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1 GOVERNANÇA CORPORATIVA 1 SUMÁRIO 1. CONCEITO.............................................................................................................. 2 2. ORIGEM DA GOVERNANÇA CORPORATIVA ....................................................... 4 2.1 Modelos de Governança Corporativa....................................................................... 5 2.2 Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa: .................................... 7 2.3 Níveis diferenciados de Governança Corporativa e o Novo Mercado: ..................... 8 3. PRINCÍPIOS BÁSICOS ........................................................................................... 9 4. ORIGENS .............................................................................................................. 10 5. AS CRISES DA GOVERNANÇA ........................................................................... 16 5.1 Legislação e Regulamentação se Desenvolvem? .................................................. 20 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 22 2 1. CONCEITO Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o bem comum. Ética, no senso comum, se refere a um conjunto de regras e princípios que procuram classificar a conduta humana como correta ou equivocada. No sentido epistemológico, a palavra “ética” vem do grego “ethos” que quer dizer morada, onde nós nos sentimos em casa, protegidos, conhecedor de todos e das regras e conhecido por todos. A função do “ethos” passa a ser então promover, além da proteção e segurança dos indivíduos, a busca, através da prática virtuosa, da excelência moral. AURÉLIO (2001) aponta que ética “é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de classificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto.” Podemos afirmar que a ética teoriza a respeito do comportamento moral das pessoas na coletividade, tratando dos fundamentos e da natureza das nossas atitudes de forma normativa, estabelecendo, de modo inequívoco, direitos e deveres que determinam a conduta do indivíduo, e ainda, de acordo com as palavras de SINGER (Apud GÓMEZ FULAO, 2005, p. 188) tem a função de “fomentar valores comuns aos membros da sociedade”. Associado ao conceito de ética está o conceito de “moral”, originário do latim “moras”, significando morada e com sentido e significado muito semelhante ao do “ethos”. Segundo GÓMEZ FULAO (2005, p. 204) a utilização do termo moral “alude à intenção das pessoas a atuar de determinada maneira, através de conselhos morais, 3 exortações, persuasão, sermões...”. Moral é entendida então como um conjunto de regras, princípios e valores adotados para um determinado local, grupo e em época própria, definindo ações e atitudes esperadas de seus integrantes. No entendimento do Prof. HELER (2007), a moral “designa também os usos e costumes de um grupo humano em particular, enquanto o termo ética é introduzido com o significado de crítica da moral e conferindo uma função social à filosofia moral”. A moral é mandatória no sentido de que cada um “... se faça responsável por seus atos... a responsabilidade se mostra assim como um limite a liberdade de ação” (HELER, 2007). Da fig. 1, percebe-se que o “mundo dos valores” se estabelece a partir da interação entre a ética e a moral, e que, enquanto a ética reflexiona e teoriza, a moral é prática e aplicada, ou seja, está relacionada com as ações dos cidadãos na sociedade. 1.1 Governança Corporativa A governança corporativa surge no contexto da ética pessoal e empresarial e se refere a um conjunto de ações através das quais “as sociedades são dirigidas e monitoradas”, (WITHERELL, Apud CARVALHAL DA SILVA, 2005, p. 13), envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas de governança corporativa têm por finalidade aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para sua perenidade. De acordo com o IBGC (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2008) a governança corporativa é o sistema que assegura aos sóciosproprietários o governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A relação entre propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, da auditoria independente e do conselho fiscal, instrumentos fundamentais para o exercício do controle. A boa governança corporativa assegura aos sócios eqüidade, transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e obediência às leis do país (compliance). OLIVEIRA (2006, p. 17) afirma que governança corporativa é o conjunto de “práticas administrativas para otimizar o desempenho das empresascom seus negócios, produtos e serviços ao proteger, de maneira equitativa, todas as partes interessadas acionistas, clientes, fornecedores, funcionários e governo facilitando o 4 acesso às informações básicas e melhorando o modelo de gestão”. LODI (2000, p. 136) ensina que governança corporativa “é o nome dado ao sistema de gestão das relações entre os acionistas, majoritários e minoritários, o Conselho de Administração, os auditores externos independentes e a diretoria da empresa” Dos conceitos apresentados verificamos que a governança corporativa, na prática, envolve a gestão responsável da empresa em todos os seus níveis, a efetividade de seus resultados e a confiança de todos os envolvidos com a organização, obtida através da transparência, eqüidade, “accountability” e “compliance”. 