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Psicopedagogia: Aprendizagem e Atuação

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PSICOLOGIA DA 
APRENDIZAGEM
Unidade 2
Psicopedagogia
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
RAQUEL ELISABETH DUMASZAK
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Raquel Elisabeth Dumaszak
Olá. Sou formada em Psicologia, nas modalidades 
bacharelado e licenciatura, e, desde então, atuo com Psicologia, 
Educação e Aprendizagem. Tenho interesse por assuntos que 
envolvem neurociências, comportamento e cognição, temáticas 
que segui na pós-graduação. Fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes 
e espero contribuir bastante com seu aprendizado teórico e 
profissional!
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Origem da Psicopedagogia ....................................................... 9
Introdução ............................................................................................................. 9
Breve histórico da Psicopedagogia .................................................................. 9
A Psicopedagogia brasileira ............................................................................12
A Psicopedagogia ..............................................................................................16
Concepções teóricas da Psicopedagogia ............................... 18
Notas introdutórias ...........................................................................................18
Behaviorismo ......................................................................................................18
Humanismo .........................................................................................................19
Associacionismo .................................................................................................21
Construtivismo ...................................................................................................22
A Psicanálise .......................................................................................................24
Psicopedagogia na prática ..................................................... 28
Introdução ...........................................................................................................28
Avaliação e diagnóstico psicopedagógico .................................................... 30
A avaliação psicopedagógica ...........................................................32
O diagnóstico psicopedagógico ...................................................... 35
Atuação do psicopedagogo no mercado .............................. 42
Notas introdutórias ...........................................................................................42
O psicopedagogo institucional: atuando na escola ................................... 44
Intervenção psicopedagógica na instituição ................................. 48
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Nesta unidade, aprenderemos sobre a história da 
Psicopedagogia e seus precursores e teóricos, conheceremos 
as práticas e os instrumentos que são utilizados nos 
atendimentos psicopedagógicos (institucional e clínico) e 
veremos as diversas formas que o psicopedagogo pode se 
inserir no mercado de trabalho. A Psicopedagogia é um campo 
de conhecimento transdisciplinar, que interage com inúmeras 
áreas e conhecimentos científicos, como Filosofia, Sociologia 
e Neurologia. As principais áreas que contribuíram, e ainda 
contribuem, diretamente para a Psicopedagogia são a Educação 
e a Psicologia. A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem 
do ser humano em seus diferentes aspectos. A aprendizagem 
é um processo complexo, influenciado por diversas variáveis, 
por exemplo, a família, o meio em que o sujeito está inserido, 
e aspectos físicos e biológicos. Desta forma, a Psicopedagogia 
analisa e interfere no processo de aprendizagem, a fim de 
entender como ele funciona, quais são os seus obstáculos e o 
que fazer para superá-los. Podemos destacar dois enfoques 
de atuação psicopedagógica: o terapêutico e o preventivo. 
No enfoque preventivo, a Psicopedagogia age no sentido de 
antecipar possíveis obstáculos para a aprendizagem, fazendo 
com que o processo flua melhor. No terapêutico, a dificuldade 
de aprendizagem já está aparente, ou seja, os problemas já estão 
acontecendo. A Psicopedagogia, então, age no sentido de auxiliar 
o indivíduo a pensar em uma solução para tal dificuldade. A 
Psicopedagogia, por ser uma área transdisciplinar, insere-se em 
diferentes tipos de atuação. Pode estar presente na escola, em 
hospitais, empresas, ONGs e clínicas de atendimento à saúde de 
modo geral. Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar 
neste universo de conhecimento. Então, preparado? Vamos lá!
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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Entender a origem da Psicopedagogia, identificando 
seus principais marcos históricos.
2. Definir os conceitos segundo as concepções teóricas da 
Psicopedagogia.
3. Aplicar as técnicas de avaliação e diagnóstico 
psicopedagógicos.
4. Discernir sobre a atuação do psicopedagogo no 
mercado.
E, então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
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Origem da Psicopedagogia
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz 
de entender a origem da Psicopedagogia, 
identificando seus principais marcos históricos. 
Além de compreender a relevância deste saber, 
o cenário atual deste setor e a atuação de seus 
profissionais no mercado de trabalho. E, então? 
Motivado para desenvolver esta competência? 
Vamos lá. Avante!
Introdução
A Psicopedagogia surgiu da necessidade de se entender 
mais os problemas de aprendizagem e tem se tornado uma área 
de conhecimento específico, que tem se difundido principalmente 
entre os profissionais da Educação e da Psicologia que 
buscam sistematizar os conhecimentos não somente sobre as 
dificuldades de aprendizagem, mas também – e principalmente 
– acerca da importância e das nuances do processo de ensino 
e aprendizagem. Desse modo, a Psicopedagogia é um campo 
de conhecimento multidisciplinar, que atua em duas frentes: a 
preventiva e a “curativa”.
Breve histórico da Psicopedagogia
Em meados do século XIX, surgiram na Europa os 
primeiros estudos sobre a criança que não aprendia. Janine Mery, 
psicopedagoga francesa, aponta este século como aquele em que 
teve início o interesse por compreender e atender portadores de 
deficiências sensoriais, debilidade mental e outros problemas 
que poderiam comprometer a aprendizagem. 
Jean Itard, médico francês (1774-1838), estudou sobre a 
percepção e o retardo mental. A partir daí, foram surgindo outros 
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pesquisadores e estudiosos, como o educador suíço Johann H. 
Pestalozzi (1746-1827), o educador francês Jacob R. Pereira e o 
médico e educador francês Édouard Seguin (1812-1880). Esses 
educadores foram pioneiros no tratamento das dificuldades de 
aprendizagem. Contudo, eles se preocupavam com as deficiências 
sensoriais e debilidades mentais.
Figura 1 - Johann Heinrich Pestalozzi 
Fonte: Wikimedia Commons
Na Europa do séc. XX, tínhamos o avanço do capitalismo, 
avanços científicos e uma expansão nas concepções teóricas que 
buscavam justificar as desigualdades sociais, e, aqui, os primeiros 
problemas de aprendizagem foram verificados.
Neste contexto, surge na França, além da psicopedagoga 
Janine Mery, George Mauco (1899-1988), que foram pioneiros 
em utilizar o termo Psicopedagogia paracaracterizar uma ação 
terapêutica. Mauco foi o fundador, juntamente com J. Boutonier, 
do primeiro Centro Médico-Psicopedagógico na França, em 
1946. Esse Centro tinha como finalidade tratar crianças com 
comportamentos inadequados socialmente, com o objetivo de 
adaptá-los.
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A Pedagogia Curativa, exercida na França, era um 
método que favorecia a readaptação pedagógica do aluno, 
auxiliando na aquisição de conhecimento científico e também no 
desenvolvimento pessoal. Isso é o que está no cerne daquilo que 
hoje chamamos de Psicopedagogia. 
VOCÊ SABIA?
Na América do Sul, a Psicopedagogia teve destaque 
na Argentina, tendo suas ideias pautadas na 
literatura francesa. Os estudos argentinos foram 
marcados pelos autores franceses, como: Lacan 
(1901-1981) e sua Psicanálise Estruturalista, 
Maud Mannoni (1923-1998), fundadora da Escola 
Experimental de Bonneuil-Sur-Marne, Françoise 
Dolto (1908-1988), especialista em distúrbios 
da psicomotricidade e da linguagem, Janine 
Mery, ainda viva, que considerava o pedagógico 
e o psicológico no tratamento de distúrbios 
de aprendizagem, Michel Lobrot, pedagogo, 
psicopedagogo e teórico dos efeitos da autoridade 
na educação e outros mais que foram importantes 
na fundamentação desse campo.
Na Argentina, a graduação de Psicopedagogia surgiu em 
meados da década de 1950, na Universidade de Buenos Aires, 
com a escola de Psicologia e tinha como eixo central de formação 
as práticas da docência, assistência e investigação. Mais tarde, 
na década de 1970, com a criação dos Centros de Saúde Mental, 
houve uma mudança, os psicopedagogos começam a incluir no 
seu trabalho o olhar e a escuta da Psicanálise (BOSSA, 2000). 
