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Resumo de Técnicas de Entrevista e Observação

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Resumo de Técnicas de Entrevista e Observação
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O PROCESSO PSICODIAGNÓSTICO (ETAPAS)
A entrevista é uma técnica primordial na área da Saúde Mental e um instrumento largamente utilizado em vários contextos da atuação do psicólogo. É considerada uma técnica de investigação científica em Psicologia. A entrevista é vista como um instrumento de avaliação, utilizada como sistema de interação no processo de avaliar e intervir e na busca de dados de diferentes fontes. Como processo de avaliação psicológica clínica (Psicodiagnóstico), a entrevista psicológica é a primeira etapa, dando início ao plano de avaliação, juntamente com a observação clínica e a aplicação de testes psicológicos. No processo psicodiagnóstico, utiliza-se entrevistas semidirigidas, pois o paciente define o que vai falar primeiro e como será a sua fala. Cabe ao entrevistador, manter uma escuta apurada, sem que perca de vista o foco de investigação que leva ao esclarecimento da queixa ou sintoma do paciente (motivo da consulta). O processo psicodiagnóstico possui objetivo e tempo limitados, diferente de um processo psicoterápico. É mais comum esse tipo de avaliação ser realizado com crianças, envolvendo as seguintes etapas: entrevistas com os pais ou responsáveis (semidirigida); entrevista de anamnese (história de vida); observação lúdica (ou hora de jogo diagnóstica); aplicação de uma bateria de testes (de acordo com o caso e com a necessidade); devolutiva com os pais e com a criança; encaminhamento e relatório (laudo psicológico).
A ENTREVISTA PSICOLÓGICA (TIPOS DE ENTREVISTA)
Como já apresentamos a entrevista, de um modo geral, é um instrumento muito utilizado em várias áreas de atuação do psicólogo. Vamos agora, classificar os tipos de entrevista de acordo com sua estruturação e seus objetivos. Segundo sua estruturação, a entrevista pode ser classificada como: livre ou não estruturada, fechada ou estruturada e semidirigida ou semiestruturada. Na entrevista livre ou não estruturada, o entrevistador está interessado no discurso espontâneo do entrevistado e segue o fluxo natural de suas ideias, própria da entrevista psicoterápica. A entrevista fechada ou estruturada é altamente padronizada e requer informações específicas, privilegiando a objetividade e comparação dos dados, por esse motivo, é bastante utilizada na área da pesquisa. Já na entrevista semidirigida ou semiestruturada, o entrevistador tem liberdade de formular as perguntas e organizar sua sequência, o que requer mais experiência, habilidade e treinamento, própria de processos de avaliação psicológica. Segundo os objetivos, podemos classificar os tipos de entrevista em: diagnóstica, psicoterápica, de encaminhamento (ou triagem), de pesquisa, de seleção de pessoal, de anamnese ou de devolução. Para aprofundar melhor cada tipo de entrevista, leia o texto da autora Schelini (s/d), disponível na Biblioteca da UNIP e o capítulo indicado do livro da autora Cunha (2000).
A ENTREVISTA CLÍNICA (TRANSFERÊNCIA/ CONTRATRANSFERÊNCIA, ANSIEDADE, ENQUADRE, ENTREVISTA COM GRUPOS)
Na relação que se estabelece na entrevista, deve-se contar com dois fenômenos significativos:
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1) Transferência: são as atitudes afetivas que o sujeito vivencia em relação ao entrevistador. Corresponde à atualização de sentimentos e condutas inconscientes por parte do sujeito, que estão associados a modelos que este estabeleceu ao longo de seu desenvolvimento, especialmente na relação interpessoal com o seu meio familiar. Portanto, o sujeito transfere situações e modelos para a realidade presente.
