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DOC-20240626-WA0237

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Direito Penal 
 
Tema: Do crime (1.9.1.2) 
1 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Nos termos do Código Penal, o crime será considerado doloso nos casos em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo. A doutrina, por sua vez, apresenta diversas espécies de dolo. Sobre o tema, assinale a alternativa incorreta: 
A) A comprovação do dolo eventual não será extraída da mente do autor, mas das circunstâncias do caso em concreto. 
B) A principal diferença entre o dolo de segundo grau e o dolo eventual reside na consciência, por parte do autor, que, no dolo 
de segundo grau, os efeitos colaterais inevitavelmente ocorrerão, o que não acontece no dolo eventual. 
C) Na progressão criminosa, tem-se o chamado dolo cumulativo. 
D) O dolo indeterminado divide-se, doutrinariamente, em dolo de 1º grau e dolo de 2º grau. 
E) Parcela da doutrina defende a existência do chamado dolo de 3º grau, que decorreria do resultado colateral do resultado 
colateral inicial, ou seja, a consequência da consequência. 
 
COMENTÁRIOS 
A – CORRETA: Trata-se de entendimento firmado pelo 
STJ, que decidiu que “o dolo eventual, na prática, não é extraído da mente do autor, mas, isto sim, das circunstâncias. Nele, não 
se exige que o resultado seja aceito como tal, o que seria adequado ao dolo direito, mas isto sim, que a aceitação se mostre no 
plano do possível, provável.” (HC 503796/RS, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo – Des. Convocado do TJPE, 5ª T., j. 
01/10/2019). 
B – CORRETA: Na lição de Jamil Chaim Alves, no dolo de segundo grau o agente sabe que os efeitos colaterais necessariamente 
ocorrerão, a exemplo do agente que explode avião para matar inimigo, sabendo que os demais tripulantes morrerão. Já no dolo 
eventual, o agente assume o risco de produzir o resultado, que pode ou não ocorrer, a exemplo do agente que atira contra o motorista 
de um ônibus em movimento, assumindo o risco de que ocorra um acidente, potencialmente causando a morte dos passageiros. 
C – CORRETA: Dolo cumulativo, conforme ensinamento de Jamil Chaim Alves, significa que o agente tem a vontade de atingir 
um determinado resultado, evoluindo em seguida para a vontade de atingir outro resultado, sendo caso de progressão criminosa. 
Como exemplo, o autor cita o agente que rouba determinada vítima e, na sequência, decide estuprá-la. 
D – INCORRETA: O dolo indeterminado nada mais é que um sinônimo de dolo indireto, ou seja, a vontade do agente não é fixa 
em determinado objetivo, mas admite outras possibilidades. Na lição de Flávio Monteiro de Barros, a vontade do agente não se fixa 
em um só sentido ou direção, não há vontade específica de produzir determinado resultado. O dolo indireto ou indeterminado se 
divide em dolo eventual, no qual o agente visa determinado resultado, mas assume o risco da produção de outro resultado (teoria 
do assentimento), e dolo alternativo, no qual o agente, ao praticar sua conduta, visualiza a possibilidade de mais de um resultado e 
não se importa com a realização de um ou outro resultado. 
E – CORRETA: Ainda na lição de Jamil Chaim Alves, o dolo de terceiro grau é entendido como a decorrência do resultado colateral, 
ou seja, o resultado colateral do resultado colateral inicial, ou a consequência da consequência. Exemplo clássico trazido pela 
doutrina que facilita o entendimento do tema se dá no caso em que o agente, visando eliminar determinado inimigo, coloca uma 
bomba em um avião, sabendo que inevitavelmente mataria outras pessoas, dentre elas uma mulher grávida. Assim, quanto ao inimigo 
há dolo de primeiro grau; quanto as demais pessoas que se encontram no avião, dolo de segunda grau; e, por fim, o aborto ou 
eliminação do feto se daria em decorrência do dolo de terceiro grau. 
GABARITO: D. 
 
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Tema: Dos crimes contra a pessoa (1.9.2.1) 
2 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Acerca do crime de constrangimento ilegal, previsto no artigo 146 do Código Penal, assinale a alternativa correta: 
A) Há, de forma expressa, duas causas de exclusão da tipicidade no tipo em comento, quais sejam, a intervenção médica ou 
cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida, e a 
coação exercida para impedir o suicídio, não obstante parcela da doutrina entender que se tratam de causas de exclusão da 
antijuridicidade. 
B) As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, e 
em triplo quando há emprego de armas. 
C) O crime de constrangimento ilegal só pode ser praticado mediante violência própria, em respeito ao princípio da legalidade 
estrita. 
D) Caso o agente pratique lesões corporais durante o cometimento do constrangimento ilegal, esta será absorvida, com base 
no princípio da consunção. 
E) O constrangimento ilegal é crime formal, que não depende da realização do resultado para sua consumação. 
 
COMENTÁRIOS 
A – CORRETA: Inicialmente, encontra-se previsto no art. 146, §3º, I e II, Código Penal, que “não se compreendem na disposição 
deste artigo a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por 
iminente perigo de vida; e a coação exercida para impedir suicídio. Segundo Jamil Chaim Alves, tratam-se de causas especiais de 
exclusão da tipicidade, posição também adotada por Bitencourt, Damásio e Nucci. Contudo, o próprio autor indica que há 
entendimento em sentido contrário, a exemplo do entendimento adotado por Nélson Hungria, no sentido de tratar-se de causa de 
exclusão da antijuridicidade. 
B – INCORRETA: Determina o art. 146, §1º, CP, que as penas se aplicam cumulativamente e em dobro, quando, para a execução 
do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
C – INCORRETA: O tipo penal assevera que configura constrangimento ilegal constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a 
fazer o que ela não manda. Portanto, a parte final do tipo admite a chamada violência imprópria, na qual o agente utiliza-se de 
meio que impossibilite a defesa ou resistência da vítima. 
D – INCORRETA: Há, no art. 146, §2º, CP, expressa previsão no sentido de que além das penas cominadas, aplicam-se as 
correspondentes à violência, portanto, resultando em lesões corporais, responde o agente pelos dois crimes, somando-se as penas 
com base no sistema do cúmulo material. 
E – INCORRETA: Na lição de Jamil Chaim Alves, o constrangimento ilegal é crime material, e se consuma no momento em que a 
vítima faz ou deixa de fazer aquilo a que foi constrangida, logo, o advento do resultado é imprescindível para que o delito se 
consume. 
GABARITO: A. 
 
Tema: Dos Crimes contra o Estado Democrático de Direito (1.9.2.12) 
3 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
A Lei 14.197/21 introduziu no ordenamento jurídico brasileiro os crimes contra o Estado Democrático de Direito, além de revogar 
a Lei 7.170/83 (lei de segurança nacional), tendo sido publicada em setembro de 2021, passando a vigorar depois do período de 
vacatio legis de noventa dias. Acerca do tema, analise as alternativas abaixo, assinalando a incorreta: 
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A) Praticar violência ou grave ameaça com a finalidade de desmembrar parte do território nacional para constituir país 
independente configura crime de atentado à integridade nacional, tratando-se de crime contra a soberania nacional. 
B) Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o 
exercício dos poderes constitucionais configura crime de espionagem, tratando-se de crime contra a soberania nacional. 
C) Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça,o governo legitimamente constituído configura crime de golpe de 
estado, espécie de crime contra as instituições democráticas. 
D) Destruir ou inutilizar meios de comunicação ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa 
nacional, com o fim de abolir o Estado Democrático de Direito configura crime de sabotagem, espécie de crime contra o 
funcionamento dos serviços essenciais. 
E) Negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar atos típicos de guerra contra o País 
ou invadi-lo configura crime de atentado à soberania, tratando-se de crime contra a soberania nacional. 
 
