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Direitos Autorais e Previdência

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forma sem a prévia autorização da Editora Saraiva.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei n. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
ISBN 9786555590722
Alencar, Hermes Arrais
Cálculo de benefícios previdenciários / Hermes Arrais Alencar. – 11. ed. – São
Paulo: Saraiva Educação, 2021.
736 p.
Bibliografia
1. Previdência social - Brasil. I. Título.
20-0476
CDD 340
CDU 34:368.4(81)
Índices para catálogo sistemático:
1. Brasil: Previdência social: Direito previdenciário
Direção executiva Flávia Alves Bravin
Direção editorial Renata Pascual Müller
Gerência de projetos Fernando Penteado
Planejamento Josiane de Araujo Rodrigues
Novos projetos Sérgio Lopes de Carvalho | Dalila Costa de Oliveira
Edição Clarissa Boraschi Maria (coord.) | Daniel Pavani Naveira
Produção editorial Daniele Debora de Souza (coord.) | Luciana Cordeiro
Shirakawa
Arte e digital Mônica Landi (coord.) | Camilla Felix Cianelli Chaves | Claudirene de
Moura Santos Silva | Deborah Mattos | Guilherme H. M. Salvador | Tiago Dela
Rosa
Projetos e serviços editoriais Daniela Maria Chaves Carvalho | Kelli Priscila Pinto
| Laura Paraíso Buldrini Filogônio | Marília Cordeiro | Nicoly Wasconcelos Razuk
Diagramação (Livro Físico) SBNigri Artes e Textos Ltda
Revisão C&C Criações e Textos Ltda
Capa Tiago Dela Rosa
Livro digital (E-pub)
Produção do e-pub Guilherme Henrique Martins Salvador
Data de fechamento da edição: 5-10-2020
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Acesse sac.sets@somoseducacao.com.br
Versão de Livre Distribuição Online:
DONA BIBLIOTECÁRIA
Pela isenção fiscal em livros de qualquer natureza, 
pelo fim do superfaturamento em livros eletrônicos. 
SUMÁRIO
Siglas e abreviaturas
Prefácio
Nota do Autor à 11ª Edição
1 - Cálculo da Renda Mensal – Noções Elementares
1.1 ELABORAÇÃO DE CÁLCULOS
1.2 AÇÃO JUDICIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
1.3 PLANILHA GRATUITA DE CÁLCULO
1.4 CORREÇÃO MONETÁRIA – DÉBITOS JUDICIAIS
1.5 JUROS APLICADOS E AS RESPECTIVAS TAXAS
1.6 OFÍCIO REQUISITÓRIO
1.7 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI N. 12.527/2011)
2 - Decadência e Prescrição
2.1 Introdução
2.2 DECADÊNCIA. REGRA DA NÃO SURPRESA
2.3 DECADÊNCIA. ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. MENORES DE
16 ANOS
2.4 DECADÊNCIA. RELATIVAMENTE INCAPAZ. MAIORES DE
16 ANOS
2.5 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL
2.6 DECADÊNCIA. REVISÃO DETERMINADA EM LEI
2.7 DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE DELIBERAÇÃO
ADMINISTRATIVA
2.8 DECADÊNCIA. BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO
2.9 DECADÊNCIA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA
2.10 DECADÊNCIA. PENSÃO POR MORTE PRECEDIDA DE
APOSENTADORIA
2.11 DECADÊNCIA. DESAPOSENTAÇÃO (TESE DESACOLHIDA
PELO STF)
2.12 DIREITO INTERTEMPORAL (DIBS ANTERIORES A 28 DE
JUNHO DE 1997)
2.13 DECADÊNCIA. REVISÃO IRSM DE FEVEREIRO DE 1994.
MP N. 201. LEI N. 10.999/2004
2.14 DECADÊNCIA. ATO ADMINISTRATIVO NEGATIVO. LEI N.
13.846/2019
2.15 Decadência. Benefício Assistencial. BPC
2.16 PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS PENDENTES DE
PAGAMENTO
2.17 PRESCRIÇÃO. PENDÊNCIA DE DELIBERAÇÃO
ADMINISTRATIVA
2.18 PRESCRIÇÃO DA EXECUÇÃO EM FACE DA FAZENDA
PÚBLICA (INSS)
2.19 PRESCRIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO
INDIVIDUAL
2.20 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA EM FACE DE MENORES DE
16 ANOS
2.21 HABILITAÇÃO TARDIA. LEI N. 13.846/2019
2.22 DECADÊNCIA PARA A AUTARQUIA REVER SEUS ATOS
2.23 Novidade. Lei n. 14.010, de 2020 – Suspensão: prescrição e
decadência. Covid-19
2.24 Da teoria à prática
3 - Salário de Contribuição
3.1 NATUREZA TRIBUTÁRIA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
3.2 ART. 201, § 11, DA CF/88. BASE DE CÁLCULO DAS
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS QUE DEVEM INTEGRAR
O CÁLCULO DA PRESTAÇÃO SOCIAL
3.3 SEGURADOS EMPREGADO (URBANO E RURAL),
DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO
3.3.1 EC n. 103/2019. Limite mínimo da base de cálculo da
contribuição previdenciária (§ 14 do art. 195 da CF)
3.3.2 Direito de complementação, utilização do valor excedente de
contribuição em outra e agrupamento de contribuições. Art. 29 da EC
n. 103/2019
3.3.3 Ausência de recolhimento das contribuições previdenciárias
3.4 CNIS
3.5 CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E SEGURADO FACULTATIVO
3.5.1 SEIPrev. Contribuinte individual e segurado facultativo. Lei
Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Lei n.
12.470/2011
3.5.2 EC n. 103/2019. Art. 201, §§ 12 e 13. SEIPrev. Sistema
Especial de Inclusão Previdenciária
3.5.3 Base de cálculo diferenciada (Lei n. 13.202/2015: condutor
autônomo de veículo rodoviário)
3.6 SEGURADO ESPECIAL
3.7 RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES EM ATRASO.
OBTENÇÃO DA GPS
3.8 AUXÍLIO-ACIDENTE E SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
3.9 AUXÍLIO-ACIDENTE NO CÁLCULO DA PENSÃO POR
MORTE
4 - Salário de Benefício
4.1 DIVISOR MÍNIMO
4.2 ÚLTIMO SC CONSTANTE DO PBC
4.3 DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO (DER)
4.4 DATA DO AFASTAMENTO DA ATIVIDADE (DAT)
4.5 DATA DA PUBLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.
20/98 (DPE)
4.6 DATA DE PUBLICAÇÃO DA LEI N. 9.876/99 (DPL)
4.7 DATA DA PUBLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL N.
103/2019 (REFORMA DA PREVIDÊNCIA, 2019)
4.8 DATA DO IMPLEMENTO DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO (DICB)
4.9 DEFLAÇÃO E A APURAÇÃO DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO
4.10 SALÁRIO DE BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ (B/32 E B/92) DECORRENTE DA TRANSFORMAÇÃO
DE AUXÍLIO-DOENÇA (B/31 E B/91)
4.11 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE
AUXÍLIO-DOENÇA. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS SOB A
VIGÊNCIA DE LEGISLAÇÃO DIFERENTE
4.12 APLICAÇÃO DO ART. 29, § 5º, DA LEI N. 8.213/91
4.13 SÍNTESE SALÁRIO DE BENEFÍCIO
4.14 BENEFÍCIOS NÃO SUBMETIDOS A SALÁRIO DE
BENEFÍCIO
4.15 DA TEORIA À PRÁTICA
5 - Apuração do Salário de Benefício do Segurado que Exerce Múltiplas
Atividades
5.1 ART. 32 DA LEI N. 8.213 ANTES DA LEI N. 13.846, DE 18-6-
2019
5.2 LEI N. 13.135/2015 (VETADA A ALTERAÇÃO DO ART. 32 DA
LEI N. 8.213/91)
5.3 LEI N. 13.846/2019. NOVO ART. 32 DA LEI N. 8.213/91
5.4 DA TEORIA À PRÁTICA
6 - Salário de Benefício Antes da CF/88
6.1 REVISÃO DA LEI N. 6.423/77
6.2 DA TEORIA À PRÁTICA
6.3 DIREITO ADQUIRIDO À APOSENTADORIA PROPORCIONAL
EM JUNHO DE 19889
6.4 RENDA MENSAL INICIAL (RMI) – COEFICIENTES DE
CÁLCULO
6.5 PRIMEIRO REAJUSTE DA RENDA MENSAL
6.6 REAJUSTE – EQUIVALÊNCIA SALARIAL
6.7 Da teoria à prática
7 - Salário de Benefício Após a CF/88
7.1 REVISÕES JUDICIAIS – DIBS NO “BURACO NEGRO”
7.2 DA TEORIA À PRÁTICA
8 - Salário de Benefício Após a Lei n. 8.213/91
8.1 BENEFÍCIO CONCEDIDO SOB A ÉGIDE DA LEI N. 8.213/91,
MAS DECORRENTE DE TRANSFORMAÇÃO DE BENEFÍCIO
CONCEDIDO AO TEMPO DA CLPS
8.2 RENDA MENSAL INICIAL (RMI) – COEFICIENTES DE
CÁLCULO
8.3 REVISÃO DAS COTAS DE PENSÃO. LEI N. 9.032, DE 1995
8.4 147,06% SOBRE OS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO
8.5 REVISÃO JUDICIAL – INCLUSÃO DO 13º NO PBC
8.6 “BURACO VERDE” – ÍNDICE-TETO – REVISÃO
DETERMINADA PELO ART. 26 DA LEI N. 8.870/94
8.7 DA TEORIA À PRÁTICA
8.8 ÍNDICE-TETO – REVISÃO DETERMINADA PELO ART. 21, §
3º, DA LEI N. 8.880/94
8.9 IRSM DE FEVEREIRO DE 1994 (39,67%) SOBRE OS
SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO
8.10 Da teoria à prática
8.11 ART. 29, § 5º, DA LEI N. 8.213/91 – SÚMULA 9 DA TR/SC –
AUXÍLIO-DOENÇA NO PBC
8.12 ART. 29, § 5º, DA LEI N. 8.213/91 – SÚMULA 9 DA TR/SC –
AUXÍLIO-DOENÇA NO PBC – 1º ÍNDICE DE REAJUSTAMENTO
8.13 DA TEORIA À PRÁTICA
9 - Salário de Benefício Após a Lei n. 9.876/99
9.1 LEI N. 9.876/99 – DIREITO ADQUIRIDO – REGRAMENTO
ANTERIOR (MÉDIA ARITMÉTICA SIMPLES DOS 36 SC, SEM
APLICAÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO)