2. ORIGEM DA GOVERNANÇA CORPORATIVA A governança corporativa surgiu com uma ação reflexa da ética, se estabelecendo como um movimento que visava proteger os acionistas, principalmente os minoritários, de abusos dos executivos, preponderantemente nas decisões estratégica da diretoria da organização. O surgimento da governança corporativa coincide com a profissionalização da gestão dos negócios, ou seja, o proprietário delega poderes a um executivo que em nome da empresa toma decisões por vezes contrárias ao bom senso e interesses dos proprietários e demais “stakeholders”. Para contrapor-se às decisões ilhadas dos executivos, o INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇCA CORPORATIVA aponta que a “preocupação da governança corporativa é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com os interesses dos acionistas.” Segundo CARVALHAL DA SILVA (2005, 15) a governança corporativa é um conceito conhecido há mais de 50 anos, porém esta denominação se tornou popular após os anos 90. Segundo ANDRADE & ROSSETTI (2004) a expressão foi utilizada pela primeira vez em 1991 e no ano seguinte foi definido o primeiro Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa, porém só em 1995 foi editado o primeiro livro que continha a designação “Corporate governance” de autoria de R. Monks e N. Minow. 5 De acordo com OLIVEIRA (2006, p. 12-16) as primeiras discussões a respeito do assunto tiveram sua origemno tripé “firmado pelo fundo LENS, pelo relatório Cadbury e pelos princípios da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico); e o filtro básico do processo corresponde à Lei Sarbanes-Oxley”. Seguindo as informações do mesmo autor, o fundo LENS, foi criado em 1992 com o objetivo de implantar um novo modelo de gestão visando melhores resultados e a consolidação de maior valor para a empresa. O modelo tinha como foco, dentre outros, a atuação dos acionistas que pela primeira vez poderiam monitorar a empresa e analisar a atuação da organização; o compromisso com a ética e a geração de riquezas para a empresa e para a comunidade onde atuam. O relatório Cadbury é referência na constituição e estruturação do Conselho de Administração, bem como, da separação deste da Diretoria Executiva e, nas diretrizes básicas para alocação da administração geral da empresa no Conselho de Administração. Com relação à OCDE, esta contribui, estabelecendo que a Governança Corporativa deva proteger os direitos dos acionistas tratando-os igualmente independentemente de serem minoritários, majoritários, nacionais ou estrangeiros; que as informações devem ser disponíveis e transparentes; divulgando- se oportunamente os fatos relevantes e, que o Conselho de Administração deva ter sua atuação e responsabilidade bem definidas. 2.1 Modelos de Governança Corporativa Segundo o IBGC, os sistemas de governança corporativa no mundo dividem- se em dois grupos: 1. “Outsider System”: é aquele em que os acionistas são pulverizados e estão alheios ao comando diário da empresa. Dentro deste sistema encontra-se o modelo anglo- saxão adotado nos Estados Unidos e Reino Unido, sendo caracterizado da seguinte forma: -estrutura de propriedade dispersa nas grandes empresas, - papel importante do mercado de ações na economia, - ativismo e grande porte dos investidores institucionais, - foco na maximização do retorno para os acionistas (“shareholder oriented”) 6 Para ANDRADE & ROSETTI (2004, p.35) este modelo é voltado para os interesses de acionistas e gestores com relação ao valor, riqueza e retorno e, os indicadores de desempenho voltados para demonstrações patrimoniais e financeiros. 