2) Contratransferência: são as respostas do entrevistador às manifestações do entrevistado. Incluem todos os fenômenos que aparecem no entrevistador, como emergentes do campo psicológico e os efeitos que têm sobre ele. Portanto, à observação na entrevista, acrescenta-se também a necessidade de auto-observação (impressões, sentimentos). Outro aspecto importante a ser observado numa entrevista, diz respeito à ansiedade. A ansiedade é um indicador do desenvolvimento de uma entrevista e deve ser atentamente acompanhada pelo entrevistador. Deve-se estar atento ao seu grau ou intensidade. Durante a entrevista, o entrevistado e o entrevistador se defrontam com uma situação desconhecida e, portanto, ansiógena. A ansiedade deve ser instrumentalizada, isto é, deve se tornar um instrumento de trabalho para o entrevistador. Outro elemento importante na entrevista se refere ao enquadre. Aspectos como o tempo (horário e limite da extensão da entrevista), o espaço (terreno ambiental onde se realiza a entrevista), papel técnico do profissional, bem como, a abertura e o fechamento da entrevista, o tipo de perguntas, as muitas formas de silêncio e a garantia do sigilo profissional por questões éticas.
A ENTREVISTA CLÍNICA (AJUDA, REGISTRO E TIPOS DE PERGUNTAS)
Segundo Alfred BENJAMIN (2011), a entrevista de ajuda tem como principal objetivo auxiliar o paciente. Segundo esse autor, ajudar é um ato de capacitação, ou seja, o entrevistador deve capacitar (promover a capacidade) do entrevistado a reconhecer, sentir e escolher se deve mudar. Este ato exige “doação” (dedicação) por parte do entrevistador. Para a entrevista clínica transcorrer de forma adequada, é necessário considerar alguns aspectos do ambiente e do psicólogo, que podem influenciar no desenvolvimento da entrevista: os fatores externos (sala de atendimento adequada e sem barulhos, evitando interrupções)e internos (desejo de ajudar do psicólogo e conhecer a si mesmo para compreender o outro). Outro aspecto importante, diz respeito ao registro da entrevista. A anotação, quando necessária, não deve interferir no ritmo da entrevista. Seja qual for a forma de anotação, deve-se esclarecer a sua importância durante a entrevista, bem como, a garantia do sigilo dos dados.
Outra questão importante diz respeito à gravação da entrevista. Eticamente é correto avisar o entrevistado e solicitar o seu consentimento, garantindo a segurança das informações prestadas. As perguntas utilizadas durante a entrevista dependem dos objetivos desta.
Existem vários tipos de perguntas:
· Pergunta aberta: é ampla, permite ao entrevistado amplas possibilidades e alarga o campo perceptivo, além de aprofundar o contato.
· Pergunta fechada: é restrita a uma resposta específica e limita o contato.
· Perguntas diretas: indicam interrogações precisas.
· Perguntas indiretas: são perguntas sem parecer serem, geralmente aparecem sem um ponto de interrogação no final da frase.
· Perguntas duplas: limita o entrevistado a uma de duas alternativas.
· Bombardeio de perguntas: deve ser evitado, pois dificulta a relação.
· Por que?: também, deve ser evitado, muitas vezes conota uma reprovação, culpa ou condenação.
A ENTREVISTA DE ANAMNESE
Segundo CUNHA (2000), a história e o exame do estado mental do paciente também constituem recursos básicos de um diagnóstico, pois permitem a coleta de dados e subsídios introdutórios que vão fundamentar o processo psicodiagnóstico. A medida que o paciente relata a sua história, o clínico tem condições de avaliar alguns aspectos do exame do estado mental do paciente. A entrevista de anamnese envolve um levantamento do desenvolvimento do paciente, com intuito de obter detalhes de sua vida. A história clínica do paciente é chamada de história da doença atual. Ela pretende caracterizar a emergência de sintomas ou de mudanças comportamentais, numa determinada época e a sua evolução até o momento atual. A história pessoal ou anamnese pressupõe uma reconstituição global da vida do paciente, como um marco referencial em que a problemática atual se enquadra e ganha significação. A história pessoal deve ser enfocada conforme os objetivos do exame e dependendo do tipo e da idade do paciente. A anamnese é frequentemente utilizada como um tipo de entrevista na avaliação psicológica de crianças, sendo que o psicólogo segue um roteiro onde constam todas as fases do desenvolvimento infantil. A maiorou menor ênfase a ser dada a cada tópico vai depender dos objetivos do exame realizado. Contexto familiar: geralmente é útil investigar o núcleo familiar. Deve-se procurar descrever o contexto familiar, desde a concepção (ou da adoção da criança), bem como, condições