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COLÉGIO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
ISADORA WERNER
JÚLIA CENCI
MARIA ELLIS FRIZON
MARIA LUIZA PERIN
TAINÁ DESTRO
VALENTINA CUSIN
DESASTRE DE MARIANA
Bento Gonçalves
2024
1.0 DESENVOLVIMENTO
1.1 ANÁLISE GERAL DO DESASTRE DE MARIANA
Com o objetivo de conter e armazenar todos os resíduos provenientes da produção de minério e mitigar os impactos ocasionados pela atividade mineradora, são planejadas e erguidas barragens de rejeitos. Estas estruturas visam evitar que tais resíduos sejam lançados diretamente nos rios, protegendo assim o ecossistema aquático de contaminações que poderiam resultar em danos irreversíveis. O rompimento de qualquer barragem pode desencadear impactos ambientais devastadores, dado que são projetadas para conter grandes volumes de água.
No dia 5 de novembro de 2015, Mariana, em Minas Gerais, foi palco do pior desastre na história da mineração brasileira. A barragem de Fundão, da Samarco, um consórcio de Mineração, de amplo controle pela Vale S.A. e da BHP Billiton, rompeu.
Naquela região, a mineradora Samarco possuía três barragens: Germano, Fundão e Santarém. Na ocasião do rompimento da barragem de Fundão, ocorreu a contaminação do Rio Doce, que abastece água para mais de meio milhão de pessoas, além dos rios Gualaxo do Norte e do Carmo. O Rio Gualaxo do Norte transportou os resíduos da mineração, permitindo que a lama percorresse longas distâncias até chegar ao mar do Espírito Santo, onde o Rio Doce deságua. Conforme Zalis (2015) relata, cerca de 62 bilhões de litros de rejeitos foram despejados, equivalendo a aproximadamente 25 mil piscinas olímpicas.
A ruptura da barragem desencadeou uma torrente de lama que devastou o distrito de Bento Rodrigues, deixando um cenário de destruição à medida que se espalhava ao longo do Rio Doce. Muitas pessoas ficaram desabrigadas, enfrentando escassez de água, e lamentavelmente, houve perda de vidas na tragédia. Além disso, os danos ambientais são incalculáveis e, infelizmente, provavelmente irreversíveis.
1.2 CAUSAS DO DESASTRE 
O acidente foi provocado pelo rompimento da Barragem do Fundão, usada para guardar os rejeitos de minério de ferro explorados pela empresa Samarco. O evento causou a destruição do meio-ambiente, contaminação do rio, do solo e um saldo de 19 mortos. 
Samarco é uma empresa brasileira de extração e beneficiamento de minério de ferro criada em 1977 e administrada pela brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton. A empresa inovou a exploração do minério de ferro utilizando “minerodutos”, ou seja, túneis para transportar o material extraído das montanhas de Minas Gerais. Igualmente, a Samarco se especializou em fabricar pelotas de minério de ferro e alcançou a produção de 30,5 milhões de toneladas anuais em 2014.
As principais causas do rompimento foram defeitos no sistema de drenagem, o que resultou na entrada de lama nas galerias e fez com que essa lama se misturasse com o material arenoso da barragem, gerando um processo de liquefação do material. Além disso, aponta-se que o processo foi acelerado pela ocorrência de três abalos sísmicos na região. Somado a isso, tem também a retirada de minério de ferro das montanhas para vender fora do país e obter lucro. Quanto mais minério é extraído e vendido, maior o lucro da empresa mineradora. 
Porém, a mineração gera rejeitos que são depositados nas barragens e mesmo assim, essas atividades não param, gerando um acúmulo de sedimentos que juntamente com a falta de manutenção e monitoramento das barragens, acabam rompendo causando inúmeras consequências. Após o desastre, a empresa alegou que seguia rigorosamente as regras e que as barragens passavam periodicamente por inspeções governamentais.
No entanto, há suspeita de que várias licenças ambientais e as fiscalizações tenham sido aprovadas como troca de favor da empresa aos políticos interessados em financiamento nas suas campanhas eleitorais. A empresa foi multada pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente) em R$ 250 milhões, contudo, em 2017 só havia pago cerca de 1% desse valor.
Atualmente, enquanto a tragédia em Mariana (MG) chega ao seu décimo aniversário, a Samarco está prestes a completar cinco anos da retomada de suas operações. A mineradora não quitou nenhuma das multas ambientais impostas pelo Ibama em decorrência do rompimento de sua barragem.
1.3 EFEITOS ECONÔMICOS
	O desastre ambiental de Mariana provocou diversos efeitos econômicos na cidade Mineira e nas demais cidades da Região. Acarretando diversos danos às cadeias de produção econômica dos municípios atingidos pelos rejeitos. 