2. “Insider System”: é aquele em que grandes acionistas estão no comando das operações diárias, diretamente ou via pessoa de sua indicação. Dentro deste sistema encontra-se o sistema de governança corporativa da Europa Continental e Japão, que se caracteriza da seguinte forma: - estrutura de propriedade mais concentrada, - presença de conglomerados indústriais-financeiros, - baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais - reconhecimento mais explícito e sistemático de outros “stakeholders” não financeiros, principalmente funcionários (“stakeholder oriented”). Segundo ANDRADE & ROSSETTI (2004, p. 35), este modelo agrega, além dos resultados financeiros previstos no modelo anterior, atenção também para a sustentabilidade, função social e elaboração de balanços sociais. Conselho de Administração: Da leitura dos diversos conceitos de governança corporativa apresentados, todos se referem de mondo inequívoco a importância do Conselho de Administração. Antes, porém, de discorrer sobre sua importância e composição, relevante se faz apresentar a estrutura completa envolvida na governança corporativa. OLIVEIRA (2006, p.47) considera inicialmente o organograma da alta administração da empresa, apresentando a Assembléia Geral como órgão máximo, a seguir verifica-se o Conselho de Administração, entre estes, como “staff”, o Conselho Fiscal. Abaixo do Conselho de Administração, encontramos a Auditoria Externa e Comitês, (staff) e na seqüência a Presidência Executiva, que por sua vez, tem como apoio a Auditoria Interna. SILVA (2006, p. 17) destaca como componentes, além dos citados, os Conselhos Consultivos e as Auditorias Independentes. Segundo constante no “Regulamento de Listagem do Novo Mercado”, o Conselho de Administração, que é um órgão deliberativo, que decide por maioria de votos, tem atribuições, deveres e responsabilidades e composição que a legislação definir, bem como outras estabelecidas no estatuto social. Para LODI (2000, p.77) este representa os interesses dos acionistas e sua missão é “zelar pela segurança e favorável evolução dos valores patrimoniais da sociedade”. Segundo SILVA (2006, p. 93) a função deliberativa torna suas decisões 7 normativas, não executivas, não podendo nenhum de seus membros agirem isoladamente, o que difere da diretoria executiva, cujos membros podem agir isolada ou conjuntamente de acordo com o estatuto. LODI (2000, p. 78) sugere que o Conselho de Administração seja composto por um presidente e até 8 conselheiros, com o total de 6 a 9 membros eleitos pela assembléia geral. Segundo o mesmo autor (Ibid., p.78-80) tem, dentre outras, os seguintes deveres e responsabilidades: - Fixar a orientação geral dos negócios da empresa; - escolher, eleger e destituir diretores da empresa e fixar-lhes atribuições; - convocar a assembléia geral quando julgar conveniente; - escolher e destituir os auditores independentes; - elaborar e alterar o Regimento Interno do Conselho; - deliberar sobre propostas e alteração de capital social; - fixar diretrizes, políticas e objetivos básicos de médio e longo prazo; - aprovar os Relatórios de Administração, balanços e orçamentos; - assegurar a integridade fiscal, financeira, contábil da empresa, além do cumprimento de toda legislação em vigor; e, - avaliar periodicamente o desempenho da sociedade. 2.2 Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa: Os Códigos das melhores práticas de governança corporativa são o conjunto de regras preparadas visando institucionalizar e difundir as melhores práticas de governança e torná-las uma cultura permanente (CARVALHAL DA SILVA, 2005, p. 49). Os principais objetivos e princípios básicos do Código (SILVA, p. 23) são a transparência, onde a administração deverá zelar por uma eficiente comunicação interna e externa; a equidade, como uma obrigação da empresa de dar um tratamento justo e igualitário para os “stakeholders”; a prestação de contas com responsabilidade (accountability), onde, os agentes devem responder integralmente pelos atos praticados; e, a responsabilidade corporativa, onde, os “conselheiros e executivos devem zelar pela visão de longo prazo e sustentabilidade da organização”. Para CARVALHAL DA SILVA (2005, p. 49), um código de governança corporativa independentemente de sua origem, deve ter “presença de membros independentes 8 no conselho de administração, presença de comitês (auditoria, remuneração, entre outros) formados por membros do conselho para avaliar questões que precisem de análise mais profunda”. Dentre as regras das melhores práticas, CARVALHAL DA SILVA ( 2005, p. 50-51), destaca as seguintes: - estabelecer equilíbrio entre a diretoria executiva (CEO) e o conselho de administração, funções que devem ser ocupadas por pessoas distintas; - valorização do princípio “uma ação, um voto”; - extensão para todos os acionistas do direito de “tag along” - criação e disseminação de um código de ética; - maior nível possível de transparência de informações; e, - o conselho deve ser formado pelo maior número possível de conselheiros independentes; 2.3 Níveis diferenciados de Governança Corporativa e o Novo Mercado: Segundo COVA (2006) em 2001 a Bolsa de Valores de S. Paulo (Bovespa), além do mercado tradicional, passou a divulgar o Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (ICG), composto