Prévia do material em texto
W BA 03 08 _V 2. 0 HIGIENE DO TRABALHO I 2 Tatiane Caroline Ferrari Walmir Cristiano Candido De Oliveira Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2023 HIGIENE DO TRABALHO I 1ª edição 3 2023 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR Homepage: https://www.cogna.com.br/ Diretora Sr. de Pós-graduação & OPM Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Natalia Violim Fabri Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Oliveira, Walmir Cristiano Candido De Higiene do trabalho I/ Walmir Cristiano Candido De Oliveira, Tatiane Caroline Ferrari. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2023. 33 p. ISBN 978-65-5903-474-1 1. Ambiente salubre e insalubre. 2. Insalubridade. 3. Segurança à saúde. I. Ferrari, Tatiane Caroline. II. Título. CDD 613.62 _____________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 8/10534 O48h © 2023 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________ 05 Fundamentos da higiene do trabalho ________________________ 07 Agentes ambientais do trabalho _____________________________ 20 Avaliação ocupacional do calor _______________________________ 31 Trabalho em pressões anormais _____________________________ 42 Ruído: conceitos, avaliação e danos à saúde do trabalhador _ 56 Vibração ocupacional ________________________________________ 70 Exposição à Radiação ________________________________________ 82 HIGIENE DO TRABALHO I 5 Apresentação da disciplina Olá! Seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Higiene do Trabalho I, essencial ao mundo da saúde e segurança ocupacional. O objetivo geral é explorar os fundamentos e conceitos que formam a base da higiene ocupacional, um assunto crítico para garantir que os trabalhadores tenham ambientes de trabalho seguros e saudáveis. No tema 1, Fundamentos da Higiene do Trabalho, abordaremos a história da higiene ocupacional no mundo e no Brasil, os tipos de riscos físicos em vários ambientes de trabalho, os tipos de análises (qualitativas e quantitativas), seus equipamentos e as vias de penetração, bem como o limite de tolerância, a metodologia de coleta e a análise de seus resultados. No tema 2, Agentes Ambientais do Trabalho, conheceremos o conceito técnico legal, identificaremos e reconheceremos os danos à saúde dos riscos físicos presentes em diversos ambientes de trabalho e a sua correlação com outras normas regulamentadoras. No tema 3, Avaliação Ocupacional do Calor, saberemos a diferença entre estresse térmico e conforto térmico, além dos procedimentos para uma correta avaliação de calor em um ambiente de trabalho. No tema 4, Trabalho em Pressões Anormais, abordaremos a diferença de pressões hiperbáricas e hipobáricas, danos à saúde e suas limitações para o empregado. 6 No tema 5, Ruído e a Saúde do Trabalhador, estudaremos a diferença entre o ruído intermitente e o ruído de impacto, os efeitos do ruído na saúde do empregado e as medidas de proteção. No tema 6, Vibração Ocupacional, identificaremos os critérios, as medidas de proteções para as vibrações de corpo inteiro e as vibrações de mãos e braços. No tema 7, Radiações Relacionadas ao Trabalho, aprenderemos a diferença entre a radiação ionizante e a radiação não ionizante, assim como as técnicas e os procedimentos seguros para a exposição desse agente. Esta disciplina é uma base sólida para sua jornada no mundo da higiene ocupacional. Ao compreender os princípios fundamentais e aprender a aplicá-los na prática, você estará preparado para contribuir em ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Esperamos que você aproveite a jornada de aprendizado e desejamos muito sucesso nesta disciplina! 7 Fundamentos da higiene do trabalho Autoria: Walmir Cristiano Candido de Oliveira Leitura crítica: Natalia Violim Fabri Objetivos • Conceituar a higiene do trabalho e a sua história mundial e no Brasil. • Reconhecer os agentes nocivos no ambiente de trabalho e os tipos de avaliações. • Conhecer os instrumentos e equipamentos de medição, além das vias de penetração. 8 1. Introdução A higiene do trabalho, ou higiene ocupacional, é o conjunto de medidas preventivas relacionadas ao ambiente do trabalho, visando à redução de acidentes e, principalmente, doenças ocupacionais. Os acidentes e as doenças ocupacionais podem causar sofrimento, dor, incapacidade e até morte, mas a higiene do trabalho pode ajudar a prevenir esses problemas, garantindo que os trabalhadores tenham um ambiente de trabalho seguro e saudável. 2. Higiene ocupacional 2.1 Conceituação: o que é higiene ocupacional? Higiene ocupacional é a ciência que estuda a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos riscos ambientais no ambiente de trabalho. O seu objetivo é proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores, prevenindo doenças e acidentes de trabalho. A metodologia de trabalho da higiene ocupacional é composta por quatro etapas principais: • Antecipação: visa identificar os riscos ambientais que podem estar presentes em um ambiente de trabalho até mesmo antes do início das atividades. Essa etapa é importante porque permite que as medidas de controle sejam implementadas antes que os trabalhadores sejam expostos aos riscos, através de uma avalição qualitativa com a observação direta do ambiente de trabalho. • Reconhecimento: visa caracterizar os riscos ambientais identificados na etapa de antecipação. Essa etapa é importante porque permite que as medidas de controle sejam implementadas 9 de forma eficaz, através das medições de agentes ambientais, como ruído, vibração, temperatura e agentes químicos, e da análise de dados históricos, como acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Nada mais é que uma análise de processos de trabalho. • Avaliação: visa estimar a magnitude dos riscos ambientais. Essa etapa é importante porque permite aos profissionais determinarem a necessidade de implementar medidas de controle, através da comparação dos níveis de exposição encontrados aos limites de exposição ocupacional e análise de custos e benefícios das medidas de controle. • Controle: visa implementar medidas para eliminar ou reduzir os riscos ambientais. Essa etapa é importante porque permite que os profissionais protejam a saúde e a segurança dos trabalhadores. As medidas de controle podem ser de natureza técnica, administrativa ou individual. A higiene ocupacional é uma área importante para a segurança e a saúde dos trabalhadores. Através da aplicação dos princípios da higiene ocupacional, é possível criar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis, onde os trabalhadores possam laborar com segurança e bem-estar. 2.2 História da higiene ocupacional A história da higiene do trabalho é longa e complexa e remonta aos primeiros registros de atividades humanas. Desde o início da civilização, os trabalhadores têm sido expostos a uma variedade de riscos ambientais (físicos, químicos e biológicos). Essesriscos podem causar doenças ocupacionais, que podem ser graves e até fatais. A história da higiene do trabalho pode ser dividida em três períodos principais: 10 • Período inicial (até o século XVIII): nesse período, os principais problemas de saúde no trabalho eram causados por condições insalubres, como exposição a agentes biológicos, como bactérias e fungos; agentes químicos, como metais pesados e gases tóxicos; agentes físicos, como ruído, vibração e calor. Os primeiros estudos sobre higiene do trabalho foram realizados na Europa, principalmente na Inglaterra e na Alemanha. • Período industrial (século XIX e início do século XX): com a Revolução Industrial, ocorreram grandes mudanças nas condições de trabalho, com o aumento da mecanização e da produção em massa. Essas mudanças resultaram em novos riscos para a saúde dos trabalhadores, como acidentes, doenças ocupacionais e problemas psicológicos. Nesse período, foram criadas as primeiras leis e regulamentações de segurança e saúde no trabalho, como a Lei de Acidentes de Trabalho, de 1884, na Inglaterra. • Período contemporâneo (século XX e XXI): com o desenvolvimento da tecnologia e das ciências, houve um avanço significativo na área de higiene do trabalho. Os profissionais da área passaram a utilizar equipamentos e técnicas mais sofisticados para identificar e controlar os riscos no ambiente de trabalho. Além disso, houve um aumento da conscientização sobre a importância da saúde e segurança no trabalho, tanto por parte dos trabalhadores quanto das empresas. 2.3 História da higiene ocupacional no Brasil No Brasil, a higiene do trabalho começou a se desenvolver no início do século XX. Em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estabeleceu uma série de normas para proteger os trabalhadores, incluindo normas de higiene e segurança do trabalho. 