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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERAMGEM ENFERMAGEM CLÍNICA Projeto: Posso te Ajudar a Clinicar? “O que seria do mundo se não tivéssemos sinergia entre o remédio e o cuidar. Remédios curam o fisiológico, o cuidado de enfermagem o transforma” Prof. Dr. Marcos André de Matos ROTEIRO INSTRUCIONAL PARA ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DE UM ESTUDO DE CASO CLÍNICO Os avanços tecnológicos e científicos têm reverberado na área da saúde, particularmente na ciência enfermagem, exigindo investimentos em metodologias de ensino aprendizagem que estimule o raciocínio crítico e julgamento clínico em enfermagem 1,2. Embora existam inúmeras ferramentas e estratégias de ensino, o estudo baseado em casos clínicos, ainda que seja um dos mais antigos métodos de ensino, representa uma das metodologias mais atuais e assertivas, em especial em países nos quais a simulação realística ainda é algo distante da realidade 3,4. O uso de casos clínicos proporciona ao educando a articulação entre seus saberes intuitivos e analíticos da prática e teoria de forma a potencializar seus conhecimentos, habilidades e atitudes para a implementação do seu plano de cuidados de enfermagem 5,6. Há registros que Florence Nightingale já utilizava de casos clínicos para que os estudantes anotassem e discutissem as melhores estratégias para solucionar ou reverter os problemas identificados nas visitas aos pacientes. Ademais, o estudo de caso emergiu com o método de Sistematizar a Assistência de Enfermagem (SAE), presumivelmente sendo o início do Processo de Enfermagem (PE) 7. Na Universidade de Yale-EUA, em 1029, documentou-se o princípio do método de estudo de caso na enfermagem, e somente em 1934 que foi utilizado no Brasil 8. Nesse período, houve a preocupação em seguir um modelo médico, sistematizado com a história, sintomatologia subjetiva e objetiva, exames, diagnóstico social e médico, tratamentos médico e de enfermagem, complicações e alta 7. Posteriormente, com o constructo da enfermagem, o estudo de caso atendeu as especificidades da profissão, sendo denominados de estudos de casos formais e os estudos de casos informais. O primeiro, também denominado método de pesquisa estruturado, têm sido utilizado por pesquisadores para contribuir com o conhecimento dos fenômenos individuais ou coletivos da enfermagem, segundo os conceitos de Robert K.Yin e Robert R.E. 8. Já os estudos de casos informais são extremamente úteis no ensino, pois favorece a aprendizagem de enfermagem nos campos de prática clínica. Assim, tem por objetivo identificar os fenômenos de enfermagem do paciente, família e comunidade, proporcionando subsídios para que o educando consiga identificar e discutir os indicadores de enfermagem, os diagnósticos de enfermagem, e posteriormente seu plano terapêutico com suas avaliações 8. Apesar da sua grande magnitude no processo de ensino aprendizagem, ainda há várias discussões e investigações em curso para definir as etapas operacionais de maior relevância para que, de fato, consiga contribuir para o conhecimento teórico-prático referente aos inúmeros aspectos do cuidado, estimulando a autonomia do aluno na tomada de decisões, na solução de problemas, na manutenção da saúde e promoção, e no conhecimento referente à metodologia científica. O presente material de apoio não possui a pretensão de apresentar diretrizes aos discentes, mas sim contribuir para que o estudo de caso apresentado na disciplina enfermagem clínica contribuia para o aprimoramento do raciocínio crítico e julgamento clínico de enfermagem. Prof. Dr. Marcos André de Matos 1- Apresentação escrita – Organização do estudo de caso. - CAPA: Elemento crucial para a apresentação do material científico apresentado. Nela deve constar o nome da instituição de ensino, unidade acadêmica, o título, cidade e ano. Cabe destacar a importância de colocar as identidades das instituições. - Contracapa: Objetiva a identificação do material. É necessário contemplar o nome da instituição de ensino, unidade acadêmica, nome do discente, curso, local de realização da aula prática, nome do professor, período do estágio, cidade e ano. - Dedicatória e epígrafe: Opcional. - Lista de siglas: Orienta a leitura do material. Deve ser apresentada a tradução de siglas de outros idiomas. - Sumário: Registram-se os tópicos com as respectivas páginas que compõem o relatório para facilitar a leitura do estudo de caso. - Breve apresentação do local onde foi realizada a prática clínica: Contextualiza o leitor o campo de ensino. - Categorização dos dados: Objetiva apresentar os dados gerais do paciente, segundo as informações advindas da consulta com o próprio paciente, o cuidador, o prontuário, a papeleta, equipe