Buscar

Sistema de Uso do Solo

Prévia do material em texto

MORFOLOGIA E 
GÊNESE DO SOLO 
Siglea Sanna de Freitas Chaves
Sistema de capacidade 
de uso do solo e aptidão 
agrícola das terras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever o sistema de capacidade de uso do solo, sua origem, seus 
conceitos e suas aplicabilidades.
 � Examinar o sistema de aptidão agrícola das terras, seus conceitos e 
suas aplicabilidades.
 � Identificar as semelhanças e diferenças entre as duas ferramentas e 
como elas interferem na dinâmica do solo e na vida da sociedade.
Introdução
O manejo inadequado do solo pode ocasionar inúmeros problemas 
ambientais, como perda da capacidade produtiva, erosão do terreno, 
assoreamento de rios e contaminação de corpos d’água, causando danos 
ambientais e socioeconômicos. Por esse motivo, é importante que o pla-
nejamento das atividades agrícolas leve em consideração as características 
físicas, químicas e morfológicas do solo, assim como o relevo, o clima, 
a geologia e a cobertura vegetal da região. O uso racional dos recursos 
naturais demanda uma base de conhecimentos sobre o potencial e as 
limitações daquele ambiente, a fim de conciliar produção agropecuária 
e conservação ambiental.
Nesse contexto, o sistema de capacidade de uso do solo e o sistema 
de aptidão agrícola das terras são ferramentas fundamentais para subsidiar 
o planejamento e desenvolvimento rural. Com base nesses dois sistemas, 
o potencial de produção agrícola das áreas é avaliado seguindo uma clas-
sificação técnica (interpretativa), na qual as variáveis do solo e do ambiente 
são agrupadas em função de determinadas características de interesse 
prático e específico com a finalidade de determinar o manejo da área. 
O sistema de capacidade de uso do solo e o sistema de aptidão agrí-
cola têm como objetivo apontar o uso adequado das terras, respeitando 
os fatores ambientais e os atributos naturais do solo a fim de indicar 
o manejo mais apropriado, voltado ao desenvolvimento de práticas 
sustentáveis. Entretanto, esses sistemas apresentam diferenças quanto a 
sua metodologia e aplicação: o sistema de classificação de uso é utilizado 
para fins generalizados e não envolve variáveis socioeconômicas na 
avaliação das terras; o sistema de avaliação de aptidão agrícola é utilizado 
para avaliação com fins específicos e na sua elaboração são envolvidos 
fatores do ambiente e também do social e do econômico.
Neste capítulo, você vai estudar o sistema de capacidade de uso 
do solo e o sistema de aptidão agrícola das terras. Vai também ver os 
objetivos e conceitos de cada sistema, assim como as aplicações no 
cenário agrícola brasileiro.
1 Sistema de capacidade de uso do solo
O sistema capacidade de uso do solo foi originalmente desenvolvido nos 
Estados Unidos, na década 1930, pelo Serviço Nacional de Conservação do 
Solo (NRCS-USDA), sendo descrito em detalhes por Klingebiel e Montgomery 
(1961). Os fundamentos desse método são utilizados como base para dife-
rentes sistemas de avaliação de terras em vários países. No Brasil, o sistema 
de capacidade de uso foi adaptado e publicado por Lepsch et al. (1983) e, 
posteriormente, atualizado por Lepsch et al. (2015).
O sistema de capacidade de uso do solo é considerado uma classificação 
técnica, que envolve a formação de grupamentos de caráter qualitativo, levando 
em consideração diferentes atributos do solo e características da paisagem. Ele 
não prioriza a localização e os fatores econômicos da terra (LEPSCH et al. 
(2015). A metodologia para a aplicação desse sistema consiste em interpretar e 
organizar os atributos do solo e as características da paisagem com o objetivo 
de identificar variações entre graus de limitação de uso da terra de acordo 
com diferentes atividades agrícolas (RAMALHO FILHO; PEREIRA, 1999). 
