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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS III Thaís Ventura Chibiaqui Flambagem II Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir flambagem inelástica e a aplicabilidade da equação de Euler nos projetos de colunas. � Projetar colunas submetidas a carregamentos centrados. � Projetar colunas submetidas a carregamentos excêntricos. Introdução Colunas são elementos estruturais verticais utilizados em construções durante boa parte da história. Elas têm como função receber cargas provenientes dos elementos situados acima delas para transmitir aos elementos situados abaixo. Em outras palavras, colunas são barras longas, retas, prismáticas e verticais suportando cargas axiais de compressão. Devido às cargas a que estão sujeitas, as colunas podem sofrer o processo de flambagem, ou seja, elas podem sofrer uma alteração em sua configuração, proveniente de uma deflexão lateral. Isso acarreta sérios problemas, pois leva a uma falha abrupta da estrutura. Neste capítulo, você aprenderá a projetar uma coluna que seja capaz de suportar as cargas a que está submetida, sejam centradas ou excêntri- cas, sem flambar, de modo a garantir a estabilidade. Para isso, você verá como adaptar a fórmula de Euler para flambagem inelástica, que é o tipo de flambagem que ocorre em colunas de altura intermediária, que são praticamente a totalidade dos casos existentes. 1 Flambagem inelástica e fórmula de Euler para projetos de colunas A resistência de uma coluna em compressão está associada a seu índice de esbeltez (relação comprimento e raio: L/r). Se esse índice é grande, a coluna é esbelta e poderá falhar por flambagem, mesmo se as tensões não forem tão altas. Ao contrário, a coluna é compacta e resiste a maiores tensões até o ponto em que essas forem tão altas que a coluna falhe por esmagamento ou escoamento do próprio material. A capacidade das colunas também depende dos tipos de vínculos em suas extremidades, por exemplo, Leet, Uang e Gilbert (2010, p. 11) citam que “[...] uma coluna esbelta em balanço — engastada em uma extremidade e livre na outra — suportará uma carga equivalente a um quarto daquela suportada por uma coluna idêntica com as duas extremidades articuladas”. As colunas podem ser divididas segundo o tipo de tensão desenvolvida em seu interior na hora da falha em (HIBBELER, 2010): � colunas compridas e esbeltas — a instabilidade ocorre quando a tensão de compressão na falha alcança valores menores do que o limite de proporcionalidade do material (instabilidade elástica); � colunas intermediárias — a instabilidade acontece quando a tensão de compressão na falha alcança valores mais altos do que o limite de proporcionalidade do material (instabilidade inelástica); � colunas curtas (postes) — nesse caso, não há instabilidade, mas sim o escoamento ou a ruptura do próprio material. A utilização da expressão de Euler é recomendada apenas para colunas compridas, uma vez que considera que a tensão de compressão na falha não exceda o limite de proporcionalidade do material, sendo que para o aço a tensão de escoamento é igual a 250 MPa e para o alumínio é de 190 MPa, por exemplo. Flambagem II2 No entanto, na prática, boa parte das colunas são intermediárias e sofrem flambagem inelástica, e, portanto, o comportamento das colunas nesse tipo de flambagem difere do comportamento das colunas na flambagem elástica. Nesse caso, é preciso adaptar a fórmula de Euler, a seguir, para que ela possa ser aplicada para essa situação (RILEY; STURGES; MORRIS, 2003). Onde Pcr é o valor crítico da força P, a qual se a coluna for submetida a forças maiores que esse valor ela ficará instável, σcr é o valor crítico da tensão σ assumindo que σ = P/A, E é o modulo de elasticidade do material da coluna, I é o menor momento de inércia da área da seção transversal da coluna, A é a área da seção transversal da coluna, L é o comprimento da coluna e r é o menor raio de giração da coluna determinado por , considerando uma coluna reta e longa rotulada nas duas extremidades (RILEY; STURGES; MORRIS, 2003). Cabe ressaltar que a fórmula de Euler foi originada a partir do estudo de colunas rotuladas em suas extremidades e com cargas centradas. Destarte, se a coluna não for