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Impactos da Ação Antrópica na Água

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1 Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.17, n.6, p. 01-16, 2024 
 
 jan. 2021 
Impactos da ação antrópica na qualidade das águas de surgências 
 
Impacts of anthropic action on water quality from spring water 
 
Efectos de la acción antrópica en la calidad del água de manantial 
 
DOI: 10.55905/revconv.17n.6-113 
 
Originals received: 05/10/2024 
Acceptance for publication: 05/31/2024 
 
José Antonio Rodrigues de Souza 
Doutor em Engenharia Agrícola 
Instituição: Universidade Federal de Viçosa (UFV) 
Endereço: Viçosa – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: jose.antonio@ifgoiano.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3024-9424 
 
Nelson Donizete Ferreira 
Mestre em Conservação dos Recursos Naturais do Cerrado 
Instituição: Instituto Federal Goiano Campus Urutaí (IFGOIANO) - campus Urutaí 
Endereço: Urutaí - Goiás, Brasil 
E-mail: nelson.ferreira@ifgoiano.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5123-9116 
 
Ellen Lemes Silva 
Mestra em Conservação dos Recursos Naturais do Cerrado 
Instituição: Instituto Federal Goiano Campus Urutaí (IFGOIANO) - campus Urutaí 
Endereço: Urutaí - Goiás, Brasil 
E-mail: ellen.1910s@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5649-5055 
 
Débora Astoni Moreira 
Doutora em Engenharia Agrícola 
Instituição: Universidade Federal de Viçosa (UFV) 
Endereço: Viçosa – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: debora.astoni@ifgoiano.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8658-1269 
 
Diego César Veloso Rezende 
Mestre em Conservação dos Recursos Naturais do Cerrado 
Instituição: Instituto Federal Goiano Campus Urutaí (IFGOIANO) - campus Urutaí 
Endereço: Urutaí - Goiás, Brasil 
E-mail: diegoformiga@yahoo.com.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-6176-0220 
 
 
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Sthefânia Dalva da Cunha Rezende 
Mestra em Ciência e Tecnologia de Alimentos 
Instituição: Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) 
Endereço: Uberaba – Minas Gerais, Brasil 
E-mail: d202211192@uftm.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1616-9743 
 
Edilene da Silva Pereira 
Mestra em Ciências Ambientais 
Instituição: Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Embrapa 
Endereço: Porto Velho – Rondônia, Brasil 
E-mail: edilene.pereira@ifro.edu.br 
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1616-9743 
 
Eliandra Rodio 
Mestra em Engenharia Agrícola 
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) 
Endereço: Cascavél – Paraná, Brasil 
E-mail: eliandrawagner@gmail.com 
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9373-7383 
 
RESUMO 
Devido a sensibilidade da água aos efeitos externos como precipitação, uso e manejo do solo, a 
qualidade da água deve ser monitorada. Estas informações são essenciais para decisões sobre seu 
uso múltiplo e integrado, além de contribuir para a mitigação de impactos ambientais. Dessa 
forma, com este estudo, objetivou avaliar qualidade da água de surgências (nascentes) perenes 
na microbacia do córrego Palmital, em Urutaí - GO. Nesses locais, foram coletadas amostras de 
água para caracterizações físicas, químicas e microbiológicas, determinando se o índice de 
qualidade de água (IQA) no período de estiagem e chuvoso de 2023. De acordo com os 
resultados, verificou-se que o ponto D (área próxima a lavoura e criação de gado extensivo) 
apresentou maiores valores para contagem de coliformes totais e termotolerantes, em ambos os 
períodos avaliados. Ainda, os valores de IQA variaram entre 59,61 a 72,70 no período de 
estiagem e, de 67,93 a 74,79 no período chuvoso, sendo classificados com IQA “Bom”. 
 
Palavras-chave: água, contaminação, índice de qualidade de água, nascentes. 
 