COMENTÁRIOS 
A – CORRETA: Nos termos do art. 359-J do Código Penal, aquele que praticar violência ou grave ameaça com a finalidade de 
desmembrar parte do território nacional para constituir país independente deverá responder pelo crime de atentado à integridade 
nacional, uma das figuras previstas nos crimes contra a soberania nacional. 
B – INCORRETA: Apesar do crime de espionagem tratar-se de crime contra a soberania nacional, restará configurado quando o 
agente entregar a governo estrangeiro, a seus agentes, ou a organização criminosa estrangeira, em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar, documento ou informação classificados como secretos ou ultrassecretos nos termos da lei, cuja revelação 
possa colocar em perigo a preservação da ordem constitucional ou a soberania nacional, nos termos do art. 359-K, Código Penal. 
Em contrapartida, aquele que tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo 
ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais, responderá pelo crime de abolição violenta do Estado Democrático de 
Direito, previsto no art. 359-L, CP, tratando-se de crime contra as instituições democráticas. 
C – CORRETA: Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído configura crime de 
golpe de estado, espécie de crime contra as instituições democráticas, previsto no art. 359-M, CP. 
D – CORRETA: Nos termos do art. 359-R, CP, o crime de sabotagem se configura quando o agente destruir ou inutilizar meios de 
comunicação ao público, estabelecimentos, instalações ou serviços destinados à defesa nacional, com o fim de abolir o Estado 
Democrático de Direito, e se trata de crime contra o funcionamento dos serviços essenciais. 
E – CORRETA: Nos termos do art. 359-I, CP, negociar com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, com o fim de provocar 
atos típicos de guerra contra o País ou invadi-lo configura crime de atentado à soberania, tratando-se de crime contra a soberania 
nacional. 
GABARITO: B. 
 
Tema: Causas de extinção de punibilidade/Prescrição 
4 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Tício, praticou dois crimes de furto qualificado mediante concurso de pessoas (art. 155, § 4º, IV, CP – pena: reclusão de dois a oito 
anos, e multa) em continuidade delitiva. Na primeira fase da dosimetria da pena, o magistrado fixou a pena-base no mínimo legal. 
Em seguida, na última fase, reconheceu a continuidade delitiva e exasperou a pena em 1/6. Não houve recurso das partes e a sentença 
penal condenatória transitou em julgado. Considerando a situação do réu Tício, a extinção da punibilidade pela prescrição ocorrerá 
em: 
A) 3 anos 
B) 4 anos 
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C) 8 anos 
D) 2 anos 
E) 12 anos 
 
COMENTÁRIOS 
A questão trata de extinção da punibilidade pela prescrição nos crimes cometidos em continuidade delitiva. O art. 71, caput do CP, 
descreve o conceito de crime continuado: 
Crime continuado 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições 
de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, 
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a 
dois terços. 
No caso em tela, aplica-se a súmula 497 do STF: "Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta 
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação." 
Tendo em vista que, já houve o trânsito em julgado da sentença condenatória, trata-se de prescrição da pretensão executória, que 
regula-se pela pena aplicada, de acordo com o art. 110, caput do CP. Ademais, a questão afirma que a pena-base foi fixada no 
mínimo legal, qual seja, de 2 anos. Sendo assim, a prescrição no caso em tela ocorrerá no prazo de 4 anos, conforme o art. 109, 
inciso V do Código Penal, in verbis: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se 
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; 
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; 
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
Conclui-se, portanto, que o gabarito da questão é a letra B, qual seja, 4 anos. 
GABARITO: B 
 
Tema: Crimes contra a administração pública 
5 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Acerca dos crimes contra a Administração Pública, assinale a alternativa incorreta: 
A) O patrocínio de interesse privado ilegítimo perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário, 
caracteriza a figura qualificada do delito de advocacia administrativa, prevista no parágrafo único do artigo 321 do Código 
Penal. 
B) O funcionário público que exerce cargo em comissão ou função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, representa uma causa de 
aumento de pena dos crimes por ele praticados contra a administração pública. 
C) A Súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça veda a aplicação do princípio da insignificância ao crime de contrabando. 
D) Se o crime de exercício arbitrário das próprias razões não for cometido com emprego de violência, somente se procede 
mediante representação. 
E) No crime de peculato culposo, quando há reparação do dano após a sentença irrecorrível reduz em 1/2 a pena imposta. 
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COMENTÁRIOS 
A – Correta. O crime de advocacia administrativa quando o interesse privado é ilegítimo, configura a qualificadora do art. 321, 
parágrafo único, do CP, in verbis: 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
B – Correta. O funcionário público terá aumentada a sua pena em 1/3, conforme art. 327, §2º do CP: 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce 
cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para 
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração 
Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos 
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, 
empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. 
C –Correta. A referida súmula trata da inaplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes contra a administração pública. 
Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
Sendo assim, pelo fato de o crime de contrabando ser crime contra a administração pública, previsto no art. 334-A do Código Penal, 
o princípio da insignificância é inaplicável ao referido delito. 
Contrabando 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. 
Importante lembrarmos das jurisprudências relacionadas ao tema: 
Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além 
do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de 
produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1744739/RS, 
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1717048/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 11/09/2018. STF. 1ª Turma. HC 133958 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 06/09/2016. 
Vale ressaltar, no entanto, que o STJ possui alguns precedentes admitindo, de forma excepcional, a aplicação deste princípio para o 
caso de contrabando de pequena quantidade de medicamento para uso próprio: 
A importação de pequena quantidade de medicamento destinada a uso próprio denota a mínima ofensividade da conduta do agente, 
a ausência de periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da 
lesão jurídica provocada, tudo a autorizar a excepcional aplicação do princípio da insignificância. 
STJ. 5ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1708371/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/04/2018. 
D – Incorreta. Sendo a alternativa a ser assinalada. O crime de exercício arbitrário das próprias razões se não houver emprego de 
violência, somente de procede mediante QUEIXA, de acordo com o art. 345, parágrafo único do CP: 
Exercício arbitrário das próprias razões 
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 
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E – Correta. A alternativa está de acordo com o art. 312, §3º do CP: 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
GABARITO: D 
 
Tema: Tipicidade 
6 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
De acordo com o Código Penal, marque a alternativa incorreta: 
A) Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, se o agente voluntariamente reparada o dano ou restituída 
a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa, a pena será reduzida de um a dois terços. 
B) A tentativa não é punível quando, o meio é absolutamente ineficaz ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível 
o crime ser consumado. 
C) O erro sobre a ilicitude do fato quando inevitável, isenta de pena, porém se o erro é evitável, poderá diminuí-la de um a 
dois terços. 
D) O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas é possível a punição por crime culposo. 
E) Salvo disposição expressa em contrário, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado, não são puníveis o ajuste, a 
determinação ou instigação e o auxílio. 
 
