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1 REFORMA TRIBUTÁRIA: O QUE O SEU MUNICÍPIO PRECISA FAZER URGENTEMENTE JULIANA FERNANDINO - PALESTRANTE Juliana Fernandino é palestrante em Gestão Pública Municipal, especialmente, na gestão dos tributos municipais e na gestão do solo urbano dos Municípios . Destaca-se por trazer ideias inovadoras para a gestão das cidades, especialmente as de médio e pequeno porte, defendendo métodos de atuação que favorecem a independência financeira, administrativa e política do Município. www.julianafernandino.com http://www.julianafernandino.com/ 2 3 “É PATENTE A NECESSIDADE DOS MUNICÍPIOS, SEJA DE QUE PORTE FOREM, DE ENFRENTAREM, COM RESPONSABILIDADE E CORAGEM, A FISCALIZAÇÃO DOS TRIBUTOS MUNICIPAIS. JÁ NÃO É MAIS UMA QUESTÃO DE ESCOLHA, MAS SIM DE PROVÁVEL REPREENSÃO DOS GESTORES PÚBLICOS, PELA RENÚNCIA DE RECEITA. POR OUTRO LADO, QUALQUER MUNICÍPIO QUE TEM FRACA FISCALIZAÇÃO, TEM RECEITA MUNICIPAL DESPREZADA. ISSO REFLETE NOS SERVIÇOS QUE O GESTOR TEM A POSSIBILIDADE DE DISPOR PARA OS MUNICÍPES. É PRECISO DIMINUIR A DEPENDÊNCIA DAS TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS.” Juliana Fernandino Costa 4 5 QUER FICAR POR DENTRO DE TUDO O QUE ACONTECE NO MUNDO DO DIREITO TRIBUTÁRIO MUNICIPAL? SIGA ESSES PASSOS: 1. Siga a Pauta no FACEBOOK e no INSTAGRAM e participe dos nossos sorteios. 2. Cadastre nosso WHATTSAPP 31-99650-4700 e receba as dicas semanais de fiscalização. 3. As dicas também são enviadas por e-mail, vá até a Caixa de Spam e avise que a Pauta “NÃO É SPAM”. Somos dicas valiosas para o aumento da arrecadação municipal. 4. Participe dos nossos grupos de debates e trocas de experiências de alunos. Os grupos de WHATTSAPP são divididos nos seguintes temas: Tributos, Regularização Fundiária, Obras e Posturas e Licitação. 5. Inscreva-se no nosso canal do YOUTUBE e confira as dicas da Dra. Juliana. 6. Confira os textos publicados pela Dra. Juliana no JUSBRASIL. 7. E O MAIS IMPORTANTE, PARTICIPE DOS CURSOS. NOSSA PROGRAMAÇÃO ESTÁ NO SITE WWW.PAUTAMUNICIPAL.COM.BR. http://www.pautamunicipal.com.br/ 6 7 I- A ILUSÃO DA REFORMA TRIBUTÁRIA A Reforma Tributária é uma ilusão que foi vendida da seguinte forma: Se hoje temos dois tributos que são “parecidos”(o que não é verdade, especialmente do ponto de vista do sujeito ativo e do nível de problemas), vamos criar um IVA de base ampla, totalmente no destino, com a devolução de todos os créditos. MAS ISSO É UMA GRANDE ILUSÃO CRIADA PARA DAR A IMPRESSÃO AOS EMPRESÁRIOS, ESPECIALMENTE GRANDES INDUSTRIÁRIOS, QUE O SISTEMA BRASILEIRO TRIBUTÁRIO, A PARTIR DA REFORMA, FICARÁ MUITO SIMPLES. ISSO, INFELIZMENTE, NÃO É VERDADE. O QUE SE VERIFICA, APÓS CUIDADOSAS E REITERADAS LEITURAS DO TEXTO CONSTITUCIONAL, É QUE FORAM INCLUSAS PREVISÕES LEGAIS QUE, ALÉM DE ARRUINAR O PACTO FEDERATIVO, AINDA NÃO RESOLVERAM O PRINCIPAL PROBLEMA DO ICMS, QUE É A QUESTÃO DOS CRÉDITOS. OUTRO PROBLEMA GRAVE, É A QUESTÃO DA REPARTIÇÃO DOS RECURSOS. APESAR DE SE TRATAR DE TRIBUTO ÚNICO, QUANDO SE TRATA DO IBS, POR VÁRIAS E VÁRIAS VEZES O TEXTO CONSTITUCIONAL FAZ MENÇÃO À PARTE ESTADUAL DO TRIBUTO E À PARTE MUNICIPAL DO TRIBUTO. UMA VERDADEIRA LOUCURA. No início do nosso curso vamos destacar 10 pontos de maior preocupação: 1º PONTO: Essa ideia vendida (que é mentirosa) era especificamente para resolver os problemas do ICMS, que vamos falar a seguir. Nunca teve qualquer 8 preocupação com o ISS, a não ser tirar ele da competência do Município. (Muitos dirão que não tirou, o que é uma falácia.) 