11 Desde então, a higiene do trabalho continuou a se desenvolver no Brasil. Atualmente, existe uma série de leis, normas e regulamentos que visam proteger os trabalhadores de acidentes e doenças ocupacionais. Os avanços na higiene do trabalho contribuíram para melhorar as condições de trabalho e reduzir a incidência de acidentes e doenças ocupacionais. No entanto, ainda há muito a ser feito para proteger os trabalhadores de riscos ambientais. A higiene do trabalho é uma área em constante evolução, com novos conhecimentos e tecnologias sendo desenvolvidos a todo momento. Com isso, é esperado que os avanços na área continuem a contribuir para a melhoria da saúde e segurança dos trabalhadores. 3. Agentes nocivos nos ambientes de trabalho Os agentes nocivos estão presente em todos os ambientes de trabalho que podem causar doenças aos trabalhadores. Podemos destacar três grupos (físicos, químico e biológicos) que podem ser avaliados de forma qualitativa e/ou quantitativa. 3.1 Riscos físicos Segundo o Anexo I da NR 01, risco físico é: Agente físico: Qualquer forma de energia que, em função de sua natureza, intensidade e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes. (Brasil, 2020, p. 13) Como exemplos de atividades expostas a esse risco físico, temos: 12 • Ruído: costureira, operador de máquinas diversas, operador de bate estacas. • Calor: caldeireiro, cozinheiro, operador de fornos industriais. • Radiação ionizante: técnico de raio X, operadores de laboratórios de calibração de equipamentos que contenham produtos radioativos. • Pressões anormais: mergulhadores, mineradores, metroviários. • Radiações não ionizantes: soldadores, operadores de equipamentos emissores de laser. • Vibração: operador de motosserra, operador de trator, motorista de ônibus. • Frio: trabalhadores que entram em câmaras frigoríficas ou que fazem manutenção nelas. • Umidade: lavador de carros, professor de natação, extração de areia em rios. Esse grupo de risco possui grau de insalubridade que varia de 20% a 40% (Brasil, 2021) do salário-mínimo base de cada região, conforme laudo de inspeção emitido por um Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho. 3.2 Riscos químicos Os riscos químicos são poeiras, fumos, fibras, névoas, neblinas, gases e vapores que podem ser absorvidos através da pele ou pela via respiratória. Segundo o Anexo I da NR 01, risco químico é: Agente químico: Substância química, por si só ou em misturas, quer seja em seu estado natural, quer seja produzida, utilizada ou gerada no 13 processo de trabalho, que em função de sua natureza, concentração e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: fumos de cádmio, poeira mineral contendo sílica cristalina, vapores de tolueno, névoas de ácido sulfúrico. (Brasil, 2020, p. 13-14) Em algumas profissões, os trabalhadores ficam expostos aos agentes químicos e, nesse caso, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem ultrapassados os limites de tolerância constantes nos anexos 11 e 12 da NR 15, ou em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho para os agentes contidos no Anexo 13 da mesma NR (Brasil, 2022): • Poeiras: marceneiros, operadores em marmoraria, pedreiro e serventes na construção civil. • Fumos: soldador e trabalhos de fundição. • Fibras: tecelagem, empresas que manuseiam amianto. • Névoa: pintor com uso de pistola, lavador de carro com uso de ar comprimido. • Gases e vapores: frentista, sapateiro, dosador de produtos químicos. • Graxa: mecânicos e manutenção. Esses grupos de risco possuem grau de insalubridade que varia de 10%, 20% e 40% (Brasil, 2021) do salário-mínimo de cada região, conforme laudo de inspeção emitido por um Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho. 3.3 Riscos biológicos Segundo o Anexo I da NR 01, risco biológico é: 14 Agente biológico: Microrganismos, parasitas ou materiais originados de organismos que, em função de sua natureza e do tipo de exposição, são capazes de acarretar lesão ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: bactéria Bacillus anthracis, vírus linfotrópico da célula T humana, príon agente de doença de Creutzfeldt-Jakob, fungo Coccidioides immitis. (Brasil, 2020, p. 13) Algumas funções demandam exposição aos agentes biológicos, tais como profissionais da área da saúde, coveiros, catadores de lixo, entre outros. Para esses profissionais, a insalubridade é caracterizada pela avaliação qualitativa da exposição. Esse grupo de risco possui grau de insalubridade que varia de 20% a 40% (Brasil, 2021) do salário-mínimo de cada região, conforme laudo de inspeção emitido por um Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho. 4. Tipos de avaliação 4.1 Avaliação qualitativa A avaliação qualitativa na segurança do trabalho é um processo de identificação, análise e avaliação dos riscos presentes no ambiente de trabalho, com base em observações, entrevistas e análise de documentos, para atividades que se enquadram nos anexos 6, 7, 9, 10, 13 e 14 da NR 15 (Brasil, 2022): • Observação: consiste em observar o ambiente de trabalho para identificar potenciais riscos, conforme o conhecimento adquirido. • Entrevista: consiste em conversar com os trabalhadores e gestores para obter informações sobre suas experiências, opiniões e percepções sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho. 15 • Análise de documentos: consiste em analisar documentos já existentes, como relatórios, laudos, programas, registros e depoimentos, para obter informações sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho. A avaliação qualitativa é a primeira a ser usada antes da avaliação quantitativa. Porém, as duas avaliações podem ser utilizadas de forma conjunta para obter uma visão mais completa dos riscos presentes no ambiente de trabalho. 4.2 Avaliação quantitativa A avaliação quantitativa na segurança do trabalho é um processo de identificação, análise e avaliaçãodos riscos presentes no ambiente de trabalho, com base em medições e cálculos, daquelas atividades que se enquadram nos anexos 1 e 3 da NR 01 (Brasil, 2020) e anexos 1, 2, 11, 12 da NR 15 (Brasil, 2022). É uma ferramenta importante para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, pois ela permite mensurar em números (decibéis, °C, ppm, mg/m³) a intensidade do agente no ambiente de trabalho e confrontar com o seu limite de tolerância, além de ser uma ferramenta complementar à avaliação qualitativa. No entanto, a avaliação quantitativa apresenta também alguns desafios, como: • Custo: pode ser mais cara do que a avaliação qualitativa, pois requer o uso de equipamentos específicos (dosímetros, termômetro IBUTG, bombas gravimétricas e amostradores) e, em alguns casos, o uso de laboratórios especializados, seguindo as metodologias internacionais. 16 • Complexidade: é mais complexa do que a avaliação qualitativa, pois requer conhecimentos técnicos específicos sobre cada agente em questão, para a correta avaliação e conduta. • Tempo: demanda mais tempo do que a avaliação qualitativa, pois requer a coleta de curta, parcial ou longa duração, além da análise dos dados coletados em laboratórios. 5. Instrumentos e equipamentos de medição Na área da higiene ocupacional, os profissionais usam uma variedade de instrumentos e equipamentos de medição para avaliar os riscos físicos e químicos no ambiente de trabalho. Os instrumentos e equipamentos de medição devem ser calibrados regularmente, para garantir a precisão das medições; serem mantidos em bom estado de conservação, para evitar erros; o profissional estar bem treinado no uso desses dispositivos, para garantir medições precisas e proteção eficaz dos trabalhadores. 5.1 Medição de riscos físicos Existem vários equipamentos para realizar a quantificação desses agentes, como: • O dosímetro de ruído é um dispositivo portátil que pode ser preso ao corpo do trabalhador ou do avaliador. Ele possui um microfone que mede o nível de pressão sonora no ambiente. O dosímetro também possui um processador que calcula a exposição ao ruído durante um determinado período. O mesmo dosímetro de ruído pode ser utilizado para medir a exposição ao ruído contínuo ou intermitente e de impacto, só alterando sua configuração antes do início da quantificação, chegando a uma variação de 40 a 140 dB(A), conforme a classe do aparelho. 17 • O termômetro de globo IBUTG é utilizado para medir o estresse térmico ao qual o corpo humano está exposto proveniente de uma fonte geradora, combinando a temperatura real do ar, a umidade no ar e a temperatura de radiação do ambiente. Essa variação pode chegar, em média dos termômetros, de -50 °C a 150 °C. • O medidor de vibrações ocupacionais é um instrumento utilizado para medir a exposição às vibrações de corpo inteiro, como as vibrações causadas por veículos, além de mãos e braços dos trabalhadores, causadas por ferramentas manuais. Esse equipamento realiza a medição simultânea em três eixos – X, Y e Z – da aceleração da máquina no corpo humano. Para o correto procedimento de coleta e análise dos resultados, devem ser utilizadas as Normas de Higiene Ocupacional (NHOs) de números 01 para o ruído, 05 para radiação ionizante, 06 para o calor, 09 e 10 para a vibração, todas da Fundacentro. 