por ações de empresas listadas nos Níveis 1, 2 e no Novo Mercado. Em junho de 2001 começaram as primeiras adesões. As companhias que desejassem aderir aos níveis de governança deveriam assinar um contrato com a Bovespa secomprometendo a adotar um conjunto de práticas diferenciadas de Governança Corporativa. No mesmo ano foi reformulada a Lei 6404 (Lei das S.A.) visando dar legalidade às medidas. Basicamente para que uma empresa seja listada no Nível 1 de governança corporativa é necessário que ela assuma, além do previsto em lei, práticas adicionais de liquidez e “disclosure”. As empresas listadas no Nível 2 têm por obrigação, além do previsto para o nível 1, práticas adicionais relativas aos direitos dos acionistas e Conselho de Administração. Para uma empresa aderir ao Novo Mercado, além do previsto para os níveis anteriores, é necessário que seu capital seja dividido em ações exclusivamente com direito a voto. O que segundo o IBGC, apresenta “...como resultado esperado a redução das 9 incertezas no processo de avaliação, investimento e de risco; aumento de investidores interessados; e conseqüentemente, o fortalecimento do mercado acionário.” 3. PRINCÍPIOS BÁSICOS Os princípios básicos de governança corporativa permeiam, em maior ou menor grau, todas as práticas do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, e sua adequada adoção resulta em um clima de confiança tanto internamente quanto nas relações com terceiros. São eles: Transparência – Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização; Equidade – Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas; Prestação de contas (accountability) – Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis; Responsabilidade corporativa – Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazos. 10 4. ORIGENS Ao longo do século 20, a economia dos diferentes países tornou-se cada vez mais marcada pela integração aos dinamismos do comércio internacional, assim como pela expansão das transações financeiras em escala global. Neste contexto, as companhias foram objeto de sensíveis transformações, uma vez que o acentuado ritmo de crescimento de suas atividades promoveu uma readequação de sua estrutura de controle, decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. A origem dos debates sobre governança corporativa remete a conflitos inerentes à propriedade dispersa e à divergência entre os interesses dos sócios, executivos e o melhor interesse da empresa. Na primeira década do século 21, o tema governança corporativa tornou-se ainda mais relevante, a partir de escândalos corporativos envolvendo empresas norte- americanas como a Enron, a WorldCom e a Tyco, desencadeando discussões sobre a divulgação de demonstrações financeiras e o papel das empresas de auditoria. O congresso norte-americano, em resposta às fraudes ocorridas, aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx), com importantes definições sobre práticas de governança corporativa. Com o passar do tempo, verificou-se que os investidores estavam dispostos a pagar um valor maior por empresas que adotassem boas práticas de governança corporativa e que tais práticas não apenas favorecessem os interesses de seus proprietários, mas também a longevidade das empresas. Ademais, as discussões internacionais foram fortalecidas pelas iniciativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que criaram um fórum para tratar especificamente sobre o tema, o Business Sector Advisory Group on Corporate Governance. Diretrizes e princípios internacionais passaram a ser considerados na adequação de leis, na atuação de órgãos regulatórios e na elaboração de recomendações. Em paralelo, no Brasil, o movimento por boas práticas mostrou-se mais dinâmico a partir das privatizações e a da abertura do mercado nacional nos anos 1990. Neste interim, em 1995, ocorreu a criação do Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA), que a partir de 1999 passou a ser intitulado 11 Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), almejando influenciar os protagonistas da nossa sociedade na adoção de práticas transparentes, responsáveis e equânimes na administração das organizações. Ainda, em 1999, o IBGC lançou a primeira edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. A evolução da estrutura de propriedade O modelo de propriedade dispersa expandiu-se inicialmente nos Estados Unidos, devido a aspectos econômicos, culturais e políticos que datam dos anos 1920. Naquele período, o país viveu um momento de prosperidade econômica, consolidando-se como potência mundial. Seu poder de influência na época foi evidenciado pelos efeitos da Crise de 1929, episódio da queda da bolsa de Nova York, que rapidamente atingiram praticamente todos os países do