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CONSUMO DE ANTIOXIDANTES DURANTE A TERMOOXIDAÇÃO DO POLIPROPILENO Marcelo A. Chinelatto1*, Juliana R. Andrade1, Fabio E. Jacomassi1, José D. Ambrósio1, Rubens E. Santos1 1 Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais – CCDM – Universidade Federal de São Carlos – São Carlo/SP – mchinelatto@ccdm.ufscar.br O consumo de antioxidantes durante a termooxidação de polipropilenos com baixa massa molar e estreita distribuição de massas molares foi analisado por cromatografia de exclusão por tamanho (SEC) de baixa temperatura. Os compostos de polipropileno contendo 1% em massa de cada antioxidante foram preparados por dissolução dos polímeros e antioxidantes em THF a temperatura ambiente. A termooxidação foi realizada a 190ºC com fluxo de oxigênio de 50 mL/mim em DSC. As curvas de consumo indicaram que a concentração do AO-1 diminui com o aumento de tempo de oxidação, independentemente da massa molar do PP. Já o comportamento do AO-2 se mostrou dependente do tempo de oxidação e da massa molar do PP. Palavras-chave: Polipropileno, termooxidação, antioxidantes, cromatografia de exclusão por tamanho Antioxidants consumption during polypropylene termooxidation. The consumption of antioxidants during termooxidation of polypropylenes (PP) with low molecular weight and narrow molecular weight distribution was analyzed by size exclusion chromatography (SEC). The PP compounds containing 1% w/w of each antioxidant were prepared by dissolution of the polymers and antioxidants in THF at room temperature. The termooxidation was carried out at 190°C with oxygen flow of 50 mL/min, in a DSC. The consumption curves indicated that the concentration of AO-1 decreases with the increase of oxidation time, regardless of the molecular weight of PP. However, the behavior of AO-2 was dependant on the oxidation time and molecular weight of PP. Keywords: Polypropylene, termooxidation, antioxidants, size exclusion chromatography Introdução O polipropileno (PP) quando submetido a altas taxas de cisalhamento, alta temperatura e/ou radiação ultravioleta (UV) sofre alterações estruturais significativas, normalmente acompanhadas por perdas de propriedades físicas e mecânicas [1]. O método mais usual de inibir temporariamente os efeitos dos diferentes agentes degradantes é pelo emprego da estabilização por aditivação, denominado também como estabilização externa. Segundo Bart [2] um aditivo é uma substância que é incorporada ao polímero visando alcançar um efeito técnico no produto final, sendo considerado como parte essencial deste. Antioxidantes são um dos exemplos de aditivos utilizados em PP, empregados quando se deseja aumentar a resistência térmica do polímero. O mecanismo de degradação termooxidativa do PP atualmente está bem conhecido [3-5]. O mecanismo ocorre por reações em cadeia via radicais livres e está mostrado no esquema 1. mailto:mchinelatto@ccdm.ufscar.br •⎯→⎯ PPHIniciação T .HO.POPOOH .PPOOHPH.PO .POO.PPropagação +⎯→⎯ +⎯→⎯+ ⎯→⎯+ 2 22 PPPP POOPPPO OInativosodutosPrPOPOaçãominTer ⎯→⎯+ ⎯→⎯+ +⎯→⎯+ •• •• •• 2 222 Esquema 1 [3-5] Segundo o esquema 1, existem várias etapas ao longo do processo termooxidativo que permitem sua interrupção. Basicamente são empregados dois tipos de termoestabilizantes: os antioxidantes primários e os antioxidantes secundários. Na etapa de propagação do processo termooxidativo, a taxa de reação é controlada pela facilidade de abstração de hidrogênio pelos macrorradicais propagantes. Antioxidantes primários, tipo fenóis estericamente impedidos, são capazes de doar hidrogênio, competindo com as macromoléculas do PP na reação com os macrorradicais propagantes, conforme mostrado abaixo [6]. .APOOHHA.POO +⎯→⎯+ Nesta reação, o antioxidante fenólico (HA) reage com o macrorradical peróxi para formar grupamento