biapoiada, devemos entrar no lugar do índice de esbeltez (L/r) com o índice de esbeltez efetivo (L'/r) (Figura 1) e, caso a coluna esteja com cargas excêntricas, devemos considerar a fórmula da secante, a qual veremos com mais calma na seção de projeto de colunas submetidas a cargas excêntricas (HIBBELER, 2010). No link a seguir, você pode assistir a um vídeo para compreender melhor o conceito de comprimento equivalente. https://qrgo.page.link/qm5qd 3Flambagem II Figura 1. Índice de esbeltez efetivo. Fonte: Adaptada de Hibbeler (2010). P PP L L L Le = 2L Le = 0,5 L Le = 0,7 LL = Le P Extremidades presas por pinos K = 1 (a) Uma extremidade engastada e a outra livre K = 2 (b) Extremidades engastadas K = 0,5 (c) Extremidades engastadas e presas por pinos K = 0,7 (d) Não iremos nos aprofundar na teoria da fórmula de Euler, pois queremos apenas ver as considerações que levaram a seu atual formato, de modo que possamos fazer alterações para utilizá-la para flambagens inelásticas. No link a seguir, você poderá aprofundar os seus conhecimentos sobre a teoria da fórmula de Euler. https://qrgo.page.link/XaS84 Flambagem II4 Para podermos adaptar essa fórmula para colunas intermediárias, estuda- remos o comportamento da flambagem para esse caso. Imagine que o material possua o diagrama tensão-deformação da Figura 2a. Nesse cenário, σlp é o limite de proporcionalidade e E é o módulo de elasticidade (HIBBELER, 2010). Figura 2. Hipérbole de Euler. Fonte: Adaptada de Hibbeler (2010). Є ∆Є A E B D σ σD σlp Et D σcr lp KL r σcr = π2Er (KL/r)2 σcr = π2E (KL/r)2 KL r l KL r lp Inelástica Elástica Coluna de comprimento curto e intermediário Colunas longas (a) (b) Consideremos, ainda, que a hipérbole de Euler pode ser representada pela Figura 2b, sendo verdadeira para uma coluna que possua um índice de esbeltez tão baixo quanto (KL/r)lp, uma vez que, dessa maneira, a tensão axial na coluna será σcr = σlp. De forma análoga, pela figura podemos perceber que caso a coluna tenha um índice de esbeltez mais baixo do que (KL/r)lp, a tensão crítica na coluna será maior do que σlp (HIBBELER, 2010). Agora, imagine que uma coluna possua um índice de esbeltez (KL/r)1 < (KL/r)lp com tensão crítica que gera instabilidade igual a σD > σlp, como mostra a Figura 2b. No momento em que a coluna está prestes a sofrer flambagem, a alteração na deformação que acontece nela está dentro de uma pequena faixa Δϵ, e, devido a isso, o módulo de elasticidade ou a rigidez do material 5Flambagem II pode ser adotado como o módulo tangente, Et, definido como a inclinação do diagrama σ ~ ϵ no ponto D. Logo, podemos concluir que na hora da falha, a coluna tem desempenho similar a uma coluna confeccionada com um material de rigidez menor que a rigidez de uma coluna que comporta-se elasticamente, Et < E (HIBBELER, 2010). Por conseguinte, é comum, conforme o índice de esbeltez reduz, a tensão crítica de uma coluna continuar a progredir; e, pelo diagrama σ – ϵ, o módulo tangente para o material também reduz. Focando nisso, Engesser alterou a equação de Euler para incluir esses casos de flambagem inelástica colocando o módulo tangente do material Et no lugar de E, resultando em (HIBBELER, 2010): Além da fórmula de Engesser, existem outros métodos para representar a flambagem inelástica de colunas, como a teoria de Shanley. No entanto, apesar de estes conse- guirem explicar melhor o fenômeno, eles são mais complexos de aplicar do que a fórmula de Engesser e produzem resultados similares. Para saber mais, leia a tese de doutorado de Geraldo Donizetti de Paula, intitulada Estudo teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfaseem perfis soldados, publicada por USP (2002). Uma haste maciça com 30 mm de diâmetro e 600 mm de comprimento é feita de um material que pode ser modelado pelo diagrama tensão-deformação, mostrado na figura a seguir. Se for usada como uma coluna apoiada por pinos, determine a carga crítica. Flambagem II6 270 0,001 0,002 э σ (MPa) σlp = 150 Fonte: Adaptada de Hibbeler (2010). O raio de giração é: E, portanto, o índice de esbeltez é: A aplicação da Equação de Engesser produz: Em primeiro lugar, consideraremos que a tensão crítica é elástica. Pela figura acima: 7Flambagem II Assim, a equação de Engesser torna-se: Visto que σcr > σlp = 150 MPa, ocorre flambagem inelástica. Pelo segundo segmento da reta do diagrama temos: A aplicação da Equação de Engesser produz: Como esse valor encontra-se entre os limites de 150 MPa e 270 MPa, ele é, na verdade, a tensão crítica. Portanto, a carga crítica na haste é: Por fim, vale destacar que essa fórmula, para simplificar, considera como hipótese uma coluna perfeitamente reta e carregada ao longo de seu eixo centroide, o que na prática nem sempre acontece. Por isso, geralmente são utilizadas expressões empíricas quando realizando o projeto de colunas sub- metido a carregamento centrado e excêntrico. 