globo, ocasionando graves consequências políticas e sociais. Na cultura empresarial predominante até aquele momento, os proprietários um ou alguns indivíduos ou famílias – tinham o poder sobre as decisões administrativas de suas empresas, frequentemente ocupando os mais importantes cargos da gestão. Décadas mais tarde, já no contexto pós-1945 (fim da Segunda Guerra Mundial), a força e o dinamismo da economia dos Estados Unidos apontava rumo à complexidade das organizações empresariais, notadamente para as companhias listadas em bolsa de valores. A partir de então, a estrutura de propriedade dispersa, com ações negociadas no mercado de capitais, tornava-se característica cada vez mais comum entre suas empresas. Paulatinamente, esse tipo de controle passou a caracterizar empresas também em outros países. A partir do momento em que passou a existir um conjunto disperso de proprietários ou acionistas esta interferência direta na empresa tornou-se impraticável, sendo frequentemente privilégio de controladores majoritários que, a exemplo do que ocorria nas empresas familiares, muitas vezes ocupavam a função de presidente do conselho de administração (chairman) e a de principal executivo (ou CEO - Chief Executive Officer), ou optavam pela contratação de gestores profissionais para essa função. A teoria do agente-principal Em 1976, Jensen e Meckling publicaram estudos focados em empresas norte- americanas e britânicas, mencionando o que convencionaram chamar de problema de agente-principal, que deu origem à Teoria da Firma ou Teoria do Agente-Principal. 12 Segundo esses acadêmicos, o problema agente-principal surgia quando o sócio (principal) contrata outra pessoa (agente) para que administrasse a empresa em seu lugar. De acordo com a teoria desenvolvida, os executivos e conselheiros contratados pelos acionistas tenderiam a agir de forma a maximizar seus próprios benefícios (maiores salários, maior estabilidade no emprego, mais poder, etc.), agindo em interesse próprio e não segundo os interesses da empresa, de todos os acionistas e demais partes interessadas (stakeholders). Para minimizar o problema, os autores sugeriram que as empresas e seus acionistas deveriamadotar uma série de medidas para alinhar interesses dos envolvidos, objetivando, acima de tudo, o sucesso da empresa. Para tanto, foram propostas medidas que incluíam práticas de monitoramento, controle e ampla divulgação de informações. A este conjunto de práticas convencionou-se chamar de governança corporativa. Os primeiros códigos As discussões envolvendo acadêmicos, investidores e legisladores, originando teorias e marcos regulatórios, avolumaram-se nos anos 1990, após os graves escândalos contábeis da década anterior, envolvendo diferentes e importantes empresas. Em 1992 foi publicado na Inglaterra o Relatório Cadbury, considerado o primeiro código de boas práticas de governança corporativa. No mesmo ano, foi divulgado o primeiro código de governança elaborado por uma empresa, a General Motors (GM) nos Estados Unidos. Sintomas do mesmo movimento são verificados pouco depois nos resultados de uma pesquisa realizada pelo fundo de pensão Calpers (California Public Employees Retirement System), nos Estados Unidos, que constatou que mais da metade das 300 maiores companhias daquele país já tinham seus manuais de recomendações de governança corporativa. O movimento no Brasil e o debate internacional Em paralelo, no Brasil, o movimento por boas práticas mostrou-se mais dinâmico a partir das privatizações e a da abertura do mercado nacional nos anos 1990. Neste interim, em 1995, ocorreu a criação do Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA), que a partir de 1999 passou a ser intitulado Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), almejando influenciar os protagonistas da nossa sociedade na adoção de práticas transparentes, responsáveis e equânimes na administração das organizações. Ainda em 1999 o IBGC lançou seu 13 primeiro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Ademais, as discussões internacionais foram fortalecidas pelas iniciativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que criaram um fórum para tratar especificamente sobre o tema, o Business Sector Advisory Group on Corporate Governance. Diretrizes e princípios internacionais passaram a ser considerados na adequação de leis, na atuação de órgãos regulatórios e na elaboração de recomendações. Com o passar do tempo, verificou-se que os investidores estavam dispostos a pagar valor maior por empresas que adotassem boas práticas de governança corporativa e que tais práticas não apenas favorecessem os interesses de seus proprietários, mas também a longevidade das empresas. Na primeira década do século 21, o tema governança corporativa