ABSTRACT 
Due to the sensitivity of water to external effects such as precipitation, use and soil management, 
water quality should be monitored. This information is essential for decisions about its multiple 
and integrated use, as well as contributing to the mitigation of environmental impacts. Thus, with 
this study, aimed to evaluate water quality of perennial surgencies (springs) in the microbasin of 
the Palmital stream, in Urutaí - GO. In these places, water samples were collected for physical, 
chemical and microbiological characterizations, determining whether the water quality index 
(WQI) in the dry and rainy period of 2023. According to the results, it was found that point D 
(area close to farming and extensive cattle breeding) presented higher values for counting of total 
coliforms and thermotolerant, in both periods evaluated. Still, the values of WQI ranged from 
 
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59.61 to 72.70 in the dry season and from 67.93 to 74.79 in the rainy season, being classified 
with WQI "Good". 
 
Keywords: water, contamination, water quality index, springs. 
 
RESUMEN 
Debido a la sensibilidad del agua a los efectos externos como la precipitación, el uso y el manejo 
del suelo, la calidad del agua debe ser monitoreada. Esta información es esencial para tomar 
decisiones sobre su uso múltiple e integrado, además de contribuir a la mitigación de impactos 
ambientales. De esa forma, con este estudio, objetivó evaluar calidad del agua de surgencias 
(manantiales) perennes en la microbacia del arroyo Palmital, en Urutaí - GO. En esos lugares, se 
recogieron muestras de agua para caracterizaciones físicas, químicas y microbiológicas, 
determinando si el índice de calidad de agua (ICA) en el período de sequía y lluvioso de 2023. 
De acuerdo con los resultados, se verificó que el punto D (área cercana a la labranza y cría de 
ganado extensivo) presentó mayores valores para recuento de coliformes totales y 
termotolerantes, en ambos períodos evaluados. Además, los valores de ICA variaron entre 59,61 
a 72,70 en el período de sequía y, de 67,93 a 74,79 en el período lluvioso, siendo clasificados 
con ICA "Bueno". 
 
Palabras clave: água, contaminación, índice de calidad del água, manantiales. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
As águas subterrâneas são importantes para saúde humana, desenvolvimento econômico 
e os serviços ecossistêmicos (Wang et al., 2018). Todavia, se mal manejadas, pode provocar a 
disseminação de doenças causadas por veiculação hídrica (Castro et al., 2019). Assim, torna-se 
crucial o monitoramento dos recursos hídricos por meio de análises físicas, químicas e 
microbiológicas, bem como utilizar essas informações como ferramentas de avaliação e gestão 
da qualidade da água de modo a mitigar os impactos decorrentes das atividades antrópicas 
(Santos et al., 2021). 
O índice de qualidade da água (IQA), foi inicialmente proposto por Horton em 1965, o 
IQA-NSF, desenvolvida na década de 1970 pela National Sanitation Foundation Institution, e 
posteriormente adaptada pela CETESB em 1975 para as condições das bacias de São Paulo 
(CETESB, 2008). O IQA é uma ferramenta desenvolvida para simplificar a divulgação e 
interpretação dos dados sobre qualidade da água, resumindo em um valor único a situação de um 
ponto específico de monitoramento (Von Sperling, 2018). O resultado deste índice é interpretado 
 
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de acordo com a faixa de qualidade de água de cada estado, variando de excelente a inadequada 
ao consumo humano (Seifi et al., 2020). 
A pesquisa visa analisar como as atividades humanas impactam a qualidade das águas 
emergentes (surgências) e sua adequação para consumo humano. Este estudo é importante diante 
dos crescentes desafios ambientais e da necessidade urgente de preservar recursos hídricos para 
as gerações futuras. Dessa forma, objetivou com este trabalho, avaliar a qualidade da água de 
surgências perenes na microbacia do córrego Palmital, em Urutaí - GO, considerando a influência 
das atividades antrópicas. Para verificarse as características físicas, químicas e biológicas da 
água estão de acordo com os padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 
foi realizado a comparação dos dados com os padrões de potabilidade (Portaria GM/MS n.º 
888/2021 do Ministério da Saúde (Brasil, 2021) e, para a qualidade das águas superficiais sob 
diferentes usos realizou a comparação dos resultados com a resolução CONAMA nº 357 de 2005 
(CONAMA, 2005). As comparações entre os pontos de coleta foram realizadas por meio do 
índice de qualidade de água. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
A qualidade da água, tanto superficial como subterrânea destinada ao consumo humano 
deve atender a padrões de qualidade e de potabilidade, garantindo que suas características físicas, 
químicas e biológicas estejam dentro dos padrões recomendados pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) (Rebouças et al., 2024). No Brasil, os padrões de potabilidade são definidos na 
Portaria GM/MS n.º 888/2021 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2021), enquanto a qualidade 
das águas superficiais para os diferentes usos é estabelecida pela resolução CONAMA nº 357 de 
2005 (CONAMA, 2005). 
O monitoramento qualitativo e quantitativo dos recursos hídricos é fundamental para 
avaliar a disponibilidade de água, fornecendo informações essenciais para decisões sobre seu uso 
múltiplo e integrado, além de contribuir para a mitigação de impactos ambientais (Moreira et. 
al., 2023). 
Para facilitar a divulgação e interpretação de dados sobre os parâmetros de qualidade das 
águas, tem-se adotado os índices de qualidade das águas que expressam, através de um valor 
 