COMENTÁRIOS 
A questão cobra do candidato o conhecimento acerca do Código Penal, da importância da lei seca, que é muito exigida pela banca 
Vunesp. Diante disso, vamos analisar as alternativas: 
A – Correta. A alternativa cobra o conhecimento do arrependimento posterior, conforme art. 16 do Código Penal, in verbis: 
 Arrependimento posterior 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento 
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
B – Correta. A alternativa trata do crime impossível, previsto no art. 17 do Código Penal: 
Crime impossível 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível 
consumar-se o crime. 
C – Incorreta. Trata-se de erro de proibição, que a causa de diminuição, quando evitável o erro, é de um sexto a um terço, conforme 
art. 21 do CP, in verbis: 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá 
diminuí-la de um sexto a um terço. 
D – Correta. Trata-se do erro de tipo, previsto no art. 20 do Código Penal: 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei. 
E – Correta. A alternativa está de acordo com o art. 31 do Código Penal: 
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Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime 
não chega, pelo menos, a ser tentado. 
GABARITO: C 
 
Tema: 1.2 Princípios fundamentais do Direito Penal. 
7 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Sobre os princípios do Direito Penal, assinale a alternativa incorreta: 
A) O princípio da insignificância ou da criminalidade de bagatela advém do Direito Civil, diante da expressão minimus non 
curat praetor, trazendo a lição de que o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem 
jurídico tutelado. 
B) O art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição da República define que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal. Tal afirmativa constitucional se trata de cláusula pétrea, sendo vedada a edição de medida 
provisória para tratar sobre matéria relativa a Direito Penal. 
C) Criado por Claus Roxin, o princípio da alteridade se funda na premissa de que se deve confiar que o comportamento dos 
outros se dará de acordo com as regras de experiência, levando-se em conta um juízo estatístico alicerçado naquilo que 
normalmente acontece (id quod plerumque accidit). 
D) O caráter fragmentário do Direito Penal – também conhecido como princípio da fragmentaridade – estabelece que nem 
todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra os valores fundamentais para o progresso 
do ser humano e da sociedade, de modo que o Direito Penal é a última etapa para a proteção do bem jurídico. 
E) De acordo com o princípio da subsidiariedade, a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do 
Direito e os demais meios estatais de controle social tiverem se relevado impotentes para o controle da ordem pública. 
 
COMENTÁRIOS 
a) CORRETA. Conforme a doutrina de Cleber Masson, o princípio da insignificância ou da criminalidade de bagatela surgiu no 
Direito Civil, derivado do brocardo de minimus non curat praetor, trazendo a lição de que o Direito Penal não deve se ocupar de 
assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década de 70 do século passado, foi incorporado ao 
Direito Penal pelos estudos de Claus Roxin. 
b) CORRETA. De fato, o dispositivo constitucional mencionado se trata de cláusula pétrea, de modo que, ainda que o art. 1º do 
Código Penal (que possui redação similar) seja revogado, o princípio da reserva legal – ou da estrita legalidade – continuará atuando 
como vetor do sistema,por força do mandamento constitucional. Frise-se, ainda, que o art. 62, §1º, da Constituição da República 
veda a edição de medidas provisórias sobre matérias relativas a Direito Penal. 
c) ERRADA. Criado por Claus Roxin, o princípio da alteridade proíbe a incriminação de atitude meramente interna do agente, bem 
como do pensamento ou de condutas moralmente censuráveis, incapazes de invadir o patrimônio jurídico alheio. Em síntese, 
ninguém pode ser punido por causar mal apenas a si próprio. Esse princípio fundamenta a impossibilidade de punição da autolesão. 
Já o princípio da confiança se funda na premissa de que se deve confiar que o comportamento dos outros se dará de acordo com as 
regras de experiência, levando-se em conta um juízo estatístico alicerçado naquilo que normalmente acontece. 
d) CORRETA. Em resumo, o princípio da fragmentaridade define que todo o ilícito penal será também ilícito perante os demais 
ramos do Direito, mas a recíproca não é verdadeira. 
e) CORRETA. Em outras palavras, o Direito Penal funciona como um executor de reserva, entrando em cena somente quando outros 
meios estatais de proteção mais brandos e, portanto, menos invasivos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção 
do bem jurídico tutelado. GABARITO: C 
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Tema: 1.9.2.1 Título I: Dos Crimes contra a Pessoa. 
8 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Em atenção ao art. 121 do Código Penal, com as inclusões da Lei nº 14.344/2022, assinale a alternativa incorreta: 
A) considera-se homicídio qualificado quando praticado contra menor de 14 (quatorze) anos. Nessa hipótese, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de 
sua vulnerabilidade. 
B) a pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima. 
C) no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício. Tal causa de aumento também se aplica se o agente foge para evitar prisão em flagrante. 
D) se o agente comete o crime de homicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço 
E) a pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada até a metade se o autor é ascendente, padrasto ou 
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título 
tiver autoridade sobre ela. 
 
COMENTÁRIOS 
Nos temos da redação dada pela Lei nº 14.344/2022, a pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de 2/3 (e 
não até a metade) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou 
empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 
As demais alternativas estão de acordo com a legislação, in verbis: 
Art. 121. Matar alguem: 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo 
em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
(...) 
Homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência 
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) (...) 
§ 2º-B. A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é aumentada de: (Incluído pela Lei nº 14.344, de 
2022) Vigência 
I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua 
vulnerabilidade; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência 
II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou 
empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência 
(...). 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação 
de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou com doenças degenerativas que acarretem condição limitante 
ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência 
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III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 13.771, de 2018) 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 
7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
GABARITO: E 
 
(Tema: Direito Penal – parte geral. Extinção da punibilidade) 
9 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Acerca da extinção da punibilidade, assinale a alternativa correta. 
A) O artigo 107 do Código Penal, definidor das causas extintivas da punibilidade, por interferir frontalmente no direito de o 
Estado impor sanções penais a determinado agente, é numerus clausus; 
B) O decreto de graça reveste-se de alta carga de discricionariedade do Chefe do Executivo, podendo, inclusive, atingir fins 
pessoais não afetos ao interesse público; 
C) A extinção da punibilidade do crime-fim, atinge, igualmente, a pretensão punitiva estatal em relação ao crime-meio; 
D) Nem todo acórdão condenatório recorrível possui o condão de interromper a prescrição, em especial o redutor de quantum 
punitivo; 
E) Se, na data da sentença, o réu possuir idade superior a 70 anos, a prescrição será reduzida pela metade, não podendo haver 
extensão da benesse àqueles que atingirem referida idade entre a data da sentença e o julgamento dos embargos 
declaratórios. 
 