	Dentre eles, houve um prejuízo de aproximadamente 23 milhões de reais dos produtos atingidos pelo desastre, concentrados em áreas utilizadas para pastagem, plantações de cana-de-açúcar e horticultura. Ademais, R$3 milhões e R$23 milhões referentes ao financiamento de crédito rural a cerca de 35 produtores e as propriedades afetadas respectivamente. Com o habitat aquático destruído, 11 toneladas de peixes morreram e 1200 pescadores artesanais profissionais foram afetados.
	A imagem da cidade de Mariana que era conhecida pelos seus atrativos culturais, religiosos, históricos e culturais, também foi muito afetada, afastando os turistas que visitavam a região, reduzindo a receita do setor de turismo local, que era uma importante fonte de renda para a região. Houve também, uma desvalorização imobiliária, tendo as propriedades afetadas e seus valores de mercado diminuídos devido à percepção de risco e à deterioração das condições ambientais.
	Outrossim, sistemas de segurança médica, transportes locais, telecomunicações, geração e distribuição de energia elétrica e combustível, limpeza urbana, e serviços de controle de pragas, abastecimento de água e coleta de esgoto foram prejudicados. Para melhorar as condições da cidade, a empresa responsável necessitou gastar milhões de reais para realizar a limpeza e recuperar as áreas afetadas, além de custear a compensação das vítimas.
 	Além disso, a área que era economicamente baseada na mineração passou por inúmeras dificuldades nesse setor, que teve a redução da produção do minério de ferro. Isso atrapalhou os negócios das empresas locais, que não só perderam todo o seu dinheiro no mercado, mas também ganharam uma má fama, acarretando em uma desconfiança e, consequente, redução de investimentos na mineração brasileira.
1.4 EFEITOS SOCIAIS
O desastre de Mariana, além de ter causado a perda de vidas humanas e ter deixado milhares de pessoas desalojadas, teve um rastro de devastação, não apenas físico, mas também emocional e social. A exposição à lama tóxica resultou em efeitos adversos na saúde, como problemas respiratórios, dermatológicos e outros relacionados à contaminação, ampliando ainda mais o sofrimento das vítimas. Ademais, muitas pessoas na região dependem da agricultura, da pesca e do turismo assim, o desastre afetou esses meios de subsistência, deixando muitas comunidades sem renda e enfrentando dificuldades econômicas.
O desastre não se limitou aos danos físicos e econômicos. A catástrofe teve impactos emocionais e psicológicos profundos uma vez que, inúmeras pessoas perderam suas casas, pertences pessoais e conexões culturais, culminando em um trauma persistente. Além disso, promoveu conflitos e tensões entre as comunidades afetadas, as empresas responsáveis e o governo. Questões como compensação financeira, reassentamento, segurança ambiental e justiça foram fontes de controvérsia e disputa, agravando ainda mais o sofrimento das vítimas e prolongando a dor causada pelo desastre.
Um estudo realizado com as vítimas do desastre revela uma realidade alarmante: um aumento significativo da ansiedade e o surgimento de casos de depressão. O estudo afirma que 74% das pessoas afetadas relataram perda na qualidade de vida relacionada à saúde, com uma média de deterioração de 27%, equivalente aos impactos observados em pacientes com condições crônicas graves, como Parkinson, diabetes mellitus ou HIV. A situação mostrou-se ainda mais desafiadora para os idosos,cuja capacidade de adaptação e recuperação de traumas é limitada.
Além dos impactos individuais, o desastre de Mariana deixou marcas profundas na estrutura social das comunidades afetadas. O reassentamento de famílias, a falta de previsão para entrega de novas moradias, a judicialização das indenizações e o preconceito enfrentado por moradores de Mariana contribuem para a perpetuação do sofrimento e da incerteza.
1.5 EFEITOS AMBIENTAIS
O rompimento da barragem do Fundão liberou o equivalente a 25 mil piscinas olímpicas de resíduos. De acordo com a Samarco, a mistura, a qual era composta por óxido de ferro, água e muita lama, embora não fosse tóxica, poderia provocar muitos danos. A liberação da lama provocou a pavimentação de uma grande área. Isso aconteceu porque a lama, ao secar, forma uma espécie de cimento. Além de impedir construções, esse resíduo, por não conter matéria orgânica, torna o solo infértil.
A enxurrada de lama atingiu o Rio Gualaxo, que deságua no Rio Doce, esse, por sua vez, segue em direção ao Oceano Atlântico, no Espírito Santo. O impacto mais evidente no ambiente aquático foi a morte de milhares de peixes, que morreram em razão da falta de oxigênio na água e da obstrução de suas brânquias. Além do falecimento de peixes, microrganismos e outros seres vivos também foram afetados. Dessa forma, a cadeia alimentar foi totalmente abalada em alguns ambientes atingidos. Ademais, a quantidade de lama liberada provocou assoreamento, desvio de cursos de água e até mesmo o soterramento de nascentes.