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único, a qualidade das águas em um ponto de monitoramento específico, o qual aponta de forma 
classificatória a qualidade da água (Von Sperling, 2018). 
A partir da década de 1970, o IQA foi ajustado pela CETESB e passou a ser utilizado 
pela CETESB em São Paulo (ANA, 2017). Especificadamente na área de abastecimento de água 
para consumo humano, o IQA tem sido utilizado (Moreira et a., 2023), devido a capacidade em 
fornecer precisão e flexibilidade na quantidade e qualidade dos parâmetros analisados (Nayak et 
al., 2020). Assim, é possível transformar um conjunto de parâmetros analisados em um número 
representando o índice IQA e, posteriormente, classificar sua qualidade (Seifi et al., 2020). 
 
3 METODOLOGIA 
 
O estudo foi realizado em surgências da microbacia do córrego Palmital, localizada em 
Urutaí, Goiás. Essa área desempenha papel importante no fornecimento de água para o município 
de Urutaí, para o Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí e diversas propriedades rurais. O 
clima local, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cwa, caracterizado por ser úmido 
tropical, com invernos secos e verões chuvosos. As condições climáticas apresentam média anual 
de precipitação de 2000 mm e temperatura de 28 °C (Souza et al., 2023). 
Foram selecionadas quatro surgências perenes para se avaliar os impactos das atividades 
humanas na potabilidade da água (Figura 1), e suas descrições apresentadas no Quadro 1. 
 
Figura 1. Localização dos pontos de coleta monitorados na microbacia do córrego Palmital. 
 
Fonte: Adaptado do Google Earth. 
 
 
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Quadro 1. Descrição das características dos locais avaliados 
Ponto A - área de preservação com nascente protegida por cerca. Contém mata ciliar, 
sendo difícil o acesso. 
Ponto B - área de preservação com nascente protegida por cerca. Contém mata ciliar e 
há pequeno barramento onde ocorre captação de água. 
Ponto C - área de preservação com nascente protegida por cerca. Contém mata ciliar, 
localizada à margem rodovia GO 330 e recebe escoamento superficial. 
Ponto D - área de preservação com nascente protegida por cerca. Contém mata ciliar, 
estando próxima a lavoura e criação de gado extensivo. 
Fonte: Elaborado pelos autores 
 
Nesses locais, as características físicas, químicas e microbiológicas da água foram 
monitoradas no período de estiagem (agosto de 2023) e no período chuvoso (dezembro de 2023). 
Foram realizadas análises físicas, químicas e microbiológicas das amostras de água, 
determinando-se nitrato (SMEWW 4500 NO3 E - Cadm), fósforo (SMEWW 4500-P E - Ascorbic 
Acid Method), sólidos totais (ST) (SMEWW 2540 C - Total Dissolved Solids Driedat 180ºC), 
oxigênio dissolvido (OD) (SMEWW 4500-O C – Azide Modification), demanda bioquímica de 
oxigênio (DBO) (SMEWW 5210 B - 5 Days BOD Test), potencial hidrogeniônico (pH) 
(SMEWW 4500-H+ - Eletrometric Method), turbidez (SMEWW 2130 – Turbity) , condutividade 
elétrica (CE) (SMEWW 2510 - Laboratory Method), coliformes totais (Colif. Totais) e 
termotolerantes (Colif. Termo) (SMEWW 9223 A, B – Enzyme Substrate Coliform Test), 
segundo a metodologia descrita em APHA (2017). As determinações dos valores de temperatura 
e pH da água foram realizadas “in situ” e as demais características, no Laboratório de Pesquisas 
e Análises Químicas (LAPAQ) do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. 
Após a caracterização dos parâmetros, foi determinado o IQA pela Equação 1, segundo 
Cetesb (2018). 
 