9.1.1 Lei n. 9.876/99 – direito adquirido – aposentadoria antes da EC
n. 20/98
9.1.2 Direito adquirido B/42 proporcional – EC n. 20/98 – Correção
monetária dos salários de contribuição. Termo final: dezembro de
1998 × DER
9.1.3 Direito adquirido B/42 proporcional – EC n. 20/98. Primeiro
reajustamento integral
9.1.4 Benefício mais vantajoso, consideradas as diversas datas em que
o direito poderia ter sido exercido
9.2 LEI N. 9.876/99 – NORMAS TRANSITÓRIAS
9.2.1 Lei n. 9.876/99 – normas transitórias – benefícios programáveis
9.2.2 Tese Revisional “Revisão da Vida Toda” (Lei n. 9.876/99 – art.
3º, § 2º: normatransitória maléfica)
9.2.3 Lei n. 9.876/99 – normas transitórias – benefícios por
incapacidade
9.2.4 Lei n. 9.876/99 e art. 32, § 20, do Decreto n. 3.048/99
9.2.5 Revisão art. 29, II, da Lei n. 8.213/91. Acordo celebrado nos
autos da ACP 000232059.2012.4.03.6183-SP
9.3 LEI N. 9.876/99 – E O ART. 29, § 4º, DA LEI N. 8.213/91
9.4 FATOR PREVIDENCIÁRIO24
9.4.1 Primeira parte da fórmula do FP. Capitalização virtual
9.4.2 Art. 29, § 8º, LB. EXPECTATIVA DE SOBREVIDA. Média
nacional única. Ofensa à isonomia. Prejudicialidade aos homens da
região Norte e Nordeste
9.4.3 Art. 29, § 9º, LB. Crédito fictício de tempo de contribuição
9.4.4 Exemplificação de cálculos com FP
9.4.5 Tabela de expectativa de sobrevida32
9.4.6 Fórmula progressiva 85 para mulheres e 95 para homens –
Alterações decorrentes do advento da Lei n. 13.183, de 2015
9.4.7 Fator previdenciário – regra de transição – e art. 122 da Lei n.
8.213/91
9.4.8 Ponderações sobre o fator previdenciário
9.5 APURAÇÃO DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO DO SEGURADO
QUE EXERCE MÚLTIPLAS ATIVIDADES APÓS A LEI N. 9.876/99
(E DEPOIS DA LEI N. 13.846, DE 2019)
9.5.1 Lei n. 13.846, de 2019. Novo art. 32 da Lei n. 8.213, de 1991
9.6 SALÁRIO DE BENEFÍCIO NA VIGÊNCIA DA MP N. 242/2005
9.7 LEI N. 13.135, DE 2015, ART. 5º. MEDIDA PROVISÓRIA N.
664, DE 30-12-2014
9.7.1 MP n. 664/2014. Vigência
9.7.2 Término dos efeitos da MP n. 664/2014. Lei n. 13.135/2015
9.7.3 Art. 29, § 10, Lei n. 8.213. Imposição de limite-teto ao auxílio-
doença. MP n. 664/2014. Lei n. 13.135/2015
10 - Reforma da Previdência de 2019. novo critério de cálculo dos
benefícios previdenciários
10.1 A REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE 2019 (EC N. 103, DE 12-
11-2019)
10.2 DIREITO ADQUIRIDO. ART. 3º DA EC N. 103, DE 2019
10.3 APOSENTADORIA PROGRAMÁVEL APÓS A REFORMA DA
PREVIDÊNCIA/2019
10.4 APOSENTADORIA POR IDADE APÓS A EC N. 103/2019
10.4.1 Perda da qualidade de segurado (PQS)
10.4.2 Aposentadoria por idade rural após a EC n. 103/2019
Valor da aposentadoria
10.5 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO APÓS
A EC N. 103/2019
10.5.1 Aposentadoria por tempo de contribuição com idade mínima
redutível. Aposentadoria de pontos (TC + Id). Art. 15 da EC n.
103/2019
10.5.2 Aposentadoria por tempo de contribuição com idade mínima
progressiva. art. 16 da EC n. 103/2019
10.5.3 Proteção ao direito iminente à aposentadoria (há menos de 2
anos). Aposentadoria sem atrelamento à idade mínima. Pedágio 50%.
Filiado antigo. Art. 17 da EC n. 103/2019
10.5.4 Aposentadoria por tempo de contribuição com idade mínima e
período adicional de 100% (cem por cento). Art. 20 da EC n.
103/2019
10.6 APOSENTADORIA DIFERENCIADA DE PROFESSOR APÓS
A EC N. 103/2019
10.7 APOSENTADORIA DIFERENCIADA DO SEGURADO
PESSOA COM DEFICIÊNCIA (PCD) APÓS A EC N. 103/2019
10.8 APOSENTADORIA ESPECIAL (B/46) APÓS A EC N. 103/2019
10.9 TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E O § 14 DO ART. 195 DA CF
(EC N. 103, DE 2019)
10.9.1 Direito de complementação, utilização do valor excedente de
contribuição em outra e agrupamento de contribuições. Art. 29 da EC
n. 103/2019
10.10 CÁLCULO DO VALOR DA APOSENTADORIA APÓS A
REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE 2019
10.10.1 Salário de benefício após Decreto n. 10.410, de 2020
10.10.2 Art. 26 da EC n. 103/2019. Valor do benefício. Complemento
das normas dos arts. 15, § 4º, 16, § 3º, 18, § 2º, e 20, § 2º, da EC n.
103/2019
10.10.3 Exclusão de SC. Art. 26, § 6º, da EC n. 103/2019
10.10.4 Tese revisional. Benefícios por incapacidade. Exclusão de
SC. Art. 26, § 6º, da EC n. 103, de 2019
10.10.5 Fator previdenciário após a EC n. 103/2019
10.10.6 Art. 26 da EC n. 103. Norma de eficácia contida ou limitada?
10.11 BENEFÍCIOS NÃO CALCULADOS COM BASE NO
SALÁRIO DE BENEFÍCIO APÓS A EC N. 103/2019
10.12 ART. 23 DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 103/2019 –
VALOR DA PENSÃO POR MORTE. PRETENSÃO
GOVERNAMENTAL ACOLHIDA PELO CONGRESSO NACIONAL
10.12.1 Art. 23 da EC n. 103/2019. Coeficiente de cálculo da pensão
10.12.2 Duvidosa constitucionalidade. Coeficiente de cálculo da
pensão por morte decorrente de acidente do trabalho
10.12.3 Base de cálculo da pensão por morte
10.12.4 Fim do direito de acrescer. Art. 23, § 1º, da EC n. 103/2019
10.12.5 Valor da pensão. Pensionista inválido ou com deficiência
intelectual, mental ou grave
11 - Reajustamento a Partir de Janeiro de 1992
11.1 REAJUSTE EM MAIO DE 1995 – 42,86%
11.2 REAJUSTE EM MAIO DE 1996
11.3 REAJUSTAMENTO APÓS 1997 – INPC
12 - Limites Mínimo e Máximo dos Benefícios Previdenciários
12.1 LIMITE MÍNIMO
12.2 AUXÍLIO-ACIDENTE E O PATAMAR MÍNIMO
12.3 LIMITE MÁXIMO
12.4 APOSENTADORIA VALETUDINÁRIA E O LIMITE-TETO
12.5 REVISÃO DO ART. 45 DA LEI N. 8.213: ADICIONAL DE 25%
A BENEFÍCIOS DIVERSOS DA APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ
12.6 LIMITE-TETO E O ART. 136 DA LEI N. 8.213/91
12.7 TABELA – LIMITE-TETO
13 - Revisão Pacificada STF. Limite-teto Fixado pelas Emendas
Constitucionais n. 20/98 e n. 41/2003
13.1 DA TEORIA À PRÁTICA
13.1.1 Parte 1 – DIBs de 5 de abril de 1991 a 31 de dezembro de 1993
13.1.2 Parte 2 – DIBs posteriores a março de 1994
13.1.3 Parte 3 – Emenda Constitucional n. 41/2003
13.2 DO PAGAMENTO ADMINISTRATIVO. REVISÃO-TETO.
ACORDO JUDICIAL FORMULADO NOS AUTOS DA ACP
13.3 COMO DETECTAR SE O BENEFICIÁRIO FAZ JUS À
REVISÃO
13.4 REVISÃO DA REPOSIÇÃO DA LIMITAÇÃO AO TETO DE
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS NO PERÍODO DENOMINADO
BURACO NEGRO
13.5 REVISÃO DA REPOSIÇÃO DA LIMITAÇÃO DO TETO DAS
EC N. 20 E N. 41 AOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DA
ATUAL CF/88
14 - Abono Anual. Fator de Conversão de Aposentadorias. Contagem de
Tempo para Carência e Tempo de Contribuição (APTC). reafirmação da
der
14.1 ABONO ANUAL
14.2 FATOR DE CONVERSÃO DE APOSENTADORIAS
14.3 CONTAGEM DE TEMPO PARA CARÊNCIA E TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO (APTC)
14.4 REAFIRMAÇÃO DA DER – TEMA 995/STJ
15 - Índices de Correção Monetária das Prestações em Atraso e do Salário
de Contribuição – Juros de Mora. Fase de Execução
15.1 Histórico dos indexadores de correção monetária
15.2 ÍNDICES ACUMULADOS
15.3 DEFLAÇÃO – CORREÇÃO MONETÁRIA
15.4 EXPURGOS INFLACIONÁRIOS
15.5 CRITÉRIO DE CÁLCULO DOS BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS
NO ESTADO DE SÃO PAULO – RECURSO DE REVISTA N.
9.859/7417
15.6 JUROS MORATÓRIOS – SÚMULA 204 STJ – JUROS
ENGLOBADOS E DECRESCENTES
15.7 Juros moratórios – 1% a partir de janeiro de 2003
15.8 Dos juros moratórios a partir de 1º de julho de 2009
15.9 Termo final da incidência dos juros (STF tema 96 repercussão
geral)
15.10 Padrões monetários e os principais erros na conversão da moeda
15.11 Imposto de Renda – incidência: mensal ou montante acumulado
15.12 Execução invertida
15.13 Honorários advocatícios. Execução
15.14 INSS vencedor/Honorários advocatícios (sucumbência)
15.15 INSS vencido/Honorários advocatícios (sucumbência)
15.16 Falecimento do exequente. Habilitação
15.17 Execução provisória
15.18 Ação monitória
15.19 Da teoria à prática
15.20 Execução do benefício mais vantajoso (desaposentação indireta)
16 - Dos Precatórios
16.1 Execução. CPC-1973
16.2 NCPC. Cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia certa pelo INSS
16.3 Dos precatórios
16.4 Dispensa de precatório – art. 128 da LB – redação original
16.5 Precatórios – correção monetária
16.6 Da teoria à prática
16.7 Juros moratórios48 durante o período de satisfação do precatório
16.8 Juros moratórios – precatório pago fora do prazo constitucional
16.9 Juros sobre juros – anatocismo
Anexos
Tabela de menor e maior valor-teto
Código de espécies de benefício
Siglas – Resolução INSS/DC n. 139, de 8 de outubro de 2003
Valores históricos dos indexadores
PORTARIA N. 3.659, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2020
ANEXO I
ANEXO II
ANEXO III
Tabela de Expectativa de Sobrevida
Referências
Aos meus pais, Francisco Arrais e Benedita, pelo sopro da
vida.