tornou-se ainda mais relevante, a partir de escândalos corporativos envolvendo empresas norte- americanas como a Enron, a WorldCom e a Tyco, desencadeando discussões sobre a divulgação de demonstrações financeiras e o papel das empresas de auditoria. O congresso norte-americano, em resposta às fraudes ocorridas, aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx), com importantes definições sobre práticas de governança corporativa. Em uma governança muito forte, o administrador não consegue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele está sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos observar esse tipo de governança na área pública e em grandes empresas. Já em uma governança muito fraca, as chances do administrador usar de má- fé para buscar apenas seus próprios interesses aumentam significativamente. Ou, pode ser que ele não atue com a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser observado em startups e em pequenas empresas. Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da governança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os instrumentos de controle não sejam mais caros que eventuais prejuízos dos administradores. O conceito de governança também pode ser aplicado em outros campos de negócio, para além da esfera organizacional. Participação Participação significa que homens e mulheres devem participar sem distinção e igualmente das atividades de governo. A participação deve contemplar a 14 possibilidade de participação direta ou participação indireta através de instituições ou representantes legítimos. A participação implica a existência de liberdade de expressão e liberdade de associação de um lado, e uma sociedade civil organizada de outro lado. O princípio, apesar de parecer utópico, é perfeitamente possível desde que existam leis claras e específicas que garantam os termos propostos; e desde que existam iniciativas do Estado visando à sustentação dos termos. Estado de Direito A boa governança requer uma estrutura legal justa que se aplica a todos os cidadãos do Estado independentemente de sua riqueza financeira, de seu poder político, de sua classe social, de sua profissão, de sua raça e de seu sexo. A boa governança deve garantir total proteção dos direitos humanos, pertençam as pessoas a maiorias ou a minorias sociais, sexuais, religiosas ou étnicas. A boa governança deve garantir que o poder judiciário seja independente do poder executivo e do poder legislativo. A boa governança deve garantir que as forças policiais sejam imparciais e incorruptíveis. Transparência Mais do que "a obrigação de informar", a administração deve cultivar o "desejo de informar", sabendo que, da boa comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea, franca e rápida, resulta um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da empresa com terceiros. A comunicação não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação empresarial e que conduzem à criação de valor. No Brasil, existe a Lei de Responsabilidade Fiscal, que induz o gestor público à transparência de seus atos. Essa transparência pode ser melhorada, significativamente, com instrumentos como a Demonstração do Resultado Econômico, com o contracheque econômico e o balanço social. Responsabilidade As instituições governamentais e a forma com que elas procedem são desenhadas para servir os membros da sociedade como um todo e não apenas pessoas privilegiadas. Os processos das instituições governamentais são desenhados para responder as demandas dos cidadãos dentro de um período de tempo razoável. 15 Decisões orientadas para um Consenso As decisões são tomadas levando-se em conta que os diferentes grupos da sociedade necessitam mediar seus diferentes interesses. O objetivo da boa governança na busca de consenso nas relações sociais deve ser a obtenção de uma concordância sobre qual é o melhor caminho para a sociedade como um todo. Além disso, as decisões também devem ser tomadas levando em conta a forma como tal caminho pode ser trilhado. Essa forma de obter decisões requer uma perspectiva de longo prazo para que ocorra um desenvolvimento humano sustentável. Essa perspectiva também é necessária para conseguir atingir os objetivos desse desenvolvimento. Igualdade e inclusividade A boa governança deve assegurar igualdade de todos os grupos perante os objetivos da sociedade. O caminho proposto pelo governante deve buscar promover o desenvolvimento econômico de todos os grupos sociais. As decisões devem assegurar que todos os membros da sociedade sintam que façam parte dela e não se sintam excluídos em seu caminho para o futuro. Esta abordagem requer que todos os grupos, especialmente os mais vulneráveis, tenham oportunidade de manter e melhorar seu bem-estar. Efetividade e eficiência A boa governança deve garantir que os processos e instituições governamentais devem produzir resultados que vão ao encontro das necessidades da sociedade ao mesmo tempo em que fazem o melhor uso possível dos recursos à sua disposição. Isso também implica que os recursos naturais sejam usados sustentavelmentee que o ambiente seja protegido. Suporte à auditoria fiscalizadora As instituições governamentais, as instituições do setor privado e as organizações da sociedade civil deveriam ser fiscalizáveis pelas pessoas da sociedade e por seus apoiadores institucionais. De forma geral, elas devem ser fiscalizáveis por todas aquelas pessoas que serão afetadas por suas decisões, atos e atividades. 