hidroperóxido e um radical A.. Os radicais A. formados são frequentemente estabilizados por múltiplas estruturas ressonantes do anel aromático ou pela reação com outros macrorradicais propagantes [7]. Durante muitos anos, os antioxidantes primários foram empregados como método tradicional e único contra a termooxidação de poliolefinas. Porém, como mostra o esquema 1, os hidroperóxidos contribuem com a autocatálise da termooxidação, iniciando novos radicais. Assim, alguns estabilizantes químicos podem ser adicionados ao polímero fundido, com a finalidade de induzir a decomposição dos hidroperóxidos em produtos inertes. É o caso dos fosfitos orgânicos [(ARO)3P] que uma vez incorporados ao polímero atuam como decompositores de hidroperóxidos, conforme mostrado a seguir [8]. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 OP)ARO(OHṔP)ARO(OOHṔ =+⎯→⎯+ 33 Conforme mostrado anteriormente, os antioxidantes sofrem várias transformações químicas ao longo do processo degradativo, visando proteger o polímero contra os efeitos da temperatura e oxigênio. Desta forma, suas concentrações diminuem com o tempo, garantindo uma estabilização temporária à matriz polimérica. A diminuição da concentração de antioxidantes pode ocorrer também devido sua perda física, como por exemplo, volatilização e extração, sendo este último especialmente importante quando o polímero permanece contato com meios agressivos ou extrativos por longos tempos. Por estas razões há um grande interesse na determinação da concentração de antioxidantes em polímeros. Sua determinação pode servir como garantia de qualidade de matéria-prima e produtos, auxiliar na resolução de problemas e na seleção entre produtos concorrentes [9]. O objetivo deste trabalho foi estudar o consumo de antioxidantes durante a termooxidação do PP. Foram utilizados dois PP com baixa massa molar e estreita distribuição de massas molares, comumente empregado como padrões de calibração de cromatografia de exclusão por tamanho (SEC) de alta temperatura. Antioxidantes primário e secundário foram misturados aos polímeros na concentração de 1% (em massa) por dissolução em THF e a termooxidação destes compostos de PP foi realizada em DSC a 190ºC com vazão de oxigênio de 50 mL/min. A determinação da concentração dos antioxidantes em diferentes tempos de oxidação foi realizada por cromatografia de exclusão por tamanho (SEC) de baixa temperatura. Experimental 1. Materiais Polipropilenos com baixa massa molar (PP800 e PP1200) utilizados como padrões de calibração de SEC de alta temperatura, da American Polymer Standards Corp. PP800 com massa molar numérica média ( nM ) de 740 g/mol e massa molar ponderal média ( wM ) de 830 g/mol. PP1200 com nM de 885 g/mol e wM de 1220 g/mol. Ambos apresentavam aspecto oleoso e solubilidade em tetrahidrofurano (THF) à temperatura ambiente. Os antioxidantes usados foram um antioxidante primário (AO-1) tipo fenol estericamente impedido (Irganox 1010®), com massa molar de 1178 g/mol e, um antioxidante secundário (AO-2) tipo fosfito orgânico (Irgafos 168®), com massa molar de 677 g/mol. Estes antioxidantes foram fornecidos pela Ciba Specialty Chemicals Inc. e usados conforme recebidos. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 2. Metodologia 2.1 Dispersão dos Antioxidantes Os antioxidantes (AO-1 e AO-2) foram adicionados aos PP na concentração de 1% em massa (10.000 ppm) cada. PP e antioxidantes foram dissolvidos em THF grau cromatográfico a temperatura ambiente. Após solubilização dos PP e antioxidantes as soluções poliméricas foram agitadas por 5 minutos e deixadas evaporar a temperatura ambiente. 