2º PONTO: A Emenda Constitucional criou um tributo com dois sujeitos ativos. E ainda uso o termo “Federação Cooperativa”, uma invenção jurídica impraticável. Hoje nós temos uma Federação trial e criamos um tributo dual. 3º PONTO: Os municípios hoje, não tem a mínima ideia de quanto será a alíquota municipal do IVA (se é que podemos falar de uma alíquota municipal, já que a alíquota é uma só). Aqui o imbróglio é grande, pois diz que cada ente (Estados e Municípios) poderá criar sua alíquota, mas o “bendito” sistema, que dizem que estão criando, (o que duvidamos que vai funcionar rapidamente) vai ter que compatibilizar esse tanto de alíquota. É claro que a pressão política será para o uso de alíquota única para todos os entes da Federação. 4º PONTO: O pacto federativo foi ferido de morte, pois, nem mesmo Estados, nem mesmo Municípios vão receber “receitas próprias”, em caixa próprio. Tudo será recolhido ao tal Comitê Gestor. Algumas perguntas que não são respondidas. 1 – Como o Comitê Gestor vai verificar que a Nota Fiscal é legítima, fidedigna, legal? 2 – Será que esse tal sistema vai conseguir fazer isso? Ah....Isso é muito grave, é substituir a prerrogativa de cada ente. 5º PONTO: Estima-se que, em decorrência deste novo tributo, em substituição ao ISS e ao ICMS, cobrado agora no destino, e não mais na origem; e a distribuição da cota-parte municipal do imposto estadual por novos critérios, sendo a 9 população o principal deles, muitos Municípios, especialmente maiores e que tem hoje empresas fortes como mineradoras e petrolíferas, vão ter queda significativa de arrecadação. E geralmente esses municípios são polo em saúde e educação... 6º PONTO: Criaram esse tal Comitê Gestor que será um “elefante branco”. 54 pessoas (27 elegidos pelos Municípios e 27 pelos Estados) com poderes inimagináveis sobre todos os fiscos estaduais e municipais, que precisarão de uma equipe enorme para tentar operacionalizar o que estão prometendo (de pessoas qualificadas e de altos salários) e tudo isso custeado pelos estados e municípios. Essa esfera subnacional que vai ter a obrigação de garantir a arrecadação, a partilha dos recursos, a devolução dos créditos e ainda dirimir os conflitos entre Fisco e Contribuintes. Não se sabe como os Fiscos e Procuradorias vão trabalhar.... A verdade é que, hoje, os Fiscos estão sempre em busca do Contribuinte. E como os Fiscos vão trabalhar se eles não terão acesso direto às informações das notas fiscais? Como será o cancelamento de notas, a substituição de notas?? É muito difícil acreditar que vai dar certo. 7º PONTO: Se criarem o tributo no modelo clássico, em que o direito ao crédito está associado ao destaque do tributo no documento fiscal, tal qual ocorre hoje nos tributos como ICMS, IPI, PIS/COFINS, vão criar uma verdadeira máquina de fazer fraudes (emissão de documentos frios, sem lastro). Como a devolução é “automática”(rsrsrs), o Comitê Gestor vai disparar a devolver créditos fraudulentos..... 10 8º PONTO: Se criarem situações em que o tributo será recolhido pelo adquirente (deram uma ideia disso no texto constitucional quando disseram que a lei Complementar poderia definir situações em que a devolução do crédito estaria vinculada ao efetivo pagamento do tributo). Isso com certeza é a hipótese de substituição tributária, em que o adquirente/tomador de serviços, fica responsável pelo recolhimento do tributo do vendedor/prestador. Nesse caso, todas as empresas varejistas e prestadores de serviços para consumidor final criarão créditos que deverão ser devolvidos automaticamente para eles. Isto porque ao adquirir mercadorias recolherá o tributo registrando o crédito, e nas suas vendas (constituindo o débito do tributo), o imposto será recolhido pelo adquirente (consumidor que faz pagamento por sistema eletrônico). O que se tem visto em notas técnicas do Centro de Cidadania Fiscal (C.CiF) é que a opção por esse modelo seria a hipótese em que todas as transações em que as empresas do regime geral fossem adquirentes, essas deverão ser as responsáveis pelo recolhimento do tributo, não importando a categoria do fornecedor. Isto porque elas teriam o interesse emaproveitar o crédito de suas aquisições. Se as fornecedoras forem do Simples, também poderia vigorar esse modelo, pois elas darão crédito para as empresas do regime geral. Art 146. §3º, inc II será permitida a apropriação de créditos dos tributos previstos nos arts. 156-A e 195,V, pelo adquirente não optante pelo regime único de que trata o §1º de bens materiais ou imateriais, inclusive direitos, e de serviços do optante, em montante equivalente ao cobrado por meio do regime único. 