2 Projeto de colunas submetidas a carregamento centrado Ensaios numerosos foram realizados em colunas de aço, nas quais eram apli- cadas forças centradas e gradualmente aumentava-se a intensidade dessa força até que ocorresse a ruptura das colunas. Os resultados desses ensaios são apresentados na Figura 3. Percebe-se, pela figura, que nos ensaios podem ser visualizados os diferentes tipos de ruptura para cada tipo de coluna, bem como pode-se concluir que (BEER et al., 2015): Flambagem II8 � para colunas longas, em que Lfl/r é grande, a falha é prevista com boa aproximação pela fórmula de Euler, e observa-se que o valor σcr depende do módulo de elasticidade E do aço utilizado, e não de sua tensão de escoamento σE; � para colunas muito curtas e blocos de compressão, a falha ocorre es- sencialmente como resultado do escoamento, e temos σcr ≈ σE; � para colunas de comprimento intermediário, a falha depende tanto de σE quanto de E. Nessa região a falha da coluna é um fenômeno extrema- mente complexo, e foram usados extensivamente dados de ensaio para orientar o desenvolvimento de especificações e fórmulas de projeto. Figura 3. Resultados dos ensaios de ruptura em colunas de aço. Fonte: Beer et al. (2015, p. 690). Desse modo, podemos fazer uso das fórmulas criadas para aproximar os dados de ensaio (Figura 4) e calcular a tensão crítica para a coluna analisada (BEER et al., 2015). 9Flambagem II Figura 4. Fórmulas empíricas para projeto de colunas. Fonte: Beer et al. (2015, p. 691). Há muitas fórmulas empíricas criadas até o momento. A Figura 4 apenas mostra algumas das mais clássicas. Veja que, independente do gráfico usado, conforme for o índice de esbeltez da coluna, escolheremos uma fórmula diferente para calcular a tensão crítica. Além disso, devemos verificar se a fórmula já nos fornece uma tensão admissível, ou seja, se está sendo conside- rado um fator de segurança em cima do valor da tensão crítica ou se fornece diretamente a tensão crítica. Método da tensão admissível Para realizar o dimensionamento de uma coluna devemos sempre considerar a tensão admissível, isto é, a tensão crítica estimada deve ser minorada por um coeficiente de segurança de modo que encontremos uma configuração de coluna que tenha resistência a essa tensão, garantindo, assim, que a coluna não flambe e não gere problemas de ordem estrutural. Riley, Sturges e Morris (2003) trazem um quadro resumo (Quadro 1) com fórmulas de tensão admissível para diversos tipos de materiais de colunas (aço, alumínio e madeira). Cabe ressaltar que essas mesmas expressões são citadas por Beer et al. (2015). Flambagem II10 N º Fo nt e M at er ia l Fó rm ul as e li m it aç õe s pa ra a re gi ão d os b lo co s so b co m pr es sã o e pa ra a re gi ão d as c ol un as in te rm ed iá ri as (L /r é o ín di ce e fe ti vo L' /r ) Re gi ão d as c ol un as e sb el ta s 1 A Aç o Es tr ut ur al co m lim ite d e es co am en to σ y 2 B Li ga d e al um ín io 20 14 T 6 (A lc la d) Q ua dr o 1. C ód ig os re pr es en ta tiv os d e co lu na s c om c ar re ga m en to c en tr ad o (C on tin ua ) 11Flambagem II N º Fo nt e M at er ia l Fó rm ul as e li m it aç õe s pa ra a re gi ão d os b lo co s so b co m pr es sã o e pa ra a re gi ão d as c ol un as in te rm ed iá ri as (L /r é o ín di ce e fe ti vo L' /r ) Re gi ão d as c ol un as e sb el ta s 3 B Li ga d e al um ín io 60 61 T 6 Q ua dr o 1. C ód ig os re pr es en ta tiv os d e co lu na s c om c ar re ga m en to c en tr ad o (C on tin ua ) (C on tin ua çã o) Flambagem II12 Fo nt e: A da pt ad o de R ile y, St ur ge s e M or ris (2 00 3) . N º Fo nt e M at er ia l Fó rm ul as e li m it