O sistema de capacidade de uso foi idealizado, inicialmente, para atender 
a planejamentos de práticas de conservação do solo. Posteriormente, foram 
efetuados vários ajustes e o sistema passou a ser aplicado para indicar a loca-
lização adequada para cultivos agrícolas, assim como para apontar práticas de 
conservação do solo (RAMALHO FILHO; PEREIRA, 1999). A seleção das 
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras2
variáveis utilizadas tem como objetivo agrupar terrenos com características 
semelhantes e assim propor estratégias de uso do solo de maneira sustentável, 
a fim de evitar problemas na área produtiva, principalmente, para controle da 
erosão (LEPSCH et al., 2015). 
Para a aplicação do sistema de capacidade de uso do solo, as características do solo 
e do ambiente são consideradas relevantes e significativas apenas quando avaliadas 
em grupos, sem priorizar isoladamente cada variável. Lepsch et al. (2015) ressaltam que 
cada classe, subclasse ou unidade de capacidade de uso de terra são diferenciadas 
entre si com uma grande variedade de atributos, sendo que muitas variáveis só fazem 
sentido se consideradas em conjunto.
Categorias do sistema: classes, subclasses 
e unidades de capacidade de uso
A hierarquização adotada no sistema de capacidade de uso está estruturada 
do nível mais elevado (generalizado) para o mais baixo (detalhado), conforme 
especificado por Lepsch et al. (2015):
 � Classes de capacidade de uso: são classificadas com base em riscos 
idênticos de degradação por erosão ou outras limitações agrícolas. 
Os riscos de degradação são indicados em ordem crescente, conforme o 
grau de limitação da classe. São representados por algarismos romanos, 
de I até VIII.
 � Subclasses de capacidade de uso: são classificadas de acordo com 
a natureza da limitação de uso da terra. São representados por letras 
minúsculas (e, s, a, c), inseridas após o algarismo romano que representa 
a classe de capacidade de uso — IIe, IIIa, IVc, etc.
 � Unidades de capacidade de uso: são classificadas de acordo com a 
natureza e o grau das limitações, principalmente as relacionadas com 
as práticas de manejo e conservação do solo. São representada por um 
algarismo arábico, inserido após um hífen, que o separa da indicação 
de classe e subclasse da área avaliada — IIa-1, IIIc-2, IVe-3, etc.
3Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Classes de capacidade de uso
As classes são grupamentos que indicam a adaptabilidade das terras a inten-
sidades de uso agrícola. São descritas em ordem crescente com a utilização 
de algarismo romanos (I a VIII). De maneira geral, as classes indicam os 
locais e a disponibilidade dos solos mais aptos para as atividades agrícolas; 
entretanto, os detalhes intrínsecos das áreas são apenas apontados em nível 
de subclasse e unidade de capacidade de uso do sistema.
Lepsch et al. (2015) ressaltam que as definições relacionadas às classes de 
capacidade de uso servem para indicar maior ou menor necessidade de adoções 
de práticas conservacionistas, desde as mais simples até as mais complexas, 
com ênfase nas práticas para controle da erosão do solo. Confira na Figura 1 
o esquema que mostra as aptidões ou limitações de usos da terra de acordo 
com as classes de capacidade de uso. 
Figura 1. Intensidades máximas de uso agrícola para as classes de capacidade de uso.
Fonte: Adaptada de Lepsch et al. (2015).
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras4
Vejamos a descrição de cada classe:
 � Classe I: terras sem ou com poucas limitações permanentes em rela-
ção a riscos de degradação para uso agrícola intensivo. Em mapas é 
representada pela cor verde claro.
 � Classe II: terras cultiváveis com problemas simples de conservação. 
Podem apresentar limitações permanentes ou risco de degradação em 
grau moderado para uso agrícola intensivo. Em mapas é representada 
pela cor amarela.
 � Classe III: terras cultiváveis que apresentam complexos problemas 
de conservação. Podem apresentar limitações ou risco de degradação 
em grau severo para uso agrícola intensivo. Em mapas é representada 
pela cor vermelha.
 � Classe IV:terras com limitações permanentes e/ou em risco de degrada-
ção severa se destinadas a cultivos intensivos. Em mapas é representada 
pela cor azul.
 � Classe V: terras sem ou com pequeno risco de degradação pela erosão, 
mas com outras limitações não possíveis de ser removidas e que podem 
fazer com que seu uso seja limitado apenas para pastagens, reflores-
tamentos ou preservação da vida silvestre. Em mapas é representada 
pela cor verde-escuro.