COMENTÁRIOS 
a) INCORRETA. Quando a expressão em latim “numerus clausus” é juridicamente utilizada para referir-se a uma norma que traz 
determinado rol, indica-se sua taxatividade. 
O art. 107, CP, define, de fato, hipóteses de causas extintivas da punibilidade. Porém, a norma não o faz de modo a esgotar a temática 
– há previsões em outras normas esparsas, e até mesmo de modo supralegal, por meio da Súmula 554, STF: “O pagamento de 
cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal”. 
Algumas previsões de causas de extinção do jus puniendi merecem destaque: 
(1) Reparação do dano produzido pelo peculato culposo, desde que até a sentença irrecorrível (art. 312, §3º, CP): 
“Art. 312, § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta”. 
(2) Suspensão condicional do processo, após o esgotamento do período de prova, sem revogação (art., Lei 9.099/95): 
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja 
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, 
submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições: 
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade”. 
(3) Perdão judicial na colaboração premiada, conforme disciplinado pela Lei 12.850/13: 
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“Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de 
liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e 
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
(...) 
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos 
autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de 
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, 
o art. 28 do Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal)”. 
b) INCORRETA. O instituto da graça – ou indulto individual – é concedida via decreto presidencial, e consiste em causa extintiva 
da punibilidade, afastando-se o direito do Estado de emitir qualquer punição. 
Constitucionalmente, veda-se a concessão de graça (assim como de anistia) aos crimes de tortura, tráfico de entorpecentes, 
terrorismo e hediondos (art. 5º, XLIII, CF). 
Afastam-se dos agraciados o efeito primário da condenação, qual seja, a própria pena ou medida de segurança. Destaca-se que a 
graça NÃO afasta os efeitos secundários, quais sejam: 
- penais, tais como a reincidência, a suspensão condicional da pena e do processo, a liberdade condicional; 
- extrapenais, tais como a obrigação de reparação ao dano, a perda do produto do crime (e demais hipóteses previstas no art. 91, 
CP), e a perda do cargo, a inabilitação para dirigir veículo (e demais hipóteses do art. 92, CP). 
Vale destacar que essa limitação da extensão da graça encontra-se sumulada pelo STJ: 
“Súmula 631: o indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, 
penais ou extrapenais”. 
Dito isso, enfrentemos diretamente a assertiva: o STF, em recente decisão dada em sede de ADPF, entendeu pela 
INCONSTITUCIONALIDADE do decreto presidencial que concedeu graça (indulto individual) com base unicamente em interesse 
personalíssimo, e sem qualquer observância do viés público necessário. Ainda que haja, efetivamente, carga relevante de 
discricionariedade do chefe do Executivo, essa encontra limites no interesse público. Do contrário, conforme a Corte Suprema, há 
desvio de finalidade e violação à moralidade administrativa e à impessoalidade, inafastáveis da função eletiva. 
Assim: 
“É inconstitucional decreto presidencial que, ao conceder indulto individual (graça em sentido estrito), visa atingir objetivos 
distintos daqueles autorizados pela Constituição Federal de 1988, eis que observa interesse pessoal ao invés do público. 
Há, no caso, violação aos princípios da impessoalidade e da moralidade administrativa (art. 37, “caput”, CF/88), além de desvio 
de finalidade” (STF. Plenário. ADPF 964/DF, ADPF 965/DF, ADPF 966/DF e ADPF 967/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 
10/5/2023. Informativo 1094). 
c) CORRETA. A relação crime-meio e crime-fim encontra amparo no conflito aparente de normas, especificamente no princípio 
da consunção. Trata esta resolução de aparente choque normativo das situações em que um fato mais amplo e mais grave absorve 
os demais fatos menos amplos e menos lesivos. Estes agem enquanto meio normal de preparo ou execução do delito, ou como 
simples exaurimento deste. Em outras palavras, há uma relação de continente e conteúdo, em que este viola de modo mais restrito 
um bem jurídico, restando tal violação já abrangida por aquele, mais amplo, mais grave. 
Se há, portanto, esta relação de absorção, evidentemente que a extinção da punibilidade do crime consuntivo/continente/fim reflete-
se, de modo idêntico, no crime consumido/conteúdo/meio. Mas veja: na relação de consunção, há a perda de autonomia do crime-
meio, que não subsiste de per si. É o caso, por exemplo, do falso que se exaure no estelionato, ou da falsidade ideológica no 
descaminho: 
“Súmula 17 do STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. 
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“Responderá apenas pelo crime de descaminho, e não por este em concurso com o de falsidade ideológica, o agente que, com o 
fim exclusivo de iludir o pagamento de tributo devido pela entrada de mercadoria no território nacional, alterar a verdade sobre o 
preço desta. (STJ. 5ª Turma. RHC 31321-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/5/2013. Informativo 523). 
Nesta última decisão citada, o STJ enfrentou a questão da punibilidade, deixando absolutamente claro que a extinção da punibilidade 
do descaminho será igualmente refletida na falsidade ideológica: 
“No caso em que a falsidade ideológica tenha sido praticada com o fim exclusivo de proporcionar a realização do crime de 
descaminho, a extinção da punibilidade quanto a este – diante do pagamento do tributo devido – impede que, em razão daquela 
primeira conduta, considerada de forma autônoma, proceda-se à persecução penal do agente. Isso porque, nesse contexto, 
exaurindo-se o crime-meio na prática do crime-fim, cuja punibilidade não mais persista, falta justa causa para a persecução pelo 
crime de falso, porquanto carente de autonomia”. 
Note, porém, uma diferença altamente relevante entre os institutos da consunção, do crime acessório, do crime complexo e do crime 
conexo – nestes três, a extinção da punibilidade do crime pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante (leia-se, 
também, majorante e qualificadora) de outro NÃO se estenderá ao outro delito. Essa é a regra do art. 108, CP, que anuncia o princípio 
da autonomia: 
“Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não 
se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena 
resultante da conexão”. 
A explicação encontra-se bastante elucidada na obra de Cleber Masson, a quem nos referimos integralmente: 
“Crime acessório, também denominado de crime de fusão ou parasitário, é aquele cuja existência depende da prática anterior de 
outro crime, chamado de principal. A extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao crime acessório. Exemplo: a 
lavagem de dinheiro (Lei 9.613/1998, art. 1º) será punível mesmo com a extinção da infração penal que permitiu a sua prática. 
Crime complexo, por sua vez, é aquele que resulta da união de dois ou mais crimes. A extinção da punibilidade da parte (um dos 
crimes) não alcança o todo (crime complexo). Exemplo: eventual prescrição do roubo não importa na automática extinção da 
punibilidade do latrocínio. 
Crime conexo, finalmente, é o praticado para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. É o 
que se dá com indivíduo que, para vender drogas, mata um policial que o investigava. A ele serão imputados os crimes de homicídio 
qualificado pela conexão (CP, art. 121, §2º, V) em concurso material com o tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33). E de 
acordo com o art. 108 do Código Penal, ainda que ocorra a prescrição do tráfico de drogas, subsiste, no tocante ao homicídio, a 
qualificadora da conexão” (MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120). V. 1. 15ª ed. Rio de Janeiro: Forense: 
Método, 2021, p. 782). 
Outros exemplos, por fim, para melhor visualizaçãoda temática: 
- relação crime principal e acessório: furto e receptação. Este pressupõe crime anterior. O furto, nesse exemplo, é pressuposto da 
receptação. Extinta a punibilidade do furto, pela morte do furtador, não se impede a punição do autor da receptação; 
- crime complexo: fusão de dois ou mais tipos penais – roubo (furto + constrangimento ilegal); extorsão mediante sequestro (extorsão 
+ sequestro). A extinção da punibilidade é analisada no todo: no roubo, na extorsão mediante sequestro. Assim, não se analisa, por 
exemplo, a extinção da punibilidade do furto ou da extorsão. Caso, em abstrato, fosse possível identificar, por exemplo, a prescrição 
do furto, em NADA seria o roubo afetado; 
- circunstância agravante, qualificadora, majorante: caso, por exemplo, do crime de estupro qualificado pela lesão grave. A análise 
da extinção da punibilidade do crime sexual é analisada de modo absolutamente independente da lesão grave que o qualifica; 
- crime conexo: o homicídio continuará qualificado mesmo que o crime cuja execução procurou se assegurar (exemplo do tráfico 
de drogas) tenha sua punibilidade extinta. Imagine o caso em que o tráfico de drogas reste prescrito. Ora, evidentemente que não há 
qualquer lógica em afastar do Estado o direito de punir o homicídio que, como dito, seguirá qualificado. 
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d) INCORRETA. Dentre as causas interruptivas da prescrição, encontra-se a publicação da sentença ou acordão condenatórios. 
Vejamos: 
“Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se: 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
II - pela pronúncia; 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; 
VI - pela reincidência” 
Após intensos debates nos Tribunais Superiores, o STF, em 2020, pacificou a celeuma, entendendo que o acórdão que confirma a 
sentença interromperá a prescrição, seja ele aumentando, reduzindo ou mantendo a sentença outrora imposta: 
“Nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive 
quando confirmatório da sentença de 1º grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta” (STF. 
Plenário. HC 176473/RR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/04/2020). 
O STJ passou a seguir esse entendimento, e, em 2022, fixou a mesma tese em sede de recurso repetitivo. Vejamos: 
“O acórdão condenatório de que trata o inciso IV do art. 117 do Código Penal interrompe a prescrição, inclusive quando 
confirmatório de sentença condenatória, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente imposta” (STJ. 3ª Seção. 
REsp 1.930.130-MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/08/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1100). Informativo 
744). 
e) INCORRETA. Dita o art. 115, CP, que o prazo prescricional será reduzido da metade caso o criminoso, na data da sentença, for 
maior de 70 anos: 
“Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) 
anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos”. 
Recentemente, O STJ ampliou esse entendimento, determinando a aplicação da benesse àqueles que alcançam citada idade não 
apenas na data da sentença, mas entre ela e o julgamento dos embargos declaratórios: 
“É cabível a redução do prazo prescricional pela metade (art. 115 do CP) se, entre a sentença condenatória e o julgamento dos 
embargos de declaração, o réu atinge a idade superior a 70 anos, tendo em vista que a decisão que julga os embargos integra a 
própria sentença condenatória. (STJ. 6ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1.877.388-CE, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 
julgado em 2/5/2023. Informativo 773). 
Gabarito: C. 
 