5.2 Medição de riscos químicos Para a correta quantificação dos riscos químicos, são necessários uma bomba gravimétrica e um calibrador de vazão, para garantir a vazão média, tanto no início como no final da amostragem, a fim de ter a representatividade real do fluxo de ar coletado nos amostradores. Em relação aos amostradores, temos os cassetes com filtros, tubos de sílica gel, carvão ativo, balão de tedlar, impingers e, para alguns casos específicos de gases e vapores, podemos usar um amostrador passivo, sem o uso da bomba gravimétrica. 6. Vias de penetração Existem três principais vias de penetração do agente químico no corpo do trabalhador em função de suas atividades laborais, que são 18 a inalação, a absorção dérmica e a ingestão. Lembrando que, não se protegendo, ele poderá ter uma doença no futuro. • Inalação: é a aspiração de substâncias perigosas no local de trabalho, podendo ser gases, vapores, poeiras ou fumos. • Absorção dérmica: é o processo de transporte de substâncias através da pele para a corrente sanguínea. Como sabemos, a pele é o maior órgão do corpo humano, portanto ela faz uma barreira eficaz contra a entrada de substâncias estranhas, mas algumas substâncias podem ser absorvidas com facilidade. • Ingestão: a ingestão de produtos químicos pode ser muito perigosa e, normalmente, é de forma acidental, não se cumprindo os processos de segurança. A higiene ocupacional é uma área de conhecimento e de atuação essencial para a proteção da saúde e da segurança e para a promoção da qualidade de vida no trabalho. Ela está em constante evolução, devido aos novos avanços tecnológicos e científicos. É uma responsabilidade de todos os envolvidos no ambiente de trabalho, logo trabalhadores, empregadores e órgãos públicos devem trabalhar juntos para criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável possível. Referências BRASIL. NR 01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2020. Disponível em: https://www.gov. br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos- e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas- regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2021. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf 19 Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria- permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-09-atualizada-2021-com- anexos-vibra-e-calor.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 15 – Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/ pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/ comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr- 15-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. SANTOS, A. M. dos A. et al. Introdução à Higiene Ocupacional. São Paulo: Fundacentro, 2004. Disponível em: http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/ exlibris/aleph/a23_1/apache_media/RTMECD7TATVD5N9BPN8STM7D8F68SI.pdf. Acesso em: 31 ago. 2023. SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Técnicas de Avaliação de Agentes Ambientais: Manual do Sesi. Brasília: Sesi, 2007. SILVA, A. M. da et al. Manual de Inspeção do Trabalho. Brasília: Ministério do Trabalho, 2018. http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/RTMECD7TATVD5N9BPN8STM7D8F68SI.pdf http://arquivosbiblioteca.fundacentro.gov.br/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/RTMECD7TATVD5N9BPN8STM7D8F68SI.pdf 20 Agentes ambientais do trabalhoAutoria: Walmir Cristiano Candido de Oliveira Leitura crítica: Natalia Violim Fabri Objetivos • Conceituar o risco físico no ambiente de trabalho. • Classificar, reconhecer e prevenir o risco físico no ambiente de trabalho. • Confrontar os agentes físicos com outras normas regulamentadoras. 21 1. Introdução Agentes ambientais do trabalho são elementos presentes no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde e a segurança dos trabalhadores. Eles podem ser de natureza física, química, biológica, ergonômica ou de organização. Como Engenheiro de Segurança do Trabalho, sua função envolve a identificação, a avaliação e o controle desses agentes para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Isso pode incluir a implementação de medidas de controle, como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), ventilação adequada, isolamento de áreas contaminadas, entre outras ações preventivas. 2. Riscos físicos ocupacionais Risco ocupacional é a possibilidade de ocorrência de danos à saúde do trabalhador, em função da exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou mecânicos. O conceito de risco físico, segundo o Anexo I da NR 01: Agente físico: Qualquer forma de energia que, em função de sua natureza, intensidade e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes (Brasil, 2020, p. 13) Os riscos físicos ocupacionais são causados pela exposição do trabalhador a diferentes formas de energia, como ruído, calor, frio, vibração, radiações e pressões anormais. Esses riscos podem causar danos à saúde do trabalhador, como perda auditiva, lesões musculares, doenças respiratórias, queimaduras e morte. 22 A origem dos riscos físicos ocupacionais pode ser natural, que não pode ser controlada pelo homem, como o clima e os fenômenos naturais, ou artificial, que pode ser controlada pelo homem, como equipamentos, máquinas e processos produtivos. Os riscos físicos ocupacionais podem ser eliminados ou reduzidos por meio de medidas de controle, como mostrado no esquema da Figura 1. Figura 1 – Riscos físicos ocupacionais Fonte: elaborada pelo autor. 2.1 Ruído contínuo ou intermitente O ruído contínuo é um tipo de ruído que ocorre de forma constante, sem interrupções, enquanto o ruído intermitente é aquele que apresenta variações de intensidade. Ambos são prejudiciais à saúde, causando perda auditiva, por exemplo, dependendo da intensidade e da duração do ruído. A NR 15, em seu item 15.1, afirma: “Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto” (Brasil, 2022, p. 3). Uma das formas de prevenção ao ruído contínuo ou intermitente é o uso do protetor auricular tipo plug ou tipo concha, desde que atenda 23 a alguns requisitos, como treinamentos de utilização, troca periódica, acompanhamento médico ocupacional e melhorias no ambiente de trabalho para a redução do nível de pressão sonora. 2.2 Ruído de impacto É um tipo de ruído gerado por um impacto, como o impacto de um objeto em uma superfície ou a queda. O ruído de impacto é caracterizado por um pico de pressão sonora de curta duração, geralmente inferior a um segundo. A NR 15, em seu item 15.1, diz: “Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo” (Brasil, 2022, p. 4). Sua exposição sem proteção poderá causar surdez temporária ou definitiva, dependendo do tempo de exposição. A forma correta de se proteger é utilizando o protetor auricular, podendo, nesse caso, ser conjugado o plug com a concha. 2.3 Calor O agente calor está regulamentado atualmente no Anexo 3 da NR 09 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos (Brasil, 2021), ao contrário dos demais agentes contidos na NR 15 (Brasil, 2022). O calor tem variados limites de tolerância, de acordo com o tipo de atividade, se é leve, moderada ou pesada, versus o valor da temperatura dos diversos ambientes que labora. A exposição ocupacional ao calor é um risco para a saúde dos trabalhadores, podendo causar desidratação, insolação, queimaduras, problemas na visão e até câncer de pele. Suas medidas de proteção 24 vão de EPIs, barreiras de proteção na fonte de calor e revezamento de tempo de exposição. 2.4 Radiações ionizantes A radiação ionizante é uma forma de radiação que possui energia suficiente para ionizar átomos, ou seja, arrancar elétrons dos átomos. Isso pode causar danos às células e ao DNA, o que pode levar ao câncer, a doenças na pele e a mutações nos órgãos do trabalhador, bem como sequelas de câncer e deformidades em seus filhos e netos. A NR 15, em seu Anexo 5, diz: Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios, as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NN-3.01: ‘Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica’, de março de 2014, aprovada pela Resolução CNEN n.º 164/2014, ou daquela que venha a substitui-la. (Brasil, 2022, p. 9) Esses materiais podem ser encontrados nos equipamentos de raio X e desenvolvidos em laboratórios e usinas nucleares. Seu controle de exposição é através de barreiras físicas, redução do tempo de exposição ao agente, monitoramento através de dosímetros, aventais de proteção, além do descarte correto. 2.5 Radiações não ionizantes As radiações não ionizantes são aquelas que não têm energia em quantidade suficiente para ionizar átomos ou moléculas. As radiações eletromagnéticas são aquelas que se propagam na forma de ondas eletromagnéticas, que são constituídas por um campo elétrico e um campo magnético. 25 A NR 15, em seu Anexo 7, afirma: “Para os efeitos desta norma, são radiações não-ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser” (Brasil, 2022, p. 80). Sua proteção é simples com a utilização de equipamentos de proteção individual da pele e olhos, além de barreiras físicas, como biombos. Seus danos à saúde são baixos em relação às radiações ionizantes, porém, se as exposições não tiverem algum controle, poderão ocasionar sérias lesões e doenças de pele e ocular. 