Assim, passou-se a valorizar a área clínica da Psicopedagogia, 
incluindo o diagnóstico e tratamento das crianças que não 
aprendem.
Na prática do psicopedagogo argentino, estavam 
presentes vários testes, por exemplo: as provas de inteligência 
(Wisc), as provas de nível de pensamento (Piaget), a avaliação 
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do nível pedagógico (Eoca), a avaliação perceptomotora (teste 
Bender), os testes projetivos (CAT, TAT, desenho da família, 
desenho da figura humana e HTP), os testes psicomotores 
(provas de estruturas rítmicas e o teste da lateralidade) e o jogo 
psicopedagógico (objetos lúdicos). Isso difere muito da atuação 
no Brasil, pois a utilização de muitos desses testes era somente 
permitida para psicólogos. 
A Psicopedagogia Argentina influenciou fortemente a 
Psicopedagogia no Brasil. Os teóricos que se destacam são: Jorge 
Visca (1935-2000) com sua Epistemologia Convergente e Emília 
Ferreiro com seus estudos sobre o processo de alfabetização. 
Citamos também Sara Pain, por meio de seus estudos que 
diferenciam os problemas de aprendizagem dos problemas das 
instituições, e Alícia Fernández (1946-2015), que introduz a escuta 
e o olhar psicanalítico nos atendimentos psicopedagógicos 
(escuta psicopedagógica).
SAIBA MAIS
Quer se aprofundar na história da Psicopedagogia? 
Então recomendamos a leitura do livro “A 
Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da 
prática” de Nadia Bossa.
A Psicopedagogia brasileira 
Como já vimos, no Brasil, a Psicopedagogia tem forte 
influência das ideias argentinas, pela proximidade geográfica e 
também pelo fácil acesso à literatura. 
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Figura 2 – Psicopedagogia
Fonte: Freepik 
A Psicopedagogia no Brasil pode ser dividida em três 
momentos históricos.
No primeiro, meados da década de 1960, a maneira de 
se pensar sobre os distúrbios de aprendizagem sofreu algumas 
transformações. Antes, a criança era considerada inapta 
diante do sistema convencional de educação e era avaliada e 
encaminhada para um trabalho de reeducação, que se utilizava 
da repetição e do treino de exercícios referentes à dificuldade 
de aprendizagem. Posteriormente, levantaram-se hipóteses de 
que essas dificuldades estavam relacionadas à carência cultural 
dos brasileiros. O aspecto orgânico foi somado a outros fatores, 
principalmente ao manejo inadequado das instituições.
No segundo momento, por volta das décadas de 1970 e 
1980, a Psicopedagogia ampliou o seu objeto de estudo, ocupando-
se com a compreensão mais generalizada da aprendizagem 
humana. Buscou fundamentos em outras disciplinas, como: a 
Psicanálise, a Psicologia Genética, a Linguística, a Neurologia, a 
Sociologia e a Filosofia. A Psicopedagogia foi além de prevenir 
possíveis desajustes na aprendizagem, otimizando os processos 
e produzindo conhecimento. O indivíduo foi inserido em um 
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contexto, e o olhar da Psicopedagogia começou a considerar 
suas múltiplas dimensões: aspecto orgânico, aspecto subjetivo e 
aspecto sociocultural.
Na década de 1970, surgiram os primeiros cursos de 
especialização em Psicopedagogia, voltados para a formação 
complementar de psicólogos e educadores. Na década de 
1980, começou-se a disseminar teorias sobre o problema de 
aprendizagem escolar, que passou a ser chamado também de 
“problema de ensinagem”. 
Em Porto Alegre, profissionais organizaram um centro de 
estudos de Psicopedagogia e, em 1970, iniciaram os cursos de 
formação na Clínica Médico–Pedagógica com duração de dois anos.
Em 1984, foi realizado em São Paulo o primeiro encontro 
de Psicopedagogia, com a presença de Clarissa Golbert e Sonia 
Kiguel. A partir deste evento, criou-se um grupo de estudos de 
Psicopedagogia, que mais tarde se tornaria a Associação de 
Psicopedagogos de São Paulo e, posteriormente, a Associação 
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). A criação da associação 
foi um marco para a institucionalização da profissão de 
psicopedagogo no Brasil.
ACESSE
Conheça o site da Associação. Lá tem várias 
informações sobre eventos, documentos, publicações 
e novidades referentes à Psicopedagogia. Disponível 
no QR-Code.
http://www.abpp.com.br
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Em 1979, foi criado o primeiro Curso de Psicopedagogia 
no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo, com o objetivo 
de valorizar a ação do educador. Começou com o tema da 
reeducação em Psicopedagogia, depois assumiu um caráter 
terapêutico, discutindo também o papel do psicopedagogo e a 
sua identidade profissional. Assim, as mudanças continuaram 
refletindo sobre a prática psicopedagógica. Atualmente, a 
formação em Psicopedagogia se dá por meio de cursos de 
graduação e de pós-graduação em institutos de ensino superior 
espalhados pelo país.
VOCÊ SABIA?
A atividade de Psicopedagogia foi regulamentada 
no Brasil somente em 2014, após anos de 
tramitação no congresso. De acordo com o texto 
do Projeto de Lei da Câmara n.° 31 de 2010, podem 
exercer essas atividades profissionais que possuam 
diploma de graduação em Psicopedagogia, 
profissionais psicólogos, pedagogos ou licenciados 
e fonoaudiólogos que tenham concluído o curso 
de especialização em Psicopedagogia. Disponível 
no QR-Code.
O terceiro momento, ainda muito ligado ao segundo, tem 
como foco o processo de construção do sujeito. Sujeito esse que 
pensa, sente, relaciona-se e tem uma história, ou seja, um sujeito 
pluridimensional. Assim, entendemos que a Psicopedagogia 
brasileira ainda é um campo em construção, em busca de uma 
identidade formal, mas que nem por isso é menos estruturada 
que qualquer outro campo do saber. 
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2014/02/05/senadores-aprovam-regulamentacao-da-profissao-de-psicopedagogo
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A Psicopedagogia 
A Psicopedagogia, como disciplina confluente, é apoiada 
pela Psicologia e Pedagogia e concebe sua interseção disciplinar, 
para formar um profissional que irá trabalhar com o professor 
para resolver esses problemas.
A partir disto, a fundação dessas disciplinas conjuntas 
incorporou outro conhecimento epistemológico, antes do grande 
e rápido desenvolvimento científico, tecnológico, social, filosófico,econômico, político, antropológico e ecológico, estendendo a sua 
epistemológica e local de trabalho, a ponto de resolver a junção 
entre elas, construção ou ciência. Hoje, dizemos que é uma 
construção disciplinar que lida com o processo de aprendizagem 
de todo ser humano ao longo de seu ciclo de vida, desde o 
processo de gênese ou gravidez até sua finalidade.
O entendimento se dá como o processo de mudança 
de comportamentos dos seres humanos em todo o seu 
desenvolvimento de vida, que é operado pela interação com o 
ambiente sociocultural, que é realizada no tempo e estabilizada, 
permitindo adaptação à realidade atual. Por isso, não só trata 
de um processo de aprendizagem saudável e adaptativo, mas 
também de fraturas, sejam elas causadas por desequilíbrios 
bioquímicos, funcionais ou socioambientais.
A Psicopedagogia abre sua intervenção em diferentes 
campos disciplinares, saúde, educação, trabalho, terceira e quarta 
idade, judicial, meios de comunicação, atendendo várias funções, 
incluindo: gestão, aconselhamento, diagnóstico, tratamento, 
prevenção, entre outras. O eixo da abordagem psicopedagógica 
é, sem hesitação, o processo diagnóstico psicopedagógico, 
em Saúde, Educação ou qualquer um de seus campos. Como 
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qualquer processo avaliativo, ele tem uma sequência de 
etapas, começando no início, propondo um desenvolvimento e 
terminando com um encerramento.
RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema 
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o 
que vimos. Você deve ter compreendido a origem 
da Psicopedagogia, identificando seus principais 
marcos históricos, desde o seu surgimento e 
desenvolvimento no contexto mundial até a sua 
chegada e seu desenvolvimento no Brasil. Assim, 
você pôde compreender a importância que a 
Psicopedagogia exerceu na vida das pessoas e os 
avanços que ela ocasiona para elas. Por fim, com 
uma abordagem geral sobre a Psicopedagogia, 
vimos que ela é apoiada pela Psicologia e Pedagogia 
e concebe sua interseção disciplinar, para formar 
um profissional que irá trabalhar com o professor 
para resolver esses problemas.
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Concepções teóricas da 
Psicopedagogia
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
definir os conceitos segundo as concepções 
teóricas da Psicopedagogia. E, então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Vamos lá. 
Avante!
Notas introdutórias
Desde o surgimento da Psicopedagogia, incontáveis 
abordagens teóricas contribuíram para a construção de um 
saber sobre os processos de aprendizagem e suas dificuldades. 
A Psicopedagogia é um campo de saber interdisciplinar. Suas 
concepções teóricas têm como fonte principal a Educação e a 
Psicologia. 
Nos anos 1960 e 1970, as teorias mais utilizadas na 
Psicopedagogia eram o Behaviorismo e o Humanismo. Vejamos 
a seguir.
Behaviorismo
No Behaviorismo, temos o ensino tradicional, em que o 
estímulo da criticidade e da reflexão era basicamente nulo. O 
professor era reconhecido como um instrutor, em uma relação 
vertical com o aluno. O psicólogo norte-americano Jonh B. Watson 
(1878-1958), que era um dos importantes teóricos dessa corrente, 
afirmava que monitorando e controlando os estímulos corretos 
de uma criança, ao longo do seu crescimento, poderíamos 
transformá-la no que quiséssemos. Ou seja, a aprendizagem era 
entendida como um processo externo, que se concretizava na 
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equação estímulo-resposta e, controlando as variáveis do meio 
externo, teríamos controle sobre a aprendizagem.
 Figura 3 - John B. Watson
Fonte: Wikimedia Commons 
ACESSE
Assista ao vídeo “Behaviorismo (1): metodológico e 
radical”, disponível no QR-Code.
Humanismo
O Humanismo teve como seu principal representante 
o psicólogo americano Carl Rogers (1902-1987). Em sua 
teoria, era valorizada a criatividade do aluno e sua liberdade, 
com o objetivo de favorecer a aprendizagem. O professor é 
https://youtu.be/ipHFpXAgjiA acesso: 16/04/19
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considerado um facilitador do processo, devendo aguardar que 
seus alunos assumam o controle sobre as suas ações em direção 
à aprendizagem. Rogers afirmava que o indivíduo é responsável 
pela capacidade de mudança e que o importante não é aprender 
certos conteúdos, mas sim sua autorrealização e o aprender a 
aprender. 
Figura 4 - Carl Rogers
Fonte: Wikimedia Commons 
ACESSE
Sobre a terapia não diretiva de Carl Rogers e a tarefa 
do professor como facilitador do aprendizado, 
leia o artigo “Carl Rogers, um psicólogo a serviço 
do estudante” de Márcio Ferrari. Para realizar a 
leitura, clique no QR-Code.
https://novaescola.org.br/conteudo/1453/carl-rogers-um-psicologo-a-servico-do-estudante
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Na história mais recente da Psicopedagogia, observa-
se que existem três teorias que são discutidas: a Psicanálise, o 
Associacionismo e o Construtivismo. 
Associacionismo
O principal representante do associacionismo foi Edward 
Thorndike (1874-1949). 
Figura 5 - Edward Thorndike
Fonte: Wikimedia Commons 
Para esta teoria, a aprendizagem se dá por um processo 
de associação de ideias, do mais simples para o mais complexo. 
Assim, o ensino é mais tecnicista, não priorizando as funções 
cognitivas. Os conteúdos são aplicados sequencialmente para 
que o aluno siga um raciocínio até chegar à resposta correta.
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SAIBA MAIS
Você sabia que a origem do Associacionismo 
remonta de longa data? Saiba mais, leia o artigo 
“Como surgiu o associacionismo”. Disponível no 
QR-Code.
Construtivismo
Como alternativa ao Associacionismo, surgiu o 
Construtivismo. Essa teoria não beneficia somente os conteúdos, 
mas também a construção do conhecimento, valorizando as 
interações feitas no processo. 
Figura 6 - Jean William Fritz Piaget
Fonte: Wikimedia Commons 
https://filosofarhiliete.blogspot.com/2011/09/como-surgiu-o-associacionismo.html
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O Construtivismo é inspirado pelos estudos de Jean 
Piaget, teórico suíço que representa essa abordagem. Ele 
acreditava que a criança precisa assimilar o conhecimento para 
depois acomodá-lo. Cada conhecimento que é acomodado leva 
o sujeito a alcançar a adaptação e a organização de todo novo 
conhecimento. A aprendizagem acontece em cada procedimento, 
não privilegiando nem o início nem o fim do processo, mas cada 
passo. 
Piaget propôs quatro estágios de desenvolvimento da 
infância: 
 • Período sensório-motor (0-2 anos).
 • Período pré-operacional (2-7 anos). 
 • Período operacional concreto (7-11).
 • Período operacional formal (11 e mais, até cerca de 19 
anos).
Em cada um desses estágios, segundo o estudioso, a 
criança amadurece habilidades e capacidades, entre elas a de 
percepção e representação do meio, o autoconhecimento e as 
relações sociais mais intensas, o estabelecimento de relações 
de respeito e obediência, e a busca por situar a sua identidade 
pessoal e o seu meio social.
SAIBA MAIS
Leia o artigo “Desenvolvimento infantil: o que é? 
Conheça as 4 fases de Jean Piaget”. Acesse o link 
disponível no QR-Code.
https://www.opas.org.br/desenvolvimento-infantil-o-que-e-e-as-4-fases-de-jean-piaget/
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A Psicanálise
A Psicanálise surgiu no início do século XX, por meio dos 
estudos do médico neurologista austríaco, Sigmund Freud (1856-
1939). Embora o objeto da Psicanálise não seja a Educação, ela 
também contribui para o arcabouço teórico da Psicopedagogia. 
Melanie Klein (1882-1960), psicanalista austríaca e 
seguidora de Freud, sugere que sempre haverá um objeto a ser 
conhecido, alguém que impulsiona para o conhecimento e que o 
vínculo afetivo é como uma ponte, estabelecendo conexões para 
que tanto o emocional quanto o intelectualse desenvolvam. 
Figura 7 – Melanie Klein em 1952
Fonte: Wikimedia Commons 
Percebemos que o arcabouço teórico se organizou 
principalmente a partir de teorias como a Psicanálise e Psicologia 
Genética.
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Você já sabe que autores como Sara Paín, Jorge Visca 
e Alicia Fernandez foram pioneiros na criação de um modelo 
de diagnóstico e intervenção psicopedagógica. Para fazer um 
diagnóstico, é importante entender como a criança aprende em 
diferentes contextos, seja na família ou no mundo externo. É 
preciso, então, adentrar o mundo desse sujeito, compreendendo 
como ele vê o mundo.
Para que isso ocorra, precisamos atentar a três estruturas: 
Figura 8 – Estruturas do ser humano
Estrutura biológica
Estrutura psíquica
Estrutura mental
Fonte: Elaborada pela autoria (2023).
Sobre essas estruturas, destacaremos três teóricos 
da Psicologia que fazem parte do referencial teórico da 
Psicopedagogia.
A estrutura biológica se refere à maturação ou aos 
danos do Sistema Nervoso Central (SNC). Em seus estudos, 
Vygotsky apontava para a importância que a maturação tem 
nos processos de aprendizagem. Foi ele também que assinalou 
a noção de neuroplasticidade, possibilitando intervenções que 
podem reverter quadros aparentemente irreversíveis. Vygotsky 
afirmava que todo ser humano é capaz de aprender no seu 
tempo. 
A estrutura psíquica compreende os aspectos subjetivos 
do indivíduo. Destacamos Sigmund Freud, que formulou aTeoria 
do Aparelho Psíquico, composto por: consciente, pré-consciente 
e inconsciente, que apontam para o funcionamento dinâmico 
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do psiquismo, e, em segundo lugar, o id, o ego e o superego, 
que são as suas diferentes instâncias. A teoria freudiana até hoje 
é fortemente marcada pela descoberta do inconsciente e suas 
influências no cotidiano.