11 Nas aquisições de pessoas físicas (que operam com grandes volumes de transações – tipo produtores rurais, comerciante de bens usados, sucatas, etc), o recolhimento pelo adquirente (RG) garantiria o crédito. OBS: Agora se o adquirente for do Simples Nacional, optante pelo regime único, ele não aproveita o crédito, portanto o responsável pelo recolhimento, nesta ideia aqui, seria o fornecedor. Para tanto, a vigência do IBS terá início em 2026, à alíquota de 0,1%. No período compreendido entre 2027 e 2028, haverá a cobrança do IBS pela alíquota estadual de 0,05% e municipal de 0,05%. Posteriormente, entre os anos de 2029 a 2032, as alíquotas do ICMS e ISS serão minoradas progressivamente, até a extinção. 9º PONTO: Criaram duas transições: Transição do IBS e Transição Federativa. 9.1- TRANSIÇÃO DO IBS 0,1% até 2028 A Transição do IBS começa efetivamente em 2029 e termina em 2032. De acordo com CF, em 2033 teremos somente o IBS. COMO SERÁ? Em 2029 começa a reduzir 10% ao ano nas alíquotas que hoje estão em vigor. Então tomemos como exemplo, primeiro, uma alíquota modal de 20% de ICMS. Como será na prática: 2029 – 18% 12 2030 – 16% 2031 – 14% 2032 – 12 % Ou seja, no ICMS ainda teremos uma alíquota altíssima, que vai estar atrelada a benefícios também ainda gigantes – isso inclusive pode minar a transição. Agora, tomemos como exemplo, uma alíquota modal de 5% de um serviço. 2029 – 4,5% 2030 – 4% 2031 – 3,5% 2032 – 3% 9.2 - TRANSIÇÃO FEDERATIVA Já a transição federativa (que é a destinação dos recursos para o local do destino da operação – ou seja, o fluxo efetivo da arrecadação), só termina em 2078. (E esse aqui poderíamos até falar que estaria resolvendo uma demanda de ISS. Só que em 2078.....) E aqui também o argumento para não mudar imediatamente para o destino foi uma questão ligada ao ICMS. Porque alguns estados que recolhiam 7% na origem, iriam imediatamente passar a recolher 0. Aí tiveram a brilhante ideia de fazer a partilha dos recursos não de acordo com a própria arrecadação no destino. Então arranjaram uma conta para realizar a partilha, que só será completamente no destino em 2078. Nesta conta vai ser observado quanto foi arrecadado (de ICMS e ISS de cada ente) neste período e qual a fatia em percentual será de cada ente. 13 Então começa assim. No primeiro ano 90% da partilha dos recursos do IBS será não de acordo com o destino, mas de acordo com essa “pizza” fixa que foi desenhada a partir de uma trava de recolhimento do tributo de cada ente. E esse percentual de 90% será reduzido 1/45 avos ao ano, até 2078, quando então a arrecadação será toda direcionada ao destino. Ou seja só em 2078 é que nossos netos verão a tributação ir para o destino. Aff!!!! DETALHE: AINDA NÃO SABEMOS O CONCEITO DE DESTINO. 10º PONTO – ISENÇÕES PARCIAIS E REGIMES ESPECIAIS No próprio texto Constitucional trouxeram hipóteses de isenções parciais, imunidades e regimes especiais. Qual é o grande problema disso? Não há uma conta capaz de nos mostrar o quanto isso impactará na alíquota do tributo para os setores que não foram “agraciados” com os benefícios. Para IBS e CBS, haverá alíquotas diferenciadas para setores específicos: Redução de 60% 1- serviços de educação 2- serviços de saúde 3- dispositivos médicos — entre os quais, fórmulas nutricionais 4- dispositivos de acessibilidade para pessoas com deficiência 5- medicamentos 6- produtos de cuidados básicos à saúde menstrual 14 7- serviços de transporte coletivo de passageiros rodoviário