2.2 Termooxidação dos compostos de PP A termooxidação dos compostos de PP foi realizada em DSC modelo 200 PC Phox da Netzsch, a isoterma de 190ºC e com vazão de oxigênio de 50 mL/min. Os compostos de PP foram aquecidos da temperatura ambiente até 190ºC a uma razão de aquecimento de 20ºC/min sob atmosfera dinâmica de nitrogênio,com fluxo de gás de 50 mL/min. Em seguida foram mantidos a 190ºC por 5 minutos sob atmosfera dinâmica de nitrogênio, com fluxo de gás mantido a 50 mL/min. Após este tempo, a atmosfera do forno foi alterada de inerte para oxidante e o tempo de oxidação computado a partir deste momento. Os tempos de oxidação utilizados neste estudo foram 5, 10 e 15 minutos. Estes tempos de oxidação estão ainda dentro do intervalo denominado de período de indução da oxidação. 2.3 Consumo dos Antioxidantes O consumo dos antioxidantes em função dos diferentes tempos de oxidação foi determinado por cromatografia de exclusão por tamanho (SEC). O sistema utilizado para SEC foi constituído de uma bomba modelo 510 da Waters, duas colunas em série Ultrastyragel, com tamanho de poros de 500 Å e faixa de separação entre 100 e 10.000 g/mol e, detector de arranjo foto-diodo (PDA) 966 para absorbâncias entre 200 nm e 650 nm. As medidas foram realizadas a 40ºC, fase móvel constituída por THF a uma taxa de fluxo de 1,0 mL/min. As quantificações dos antioxidantes foram realizadas a 270 nm conforme literatura [10]. Resultados e Discussão As curvas de fluxo de calor como uma função do tempo de oxidação dos compostos de PP com 1% em massa de AO-1 e AO-2 podem ser vistas na figura 1. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Exot. PP800 Tempo de Oxidação (minutos) 5 minutos 10 minutos 15 minutos Fl ux o de C al or 0, 2 W /g 0 5 10 15 20 25 PP1200 Exot Tempo de Oxidação (minutos) 5 minutos 10 minutos 15 minutos 25 minutos Fl ux o de C al or 0, 2 W /g (a) (b) Figura 1 – Curvas de fluxo de calor como uma função do tempo de oxidação para (a) PP800 e (b) PP1200 – isoterma a 190ºC com fluxo de oxigênio de 50 mL/min. O composto de PP1200 contendo 1% de cada antioxidante apresentou, a 190ºC e fluxo de oxigênio de 50 mL/min, um pico exotérmico a 22,5 minutos, característico da oxidação do PP, (curva em azul). O OIT deste composto foi de 17,7 minutos. Portanto, nos tempos de oxidação 5, 10 e 15 minutos os compostos de PP ainda se encontravam dentro do período de indução da oxidação. Após oxidação em diferentes tempos, os compostos de PP foram solubilizados em THF e analisados por SEC de baixa temperatura. A solubilidade em THF dos PP utilizados neste estudo eliminou a necessidade de realizar a extração dos antioxidantes, etapa considerada de extrema importância, pois afeta diretamente a qualidade dos resultados obtidos. O cromatograma em 3-D do composto PP1200 antes da termooxidação pode ser visto na figura 2. O PDA apresentou alta sensibilidade em detectar os dois antioxidantes utilizados neste trabalho, conforme mostra o cromatograma. Como o antioxidante fenólico (AO-1) apresenta massa molar maior que o antioxidante secundário (AO-2), espera-se que seu tempo de retenção seja menor que o do AO-2. Os tempos de retenção do AO-1 e AO-2 foram 14,96 minutos e 16,39 minutos, respectivamente. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 Tempo de retenção (minutos) λ (nm) U A Tempo de retenção (minutos) λ (nm) U A Figura 2 – Cromatograma 3-D do composto PP1200 antes da termooxidação. Após submeter os compostos PP800 e PP1200 a diferentes tempos de oxidação, seus cromatogramas 3-D foram obtidos. O consumo dos antioxidantes AO-1 e AO-2 como uma função do tempo de oxidação foi determinado a 270 nm conforme literatura [10]. As figuras 3 e 4 mostram, respectivamente, as curvas de intensidade como uma função do tempo de eluição dos compostos PP800 e PP1200, a 270 nm e submetidos a diferentes tempos de oxidação. 11 12 13 14 15 16 17 18 19 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 In te ns id ad e (u . a .) Tempo de Eluição (minutos) t = 0 t = 5 min t = 10 min t = 15 min PP800 λ = 270 nm AO-1 AO-2 Figura 3 – Cromatogramas dos compostos de PP800 submetidos a diferentes tempos de oxidação – compostos com 1% de cada antioxidante e λ=270 nm. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 11 12 13 14 15 16 17 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 In te ns id ad e (u . a .) Tempo de Eluição (minutos) t = 0 minuto t = 5 minutos t = 10 minutos t = 15 minutos PP1200 λ = 270 nm AO-1 AO-2 Figura 4 – Cromatogramas dos compostos de PP1200 submetidos a diferentes tempos de oxidação – compostos com 1% de cada antioxidante e λ=270 nm. O consumo dos antioxidantes foi determinado a partir destas curvas, medindo-se a intensidade máxima relativa a cada antioxidante como uma função do tempo de oxidação. As curvas de consumo dos antioxidantes AO-1 e AO-2 podem ser vistas nas figuras 5 e 6, respectivamente. 0 5 10 15 0.015 0.020 0.025 0.030 0.035 0.040 In te ns id ad e (u . a .) Tempo de Oxidação (minutos) PP800 PP1200 AO-1 λ = 270 nm Figura 5 – Curvas de consumo como uma função do tempo de oxidação para o AO-1 – λ=270 nm. Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 0 5 10 15 0.020 0.025 0.030 0.035 0.040 0.045 0.050 0.055 0.060 In te ns id ad e (u . a .) Tempo de Oxidação (minutos) PP800 PP1200AO-2 λ = 270 nm Figura 6 – Curvas de consumo como uma função do tempo de oxidação para o AO-2 – λ=270 nm. As curvas de consumo indicaram uma diminuição da concentração do AO-1 em função do aumento do tempo de oxidação, independentemente do PP, conforme esperado. As curvas sugerem ainda que a diminuição da concentração do antioxidante fenólico é mais acentuada no PP de maior massa molar. Uma possível explicação para a diminuição do AO-1 ser mais acentuada no PP1200 é que suas massas molares (PP e AO-1) são praticamente idênticas. Como a termooxidação do PP ocorre por cisão de cadeia, a diminuição acentuada poderia estar relacionada com a cisão das cadeias do PP e não ao consumo do AO-1. Por outro lado, as curvas de consumo em função do tempo de oxidação para o AO-2 apresentaram um comportamento diferenciado em função da massa molar do PP. Para o PP800 a curva sugere um aumento da concentração do AO-2 com o aumento do tempo de oxidação. Para o PP1200, a concentração de AO-2 tende a permanecer constante com o aumento do tempo de oxidação. As massas molares do PP800 e do AO-2 também estão próximas e, este fator poderia afetar a determinação do AO-2 neste PP. O aumento da intensidade do AO-2 a 270 nm poderia também ser atribuída a sua oxidação. Ao decompor hidroperóxidos, o AO-2 sofre um processo de oxidação, onde o fósforo passa de tri para pentavalente. De acordo com Garcia [11] a oxidação do fosfito orgânico pode ser acompanhada pelo aumento da absorbância a 265 nm, próxima do comprimento de onda de 270 nm onde as medidas de consumo foram realizadas. Conclusões A metodologia apresentada neste trabalho se mostrou adequada para separar um antioxidante fenólico de um fosfito orgânico. Entretanto, as curvas de consumo destes dois antioxidantes apresentaram comportamentos diferenciados. As curvas de consumo obtidas a 270 nm indicaram Anais do 10o Congresso Brasileiro de Polímeros – Foz do Iguaçu, PR – Outubro/2009 que a concentração do AO-1 diminui com o aumento de tempo de oxidação, independentemente da massa molar do PP. Já o comportamento do AO-2 se mostrou dependente do tempo de oxidação e da massa molar do PP. Agradecimentos Um dos autores (M.A.C.) agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (processo 474897/2006-0). Referências Bibliográficas 1. V.A. González-González, G. Neira-Velázquez, J.L. Angulo-Sánchez, Polym. Degrad. Stab. 1998, 60, 33-41. 2. J.C.J. Bart, Additives in Polymer – Industrial Analysis and Applications, John Wiley & Sons,New York, 2005. 3. B. Singh, N. Sharma, Polym. Degrad. 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