multidisiplinar e a comunidade. Deve responder as questões: Quem é o paciente sob nossos cuidados? Como ele chegou à unidade de clínica médica? Por que ele está internado? Qual o histórico cronológico do problema de saúde do paciente? Qual o histórico familiar? Qual a conduta atual estabelecida? Qual o prognóstico do paciente e como ele está respondendo a terapêutica de enfermagem e da equipe multidisciplinar? - Genograma e Ecomapa: Contextualizar os possíveis fatores relacionados do paciente e a rede social como forma de subsidiar as intervenções de enfermagem. É necessário a legenda e utilizar a Teoria de Calgary. - Referencial teórico: Apresentar de forma sucinta, didática e com referencial teórico atualizado, sempre com o olhar do saber da enfermagem, a doença de base e comorbidades do paciente no formato que contribua para o planejamento dos cuidados de enfermagem, a saber: - Conceito; - Etiologia; - Fisiopatologia; - Manifestações clínicas; - Epidemiologia; - Tratamento medicamentoso e não medicamentoso; - Medidas de enfretamento. - Evoluções Diárias de Enfermagem: Transcrever as evoluções do paciente nos dias que esteve em aula prática para avaliar os resultados de enfermagem. - Tratamento medicamento: Apresentar sucintamente os medicamentos em uso pelo paciente, sempre relacionado com os Diagnósticos de Enfermagem e a clínica do paciente. - Plano de cuidados de Enfermagem: Esse tópico é imprescindível uma vez que representa a essência da nossa profissão. Para tanto deve ser apresentado da seguinte estrutura: - Diagnósticos de Enfermagem: Listar os principais DE com os fatores relacionados, características definidoras, fatores associados e populações de risco utilizando a taxonomia NANDA. - Diagnósticos de enfermagem prioritários: Apresentar os três Diagnósticos de enfermagem prioritários com explanação dos fenômenos e focos de enfermagem que ancoraram sua escolha. - Diagnóstico de enfermagem prioritário: Desenvolver um dos diagnósticos de enfermagem prioritário com definição, meta, objetivos, prescrições e aprazamentos utilizando a taxonomia NIC. - Avaliação das intervenções: Apresentar os resultados alcançados com as intervenções de enfermagem com o uso de escalas com os indicadores clínicos segundo a taxonomia (NOC). - Auto-avaliação: O discente deve atribuir um conceito para seu desempenho na aula prática, variando de 0 a 10. - Considerações Finais: Etapa importante para que haja melhora no ensino. O discente deve apresentar suas considerações acerca das aulas práticas, com sugestões, críticas construtivas, elogios, outros. É importante destacar os pontos fortes e fracos do professor e das estratégias de ensino aprendizagem utilizados. - Referências: Citar todas as referências utilizadas para a elaboração do estudo de caso. Lembre-se que o referencial teórico deve estar contido no corpo do texto e evitar ao máximo a literatura cinzenta. - Anexos e apêndices: Material utilizado no seu estudo de caso (fotos, escalas, material elaborado, outros). Importante lembrar que para o uso de imagensé necessário que o paciente assine o termo de uso de imagem. 2- Apresentação oral – Organização do estudo de caso. - Slide principal: Apresentação do material científico a ser apresentado. Nela deve constar o nome da instituição de ensino, unidade acadêmica, o título, nome dos discentes e dos professores, e cidade e ano. - Categorização dos dados: Apresentar de forma extremamente sucinta, e com os fenômenos de enfermagem prioritários. Objetiva apresentar os dados gerais do paciente, segundo as informações advindas da consulta com o próprio pacinte, o cuidador, o prontuário, a papeleta, equipe multidisiplinar e a comunidade. Deve responder as questões: Quem é o paciente sob nossos cuidados? Como ele chegou à unidade de clínica médica? Por quê ele está internado? Qual o histórico cronológico do problema de saúde do paciente? Qual o histórico familiar? Qual a conduta atual estabelecida? Como o prognóstico do paciente e como ele está respondendo a terapêutica de enfermagem e da equipe multidiscipliar? - Genograma e Ecomapa: Em forma de figura. É necessário a legenda e utilizar a Teoria de Calgary. - Referencial teórico: Apresentar de forma sucinta, didática e com referencial teórico atualizado, sempre com o olhar do saber da enfermagem, a doença de base e comorbidades do paciente no formato que contribua para o planejamento dos cuidados de enfermagem, a saber: - Conceito; - Etiologia; - Fisiopatologia; - Manifestações clínicas; - Epidemiologia; - Tratamento medicamentoso e não medicamentoso; - Medidas de enfretamento. - Tratamento medicamento: Apresentar sucintamente os medicamentos em uso pelo paciente, sempre relacionado com os Diagnósticos de Enfermagem e a clínica do paciente. - Plano de cuidados de Enfermagem: Esse