e metroviário de caráter urbano, semiurbano e metropolitano 8- alimentos destinados ao consumo humano e sucos naturais sem adição de açúcares e conservantes 9- produtos de higiene pessoal e limpeza majoritariamente consumidos por famílias de baixa renda 10- produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura 11- insumos agropecuários e aquícolas 12- produções de eventos, artísticas, culturais, jornalísticas e audiovisuais nacionais, atividades desportivas e comunicação institucional 13- bens e serviços relacionados a soberania e segurança Redução de 30% 1 - Prestação de serviços de profissionais autônomos (como médicos e advogados) . Isenção 1- serviços de transporte coletivo de passageiros rodoviário e metroviário de caráter urbano, semiurbano e metropolitano 2- dispositivos médicos 3- dispositivos de acessibilidade para pessoas com deficiência 4- medicamentos 5- produtos de cuidados básicos à saúde menstrual 6- produtos hortícolas, frutas e ovos 15 7- serviços de educação de ensino superior nos termos do Programa Universidade para Todos (Prouni) 8- automóveis de passageiros comprados por pessoas com deficiência e pessoas com transtorno do espectro autista, e por motoristas profissionais que destinem o automóvel à utilização na categoria de aluguel (táxi) 9- serviços prestados pelas entidades de inovação, ciência e tecnologia sem fins lucrativos 10- produtores rurais físicos ou jurídicos com receita anual de até R$ 3,6 milhões 11- e atividades de reabilitação urbana de zonas históricas e de áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística Regimes específicos da Reforma – sujeitos ao IBS e CBS Conforme o texto constitucional, determinados produtos e serviços podem ser submetidos a um tratamento específico na cobrança dos IVAs. Poderão ser contemplados, por exemplo, por alterações na base de cálculo dos tributos e nas alíquotas. *Estão nessa possibilidade: 1- combustíveis e lubrificantes; 2- serviços financeiros, operações com bens imóveis, planos de assistência à saúde e concursos de prognósticos (como as loterias); 3- cooperativas; 4- serviços de hotelaria, parques de diversão e parques temáticos, bares, agências de viagens e turismo e restaurantes e aviação regional; 16 5- missões diplomáticas e representações de organismos internacionais; 6- serviços de transporte coletivo de passageiros rodoviário intermunicipal e interestadual, ferroviário, hidroviário e aéreo; 7- setor de eventos; 8- atividades esportivas desenvolvidas por Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs). *A definição das regras ocorrerá por lei complementar. II - PORQUE TANTO ESPEROU-SE UMA REFORMA TRIBUTÁRIA? II.1 - CONTEXTATUALIZANDO O PROBLEMA DO ICMS A verdade é que o ICMS tem problemas reais e grandes de guerra fiscal, e o que grande parte dos advogados, contadores e estudiosos do Direito Tributário esperavam, era que seriam revistos e enfrentados, em uma Reforma Tributária, os problemas do ICMS. A guerra fiscal do ISS, de porte irrisório perto dos problemas do ICMS, poderia ser resolvida apenas com a alteração da tributação para o destino, sem mudar muita coisa em outras searas. MAS, CONSEGUIRAM TIRAR O ISS DOS MUNICÍPIO, EMBOLANDO OS DOIS TRIBUTOS, TENDO COMO PANO DE FUNDO UMA PRETENSA DESBUROCRATIZAÇÃO E BUSCA DE SIMPLICIDADE. ESSA É A GRANDE VERDADE. E SIMPLICIDADE É O QUE NÃO SE VERÁ! Mas voltando ao problema do ICMS, para entendermos porque foram propostas tantas mudanças nesta reforma tributária. 