Tema: Direito Penal – Parte geral: Escolas Penais 
10 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Assinale a alternativa que efetua a correta correspondência entre a Escola Penal, seus autores e as respectivas definições: 
A) Enrico Ferri, enquanto Positivista, sucedeu Césare Lombroso, alargando seus estudos para além do simples determinismo 
biológico, inserindo fatores exógenos de cunho social na delimitação dos perfis criminais; 
B) Luiz Jiménez de Asúa destaca-se enquanto expoente do Tecnicismo jurídico-penal, que se configurou reativo tanto à Escola 
Clássica quanto à Escola Positiva; 
C) Cesare Lombroso, grande expoente da Escola Positivista, traçou cinco grandes perfis de tipos criminosos, a saber: 
criminoso nato, louco, habitual, ocasional e passional; 
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D) Feuerbach, autor clássico, por meio de sua emblemática obra “Dos delitos e das penas”, registrou que o delito é a quebra 
do pacto social, razão pela qual a pena representa a reparação lógica ao dano provocado e, também, um sistema de defesa 
social; 
E) O correcionalismo penal, que, dentre outros, tem como expoente o autor Pedro Dorado Montero, opôs-se ao viés da punição 
carregado de prevenção especial do delinquente. 
 
COMENTÁRIOS 
a) CORRETA. Ferri de fato sucedeu Lombroso nos estudos da Escola Positivista, agregando fatores sociológicos (tais como a 
densidade demográfica, a família, a religião) e físicos (como temperatura, estações do ano) ao estudo do criminoso. Por muitos, 
inclusive, é intitulado pai da sociologia criminal. Esse alargamento do escopo, em relação a seu precursos, fica bastante claro quando 
da classificação dos criminosos feita por Ferri, a saber: 
I - Delinquente Nato, Instintivo: É o tipo instintivo de criminoso, dotado da completa atrofia do senso moral. Ferri o classifica como 
o de maior periculosidade, ante suas condições de anormalidade fisiopsíquica; 
II - Delinquente Louco: É levado ao crime não apenas por sua enfermidade mental, mas também por sua atrofia do senso moral; 
III - Delinquente Habitual: É aquele que, segundo Ferri, nascido e criado em ambientes de miséria material e moral, começa desde 
logo com leves faltas para, depois, pela influência do encarceramento, pela falta de oportunidades e pela aprendizagem da 
delinquência, recai na atividade criminal como modo de vida; 
IV - Delinquente Ocasional: É considerado o de menor periculosidade e de maior corrigibilidade. Delinque devido a fortes 
influências do ambiente, necessidades familiares, provocações externas. Aqui se encaixa perfeitamente o dito popular "a ocasião 
faz o ladrão. Não é o delito resultado de uma atrofia moral. Na maioria dos casos, os delitos cometidos são leves. 
V Delinquente Passional: impelido ao crime por paixões, sejam elas de ordem pessoal, política ou social. 
B) INCORRETA. Luiz Jiménez Asúa era, em verdade, adepto à Escola Correcionalista, e não do tecnicismo jurídico-penal. 
Os principais expoentes do correcionalismo, para além de Jiménez Asúa, são: Pedro Dorado Montero, Concepción Arenal, Giner 
de Los Ríos, Romero Gíron, Félix de Aramburu y Zuloaga, Rafael Salilas. 
Os correcionalistas repudiam os ditames da Escola Clássica, visto que consideram o criminoso um ser inferior, débil, merecedor de 
uma pena sem limites temporais, até que seja possível estabelecer uma cura, uma regeneração desse indivíduo. 
Por fim, sobre o tecnicismo jurídico-penal, tracemos algumas considerações: 
- Seus principais expoentes são: Arturo Rocco, Karl Binding, Vincenzo Manzini, Eduardo Massari, Giacomo Delitala e Ottorino 
Vannini; 
- Reagiu à Escola Positivista, porque se afastou de seu conteúdo determinista (biológico, antropológico, sociológico); 
- Reagiu, também, à Escola Clássica, uma vez que repudiava o estudo do Direito Penal para além da mera positivação jurídica. 
C) INCORRETA. Como dito acima, as cinco classificações dos tipos criminosos pertencem à obra de Enrico Ferri, e não de 
Lombroso. Este tratava tão somente do primeiro, o criminoso nato, que era, para o autor, um ser atávico, com aspectos físicos 
indicadoresdo impulso criminoso, tais como: fronte fugidia, assimetria craniana, rosto largo e achatado, maçãs do rosto bem 
desenvolvidas, lábios finos, muitas vezes os criminosos eram canhotos, com cabelos abundantes, barbas ralas, olhar errante, oblíquo. 
D) INCORRETA. A despeito de Feuerbach pertencer à Escola Clássica, o autor da obra “Dos delitos e das penas” é, em verdade 
Cesare Beccaria. A assertiva, porém, em sua parte final, ao aduzir que a obra registra que o delito é a quebra do pacto social, sendo 
a pena sua resposta lógica, direcionada tanto a reparar o dano como a integrar um sistema de defesa social. 
Essa é, no geral, a racionalidade dos Clássicos – envoltos no espírito Iluminista, seus adeptos encaravam o delito como uma quebra 
do pacto social por livre escolha do indivíduo. Era o crime, ainda, um ente jurídico, ao qual a resposta deveria ser igualmente 
jurídica, ou seja, racional, proporcional e limitada pela lei, contrapondo-se ao regime absolutista anterior. 
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e) INCORRETA. Pedro Dorado Montero, assim como Concepción Arenal, Giner de Los Ríos, Romero Gíron, Félix de Aramburu 
y Zuloaga, Rafael Salilas e Luis Jiménez de Asúa, foram os grandes nomes do Correcionalismo Penal. Esta Escola propugnava que, 
por ser inferior, débil, deveria o criminoso ser tratado, curado, regenerado. Assim, a função da pena era especialmente de prevenção 
especial do delinquente. 
Lembre-se: a prevenção especial é a direcionada à pessoa do condenado, e surge, assim, no momento da aplicação da pena. Sob o 
espectro negativo, procura neutralizar o delinquente. Sob o aspecto positivo, preocupa-se com a ressocialização, readaptação do 
condenado ao seio social. 
A prevenção geral, por outro lado, direciona-se à sociedade como um todo. A seu viés positivo, atribui-se à pena o caráter de reforço 
do bom funcionamento do Estado, de conformação social com as regras prescritas no ordenamento jurídico. Já a seu viés negativo, 
a prevenção geral atua com o efeito intimidatório da punição, desencorajando os cidadãos à atividade criminosa. 
Gabarito: A. 
 