Além de causar morte no interior dos rios, a lama provocou a morte de toda a vegetação próxima à região, assim, uma quantidade absurda de mata ciliar foi completamente destruída. Devido à sua desestruturação química, o pH do solo foi drasticamente afetado pelos resíduos da mineração. Essa alteração no solo dificultou o desenvolvimento das espécies que ali viviam, modificando completamente a vegetação local.
Uma notícia de cinco meses depois informou que, em janeiro de 2016, foram visualizados poluentes a cerca de 200 quilômetros da foz do Rio Doce. Técnicos de órgãos ambientais do governo federal reconheceram os borrões escuros na superfície do mar formados pelo acúmulo de resíduos metálicos que vazaram com o rompimento da barragem. A mancha, também chamada de pluma, aproximava-se do arquipélago de Abrolhos, uma das principais reservas de vida silvestre marinha da costa brasileira. 
Os borrões continham, além de resquícios da extração de minério de ferro de Minas Gerais, colônias de algas e outros organismos marinhos microscópicos – o fitoplâncton – com dezenas de quilômetros de extensão. Outro fator a se destacar é que esses seres cresciam e se multiplicavam rapidamente, em decorrência do excesso de ferro dos rejeitos. Desde então, os resíduos formam uma mancha móvel que atingiu pelo menos três unidades de conservação de organismos marinhos.
Análises preliminares indicaram que as colônias de algas são constituídas por organismos que se formam e morrem em poucos dias, mais rapidamente que o habitual. Logo, sua decomposição acelerada consome oxigênio da água do mar, com consequências imprevisíveis sobre as comunidades de organismos marinhos.
Foram identificados metais pesados misturados com a lama do assoalho marinho a uma profundidade de 100 metros, os organismos bentônicos, que viviam no fundo do rio, tinham sido soterrados. Não se pensava que a poluição gerada em terra pudesse chegar tão longe.
1.6 RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DIPLOMÁTICAS 
O desastre teve grande repercussão midiática, e em menos de 48 horas foram publicadas reportagens em mais de mil veículos de comunicação, sendo dois deles os maiores veículos de comunicação do planeta, a CNN e o The New York Times. Tal notícia teve tanta repercussão pois se trata de uma questão de interdependência ecológica, porque os recursos naturais são utilizados a nível global, não ficando restrito somente a um local. 
Ocorreram várias críticas internacionais por conta do modo que o governo brasileiro tratou o desastre, principalmente sobre a demora de mais informações. Em termos diplomáticos, o desastre gerou tensões entre o Brasil e alguns países, principalmente os que possuíam interesse nas questões ambientais e os que tinham empresas mineradoras que operavam no Brasil. Porém não houve ruptura direta nas relações.
2.0 REFERÊNCIAS
ANDRADE, Teresa. Impactos socioambientais decorrentes do rompimento da Barragem de Fundão no município de Barras Longas, Minas Gerais. Universidade de Minas Gerais, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/MMMD-B9KGLU. Acesso em: 23 de abril de 2024.
BARROS, Érika. PAMBOUKIAN, Sergio. Análise do desastre em Mariana através da classificação supervisionada de imagens de sensoriamento remoto; Revista Mackenzie, 2015. Disponível em: https://www.mackenzie.br/fileadmin/ARQUIVOS/Public/1-mackenzie/universidade/laboratorios/labgeo/2018/Ajustes/RMEC_-_AN%C3%81LISE_DO_DESASTRE_EM_MARIANA.pdf. Acesso em: 23 de abril de 2024.
CASTRO, Lucas. ALMEIDA, Eduardo. Desastres e desempenho econômico: avaliação do impacto do rompimento da barragem de Mariana. Geosul, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/2177-5230.2019v34n70p406. Acesso em: 24 de abril de 2024.
IMPACTOS visíveis no mar. Instituto Oceanográfico, 2016. Disponível em: https://www.io.usp.br/index.php/noticias/10-io-na-midia/881-impactos-visiveis-no-mar.html. Acesso em: 22 de abril de 2024.
PEREIRA, Michel Teixeira. Acidente ambiental em Mariana-MG:um estudo dos impactos econômicos e financeiros nas empresas responsabilizadas. UFRGS Lume Repositório Digital. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/204531. Acesso em: 23 de abril de 2024.
RODRIGUES, Léo. Samarco retomou operações sem quitar multas com Ibama. Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-11/samarco-retomou-operacoes-sem-quitar-multas-com-ibama. Acesso em 24 de abril de 2024.
SANTOS, Vanessa Sardinha dos. Impactos ambientais do acidente em Mariana (MG). Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/impactos-ambientais-acidente-mariana-mg.htm. Acesso em 23 de abril de 2024.. Acesso em: 22 de abril de 2024.
ZALIS, P. O mapa da destruição. Veja, v. 48, n. 2454, p. 84-92, 2 dez. 2015. Disponível em: https://issuu.com/paj2012/docs/paj_fo_fotojornal_veja_off_especial. Acesso em 22 de abril de 2024.

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