À minha querida avó, Maria Arrais (in memoriam). À
minha sogra, Fumie Miyata, e ao meu sogro, Mitsunori
Miyada (in memoriam).
In memoriam da querida amiga que nos deixou
precocemente em 2020, Débora Namur Rangel.
À minha esposa, Adriana,por me manter apaixonado
durante todos os dias de nossas bodas de prata. Te amo!
Ao meu tão amado filho Kenzo, às minhas lindas sobrinhas
Sophie e Tiffany, e ao meu sobrinho Yan, pelo colorido
todo especial dado ao meu viver.
Dedicatória especial aos meus amados afilhados: Carina
Takata, Marco Pivetta, Patrícia Lobo, Henry e Carla, Dênis
e Sílvia Rangel; Regiane e Tamar; Patrícia; Maria Paula e
Júlio Rossi; Rafael, Valéria, Yara e Fábio, Douglas e
Luciana, e Isabela.
Obrigado!
SIGLAS E ABREVIATURAS
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social
BEAT – Boletim Estatístico de Acidente do Trabalho
BTN – Bônus do Tesouro Nacional
CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
CAPIN – Caixa de Aposentadorias e Pensões da Imprensa Nacional
CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho
CEI – Cadastro Específico do INSS
CID – Classificação Internacional de Doenças
CLPS – Consolidação das Leis da Previdência Social
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE – Classificação Nacional de Atividade Econômica
CNI – Confederação Nacional da Indústria
CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
CNPS – Conselho Nacional de Previdência Social
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social
CSL – Contribuição Social sobre o Lucro
CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
DATAPREV – Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência
Social
DCB – Data de Cessação do Benefício
DDB – Data de Despacho do Benefício
DER – Data de Entrada do Requerimento
DIB – Data de Início do Benefício
DOU – Diário Oficial da União
EC – Emenda Constitucional
EFPC – Entidades Fechadas de Previdência Complementar
EGU – Encargos Gerais da União
EPU – Encargos Previdenciários da União
FAP – Fator Acidentário de Prevenção
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FNS – Fundo Nacional de Saúde
FPAS – Fundo de Previdência e Assistência Social
GEX – Gerência Executiva
GFIP – Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social
GPS – Guia da Previdência Social
GRCI – Guia de Recolhimento do Contribuinte Individual
GRPS – Guia de Recolhimento da Previdência Social
IAPC – Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários
IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IGP-DI – Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna
INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IRSM – Índice de Reajuste do Salário Mínimo
LB – Lei de Benefícios (Lei n, 8.213, de 1991)
LC – Lei Complementar
LOA – Lei Orçamentária Anual
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social
LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social
MC – Ministério da Cidadania
ME – Ministério da Economia
MF – Ministério da Fazenda
MP – Medida Provisória
MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social
MPS – Ministério da Previdência Social
MR – Mensalidade Reajustada
MTPS – Ministério do Trabalho e da Previdência Social
NB – Número de Benefício
NFLD – Notificação Fiscal de Lançamento de Débito
NIT – Número de Identificação do Trabalhador
NTDEAT – Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do
Trabalho
NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
NTP/T – Nexo Técnico Profissional ou do Trabalho
OIT – Organização Internacional do Trabalho
ORTN – Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional
OTN – Obrigação do Tesouro Nacional
PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público
PBC – Período Básico de Cálculo
PEC – Proposta de Emenda Constitucional
PIS – Programa de Integração Social
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PRISMA – Projeto de Regionalização de Informações e Sistemas
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais
REFIS – Programa de Recuperação Fiscal
RGPS – Regime Geral de Previdência Social
RMI – Renda Mensal Inicial
RMV – Renda Mensal Vitalícia
RPPS – Regimes Próprios de Previdência Social
RPS – Regulamento da Previdência Social (Decreto n. 3.049, de 1999)
RSC – Relação de Salários de Contribuição
SAE – Setor de Atividade Econômica
SAT – Seguro de Acidente do Trabalho
SB-40 – Formulário para registro de aposentadoria por tempo de serviço
especial por insalubridade
SB – Salário de benefício
SC – Salário de contribuição
SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte
SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social
SISOBI – Sistema Informatizado de Controle de Óbitos
SM – Salário Mínimo
SPC – Secretaria da Previdência Complementar
SPS – Secretaria de Previdência Social
SRFB – Secretaria da Receita Federal do Brasil
SUB – Sistema Único de Benefícios
SUSEP – Superintendência Nacional de Seguros Privados
UF – Unidade da Federação
UFIR – Unidade Fiscal de Referência
URP – Unidade de Referência de Preços
URV – Unidade Real de Valor
PREFÁCIO
O tema e o problema do valor dos benefícios devidos pelo sistema de
proteção social brasileiro têm ocupado a maior parte das discussões
judiciais que a Previdência Social trava com os beneficiários.
É difícil acreditar que algo tão objetivo como a apuração de valores, ou
a atualização desses valores para que se cumpra a garantia constitucional
da irredutibilidade dos benefícios, tenha se tornado questão tão intrincada.
Pode ser que isso se deva à ausência de transparência sobre a
metodologia dos cálculos, que, entendo, deveria ser de conhecimento de
todos quantos o quisessem pesquisar.
O presente livro é, portanto, atualíssimo.
Não se limita a abordar de modo teórico um tema cujo alcance prático
ressalta à evidência.
Sem descurar do rigor metodológico que todo estudo deve seguir, o
presente está informado pela vocação pragmática do autor que, sobre
conhecer profundamente o assunto, é capaz de expor com clareza e
precisão os conceitos de que se utiliza.
Esmiúça, como poucos, o mundo do salário de benefício, distinguindo
com minudências as realidades normativas anteriores e subsequentes à
promulgação da Constituição de 1988.
Adianto que, assim como eu próprio, são poucos os especialistas em
Direito Previdenciário que se embrenham pela seara dos cálculos. E são
pouquíssimos os que, dominando esse conhecimento, sabem fazê-lo
compreensível aos demais. Eis a vantagem de quem, como o autor, sobre
ser militante profissional do tema, é também professor com raros dotes
didáticos.
O livro, decerto, está vocacionado para o sucesso.
HERMES ARRAIS ALENCAR, aplicado e dedicado ao tema, é
Professor Universitário em cursos de Pós-Graduação em Direito
Previdenciário, além de integrante dos quadros da Advocacia-Geral da
União, atuando como Procurador Federal na área especializada em
Previdência Social. Já ocupou diversas posições de destaque na
Procuradoria Especializada na defesa do INSS. Sem nenhum receio de
ofender outros Procuradores, de quem fui colega por mais de 20 anos,
identifico nele o profissional sem preconceitos. Consegue ver na parte ex-
adversa alguém que pode ter direitos; que não é um inimigo! Qualidade
rara, pouco comum em ambiente em que as controvérsias quase sempre
acabam em disputas acirradas que desbordam dos estritos limites
processuais. Que faça escola também nesse particular.
Este livro, com certeza, se constituirá em valiosa referência bibliográfica
do Direito Previdenciário.
Prof. Dr. Wagner Balera
Titular da Faculdade de Direito
Coordenador da Área de Direito Previdenciário do
Programa de Pós-Graduação em Direito da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
NOTA DO AUTOR À 11A EDIÇÃO
Esta edição consagra a nova semântica de cálculos dos benefícios
previdenciários surgida com a Reforma da Previdência de 2019.
A Emenda Constitucional n. 103 (EC n.103) é universo a ser explorado
desde sua promulgação até o momento no qual o STF venha a elucidar
cada um dos mistérios que alicerçam a Nova Previdência.
A Nova Ordem surgida em 2019 no mundo da Previdência é a redução
da renda mensal inicial, sendo a missão desta obra trazer à tona pontos de
discussão para mitigar os impactos nefastos da Emenda da Reforma.
Mas nem por um átimo de segundo pode o intérprete das normas
previdenciárias se esquecer da ultratividade das disposições que reinaram
na fase pré-Reforma de 2019. A máxima do direito adquirido, sintetizada
no brocardo tempus regit actum, mantém a valia dos capítulos desta obra
afetos aos regramentos dos cálculos e das teses revisionais praticadas antes
da vinda das disposições constitucionais grafadas pelo Constituinte
Derivado Reformador de 2019.
Portanto, para evidenciar o contexto da proteção social em sua
plenitude, necessário se faz desvendar os mistérios que envolvem o critério
de cálculo dos benefícios previdenciários, figura estelar que faz parte da
fisiologia do ato concessório, muitas vezes de compreensão inacessível aos
segurados do Regime Geral de Previdência Social.
As regras jurídicas editadas acerca do objeto desta obra (critério de
cálculo) não primam pela clareza, com o intuito nítido e inescondível de
dificultar a descoberta do real sentido às camadas mais simples da
população. Desconhecimento que cerceia o direito do trabalhador de
efetivar o planejamento de uma vida melhor, de um futuro financeiramente
mais confortável, dentro dos estreitos limites ainda vigentes no ramo da
Previdência Social.
De modo que imprescindível uma real preocupação com educação
previdenciária, postura governamental docente ainda não assumida, a
revelar o amargor dos menos afortunados pela ausência das noções
elementares sobre a relação de proteção, desprovidos de qualquer
planejamento previdenciário.
Essa situação clama a atuação cada vez mais presente, eficiente e atenta
dos operadores do direito (magistrados, membros do Ministério Público,
advogados públicos e privados, bem como serventuários da Justiça e
servidores públicos da Autarquia Previdenciária, INSS), seja perante a
Administração Pública, seja em face do Poder Judiciário, para darem
concretude aos anseios do Constituinte de 1988 de satisfação das
necessidades sociais.
Este livro tem por escopo trazer à tona informações até então de difícil
acesso, revelar as situações de grande confusão nos meandros da estrutura
administrativa e judicial, durante o trâmite interpretativo da consagração
de direitos. A difusão do conhecimento que envolve a métrica quantitativa
da prestação pecuniária tornará viável erigir o condomínio social sob
terreno firme, capaz de sediar a todos com segurança.