Tema: Direito Penal – parte especial. Crimes contra o patrimônio. Crimes contra a administração pública. Crimes contra a 
pessoa. Crimes contra a incolumidade pública 
11 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Considerando os mais diversos crimes previstos na Parte Especial do Código Penal, assinale a alternativa correta. 
I) Presume-se o perigo no crime de causação de incêndio; 
II) Aquele que sabe da falsa imputação criminosa e, mesmo assim, a propala ou a divulga, incorrerá nas penas previstas no caput 
do delito de calúnia, com aumento de 1/3; 
III) Na hipótese de ser o receptador primário, ser a coisa produto de crime de pequeno valor, e, ainda, ser o delito praticado na sua 
modalidade dolosa, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena; 
IV) Crime contra a administração pública praticado por Desembargador, no exercício da função pública e em razão dela, deverá ter 
a pena aumentada da terça parte, em razão da imposição hierárquica inerente ao cargo; 
V) Não havendo emprego de violência, o crime de exercício arbitrário das próprias razões deve ser processado mediante 
representação do ofendido. 
A) Estão corretas I e II, apenas; 
B) Estão corretas II e IV, apenas; 
C) Estão corretas, III, IV e V, apenas; 
D) Todas estão corretas; 
E) Todas estão incorretas. 
 
COMENTÁRIOS 
I) INCORRETA. O art. 250, CP, disciplina o crime de incêndio: 
“Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”. 
A expressão “expondo a perigo de vida” identifica que o delito é de perigo concreto. A conduta, para ser típica, deverá expor o bem 
jurídico (incolumidade pública) a um perigo concreto, demonstrável, aferível, e não presumido. Em outras palavras, não existe 
presunção legal da ocorrência do perigo, tal qual nos crimes de perigo abstrato – deve haver demonstração concreta de que existiu 
risco de perigo e de lesão. 
II) INCORRETA. Aquele que tem conhecimento da calúnia/falsa imputação criminosa, incorrerá nas mesmas penas previstas no 
caput, não havendo qualquer previsão de causa de aumento para tanto: 
“Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
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§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga”. 
As causas de aumento previstas para os crimes contra a honra, de modo comum, encontram-se disciplinadas no art. 141, CP: 
“Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados 
ou do Supremo Tribunal Federal; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 
3º do art. 140 deste Código. 
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores, aplica-se 
em triplo a pena”. 
III) INCORRETA. A assertiva mistura as consequências legais das benesses previstas para a receptação dolosa e a culposa. 
Vejamos: 
→ Receptação culposa: 
Trata-se da modalidade prevista no art. 180, §3º, CP: 
“§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a 
oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso”. 
À hipótese culposa, o CP, no art. 180, §5º, estatui que caberá o perdão judicial, ou seja, a não aplicação da pena, desde que 
obedecidos os seguintes requisitos: 
- primariedade do agente; 
- circunstâncias do crime indicam que o fato não se reveste de especial gravidade. Para a doutrina e a jurisprudência, essa ausência 
de especial gravidade consubstancia-se no pequeno valor da coisa e na ausência de antecedentes criminais (MASSON, Cleber. 
Direito Penal: parte especial (arts. 121 a 212. V. 2. 14ª ed. Rio de Janeiro: Forense; Método, 2021, p. 628). 
“Art. 180, § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de 
aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155”. 
De outro lado, à receptação dolosa caberá o benefício do privilégio, previsto expressamente no art. 155, §2º, CP, a saber: 
“§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, 
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”. 
Veja, portanto, que a despeito de primariedade e pequeno valor da coisa serem requisitos comuns ao perdão judicial e à figura 
privilegiada, aquele apenas se aplica à modalidade culposa da receptação. Em outras palavras: mesmo que primário, e de pequeno 
valor a coisa receptada, à figura dolosa APENAS caberá a modalidade privilegiada, e não o perdão judicial. 
IV) INCORRETA. O art. 327, CP, que traz o conceito de funcionário público para fins penais, prevê causa de aumento, assim 
descrita: 
“§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos 
em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa 
pública ou fundação instituída pelo poder público”. 
O STF tratou sobre referido parágrafo, determinando a necessidade de avaliar, in casu, a existência do que convencionou chamar 
de imposição hierárquica no mandato eletivo,não sendo a majorante, portanto, aplicável automaticamente a todo agente político: 
“A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal pode ser aplicada aos agentes detentores de mandato eletivo 
(agentes políticos) que exercem, cumulativamente, as funções política e administrativa. (STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. 
Joaquim Barbosa, 29/5/2012). 
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“O simples fato de o réu exercer um mandato popular não é suficiente para fazer incidir a causa de aumento do art. 327, § 2º, do 
CP. É necessário que ele ocupe uma posição de superior hierárquico” (STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 02 e 03/03/2016. Informativo 816). 
Essa posição de superior hierárquico foi chamada pela Suprema Corte de imposição hierárquica e a temática, mais recentemente, 
foi tratada pelo STJ, quando do julgamento de réu Desembargador. O raciocínio desenvolvido foi na mesma esteira, entendendo o 
Tribunal Superior que a imposição hierárquica, a função de direção deve estar descrita, não sendo presumível pelo simples exercício 
do cargo (STJ. Corte Especial. AgRg na APn 970-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 04/05/2022. Informativo 736). 
V) INCORRETA. O crime de exercício arbitrário das próprias razões consiste no ato de fazer justiça com as próprias mãos, a fim 
de satisfazer pretensão legítima, nos casos não permitidos pela lei. É processado via ação penal pública incondicionada, salvo no 
caso previsto no parágrafo único do art. 345, CP, qual seja, quando inexistente o emprego de violência. Nessa situação, ao revés do 
afirmado na assertiva, não se procede via representação, mas mediante queixa (ação penal privada). Vejamos: 
“Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa”. 
Gabarito: E. 
 
Tema: Crimes contra a administração pública 
12 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Quanto aos crimes contra a administração pública, assinale a assertiva correta. 
A) Aumenta-se a pena do crime de coação no curso do processo em metade, caso o processo envolva crime contra a dignidade 
sexual; 
B) Há escusa absolutória nos casos em que o crime de favorecimento real for cometido por auxílio do ascendente, descendente, 
cônjuge ou irmão do criminoso; 
C) Determinado titular de Ofício de Registro de Imóveis exigia, frequentemente, emolumentos de forma excessiva em 
determinada operação. A constatada dificuldade exegética da norma correspondente, no entanto, não é capaz de afastar o 
crime de excesso de exação; 
D) A pena cominada àquele que afasta ou tenta afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento 
de vantagem de qualquer tipo, é mais severa se comparada à prevista para aquele que se abstém ou desiste de licitar em 
razão da vantagem oferecida; 
E) O peculato, na sua modalidade desvio, é crime formal, não demandando que o agente público obtenha vantagem, bastando, 
para tanto, que ao valor se dê destinação diversa da determinada pela Administração Pública. 
 