IQA = ∏ 𝑞𝑖
𝑤𝑖𝑛
𝑖=1
 (1) 
 
Onde: 
 
IQA = Índice de Qualidade das Águas (varia de 0 a 100); 
qi = qualidade do parâmetro i-ésimo, obtido através da curva média de variação de qualidade de cada 
parâmetro, em função do valor obtido; 
wi = peso atribuído ao i-ésimo parâmetro em função da sua relevância; 
n = número de parâmetros (n = 9). 
 
 
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Para a discussão dos resultados, os parâmetros avaliados foram comparados com os 
padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 (CONAMA, 2005) para águas doces 
de classe II e complementados com a Portaria GM/MS n.º 888/2021, bem como pelos diferentes 
valores de IQA. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
A temperatura das amostras de água variou de 18,00º - 20,60ºC, para ambas as estações 
do ano (Figura 2). A baixa variação na temperatura evidencia que não ocorreu efeito da atividade 
antrópica nos locais amostrados. A variação na temperatura de um curso de água também pode 
ser influenciada pela diminuição do fluxo de água, captações, chuvas, descargas de poluentes e 
atividades agrícolas próximos aos cursos de água (Hamid et al., 2020). Em contraste, alterações 
de níveis de temperatura foram verificados, devido incremento da temperatura do ar ao longo das 
coletas, podendo estar relacionada a temperatura média anual do município, que varia entre 23ºC 
e 26°C, como reportado por Moreira et al. (2023). 
 
Figura 2. Temperatura e turbidez da água de surgências nos períodos avaliados. 
 
Fonte: Elaboradas pelos próprios autores 
 
A turbidez é um parâmetro altamente correlacionado à temporalidade (Cunha; Calijuri, 
2010). Os maiores valores de turbidez foram registrados durante o período chuvoso, como era 
esperado, pois em períodos chuvosos pode ocorrer carreamento de sedimentos por escoamento 
superficial (Figura 2). Este aumento durante o período chuvoso sugere possível efeito de 
carreamento de partículas ao longo do curso d’água (Pratte-Santos et al., 2023). 
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C h u v a E s t i a g e m C h u v a E s t i a g e m
T e mp e r a t u r a ( °C ) T u r b i d e z ( U N T )
A
B
C
D
 
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A Portaria GM/MS n.º 888/2021, estabeleceu valor máximo permitido para turbidez da 
água igual a 5 UNT como padrão de aceitação para consumo humano. Em contraste, para rios de 
Classe II é de até100 UNT, conforme Resolução 357/05 do CONAMA. Assim, cerca de 25% 
das amostras no período chuvoso e todas as amostras no período de estiagem apresentaram 
turbidez aceitável, conforme Portaria GM/MS n.º 888/2021. E, em relação a Resolução 357/05 
do CONAMA, todos os pontos avaliados apresentaram valores inferiores àqueles estabelecidos 
pela legislação. 
Os maiores resultados obtidos nos parâmetros sólidos totais e condutividade elétrica 
foram àqueles coletados no período de chuvas (Figura 3). Comparando-se os resultados com a 
Portaria GM/MS n.º 888/2021, o valor máximo permitido para os sólidos dissolvidos totais é de 
500 mg L-1, enquanto a Resolução CONAMA 357/2005 não define limite para esse parâmetro. 
Assim, os resultados obtidos estão de acordo com os padrões estabelecidos. 
 