A estrutura mental é onde estão os processos mentais 
que serão utilizados para a construção de conhecimento. Destaque 
para Piaget, que descreveu os estágios do desenvolvimento 
cognitivo, que são: sensório-motor, pré-operatório, operatório 
concreto e operatório formal. O teórico dizia que o aprendizado 
se dá por meio de desafios que geram desequilíbrios e que 
depois geram equilíbrio novamente, assim sucessivamente até 
que se desenvolva o nível operatório formal. 
Também destacamos os estudos da Psicologia Social de 
Pichon-Rivière, da Psicologia Institucional de Bleger e da Análise 
Institucional de Lapassede, que impulsionaram os estudos da 
Psicopedagogia Institucional. 
EXPLICANDO 
MELHOR
São inúmeras as teorias que influenciaram e ainda 
influenciam as concepções psicopedagógicas. 
Dado o seu caráter transdisciplinar, devemos 
também reconhecer as áreas de conhecimento 
que foram e são responsáveis pela composição 
desse campo de saber. São elas: a Filosofia, a 
Neurologia, a Sociologia, a Linguística, a Psicologia 
e principalmente a Educação.
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RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? 
Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos 
certeza de que você realmente entendeu o tema 
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o 
que vimos. Aprendemos sobre o Behaviorismo, 
que foi impulsionado por Jonh B. Watson, que 
afirmava que monitorando e controlando os 
estímulos corretos de uma criança, ao longo do 
seu crescimento, poderíamos transformá-la no 
que quiséssemos. Em seguida, estudamos sobre 
o Humanismo que teve como representante Carl 
Rogers, sendo valorizada a criatividade do aluno 
e sua liberdade, com o objetivo de favorecer a 
aprendizagem. Vimos também o Associacionismo 
que teve como principal representante Edward 
Thorndike, defendendo que a aprendizagem se dá 
por um processo de associação de ideias, do mais 
simples para o mais complexo. No que diz respeito 
ao Construtivismo, a inspiração são os estudos de 
Jean Piaget que acreditava que a criança precisa 
assimilar o conhecimento para depois acomodá-
lo. Por fim, estudamos sobre a Psicanálise e as 
suas três estruturas: estrutura biológica se refere 
à maturação ou aos danos do sistema nervoso 
central; estrutura psíquica compreende os aspectos 
subjetivos do indivíduo; e estrutura mental na qual 
estão os processos mentais que serão utilizados 
para a construção de conhecimento.
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Psicopedagogia na prática 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
aplicar as técnicas de avaliação e diagnóstico 
psicopedagógicos. E, então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!
Introdução
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, 
entendendo que tal aprendizagem ocorre de forma processual 
e contextualizada. Isso quer dizer que a Psicopedagogia 
considera que a aprendizagem envolve o sujeito como um todo: 
seus aspectos físico-biológicos, afetivo-emocionais e também 
socioculturais, que influenciam e são influenciados a todo o 
momento pelo meio em que o sujeito está inserido. 
A partir disso, podemos fazer os seguintes 
questionamentos: como se aprende? Como essa aprendizagem 
varia gradativamente e está condicionada por vários fatores? 
Como se produzem alterações na aprendizagem? Como 
reconhecê-las, tratá-las e preveni-las? Não temos todas as 
respostas. Mas, disso se trata a prática e o objeto de estudo 
da Psicopedagogia: compreender que esse objeto é um sujeito 
complexo, que adquire características específicas a depender da 
sua vivência e maneira de perceber o mundo. 
O psicopedagogo deve estar comprometido com qualquer 
tipo de aprendizado e de ensino, não somente o que é exercido 
na escola. 
Diante desse objeto de estudo, a Psicopedagogia tem 
duas formas principais de atuação, seja no âmbito clínico ou 
institucional: a preventiva e a terapêutica. 
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Na atuação preventiva, a ação é com a equipe envolvida 
no processo, como os professores, familiares e a comunidade de 
vários modos. Destacamos algumas formas de atuação de forma 
preventiva: 
 • Participar das dinâmicas das relações da comunidade 
educativa, com o objetivo de favorecer processos de 
integração e troca.
 • Promover reflexão e orientação metodológica, a fim de 
encontrar soluções mais acessíveis.
 • Realizar processos de orientação educacional, 
ocupacional, em grupo ou individualmente.
 • Proporcionar momentos de reflexão sobre o papel da 
escola para a comunidade.
 • Proporcionar reflexão sobre habilidades, princípios e 
estratégias que são importantes para a aprendizagem. 
 • Auxiliar a equipe escolar na determinação, escolha e 
elaboração dos objetivos educacionais, das estratégias 
de ensino e dos instrumentos de avaliação. 
Na prática terapêutica, entendemos que o psicopedagogo 
irá atuar principalmente com o sujeito ou instituição que 
demanda uma atenção específica. O enfoque terapêutico tem 
como premissa a identificação, análise e elaboração de uma 
metodologia diagnóstica e tratamento das dificuldades no 
processo de aprendizagem. 
Destacamos também algumas atividades na prática 
terapêutica, que são: 
 • Discutir, preparar e ajudar o professor no 
encaminhamento de alunos para atendimento 
psicopedagógico em grupo ou individualmente. 
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 • Participar do diagnóstico de distúrbios de aprendizagem.
 • Atendimento clínico de demandas de transtornos e 
distúrbios de aprendizagem.
 • Auxiliar o professor a compreender o problema ou 
bloqueio do aluno, levando alternativas para a solução. 
A prática da Psicopedagogia, seja preventiva ou 
terapêutica, deve ser pensada em um enfoque transdisciplinar, 
analisando sempre as bases do processo de aprendizagem. 
Estas bases estão presentes na existência do homem, na sua 
constituição, no seu modo de aprender e/ou ensinar, nas 
diferenças e singularidades que existem. A transdisciplinaridade 
implica em um modo de entender o processo de aprendizagem 
como complexo plural, que considera ascapacidades humanas 
e suas diversas maneiras de elaborar, simbolizar, captar, criar, 
mostrar e expressar algum conhecimento. 
ACESSE
Recomendamos que assista ao vídeo 
“Psicopedagogia (parte 1)”, da Psicopedagoga Nadia 
Bossa, para aprofundar mais seu conhecimento 
sobre a Psicopedagogia, disponível no QR-Code.
Avaliação e diagnóstico 
psicopedagógico 
O objeto da Psicopedagogia é, como temos afirmado, 
o processo de aprendizagem do sujeito em questão. Dito isto, 
https://youtu.be/YPCMnUr2RVE
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entendemos que a sua prática se insere nesse contexto: levar 
aqueles que têm alguma dificuldade de aprendizagem por 
um caminho que os conduza a uma melhor execução desse 
processo e também que resgatem o prazer de adquirir novos 
conhecimentos. 
Há vários fatores que interferem na aprendizagem. Por 
isso a importância de identificar quais são esses fatores, para, 
então, poder minimizar a sua interferência nesse processo. Assim 
como existem várias dificuldades diferentes, há também várias 
formas de identificá-las, avaliá-las, diagnosticá-las e de tratá-las. 
Cada psicopedagogo possui um estilo para fazer tal avaliação, 
de acordo com a sua formação, seus referenciais teóricos e sua 
forma de compreender o indivíduo. 
Apresentaremos alguns aspectos da avaliação e do 
diagnóstico psicopedagógico, mas de uma forma generalista. 
Lembrando sempre que esse processo deve ser feito de forma 
ampla, considerando todas as dimensões do sujeito, auxiliando 
na busca por um caminho que o leve à desconstrução dos 
bloqueios e das dificuldades no aprendizado. 
Figura 9 - Atendimento psicopedagógico
Fonte: Freepik 
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A avaliação psicopedagógica 
A avaliação psicopedagógica é a forma de iniciar uma 
investigação dos componentes do processo de aprendizagem. 
Nela, busca-se coletar dados e informações que servirão de base 
para fundamentar as decisões para prevenção ou solução dos 
problemas, dificuldades e bloqueios do sujeito. 