aç õe s pa ra a re gi ão d os b lo co s so b co m pr es sã o e pa ra a re gi ão d as c ol un as in te rm ed iá ri as (L /r é o ín di ce e fe ti vo L' /r ) Re gi ão d as c ol un as e sb el ta s 4 C Pe ça d e m ad ei ra tr an sv er sa l re ta ng ul ar b× d, o nd e d < b A: M an ua l o f S te el C on st ru ct io n, 9 th e d. , A m er ic an In st itu te o f S te el C on st ru ct io n, N ew Y or k, 1 95 9. B: S pe ci fic at io ns fo r A lu m in um S tr uc tu re s, A lu m in um A ss oc ia tio n In c. , W as hi ng to n, D C, 1 98 6. C: T im be r C on st ru ct io n M an ua l, 3rd e d. , A m er ic an In st itu te o f T im be r C on st ru ct io n, Jo hn W ile y & So ns , N ew Y or k, 1 98 5. *F e: é a te ns ão a dm iss ív el p ar a um b lo co c ur to s ub m et id o à co m pr es sã o pa ra le la à s f ib ra s. Q ua dr o 1. C ód ig os re pr es en ta tiv os d e co lu na s c om c ar re ga m en to c en tr ad o (C on tin ua çã o) 13Flambagem II Dois perfis C10 × 25 de aço estrutural estão unidos, alma a alma, à distância de 5 in entre elas, como mostram as imagens a seguir, para serem empregados como uma coluna. Determine a carga axial máxima admissível para os comprimentos efetivos de 25 ft e 40 ft. Use o Código 1 para o aço estrutural. As barras de contraventamento fazem com que os per�s trabalhem como um único elemento estrutural. Alma do per�l C y x 5,00 in (a) (b) (c) X X XC Y Y Fonte: Adaptada de Riley, Sturges e Morris (2003). Deve-se conhecer os momentos de inércia em ambos os eixos x e y (Ix e Iy), que se relaciona ao quão fácil ou difícil é para girar um corpo ou alterar sua rotação, ou o raio de giração em ambos os eixos x e y (rx e ry), que é a raiz quadrada da relação entre o momento de inércia e a área da superfície, para que seja determinado o raio de giração mínimo. Essas propriedades do perfil C10 × 25 são dadas no Apêndice B de Riley, Sturges e Morris (2003), onde rc, que é o menor raio de giração desse perfil, é igual a 0,676, e xc, que é a distância horizontal do início da alma do perfil C ao eixo do perfil (figura c), é 0,617. O valor de Iy para os dois perfis é obtido utilizando-se o teorema dos eixos paralelos, desta forma: Flambagem II14 A expressão anterior indica que o raio de giração para os dois perfis é o mesmo que o de um perfil, um fato obtido diretamente da definição de raio de giração. Assim sendo: Que é menor do que o valor da tabela 3,52 in para rx. Isso significa que a coluna tende a apresentar flambagem em relação ao eixoy, e os índices de esbeltez são: e Do Código 1: Os índices de esbeltez calculados indicam que a coluna de 25 ft está na região das colunas intermediárias, porque L/r < CC ou 94,0 < 126,1; daí, o fator (ou coeficiente) de segurança é: A tensão admissível é: Por isso, a carga em serviço para a coluna de 25 ft é: A coluna de 40 ft tem um índice de esbeltez de 150,5; portanto ela está na faixa das peças esbeltas, já que L/r > CC ou 150,5 > 126,1. Por isso: Em consequência, a carga em serviço para a coluna de 40 ft é 15Flambagem II Vimos como aplicar as expressões do método de tensão admissível para os diferentes tipos de materiais. A partir disso, Hibbeler (2010) propôs os seguintes passos para realizar um projeto de uma coluna com carga centrada: 1. calcular o índice de esbeltez da coluna para determinar qual das fór- mulas de tensão crítica e coeficiente de segurança ou, mesmo, tensão admissível aplicar; 2. com a tensão admissível média em mãos, a carga admissível da coluna pode ser obtida multiplicando esse valor pela área, uma vez que σ = P/A e, então, P = σ . A; 3. como escolhemos uma fórmula para projetar a coluna, ou seja, para obter a área de sua seção transversal para um comprimento e carga específicos, será necessário prosseguir com a técnica de tentativa e erro: ■ para isso, podemos considerar que a área da seção transversal é A e calcular a tensão correspondente σ' = P/A e a tensão admissível utilizando A' em uma fórmula de projeto adequada; ■ então, deve ser calculada a área exigida da coluna Areq = P/ σadm, sendo que se A' > Areq o projeto é seguro, caso contrário, deve ser feito um novo projeto para a coluna. Vimos como projetar colunas submetidas a carregamento centrado. No entanto, algumas adaptações devem ser feitas nessa teoria caso estejamos analisando colunas submetidas a carregamento excêntrico. 