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OLIVEIRA, Isabel de Assis Ribeiro de Oliveira. Direito subjetivo – base Escolástica dos direitos humanos. RBCS, vol. 14, nº 41, out./1999. Disponível em: https://bit.ly/3CGAQQC Acesso em: 17 ago. 2022. Fichamento O texto busca apresentar as origens do direito subjetivo, ou seja, como surgiu o olhar para as questões inerentes a condição humana. Nos dias atuais, esse pensamento está vinculado aos direitos, principalmente por causa da propagação da Declaração Universal do Direito Humanos em período ocorridos pós Segunda Guerra Mundial. Os paradigmas de pensar a justiça na Segunda Escolástica recaem sobre um olhar onde há uma relação com as leis divinas, há aqui o uso da razão, os homens pensam e refletem sobre sua condição, mas deve pautar por uma lealdade a Deus, um ser supremo e suas leis devem ser respeitadas. Existe uma vinculação aos ditames da religião. Tomás de Aquino faz uso do pensamento de Aristóteles, mas complementa com o fato de atribuir a natureza uma relação com as leis divinas, ou seja, o Estado existe por natureza, expressa uma forma natural com finalidade própria, assim como a sociabilidade natural do homem conforme pensa Aristóteles. Já no pensamento tomista, inclui-se a sua relação com a Providência Divina, a lei é impressa por Deus e cabe aos homens respeitá- la. A criação do conceito de direito subjetivo vincula-se a tradição jurídica romana e o nominalismo que possui um maior consenso entre os estudiosos. O nominalismo tem ligação com o fransciscano Guilherme de Occam (1285-1350), pois com ele há o entendimento de que existe um direito individual, subjetivo e inalienável. Um indivíduo é apenas um indivíduo, com características individuais, inclusive até no que se refere a compreensão dos textos sagrados, pois existe “um impulso personalista e libertário” (p. 37), visto que se tem uma consciência humana. Na Segunda Escolástica há uma vinculação entre lei natural e o direito subjetivo. Compreende nesse momento que o Estado é desenvolvido naturalmente, organiza-se conforme a vontade humana. Ressalta que fazer o bem e evitar o mal seriam os primeiros princípios da lei natural, a partir destes, derivam-se outros tais como não matar, não roubar. Outro de terceira ordem e também importante é que versa sobre as circunstâncias em que uma guerra é considerada justa. Insta destacar que é compreendido nessa fase que existe uma lei divina positiva. Francisco de Vitória (1485-1546) entendia que a lei natural é captada através do instinto humano, por isso, não se pode alegar desconhecimento dela, sua racionalização é apreendida pela lei humana positiva na qual se relaciona diretamente com a lei eterna. Sendo assim, os atos humanos estão subordinados não ao Estado, mas sim a uma lei natural. Salienta-se que os novos escolásticos compreendiam que o povo possuía uma personalidade corporativa, mas essa comunidade também era uma associação de indivíduos unidos por deveres e obrigações, uma união de homens livres. O direito subjetivo foi desenvolvido a partir desse olhar, o direito vincula-se a obrigação: “Vitória teria usado o termo “direito subjetivo” para referir-se ao direito de pertencer a uma comunidade política, sendo a civitas imprescindível para remediar as deficiências humanas” (OLIVEIRA, 1999, p. 39). Francisco de Vitória também relaciona direito subjetivo e o domínio (poder da vontade), confere assim ao ser humano a liberdade de exercer autoridade sobre pessoas e coisas. Francisco Suarez (1548-1617) entendia que o homem sendo inteligente entende a lei a partir de sua relação moral. Ou seja, sabe assim o que deve ser feito para não se corromper, pois pode de forma racional fazer avaliações pautadas por seu julgamento, sendo assim, faz distinção entre lei natural e casualidade, visto que assim poderá guiar os seus desejos que irá demonstrar a sua qualidade moral. Na Segunda Escolástica já se vislumbrava a liberdade individual, uma vontade soberana dos indivíduos que compõe essa sociedade. O homem é ser racional, diante disso, visualiza no mundo o que é certo e errado, com isso pode vir a respeitar assim os ditames oriundos da Providência Divina e assim consegue alcançar a justiça.