2.6 Pressão anormal Esse agente físico é o menos comum, e é dividido em duas partes, podendo ser hipobárica ou hiperbárica: • Pressão hipobárica é a condição na qual o empregado está exposto a uma pressão atmosférica inferior à pressão atmosférica ao nível do mar, nas seguintes situações de altitudes elevadas, como montanhas ou aviões, câmaras de vácuo e em ambientes com baixa pressão de ar, como tanques ou aquários. Os danos à saúde da exposição à pressão hipobárica incluem: edema pulmonar, hipoglicemia, cefaleia, tonturas, náuseas, vômitos, fadiga, confusão mental, perda de consciência e até morte. • Pressão hiperbárica é a condição na qual o empregado está exposto a uma pressão atmosférica superior à pressão atmosférica ao nível do mar, como é o caso dos mergulhadores ou quem trabalha em submarinos. A exposição à pressão hiperbárica pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo: doença de descompressão, barotrauma, intoxicação por oxigênio, surdez, doenças respiratórias, cardíacas e neurológicas. Tanto para a hipobárica quanto para a hiperbárica, a forma de controle será o monitoramento constante dos empregados expostos, 26 treinamentos específicos e periódicos sobre o risco, utilização dos EPIs corretos e cumprimento dos procedimentos de segurança. 2.7 Vibração É caracterizada pelo deslocamento contínuo ou intermitente do corpo do empregado em uma superfície trêmula presente no ambiente de trabalho, podendo ser de corpo inteiro, em veículosmotorizados sem suspensões, ou localizadas em mãos e braços principalmente, na utilização de algumas ferramentas manuais elétricas e pneumáticas. Os problemas de saúde podem ser formigamentos, dores musculares, colunas e até perda auditiva. Sua forma de prevenção é a utilização de luvas antivibração, exames complementares do PCMSO, revezamento da atividade com a fonte geradora de vibração e manutenções periódicas nos equipamentos. 2.8 Frio O frio ocupacional é a exposição de trabalhadores a ambientes com temperaturas baixas ou extremamente baixas, que requer proteção para impedir a troca de calor do corpo para o ambiente, com utilização de EPIs para o frio e medidas administrativas, como revezamento da exposição e controle de permanência. A NR 15, em seu Anexo 9, diz: As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. (Brasil, 2022, p. 81) Devido à troca de calor do corpo humano para o ambiente e à diminuição do fluxo sanguíneo, surgem alguns problemas de saúde, 27 principalmente, nas extremidades dos pés e das mãos, como também na pele e no sistema respiratório. As lesões mais comuns sobre a exposição do frio é urticária, ulceração, pé de imersão, Fenômeno de Raynaud, congelamento, Frostbite, perniose (frieiras) e hipotermia. 2.9 Umidade A umidade ocupacional é um risco físico que pode causar uma variedade de problemas de saúde, como tosse, dificuldade para respirar, ressecamento da pele e formigamento nas extremidades, além dos riscos de acidente, como as quedas. A NR 15, em seu Anexo 9, afirma: As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. (Brasil, 2022, p. 81) Sua forma de prevenção é simples: utilização de botas, luvas e aventais de borracha, e no ambiente, a colocação de ralos, para o escoamento da água, e de barreiras físicas, para não haver o contato. 3. Correlação dos agentes físicos com as outras NRs 3.1 NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPA) tem um papel muito importante em uma organização, pois são membros eleitos pelos empregados e indicados pelo empregador, com o objetivo de prevenir acidentes e doenças de trabalho. 28 Uma das principais atribuições da CIPA é a elaboração e/ou renovação do mapa de risco da empresa, pelo menos uma vez por ano, ao identificar, avaliar e propor medidas de controle para cada risco ocupacional. A classificação pode ser considerada baixo, médio e alto dos riscos encontrados no ambiente de trabalho, devendo ser divulgada no Mapa de Risco fixado no ambiente para o conhecimento de todos. 3.2 NR 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO A Norma Regulamentadora 7 (NR 07), publicada pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, estabelece as diretrizes e os requisitos para o desenvolvimento do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) nas organizações, com o objetivo de proteger e preservar a saúde dos trabalhadores em relação aos riscos ocupacionais identificados e classificados pelo Programa de Gerenciamento de Risco (PGR). Além do exame ocupacional, o médico responsável pelo PCMSO deverá solicitar a realização de alguns exames complementares que cada risco ocupacional físico exige, como: • Audiometria: para avaliar a audição do trabalhador. • Espirometria: para avaliar a capacidade pulmonar do trabalhador. • Raio-X: para avaliar a estrutura e a função do corpo do trabalhador. • Eletrocardiograma: para avaliar a função cardíaca do trabalhador. • Exames laboratoriais: para avaliar a função dos órgãos e sistemas do corpo do trabalhador. 29 A critério do médico responsável, poderão ser realizados outros exames complementares, e a periodicidade pode ser alterada, desde que relacionados aos riscos ocupacionais classificados no PGR e tecnicamente justificados. 3.3 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres O laudo de insalubridade tem como objetivo estabelecer se os empregados têm direito a receber ou não o adicional de insalubridade, o qual, dependendo do agente prejudicial a que estão expostos, pode variar entre 10%, 20% ou 40% do salário-mínimo vigente (Brasil, 2022). Além do Engenheiro de Segurança, o Médico do Trabalho pode elaborar e assinar o laudo de insalubridade, todavia somente aqueles riscos ocupacionais que tiverem o seu limite de tolerância ultrapassado, através da avaliação quantitativa, ou em alguns casos, somente pela avaliação qualitativa e sem nenhuma medida de proteção coletiva, administrativa e individual aplicada, receberão esse adicional mensalmente. Caso o empregador regularize a situação, solicitará novo laudo, comprovando a inexistência ou o controle dos riscos ocupacionais no ambiente de trabalho, e poderá cessar o pagamento do adicional. No entanto, a jornada não é apenas sobre a identificação dos perigos mas também sobre a aplicação do conhecimento e da expertise, como a de um Engenheiro de Segurança do Trabalho, para mitigar esses riscos e criar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Referências BRASIL. NR 01 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2020. Disponível em: https://www.gov. br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos- https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf 30 e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas- regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 05 – Comissão interna de prevenção de acidentes e de assédio – CIPA. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https:// www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/ conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/ normas-regulamentadoras/nr-05-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 27 out. 2023. BRASIL. NR 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional–PCMSO. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2020. Disponível em: https://www.gov. br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos- e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas- regulamentadoras/nr-07-atualizada-2022-1.pdf. Acesso em: 27 out. 2023. BRASIL. NR 09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria- permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-09-atualizada-2021-com- anexos-vibra-e-calor.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 15 – Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/ pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/ comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr- 15-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdfhttps://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-01-atualizada-2022-1.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-05-atualizada-2022.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-05-atualizada-2022.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-05-atualizada-2022.pdf https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-05-atualizada-2022.pdf 31 Avaliação ocupacional do calor Autoria: Walmir Cristiano Candido de Oliveira Leitura crítica: Natalia Violim Fabri Objetivos • Conhecer a legislação e as normas técnicas, além do conceito de conforto térmico e de “estresse térmico”. • Conceituar sobrecargas térmicas e temperaturas baixas, transmissão de calor e medidas de proteção. • Entender como proceder em uma avaliação, uso de equipamento e os seus limites de tolerância. 32 1. Introdução A higiene ocupacional desempenha um papel crítico na preservação da saúde e segurança dos trabalhadores expostos a condições de calor no ambiente de trabalho. É uma área interdisciplinar que combina conhecimentos de segurança do trabalho, engenharia, fisiologia humana e regulamentações específicas para garantir um ambiente seguro e confortável em relação ao calor. O risco de temperaturas extremas refere-se a situações em que as condições climáticas no ambiente de trabalho apresentam temperaturas muito altas ou muito baixas, que podem representar perigos significativos para a saúde e segurança dos empregados. 