Quando idealizada esta obra, receávamos que o tema “cálculo de
benefícios” pudesse revelar-se enfadonho ao profissional do direito e
comprometer a finalidade previdenciária. Entretanto, os leitores bem
aceitaram o desafio de entender o plexo de normas que circundam a
expressão numérica da renda mensal do benefício previdenciário.
A adesão cada vez maior de interessados no estudo da semântica da lei
protetora propicia a democratização sobre a discussão acerca da
retribuição do trabalho no seguro social (nas hipóteses de desventuras
delineadas constitucionalmente, art. 201).
Por essa razão, o lema é a cada edição brindar o leitor com a ampliação
e o aprimoramento de tudo que de relevo se mostra ao perfeito
entendimento das teses revisionais dos benefícios previdenciários.
Obviamente, a marca desta edição é o novel critério de apuração da
renda mensal inicial das prestações previdenciárias no enredo ditado pela
EC n. 103/2019.
Em suma, este manual vem suprir a lacuna da literatura previdenciária,
atendendo a profissionais do direito que há muito clamavam por livros
específicos acerca de noções de cálculos e teses revisionais de benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.
Bons estudos e sucesso!
O Autor
1
CÁLCULO DA RENDA MENSAL – NOÇÕES
ELEMENTARES
Será dada, inicialmente, breve visão do todo, para depois se proceder à
análise da amplitude e da adequada compreensão de cada um dos termos
que compõem o cálculo dos benefícios previdenciários.
A previsão normativa encontra-se no art. 201 do texto constitucional, e
nas disposições da Emenda Constitucional n. 103, de 12-11-2019, por
igual indispensável a atuação atenta e efetiva do intérprete para harmonizar
os regramentos da Nova Previdência de 2019 aos regramentos
infraconstitucionais constantes da Lei n. 8.213/911, denominada Lei de
Benefícios (LB), regulamentada pelo Decreto Federal n. 3.048/992
(Regulamento da Previdência Social [RPS], recém-atualizado pelo Decreto
n. 10.410, publicado em 1º-7-2020) disposições detalhadas na Instrução
Normativa do INSS/Pres 77, de 2015 (IN n. 77 INSS/Pres).
Ferramenta importante de consulta é a portaria anual editada, até o ano
de 2015, em conjunto pelo Ministério da Previdência Social com o
Ministério da Fazenda. A título de ilustração, confira-se a Portaria
Interministerial n. 13 do MPS/MF, datada de 9 de janeiro de 2015. Da
referida portaria encontram-se os dados relativos aos índices de
reajustamento das prestações previdenciárias (integral e proporcional);
bem como são anunciados os novos valores: (a) do limite máximo
contributivo e de recebimento de benefícios (teto); (b) da cota do salário-
família; (c) de definição do segurado como de “baixa renda” para efeito de
concessão de cota do salário-família e de auxílio-reclusão; (d) a ser
multiplicado pelo número total de pontos indicadores da natureza do grau
de dependência resultante da deformidade física, para fins de definição da
renda mensal inicial da pensão especial devida às vítimas da síndrome da
talidomida; (e) da diária paga ao segurado ou dependente pelo
deslocamento, por determinação do INSS, para submeter-se a exame
médico-pericial ou processo de reabilitação profissional, em localidade
diversa da de sua residência; (f) da multa pelo descumprimento das
obrigações, indicadas no caput do art. 287 do Regulamento da Previdência
Social (RPS); (g) da multa pela infração a qualquer dispositivo do RPS,
para a qual não haja penalidade expressamente cominada no art. 283 do
RPS; (h) de que trata o § 3º do art. 337-A do Código Penal; (i) das
demandas judiciais de que trata o art. 128 da Lei n. 8.213, de 1991; (j)
acima do qual o pagamento deverá ser autorizado expressamente pelo
Gerente-Executivo do INSS.
Em 2016 foi promovida alteração ministerial pela Lei n. 13.266
(decorrente da Medida Provisória n. 696, de 2-10-2015), tendo sido
efetivada a fusão da pasta da Previdência à do Trabalho, assim, a partir de
2-10-2015, a nova nomenclatura tornou-se: Ministério do Trabalho e
Previdência Social (MTPS). No ano de 2016 foi editada a Portaria
Interministerial n. 1 do MTPS/MF, de 8 de janeiro de 2016, contendo os
dados anunciados no parágrafo anterior.
Em curto espaço de tempo alterou-se mais uma vez a topografia
ministerial com a edição da Medida Palaciana n. 726, de 12-5-2016,
convolada na Lei n. 13.341, de 29-9-2016, deslocando-se a pasta da
Previdência ao Ministério da Fazenda; por conseguinte, a importante
portaria anual de reajustamento dos benefícios previdenciários, anunciada
nos dois parágrafos precedentes, passou a ser da alçada exclusiva do MF,
como ocorreu aos 13 de janeiro de 2017, com a edição da Portaria MF n. 8,
e em 2018 quando publicada a Portaria MF n. 15, de 16 de janeiro.
A partir de 2019 a Previdência passou a integrar a estrutura do
Ministério da Economia, por força da Medida Provisória n. 870, de 1º
janeiro de 2019, convertida na Lei n. 13.844/2019. Em conclusão, desde o
ano de 2019 a portaria ministerial anual de reajustamento dos benefícios
previdenciários está a cargo do Ministro da Economia que, por intermédio
da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho fez publicar a Portaria n.
9, datada de 15-1-2019 e a Portaria n. 3.659, de 10-2-2020 (disponível
em “anexos” ao final desta obra).
1.1 ELABORAÇÃO DE CÁLCULOSA regra matriz atemporal dos cálculos de benefícios previdenciários é
sintetizada da seguinte maneira:
RMI = SB × %
SB = MAS dos SC
SC = base cálculo tributo
RMI – renda mensal inicial
SB – salário de benefício
SC – salário de contribuição
MAS – média aritmética simples
% – coeficiente de cálculo do benefício
O salário de benefício é apurado, por regra, seguindo o critério atemporal:
DER – data da entrada do requerimento
DAT – data de afastamento do trabalho/atividade
DICB – data do Implemento das Condições Necessárias à Concessão do
Benefício
PBC – período básico de cálculo
CM – correção monetária
n – número fixado pela legislação da época do adimplemento dos
requisitos necessários à obtenção do benefício
Σ – símbolo sigma indicativo de somatória
SB × % = RMI
RMI × 1º reajuste (pro rata) = RMReaj
RM × reajustamentos = RMA
RMReaj – Renda Mensal Reajustada
RMA – Renda Mensal Atual
O ponto de partida do estudo é a Renda Mensal Inicial (RMI),
consistente no valor do primeiro pagamento recebido pelo beneficiário da
Previdência Social a título de benefício de trato sucessivo, em razão da
apólice constitucional de seguro social (art. 201 da CF).
A RMI, por regra, é obtida pela aplicação de um percentual (%) sobre o
salário de benefício (SB).
Cada benefício previdenciário apresenta um percentual:
Antes e depois da EC n. 103/2019:
50% – auxílio-acidente3 (B/36), inclusive o decorrente de acidente do
trabalho (B/94);
91% – auxílio-doença4 (B/31), inclusive o decorrente de acidente do
trabalho (B/91);
100% – aposentadoria por tempo de contribuição prevista na Lei
Complementar n. 142, de 2013, em prol do segurado considerado
pessoa com deficiência (PcD). Obs.: pela LC n. 142 aplica-se fator
previdenciário (FP), facultativamente, ou seja, apenas se benéfico ao
segurado. O Decreto n. 10.410, de 2020, manteve o FP no cálculo de
apuração da RMI da aposentadoria do segurado PcD apenas na
situação de direito adquirido até 13-11-2019 (RPS, art. 188-E, § 6º);
Antes da EC n. 103/2019:
100% – aposentadoria por invalidez5 (B/32), inclusive a decorrente de
acidente do trabalho (B/92);
100% – aposentadoria por tempo de contribuição6 (B/42). Obs.:
aplica-se o fator previdenciário obrigatoriamente, ainda que
prejudique o segurado, salvo se atendida a fórmula progressiva
prevista no art. 29-C da Lei n. 8.213, de 1991;
100% – aposentadoria especial7 (B/46);
70% a no máximo 100% – aposentadoria por idade8 (B/41). Obs.:
aplica-se o fator previdenciário facultativamente, ou seja, apenas se
benéfico ao segurado).
Depois da Reforma da Previdência de 2019:
Ø Regra 60%:
Aposentadoria programável (Arts. 15, 16, 18, 19 e 21 da EC n. 103,
de 2019), e
Aposentadoria por incapacidade permanente (B/32).
n Observação:
1. Com acréscimo de 2% para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 (vinte) anos
de contribuição se segurado do sexo masculino, enquanto para o sexo feminino (e para os
segurados expostos a atividade especial de que tratam a alínea “a” do inciso I do § 1º do art.
19 e o inciso I do art. 21, ambos da EC n. 103) o acréscimo de 2% será computado a partir do
15º ano contributivo;
2. acréscimo de 2% não encontra limitação máxima, podendo, assim, o percentil total superar
100%.
Ø Exceção 100%:
Aposentadoria por incapacidade permanente, quando decorrer de
acidente de trabalho, de doença profissional e de doença do
trabalho (B/92);
Aposentadoria regra de transição do art. 17 da EC n. 13, de 2019;
Aposentadoria regra de transição do art. 20 da EC n. 13, de 2019.
Ø Exceção 70%:
Aposentadoria por idade Rural do art. 201, § 7º, II, da CF (art. 56, §
2º, RPS), com acréscimo de 1% para cada ano de contribuição.
Disciplina o art. 28 da Lei n. 8.213/91 que o valor do benefício de prestação continuada,
inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente do trabalho, exceto o salário-
família e o salário-maternidade, será calculado com base no SB.
Já o art. 31 do RPS (com a redação atribuída pelo Decreto n. 10.410, de 2020) esclarece que o
SB é o valor básico utilizado para o cálculo da renda mensal dos benefícios de prestação
continuada, inclusive aqueles regidos por normas especiais, exceto:
I – o salário-família;
II – a pensão por morte;
III – o salário-maternidade;
IV – o auxílio-reclusão; e
V – os demais benefícios previstos em legislação especial.
Dos arts. 29 a 32 da LB encontram-se os contornos acerca do SB,
consistente na base de apuração da renda mensal inicial do benefício e
correspondente à média aritmética simples de determinado número de
salários de contribuição, quantidade de salários de contribuição a ser
estabelecida conforme a época do implemento dos requisitos necessários à
obtenção da proteção social pecuniária.
Regrado no art. 28 da Lei n. 8.212/91, o salário de contribuição (SC),
por sua vez, é o valor sobre o qual se faz incidir a alíquota da contribuição
previdenciária.