EXPLICANDO 
MELHOR
A avaliação é um processo dinâmico, que tem 
como objetivo entender a origem da dificuldade e/
ou do distúrbio apresentado na queixa. Ela inclui 
a entrevista inicial com os pais, com a criança e 
também com a escola, análise de material escolar 
e a utilização de recursos como: testes, atividades 
e instrumentos de avaliação de desenvolvimento, 
áreas de competência e dificuldades apresentadas.
Algumas etapas da avaliação psicopedagógica: 
a. Identificação dos fatores responsáveis pelas 
dificuldades da criança.
b. Levantamento do repertório infantil relativo às 
habilidades acadêmicas e cognitivas. 
c. Identificação de características emocionais da criança. 
Na primeira etapa descrita, o psicopedagogo deve 
identificar quando se trata de um transtorno de aprendizagem 
ou de uma dificuldade advinda por outros fatores (emocionais, 
cognitivos ou sociais). São coletados dados referentes à 
dificuldade da criança e investiga-se a existência de quadros 
neurológicos, psicológicos, psiquiátricos, condições familiares 
e ambiente escolar. Para que essa investigação tenha maior 
credibilidade, é necessária uma equipe multidisciplinar, com 
psicólogos, neuropediatras, fonoaudiólogos e outros que sejam 
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adequados ao caso, além de ter uma boa parceria e cooperação 
com a escola. 
Na segunda etapa, é importante que o profissional tenha 
conhecimento sobre as habilidades que a criança já possui, 
ou que já teve a oportunidade de adquirir. Para isso, indica-
se que seja feito um levantamento do conteúdo acadêmico, 
da proposta pedagógica da escola que a criança está inserida, 
investigação da atenção, hábitos de estudo, solução de 
problemas, psicomotricidade, desenvolvimento da linguagem, 
avaliação de requisitos que facilitem a aprendizagem, padrões 
de raciocínio, déficits e preferências da criança. 
A terceira etapa envolve a investigação de estímulos 
e reforçadores aos quais a criança responde ou não, além de 
entender qual a interação com as exigências e expectativas 
escolares e familiares que recaem sobre ela. 
Para que essas etapas sejam concluídas, podem ser 
realizadas diversas atividades, tudo vai depender da forma como 
o psicopedagogo vai conduzir o processo de avaliação e também 
da sua criatividade. Muitas vezes a queixa trazida pelos pais ou 
pela escola já indica o caminho inicial para a investigação, além 
da forma com que eles compreendem a dificuldade da criança 
e qual é o lugar que ela ocupa. Isso também é uma informação 
importante para a avaliação da queixa inicial.
Podem ser realizadas atividades matemáticas, provas 
de nível de pensamento e outras funções cognitivas, leitura, 
escrita, desenhos e jogos. Outros instrumentos que também 
podemos destacar são: escrita livre e dirigida que avalia a 
grafia, ortografia e produção de texto, leitura (que avalia a 
decodificação e compreensão), provas de avaliação de nível de 
pensamento e funções cognitivas como atenção, cálculos, jogos 
simbólicos e jogos com regras, desenho e análise de grafismo. 
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Existem ainda outros recursos, como os testes 
psicométricos. Mas, no Brasil, estes são de uso exclusivo dos 
profissionais da Psicologia. 
Depois de coletadas as informações e os dados necessários, 
o psicopedagogo elabora uma intervenção que busca solucionar 
minimamente os problemas de aprendizagem. A avaliação também 
serve para reorganizar a vida escolar e doméstica da criança. A 
avaliação nada mais é do que a localização das dificuldades e o 
comprometimento com a sua superação. Esse comprometimento 
tem que partir de todos os envolvidos na questão: criança, família, 
escola e profissional psicopedagogo. 
IMPORTANTE
Ressaltamos que a avaliação deve ser um processo 
breve, e que o diagnóstico, em muitos casos, 
somente é concluído no decorrer do tratamento. 
Além disso, é importante dizer que nem todos que 
se submetem a uma avaliação psicopedagógica 
irão necessitar ou continuar em um atendimento 
nessa área. As dificuldades avaliadas e identificadas 
durante o processo (salvo em casos de transtorno 
de aprendizagem ou uma questão mais grave) 
podem ser solucionadas por outras vias, por 
exemplo: um programa de assistência ao aluno na 
escola ou encaminhamento para outro profissional 
(psicólogo, fonoaudiólogo etc.).
A avaliação psicopedagógica irá fornecer informações 
importantes e necessárias em relação às dificuldades do aluno, 
bem como de seu contexto escolar, familiar e social. Com tais 
informações, justifica-se a real necessidade de intervir, gerando 
modificações na proposta educacional em que a criança está 
inserida, no seu meio social e nas suas funções cognitivas. 
Esta avaliação pode ou não dar início a um atendimento 
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psicopedagógico, pois algumas dificuldades de aprendizagem 
podem ser solucionadas em outros contextos, como a escola, 
atendimentos psicológicos, assistência à família etc. Daí a 
importância fundamental de se ter uma equipe multidisciplinar 
disponível no momento da avaliação. 
ACESSE
No vídeo, disponível no QR-Code, Nadia Bossa 
relata um caso de atendimento psicopedagógico 
inicial, avaliação e processo diagnóstico.
O diagnóstico psicopedagógico 
Estabelecer um diagnóstico é uma tarefa difícil, para 
tanto, é necessária à participação de uma equipe multidisciplinar 
e, também, a utilização de recursos variados, a fim de se fazer 
uma investigação e um levantamento de hipóteses que serão 
testadas ao longo do processo. Acreditamos que o diagnóstico 
não é um dado concreto e vitalício, mas é um conjunto de 
informações e dados referentes a um dado momento do 
sujeito. Isso significa dizer que um diagnóstico deve ser revisto 
e atualizado periodicamente, não servindo de rótulo para essas 
crianças.
 https://youtu.be/KYh2PpXxY6E
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Figura 10 - Diagnóstico psicopedagógicoFonte: Freepik 
O diagnóstico psicopedagógico é uma investigação que 
abre os caminhos para uma intervenção mais precisa, dando 
início ao processo de superação das dificuldades. O objetivo 
do diagnóstico é entender qual o obstáculo no processo de 
aprendizagem e quais são os caminhos para superá-lo. É uma 
forma de se analisar a situação do aluno, seja no contexto escolar, 
da sala de aula, familiar ou social. 
NOTA
Durante esse processo, é importante que o 
psicopedagogo esteja atento ao discurso, à 
postura, à atitude do paciente e também dos 
envolvidos com a queixa. Esses comportamentos 
dão dicas importantes a respeito das questões que 
devem ser avaliadas. Ter esse olhar e escuta atenta 
possibilita lançar mão das primeiras hipóteses 
sobre o indivíduo. Esses dados que chegam 
por meio da percepção do profissional, muitas 
vezes, ultrapassam os dados relatados. Cabe ao 
profissional buscar nas entrelinhas, na emoção e 
na elaboração do discurso informações que estão 
implícitas e, por vezes, inconscientes.
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O diagnóstico, para ser mais preciso, envolve ao menos 
três áreas profissionais: Neurologia, Psicopedagogia e Psicologia. 
Estes campos de conhecimento possibilitam a identificação das 
causas do problema, além de descartarem possíveis fatores que 
não são importantes ou hipóteses infundadas.
O objetivo é compreender de forma global o modo como 
o indivíduo aprende e quais os desvios que ocorrem durante o 
processo. Isso levará a um encaminhamento e prognóstico mais 
acertados para cada caso. 
Os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos 
do indivíduo são organizados de forma particular e são 
individualizados. Nesse momento, o psicopedagogo deve 
interagir com as partes envolvidas na queixa e no processo de 
aprendizagem: aluno, família e escola. O diagnóstico deve ser um 
trabalho conjunto, no qual os envolvidos participam de fato do 
processo. 
Ele não aponta somente para as manifestações aparentes 
das dificuldades escolares, mas implica em uma investigação 
profunda, na qual são identificadas questões que interferem no 
desenvolvimento do aluno e sugerem atividades adequadas para 
a compreensão e correção dessas dificuldades.