COMENTÁRIOS 
a) INCORRETA. A pena será de 1/3 até a metade caso o processo em que a coação se verificar, versar sobre crime contra a 
dignidade sexual. Vejamos: 
“Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou 
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a metade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual”. 
b) INCORRETA. A previsão de isenção de pena/escusa absolutória para ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso 
é relativa ao favorecimento PESSOAL, e não ao favorecimento real (hipótese delitiva em que o auxílio prestado é destinado a tornar 
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seguro o proveito do crime). Naquele, o auxílio é para que o autor do crime se subtraia à ação da autoridade pública, e apenas nos 
casos em que o tipo penal cominado for punível com reclusão. Vejamos: 
“Favorecimento pessoal 
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena”. 
“Favorecimento real 
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do 
crime: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa”. 
c) INCORRETA. O crime de excesso de exação encontra-se tipificado no art. 316, §1º, CP: 
“Excesso de exação 
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na 
cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”. 
Antes de analisar o caso narrado na assertiva, lembre-se que os titulares de cartórios de notas e de registro são considerados 
servidores públicos para fins penais, pois, por meio de concurso público, recebem delegação do poder público para atuação na esfera 
cartorária. 
Enfrentemos a situação em questão: exegese traduz-se, em suma, em interpretação. A assertiva narra o caso em que o titular do 
Cartório cobrava de modo excessivo em determinada situação, mas amparado por dificuldade exegética, ou seja, dificuldade 
interpretativa. Se devidamente demonstrada a problemática no processo interpretativo da norma, não se pode imputar o delito de 
excesso de exação, especialmente por demandar elemento subjetivo doloso. 
Nesse sentido é a decisão do STJ: 
“A mera interpretação equivocada da norma tributária não configura o crime de excesso de exação”. (STJ. 6ª Turma. REsp 
1.943.262-SC, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 05/10/2021. Informativo 712). 
No mesmo sentido, a doutrina: 
“se a dúvida é escusável diante da complexidade de determinada lei tributária, não se configura o delito” (PRADO, Luiz 
Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, Parte Geral e Parte Especial. Luiz Regis Prado, Érika Mendes de Carvalho, Gisele Mendes 
de Carvalho. 14ª ed. São Paulo: RT, 2015, p. 1.342). 
(Comentários extraídos de: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Buscador Dizer o Direito. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/informativo/detalhes/2838023a778dfaecdc212708f721b788). 
d) INCORRETA. Tanto quem afasta ou tenta afastar o licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de 
vantagem, como aquele que se abstém ou desiste de licitar em razão de tal vantagem, têm contra si idêntica pena cominada. Vejamos: 
“Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de 
qualquer tipo: 
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem oferecida”. 
e) CORRETA. O art. 312, CP, in fine, dprev6e a modalidade desvio do crime de peculato: 
“Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem 
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
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Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa”. 
Pergunta-se: a consumação do peculato-desvio se dá com o desvio em si, ou com a obtenção de proveitopróprio ou alheio? 
Conforme o STJ, no momento em que o funcionário público dá destinação diversa da prevista legitimamente. 
Vejamos o que diz a doutrina: 
“No caso de peculato-desvio, a consumação se concretiza quando o agente, traindo a confiança que lhe fora depositada, dá à coisa 
destinação diversa daquela determinada pela Administração Pública, no intuito de beneficiar a si próprio ou a terceiro. Não há 
necessidade, porém, de que o agente obtenha o proveito visado, bastando para a consumação que ocorra o desvio” (PRADO, Luiz 
Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, Volume II – Parte Especial. 16ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018, p. 783). 
O STJ, em 2019, decidiu nesse exato sentido, no seguinte caso: Governador, diante da crise financeira do Estado, determinou à 
Secretaria de Administração e Planejamento que os empréstimos consignados pelos servidores públicos, descontados em folha, não 
deveriam ser repassados ao banco naquele momento, mas usados pelo ente para quitação das dívidas. 
O delito, assim, se consumou no momento em que se deu destinação diversa – a não transferência dos valores ao banco credor – 
pouco importando se houve obtenção de proveito pelo agente, tratando-se, assim, de crime formal. 
Assim, resumindo, decidiu o STJ: 
 “O administrador que desconta valores da folha de pagamento dos servidores públicos para quitação de empréstimo consignado 
e não os repassa a instituição financeira pratica peculato-desvio, sendo desnecessária a demonstração de obtenção de proveito 
próprio ou alheio, bastando a mera vontade de realizar o núcleo do tipo” (STJ. Corte Especial. APn 814-DF, Rel. Min. Mauro 
Campbell Marques, Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 06/11/2019 (Info 664) (Comentários extraídos de: 
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Pratica o crime de peculato-desvio o Governador que determina que os valores 
descontados dos contracheques dos servidores para pagamento de empréstimo consignado não sejam repassados ao banco, 
mas sim utilizados para quitação de dívidas do Estado. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/448d5eda79895153938a8431919f4c9f>). 
Gabarito: E. 
 
Direito Processual Penal 
 
 
Tema: Do inquérito policial (2.14.2) 
13 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Entende-se por notitia criminis o conhecimento por parte da autoridade policial, de forma espontânea ou provocada, de informações 
que demonstrem a existência de um fato delituoso. Acerca das classificações doutrinárias de notitia criminis, assinale a alternativa 
incorreta: 
A) Notitia criminis inqualificada, consubstanciada na chamada denúncia apócrifa, ou seja, é a denúncia realizada por pessoa 
que não deseja se identificar, em regra, por temer sofrer represálias. 
B) Notitia criminis de cognição coercitiva, se dá nos casos em que o autor de determinada infração penal se apresenta 
espontaneamente a autoridade policial, o que impede a lavratura do auto de prisão em flagrante. 
C) Notitia criminis de cognição imediata, na qual a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através das suas 
atividades rotineiras, espontaneamente. 
D) Notitia criminis de cognição provocada, se dá através de expedientes escritos dirigidos à autoridade policial. 
E) Delatio criminis, espécie de notitia criminis, configurada quando qualquer do povo, e não a vítima ou seu representante 
legal, comunica determinado crime a autoridade policial. 
 