Figura 3. Sólidos totais e condutividade elétrica da água de surgências nos períodos de chuva e estiagem. 
 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
Não há valores de referência para condutividade elétrica na Resolução CONAMA 
357/2005, entretanto, valores entre 10 e 100 mS cm-1, para águas naturais, foram descritos por 
Von Sperling (2018) como águas não poluídas. Considerando esta informação, verifica-se que 
todas as surgências monitoradas não estavam poluídas. 
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C h u v a E s t i a g e m C h u v a E s t i a g e m
S ó l i d o s t o t a i s ( mg L - ¹ ) C o n d u t i v i d a d e e l é t r i c a ( µ S c m - 1 )
 
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De modo geral, observa-se que os valores obtidos nos períodos de chuvas foram 
superiores àqueles obtidos no período de estiagem para os parâmetros nitrogênio e fosforo 
(Tabela 1). Todos os pontos de coleta estão de acordo com a legislação, tanto para o parâmetro 
nitrogênio, quanto para fosfato. 
 
Tabela 1. Teores de nitrogênio, nitrato e fosfato da água de surgências monitoradas na microbacia do córrego 
Palmital. 
Pontos 
N (mgN L-¹) N-NO3
- (mg L-¹) PO4
3- (mg L-¹) 
Estiagem Chuva Estiagem Chuva Estiagem Chuva 
A nd 0,56 nd 2,49 0,005 0,01 
B nd nd nd 0,0 0,002 0,032 
C nd 0,53 nd 2,36 0,007 0,007 
D nd 1,48 nd 6,56 0,001 0,012 
PO4
3- = fosfato total; N-NO3
- = nitrogênio na forma nítrica; N= nitrogênio total; nd = não detectado. 
Fonte: Elaborado pelos autores 
 
O valor máximo permitido pela Portaria GM/MS n.º 888/2021 e CONAMA 357 para o 
teor de nitrogênio é de 10 mg N-NO3
- L-1 na água potável. Para o parâmetro fosfato, a Resolução 
CONAMA 357/05 determinou os limites para ambientes lênticos com valor máximo de 
0,030 mg L-1. O nitrato é um elemento com alta solubilidade e pode ser facilmente lixiviado no 
solo (Lone et al., 2021). Em contraste, o fosfato possui baixa solubilidade e pode se originar da 
dissolução de rochas, chegando às águas por meio de despejos e fertilizantes agrícolas (Dohare 
et al., 2014; Lone et al., 2021). 
Os resultados dos parâmetros pH e OD foram superiores no período de chuva em 
comparação ao período de estiagem. Já para DBO, os maiores valores foram obtidos no período 
de estiagem (Figura 4). A faixa de pH nos períodos de chuva e estiagem variaram de 5,84 a 6,53 
(Figura 4A), estando em concordância com o padrão de qualidade de águas superficiais da 
Resolução CONAMA nº 357/2005, para rios de Classe II (6 a 9,5) e, de potabilidade, conforme 
Portaria GM/MS n.º 888/2021. 
 
 
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Figura 4. Valores de potencial hidrogeniônico pH (4A), demanda bioquímica de oxigênio DBO (4B) e oxigênio 
dissolvido OD (4C) na água de surgências durante os períodos de chuva e estiagem. 
 
Fonte: Elaborado pelos autores 
 
O baixo teor de OD na água pode ser interpretado como indicador de poluição no curso 
de água (Moreira et al., 2023), sendo o valor mínimo de OD estabelecido pela Resolução 
CONAMA 357/05 é de 5,0 mg L-1. Assim, as amostras de surgências analisadas tiveram 
moderada taxa de OD (Figura 4C), variando nos períodos de chuva (5,0 a 6,5 mgL-1) e de 
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estiagem (4,9 a 5,5 mgL-1). Observa-se que os pontos A e B (Figura 4C), no período de estiagem, 
apresentaram teores de OD inferiores àqueles considerado necessário para manutenção da vida 
aquática plena. 
Em relação a DBO (Figura 4B), todos os pontos avaliados no período chuvoso tiveram 
valor de DBO inferior ao preconizado pela Resolução 357/05 do CONAMA (limite máximo para 
rios de Classe II de 5 mg L-1) e, na estiagem, apenas o ponto C apresentou valor inferior ao limite 
máximo. Esses resultados podem estar relacionados ao aumento da atividade biológica e 
decomposição da matéria orgânica (Lone et al., 2021; Matos et al., 2023). 
Na Tabela 2, estão os resultados das análises microbiológicas da água nos pontos 
monitorados. Verifica-se que todos os pontos analisados durante o período chuvoso e, 50% dos 
pontos avaliados no período de estiagem, apresentaram coliformes totais acima dos limites 
estabelecidos. Já, em relação aos coliformes termotolerantes, observa-se que todos os pontos 
avaliados apresentaram contagem de coliformes inferiores ao limite estabelecidos pela 
CONAMA 357/2005, que não deveria ser excedido ao limite de 1.000 NMP/100 mL. A presença 
de coliformes nas águas de nascentes podem ocorrer por acesso de animais ou mesmo disposição 
de esgotos nesses locais (Soares; Costa, 2020). 
 
