novo ambiente virtual de aprendizagem. Nesse viés, menciona os ambientes virtuais de aprendizagem, apoiando-se em Derrick Kerckhove (1999), que caracteriza os ambientes virtuais de aprendizagem como o “modelo idealizado de processo de aprendizagem cooperativo, característico da sociedade digital” (KERCKHOVE, 1999 apud KENSKI, 2012, p.95). *** LUCKESI, Cipriano C., Avaliação da Aprendizagem Escolar: Estudos e Preposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011. CAPITULO I Avaliação da Aprendizagem Escolar: Apontamentos sobre a pedagogia do exame No capítulo podemos observar a maneira que os professores avaliam seus alunos. A maioria dos professores em geral acredita que a prova é a melhor forma de avaliar os alunos, muitos a utilizam como instrumento de ameaça aos alunos, dizendo-lhes: - "Quero ver na prática o que vocês aprenderam.". Muitos professores elaboram provas com o intuito de provar aos alunos que eles não sabem e não para ajudá-los em sua aprendizagem. Esta é a pedagogia do exame que possui como característica principal a centralização nas provas e não ajuda na aprendizagem dos alunos. CAPITULO II Avaliação Educacional Escolar: para além do autoritarismo Hoje a prática de avaliação é de um entendimento teórico e conservador, temos de necessariamente situá-la em outro contexto pedagógico, ou seja, temos que colocar a avaliação a uma pedagogia que esteja preocupada com a educação social. A avaliação da aprendizagem escolar no Brasil hoje, é identificada como um modelo social liberal. Este modelo liberal conservador, produziu três pedagogias diferentes, a pedagogia tradicional, renovadora ou escola nova e a tecnicista, mas relacionadas entre si e com um mesmo objetivo de conservar a sociedade na sua configuração. A definição mais comum da avaliação é um julgamento de valor sobre as manifestações relevantes da realidade,tendo em vista uma tomada de decisões: “Apresentação de trabalho em 5 minutos”, com a função classificatória a avaliação constitui-se num instrumento estático e do processo de crescimento. Desta forma o professor traduz um modelo pedagógico, que reproduz a distribuição social das pessoas; os que são considerados “bons”, “médios” e “inferiores”, no início de um processo de aprendizagem, permanecerão nas mesmas posições no seu final. Outro uso autoritário da avaliação escolar é a sua transformação em mecanismo disciplinar de condutas sociais: “Mas não pensam poxa! Ta na hora de acordar!”. Para que a avaliação, assuma o seu papel de instrumento dialético de diagnóstico para o crescimento, terá que se situar e estar a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a transformação social não com sua conservação. O resgate do significado diagnóstico da avaliação, como encaminhamento para a ultrapassagem do autoritarismo, não significa menos rigor na prática da avaliação. Ela terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos, para a participação democrática da vida social. CAPÍTULO III Do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de virtude “Eu ensinei, mas parece que vocês não aprenderam!” Carregada de acusação, culpa e preconceito esta frase continua fazendo parte da prática docente e, infelizmente, é um dos fatores que impedem a escola e a sala de aula de serem um lugar agradável. O professor que coloca o insucesso do aprendizado dessa maneira fica claro que ele não está preocupado em encontrar outros caminhos para um aprendizado efetivo, mas sim expor publicamente o aluno que não aprendeu. Desta forma, castiga-se o aluno, culpado por não ter aprendido, e evita-se que o fato se repita. A culpa, uma herança de nossa cultura “ocidental-cristã” e de sua concepção filosófico-religiosa, que ainda hoje carregamos: tudo que é errado é pecado e merece ser castigado. No entanto, uma medida acertada seria o professor encarar o insucesso do aluno como um indicador de que algo no processo de ensino- aprendizagem saiu insatisfatoriamente, de que o aluno não foi “alcançado” pelo professor. Projetar a responsabilidade do não aprendizado sobre o aluno é eximir o professor de toda a culpa. O processo de ensino-aprendizagem e todas as partes envolvidas devem ser avaliadas pelo professor continuamente. Verificar a constituição do erro e sua origem abre caminho para superá-lo, com benefícios significativos para o crescimento. Mais do que ver negativamente o insucesso do aprendizado, deve-se vê-lo, positivamente, como um trampolim em busca de um caminho melhor. Nesse caso, significaria o professor descobrir outras maneiras de “atingir” o aluno que não aprendeu. Insucesso e erro não devem estar atrelados à culpa e castigo, mas