16 5. AS CRISES DA GOVERNANÇA Apesar dos avanços da governança em escala internacional e da recente reabilitação do Estado no próprio seio de instituições internacionais tradicionalmente pouco simpáticas ao setor público, existe uma profunda crise da ação pública desde o final dos anos 1970, mais ou menos em todo o mundo. Estão, na moda, a crise do Estado, a crítica do setor público, o fracasso da Organização das Nações Unidas e o euroceticismo. Observa-se, em muitos países, o desmantelamento dos sistemas estatais pelo tríplice movimento da privatização dos serviços públicos, da mundialização dos mercados e da descentralização. A implosão dos regimes de economia planejada na Europa e a abertura ao mercado dos regimes comunistas da Ásia, a crise financeira e moral do Estado-providência na maioria das democracias ocidentais, a rápida mundialização das trocas comerciais e dos mercados financeiros puderam dar, nos anos que se seguiram à queda do muro de Berlim, o sentimento de uma vitória do neoliberalismo e da "revolução conservadora". A década de 1960 fora aquela do Estado triunfante. A União Soviética, com a conquista do espaço, parecia mostrar sua capacidade, ao menos técnica, de alcançar os Estados Unidos. No terceiro mundo, planejamento e capitalismo público pareciam, na ausência de tradições industriais ou empresariais locais, o caminho principal e programado do desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, os Estados aperfeiçoavam seus instrumentos e suas políticas para enquadrar as economias nacionais, garantir o pleno emprego, organizar as transferências sociais necessárias e oferecer, a cada um, a proteção do Estado Providência. Na década de 1980, houve uma mudança completa de discurso e de cenário. O Estado-nação ficou na berlinda. Sua autonomia e seu poder foram erodidos. Erodidos por cima comː a mundialização da economia e a globalização dos mercados financeiros; o papel crescente da União Europeia, das diretrizes de Bruxelas e dos critérios de convergência de Maastricht; o desenvolvimento das convenções internacionais, como o Acordo Geral de Tarifas e Comércio; e o aumento do poder das grandes firmas multinacionais, sempre pouco ligadas aos países em que nasceram. 17 Erodidos por baixo, comː a descentralização; o aumento dos poderes locais e das reivindicações autonomistas; e o enfraquecimento dos grandes corpos intermediários políticos, sindicais, religiosos e sociais que garantiam, em escala nacional, o diálogo entre o Estado e a sociedade. A governança corporativa visa a aumentar a probabilidade de os fornecedores de recursos garantirem, para si, o retorno sobre seu investimento, por meio de um conjunto de mecanismos no qual se inclui o conselho de administração. O tema possui importância crescente, por ser bem difundida a hipótese de que a estrutura de governança afeta o valor da empresa. A questão é descobrir se existe uma estrutura de governança corporativa "melhor" ou "ideal". Vários códigos de governança foram elaborados com esta intenção. No Brasil, destacam-se os códigos do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A governança é a capacidade das sociedades humanas para se dotarem de sistemas de representação, de instituições e processos e de corpos sociais para elas mesmas se gerirem em um movimento voluntário. Esta capacidade de consciência (o movimento voluntário), de organização (as instituições, os corpos sociais), de conceitualização (os sistemas de representação) e de adaptação a novas situações é uma característica das sociedades humanas. É um dos traços que as distinguem das outras sociedades de seres vivos, animais e vegetais. Foram as instituições de Bretton Woods Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional que a puseram na moda. Ela engloba, com efeito, o conjunto dos poderes legislativo, executivo e judiciário, a administração, o governo, o parlamento, os tribunais, as coletividades locais, a administração do Estado, a Comissão Europeia, o sistema das Nações Unidas. A emergência progressiva dos Estados, dos princípios