2. Legislação e normas técnicas No Brasil, conforme redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, em sua Seção VIII, há três artigos sobre Conforto Térmico, em especial, o art. 177: Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas, anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas. (Brasil, 1977, [s. p.]) A Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, sofreu uma atualização em 2019, na qual o Anexo 3–Calor da NR 15 (Brasil, 2022) foi revisto, anexando-se também ao Anexo 2 da NR 09 (Brasil, 2021), estabelecendo valores para as taxas metabólicas e os limites de tolerância para o agente calor e o Anexo 9–Frio da NR 15 (Brasil, 2022). Caso seja 33 considerada a insalubridade pelas temperaturas extremas (calor ou frio), o grau do adicional será de 20% (Brasil, 2022). Já a Norma de Higiene Ocupacional 06 (NHO 06), que trata da avaliação da exposição ocupacional ao calor, indica critério e procedimento para a quantificação de calor do empregado em situação que possa trazer prejuízo à sua saúde (Giampaoli et al., 2017). A nível internacional, existem outras normas sobre quantificação de calor e padrões de limites de exposição/regime de trabalho, como a ISO 7243 – Ambientes quentes – Estimativa do estresse por calor em trabalhadores, baseada no índice WBGT (Índice de Bulbo Úmido e Temperatura de Globo), e a ISO 7933 – Ambientes quentes – Determinação analítica e interpretação do estresse térmico, utilizando o cálculo da taxa requerida de suor (SWreq). 3. Agente térmico: conceito de conforto térmico e de “estresse térmico” O conforto térmico refere-se a uma condição na qual um indivíduo se sente fisicamente confortável, sem experimentar desconforto devido a variações extremas de temperatura, umidade ou outras condições climáticas. É um estado em que a temperatura ambiente é percebida como agradável e adequada às atividades realizadas e às roupas usadas pelo indivíduo. Segundo o item 17.8.4.2 da NR 17: A organização deve adotar medidas de controle da temperatura, da velocidade do ar e da umidade com a finalidade de proporcionar conforto térmico nas situações de trabalho, observando-se o parâmetro de faixa de temperatura do ar entre 18 e 25 °C para ambientes climatizados. (Brasil, 2022, p. 8) 34 O estresse térmico é um termo utilizado para descrever a condição na qual o corpo humano é submetido a um desequilíbrio térmico significativo devido à exposição a condições ambientais extremas de temperatura. Esse desequilíbrio ocorre quando a capacidade do corpo de dissipar ou absorver calor é superada pelas condições térmicas do ambiente, resultando em efeitos negativos na saúde e no desempenho do indivíduo. De acordo com a NR 17 (Brasil, 2022), a temperatura de conforto para o ser humano é de 18 a 25 °C. Temperaturas abaixo de 10 °C ou acima de 35 °C são consideradas extremas. O estresse térmico pode ser causado por duas situações opostas: • Estresse térmico por calor (calor extremo): isso ocorre quando a temperatura ambiente é significativamente alta, e o corpo luta para dissipar o calor excessivo. • estresse térmico por frio (frio extremo): isso ocorre quando a temperatura ambiente é extremamente baixa, levando o corpo a perder calor mais rapidamente do que pode produzi-lo. 4. Sobrecarga térmica e temperaturas baixas: conceitos gerais, ocorrência e danos à saúde A sobrecarga térmica é um termo usado para descrever uma condição em que o corpo humano não consegue dissipar o calor com eficiência. Isso pode ocorrer quando a temperatura ambiente é alta ou quando o corpo produz muito calor, como durante a atividade física. A exposição ao calor pode causar uma série de danos à saúde, tais como: desidratação, cãibras musculares, fadiga, insolação, exaustão por calor, queimaduras, problemas de saúde crônicas e heat stroke (golpe de calor). 35 Temperatura baixa é uma temperatura abaixo da faixa de conforto humano, geralmente abaixo de 10 °C. Temperaturas abaixo de 0 °C são consideradas muito baixas. Os trabalhadores devem estar protegidos contra a exposição ao frio de modo que a temperatura central do corpo não caia abaixo de 36 °C. A exposição ao frio também pode causar uma série de danos à saúde, tais como: frieiras, cãibras musculares, perda de sensibilidade, hipotermia, Frostbite (congelamento) e problemas de saúde crônicos. 5. Transmissão de calor No contexto da segurança no trabalho, entender esses processos é fundamental para avaliar e controlar os riscos relacionados às temperaturas extremas no ambiente de trabalho. Existem três principais tipos de transmissão de calor: • Condução: a condução é o processo de transferência de calor através de um material ou de uma substância sólida. Esse tipo de transmissão ocorre quando duas áreas com diferentes temperaturas estão em contato direto. • Convecção: a convecção envolve a transferência de calor através de um fluido (líquido ou gás). Quando um fluido é aquecido, ele se torna menos denso e tende a subir, enquanto o fluido mais frio desce. Esse movimento de massas de fluido cria um processo de transferência de calor. • Irradiação: a irradiação é a transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas, como a radiação infravermelha emitida por um corpo aquecido. 36 Existem alguns itens que atrapalham a remoção de calor no empregado, que são a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, a ventilação do ambiente e a vestimenta usada pelas pessoas (Ruas et al., 1999). 6. Medidas de proteção Para proteger os trabalhadores contra os riscos do calor e do frio extremo, é fundamentalimplementar medidas de proteção eficazes. Aqui estão algumas medidas de controle para o calor extremo, que podem ser adotadas para garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores em condições de calor intenso: blindar as fontes radiantes, reduzir as temperaturas do ambiente de trabalho, aumentar a distância da fonte com o trabalhador, aumentar a velocidade do ar, usar barreiras refletivas na trajetória, reduzir a carga metabólica no empregado, tentar automatizar as atividades e ajustar o tempo de exposição e da relação trabalho/descanso térmico. Já aqui estão algumas medidas que podem ser adotadas para garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores em condições de frio intenso: aclimatização do ambiente de trabalho; uso de vestimentas adequadas para o frio, com o uso de botas especiais, camisas e meias de algodão, calças e japonas térmicas, luvas, gorros e balaclavas; exames médicos periódicos; treinamento e revezamento de trabalho em locais mais amenos. 7. Equipamento O termômetro de globo IBUTG é um instrumento utilizado para medir o estresse térmico ao qual o corpo humano está exposto. 37 O IBUTG é calculado a partir de três parâmetros: • Termômetro de bulbo seco (Tb): é um termômetro comum que avalia a temperatura real do ar no ambiente. • Termômetro de bulbo úmido (Tw): é um termômetro que é coberto por um tecido absorvente e que na base tem um copo, no qual é colocada água destilada, para avaliar a temperatura com umidade no ar. A água que está no pavio será evaporada pelo calor, e o termômetro esfria para realizar a quantificação, com isso ele terá a menor temperatura dos três termômetros. • Termômetro de globo (Tg): é um termômetro que tem em sua extremidade uma esfera oca de cobre, pintada externamente por uma tinta preta fosca, para avaliar a temperatura radiação do ambiente. A esfera captará toda a radiação infravermelha do ambiente, aquecendo o termômetro, tendo assim a maior temperatura dos três termômetros. 