sim serem vistos como ações que ainda não foram aprendidas e que necessitam da oportunidade de reorientação, dando ao aluno chance de crescer. Outro fator de destaque diz respeito à questão do erro, da culpa e do castigo na prática escolar estar bastante ligados à questão da avaliação. O que vemos hoje é a avaliação escolar sendo feita de uma forma distorcida. Ao invés de qualificar o real aprendizado do aluno, a avaliação serve de suporte para encontrar culpados e aplicar castigos. O que fica de real importância quando se avalia a questão do erro e do insucesso na aprendizagem escolar é que, de forma alguma, eles devam ser considerados fontes necessárias de crescimento, mas, uma vez ocorridos, deve-se tentar tirar deles os maiores benefícios. Reconhecendo a origem do erro podemos fazer uma revisão e avançar. O erro jamais deveria ser fonte de castigo, mas sim de crescimento de ambas as partes. O professor por cumprir seu papel de ofício e o aluno aprendendo sem culpa. CAPITULO IV Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino? O indivíduo para estar realmente inserido no contexto social precisa fazer uso do conhecimento, o qual a escola é um instrumento necessário para tal. O desafio da democratização é o acesso universal ao ensino e a permanência deste acesso, ou seja, o aluno que teve acesso à escola deve permanecer nela até a conclusão de seus estudos. Devido a grande desigualdade social evidente em nosso país, o acesso à educação e ainda mais, a sua permanecia, é bastante precário. Isto se deve ao fato de que ainda acredita-se que quanto mais uma sociedade for desprovida de conhecimentos, mais fácil é o seu domínio. Outro fator que interfere no processo de democratização do ensino é a questão da qualidade de ensino, cujo objetivo está voltado para uma escolarização que propicia o saber e desenvolve as aptidões necessárias como também, a criticidade do ser humano. Uma escola democrática não deve apenas transmitir o conhecimento, mas construir um conhecimento de qualidade junto aos alunos. A avaliação tem o poder de inviabilizar a democratização do ensino quanto é conduzida de maneira inadequada: texto mal elaborado, leitura inadequada, contexto podem possibilitar a repetência e esta, traz como conseqüência à evasão escolar. A avaliação do aprendizado existe para garantir a qualidade da aprendizagem do aluno e não sua exclusão. Um sistema de avaliação classificatório, o qual apenas contribui para assegurar a estagnação do aluno, em termos de apropriação dos conhecimentos e habilidades mínimos necessários, temos um processo antidemocrático. Para o melhor entendimento de um sistema avaliatório, faz-se necessário discutir sobre o conceito de avaliação, o qual é definido como um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. Para que o professor saiba qual o caminho a ser percorrido e o que deve ser mudado neste percurso é necessário que se faça uma avaliação dos dados, para que se saiba o que fazer com o aluno quanto a sua aprendizagem. Quando o professor não dispõe de um planejamento adequado, não sabendo assim, onde ele está e aonde quer chegar, dificilmente ele conseguirá desenvolver um processo avaliatório de qualidade. Um dos caminhos para a democratização do ensino é modificar o sistema de avaliação, deixando este de ser classificatório para ser diagnóstico, onde a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão da aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que se possa avançar no seu processo de aprendizagem. Assim, a avaliação diagnóstica não é apenas um instrumento para a aprovação ou reprovação dos alunos, mas um instrumento de diagnostico de sua situação atual, tendo em vista o direcionamento de sua aprendizagem. Através desta perspectiva de avaliação é que podemos fornecer subsídios para a democratização do ensino em nosso país. CAPÍTULO V Verificação ou Avaliação: o que pratica a escola? A escola opera com verificação e não com avaliação, isso significa que na prática há aferição do aproveitamento escolar, em que os professores realizam basicamente três procedimentos sucessivos: medida do aproveitamento escolar; transformação da medida em nota e utilização dos resultados identificados. A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula um projeto pedagógico junto com seu conseqüente projeto de ensino. O texto expõe os elementos do movimento real na prática escolar. O padrão de medida é usado no tocante ao acerto de questões, notas e conceitos que expressam a qualidade da aprendizagem. Com o resultado em mãos os professores podem simplesmente anotar a nota do aluno em seu diário, oferecer outra oportunidade