 � Classe VI: terras com limitações permanentes e/ou risco de degradação 
em grau severo, que fazem com que possam ser usadas somente para 
pastagem, reflorestamento ou para culturas perenes protetoras do solo. 
Em mapas é representada pela cor alaranjada.
 � Classe VII: terras com limitações permanentes e/ou riscos de degra-
dação em grau muito severo, mesmo quando usadas para pastagens 
e/ou reflorestamento, por isso devem ser manejadas com cuidado em 
todas as etapas do sistema. Em mapas é representada pela cor marrom.
 � Classe VIII: terras impróprias para lavouras, pastagens ou reflores-
tamento, por isso devem ser destinadas à proteção da fauna e da flora 
silvestre, a ambientes de recreação protegidos ou para armazenamento 
de água. Nesta classe são estabelecidas as áreas reconhecidas pela 
legislação como áreas de preservação permanente (APP). Em mapas é 
representada pela cor roxa.
5Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Na Figura 2 você observa a representação de uma área com presença de 
diferentes classes de capacidade de uso. Perceba que as áreas identificadas 
como Classe VIII estão localizadas em regiões onde ocorre maior declividade. 
Nesses locais o risco de erosão do solo é maior, por isso não é recomendado 
o uso para cultivos agrícolas. Observe também que as Classes I e II estão 
localizadas na região plana no terreno, e essas áreas são indicadas como aptas 
para o desenvolvimento de atividades agrícolas.
Figura 2. Área com presença de diferentes classes de capacidade de uso para efeito de 
planejamento.
Fonte: São Paulo ([201-?], documento on-line).
Subclasses de capacidade de uso
As subclasses são grupamentos de classes de capacidade de uso com o mesmo 
tipo de limitação para o uso agrícola. Também são utilizadas para indicar 
alternativas de uso das terras (LEPSCH et al., 2015). Os tipos de limitações 
avaliados são erosão presente e/ou risco de erosão (e); limitações do solo em 
relação ao desenvolvimento de sistema radicular (s); excesso de água (a); 
clima (c). 
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras6
No Quadro 1 estão descritas as características de cada subclasse.
Fonte: Adaptado de Lepsch et al. (2015).
Fator avaliado 
para definição 
da subclasse
Símbolo da 
subclasse
Descrição
Erosão/risco 
de erosão
e Terras onde ocorre erosão ou que são 
susceptíveis à erosão.
Solo s Solos com limitações na zona de cresci-
mento das raízes devido à presença de pe-
dras, baixa profundidade, baixa capacidade 
de retenção de água ou salinidade.
Água em excesso a Solos onde ocorre quantidade de água 
excedente, que dificulta o uso pela agricul-
tura. Esta subclasse é caracterizada por dre-
nagem deficiente, lençol freático elevado 
ou inundações recorrentes no local.
Clima c Esta subclasse reflete problemas ligados à 
condição climática, como secas prolonga-
das, ventos intensos e frequentes em áreas 
desprotegidas e baixas temperaturas.
Quadro 1. Características das subclasses de capacidade de uso
Dentro de uma classe, as subclasses são usadas para indicar problemas 
específicos de uma área, considerando a natureza da limitação, de forma a 
deixar mais explícitas as práticas de manejo adequadas para cada situação. 
Nos casos em que a área apresenta mais de um fator avaliado pelos critérios 
de subclasse, deve-se adotar a sequência e > s > a > c.
A Classe I não tem subclasse, pois não apresenta limitações para o uso.
7Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Unidades de capacidade de uso
As unidades de capacidade de uso têm como objetivo detalhar cada limitação da 
área avaliada, facilitando a indicação de práticas de manejo a serem aplicadas. 
As unidades de capacidade de uso permitem agrupamentos de solos similares 
dentro de cada subclasse de capacidade definida. Elas têm como objetivo 
indicar a aptidão de determinada área para cultivos agrícolas ou também 
indicar o manejo adequado para superar a limitação da área e permitir o uso 
racional das terras (MAPA-EMBRAPA). Lepsch et al. (2015) destacam que 
as áreas classificadas com as mesmas unidades de capacidade de uso devem 
ser indicadas aos mesmos tipos de lavoura e/ou pastagem e também podem 
adotar manejos similares. 