8. Procedimento de avaliação No Anexo 3 da NR 15 (Brasil, 2022), faz-se necessário, primeiramente, uma avalição preliminar da exposição ocupacional ao agente, pois já poderemos adotar medidas de controle no ambiente; caso não seja suficiente, deveremos proceder com a quantificação quantitativa. Para se realizar a medição de calor em um ambiente de trabalho, a norma regulamentadora faz menção à NHO 06 da Fundacentro, que tem como base o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) relacionado à Taxa Metabólica (M) (Giampaoli et al., 2017). O IBUTG será calculado da seguinte forma: 38 Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7 tbn + 0,2 tg + 0,1 tbs Primeiro, deverá ser realizada uma avaliação qualitativa da(s) atividade(s) desempenhada(s), pois há duas formas de calcularmos o IBUTG. A primeira é pelo regime trabalho intermitente, com períodos de trabalho intermitente e períodos de descanso no próprio local de trabalho, e a outra é pelo regime de trabalho intermitente, com período de descanso em outro local. Para o cálculo do IBUTG, o termômetro deverá ficar posicionado em frente à fonte geradora na região mais afetada do empregado; caso não seja possível, deixar na altura do tórax, com o auxílio de um tripé pintado de preto fosco, para não haver interferências na avaliação do aparelho, além de o bulbo úmido estar completamente molhado, e o aparelho, calibrado e com bateria suficiente para as coletas. Para a correta coleta das temperaturas dos termômetros, seguir a orientação da NHO 06: As leituras das temperaturas devem ser iniciadas após a estabilização do conjunto na situação térmica que está sendo avaliada e repetidas a cada minuto. Devem ser feitas no mínimo 5 leituras, ou tantas quantas forem necessárias, até que a variação entre elas esteja dentro de um intervalo de ± 0,4 °C. Os valores a serem atribuídos ao tg, ao tbs e ao tbn correspondem às médias de suas leituras, obtidas no intervalo considerado. (Giampaoli et al., 2017) Sobre a taxa metabólica, será feita através da observação da atividade executada pelo empregado, em relação ao Quadro 3 da NR 15 (Brasil, 39 2022), podendo ser sentado, em pé, agachado ou ajoelhado e em movimento, no período de 60 minutos corridos mais desfavorável da atividade. Utilizamos a seguinte fórmula para determinar a taxa metabólica ponderada, quando ocorrer uma ou mais atividade(s) durante o ciclo de avaliação. O resultado do limite de exposição ocupacional se dará através do confronto do resultado da taxa metabólica encontrada versus a temperatura do IBUTG, de acordo com a Tabela 1 da NHO 06 (Giampaoli et al., 2017). Observaremos também as vestimentas do empregado, pois elas podem influenciar na troca de calor, impactando no incremento no valor do IBUTG antes da conclusão da avaliação. Para os casos de exposição ao agente físico calor, o empregador deverá adotar medidas de preventivas e corretivas para melhorar as condições de trabalho dos empregados, como fornecer água potável fresca e vestimentas compatíveis, adequar processos e rotinas, entre outras. Para a avaliação do frio no ambiente de trabalho, será necessário levar em consideração a temperatura (utilizando um termômetro de bulbo seco), a velocidade do ar (utilizando um anemômetro), a atividade desempenhada e as vestimentas (de acordo com a velocidade do ar e o isolamento da roupa, o trabalhador deverá permanecer menos tempo exposto ao frio), mas não para caracterizar a insalubridade, visto que, conforme anexo, a avaliação é qualitativa, mas, sim, o tempo de permanência do empregado em tal condição. 40 9. Limites de tolerâncias Para o agente físico calor, o Anexo 3 da NR 15 (Brasil, 2022) é bem claro que o cálculo da taxa metabólica deverá ser consultado no Quadro 3, os níveis de ação estabelecidos no Quadro 1 e os limites de tolerância no Quadro 2 daquele anexo. Já para o agente físico frio, o Anexo 9 da NR 15 (Brasil, 2022) não define um parâmetro, e sim determina uma avaliação qualitativa por profissional responsável. As atividades ou operações executadas no interior de câmaras frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. (Brasil, 2022, p. 81) A norma internacional ACGIH tem o limite de tolerância de 4 °C de exposição ao frio sem risco, porém o art. 253 da CLT (Brasil, 1943) prevê que quem trabalha em câmaras frigoríficos terá um descanso de 20 minutos após 1 hora e 40 minutos laborando exposto ao frio, para a sua recuperação térmica, além de determinar o que é frio, visto que o Brasil é um país continente e nem sempre o frio do Sul será para o Nordeste. Portanto, entende-se que lidar com temperaturas extremas, seja calor intenso ou frio rigoroso, é um desafio significativo em ambientes de trabalho. É essencial que os engenheiros de segurança do trabalho estejam bem-informados sobre os riscos associados a essas condições e adotem medidas de proteção adequadas para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores. Referências BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 27 out. 2023. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm 41 BRASIL. Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6514.htm. Acesso em: 27 out. 2023. BRASIL. NR 09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionaisa agentes físicos, químicos e biológicos. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria- permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-09-atualizada-2021-com- anexos-vibra-e-calor.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 15 – Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/ pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/ comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr- 15-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. BRASIL. NR 17 – Ergonomia. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-informacao/ participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comissao-tripartite-partitaria- permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-17-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. GIAMPAOLI, E. et al. NHO 06 – Avaliação da exposição ocupacional ao calor. Procedimento técnico. 2. ed. São Paulo: Fundacentro, 2017. RUAS, Á. C. et al. Conforto térmico nos ambientes de trabalho. São Paulo: Fundacentro, 1999. 42 Trabalho em pressões anormais Autoria: Walmir Cristiano Candido de Oliveira Leitura crítica: Natalia Violim Fabri Objetivos • Conhecer o conceito sobre pressões anormais e a sua legislação. • Identificar a composição do ar, a pressão atmosférica e os efeitos sobre o corpo. • Entender o Anexo 6 da NR 15 e suas medidas de prevenção. 43 1. Introdução Trabalho sob condições hiperbáricas é o trabalho realizado em ambientes onde a pressão atmosférica é maior que a pressão atmosférica normal, que é de 1 atm (1 atmosfera). No Brasil, o trabalho sob condições hiperbáricas é regulamentado pela NR 15 (Brasil, 2022), cujo Anexo 6 estabelece os limites de tolerância para a exposição aos riscos associados ao trabalho sob condições hiperbáricas. 2. Legislação No Brasil, a legislação que trata das condições de trabalho em pressões anormais é o Anexo 6 da NR 15 (Brasil, 2022), que lida especificamente com trabalhos sob condições hiperbáricas, como os trabalhos sob ar comprimido e mergulho subaquático, estabelecendo o grau de insalubridade máxima, que é de 40% do salário-mínimo vigente da região, os requisitos de segurança, o monitoramento e as medidas preventivas, além do direito à aposentadoria especial com 25 anos de contribuição nessa atividade. Para pressões hipobáricas, as regulamentações brasileiras não são tão específicas quanto as regulamentações para pressões hiperbáricas. No entanto, a segurança dos trabalhadores em altitudes elevadas pode ser abordada por meio de regulamentos gerais de saúde e segurança no trabalho. Em nível internacional, várias convenções e regulamentos também abordam questões relacionadas à segurança do trabalho em pressões anormais, e alguns exemplos são detalhados na Figura 1. 44 Figura 1 – Legislações sobre pressão anormal Fonte: elaborada pelo autor. 3. Definição e conceitos sobre pressões anormais Pressões anormais se referem a condições de pressão que estão fora dos valores considerados normais na pressão atmosférica ao nível do mar, que é cerca de 1 atmosfera (101,3 kPa ou 14,7 psi). 3.1 Pressões hipobáricas Refere-se a pressões que estão abaixo da pressão atmosférica ao nível do mar. Isso ocorre em altitudes elevadas, como em montanhas ou durante voos. Em condições hipobáricas, há menos oxigênio disponível no ar, o que pode causar hipóxia, se não forem tomadas precauções adequadas. Trabalhadores que operam em altitudes elevadas, como 45 alpinistas ou tripulações de aeronaves, precisam estar cientes dos riscos associados a essa pressão anormal. 3.2 Pressões hiperbáricas Refere-se a pressões que estão acima da pressão atmosférica ao nível do mar. Isso ocorre em ambientes subaquáticos, como o oceano profundo, onde a pressão aumenta à medida que a profundidade aumenta. Trabalhadores que operam em ambientes hiperbáricos enfrentam riscos específicos de saúde, incluindo a possibilidade de doença de descompressão, e requerem treinamento e equipamentos especializados para garantir sua segurança. Além dos mergulhadores, temos os trabalhadores em túneis e minas, os quais podem ser expostos a pressões maiores que a atmosférica devido à pressão da terra. 4. Composição do ar, pressão atmosférica e efeitos sobre o corpo 4.1 Composição do ar O ar é uma mistura de gases que compõem a atmosfera da Terra. A composição do ar seco (ar sem vapor d’água) ao nível do mar é, aproximadamente, a seguinte em termos percentuais por volume: • Nitrogênio (N2): cerca de 78% da composição do ar é composta de nitrogênio. É um gás inerte e desempenha um papel fundamental na atmosfera. • Oxigênio (O2): o oxigênio representa cerca de 21% do ar. É essencial para a respiração de seres humanos, animais e muitos organismos aeróbicos. 