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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CURSO DE DIREITO ALUNA: Geyse do Espírito Santo Rezende Resenha - O amálgama entre racismo de classe e de raça: a criação do burguês, do trabalhador e do marginal. pág 188 a 207. O pensador Pierre Bourdieu, sociólogo francês, foi um grande contribuinte para que entendamos como o racismo está enraizado de forma naturalizada em nossa sociedade, desde o começo das sociedades, onde começaram a existir as dominações sociais. Ele tem uma visão sobre o racismo de classe como uma ferramenta importantíssima para compreender a dinâmica social de toda e qualquer sociedade moderna. Faz também uma reflexão sobre a relação do corpo com o espírito, para ajudar nessa compreensão. Ainda na dimensão do espírito, o pensador destaca a influência do espírito sobre a estética, na qual é vista uma imensa opressão quando se fala sobre bom ou mau gosto. Ao refletir sobre isso, lembro-me de quantas vezes já me privei de determinados ambientes e companhia por não me sentir aceita esteticamente. O filme Extraordinário, lançado em 2017, retrata bem esse racismo velado dentro da sociedade, inclusive dentro do ambiente escolar e isso exprime o que encontramos diariamente em nossa sociedade: a transmissão do racismo entre gerações. Esse conjunto de pré-disposições de coisas que fazemos ao longo da vida, ações costumeiras que são encaradas como manias ou costumes, são conceituadas pelo autor como Habitus. A família é o principal transmissor desses hábitos, onde as crianças, por mera convivência, aprendem e dão continuidade a estes. Cada classe social transmite seus padrões e assim continuam gerando novos membros com as mesmas percepções. Desta forma, é possível observar também que determinados habitus já foram forjados em nós desde o berço e estes são reconhecidos após o indivíduo começar a desenvolver suas interações dentro da sociedade. Seguindo esse mesmo modo de entendimento, podemos extrapolar o modo de visão e fazer um comparativo simples, onde vemos que filhos de médicos procuram seguir o mesmo caminho da medicina, enquanto filhos de garis, por exemplo, buscam mudar de vida por meio de um ensino superior ou até mesmo concurso público, apesar de nem sempre terem apoio familiar; o que vemos também é que as famílias que buscam apenas a sobrevivência, acabam deixando os estudos em segundo plano, como algo não prioritário, e esses hábitos precários podem prejudicar o futuro. Partindo dessa discussão, basicamente encontramos a formação de 3 tipos de habitus específicos socialmente construídos: o habitus estético das classes do privilégio, o habitus disciplinar das classes trabalhadoras e o habitus precário das classes marginalizadas; e assim são perpetuados mecanismos de preconceito, desigualdade e racismo. O racismo é mais uma vez tratado como uma forma opressora de dominação social, num mundo socialmente desigual, injusto e desumano, onde esse oprimido é reduzido a nada, onde lhe é tirado o direito de crescer, de viver, de pensar. E isso me faz lembrar de uma foto que teve grande repercussão dentro das redes sociais, a qual está retratando 3 homens negros em posições sociais diferentes, seguida da seguinte frase: “a cor da pele não define o seu futuro. Suas escolhas sim.” Nesta foto está retratada um policial, um advogado e um acusado, ambos negros. E, ao olhar essa foto com comentários reafirmando e dando motivos para que aquela imagem alcançasse muito mais pessoas. Mas será que esses três rapazes tiveram as mesmas escolhas? Vieram do mesmo meio social? Ou será que é um retrato da opressão do racismo? Essa é uma importante reflexão, para que possamos pensar e entender como se dão essas relações sociais e principalmente para que não permitamos que a opressão cultural e social se sobreponha; não podemos permitir que o pertencimento de classes oprima aqueles que não tiveram as mesmas condições que os demais. image1.jpg UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CURSO DE DIREITO ALUNA: Geyse do Espírito Santo Rezende Resenha - O amálgama entre racismo de classe e de raça: a criação do burguês, do trabalhador e do marginal . pág 188 a 207. O pensador Pierre Bourdieu, sociólogo fra ncês, foi um grande contribuinte para que entendamos como o racismo está enraizado de forma naturalizada em nossa sociedade, desde o começo das sociedades, onde começaram a existir as dominações sociais. Ele tem uma visão sobre o racismo de classe como uma ferramenta importantíssima para compreender a dinâmica social de toda e qualquer sociedade moderna. Faz também uma reflexão sobr e a relação do corpo com o espír ito, p ara ajudar nessa compreensão. Ainda na dimensão do espírito, o pensador destaca a influência do espírito sobre a estética, na qual é vista uma imensa opressão quando se fala sobre bom ou mau gosto. Ao refletir sobre isso, lembro - me de quantas vezes já me privei de determinados ambientes e companhia por não me sentir aceita esteticamente. O filme Extraordinário, lançado em 2017, retrata bem esse racismo velado dentro da socied ade, inclusi ve dentro do ambiente escolar e isso exprime o que encontramos diariamente em nossa sociedade : a transmissão do racismo entre gerações. Esse conjunto de pré - disposições de coisas que fazemos ao longo da vida, ações costumeir as que são encaradas como manias ou costumes, sã o conceituadas pelo autor como Ha bitus. A família é o principal transmissor desses hábitos, onde as crianças, por mera convivência, aprendem e dão continuidade a estes. Ca da classe social transm ite seus padrões e assim continuam gerando novos membros com as mesmas percepções. Desta forma, é possível observar também que determinados habitus já foram forjados em nós desde o berço e estes são reconhecidos após o indivíduo começar a desenvolver suas interações dentro da sociedade. Seguindo esse mesmo modo de entendimento, podemos extrapolar o modo de visão e fazer um comparativo simpl es, onde vemos que filhos de médicos procuram seguir o mesmo caminho da medicina, enquanto filhos de garis, por exemplo, buscam mudar de vida por meio de um ensino superior ou até mesmo concurso UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CURSO DE DIREITO ALUNA: Geyse do Espírito Santo Rezende Resenha - O amálgama entre racismo de classe e de raça: a criação do burguês, do trabalhador e do marginal. pág 188 a 207. O pensador Pierre Bourdieu, sociólogo francês, foi um grande contribuinte para que entendamos como o racismo está enraizado de forma naturalizada em nossa sociedade, desde o começo das sociedades, onde começaram a existir as dominações sociais. Ele tem uma visão sobre o racismo de classe como uma ferramenta importantíssima para compreender a dinâmica social de toda e qualquer sociedade moderna. Faz também uma reflexão sobre a relação do corpo com o espírito, para ajudar nessa compreensão. Ainda na dimensão do espírito, o pensador destaca a influência do espírito sobre a estética, na qual é vista uma imensa opressão quando se fala sobre bom ou mau gosto. Ao refletir sobre isso, lembro-me de quantas vezes já me privei de determinados ambientes e companhia por não me sentir aceita esteticamente. O filme Extraordinário, lançado em 2017, retrata bem esse racismo velado dentro da sociedade, inclusive dentro do ambiente escolar e isso exprime o que encontramos diariamente em nossa sociedade: a transmissão do racismo entre gerações. Esse conjunto de pré-disposições de coisas que fazemos ao longo da vida, ações costumeiras que são encaradas como manias ou costumes, são conceituadas pelo autor como Habitus. A família é o principal transmissor desses hábitos, onde as crianças, por mera convivência, aprendem e dão continuidade a estes. Cada classe social transmite seus padrões e assim continuam gerando novosmembros com as mesmas percepções. Desta forma, é possível observar também que determinados habitus já foram forjados em nós desde o berço e estes são reconhecidos após o indivíduo começar a desenvolver suas interações dentro da sociedade. Seguindo esse mesmo modo de entendimento, podemos extrapolar o modo de visão e fazer um comparativo simples, onde vemos que filhos de médicos procuram seguir o mesmo caminho da medicina, enquanto filhos de garis, por exemplo, buscam mudar de vida por meio de um ensino superior ou até mesmo concurso