Dito de outra maneira, SC é a base de cálculo do tributo (contribuição
previdenciária).
SC equivale, grosso modo, à remuneração do segurado obrigatório na
categoria: empregado, trabalhador avulso, empregado doméstico e
contribuinte individual (art. 11 da Lei n. 8.213, de 1991).
Para o segurado facultativo (art. 13 da Lei n. 8.213, de 1991) o SC é o
valor por ele declarado.
Os SC utilizados no cálculo do valor de benefício serão considerados
respeitando-se os limites mínimo (§ 14 do art. 195 da CF, incluído pela
EC n. 103, de 2019) e máximo vigentes no Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) nas competências (meses) a que se referirem (art. 135 da
LB).
De posse dos valores dos SC do segurado, procede-se à aplicação da
correção monetária (CM) a cada um deles. A atualização monetária de
todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício
é direito constitucional averbado no § 3º do art. 201.
Oportuno trazer à colação as palavras esclarecedoras de Emerson
Lemes9: “Correção monetária significa trazer um determinado valor do
passado para o presente, sem que se perca o seu poder de compra”.
O índice de CM dos SC utilizados no cálculo do SB é a variação integral
do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
referente ao período decorrido, a partir da primeira competência do SC que
compõe o Período Básico de Cálculo (PBC), até o mês anterior ao do
início do benefício, de modo a preservar o seu valor real, em atenção ao
art. 29-B da Lei de Benefícios, art. 33 do Decreto n. 3.048/99, e o art. 179
da IN 77 INSS/Pres.
A CM impõe-se aos SC que integram o PBC, no momento da apuração
do SB.
Define-se PBC como lapso temporal imediatamente anterior a:
Ø Data de Entrada do Requerimento (DER);
Ø Data do Afastamento da Atividade (DAT);
Ø Data do Implemento das Condições Necessárias à Concessão do Benefício (DICB).
Unicamente os SC vertidos no interregno definido pelo legislador como PBC são admitidos de
ser computados no cálculo da obtenção do SB.
O número de meses que compõem o PBC oscila conforme a legislação
de regência do benefício.
A data do implemento das condições necessárias à concessão do
benefício fixa o texto legal aplicável em consonância com o brocardo
tempus regit actum.
Antes da Constituição Federal de 1988 (CF/88)10 o PBC correspondia:
a 48 meses, em se tratando de benefícios programáveis (B/41; B/42;
B/46)11, desse lapso temporal eram considerados para apuração do SB
até 36 SC.
a 18 meses, com relação aos benefícios de risco (B/21; B/25; B/31;
B/32)12, dos quais eram utilizados 12 SC para apuração do SB.
ao SC do dia do acidente, em favor dos benefícios por incapacidade
laborativa originados de infortúnio laboral13. A legislação admitia o
manejo unicamente do SC do dia do acidente caso tal sistemática
resultasse mais benéfica em comparação à média dos últimos 12 SC.
Na Lei n. 8.213/91, redação original, o PBC equivalia a 48 meses, dos
quais se utilizava para apuração do SB até 36 SC, independentemente de
se tratar de benefício programável oude risco.
Até o surgimento da Lei n. 9.032, de 28-4-1995, havia uma exceção
estabelecida no art. 28, § 1º, da LB, permitindo que no cálculo do
benefício decorrente de acidente do trabalho fosse considerado o SC
vigente no dia do acidente, se mais vantajoso quando comparado ao
resultado da média dos últimos 36 SC (SB).
Com o advento da Lei n. 9.876/9914 o PBC passou a corresponder a toda
a vida contributiva do segurado (limitada a retroação dos meses que
formam o PBC à competência de julho de 199415). Definido o PBC, eram
utilizados os 80% maiores SC.
Já a Nova Previdência de 2019, no viés restritivo, determina (regra)
seja apurado o SB com base nos 100% dos SC desde julho/94.
Na apuração do SB das aposentadorias programáveis o § 6º do art. 26 da
Emenda da Reforma permite a exclusão de quaisquer contribuições que
resultem em redução do valor do benefício, desde que mantida a
quantidade de contribuições equivalentes ao período de carência e
observado o tempo mínimo de contribuição necessário à elegibilidade
da aposentadoria requerida (art. 32, § 26, RPS, com redação atribuída
pelo Decreto n. 10.410, de 2020).
Em resumo, para definição do SB necessário se faz seja aplicada a
correção monetária a todos os SC integrantes do PBC. Ato contínuo,
divide-se o resultado obtido pelo número de SC somados. Assim, ter-se-á a
média aritmética simples (M.A.S.), a cujo resultado se dará o nome de
SB.
Divisor mínimo. Para apuração do SB com base no critério vigente
antes da Nova Previdência de 2019, a legislação previdenciária afasta a
aplicação da m.a.s. em se tratando de benefícios programáveis (B/41, B/42
e B/46) sempre que o ​número de SC constantes do PBC for considerado
pelo legislador como abaixo da quantidade mínima tolerável.
Sempre que aplicável o divisor mínimo, são considerados todos os SC
constantes do PBC que, após a incidência da CM, serão somados e o
resultado será dividido por número superior à quantidade de SC que foram
somados (aplicação de divisor mínimo).
Na redação original da LB o divisor mínimo era “24”16, e na vigência da
Lei n. 9.876, de 1999, a legislação contempla divisor mínimo unicamente
na regra de transição anotada no art. 3º, § 2º17, da Lei n. 9.876/99.
O art. 26 da EC n. 103, de 2019, não contempla a figura do “divisor
mínimo” na apuração da renda mensal dos benefícios previdenciários, por
conseguinte, o art. 188-E, § 1º, do RPS (incluído pelo Decreto n. 10.410,
de 2020), prevê a aplicação desse instituto (divisor mínimo) unicamente
em se tratando de aposentadoria programável concedida com base em
direito adquirido até 13 de novembro de 2019.
Após a fixação da RMI, o beneficiário perceberá mensalmente a renda
fixada inicialmente até a data do primeiro reajuste, que será, por regra,
proporcional (pro rata).
O reajustamento encontra alicerce em determinação constitucional, art.
201, § 4º, que traz a regra da manutenção do valor real do benefício
previdenciário, assegurando de forma permanente o poder aquisitivo da
renda mensal. A proteção ao poder de compra (aspecto qualitativo) se
constituiu em importante proteção do beneficiário da Previdência Social
contra a espiral inflacionária.
Todos os benefícios previdenciários são reajustados periodicamente. A
regra desde o ano de 1995 tem sido reajuste anual, conforme art. 41-A da
LB.
Uma vez ao ano é publicada a Tabela de Reajustamento; dela se constata
a existência de “índice integral”, conhecido no jargão previdenciário como
índice “cabeça de tabela”, que é o percentil devido a partir do segundo
reajustamento, enquanto no primeiro reajuste (como regra) a incidência é
de índice proporcional (índice pro rata), estabelecida na lógica: quanto
mais próxima a data de início do benefício (DIB) da data do reajustamento,
menor será o índice de recomposição do poder aquisitivo.
À guisa de demonstração, exibimos a Tabela de Reajuste utilizada em
janeiro do ano de 2016 (Portaria Interministerial 1, MPTS/MF, de 8-1-
2016):
Índices de reajuste diferem de índices de correção monetária.
Índices de reajustamento, também nominados de índices
previdenciários, incidem sobre a renda mensal do benefício.
O índice de reajustamento é divulgado na mesma oportunidade da
fixação do novo valor do salário mínimo nacional, mas com este não se
confunde!
n ATENÇÃO. Os índices de reajustamento não são atrelados à variação do
salário mínimo, diante de vedação constitucional (art. 7º, IV, in fine).
O reajustamento deve seguir indexador fixado em lei (art. 201, § 4º, CF
c/c art. 41-A da LB), de modo que a recomposição da inflação deve
corresponder àquela medida pelo INPC/IBGE, que como regra tem sido
inferior ao índice de ​reajuste do salário mínimo. A título de ilustração, no
ano de 200918 a variação do salário mínimo foi de 12% (de R$ 415,00 foi
elevado para R$ 465,00), ao passo que o reajustamento das aposentadorias
e pensões, apurado com base na variação do indexador legal (INPC), foi de
apenas 5,92%.
A diferença acentuada de percentis (salário mínimo × INPC) alimenta a
perene insatisfação dos aposentados pelo fato de o valor do benefício, após
o transcurso de poucos anos, não representar o mesmo quantitativo de
salários mínimos da época da concessão.
Observe-se, por exemplo, benefício concedido em janeiro de 2004, no
valor teto, de R$ 2.400,0019, que na ocasião equivalia a exatos 10 salários
mínimos (o salário mínimo era de R$ 240,00 em janeiro de 2004), esse
aposentado em 2016 terá sua renda mensal não superior a R$ 5.189,82
(limite máximo de benefícios previdenciários, decorrente da evolução
daquele valor teto de 2005 mediante reajustamento pelo INPC até 2016),
ao passo que 10 salários mínimos correspondem a R$ 8.880,00 (salário
mínimo em 2016 = R$ 880,00), a defasagem, em quantitativo de salários
mínimos, é na ordem de 69%!
Em 2020 o teto máximo de pagamento de benefício do RGPS é de R$
6.101,06, ao passo que o salário mínimo corresponde a R$ 1.045,00, de
modo que a proporção atual do teto máximo de benefícios dos RGPS é
equiparável unicamente para fins didáticos a 5,83 salários mínimos.
Competência Teto RGPS Salário mínimo
Correlação
(sem previsão legal)
Janeiro/2004 R$ 2.400,00 R$ 240,00 Teto = 10 sm
Fevereiro/2020 R$ 6.101,06 R$ 1.045,00 Teto = 5,83 sm
No entanto, o reclamo dos aposentados (vinculação do benefício
previdenciário a determinada quantidade de salários mínimos) não
encontra acolhida no Poder Judiciário, quer pela falta de amparo
constitucional (art. 7º, IV, parte final, que veda a vinculação do salário
mínimo para qualquer fim), quer pelo regramento legal (art. 41-A da LB,
que estabelece o reajustamento dos benefícios em manutenção,
anualmente, com base no INPC20).
Com a palavra o Supremo Tribunal Federal:
Reajuste. Benefício concedido na vigência da Constituição Federal de
1988. Acórdão recorrido em consonância com a jurisprudência desta
Corte. 1. O art. 41, II, da Lei n. 8.213/91 não infringiu o disposto nos
arts. 194, IV, e 201, § 2º, da Constituição Federal que asseguram,
respectivamente, a irredutibilidade do valor dos benefícios e a
preservação do seu valor real. Precedentes. 2. A revisão dos benefícios
previdenciários não pode ser atrelada à variação do salário mínimo,
após a implantação do plano de custeio e benefícios. Precedentes.
