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BIOESTATÍSTICA Tatiana Parenti Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Construir uma tabela de frequência de agrupamento por intervalo de classe. � Descrever as informações expressas na tabela de agrupamento por intervalo de classe. � Analisar as informações contidas na tabela de agrupamento por in- tervalo de classe. Introdução Neste capítulo, você vai aprender como organizar os dados quantitativos em uma tabela de agrupamento por intervalo de classe. Com isso, é possível apresentar um número maior de dados e facilitar a análise e a interpretação dos resultados de uma investigação. Como construir uma tabela de frequência de agrupamento por intervalo de classe? As tabelas têm a função de condensar informações. Em alguns casos, o número de dados é tão grande que dificulta a análise. Nessas situações, são utilizadas as tabelas com dados agrupados por intervalo de classe. Vimos como realizar essa organização, partindo do número total de dados coletados, dividindo-o Bioestatistica_LIVRO.indb 77 13/03/2018 09:16:37 pelo número de linhas da tabela, sendo um número máximo de 8 a 10 linhas. Dessa forma, se o número de dados coletados é de 400, divide-se esse total por 10, dessa forma o valor do intervalo será 40. E assim ocorrerá em cada situação. Definido o intervalo, são distribuídos, nas linhas das tabelas, os dados em ordem crescente, do menor número encontrado até o maior. Vejamos as Tabelas 1, 2 e 3 com intervalo, que são usadas para representar dados referentes à saúde no Brasil. Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe78 Bioestatistica_LIVRO.indb 78 13/03/2018 09:16:37 To ta l Si tu aç ão d o do m ic íli o U rb an o Ru ra l N úm er o IC 95 % a N úm er o IC 95 % a N úm er o IC 95 % a Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or To ta l 9. 12 1. 63 1 8. 63 4. 05 1 9. 60 9. 21 1 8. 18 6. 89 1 7. 70 7. 51 5 8. 66 6. 26 8 93 4. 74 0 81 2. 63 2 1. 05 6. 84 8 Se xo M as cu lin o 3. 68 8. 36 9 3. 32 9. 85 3 4. 04 6. 88 5 3. 36 1. 94 4 3. 00 7.9 52 3. 71 5. 93 6 32 6. 42 5 25 4. 58 4 39 8. 26 6 Fe m in in o 5. 43 3. 26 2 5. 06 7.6 75 5. 79 8. 84 9 4. 82 4. 94 8 4. 46 5. 83 0 5. 18 4. 06 5 60 8. 31 5 50 7.3 13 70 9. 31 6 G ru po s de id ad e (e m a no s) 18 -2 9 22 5. 73 6 14 4. 88 8 30 6. 58 5 18 5. 56 0 10 9. 38 5 26 1. 73 5 40 .17 6 13 .0 07 67 .3 46 30 -5 9 4. 11 5. 92 4 3. 74 4. 49 3 4. 48 7.3 55 3. 71 8. 50 9 3. 35 3. 86 2 4. 08 3. 15 6 39 7.4 15 32 0. 13 2 47 4. 69 8 60 -6 4 1. 21 7.9 70 1. 04 2. 59 5 1. 39 3. 34 5 1. 05 1. 83 5 88 4. 57 3 1. 21 9. 09 8 16 6. 13 5 10 9. 30 3 22 2. 96 7 65 -7 4 2. 25 2. 82 9 20 0. 47 2 2. 50 0. 93 8 2. 01 5. 06 0 1. 77 3. 34 3 2. 25 6. 77 6 23 7.7 69 17 0. 46 0 30 5. 07 9 75 o u m ai s 1. 30 9.1 71 1.1 30 .0 20 1. 48 8. 32 2 1. 21 5. 92 7 1. 03 9. 35 8 1. 39 2. 49 7 93 .2 44 52 .4 84 13 4. 00 4 Ta be la 1 . N úm er o es tim ad o de a du lto s (+ 18 a no s) q ue re fe rir am d ia gn ós tic o m éd ic o de d ia be te s, de a co rd o co m a s ca ra ct er ís tic as s oc io de m og rá fic as e a sit ua çã o do d om ic íli o. (C on tin ua ) 79Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe Bioestatistica_LIVRO.indb 79 13/03/2018 09:16:37 Fo nt e: B ra sil (2 01 3) . To ta l Si tu aç ão d o do m ic íli o U rb an o Ru ra l N úm er o IC 95 % a N úm er o IC 95 % a N úm er o IC 95 % a Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or Li m it e in fe ri or Li m it e su pe ri or N ív el d e in st ru çã o At é o en sin o Fu nd am en ta l in co m pl et o 5. 47 6. 24 2 5. 11 2. 36 7 5. 84 0. 11 8 4. 71 7.4 70 4. 36 2. 88 5 5. 07 2. 05 6 75 8. 77 2 64 8. 11 8 86 9. 42 6 En sin o Fu nd am en ta l c om - pl et o ou M éd io in co m pl et o 1. 