3 Projeto de colunas submetida a carregamento excêntrico Uma coluna pode não estar submetida a uma carga aplicada no centro de sua seção transversal, mas a uma carga aplicada com uma excentricidade do seu eixo central. Nesse caso, podemos substituir a carga excêntrica por uma carga centrada e por um conjugado M de momento M = Pe. Caso a seção transversal analisada não esteja muito próxima de uma das extremidades da coluna e as tensões encontradas não sejam maiores que o limite de proporcionalidade do material, as tensões normais que agem em uma seção transversal da coluna Flambagem II16 são determinadas por superposição das tensões por causa da força centrada P e do conjugado M, ou seja, σ = σcentrada + σflexão (BEER et al., 2015). A Figura 5 apresenta considerações para um projeto de colunas submetida a carregamento excêntrico. Figura 5. Consideração para projeto de colunas submetida a carregamento excêntrico. Fonte: Beer et al. (2015, p. 707). 17Flambagem II Logo, a tensão máxima de compressão na coluna passa a ser σmáx = (P/A) + (Mc/I), onde c é a distância da fibra mais afastada ao ponto neutro da seção transversal, sendo que a tensão máxima deve ser menor ou igual à tensão admissível para ela. Podemos assumir como tensão admissível para o problema em questão a tensão admissível considerando a coluna apenas sob a carga centrada P. Uma coluna com seção transversal quadrada de 50 mm e 710 mm de comprimento de flambagem é feita de liga de alumínio 2014 T6. Usando o método da tensão admissível, determine a força P máxima que pode ser suportada com segurança considerando uma carga com excentricidade de 20 mm. Fonte: Beer et al. (2015, p. 708). Primeiramente, calculamos o raio de geração r usando os dados fornecidos: A = (50 mm)2 = 2500 mm2 Flambagem II18 Em seguida, calculamos L/r = (710 mm)/(14,43 mm) = 49,20. Como L/r < 55, usamos a fórmula do Código 2 para colunas intermediárias para determinar a tensão admissível para a coluna de alumínio sujeita a uma força centrada. Usamos agora a equação σmáx = (P/A) + (Mc/I) com M = Pe e c = 25 mm para determinar a carga admissível: A força máxima que pode ser aplicada com segurança é P = 98,5kN. Pode-se dizer que o método da tensão admissível é conservador e pode levar a superdimensionamentos das colunas. Outro método, menos conservador, para resolver problemas de projeto de colunas submetidas a cargas excêntricas é o método da interação. Para saber mais, leia a teoria e visualize exemplos de aplicação na obra Mecânica dos materiais, de Beer et al.. Acredita-se que com estas informações você consiga realizar o projeto de colunas feitas com os mais diversos tipos de materiais e submetidas a diferentes posicionamentos de cargas de modo a tirar do papel edificações, pontes, viadutos, torres de energia, entre uma infinidade de construções, feitas com segurança e contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do Brasil. 19Flambagem II BEER, F. P. et al. Estática e mecânica dos materiais. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. LEET, K. M.; UANG, C.-M.; GILBERT, A. M. Fundamentos da análise estrutural. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2010. RILEY, W. F.; STURGES, L. D.; MORRIS, D. H. Mecânica dos materiais. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. Leituras recomendadas HEGOUET, L. Flambagem em coluna ideal. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo (17 min). Publi- cado pelo canal Banca Virtual BV, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=GbPW3LozOgs. Acesso em: 22 jan. 2020. PAULA, G. D. Estudo teórico-experimental de elementos comprimidos de aço: ênfase em perfis soldados. 2002. 251 p. Tese (Doutorado em Engenharia de Estruturas) — Pro- grama de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2002. Disponível em: http://www.set.eesc.usp.br/static/media/ producao/2002DO_GeraldoDonizettiPaula.pdf. Acesso em: 22 jan. 2020. RODRIGUES, F. G. Comprimento equivalente pilares. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal O Canal da Engenharia. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=HF3W2T2eM28. Acesso em: 22 jan. 2020. Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Flambagem II20