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COMENTÁRIOS 
A – CORRETA: Notitia criminis inqualificada é, nas lições de Renato Brasileiro de Lima, a chamada denúncia anônima ou apócrifa, 
ou seja, é a denúncia realizada por pessoa que não deseja se identificar por temer sofrer represálias. Inclusive, é importante recordar-
se sobre o tema que, diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito policial, valer-se do 
chamado VPI, verificação da procedência das informações, até mesmo para evitar qualquer possibilidade de incorrer no artigo 27, 
caput, da Lei de abuso de autoridade, que criminaliza a conduta de requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório 
de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou 
de infração administrativa. 
(OBS: Importante ressaltar que as condutas descritas na Lei que constituem crime de abuso de autoridade só estarão configuradas, 
em regra, quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, 
ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal). 
B – INCORRETA: Ao revés, ensina Renato Brasileiro de Lima que a notitia criminis de cognição coercitiva se dá nos casos em que 
a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. Desta forma, 
comprovado o estado flagrancial e convencido da autoria e materialidade de determinada infração penal, a notitia criminis de 
cognição coercitiva ensejará a lavratura do auto de prisão em flagrante pela autoridade policial. Sobre a apresentação espontânea, 
ensina Rafael Francisco Marcondes de Moraes que a redação do art. 304 do Código de Processo Penal esclarece que o suspeito 
capturado deve ser “apresentado” à autoridade competente, vale dizer, pressupõe a ideia de que fora ele conduzido, contra sua 
vontade, à presença do Delegado de Polícia, indicando uma distinção entre “apresentado” e “apresentar-se”. Ademais, não há na 
apresentação espontânea subsunção a nenhuma das hipóteses em que a pessoa é legalmente considerada em estado flagrancial e que 
autorizariam sua prisão em flagrante delito. Nesse ponto, importante consignar que no âmbito da Polícia Civil do Estado de São 
Paulo existe a Recomendação DGP nº 1, de 13 de junho de 2005, que preconiza em seu item XV: O emprego da palavra 
“apresentado”, no artigo 304, do CPP, não equivalente a “apresentando-se”, afasta a possibilidade de prisão em flagrante daquele 
que, comparecendo espontaneamente perante a autoridade policial, comunique a prática de uma infração penal até então ignorada 
desta. Cumpre ressaltar que, ainda que o indivíduo compareça espontaneamente, se o Delegado de Polícia entender cabíveis e 
necessárias, deverá representar pela prisão temporária ou prisão preventiva a autoridade judiciária competente, comprovando o 
cumprimento dos seus respectivos requisitos. 
C – CORRETA: Na notitia criminis de cognição imediata ou espontânea a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso 
através das suas atividades rotineiras, espontaneamente, a exemplo da autoridade policial que toma conhecimento a respeito de 
determinado crime de grande repercussão através da mídia televisiva. 
D – CORRETA: Na notitia criminis de cognição mediata ou provocada, a autoridade policial toma conhecimento dos fatos 
delituosos através de expedientes escrito, a exemplo de requisições oriundas do Ministério Público ou mesmo de representação do 
ofendido. 
E – CORRETA: Ensina Renato Brasileiro de Lima que delatio criminis é espécie de notitia criminis, consubstanciada na 
comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade policial, e não pela vítima ou seu representante 
legal. A depender do caso concreto pode ser considerada notitia criminis de cognição imediata ou mesmo mediata. 
GABARITO: B. 
 
Tema: Do inquérito policial (2.14.2) 
14 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Acerca do acordo de não persecução penal, assinale a alternativa correta: 
A) Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua 
voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade. 
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B) Dentre os requisitos legais para a propositura do acordo de nãopersecução penal está a necessidade de que seja possível a 
aplicação da transação penal. 
C) Tendo em vista tratar-se de negócio jurídico pré-processual, a reparação do dano é indispensável, em qualquer hipótese, 
para a propositura do acordo de não persecução penal. 
D) Não há, nos termos da lei, necessidade de comunicação à vítima de quaisquer dos atos envolvendo o acordo de não 
persecução penal. 
E) O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo 
investigado e, facultativamente, por seu defensor. 
 
COMENTÁRIOS 
A – CORRETA: Nos exatos termos do art. 28-A, §4º, Código de Processo Penal, para a homologação do acordo de não persecução 
penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença 
do seu defensor, e sua legalidade. 
B – INCORRETA: Ao revés, nos termos do art. 28-A, §2º, I, CPP, o disposto no caput deste artigo não se aplica em determinadas 
hipóteses, dentre elas nos casos em que for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos 
da lei. 
C – INCORRETA: Importantíssimo o conhecimento dos detalhes que envolvem o acordo de não persecução penal, tendo em vista 
a alta probabilidade de cobrança nas provas. Assim, recorde-se que, nos termos do art. 28-A, CPP, não sendo caso de arquivamento 
e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com 
pena mínima inferior a quatro anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e 
suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (I) 
reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo. Portanto, havendo a impossibilidade de reparação 
do dano, ainda assim poderá ser proposto o acordo de não persecução penal. 
D – INCORRETA: Ao contrário do apresentado, a vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de 
seu descumprimento, nos termos do art. 28-A, §9º, CPP. 
E – INCORRETA: A presença do defensor é indispensável em todas as etapas do acordo de não persecução penal, principalmente 
no momento de sua formalização. Nos termos do art. 28-A, § 3º, CPP, o acordo de não persecução penal será formalizado por escrito 
e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. 
GABARITO: A. 
 
Tema: Da prova (2.14.7) 
15 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
A cadeia de custódia, nos termos do art. 158-B do Código de Processo Penal, compreende o rastreamento do vestígio em diversas 
etapas, minuciosamente descritas no referido diploma legal. Acerca das etapas da cadeia de custódia, assinale a alternativa correta: 
A) Descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e a indispensável autorização 
judicial. 
B) Fixação: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características 
biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por 
perito. 
C) Acondicionamento: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas características e 
natureza. 
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D) Isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e 
relacionado aos vestígios e local de crime, sendo atribuição de qualquer policial responsável pela preservação a liberação 
do local, momento em que será possível a entrada de pessoas e a remoção dos vestígios. 
E) Recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações 
referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem 
transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação 
de quem o recebeu. 
 
COMENTÁRIOS 
A – INCORRETA: Previsto no art. 158-B, X, CPP, o descarte compreende o procedimento referente à liberação do vestígio, 
respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. Assim, a autorização judicial não será sempre 
necessária, como leva a crer a alternativa. 
B – INCORRETA: A fixação é, na realidade, a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo 
de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua 
descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento. Em contrapartida, o processamento é o exame 
pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, 
a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito. 
C – INCORRETA: A alternativa buscou confundir o candidato ao inverter conceitos. A coleta é o ato de recolher o vestígio que 
será submetido à análise pericial, respeitando suas características e natureza, enquanto o acondicionamento é o procedimento por 
meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e 
biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento, nos termos 
do art. 158-B, incisos IV e V, respectivamente, do CPP. 
D – INCORRETA: Inicialmente, cumpre salientar que, de fato, o isolamento é ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo 
isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime. Contudo, nos termos do art. 158-B, 
§2º, CPP, é proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação 
por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. Portanto, o erro se encontra na parte final 
da alternativa. 
E – CORRETA: Nos termos do art. 158-B, VII, CPP, o recebimento é o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve 
ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, 
local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, 
assinatura e identificação de quem o recebeu 
GABARITO: E. 
 
Tema: Aplicação da lei processual penal. 
16 - (Questão autoral Projeto em Delta – 2023) 
Acerca da lei processual penal, assinale a alternativa incorreta. 
A) Em benefício do réu, de acordo com as regras de sucessão da lei no tempo, aplicar-se-á a norma de direito material mais 
benéfica, não se podendo dizer o mesmo das normas genuinamente processuais; 
B) Em uma mesma fase processual é absolutamente permitido que mais de uma lei processual penal seja aplicada; 
C) Quando o Código de Processo Penal prevê que o juiz poderá realizar o interrogatório de réu preso por vídeo conferência 
ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, utiliza-se da regra da interpretação extensiva; 
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D) Conforme leciona o Código de Processo Penal, atos processuais efetuados sob normativa anterior não precisam ser 
renovados quando da vigência de nova lei; 
E) Para além da aplicação analógica e da interpretação extensiva, o Código de Processo Penal prevê, de modo expresso, a 
suplementação por meio dos princípios gerais de direito. 
 
COMENTÁRIOS 
a) CORRETA. Normas de direito material são normas essencialmente de Direito Penal, não havendo maiores dúvidas quanto à sua 
aplicabilidade no tempo – a lei penal não retroagirá, salvo se mais benéfica.

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