 
IMPORTANTE
É importante dizer que o diagnóstico é tão 
relevante quanto o tratamento, devendo ser 
conduzido com muito cuidado, observando a 
criança e suas mudanças de comportamento. 
É necessário também que o profissional atente 
para o significado do sintoma no âmbito familiar e 
escolar, não analisando apenas como um recorte.
O diagnóstico não pode ser considerado um momento 
estático. Ele deve ser visto como um momento transitório, uma 
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fase a ser concluída entre a avaliação e a intervenção. Para 
isso, deve seguir alguns princípios, como: análise do contexto 
e identificação do sintoma, análise de fatores coexistentes com 
o sintoma, bloqueio de ordem do conhecimento, de ordem da 
interação, da ordem do funcionamento e da estrutura, análise 
da origem do sintoma e suas causas históricas, diferenciação dos 
parâmetros aceitáveis de desenvolvimento, levantamento de 
hipóteses de confirmação futura, indicações e encaminhamentos. 
A hipótese diagnóstica não deve se fundamentar apenas 
nas dificuldades e nos problemas, mas indicar também e, 
principalmente, as potencialidades do indivíduo. Não somente 
as características e habilidades que o sujeito já possui que são 
importantes, mas também o que ainda está por se desenvolver, 
aquilo que o sujeito pode se tornar. Isso é muito importante e 
deve ser valorizado.
Ao pensar nos instrumentos para o diagnóstico, o 
psicopedagogo pode utilizar como recursos: a entrevista com 
a família e com a escola e investigar o motivo da queixa. É 
importante conhecer o histórico da criança, fazendo a anamnese, 
entrevistando o aluno, contatar a escola e outros profissionais e 
realizar encaminhamentos quando necessário. 
Existem também os testes. Provas de inteligência (Wisc), 
testes projetivos (HTP), avaliação perceptomotora (Teste de 
Bender), teste de apercepção infantil (CAT) e teste de apercepção 
temática (TAT). Mas estes são de uso exclusivo dos profissionais 
psicólogos, pois são necessários uma formação específica e o 
registro no conselho profissional para sua utilização.
Mas o psicopedagogo pode utilizar outros instrumentos, 
como as provas piagetianas, desenhos e testes que mencionam 
o nível de pensamento e de escolarização. Além disso, pode 
usar a criatividade para elaborar atividades que possibilitem as 
mesmas observações feitas nos testes.
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Os jogos, tanto os simbólicos quanto os jogos com regras, 
são importantes recursos também. Por meio deles, o sujeito 
manifesta sua visão de mundo, seus mecanismos de defesa e seus 
desejos. Nos jogos, também podem ser simulados problemas 
reais e cotidianos, apresentando desafios e possibilitando 
observar como a criança age em determinadas situações. 
Elencamos algumas etapas do diagnóstico 
psicopedagógico. Lembrando que essas etapas estão descritas 
de modo generalizado, pois cada psicopedagogo atua de 
forma única e singular de acordo com as suas vivências, suas 
experiências e sua concepção teórica. 
Quadro 1 - Etapas do diagnóstico psicopedagógico
ETAPA DESCRIÇÃO
ENTREVISTA 
FAMILIAR
Tem como objetivo compreender a queixa no âmbito da 
escola e da família. Entender as relações e expectativas 
referentes à aprendizagem escolar e em relação ao 
psicopedagogo. Perceber o engajamento do paciente 
e da família no processo e esclarecimento de possíveis 
dúvidas.
ANAMNESE
Colher dados sobre a história do sujeito na família: 
história presente, passada e projeções para o futuro. 
Nesta etapa, são levantados dados sobre as primeiras 
aprendizagens, desenvolvimento geral, histórico clínico, 
histórico familiar e histórico escolar. É importante 
também descobrir em que medida a família possibilita o 
desenvolvimento cognitivo da criança. Nos aspectos gerais 
de desenvolvimento infantil (controle de esfíncteres, 
aquisição de hábitos, linguagem etc.), é interessante saber 
se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou 
se houve defasagem. Também é importante investigar 
o histórico clínico: doenças, como foram tratadas, 
possíveis sequelas, laudos etc.; e também o histórico 
escolar: quando começou a frequentar a escola, como 
foi a adaptação, se houve rejeição ou entusiasmo, 
troca de escolas, enfim, tudo que envolva positiva ou 
negativamente o sujeito em questão.
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SESSÕES LÚDICAS
São fundamentais para entender todos os aspectos 
já mencionamos anteriormente. Nesse tipo de 
atendimento, observamos o sujeito como um todo, pois 
na brincadeira estão implicados seu funcionamento 
cognitivo, motor e suas emoções.
PROVAS E TESTES
Podem e são utilizados para especificar o nível 
pedagógico, cognitivo e/ou emocional. O seu uso não 
é obrigatório, mas é uma forma complementar que 
funciona estimulando e provocando variadas reações e 
respostas.
SÍNTESE 
DIAGNÓSTICA
É a resposta mais direta à queixa inicial. É o momento 
em que a hipótese é formulada a partir da análise dos 
dados obtidos. É a síntese que aponta um prognóstico, 
uma indicação ou um possível encaminhamento.
DEVOLUÇÃO E 
ENCAMINHAMENTO
É o encerramento do processo de diagnóstico. Um 
encontro entre psicopedagogo, sujeito e família, que 
tem como objetivo relatar os resultados e dar o devido 
encaminhamento à questão, procurando sanar dúvidas, 
afastando rótulos e delegando responsabilidades aos 
envolvidos no processo. É importante ressaltar os pontos 
positivos do aluno, para que este se sinta valorizado 
e não inviabilize novas conquistas. Ao mencionar os 
aspectos negativos, que interferem na aprendizagem, 
devem ser mencionadas também as recomendações 
para sua superação. O encaminhamento para outros 
profissionais também pode ser feito neste momento.
Fonte:Moraes (2010).
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RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza 
de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que 
vimos. A Psicopedagogia lida com o processo de 
aprendizagem de forma completa, considerando 
todos os aspectos que o influenciam: físico-
biológico, afetivo-emocional e sociocultural. Atua 
diante desses aspectos de forma preventiva se 
antecipando aos problemas de aprendizagem, ou 
de forma terapêutica, identificando, analisando 
e dando alternativas para a minimização das 
dificuldades de aprendizagem. O diagnóstico 
psicopedagógico é um processo de investigação. 
Consiste na coleta de dados sobre a criança em seus 
diversos aspectos, desde o seu desenvolvimento 
físico, motor, aquisição de linguagem, até o 
desenvolvimento no âmbito social e escolar, além 
de todas as relações que o cercam. Nesse processo 
de avaliação, encontramos algumas etapas, como: 
entrevistas com a família e escola, anamnese, 
sessões lúdicas, aplicação de testes, levantamento 
de hipóteses e, então, o encaminhamento para o 
tratamento adequado, que pode ou não ser um 
atendimento psicopedagógico. É importante ter 
uma equipe de apoio que seja multidisciplinar, 
para que sejam descartadas hipóteses infundadas 
e seja uma avaliação mais assertiva.
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Atuação do psicopedagogo no 
mercado 
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
discernir sobre a atuação do psicopedagogo no 
mercado. E, então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Vamos lá. Avante!
Notas introdutórias
A Psicopedagogia se insere no mercado de trabalho 
basicamente com duas formas de atuação: clínica e institucional. 
Essas duas formas podem se subdividir, atuando em diversos 
campos e ambientes. 
Mercado de trabalho é o nome que se dá à relação que 
existe entre a oferta de trabalho e a procura por trabalhadores, 
na qual há negociação de preços, quantidades e serviços. 
Nesse campo, estão incluídas empresas públicas e privadas, de 
economia mista, pessoas físicas e outros tipos de prestação de 
serviços 
A Psicopedagogia Clínica é o modo terapêutico de atuação. 
O profissional atende em um consultório, a fim de descobrir o 
porquê de o sujeito não aprender, para, então, iniciar um processo 
terapêutico, auxiliando na superação das suas dificuldades. Estes 
atendimentos são realizados normalmente em centros de saúde 
ou clínicas especializadas, de forma individual, podendo também 
ocorrer em grupo. 