(Fonte: Informativo STF n. 683) (Ag. Reg. no AI-776.724/MG. rel. Min.
Luiz Fux).
O STF apreciou o Tema 996 de Repercussão Geral, no qual os
aposentados pleiteavam a RENÚNCIA ao reajuste pelo INPC e a opção
pela variação do salário mínimo. Julgado em 15-5-2020, a Corte Suprema
negou provimento ao recurso extraordinário.
STF. Tema 996. Tese firmada: Não encontra amparo no texto
constitucional revisão de benefício previdenciário pelo valor nominal do
salário mínimo.
Dita o STJ não caber a aplicação dos mesmos índices de reajuste dos
benefícios de valor mínimo (art. 201, § 2º, da CF/88) aos demais
benefícios previdenciários, uma vez que para estes o índice a ser aplicado
será o INPC (art. 41-A da Lei n. 8.213/91).
Em conclusão, apesar da enorme insatisfação dos aposentados,a
pretensão pela revisão do benefício para manter a quantidade de salários
mínimos que a RMI equivalia quando concedido o benefício é tese
revisional manifestamente improcedente21.
Reajustamento e o limite mínimo. Não se pode olvidar em respeitado
o limite mínimo constitucional fixado em um salário mínimo (art. 201, §
2º) para os benefícios que substituam a remuneração do trabalho, a
exemplo do auxílio-doença (B/31 e B/91), que, na eventualidade de o valor
resultante do cálculo legal de apuração de renda demonstrar-se inferior a
um salário mínimo, haverá no banco de dados da previdência dois registros
de valor: (a) o valor que realmente seria devido, pelas regras de apuração
de renda mensal inicial; (b) o valor a ser efetivamente pago, não inferior a
um salário mínimo (de acordo com o art. 41-A, § 6º, da Lei n. 8.213/9122).
Exemplificando, no ano de 2016 constata-se que o SB de determinado
segurado é de R$ 900,00, e o benefício a que tem direito é o B/31, cujo
coeficiente de cálculo é 91%, assim, a renda mensal inicial deveria ser de
(a) R$ 819,00 (R$ 900,00 × 91%), no entanto, o efetivo pagamento em
prol do beneficiário será de (b) R$ 880,00, equivalente a um salário
mínimo (art. 201, § 2º, CF). Os reajustamentos dos anos que se seguirão
incidirão sempre sobre a apuração real (a), respeitada a regra do art. 201, §
2º, CF (b). Por hipótese, mantida a mesma ilustração, caso no ano de 2017
o INPC apure 50% (percentil fictício, para fins didáticos), e a variação do
salário mínimo seja “fictícia” de 10%, a nova renda mensal desse segurado
será de R$ 1.228,00 (R$ 819,00 com reajuste “fictício” de 50%), porque
resultará superior ao novo salário mínimo “fictício” de R$ 968,00 (R$
880,00 com elevação “fictícia” de 10%).
De observar, ainda, que a regra é a da aplicação proporcional do índice
de reajustamento por ocasião do primeiro reajuste. O índice pro rata
equivale aos meses que compreendem a data da concessão e a data do
reajustamento de benefícios. O índice integral reserva-se aos subsequentes
reajustamentos.
n ATENÇÃO. Se se tratar de benefício decorrente de transformação, como
ocorre com o B/32 derivado de B/31, ou de B/21 decorrente de qualquer
aposentadoria, o primeiro reajuste do benefício consequente deve ser obtido com
base na data de início do benefício antecedente (DIB Ant).
Tratando-se de concessão de benefício derivado, a exemplo do B/32 ou
B/21, será plenamente possível a incidência do primeiro reajustamento
com base no índice integral, sempre que o benefício de que é decorrente
(auxílio-doença ou a aposentadoria) já tenha experimentado o
reajustamento proporcional. Entendimento corretamente perfilhado pela
Administração Pública:
IN n. 77 INSS/Pres, 2015
Seção V. Do reajustamento do valor do benefício
Art. 212. § 1º No caso de benefício precedido, para fins de reajuste, deverá ser
considerada a DIB anterior.
1.2 AÇÃO JUDICIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
A dinâmica básica da elaboração dos cálculos de apuração da RMI e do
critério de reajustamento anunciados é temática de grande importância
perante o Poder Judiciário tanto nas ações de concessão de prestação
previdenciária como nas de revisão de benefício.
Ultimada a fase do reconhecimento do direito, inaugura-se a etapa final,
de natureza satisfativa, que, como regra, ensejará a satisfação da obrigação
de fazer (implantar ou revisar benefício) e a obrigação de pagar quantia em
dinheiro (prestações devidas desde a data do início do benefício até a data
da véspera da implantação do benefício deferido ou revisado
judicialmente).
Em conformidade com o Código de Processo Civil (CPC), Lei n.
13.105/2015, art. 534, no cumprimento de sentença que impuser à Fazenda
Pública (neste conceito incluído o INSS) o dever de pagar quantia certa, o
exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do
crédito contendo:
I – o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;
II – o índice de correção monetária adotado;
III – os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária
utilizados;
V – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI – a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.
Obviamente, havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá
apresentar o seu próprio demonstrativo de apuração do quantum debeatur.
É bem verdade que a elaboração de cálculos previdenciários na seara
judicial, segundo entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça
(Tema Repetitivo 672), em se tratando de credor beneficiário de Justiça
Gratuita, pode ser elaborado pela contadoria judicial, jurisprudência
mantida após a vigência do atual Código Adjetivo Pátrio, com acréscimo
interpretativo “independentemente da complexidade” dado pelo REsp
1.725.731, julgado em 5-11-2019:
STJ. Tema Repetitivo n. 672. Tese firmada: Se o credor for
beneficiário da gratuidade da justiça, pode-se determinar a elaboração
dos cálculos pela contadoria judicial.
STJ. REsp 1.725.731, julgado em 5-11-2019: Esta Corte consolidou
jurisprudência no sentido de que o beneficiário da assistência judiciária
gratuita tem direito à elaboração de cálculos pela Contadoria Judicial,
independentemente de sua complexidade. Precedentes.
Cabe salientar que a multa prevista no § 1º do art. 523 do CPC não se
aplica à Fazenda Pública (art. 523, § 1º: “Não ocorrendo pagamento
voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez por
cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento”), de tal
sorte inaplicável ao INSS.
Importante sistemática, que não pode ser sepultada na vigência do atual
CPC, é a da execução invertida, situação na qual o juízo, observado o
trânsito em julgado, por ocasião da prolação do despacho de ciência as
partes do retorno dos autos à primeira instância, intima-se o credor para
manifestar anuência à remessa ulterior dos autos à Autarquia
Previdenciária, para efeito de apuração do quantum debeatur.
Com o aceite da sistemática de inversão, o devedor (INSS) procede à
apresentação em juízo das planilhas de cálculo, oportunidade na qual será
novamente intimado o credor, e havendo aceite dos valores, será expedido
o ofício requisitório, na forma do art. 100 do texto constitucional.
1.3 PLANILHA GRATUITA DE CÁLCULO
Para efeito de elaboração de cálculo de liquidação, em ações judiciais
que envolvam pedido de concessão ou de revisão de benefício
previdenciário, pode valer-se o credor da planilha, gratuita e sempre
atualizada, disponibilizada pela Justiça Federal da 3ª Região.
Para acessá-la basta digitar: <http://jef.trf3.jus.br/>.
A planilha, de fácil manuseio, opera em formato Excel. Repleta de
macros, permite diversos cálculos de maneira automática, bastando a
inserção dos dados básicos solicitados. O manual de utilização encontra-se
em: <http://jef.trf3.jus.br/consulta/planilha /manual_versao_1.pdf>.
Conquanto a planilha traga no cabeçalho os dizeres “Juizado Especial
Federal” é de livre utilização em todo e qualquer processo, podendo,
inclusive, ser excluído referido cabeçalho no ato da impressão. Eis o
layout da planilha (sem o referido cabeçalho):
(...)
Para benefício de valor mensal igual a 1 salário mínimo há planilha de
cálculo elaborada pela Justiça Federal da 4ª Região, acessível em:
<http://www.jfrs. gov.br/jusprev2/>.
Outra importante ferramenta também gratuita é a planilha de contagem de tempo de
serviço/contribuição para aferição de direito à aposentadoria junto ao INSS, bastando acessar o site:
<http://tempodeservico.blogspot.com>23. Importante ter em mãos a CTPS e o Cadastro Nacional de
Informações Sociais (CNSI) para apuração do tempo de contribuição. Para usar a planilha, não é
preciso fazer download, basta possuir uma conta gratuita do Google, clicar em “Arquivo” e em
seguida “Fazer uma cópia”. Depois, é só preencher os campos de cor verde.
De extrema valia ainda é o manejo do simulador de tempo de
contribuição disponível em “Meu INSS”.Simulação automática conhecida
como ‘Calculadora do INSS’, a ferramenta realiza uma busca automática
de todas as informações e dados de vínculos do segurado registrados nos
sistemas do INSS para calcular o tempo de contribuição, ou seja, quanto
tempo falta para o segurado se aposentar.
O simulador INSS é de fácil manuseio e faz a identificação e a exclusão
da contagem de períodos concomitantes (erro comum cometido em
petições iniciais apresentadas em juízo, quando baseado o cálculo de
tempo de contribuição em planilha Excel sem a função excludente de
duplicidade de lapsos temporais). Para que o sistema faça essa busca
automática é necessário fazer login no Meu INSS. Caso algum vínculo
porventura não conste nos registros previdenciários, há a opção de incluir
manualmente para fazer a simulação:
n ATENÇÃO. A contagem de Tempo de Contribuição é diferente antes e depois
da Nova Previdência de 2019.
Reza o Decreto n. 3.048 (RPS, com a redação dada pelo Decreto n.
10.410, de 2020):
Ø o tempo de contribuição até 13 de novembro de 2019 será contado de data a data, desde o
início da atividade até a data do desligamento, conforme art. 32, § 22-A, com art. 188-G,
ambos do RPS;
Ø após a Reforma da Previdência, as competências em que o salário de contribuição mensal
tenha sido igual ou superior ao limite mínimo serão computadas integralmente como tempo
de contribuição, independentemente da quantidade de dias trabalhados (art. 19-C, § 2º,
RPS).