21 7.4 30 1. 00 2. 34 8 1. 43 2. 51 3 1.1 30 .8 00 91 8. 78 7 1. 34 2. 81 2 86 .6 31 49 .2 43 12 4. 01 8 En sin o M éd io c om pl et o ou Su pe rio r i nc om pl et o 1. 64 8. 75 4 1. 42 1. 76 6 1. 87 5. 74 1 1. 58 9. 32 4 1. 36 4. 62 5 1. 81 4. 02 3 59 .4 30 27 .2 07 91 .6 53 En sin o Su pe rio r c om pl et o 77 9. 20 5 60 2. 32 4 95 6. 08 5 74 9. 29 7 57 5. 84 6 92 2. 74 9 29 .9 07 - 65 .0 06 Ra ça /c or Br an ca 4. 63 5. 63 6 4. 25 3. 79 8 5. 01 7.4 74 4. 28 5. 95 0 3. 90 8. 87 8 4. 66 3. 02 1 34 9. 68 7 28 0. 33 0 41 9. 04 4 Pr et a 96 5. 33 0 77 9. 16 9 1.1 51 .4 91 86 1. 86 9 67 9. 39 5 1. 04 4. 34 2 10 3. 46 1 65 .3 14 14 1. 60 9 Pa rd a 3. 88 .13 8 3. 11 3. 05 7 3. 66 3. 21 9 2. 91 3. 43 4 2. 65 0. 71 6 3. 17 6. 15 3 47 4. 70 4 38 0. 14 7 56 9. 26 1 Ta be la 1 . N úm er o es tim ad o de a du lto s (+ 18 a no s) q ue re fe rir am d ia gn ós tic o m éd ic o de d ia be te s, de a co rd o co m a s ca ra ct er ís tic as s oc io de m og rá fic as e a sit ua çã o do d om ic íli o. (C on tin ua çã o) Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe80 Bioestatistica_LIVRO.indb 80 13/03/2018 09:16:37 Fonte: Brasil (2013). Indicadores Brasil TOTAL Sexo Masculino Feminino População expandida (x1000) % IC95% a % IC95% a % IC95% a Usuários atuais de tabaco 21.878 15,0 14,4-15,5 19,2 18,3-20,1 11,2 10,6-11,8 Fumantes atuais de tabaco 21.519 14,7 14,2-15,2 18,9 18,0-19,7 11,0 10,4-11,6 Fumantes diários de tabaco 18.628 12,7 12,2-13,2 16,2 15,4-17,0 9,7 9,1-10,2 Fumantes atuais de cigarro 21.204 14,5 14,0-15,0 18,7 17,8-19,5 10,8 10,2-11,3 Ex-fumantes 25.541 17,5 16,9-18,0 21,2 20,3-22,1 14,1 13,4-14,8 Tentou parar de fumar 11.893 51,1 49,3-52,9 47,9 45,5-50,4 55,9 53,3-58,6 Procurou tratamento 1.049 8,8 7,3-10,3 6,2 4,4-7,9 12,3 9,7-14,9 Conseguiu tratamento 767 73,1 65,3-80,9 74,7 63,0-86,3 72,1 61,8-82,4 Fumo passivo em casa 13.371 10,7 10,2-11,3 9,5 8,8-10,3 11,7 10,9-12,4 Fumante passivo no trabalho 7.578 13,5 12,6-14,4 16,9 15,5-18,2 10,4 9,3-11,5 Mídia pró-tabaco 42.011 28,7 27,9-29,6 32,4 31,2-33,6 25,4 24,4-26,4 Mídia antitabaco 76.257 52,1 51,1-53,1 53,0 51,7-54,3 51,3 50,1-52,5 Fumantes expostos às advertências 18.540 86,2 84,8-87,6 85,8 83,9-87,8 86,7 84,8-88,5 Pensaram em parar devido a advertências 11.248 52,3 50,3-54,2 50,6 48,0-56,1 54,9 52,1-57,7 Tabela 2. Prevalência e estimativa populacional (em números absolutos) dos indicadores de tabagismo segundo o sexo. 81Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe Bioestatistica_LIVRO.indb 81 13/03/2018 09:16:37 Fonte: Diniz e Medeiros (2010). N % C(95%), pp. Total 296 100% Idade no último aborto 12 13 4% 2 16 37 13% 4 18 46 16% 4 20 77 26% 5 25 55 19% 4 30 21 7% 3 35 4 1% 1 Não sabe/não respondeu 43 15% 4 Usou remédio para abortar Sim 141 48% 6 Ficou internada por causa do aborto Sim 164 55% 6 Nota: intervalos de confiança C a 95%, em pontos percentuais (pp.). Tabela 3. Características de mulheres que fizeram aborto – mulheres entre 18 e 39 anos. Como descrever as informações? É importante compreender o que nos diz uma tabela com intervalos de frequência. A função desse tipo de recurso é diminuir as possibilidades de erros, justamente pelo excesso de dados. Um número muito grande de dados pode gerar erros de interpretação e confusão, além de tornar a tomada de decisão mais difícil. É importante ficar claro que a expressão dos dados poragrupamento não exclui nenhum dos dados, apenas os agrupa para facilitar a sua organização. Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe82 Bioestatistica_LIVRO.indb 82 13/03/2018 09:16:37 Uma boa forma de descrever as informações expressas na tabela de frequên- cia de agrupamento por intervalo de classe é por meio dos gráficos chamados de histogramas, isto é, gráficos de barras em que no eixo das abscissas estão as medidas efetivadas e no eixo das ordenadas as frequências correspondentes. Vejamos o exemplo da Figura 1. Figura 1. Distribuição de frequências dos grupos etários afetados por dengue na Ilha de Páscoa em 2002. Fonte: adaptada de Canals (2012). 40 40 30 20 20 10 0 0 60 80 Idade Fr eq uê nc ia Analisando informações Como em outros casos vistos até aqui, na análise dos dados devemos estar atentos ao tema da pesquisa e às informações oferecidas. Assim, ler o título da tabela, datas das informações, número de pesquisados e outras informações são importantes para percebermos as informações em toda sua amplitude. Vejamos o exemplo da Tabela 4, retirada da pesquisa Associação entre deficiência de vitamina A e variáveis socioeconômicas, nutricionais e obsté- tricas de gestantes, escrita pelos alunos Emanuelle Natalee dos Santos, Luis Guillermo Coca Velarde e Vanessa Alves Ferreira do Curso de Nutrição da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, publicado em 2010. 83Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe Bioestatistica_LIVRO.indb 83 13/03/2018 09:16:37 Fonte: Santos, Velarde e Ferreira (2010). Diário Semanal Mensal Nulo n % n % n % n % Alimentos com alto teor (>250 mg) de vitamina A Abóbora 1 1,1 49 53,3 19 20,6 23 25 Folhas verde escuro 14 15,2 52 56,5 12 13 14 15,2 Couve 14 15,2 70 76,1 5 5,4 3 3,3 Cheiro verde 34 37,0 36 39,1 7 7,6 15 16,3 Alimentos com moderado (50 a 250 mg) teor de vitamina A Mamão 3 3,3 40 43,5 20 21,7 29 31,5 Ovos 10 10,9 51 55,4 12 13 19 20,6 Queijo 12 13 31 33,7 24 26,0 25 27,2 Cenoura 15 16,3 55 59,8 9 9,8 13 14,1 Pimentão 25 27,2 28 30,4 7 7,6 32 34,8 Alimentos com baixo (< 50 mg) teor de vitamina A Bolo de trigo 5 5,4 46 50 24 26,0 17 18,5 Frango 5 5,4 66 71,7 12 13 9 9,8 Alface 19 20,6 43 46,7 9 9,8 21 22,8 Banana 26 28,3 49 53,3 11 12 6 6,5 Tomate 29 31,5 41 44,6 12 13 10 10,9 Angu 38 41,3 39 42,4 4 4,3 11 12,0 Manteiga ou margarina 48 52,2 23 25 9 9,8 12 13 Tabela 4. Alimentos fontes de vitamina A com maior frequência de consumo pelas ges- tantes entrevistadas. Diamantina (MG), 2006-2007. Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe84 Bioestatistica_LIVRO.indb 84 13/03/2018 09:16:37 Para compreender melhor o conteúdo deste capítulo, leia a matéria “Tabela de frequências”, da Revista de Ciência Elementar, no link ou código a seguir. https://goo.gl/FswQTA 85Tabelas de frequência agrupadas em intervalos de classe Bioestatistica_LIVRO.indb 85 13/03/2018 09:16:38 BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 36). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategias_cuidado_ pessoa_diabetes_mellitus_cab36.pdf>. Acesso em: 28 set. 2017. CANALS, M. et al. Dinámica epidemiológica del dengue en Isla de Pascua. Revista Chilena de Infectologia, Santiago, v. 29, n. 4, p. 388-394, 2012. Disponível em: <http:// www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-10182012000400004>. Acesso em: 28 set. 2017. DINIZ, D.; MEDEIROS, M. Aborto no Brasil: uma pesquisa domiciliar com técnica de urna. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl. 1, p. 959-966, jun. 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponível em: <http:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv91110.pdf>. Acesso em: 28 set. 2017. SANTOS, E. N.; VELARDE, L. G. C.; FERREIRA, V. A. Associação entre deficiência de vita- mina A e variáveis socioeconômicas, nutricionais e obstétricas de gestantes. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, supl. 1, p. 1021-1030, jun. 2010. Leitura recomendada CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatística: princípios e aplicações. Porto Alegre: Artmed, 2007.