 � IIIe-1: restrição pela declividade acentuada (Classe C), que indica um severo risco de 
erosão, o qual só pode ser evitado com práticas complexas de conservação do solo.
 � IIIe-2: problemas com erosão em sulcos, indicando necessidade de práticas com-
plexas para recuperar e proteger o solo.
 � IIa-1: excesso de água que pode ser corrigido com práticas simples de drenagem.
 � IIe-1: limitação pela declividade moderada (Classe B), que pressupõe um risco de 
erosão moderado, indicando a necessidade de práticas simples de conservação 
do solo quando cultivada com lavouras de ciclo anual.
Fonte: Adaptado de Lepsch et al. (2015).
2 Sistema de aptidão agrícola das terras
Durante a década de 1960 vários sistemas interpretativos de uso do solo 
surgiram com o objetivo de aprimorar as indicações de uso das terras em 
diferentes ambientes tropicais (RAMALHO FILHO; PEREIRA, 1999). 
No Brasil o sistema de avaliação da aptidão agrícola foi desenvolvido por 
Bennema, Beek e Camargo (1965) com a finalidade de classificar o potencial 
das terras para a agricultura no país. Posteriormente, a proposta passou por 
diferentes atualizações, como Ramalho Filho et al. (1970), Tomasi e Ramalho-
-Filho (1971), Beek (1975), Ramalho-Filho e Beek (1995), entre outras.
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras8
Níveis de manejo
A estrutura do sistema de aptidão agrícola das terras contempla três níveis 
de manejo, considerando as práticas agrícolas ao alcance da maioria dos 
agricultores no contexto técnico, social e econômico. Essa estrutura tem 
como objetivo diagnosticar o comportamento das terras em diferentes níveis 
tecnológicos (RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995). Os níveis de manejo são 
representados pelas letras A, B e C, sendo que podem ser simbolizadas de 
maneiras diferentes a depender das classes de aptidão em que se apresentem 
as terras em cada um dos níveis adotados. Veja mais sobre os níveis de manejo 
(RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995):
 � Nível de manejo A (primitivo): baseado em práticas agrícolas que 
refletem um baixo nível técnico e cultural. Neste nível há baixa aplicação 
de capital para manejo, melhoramento e conservação dos sistemas de 
produção agrícolas. As práticas agrícolas dependem, principalmente, de 
trabalho braçal e/ou tração animal, com implementos agrícolas simples.
 � Nível de manejo B (pouco desenvolvido): caracterizado pela adoção 
de práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico intermediário. 
Neste nível de manejo ocorre uma modesta aplicação de capital para o 
manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das 
lavouras. Nos sistemas de produção deste nível é realizada calagem e 
correção da fertilidade do solo, tratamentos fitossanitários simples, 
além de tração animal e/ou mecanização para algumas etapas de pre-
paro do solo.
 � Nível de manejo C (desenvolvido): baseado em práticas agrícolas 
que refletem um alto nível tecnológico. É caracterizado pela aplicação 
intensiva de capital para o manejo, melhoramento e conservação das 
condições das terras e das lavouras. Nos sistemas de produção deste nível 
predomina a motomecanização em diversas fases da operação agrícola.
9Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Grupos, subgrupos e classes de aptidão 
agrícoladas terras
Para facilitar a montagem em um único mapa de aptidão agrícola das terras, 
foi organizada uma estrutura que reconhece grupos, subgrupos e classes 
(RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995). No nível mais alto da classificação estão 
posicionados os grupos de aptidão, que são comparáveis às oito classes do 
sistema de capacidade de uso do solo, descrito no tópico anterior.
Grupos de aptidão agrícola
De acordo Ramalho-Filho e Beek (1995), os grupos de aptidão agrícola são 
artifícios cartográficos usados com o objetivo de identificar em mapas de 
utilização da terra a melhor aptidão de determinada área. Os grupos são repre-
sentados por algarismos arábicos, de 1 a 6, em escala decrescente, acompanhe 
(RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995):
 � Grupo 1: aptidão boa para lavoura. Em mapas é representado pela 
cor verde.
 � Grupo 2: aptidão regular para lavoura. Em mapas é representado pela 
cor marrom.