Nesse tipo de atendimento clínico, é mais comum a prática 
da avaliação e do diagnóstico de transtornos de aprendizagem. 
Na avaliação psicopedagógica, é feita a investigação da queixa e 
se indicam os caminhos para a intervenção.
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O psicopedagogo precisa estar atualizado com relação 
aos conhecimentos e às pesquisas científicas da sua área, bem 
como aos manuais internacionais de diagnóstico, que são o CID-
10 e o DMS-5. Estes manuais devem ser de conhecimento do 
psicopedagogo não apenas no que diz respeito aos transtornos 
de aprendizagem, mas também com relação às outras síndromes 
e aos outros transtornos que podem ser associados. A consulta 
aos manuais auxilia no estabelecimento de critérios e hipóteses 
diagnósticas mais precisas, além de favorecer a comunicação 
com outros profissionais de outras áreas. 
A Psicopedagogia Institucional tem caráter preventivo 
e pode se inserir em vários contextos: família, escola, hospital, 
empresas, organizações assistenciais, ONGs ou no setor público. 
O objetivo da atuação nesses contextos pode ser: analisar 
as relações interpessoais, os conhecimentos que circulam e 
como circulam e pensar alternativas para conflitos. Assim, por 
exemplo, no trabalho hospitalar, podem ser oferecidas oficinas 
ou trabalhos lúdicos para os internos. Com as famílias, pode 
ser oportuno um trabalho sobre a importância das funções 
materna e paterna, resgatando-se o papel educacional da 
família, hoje tão esquecido. Na escola, o psicopedagogo pode 
analisar a identidade da instituição, os papéis e as funções na 
dinâmica relacional, os conceitos de aprendizagem, ensino, 
inclusão, o diálogo com as famílias etc.
Portanto, nesses diferentes contextos da escola, da 
empresa, da família, do hospital, para cada situação conflitiva 
diagnosticada pelo psicopedagogo, torna-se imprescindível 
pensar, planejar, pesquisar e executar, com o grupo envolvido, 
um plano de intervenção que possa ressignificar o que atrapalha 
o bem-estar. Nesse caso, o papel do psicopedagogo é o de 
facilitador, mediador, ou de auxiliador na busca por alternativas 
para determinada situação.
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Bortolanza, Krakl e Biasus (2005) fazem uma reflexão 
sobre o papel do psicopedagogo após experiências que tiveram 
com grupos de idosos. Os autores relatam que o papel do 
psicopedagogo nesses grupos é o de mediador na construção 
e reconstrução do conhecimento, interagindo com os idosos 
no sentido de superar as dificuldades tanto de aprendizagem 
como na dinâmica do grupo. Para isso, é necessário transpor os 
conceitos e preconceitos existentes sobre a velhice, reconhecendo 
o seu valor, sua experiência e sabedoria, investindo nas 
potencialidades e no poder modificador do afeto. Os autores 
concluem afirmando que:
deu-se início a uma ação-reflexão sobre o 
saber-fazer psicopedagógico junto ao idoso 
[...]. O psicopedagogo tem papel importante 
na inclusão do idoso nos grupos de 
convivência, facilitando a interação do mesmo 
com o conhecimento e com seus pares [...]. 
(BORTOLANZA; KRAHL; BIASUS, 2005, p. 169-
170)
O psicopedagogo institucional: 
atuando na escola 
Sabemos que, quando se fala em Psicopedagogia, o 
primeiro campo de atuação que pensamos é a escola. Sem 
dúvidas que a escola é a instituição que mais requisita a 
presença do psicopedagogo, seja na sua forma de atuar clínica 
ou institucional. Neste momento, como já tratamos bastante da 
prática clínica, avaliação, diagnóstico, recursos e outros aspectos, 
iremos agora falar sobre a prática institucional, privilegiando a 
instituição escolar. A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem 
humana em seus diversos aspectos: físico-biológico, afetivo-
emocional e sociocultural, como já vimos. 
45PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM
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A Psicopedagogia Institucional é um campo que tem 
crescido e se desenvolvido com foco de ação preventiva aos 
problemas de aprendizagem. Mas é também vista como 
ameaçadora, pois tem como objetivo fortalecer a identidade do 
grupo e transformar a realidade escolar. Para que isso ocorra, 
deve haver mudanças naquilo que já está estabelecido como 
cultura institucional. Bossa (2007) afirma que:
pensar a escola à luz da Psicopedagogia 
significa analisar um processo que inclui 
questões metodológicas, relacionais e 
socioculturais, englobando o ponto de vista de 
quem ensina e de quem aprende, abrangendo 
a participação da família e da sociedade. 
(BOSSA, 2007, 142)
A primeira coisa que o psicopedagogo pode e deve fazer em 
uma instituição escolar é o diagnóstico institucional. Observando 
as características organizacionais, a história da escola e a cultura 
institucional. O psicopedagogo deve conhecer os documentos 
que regem a escola e que dão o perfil de identificação para a 
unidade escolar. Exemplos desses documentos são o regimento 
escolar e o Projeto Político Pedagógico (PPP). O PPP é um 
documento obrigatório e pode ser considerado o coração da 
escola. É ele que comanda a energia e a vida da escola. 
É um documento que deve ser elaborado, 
preferencialmente, com a participação de toda a equipe escolar. 
Mas, sabemos que juntar pensamentos e ideias diferentes para a 
construção de um documento é difícil. Por isso, algumas equipes 
gestoras acabam contratando uma consultoria de fora para a 
elaboração do documento ou acabam por construí-losozinhas. 
Mas os professores precisam conhecê-lo, para entenderem a 
história e os fundamentos da escola e também para saberem com 
o que estão concordando, já que todos assinam o documento. 
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O psicopedagogo na instituição vai trazer 
questionamentos. Questionar basicamente tudo e todos os 
aspectos da instituição, começando pela gestão da escola. Se 
existe democracia, como fluem as relações de trabalho, por 
exemplo, são aspectos que o psicopedagogo institucional deve 
observar. A cultura da instituição é uma rede de comportamentos, 
e o psicopedagogo é chamado, normalmente, quando algo nesta 
rede não está funcionando. Assim, o processo de diagnóstico 
institucional serve para viabilizar caminhos e propor mudanças 
organizacionais. Mudanças estas que podem ser entendidas de 
forma positiva ou negativa. 
O psicopedagogo é chamado para entender qual o 
motivo de a rede de comportamentos e de relações dentro da 
empresa não estar funcionando da melhor maneira. O desafio 
do psicopedagogo é mobilizar a equipe para refletir sobre as 
suas ações e entender que é preciso que haja esse movimento, 
para que a mudança possa ocorrer. 
Em qualquer instituição e na escola não é diferente, 
existem algumas manifestações de comportamento que 
são identificadas e retratam o ambiente institucional. As 
manifestações verbais e conceituais são: os heróis e os mitos, ou 
seja, algo ou alguém que pode ser bom ou ruim e que é de certa 
forma inatingível. As narrativas marcam o ambiente escolar, 
ditando os comportamentos e as regras implícitas. Na observação 
da instituição, o psicopedagogo deve identificar essas crenças e 
narrativas e no decorrer do processo deve saber lidar com elas. 
Exemplo – um exemplo dessas manifestações: quando 
alguém chega até o psicopedagogo e afirma que “quando 
for falar com o diretor, deve ir bem preparado”. Observamos 
o mito – o diretor – e a narrativa – uma advertência. 
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Quando alguém está na posição de mito ou de herói, a 
atuação dentro da instituição fica limitada e inviabilizada. Esses 
são os dados que o psicopedagogo deve entrar em contato, 
deve se manter atento. Desse modo, pode auxiliar o grupo a 
desconstruir os mitos e as crenças e entrar em contato com a 
realidade e com novas crenças.
Também existem as manifestações visuais e simbólicas, 
que são os elementos que podem ser observados de forma 
concreta. São os murais, painéis, exposições e cartazes 
feitos pelos alunos. Existem também algumas manifestações 
comportamentais, que influenciam na atuação das pessoas 
envolvidas na organização escolar, que são: atividades normais 
da escola e como são desempenhadas, as normas e os 
regulamentos internos e os rituais e cerimônias que fazem parte 
da vida da escola (acolhida, oração e outros). 