Diante desse enredo, o empregado que tenha sido demitido no dia 4-11-2019, possui apenas 4
dias de TC relativos à competência de novembro de 2019 para efeito de futura aposentadoria,
pouco importando se o valor recolhido a título de contribuição previdenciária teve por base de
cálculo quantia ​inferior ao limite mínimo do salário de contribuição. Ao passo que outro empregado
que tenha sido contratado no dia 29-11-2019, poderá computar os 30 dias da competência de
novembro para efeito de aposentadoria (a despeito de ter trabalhado apenas 2 dias) desde que o
valor relativo à contribuição previdenciária para esses 2 dias de trabalho tenha tido salário de
contribuição igual ou superior ao limite mínimo.
A apuração da Renda Mensal Inicial é facilmente obtida no sítio
eletrônico do INSS. Passos a serem seguidos: (1) acessar
<www.inss.gov.br>; (2) clicar em “Todos os serviços ao cidadão”; (3)
selecionar: “Simulação de Cálculo da Renda Mensal de Benefício
Previdenciário”; (4) preencher o formulário eletrônico.
Essa ferramenta do INSS realiza o cálculo da renda mensal do segurado
levando em consideração tempo de contribuição, idade na aposentadoria e
expectativa de sobrevida do segurado na data de início do seu benefício
(conforme Tabela de Expectativa de Sobrevida divulgada pelo IBGE). A
planilha possibilita o cálculo em três situações: (a) direito adquirido na EC
n. 20/98; (b) na data da publicação da Lei n. 9.876, de 1999, (c) na data
da publicação da EC n. 103/2019 (obs.: até a data do fechamento desta
edição o cálculo conforme o regramento da Nova Previdência ainda não
estava operante), e (d) na DER.
Calcular valor de benefício
Por força da ACP 0037373-71.2015.4.02.5101, com abrangência
limitada às agências do Estado do Rio de Janeiro, deverá o INSS prestar o
serviço de simulação de contagem de tempo de contribuição também de
forma presencial ou, alternativamente, disponibilizar computadores e
funcionários para auxiliar os cidadãos em tal operação.
1.4 CORREÇÃO MONETÁRIA – DÉBITOS JUDICIAIS
Como antes explicitado, a correção monetária (CM) se faz aplicável a
cada um dos SC que compõem o PBC. A CM também é manejada para
apuração do montante devido a título de benefícios pagos em atraso.
Hipótese na qual se apura o valor histórico da RMI e das rendas mensais
subsequentes (estas mediante aplicação de índices de reajustamento).
Depois de definidos todos os valores a que tinha direito o beneficiário em
determinado período, faz-se incidir, sobre o valor apurado em cada uma
das competências, a CM, mês a mês, até a data da elaboração do cálculo.
Para o cálculo de pagamento de parcelas relativas a benefícios efetuado
com atraso, apuradas na seara administrativa, determina o Decreto
Federal n. 3.048/99, no art. 175, que, independentemente de ocorrência
de mora e de quem lhe deu causa, deve ser corrigido monetariamente
desde o momento em que restou devido, pelo mesmo índice utilizado
para os reajustamentos dos benefícios do RGPS. Em outras palavras, a
CM das prestações pagas em atraso na órbita administrativa deve observar
a variação mensal do INPC.
Matéria esta que, de tão pacificada24, restou sumulada pela Advocacia-
Geral da União (AGU). Súmula 38:
Incide a correção monetária sobre as parcelas em atraso não prescritas,
relativas aos débitos de natureza alimentar, assim como aos benefícios
previdenciários, desde o momento em que passaram a ser devidos,
mesmo que em período anterior ao ajuizamento de ação judicial.
A CM de prestações em atraso possuía indexadores diferentes
(INPC/IBGE ou Índice Geral de Preços, Disponibilidade Interna – IGP-DI,
apurado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV), conforme a apuração
fosse administrativa (INSS) ou judicial (ações de concessão ou revisão de
benefício previdenciário).
As prestações previdenciárias decorrentes de débito judicial passaram a
ser corrigidas com base no INPC/IBGE, mesmo indexador manejado na
via administrativa (INSS), por força do art. 31 da Lei n. 10.741/2003.
Bem afinadas com a legislação previdenciária, as Turmas Recursais de
Santa Catarina confeccionaram a Súmula 7: Em ações de concessão ou
revisão de benefícios previdenciários o INPC substitui o IGP-DI na
atualização das parcelas vencidas, desde fev. 2004 (MP n. 167, convertida
na Lei n. 10.887/2004, que acrescentou o art. 29-B à Lei n. 8.213/91,
combinada com o art. 31 da Lei n. 10.741/2003).
O Conselho da Justiça Federal (CJF), ao editar o Manual de Orientação
de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal (Resolução CJF n. 561,
de 2-7-2007), fixa a aplicação desde maio de 1996 a dezembro de 2003 do
IGP-DI (MP n. 1.415, de 29-4-1996 e Lei n. 10.192, de 14-2-2001); e de
janeiro de 2004 em diante, impera o INPC (Lei n. 10.741/2003, MP n.
167/2004 e Lei n. 10.887/2004).
Consolidado o débito previdenciário nos autos do processo judicial
transitado em julgado, etapa subsequente é a da expedição do requisitório,
nos moldes definidos no art. 100 da Norma Suprema. Os valores a serem
satisfeitos na sistemática dos precatórios ou das requisições de pequeno
valor devem ser atualizados monetariamente (desde o mês do fechamento
da conta acolhida para inscrição no regime dos requisitórios até a data do
efetivo pagamento). A atualização dos requisitórios deve dar-se em
conformidade com o indexador definido na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) (Lei n. 12.017/09. Art. 28, § 6º)25, que fixava a
variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – Especial (IPCA-E)
–, divulgado pelo IBGE.
No ano de 2009, o Governo, seduzido pela baixa rentabilidade do
indexador denominado Taxa Referencial26 (TR), editou a Lei n.
11.960/2009, que por sua vez deu nova tessitura ao art. 1º-F da Lei n.
9.494/97, estabelecendo que os débitos apurados judicialmente
passassem a ser corrigidos com observância dos índices oficiais de
remuneração básica aplicados à caderneta de poupança, cujo índice oficial
é a TR.
Na mesma toada da Lei n. 11.960/2009, houve a promulgação da
Emenda Constitucional n. 62, em dezembro de 2009, ratificando a
utilização do índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança (TR) para a atualização de valores a serem pagos na sistemática
dos requisitórios.
A subsequente LDO (Lei n. 12.309, de 9-8-2010) estabeleceu (art. 28, §
6º) que a atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do
art. 100 da Constituição, inclusive em relação às causas previdenciárias e
de acidente do trabalho, observaria, no exercício de 2011:
I – para as requisições expedidas até 1º de julho de 2009, a variação do
Índice Nacional de Preços ao ConsumidorAmplo – Especial (IPCA-E)
do IBGE; e
II – para as requisições expedidas a partir de 2 de julho de 2009, a
remuneração básica das cadernetas de poupança.
A substituição do INPC na fase de apuração do débito judicial, e do
IPCA-E na atualização dos precatórios, resultou grande economia aos
cofres públicos, diante dos baixíssimos índices revelados pela TR
comparativamente ao resultado apresentado pelo INPC e pelo IPCA-E.
Observe o quadro comparativo de acumulado anual de cada um dos
indexadores em debate:
INPC IPCA-E TR
2009 4,11% 4,18% 0,7090%
2010 6,46% 5,79% 0,6887%
2011 6,07% 6,55% 1,2079%
2012 6,19% 5,77% 0,2897%
2013 5,56% 5,84% 0,1910%
O CJF editou a Resolução n. 134/2010, incorporando os índices mensais
da TR aos débitos judiciais a partir de julho de 2009 (Lei n. 11.960/2009).
A partir desse cenário, situação curiosa passou a existir, débitos
previdenciários apurados perante o Poder Judiciário resultavam quantia
inferior àquela apurada pelo INSS na seara administrativa. A título de
ilustração, caso fosse o INSS devedor de R$ 1.000,00 em julho de 1994,
perante um aposentado ou pensionista, e tivesse de saldar essa dívida, sem
provocação judicial, em abril de 2013, esse valor atualizado pelos índices
administrativos resultaria em R$ 5.792,08, de acordo com a tabela de
atualização monetária das parcelas relativas a benefícios pagos com atraso
constante da Portaria INSS n. 181, de 11 de abril de 2013.
De outro giro, a mesma dívida de R$ 1.000,00 devido desde julho de
1994, ao ser corrigida monetariamente perante a Justiça Federal, resultava
para abril de 2013 o quantum debeatur de R$ 4.851,83 (Resolução CJF n.
134/2010, índice acumulado divulgado em abril de 2013 = 4,85183). O
valor apurado administrativamente pela Autarquia Previdenciária era
(nessa demonstração, de jul. 1994 a abr. 2013) 19,38% superior à quantia
encontrada com a aplicação da Resolução n. 134/CJF, tendo por principal
causa o indexador TR, não existente na via administrativa. Socorrer-se da
via judicial tornou-se um dilema, uma vez que era financeiramente
desvantajoso por força da incidência do indexador TR.
Diante desses temperos, no ano de 2013 decidiu o Colendo STF declarar
inconstitucional a expressão “índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da CF, e por
arrastamento também o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela
Lei n. 11.960/2009, julgamento ocorrido em 14 de março de 2013. ADIns
n. 4.357/DF e 4.425/DF, relator para o acórdão Min. Luiz Fux (relator
original Min. Ayres Britto).
Entendeu o STF não aplicar às condenações impostas à Fazenda Pública
“durante a fase de processamento do ofício requisitório” (art. 100 da CF) o
indexador oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, com
fundamento na declaração de sua inconstitucionalidade.
Em dezembro de 2013, o CJF substituiu a Resolução n. 134/2010,
editando a Resolução n. 267, dando nova redação ao Manual de
Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, tendo por
principal modificação a exclusão do indexador TR pelo INPC, inclusive
para a fase de constituição do quantum debeatur (que precede à fase de
expedição do precatório)
Da mesma forma, a LDO de 2013 (Lei n. 12.919), no art. 27,
restabeleceu o IPCA-E do IBGE como fator de atualização monetária dos
precatórios, inclusive em relação às causas previdenciárias e de acidente
do trabalho.
Resulta certo o afastamento do indexador TR durante a fase de
tramitação do precatório, no entanto, ainda estava pendente de definição
perante a Colenda Suprema Corte o regime de atualização monetária das
condenações impostas à Fazenda Pública, relativa à fase anterior à
inscrição do ofício requisitório (a da apuração do quantum debeatur)
matéria com Repercussão Geral decretada pelo STF no Recurso
Extraordinário 870.947: tema 810/STF.