socioculturais e emocionais do casal, as relações afetivas do casal e da família, suas expectativas e planejamento familiar. História pré-natal e perinatal: é importante descrever como transcorreu a gestação do ponto de vista físico e psicológico, como foi o parto, bem como, aspectos nutricionais, doença, acidentes, usa de medicamentos, entre outros. Primeira infância (até os 3 anos): nessa fase é importante investigar a qualidade da relação materno-infantil, desde a ligação simbiótica primária até a fase de separação-individuação. Infância intermediária (3 a 11 anos): geralmente é nessa fase que há um alargamento da rede de relações sociais da criança, pelo seu ingresso na escola, portanto, é importante investigar todos os aspectos da vida da criança em seu desenvolvimento. Pré-puberdade, puberdade e adolescência: deve-se analisar a facilidade ou não de estabelecer e manter relações sociais e a participação em grupos (irmãos, colegas, amigos), bem como, conflitos e dificuldades na relação com figuras de autoridade (pais, professores). Também é importante registrar a história escolar, em termos de desempenho, aproveitamento, ajustamento e interesses específicos. Idade adulta: os principais temas a serem abordados incluem as relações sociais, a área sexual, a história conjugal e as atitudes frente a mudanças ocorridas na vida. Em processos psicodiagnósticos de crianças e adolescentes, em geral, realizam se entrevistas com os pais ou responsáveis, que constituirá realmente uma fonte primária de dados. No caso da criança, a perspectiva do desenvolvimento é crucial, devido à precisão cronológica dos dados da anamnese, o que permite uma dimensão mais profunda na compreensão do caso. Para a coleta de dados, contamos fundamentalmente com as informações da mãe, e pode-se iniciar pela queixa, procurando-se ter uma percepção da sintomatologia atual, que serve como referencial para identificar conflitos ou áreas de desenvolvimento que devem ser mais investigados.
A ENTREVISTA NA EMPRESA
A entrevista de seleção é utilizada em empresas e instituições com o objetivo de buscar a pessoa adequada para preencher um cargo. Os procedimentos utilizados em uma entrevista de seleção são:
1) Realizar a análise do cargo: consiste em definir o nome e os objetivos do cargo.
2) Realizar a análise de atividades: definir quais atividades deverão ser feitas para que se atinja os objetivos do cargo.
3) Especificar as habilidades e experiência necessárias para o cargo: definir quais habilidades e que tipo de experiência o entrevistado deve possuir para um adequado desempenho do cargo. Após realizar as análises do cargo, das atividades e habilidades necessárias, é fundamental que seja elaborado um roteiro de perguntas. As perguntas devem ser formuladas sempre tendo em vista as análises mencionadas, de modo que não sejam obtidos dados inúteis, ou haja ausência de informações. A análise antecipada do currículo também pode fornecer importantes dados para a entrevista.
A ENTREVISTA NA ESCOLA
A entrevista realizada pelo psicólogo na escola ocorre em um contexto de diagnóstico psicopedagógico. Nesse contexto, a escola (mais especificamente o professor) é o agente da demanda, ou seja, é ela, e não os pais, que percebe determinadas dificuldades dos alunos (problemas relacionados ao comportamento ou à aprendizagem principalmente) e solicita os serviços do psicólogo.
1) Entrevista com o professor: Antes que o psicólogo realize a entrevista com o professor, é importante que ele preencha uma folha de encaminhamento, para especificar o problema do aluno. Ao entrevistar o professor, o psicólogo deve ampliar as informações sobre os motivos do encaminhamento e sobre as dificuldades e possibilidades do aluno em relação ao grupo e à aula, investigando os aspectos positivos da criança e suas dificuldades. Deve também desvendar o que o professor tem feito até o momento do encaminhamento da criança e se tem falado com os pais dela.
2) Entrevista com os pais: no contexto escolar, é o psicólogo que chama os pais para pedir a colaboração deles na resolução dos conflitos que estes pais podem até desconhecer. Na maioria das vezes, o pai e a mãe são convocados para a entrevista. O psicólogo deve informar e explicar aos pais qual é a situação do filho na escola e também ouvir o que estes sabem ou pensam a respeito das dificuldades apresentadas. Deve, ainda, estabelecer o que será feito para tentar modificar a situação, juntamente com os pais, definindo de forma conjunta, os objetivos possíveis. O psicólogo deve também chamar o próprio aluno e conversar a respeito de suas dificuldades na escola.
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