Essas manifestações são singulares e particulares de 
cada instituição. Cada instituição possui seus rituais, seu modo 
de funcionamento e seu regulamento. Cabe ao psicopedagogo 
observar esses elementos e ponderar sobre possíveis 
modificações. A escola é um espaço social, que é composto 
por uma trama de relações sociais e materiais que gerenciam o 
cotidiano das pessoas que por ali circulam. Por este motivo, deve 
ser entendida e analisada como uma organização, assim como 
seria analisada uma pequena indústria ou uma empresa. 
No diagnóstico institucional, o psicopedagogo faz uma 
leitura: das narrativas, do currículo aparente e oculto, da dinâmica 
das relações entre os atores da escola, das possibilidades 
e abertura para mudanças, da necessidade de ajuda, dos 
trabalhos já realizados, das dificuldades detectadas, dos vínculos 
estabelecidos, dos comportamentos e atitudes e tudo o mais 
relacionado com a instituição escolar. 
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É a partir do diagnóstico que o psicopedagogo pode 
propor e executar um plano de intervenção. Na intervenção 
psicopedagógica, o objetivo é a construção de uma nova 
identidade para a instituição, trabalhando sempre em 
corresponsabilidade com a equipe da instituição, com enfoque 
interdisciplinar e sempre disposto às trocas e aos diálogos. 
O diagnóstico institucional tem caráter preventivo no 
sentido de reconstruir processos, redefinir papéis, valorizar 
novos conhecimentos, novas forma de aprender e de pensar, e 
também novas pessoas, processos, produtos e objetivos.
ACESSE
Saiba mais sobre a diferença entre Psicopedagogia 
Clínica e a Institucional, clicando no QR-Code.
Intervenção psicopedagógica na 
instituição 
Intervenção é o ato de exercer influência em determinada 
situação na tentativa de alterar o seu resultado. É a ação de 
expressar um ponto de vista, acrescentando argumentos ou 
ideias. Ainda, a intervenção pedagógica é a interferência feita 
por um especialista com o objetivo de melhorar o processo de 
aprendizagem do aluno. 
https://youtu.be/dgPNHsXfvcU
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O psicopedagogo não deve confundir intervir com 
interferir. Intervir tem como meta ajudar a pensar nos caminhos 
para chegar a uma resposta. Interferir, não. Entendemos que 
há a manipulação da ação do outro e não é este o trabalho do 
psicopedagogo. 
Como você sabe, o objeto de estudo da Psicopedagogia 
é o sujeito aprendente. O processo de aprendizagem envolve 
o sujeito que aprende, o sujeito que ensina, além do meio em 
que está inserido. Tudo isso se relaciona de forma sistemática. 
Na escola, o psicopedagogo tem como objetivo de intervenção 
resgatar ou fortalecer a identidade da instituição e sua história, 
ao mesmo tempo que procura pareá-la com a realidade e o 
momento histórico atual, adequando às demandas sociais e ao 
contexto ideal de aprendizagem.
O trabalho do psicopedagogo institucional é a prevenção 
dos problemas de aprendizagem. Para isso, é seu dever: analisar 
a formação dos professores, o currículo que está sendo utilizado 
na escola, se está sendo adequado às necessidades dos alunos, 
se os professores estão preparados para atenderem os alunos, 
inclusive alunos que tenham alguma necessidade especial. O 
psicopedagogo vai intervir nesses aspectos, a fim de orientar a 
equipe pedagógica para que o processo de aprendizagem ocorra 
de forma mais produtiva. 
REFLITA
O psicopedagogo analisa a formação de professores 
e supervisores. Há casos que o professor tem 
uma formação que possibilita que ele esteja 
mais bem preparado que o seu supervisor. Ora, 
como o supervisor pode coordenar um trabalho 
pedagógico específico, com os professores, se ele 
não tem o conhecimento necessário para tanto?
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O psicopedagogo vai, então, após analisar todos estes 
aspectos, propor mudanças no currículo, no projeto político 
pedagógico, na metodologia de ensino, nas formas de aprender 
e de ensinar. Ele também pode contribuir na melhoria da 
comunicação interna da escola e na comunicação da escola com a 
família, favorecendo uma relação de confiança. O psicopedagogo 
pode auxiliar os atores que dão vida à escola a retornarem às 
origens, aos princípios fundamentais que regem a escola. 
A intervenção é pautada nos recursos que promovem a 
operacionalização da instituição, fazendo com que o movimento 
de aprender nunca cesse, sempre acompanhando o momento 
histórico e prevenindo a cristalização de crenças que dificultam 
o desenvolvimento. 
O psicopedagogo deve trabalhar as questões que servem 
de obstáculo para o ensinar e o aprender, interagindo, integrando, 
vinculando-se, articulando conhecimentos e cuidando das 
relações. 
Compreendemos que o psicopedagogo na escola, ou 
em qualquer instituição, tem papel fundamental na criação e no 
aperfeiçoamento do clima e das relações dentro da instituição, 
na escola, entre os professores, alunos, funcionários, famílias 
e comunidade. O psicopedagogo desmistifica a manifestação 
de crenças e de narrativas que limitam e inviabilizam o 
desenvolvimento e o progresso da aprendizagem,examinando 
aspectos destrutivos que são arraigados nas relações 
interpessoais, diagnosticando e intervindo nos sintomas e 
discursos que se repetem e não colaboram para o crescimento 
do grupo. Damos ênfase ao fato de que o psicopedagogo pode 
fazer muita diferença em uma instituição, com sua escuta e 
olhares atentos e sensíveis às demandas da equipe, dos alunos, 
das famílias e da sociedade. 
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SAIBA MAIS
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos 
a leitura da seguinte fonte de consulta e 
aprofundamento:
SCOZ, B.  Psicopedagogia e realidade escolar: o 
problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, 
RJ: Vozes, 1994.
Esperamos que este contato com a Psicopedagogia 
possa fazer com que você reflita sobre a interdisciplinaridade e a 
transdisciplinaridade entre a Psicologia e as áreas afins.
RESUMINDO
E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
O psicopedagogo observa todos os aspectos da 
instituição e tenta detectar os elementos que 
necessitam de mudança. Assim, ele identifica 
como funciona a cultura institucional e sua rede 
de comportamentos e quais são as expectativas 
da instituição com relação à sua avaliação para 
propor e executar uma intervenção, um plano de 
mudança nos aspectos que precisam ser mudados. 
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BORTOLANZA, M. L.; KRAHL, S.; BIASUS, F. Um olhar Psicopedagógico 
sobre a velhice. Revista Psicopedagogia, [s. l.], v. 22, n. 68, p. 162-
170, 2005.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir 
da prática. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir 
da prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
MORAES, D. N. M. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. 
Revista de Educação do IDEAU, [s. l.], v. 5, n. 10, p. 2-15, jan./jun. 
2010. Disponível em: https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/
upload/revistasartigos/203_1.pdf. Acesso em: 18 jul. 2023. 
PONTES, I. A. M. Atuação psicopedagógica no contexto escolar: 
manipulação, não; contribuição, sim. Revista Psicopedagogia, 
[s. l.], n. 27, v. 84, p. 417-427, 2010. Disponível em: http://
www.revistaPsicopedagogia.com.br/detalhes/196/atuacao-
psicopedagogica-no-contexto-escolar--manipulacao--nao--
contribuicao--sim. Acesso em: 18 jul. 2023.
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	Origem da Psicopedagogia
	Introdução
	Breve histórico da Psicopedagogia
	A Psicopedagogia brasileira 
	A Psicopedagogia 
	Concepções teóricas da Psicopedagogia
	Notas introdutórias
	Behaviorismo
	Humanismo
	Associacionismo
	Construtivismo
	A Psicanálise
	Psicopedagogia na prática 
	Introdução
	Avaliação e diagnóstico psicopedagógico 
	A avaliação psicopedagógica 
	O diagnóstico psicopedagógico 
	Atuação do psicopedagogo no mercado 
	Notas introdutórias
	O psicopedagogo institucional: atuando na escola 
	Intervenção psicopedagógica na instituição

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