e das modalidades de governança pacífica, em sociedades sempre mais povoadas e sempre mais complexas, é o sinal e, para alguns, a própria definição de civilização[2]. Ora, a governança corporativa consiste, precisamente, na criação de mecanismos tendentes à minimização da assimetria de informação existente entre a gestão e os detentores da propriedade ou de interesses relevantes (daí, ter-se evoluído da consideração dos shareholders para outros stakeholders), de forma a https://pt.wikipedia.org/wiki/Governan%C3%A7a_corporativa#cite_note-2 18 permitir uma monitorização tão próxima quanto possível da associação dos objetivos da gestão àquela dos stakeholders: maximizar o valor da empresa. Dito de outra forma, "corporate governance é uma área [...] que investiga a forma de garantir/motivar a gestão eficiente das empresas, utilizando mecanismos de incentivo como sejam os contratos, os padrões organizacionais e a legislação. O que, frequentemente, se limita à questão da melhoria do desempenho financeiro, como, por exemplo, a forma como os proprietários das empresas podem garantir/motivar os gestores das empresas a apresentarem uma taxa de retorno competitiva". Figura 1 KPDconcultoria.com 19 Figura 2 KPDconcultoria.com Em uma grande empresa, o diretor presidente e o conjunto da diretoria executiva se reportam hierarquicamente ao conselho de administração. Este órgão tem um presidente, o presidente de conselho, além de vários diretores conselheiros, todos nomeados pelos acionistas, dos quais são representantes. O presidente e os diretores do conselho são eleitos em uma assembleia de acionistas, que é o órgão máximo da empresa. O nome que se dá para as funções exercidas por este conselho de administração é ‘governar’. O conselho de administração governa a empresa, faz a governança corporativa, enquanto o diretor presidente e demais diretores executivos a administram. O conselho faz parte de uma estrutura organizacional que também inclui o conselho fiscal, a auditoria externa, a secretaria de governança, o comitê de auditoria, entre outros que este conselho julgar necessários. Esta é a estrutura da Governança Corporativa. O tema Governança Corporativa tem interessado a muitas pessoas enquanto 20 possibilidade de carreira ou continuidade de carreira. Empresas de todos os tipos – grandes, médias e pequenas, privadas e públicas, listadas em bolsa ou não, familiares ou não – têm planejado implantar ou desenvolver uma estrutura de Governança Corporativa. Isto ocorre porque, entre outras vantagens, uma estrutura adequada e boas práticas de Governança Corporativa facilitam a condução dos negócios, a obtenção de financiamentos e a realização dos resultados desejados. Por este motivo, tem aumentado a busca por profissionais com conhecimento no assunto. Se você é um dos que interessam pelo tema, este artigo apresenta cinco perguntas básicas e suas respostas para você saber mais sobre o que é Governança Corporativa e quais são as suas tendências. 5.1 Legislação e Regulamentação se Desenvolvem? A legislação e a regulamentação referentes à Governança Corporativa têm se desenvolvido no mundo inteiro para se adequar ao mercado e para garantir a segurança do investidor. Este desenvolvimentorecebeu muita influência americana e europeia. Dos Estados Unidos, leis como a Security Act de 1933, a Security Exchange Act de 1934 e a Sarbane-Oxley Act de 2002 dos Estados Unidos serviram de base e inspiração para a legislação de muitos países, assim como órgãos reguladores como a SEC (Security Exchange Comission, a Comissão de Valores Mobiliários americana) e a bolsa de valores de Nova Iorque (NYSE, New York Stock Exchange) influenciaram, em grande medida, a regulamentação de diversos países. Da Europa, chama mais a atenção é a integração. Várias bolsas de valores de países da União Europeia, que trabalham de forma integrada, têm legislação e regulamentação comum no que se refere a Governança Corporativa. O Brasil tem legislação e regulamentação atualizadas, em conformidade com acordos e tendências mundiais. Destaca-se, claro, as atuações normativas e reguladoras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Uma evidência da modernidade pode ser vista quando se acessa o site da B3, nas orientações para os níveis de Governança Corporativa, principalmente, para o nível chamado de ‘Novo Mercado’. 21 Figura 3 KPDconcultoria.com 22 REFERÊNCIAS ÀLVARES, Elismar & OUTROS. Governança corporativa – Um modelo brasileiro. S. Paulo: Campus, 2008. ANDRADE, Adriana; ROSSETTI, José Paschoal. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. S. Paulo: Atlas, 2004. ARRUDA, Maria C. Coutinho de Et. al. Fundamentos de ética empresarial e econômica. S. Paulo: Atlas, 2001. 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