17 PARA ENTENDER A REGRA GERAL DO ICMS O ICMS é, em tese, não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviçoscom o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. Para a compensação do ICMS, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação, dentro das normas aplicáveis e regulamentares. Este sistema é conhecido como “débito x crédito”, onde abate-se do montante devido pelo contribuinte o valor pago por este em etapas anteriores, em suas compras de bens ou serviços já tributados pelo imposto. A terminologia utilizada é "compensação do imposto". O crédito do ICMS advém do direito de abater das respectivas saídas o imposto pago na aquisição de produtos e mercadorias e serviços. O montante do crédito corresponde ao valor a ser abatido do respectivo débito do imposto. Caso o crédito seja maior que o débito, denomina-se "crédito acumulado". DIFAL 18 Difal, ou Diferencial de Alíquota do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) é um instrumento utilizado para equilibrar a arrecadação do imposto entre os Estados. O Difal de ICMS é cobrado em operações envolvendo mercadoria destinada a consumidor final não contribuinte do imposto em outro estado. (Regra Geral) A responsabilidade pelo recolhimento do imposto será atribuída ao destinatário, quando for contribuinte do ICMS, ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto.(quando for consumidor final) OBSERVAÇÃO: Dentre outras hipóteses que geram o dever de pagar o DIFAL-ICMS, está a entrada no território do Estado de bem ou mercadoria oriundos de outro Estado adquiridos por contribuinte do imposto e destinados ao seu uso ou consumo ou à integração do seu ativo imobilizado. Nessa modalidade de cobrança, a exemplo do que ocorre no comércio eletrônico, o fornecedor do bem ou serviço é responsável por recolher todo o imposto e repassar ao estado do consumidor final o difal de ICMS – isto é, a diferença entre a alíquota interna do estado de origem e a alíquota interestadual. OBSERVAÇÃO 2: Para atender o julgamento do STF, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei Complementar 32/2021, que deu origem a Lei Complementar nº 190, de 04 de janeiro de 2022, regulamentando a exigência do DIFAL-ICMS nas operações e prestações interestaduais a consumidor final tanto contribuinte quanto não contribuinte do imposto. Nessa etapa, é necessário utilizar a tabela do ICMS para identificar a alíquota interestadual e a alíquota interna do estado de destino da mercadoria. As alíquotas interestaduais são divididas da seguinte forma: 19 Norte, nordeste, Centro-Oeste e Espírito Santo: 7%; Sul e sudeste: 12%; Material importado: 4%. Calcule a diferenças entre as alíquotas Tendo em mãos os valores das alíquotas, o próximo passo é calcular o valor de cada uma, a partir da base de cálculo e identificar a diferença entre elas. Para você entender melhor, preparamos um exemplo. Confira a seguir: DIFAL = (Alíquota interna – alíquota interestadual) Valor do produto: R$ 200,00 Estado de origem: São Paulo Estado de destino: Rio de Janeiro Alíquota de ICMS estado de origem: 12% Alíquota de ICMS estado de destino: 18% ICMS estado de origem: R$ 200 x 12% = R$ 24 ICMS estado de destino: R$ 200 x 18% = R$ 36 DIFAL = R$ 36 – R$ 24 = R$ 12 Com a aplicação do Difal, as vendas interestaduais destinadas a não contribuintes passam a contar com a aplicação de alíquota interestadual (7% ou 12%), o que, por conseguinte, provoca o acúmulo de créditos em relação às aquisições internas (18%) 20 E PARA RESOLVER ESSE PROBLEMA DAS ALÍQUOTAS INTERESTADUAIS, COMEÇOU-SE ENTÃO A CRIAR OS CRÉDITOS OUTORGADOS/PRESUMIDOS. Crédito Outorgado O crédito outorgado (também conhecido como crédito presumido) se refere a um crédito que não necessariamente corresponderia ao real se fosse seguido o sistema regular de créditos e débitos. Em regra, confere ao contribuinte a opção de se creditar de um valor presumido em substituição ao aproveitamento de quaisquer outros créditos. Normalmente o valor do crédito presumido é calculado pela aplicação de uma determinada alíquota sobre o valor do imposto devido na operação. Exemplo: Valor da operação: R$ 5.000,00 Alíquota aplicada: 12% ICMS = R$ 5.000,00 x 12% = R$ 600,00 Crédito presumido: 20% sobre o ICMS devido = R$ 120,00 Valor efetivamente recolhido = R$ 480,00 Um dos grandes problemas do ICMS são as alíquotas interestaduais, pois estas geram: 1 – crédito presumido/crédito outorgado Essa ideia de alíquotas interestaduais (Resolução de 1989) surgiu para criar mecanismos para dividir as receitas entre estados pobres e estados ricos. 