Tabela 2. Valores da análise microbiológica da água nos pontos monitorados 
Pontos 
Coliformes Totais 
(NMP/100mL) 
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL) 
Chuvoso Estiagem Chuvoso Estiagem 
A 1553,10 290,80 48,30 45,9 
B 1011,20 800,50 47,60 9,7 
C 9931,50 86,00 205,50 22,8 
D 1732,90 901,20 521,20 52,7 
NMP = número mais provável. 
Fonte: Elaborado pelos autores 
 
À exceção do parâmetro DBO, todos os demais parâmetros avaliados apresentaram 
maiores resultados no período de chuva. Isto era esperado, pois efeitos erosivos e carreamentos 
de partículas podem ocorrer com chuvas intensas (Hamid et al., 2020) e assim resultar em 
alterações dos parâmetros de qualidade da água. O Ponto D apresentou maiores valores para 
coliformes totais e termotolerantes em ambos os períodos avaliados, já para DBO, no período de 
estiagem e, maior concentração de nitrato no período de chuva. Este fato pode ter ocorrido por 
ser próximo à rodovia e sofrer influência de lavouras. 
 
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Os valores de IQA variaram entre 59,61 a 72,70 no período de estiagem e, de 67,93 a 
74,79 no período chuvoso (Figura 5). As análises realizadas durante o período experimental 
determinaram que todos os pontos amostrais são classificados com IQA “Bom”. Esses resultados 
indicam à necessidade de se realizar ao menos os tratamentos simplificados como a cloração, 
antes do consumo. 
 
Figura 5. Índice de qualidade de água nos períodos de estiagem e chuva. 
 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
 
A correlação de Person’s foi realizada para verificar uma possível relação entre os 
resultados dos parâmetros com os valores obtidos no IQA, nos períodos de estiagem e chuva 
(Figura 6). 
 
A B C D
IQA estiagem 68,87 62,31 72,7 59,61
IQA chuvoso 70,08 74,79 67,93 72,28
0
20
40
60
80
100
IQ
A
Pontos de coleta
Índice de qualidade da água
IQAestiagem IQA chuvoso
 
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Figura 6 Correlação de Pearson para as variáveis nas coletas de período chuvoso (A) e período de estiagem (B). 
 
Significância dos parâmetros representados por pontilhado preenchido, p<0,05. 
Fonte: Elaborado pelos autores 
 
O parâmetro com maior significância para o IQA no período de chuva foi a DBO e 
apresentou correlação forte e negativa, justificando que quando a DBO aumenta, reduz o IQA. 
Em contraste, o OD esteve diretamente correlacionado com a CE (Figura 6A). Assim, infere que 
os efeitos no IQA foram fortemente relacionados a qualidade do oxigênio presente na água, assim 
como ação antrópica. Já para o período de estiagem (Figura 6B), o parâmetro com maior 
correlação ao IQA foi para coliformes, este por sua vez reflete na contaminação da água como já 
mencionado anteriormente. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Para as condições do experimento e de acordo com os resultados, conclui-se: 
O IQA dos períodos de chuva e estiagem foi classificado como ‘Boa’. 
Efeitos antrópicos e acesso de animais refletiram nas alterações da qualidade da água. 
Ponto D (área próxima a lavoura e criação de gado extensivo) apresentou maiores valores 
para coliformes totais, termotolerantes, DBO e nitrato. Assim, essa nascente precisa de atenção 
especial. 
Recomenda-se o isolamento da área entorno do ponto D, assim como o monitoramento 
constante das nascentes avaliadas. 
A) B) 
 
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AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos o Instituto Federal Goiano pelo apoio na pesquisa e na publicação deste artigo. 
A Capes pela concessão de bolsa de estudos- Código de Financiamento 001. 
 
 
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 jan. 2021 
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