 � Grupo 3: aptidão restrita para lavoura. Em mapas é representado pela 
cor laranja.
 � Grupo 4: aptidão para pastagem plantada. Em mapas é representado 
pela cor amarelo.
 � Grupo 5: aptidão para pastagem natural e silvicultura. Em mapas é 
representado pela cor rosa.
 � Grupo 6: inapto para qualquer tipo de exploração agrícola. Serve 
para refúgio de flora e fauna ou para fins de recreação. Em mapas é 
representado pela cor cinza.
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras10
De maneira geral, os Grupos 1, 2 e 3, além da identificação de lavouras 
como tipos de utilização, desempenham também a função de representar, no 
subgrupo, as melhores classes de aptidão das terras indicadas para lavouras, 
conforme os níveis de manejo. E os Grupos 4, 5 e 6 apenas identificam tipos 
de utilização (pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e pre-
servação da flora e da fauna, respectivamente), independentemente da classe 
de aptidão, como mostra o Quadro 2.
Fonte: Adaptado de Ramalho-Filho e Beek (1995).
Grupo 
de 
aptidão 
agrícola
Aumento da intensidade de uso >>
Preser-
vação 
da flora 
e da 
fauna
Silvicul-
tura e/ou 
pasta-
gem 
natural
Pasta-
gem 
plan-
tada
Lavouras
Aptidão 
restrita
Aptidão 
regular
Apti-
dão 
boa
1
2
3
4
5
6
Quadro 2. Identificação dos grupos de aptidão agrícola
Subgrupos de aptidão agrícola
Os subgrupos relacionam o tipo de utilização com os níveis de manejo, in-
dicando também a intensidade de uso de acordo com o nível de manejo con-
siderado para determinada área. Segundo Ramalho-Filho e Beek (1995), o 
subgrupo é considerado o resultado conjunto da avaliação da classe de aptidão 
relacionada com o nível de manejo, indicando o tipo de utilização das terras. 
11Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Em alguns casos, o subgrupo se refere somente a um nível de manejo, sendo 
relacionada a uma única classe de aptidão agrícola. Confira no Quadro 3.
Fonte: Adaptado de Ramalho-Filho e Beek (1995).
Subgrupo Caracterização
1ABC Terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras nos 
níveis de manejo A, B, C
1ABc Terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras nos 
níveis de manejo A, B e regular no nível C
1bC Terras pertencentes à classe de aptidão boa para lavouras nos 
níveis de manejo C, regular no nível B e inapta no nível A
2ab(c) Terras pertencentes à classe de aptidão regular para lavouras nos 
níveis de manejo A, B e restrita no nível C
2(b)c Terras pertencentes à classe de aptidão regular para lavouras nos 
níveis de manejo C, restrita no nível B e inapta no nível A
3(ab) Terras pertencentes à classe de aptidão restrita para lavouras nos 
níveis de manejo nos níveis A e B e inapta no nível C
3(bc) Terras pertencentes à classe de aptidão restrita para lavouras nos 
níveis de manejo B e C e inapta no nível A
4P Terras pertencentes à classe de aptidão boa para pastagem 
plantada
4(p) Terras pertencentes à classe de aptidão restrita para pastagem 
plantada
5Sn Terras pertencentes à classe de aptidão boa para silvicultura e 
regular para pastagem plantada
5s(n) Terras pertencentes à classe de aptidão regular para silvicultura e 
restrita para pastagem plantada
5n Terras pertencentes à classe de aptidão regular para pastagem 
plantada e à classe inapta para silvicultura
6 Terras sem aptidão para uso agrícola
Quadro 3. Simbologia dos subgrupos da aptidão agrícola das terras
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras12
Classes de aptidão agrícola
As classes indicam a aptidão agrícola das terras para determinado tipo de 
uso, considerando determinado nível de manejo. As classes refletem o grau de 
intensidade com que as limitações afetam as terras e são classificadas como boa, 
regular, restrita e inapta — acompanhe (RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995):
 � Classe boa: terras sem limitações significativas para a produção sus-
tentável de determinado tipo de utilização, considerando condições do 
manejo indicadas. Nesta classe ocorrem restrições mínimas, que não 
comprometem a produtividade de modo expressivo.