46 • Argônio (Ar): o argônio compõe, aproximadamente, 0,93% do ar. É um gás nobre, inerte e não reativo. • Dióxido de carbono (CO2): o dióxido de carbono constitui cerca de 0,04% do ar. É um gás crucial para o ciclo do carbono na Terra, como também é um importante gás de efeito estufa. • Outros gases traços: o ar também contém vestígios de outros gases, como neônio, hélio, criptônio, xenônio, metano, ozônio e vapor d’água. A quantidade deles varia e é geralmente muito pequena. Além disso, a composição do ar pode variar ligeiramente, dependendo da localização geográfica, da altitude e das condições climáticas. Por exemplo, em altas altitudes, a pressão atmosférica é menor, e isso afeta a densidade dos gases na atmosfera. O vapor d’água também é variável e pode ser significativo em regiões úmidas ou em condições climáticas específicas. A pressão atmosférica é a pressão exercida pelo ar que envolve a Terra devido à gravidade. Ela é resultado do peso da coluna de ar que se estende desde a superfície terrestre até a parte superior da atmosfera. A pressão atmosférica varia com a altitude e com as condições climáticas, mas ao nível do mar e em condições padrão, a pressão atmosférica média é de, aproximadamente, 101,3 kilopascais (kPa) ou 1 atmosfera (atm). A pressão atmosférica é medida em várias unidades, incluindo pascal (Pa), hectopascal (hPa), milibar (mb) e psi (libra por polegada quadrada). É um componente fundamental da atmosfera terrestre e desempenha um papel essencial na meteorologia, influenciando o clima e o comportamento do tempo. Além disso, a pressão atmosférica é relevante em muitos aspectos da vida cotidiana, desde a operação de aeronaves até a previsão do tempo, e afeta a saúde humana em altitudes elevadas, nas quais a pressão é menor e a disponibilidade de oxigênio é reduzida. 4.2 Danos à saúde das condições hipobáricas 47 As condições hipobáricas, que envolvem pressões atmosféricas mais baixas do que aquelas encontradas ao nível do mar, podem ter vários efeitos adversos na saúde humana devido à redução na pressão parcial de oxigênio. Esses efeitos se tornam mais significativos à medida que a altitude aumenta. Alguns dos danos à saúde associados a condições hipobáricas incluem: • Hipóxia: a hipóxia é uma condição na qual o corpo não recebe oxigênio suficiente para funcionar adequadamente devido à menor pressão parcial de oxigênio em altitudes elevadas. Isso pode levar a sintomas, como falta de ar, fadiga, dor de cabeça, tontura e confusão mental. • Edema Pulmonar de Altitude (EPA): em altitudes muito elevadas, como em montanhas acima de 2.500 metros, algumas pessoas podem desenvolver EPA. Isso ocorre quando o fluido se acumula nos pulmões devido à menor pressão atmosférica, e pode resultar em falta de ar, tosse, chiado no peito e, se não tratado, pode ser potencialmente fatal. • Edema Cerebral de Altitude (ECA): semelhante ao EPA, o ECA é uma condição graveem que o fluido se acumula no cérebro devido à hipóxia em altitudes elevadas. Os sintomas incluem confusão, dificuldade de raciocínio, perda de coordenação e, se não tratado, pode ser fatal. • Síndrome da Descompressão Rápida: em altitudes muito elevadas, como em voos de alta altitude, a rápida descompressão da cabine pode causar danos aos ouvidos e aos seios da face devido à diferença de pressão. Isso pode resultar em dor nos ouvidos, zumbido e outros desconfortos. • Risco cardiovascular: em altitudes elevadas, a menor disponibilidade de oxigênio pode aumentar o estresse sobre o sistema cardiovascular, especialmente em pessoas com condições 48 cardíacas preexistentes. Isso pode aumentar o risco de problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos. É importante lembrar que a gravidade dos efeitos das condições hipobáricas depende da altitude, da duração da exposição e da sensibilidade individual. Pessoas que planejam trabalhar ou viajar para altitudes elevadas devem estar cientes desses riscos e tomar precauções, como aclimatação gradual e, em alguns casos, o uso de oxigênio suplementar, para mitigar os efeitos adversos na saúde. Além disso, consultas médicas antes de viajar para altitudes elevadas são recomendadas, especialmente, para pessoas com condições médicas preexistentes. 4.3 Danos à saúde das condições hiperbáricas As condições hiperbáricas, que envolvem pressões atmosféricas mais altas do que aquelas encontradas ao nível do mar, também podem ter efeitos adversos na saúde humana. Os mergulhadores e trabalhadores subaquáticos são os mais suscetíveis a essas condições. Alguns dos danos à saúde associados às condições hiperbáricas incluem: • Doença de Descompressão (DC): a doença de descompressão, conhecida também como the bends, ocorre quando o mergulhador sobe muito rapidamente após estar exposto a altas pressões submarinas. Isso faz com que os gases dissolvidos no sangue, como o nitrogênio, se formem em bolhas à medida que a pressão diminui. • Toxicidade do oxigênio: a exposição a pressões hiperbáricas aumentadas pode aumentar o risco de toxicidade do oxigênio. Isso ocorre porque a alta pressão aumenta a absorção de oxigênio pelos tecidos, e concentrações excessivamente altas de oxigênio podem causar danos aos pulmões, ao sistema nervoso central e a outros órgãos. 49 • Barotraumas: são lesões causadas por mudanças na pressão, que podem afetar os ouvidos, os seios da face e os pulmões dos mergulhadores. Por exemplo, a rápida descida pode causar dor nos ouvidos, enquanto uma ascensão rápida pode resultar em barotrauma pulmonar, que é potencialmente fatal. • Embolia Gasosa Arterial: a embolia gasosa arterial ocorre quando bolhas de gás entram na corrente sanguínea e podem viajar para os órgãos, causando danos. Isso pode ocorrer se o mergulhador não seguir um procedimento adequado de descompressão. • Narcose por nitrogênio: a narcose por nitrogênio, chamada também de “nitrogênio narcótico”, ocorre em mergulhadores quando o nitrogênio dissolvido no sangue em altas pressões começa a afetar o funcionamento cerebral, causando sintomas semelhantes à embriaguez. Embora não seja fatal geralmente, pode prejudicar o julgamento e a tomada de decisões subaquáticas. É fundamental que os mergulhadores e trabalhadores subaquáticos sejam treinados adequadamente, sigam protocolos de segurança rigorosos, como a descompressão controlada, e usem equipamentos de mergulho certificados, a fim de minimizar os riscos associados às condições hiperbáricas. A segurança e a saúde nas operações subaquáticas dependem de um conhecimento profundo e do respeito pelas pressões hiperbáricas e dos procedimentos apropriados para lidar com elas. 5. Considerações sobre o Anexo 6 da NR 15 e medidas de prevenção O Anexo 6 da NR 15 (Brasil, 2022) trata das atividades e operações que envolvem exposição a condições hiperbáricas, ou seja, pressões atmosféricas mais altas do que as encontradas ao nível do mar. Essas 50 condições hiperbáricas estão associadas, principalmente, ao trabalho em mergulho subaquático, mas também podem ocorrer em outros contextos, como trabalhos em túneis submersos e caixões de ar comprimido. 5.1 Trabalho sob ar comprimido em tubulões pneumáticos e túneis pressurizados O trabalho nas condições sob ar comprimido em tubulões pneumáticos e túneis pressurizados é uma atividade que envolve a exposição do trabalhador a uma pressão maior que a atmosférica. Geralmente, esse tipo de trabalho é realizado em construções subterrâneas, como túneis, galerias e tubulões, onde o ambiente não é naturalmente acessível devido à pressão da água ou solo. Segundo o item 1.1 da NR 15, trabalhos sob ar comprimido “são os efetuados em ambientes onde o trabalhador é obrigado a suportar pressões maiores que a atmosférica e onde se exige cuidadosa descompressão” (Brasil, 2022, p. 9). Alguns aspectos importantes de segurança sobre o assunto é que o empregado não pode ter várias compressões em um período de 24 horas e, após a descompressão, ele terá que permanecer em observação por pelo menos duas horas no local de trabalho sob supervisão médica especializada. Outro ponto importante é o limite de tolerância para a duração do trabalho no regime de ar comprimido, que não poderá ultrapassar oito horas nas situações mostradas na Figura 2. 51 Figura 2 – Limite de tolerância para exposição ao ar comprimido Fonte: elaborada pelo autor. Esse trabalhador deverá ter idade entre 18 e 45 anos de idade, fazer exames pré-admissionais e periódicos a cada seis meses, com exames específicos de acordo com o médico responsável, e portar placa de identificação, conforme o Quadro 1 do Anexo 6 da NR 15 (Brasil, 2022). Outra curiosidade é que, caso o empregado apresente algum sintoma de gripe e resfriado, ficará proibido de trabalhar e, se ficar afastado por um período superior a 10 dias ou ser afastado por doenças, deverá ser submetido a um novo exame médico antes do trabalho. As manobras de compressão e descompressão deverão ser realizadas antes e após o serviço, por uma pessoa capacitada e com os controles externos à campânula ou eclusa, registrando a hora exata da entrada e saída, a pressão do trabalho e a hora inicial e final da descompressão. Como as campânula ou eclusa são ambientes fechados e pequenos, precisa-se observar a ventilação contínua, no mínimo, de 30 pés cúbicos/ minuto/homem, a temperatura não exceder 27 °C (temperatura de globo úmido) e a qualidade do ar ser mantida dentro dos padrões de 52 pureza. Os sistemas de comunicação são importantes para a segurança dos trabalhos subaquáticos. Os procedimentos para compressão e descompressão são: • Descompressão: para a descompressão dos empregados expostos à pressão de 0,0 a 3,4 kgf/cm2, deverão ser obedecidas às tabelas anexas do Quadro III do Anexo 6 da NR 15 (Brasil, 2022), que nada mais são que as variações do “período de trabalho” versus a “pressão de trabalho” com o “estágio de descompressão” para determinar o “tempo total de descompressão”, tempo esse que pode variar de 20 a 245 minutos, de acordo com a pressão e o tempo de trabalho. • Compressão: a iniciar a compressão, logo no primeiro minuto, a pressão não poderá ter incremento maior que 0,3 kgf/cm2; após esse valor, só poderá aumentar a pressão após um determinado tempo de observação, quando o encarregado tem a certeza de que ninguém esteja passando mal, então o aumento de pressão será feito a uma velocidade não superior a 0,7 kgf/cm2 por minuto. Se alguém se queixar de mal-estar, dores no ouvido ou na cabeça, será interrompida a compressão de forma progressiva e, caso esse empregado não melhore, será retirado do local e encaminhado para atendimento médico especializado. 