21 Usaram a alíquota de 12% e chamaram de crédito outorgado. Estados do Norte/Nordeste e Espírito Santo utilizam 12% no ICMS. (pior que Reforma está se cometendo o mesmo erro. E as hipóteses de desoneração das exportações e algumas outras hipóteses de desoneração que geram o crédito acumulado. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) interestadual de 4% estabelecido é uma fonte de créditos acumulados para as empresas. Isso tem acontecido com aquelas que revendem a outros Estados produtos importados ou produtos nos quais o conteúdo importado supera 40%. O crédito de ICMS não compensado vira custo adicional, pois o acúmulo de créditos não encontra débito para ser abatido. Esse é um problema semelhante ao crédito acumulado dos exportadores. Como a venda interestadual de importados ou mercadorias com conteúdo de importação atualmente é tributada com ICMS de 4%, as empresas muitas vezes não conseguem usar todos os créditos do imposto de 18% que recolhem no desembaraço de produtos acabados ou insumos. ESSES ACIMA SÃO PROBLEMAS QUE A REFORMA DEVERIA TER ENFRENTADO E RESOLVIDO. PORQUE OS ESTADOS ESTÃO FICANDO COM DINHEIRO QUE É DO CONTRIBUINTE, OU SEJA, ESTÁ TRABALHANDO COM CRÉDITOS ACUMULADOS DOS CONTRIBUINTES E NÃO DEVOLVE O DINHEIRO. Os Estados hoje tem estoque de crédito acumulado, e criaram sistemas muito morosos de devolução. Ou seja, hoje os Estados estão financiando parte de suas políticas públicas com dinheiro do Contribuinte. 22 AÍ, VEM A GRANDE PROMESSA DA REFORMA: DEVOLVER AUTOMATICAMENTE TODOS OS CRÉDITOS. E FOI ESSA PROMESSA QUE FEZ A REFORMA PASSAR, QUE ENCANTOU A INDÚSTRIA, SÓ QUE ....... Temos no texto Constitucional que a devolução será automática e que Lei Complementar que vai dispor sobre isso. E que o tal Comitê Gestor vai cuidar de um sistema nacional e garantir essa devolução. Outro grande problema que vemos é que o sistema de crédito e débito comum, funciona bem, porém, esse mecanismo de arrecadação, com a reforma será mudado. Ou seja, a parte do ICMS que funciona bem será mudado. A etapa anterior recolhe de tudo e aqueles insumos físicos geram um crédito que é abatido no imposto devido na etapa seguinte. ENTÃO, EM SÍNTESE, PARA A REFORMA SER APROVADA, TIVEMOS A SEGUINTE BASE DE PROMESSAS: 1- FIM DA CUMULATIVIDADE Um ponto de grande relevância que a Reforma trouxe é o fim da cumulatividade dos impostos. Se você é da área tributária, conhece o princípio da não cumulatividade, que busca evitar o efeito cascata dos tributos. 23 Pra garantir essa não cumulatividade, é necessário que os contribuintes tenham direito de compensar os tributos que já foram pagos em etapas anteriores. Infelizmente, até hoje, muitas vezes não é isso o que acontece: os tributos são calculados com o valor cheio e sem a possibilidade de compensação. Com a Reforma, a promessa é que o novo IBS e CBS vão permitir ao contribuinte creditar os valores cobrados nas operaçõesem que ele foi o adquirente. Essa mudança vai impactar em especial a comercialização de bens que têm uma cadeia produtiva mais longa, ao reduzir o ônus tributário por meio da compensação. Sobre a prestação de serviços, já tem algumas discussões sobre o que vai ou não ser creditado pra reduzir a base de cálculo. Isso vai depender da Lei Complementar que regulamentar o imposto, mas o esperado é que seja possível fazer a compensação de tudo o que for pago pra prestação de um serviço. E outra grande discussão que tem hoje é que é ruim a sistemática de abate de “insumos físicos”. Ótimo, então seria só mudar para insumos financeiros. Que seria o mesmo que