O tema 810 foi solucionado pelo Plenário da Corte Suprema em 20-9-
2017, oportunidade na qual foi sacramentada a inconstitucionalidade do
indexador de correção monetária trazido pela Lei n. 11.960, de 2009,
restando afastado o uso da Taxa Referencial (TR) como índice de
atualização dos débitos judiciais da Fazenda Pública, mesmo no período da
dívida anterior à expedição do precatório. De esclarecer duas foram as
teses estabelecidas pelo STF com o julgamento do RE 870.947. A primeira
tese aprovada, referente aos juros moratórios, que será vista adiante, a
segunda tese fixada é referente à atualização monetária, e apresenta a
seguinte redação:
STF. Tema 810. O art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997, com a redação dada
pela Lei n. 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como
medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo
inidônea a promover os fins a que se destina.
Após o julgamento do tema 810 pelo STF, o Egrégio STJ, em fevereiro
de 2018, estabeleceu efeitos retroativos (ex tunc) à declaração de
inconstitucionalidade do artigo 1-F, da Lei n. 9.494/97 (correção
monetária) e, no que tange às ações de natureza previdenciária, firmou o
indexador INPC para apuração do quantum debeatur em razão do
afastamento da TR (acórdão sujeito ao regime previsto no art. 1.036 e
seguintes do CPC/2015: Recurso Especial Repetitivo).
Em 3-10-2019, o STF concluiu o julgamento dos embargos declaratórios
apresentados pelo INSS, que, por maioria, decidiu a Corte Suprema por
declarar inconstitucional o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada
pela Lei n. 11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública, afastando o
indexador TR desde a sua edição, 30-6-2009 (restou afastado o pedido de
modulação dos efeitos que a Autarquia Previdenciária havia efetivado no
recurso de embargos declaratórios).
1.5 JUROS APLICADOS E AS RESPECTIVAS TAXAS
Encerrada a saga do “indexador de correção monetária dos débitos
judiciais”, momento de enfatizar o cabimento de juros de mora sobre as
parcelas integrantes do débito apurado judicialmente, em conformidade
com o teor da Súmula 204 do STJ:
Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários
incidem a partir da citação válida.
Emerson Lemes27 leciona que por juros de mora se compreende:
“Rendimento auferido pelo uso do dinheiro pelo devedor durante
determinado período, privando-se o credor de seu uso no mesmo período”.
Na seara previdenciária a taxa dos juros de mora é exatamente aquela
aplicada na caderneta de poupança. Esse critério está estabelecido na Lei
n. 11.960, de 2009.
Como adrede analisado, a Lei n. 11.960 foi questionada junto ao STF
que no julgamento do RE 870.947, diversamente do desfecho dado à
correção monetária, julgou constitucional a taxa de juros:
O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.
11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a
condenações da Fazenda Pública, [...] quanto às condenações oriundas
de relação jurídica não tributária, a fixação dos juros moratórios
segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é
constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art.
1º-F da Lei 9.494/97 com a redação dada pela Lei 11.960/2009.
Com relação aos juros de mora, tiveram os beneficiários da Previdência
outra vitória perante o Colendo STF no ano de 2017, por ocasião da
apreciação do Recurso Extraordinário n. 579.431/RS, relator o Ministro
Marco Aurélio, no qual foi reconhecida a repercussão geral, concluído o
julgamento pela incidência dos juros da mora no período compreendido
entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do precatório
(afastando a tese segundo a qual a incidência dos juros de mora deveria
cessar após a apresentação do cálculo de liquidação). Trata-se do tema 96
de repercussão geral, julgado em 19-4-2017, ao qualfoi fixada a tese:
STF. Tema 96. Incidem os juros da mora no período compreendido
entre a data da realização dos cálculos e a da requisição ou do
precatório.
1.6 OFÍCIO REQUISITÓRIO
Na linha do art. 535, § 3º, da Lei n. 13.105 (CPC), não impugnada a
execução ou rejeitadas as arguições do ente público, devem ser praticados
os atos que sinalizam a proximidade do fim do processo:
I – expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente,
precatório em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100
da Constituição Federal;
II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente
público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de
pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da
entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial
mais próxima da residência do exequente.
E, tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela
executada será, desde logo, objeto de cumprimento.
Portanto, a depender do valor final acolhido pelo juízo, o pagamento se
fará por intermédio de RPV (Requisição de Pequeno Valor), observado o
interregno de 60 dias, ou por Precatório que, se inscrito até o dia 1º de
julho, será pago no ano subsequente. Entretanto, inscrito o precatório no
segundo semestre, somente será satisfeita a obrigação de pagar no ano
posterior ao subsequente.
O ofício requisitório deverá seguir o ritual previsto na Resolução n.
405/2016, do Conselho da Justiça Federal.
n ATENÇÃO: os honorários sucumbenciais (e os contratuais) não devem ser
considerados como parcela integrante do valor devido a cada credor para
fins de classificação do requisitório como de pequeno valor, sendo expedida
requisição própria, conforme previsto no parágrafo único do art, 18 da
Resolução n. 405/2016 do CJF.
Efetivado o depósito dos valores requisitados, devem ser cientificadas as
partes, e ato contínuo deve ser expedido alvará para levantamento das
quantias, nos termos da Resolução n. CJF-2016/00405, de 9 de junho de
2016.
n Cuidado. A Lei n. 13.463, de 6-7-2017, no art. 2º, determina o cancelamento
dos precatórios e das RPV federais expedidos cujos valores não tenham sido
levantados pelo credor e estejam depositados há mais de dois anos em
instituição financeira oficial.
Satisfeita a obrigação, deverá o processo ser extinto, com espeque no
art. 924, II, do CPC.
1.7 LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI N. 12.527/2011)
A explanação efetivada neste capítulo tem o nítido colorido de introito à
matéria “cálculo de benefícios previdenciários”, para que,
consequentemente, haja adequado e imprescindível aprofundamento, nos
capítulos que seguem, nas reflexões acerca das teses revisionais.
No entanto, ainda a título de preâmbulo, convém discorrer sobre as
informações necessárias à análise de concessão e de revisão de benefício
previdenciário, disponíveis no banco de dados do INSS e acessíveis aos
beneficiários do RGPS com fulcro na Lei de Acesso à Informação.
Para análise de benefício previdenciário é imprescindível que o
profissional efetive a colheita do máximo de informes para a verificação,
em profundidade, do direito do beneficiário à concessão/revisão de sua
prestação social.
Em decorrência do mister exercido pelo autor desta obra, afirma-se que
nos processos judiciais em face do INSS boa parte das improcedências
lançadas por sentença decorrem da falta de apresentação de prova nos
autos (dados relevantes acerca dos segurados/dependentes para o
reconhecimento do direito). Para ilustrar, cite-se pedido de pensão por
morte no qual há o decreto de improcedência28 pelo motivo de na data do
óbito ter se verificado a perda da qualidade de segurado (art. 102, § 2º, da
Lei n. 8.213/91), quando do sítio eletrônico do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) constata-se que o falecido havia recebido parcelas do
seguro-desemprego, fato capaz de prorrogar a manutenção da qualidade de
segurado por mais 12 meses, nos moldes do § 2º do art. 15 da Lei de
Benefícios.
Informações simples e acessíveis em sítios da Internet (como essa
constante do sítio do MTE: <http://sd.mte.gov.br/sdweb/consulta.jsf>
muitas e muitas vezes não são colacionadas e nem mesmo referidas nos
autos, resultando na indevida improcedência da ação, de modo a ensejar,
com sucesso, o manejo de ação rescisória, com alicerce no CPC, art. 966,
que admite possa ser rescindida a decisão de mérito, transitada em julgado,
quando: “V – violar manifestamente norma jurídica; VII – obtiver o autor,
posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava
ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável; ou VIII – for fundada em erro de fato
verificável do exame dos autos”.
STJ AÇÃO RESCISÓRIA n. 3.528 – SP (2006/0061993-7) RELATOR:
MINISTRO NEFI CORDEIRO. Publicada em 5-3-2015.
Ementa. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IX,
E § 1º, CPC. ERRO DE FATO CONFIGURADO. PENSÃO POR
MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO MANTIDA. CONCESSÃO
DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA
PROCEDENTE. I – O § 2º do art. 15 da Lei n. 8.213/91 enuncia que o
prazo de doze meses previsto no inciso II do dispositivo será acrescido
de mais doze meses para o segurado desempregado, desde que
comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério
do Trabalho e da Previdência Social. II – A Terceira Seção consolidou
entendimento segundo o qual o registro mencionado no dispositivo em
comento “não pode ser tido como o único meio de prova da condição de
desempregado do segurado”, porquanto o preceito “deve ser interpretado
de forma a proteger não o registro da situação de desemprego, mas o
segurado desempregado” (Pet 7115/PR, rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Terceira Seção, DJe de 6-4-2010). III – A jurisprudência da Sexta
Turma cristalizou-se no sentido de que o deferimento e a consequente
percepção do seguro-desemprego, por ser benefício proposto e
processado perante os Postos do Ministério do Trabalho e Emprego,
pode ser utilizado para fins de concessão do acréscimo de doze meses ao
período de graça, previsto no já mencionado § 2º do art. 15 da Lei n.
8.213/91. IV – Ação rescisória procedente.
De relevo anotar, ainda, da corrente jurisprudencial, que o benefício de
seguro-desemprego tem natureza previdenciária, pois o substrato
constitucional é alicerçado no art. 201, III, que atribui à Previdência Social
proteção do trabalhador na situação de desemprego involuntário. A
natureza previdenciária está sacramentada no âmbito da própria
Administração Pública, por meio da aprovação do
PARECER/CONJUR/MTE/N. 256/201029, decorrendo que, nos moldes
expressos do art. 15, I, da Lei n. 8.213/91, mantém a qualidade de
segurado a pessoa em gozo de ​benefício previdenciário. Logo, somente
após a percepção da última parcela do seguro-desemprego, e desde que
observada a contagem de prazo na forma prevista no § 4º do mesmo art.
15, ter-se-á início a contagem do período de graça.
A respeito do termo inicial da contagem do período de graça, o
Congresso Nacional havia incluído na Medida Provisória n. 664/2014,
proposta de alteração da redação do art. 15 da Lei n. 8.213/91, para tornar
expresso que “II – até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições,
o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
previdência social, que estiver suspenso ou licenciado sem remuneração ou
que deixar de receber o benefício do seguro-desemprego”.
Encaminhado para assinatura da Presidência da República o referido
projeto de lei de conversão, e ouvido o Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, manifestou-se o Poder Executivo pelo veto da nova
redação do inciso II, apresentando a motivação: “Da forma prevista, o
dispositivo poderia ampliar o prazo de manutenção na qualidade de
segurado do beneficiário do seguro-desemprego, que começaria a contar
apenas depois do recebimento desse benefício, mesmo sem haver previsão
de desconto de contribuição durante este intervalo”.
Em 11-11-2019 foi publicada a Medida Provisória n. 905, normatização

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