tópico é imprescindível uma vez que representa a essência da nossa profissão. Para tanto deve ser apresentado da seguinte estrutura: - Diagnósticos de Enfermagem: Listas todos os DE com os fatores relacionados, características definidoras, fatores associados e populações de risco utilizando a taxonomia NANDA. - Diagnósticos de enfermagem prioritários: Apresentar os três Diagnósticos de enfermagem prioritários com explanação dos fenômenos e focos de enfermagem que ancoraram sua escolha. - Diagnóstico de enfermagem prioritário: Desenvolver um dos diagnósticos de enfermagem prioritário com definição, meta, objetivos, prescrições e aprazamentos utilizando a taxonomia NIC. - Avaliação das intervenções: Apresentar os resultados alcançados com as intervenções de enfermagem com o uso de escalas com os indicadores clínicos segundo a taxonomia (NOC). - Auto-avaliação: O educando deve atribuir um conceito para seu desempenho na aula prática. - Considerações Finais: Etapa importante para que haja melhora no ensino. (O discente deve apresentar suas considerações acerca das aulas práticas, com sugestões, críticas construtivas, elogios, outros). - Mensagem de reflexão: Opcional. - Referências: Citar todas as referências utilizadas para a elaboração do estudo de caso. Lembre-se que o referencial teórico deve estar contido no corpo do texto e não ter literatura cinzenta. - Anexos e apêndices: Material utilizado no seu estudo de caso (fotos, escalas, material elaborado, outros). Importante lembrar que para o uso de imagens é necessário que o paciente assine o termo de uso de imagem. DICAS PARA A APRESENTAÇÃO DA ORAL DO ESTUDO DE CASO. - Lembre-se de que você possui apenas 15 minutos para apresentação de todo o seu material; - Você poderá apresentar no máximo 10 slides. - A apresentação é avaliativa e o discente deve ter postura e ética na apresentação, sempre lembrando que é um método científico; - Sempre utilize uma linguagem formal e científica; - O discente deve se atentar para que todos os participantes consigam compreender o seu caso clínico; - A apresentação exige que todos os discentes apresentadores entendam o caso; - Esta apresentação não deve ser uma cópia do estudo de caso escrito; - Utilize os conteúdos do texto escrito como norteador da sua apresentação. - É importante priorizar uma apresentação evolutiva dos dados em detrimento a uma exposição fragmentada - Fique atento na escolha do que colocar na apresentação. Aponte apenas o essencial; - Faça a opção de dar ênfase às questões que realmente são importantes para a compreensão do caso clínico; - Priorize figuras, esquemas e quadros na sua apresentação; - Não perca tempo apresentando o cronograma da sua apresentação e dados que já constam no seu plano de cuidados. Tenha foco; - Não coloque textos extensos nos slides, pois isso favorece que o discente faça apenas a leitura dos mesmos; - Evite “achismos”. Coloque apenas as evidências científicas e os achados do paciente. - Confiar em você e continuamente peça o “feedback” da platéia e do professor, sempre no sentido de críticas construtivas, afinal o caso clínico é um momento de troca de saberes. Referências do Material Utilizado 1- ANDRÉ, Tatiane Geralda; RENOVATO, Rogério Dias. Caso clínico como estratégia de ensino aprendizagem na farmacologia: percepção dos graduandos em enfermagem. Revista Ciências & Ideias ISSN: 2176- 1477, v. 11, n. 3, p. 38-47, 2020. 2- GAUTÉRIO-ABREU, Daiane Porto et al. Contribuições do estudo de caso para o cuidado de enfermagem: um relato de experiência. Rev. enferm. UFPE on line, p. 1149-1154, 2016. 3- BOCCHI, Silvia Cristina Mangini; PESSUTO, Janete; DELL'AQUA, Magda Cristina Queiroz. Modelo operacional do estudo de caso como estratégia de ensino na disciplina de enfermagem médico-cirúrgica: avaliação dos alunos. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 4, p. 99-116, 1996. 4- DA SILVA, Rudval Souza et al. Elaboração de um instrumento para coleta de dados de paciente crítico: histórico de enfermagem [Preparation of a critical patient data collection instrument: nursing record]. Revista Enfermagem UERJ, v. 20, n. 2, p. 267-273, 2012. 5- GALDEANO, Luzia Elaine; ROSSI, Lídia Aparecida; ZAGO, Márcia Maria Fontão. Roteiro instrucional para a elaboração de um estudo de caso clínico. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 11, p. 371- 375, 2003. 6- SIMÕES JFLL. Metodologia de Estudo de Caso no Ensino Clínico de Enfermagem. Escola Superior de Saúde/ CINTESIS-UA, Universidade de Aveiro. 6 Edição. 7- HEIDGERKEN LE. Enseñanza de la Enfermeria. 2ª ed. México: Interamericana; 1963. 8- ANDRADE, Selma Regina de et al. O estudo de caso como método de pesquisa em enfermagem: uma revisão integrativa. Texto & Contexto- Enfermagem, v. 26, 2017. Goiânia, 11 de Abril de 2024