dizer: “vamos permitir a geração de créditos a partir de serviços efetivamente consumidos para fins daquele consumidor intermediário que produziu para etapa seguinte da cadeia produtiva. Para isso não precisaria mudar um capítulo da Constituição e criar o maior monstro jurídico já visto. Crédito físico - somente os bens que integram fisicamente o produto final dão ensejo ao creditamento, e não o do crédito financeiro, segundo o qual qualquer insumo utilizado na produção poderia ser imediatamente creditado. Ou seja, não 24 cabe aproveitamento de créditos de mercadorias que não se incorporam ao produto final. Mas voltando a questão dos créditos acumulados. Como que a Reforma está tentando resolver isso? - Dizendo que os Estados vão pagá-los em 240 parcelas. (o que muita gente boa aposta é que não vão pagar, porque hoje o estoque de crédito acumulado é imenso e os Estados tem trabalhado com esse dinheiro que é dos contribuintes.) 2 - IMPOSTO SERÁ RECOLHIDO POR FORA. O QUE ISSO SIGNIFICA? Uma diferença nesses novos tributos é que a incidência deles vai ser por fora. Nos impostos por fora, o tributo não entra na base de cálculo dele próprio, o que reduz o valor a recolher. EXEMPLO Imagine que você tem uma loja de revenda de computadores e adquire um notebook por R$ 3.000,00. Você pretende ter um lucro de R$ 1.000,00 na venda desse computador, então, seu preço de venda seria R$ 4.000,00. Acontece que tem um imposto com uma alíquota de 20% na venda do produto. Então, por quanto você precisa vender o computador pra ter seus mil reais de lucro? Bom, se esse imposto for por fora (como o IVA Dual), é só multiplicar os R$ 4.000,00 pela alíquota e chegar ao valor de R$ 800,00. 25 Ou seja, você precisa vender o produto por R$ 4.800,00 pra ter R$ 1.000,00 de lucro. Por outro lado, se o imposto for por dentro (como o atual ICMS), você deve multiplicar a alíquota de 20% pelo valor de venda já com o imposto. Na prática, é só dividir os R$ 4.000,00 por 0,8 (100% - 20%). Com isso, você vai chegar a um valor de venda de R$ 5.000,00. Ou seja, a mesma alíquota do imposto por dentro gera um valor a recolher de R$ 1.000,00, enquanto por fora gera um valor a recolher de R$ 800,00. MAS LEMBRANDO: NÃO SABEMOS DA ALÍQUOTA. 3 - SEM DIFERENÇA ENTRE PRODUTO E SERVIÇO Outra grande mudança implementada pela Emenda é que, com esses novos tributos e a alíquota única, não vai existir mais a diferença entre produto e serviço. Por conta desse tratamento diferenciado que existe até hoje, tem muitas discussões na Justiça sobre o que configura serviço ou produto. Vamos pensar no seguinte exemplo: Um programa ofertado por um escritório de contabilidade de cálculos pra advogados e contadores. O software seria um produto comercializado ou um serviço prestado? Então vamos lá, tentar entender o que dá para ser entendido até aqui. E mais, tentar começar novos trilhos para os Fiscos Municipais, tanto nos próximos anos de transição, quanto para a carreira em geral. Quais serão as novas atribuições? … Te espero no nosso curso. 26 EXCELÊNCIA EM ASSESSORIAS E CURSOS A Pauta Municipal é uma empresa de capacitação e consultoria em gestão pública Municipal. Nosso objetivo é capacitar gestores públicos para lidar com a estruturação, arrecadação e fiscalização tributárias, gestão do solo urbano e fiscalização de posturas, licitação, implantação de sistemas municipais de meio ambiente. Ofertamos consultorias especializadas em legislação tributária, planos diretores, uso e ocupação do solo e sistemas municipais de meio ambiente. Nosso trabalho é diferente porque propõe o assessoramento, acompanhamento e capacitação, tanto pessoalmente quanto por ferramenta on-line, dos servidores municipais e gestores, na implementação das novas práticas em gestão pública municipal. CONTATOS: 31 3026.5544 • 31 99650.4700 contato@pautamunicipal.com.br mailto:contato@pautamunicipal.com.br