5.2 Trabalho em submersão Não se assuste com o tamanho desse item no Anexo 6 da NR 15 (Brasil, 2022), pois logo no início temos um glossário com os significados de muito termos técnicos, responsabilidades e obrigações docontratante, do empregador, do comandante da embarcação, do supervisor de mergulho, dos mergulhadores e da equipe de mergulhos. Os exames médicos só serão válidos se forem realizados por médicos qualificados em trabalhos submersos, atestando ou não a aptidão do 53 mergulhador para a atividade, sendo realizados a cada seis meses após acidente ou moléstia. Algumas regras de segurança deverão ser aplicadas, como a comunicação entre os membros da equipe por sinais ou intercomunicador sem fio, entrada e saída da água através de cestos, câmaras de compressão e descompressão próximas do local de mergulho e com acompanhamento médico, tempo máximo de submersão de quatro horas por dia, além de, a qualquer momento, o supervisor de mergulho poder interromper ou cancelar a atividade executada por questões de segurança. Os equipamentos de mergulho deverão possuir certificado de aprovação fornecido ou homologado pela Diretoria de Portos e Costas (DPC). A identificação de testes dos cilindros “só poderá ser realizada uma operação de mergulho se houver disponível, no local, uma quantidade de gases, no mínimo, igual a 3 (três) vezes a necessária à pressurização das câmaras hiperbáricas[...]” (Brasil, 2022, p. 35). Todo mergulho deverá ser registrado. A destruição dos registros de intercomunicação só ocorrerá após 48 horas do término da operação e caso não tenha dito um acidente. O Anexo “A” desse item fala sobre os requisitos para a seleção dos candidatos à atividade de mergulho; no Anexo “B”, estão descritos os critérios psicofísicos dos mergulhadores; no Anexo “C”, temos as tabelas de descompressão em relação ao tempo de fundo ou profundidade. 5.3 Medidas de prevenção Para prevenir os danos à saúde das pressões anormais, é importante tomar as seguintes medidas: 54 • Elevação gradual: ao subir para altitudes elevadas, é importante realização essa ação gradualmente, para permitir que o corpo se acostume à menor pressão atmosférica. • Uso de oxigênio suplementar: em altitudes elevadas, o uso de oxigênio suplementar pode ajudar a melhorar a oxigenação. • Evitar esforço físico: em altitudes elevadas, é importante evitar esforço físico excessivo, pois isso pode aumentar a necessidade de oxigênio. • Treinamento adequado: os trabalhadores devem ser treinados sobre os riscos e as medidas de prevenção das pressões anormais. • Uso de equipamentos de proteção individual (EPI): os trabalhadores devem usar EPIs adequados para proteger-se dos riscos associados às pressões anormais. • Monitoramento da saúde dos trabalhadores: os trabalhadores devem ser submetidos a exames médicos regulares para avaliar sua saúde e detectar possíveis efeitos da exposição às pressões anormais. Por fim, é importante ressaltar que o trabalho sob pressão anormal é uma atividade que deve ser realizada por profissionais qualificados, com treinamento adequado, equipados e com supervisão especializada. Ao seguir as medidas de segurança estabelecidas no Anexo 6, as empresas podem ajudar a garantir a segurança dos trabalhadores que realizam esse tipo de atividade. Referências BRASIL. NR 15 – Atividades e operações insalubres. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/ pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/ 55 comissao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamentadoras/nr- 15-atualizada-2022.pdf. Acesso em: 30 ago. 2023. SIMÃO, T. L.; FORMIGHIERI, J. R. Higiene do Trabalho. Indaial: Uniasselvi, 2015. VIDEOAULA 10 – RISCOS FÍSICOS CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS. [S. l.]: [s. n.], 2014. 1 vídeo (1h55min8s). Publicado por Mario Paulo Perito. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=t6k3WD6Eie4&t=2015s. Acesso em: 24 set. 2023. 56 Ruído: conceitos, avaliação e danos à saúde do trabalhador Autoria: Tatiane Caroline Ferrari Leitura crítica: Natalia Violim Fabri Objetivos • Apresentar os principais conceitos relacionados ao ruído no ambiente ocupacional. • Descrever a metodologia de medição de ruído nos ambientes de trabalho. • Estabelecer os danos causados pela exposição ocupacional ao ruído. 57 1. Ruído: conceitos e definições O ruído é um dos riscos à saúde mais difundidos entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho. Isso porque a indústria, os escritórios, os locais de entretenimento, o trânsito e os veículos de transporte de todos os tipos podem ser barulhentos, ou seja, poucos locais de trabalho escapam completamente da intrusão de ruídos perturbadores ou que constituem um perigo para a audição e a saúde. A mecanização e os estilos de vida modernos não aliviaram o problema; na verdade, ocorreu o oposto, com exposições generalizadas e sustentadas ao ruído num mundo cada vez mais ruidoso. A exposição ocupacional ao ruído, as suas consequências fisiológicas e psicológicas e os métodos de controle são áreas de estudo muito amplas. Esses métodos são baseados nos tipos de ruído que podem ser encontrados no ambiente ocupacional. Podemos classificar ruído como contínuo, variável, intermitente ou impulsivo, dependendo da forma como ele se altera ao longo do tempo (Fundacentro, 2001). Abordaremos os tipos de ruído a seguir. 1.1 Ruído contínuo ou intermitente Ruído é classificado como contínuo quando permanece praticamente constante e estável durante um determinado período – a pressão sonora pode apresentar uma variação de, no máximo, 3 dB durante um período de observação maior que 15 minutos. Normalmente, é definido como ruído de banda larga de nível e espectro aproximadamente constante ao qual um funcionário é exposto por um período de oito horas por dia ou 40 horas por semana. O ruído das caldeiras de uma casa de força é relativamente constante e pode, portanto, ser classificado como contínuo (Tillman, 2007; Fundacentro, 2001). 58 A maior parte do ruído de fabricação é variável ou intermitente. Diferentes operações ou diferentes fontes de ruído causam alterações no som ao longo do tempo. O ruído é definido como intermitente a partir da combinação de momentos calmos e barulhentos. Neste caso, o nível de pressão sonora apresentará uma variação superior ou igual a 3 dB em períodos de observação inferiores que 15 minutos e maiores que 0,2 segundos. De acordo com a Norma de Higiene Ocupacional 01 (Fundacentro, 2001), o critério adotado como referência para os limites de exposição diária para ruídos classificados como contínuos ou intermitentes é equivalente a uma dose de 100% para a exposição de 8 horas ao nível de 85 dB(A). 1.2 Ruído de impacto Ruído de impulso ou impacto é uma explosão muito curta de ruído alto com duração curta (menos de um segundo). É facilmente encontrado em alguns segmentos, como empresas de demolições, equipamentos de construção e pedreiras, nas operações de implosões, detonações e outros barulhos de duração curta. Outro exemplo são os disparos de arma de fogo, que também são considerados ruídos de impacto. 1.3 Fundamentos básicos de acústica Para entendermos melhor como o ruído funciona, é importante destacarmos alguns fundamentos básicos da acústica. O som pode ser definido como ondas mecânicas que sensibilizam nossa audição – chamadas de ondas sonoras, que são ondas longitudinais que se propagam no ar e em outros meios. Uma onda sonora pode, em razão de sua natureza, experimentar os fenômenos de reflexão, refração, difração ou interferência. 59 Na reflexão, o som encontra uma barreira e retorna para o meio de origem. Por exemplo, uma pessoa (denominada aqui de receptor) pode receber dois sons – um que chega direto de uma fonte sonora, e outro que chega após esse som ter refletido em um obstáculo qualquer. A reflexão das ondas sonoras nas superfícies pode levar a um de dois fenômenos: um eco ou uma reverberação. Na situação em que uma pessoa ainda está escutando o tempo de remanescência do primeiro som quando recebe o segundo, percebe-se uma superposição de ambos. O resultado,