 � Classe regular: terras que apresentam limitações moderadas para a 
produção sustentável para determinado tipo de uso, mesmo considerando 
aplicação de técnicas de manejo. As limitações nessas áreas reduzem a 
produtividade do sistema e aumentam a necessidade de insumos para 
aumentar a produtividades do cultivo. As vantagens do cultivo em 
áreas de “classe regular” são inferiores às encontrada na “classe boa”.
 � Classe restrita: terras que apresentam limitações fortes para a produção 
sustentável de determinado tipo de uso, mesmo aplicando técnicas de 
manejo no sistema. As limitações encontradas nas áreas classificadas 
como “classe restrita” favorecem a redução da produtividade do sistema, 
além de favorecer o aumento do investimento em insumos agrícolas. 
 � Classe inapta: terras que não apresentam condições para desenvol-
vimento de cultivos agrícolas, sendo indicadas para a preservação da 
flora e da fauna, e também para recreação ou algum outro tipo de uso 
não agrícola. 
Veja mais no Quadro 4.
13Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Fonte: Adaptado de Ramalho-Filho e Beek (1995).
Classe de 
aptidão 
agrícola
Tipo de utilização e nível de manejo
Lavouras
Pastagem 
plantada
Silvicultura
Pastagem 
natural
Nível de ma-
nejo variável
Nível de 
manejo C
Nível de 
manejo B
Nível de 
manejo A
Boa A B C P S N
Regular a b c p s N
Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)
Inapta - - - - - -
Quadro 4. Simbologia das classes de aptidão agrícola das terras
As terras de uma classe de aptidão podem ser similares quanto ao grau, 
mas diferentes quanto ao tipo de limitação ao uso agrícola. As classes são 
estabelecidas considerando os seguintes fatores de limitação:
 � f: deficiência de fertilidade.
 � h: deficiência de água, sem considerar a possibilidade de irrigação.
 � o: excesso de água ou deficiência de oxigênio. 
 � e: suscetibilidade à erosão. 
 � m: impedimentos à mecanização.
Na avaliação de cada fator limitante são considerados ainda os seguintes 
graus de limitação: nulo, ligeiro, moderado, forte e muito forte. 
Ramalho-Filho e Beek (1995) ressaltam que as terras classificadas como 
aptas para culturas de ciclo curto (maior exigência) são também indicadas para 
culturas de ciclo longo (menor exigência). Porém, podem ocorrer casos em que 
a área seja formada por solo raso ou sujeito a inundações frequentes, ou ainda 
esteja inserida em uma região com ocorrência de adversidades climáticas. 
Em outros casos, terras classificadas nos Grupos 1, 2 e 3 permitem dois cultivos 
no mesmo ano. Essas áreas são indicadas no mapa de aptidão agrícola com 
simbologias específicas, conforme observado no Quadro 5. 
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras14
Fonte: Adaptado de Ramalho-Filho e Beek (1995).
Convenção Significado
 
Terras aptas para culturas de ciclo curto, 
porém inaptas para culturas de ciclo 
longo. Não indicadas para silvicultura. 
 
Terras aptas para culturasde ciclo longo, 
porém inaptas para culturas de ciclo curto. 
 
Terras com aptidão para culturas 
especiais de ciclo longo. 
 
Terras aptas para arroz de inundação e inaptas 
para a maioria das culturas de ciclo longo 
e curto. Não indicadas para silvicultura.
 
Terras não indicadas para silvicultura. 
 
Terras com irrigação instalada ou prevista. 
2" abc
Aspas após o número indicativo do grupo indica 
que as terras têm aptidão para dois cultivos por ano. 
2 abc
Traço contínuo sob o símbolo da classe de 
aptidão indica uma associação de terras, na qual 
a componente em menor proporção tem aptidão 
superior à indicada pelo símbolo da classe. 
 
Linha contínua, no mapa, limita dois grupos de 
aptidão agrícola.
----------
Linha descontínua, no mapa, delimita dois 
subgrupos de aptidão.
Quadro 5. Convenção para a representação cartográfica da aptidão agrícola das terras
15Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
Para a classificação da aptidão agrícola das terras, também é necessário 
levar em consideração condições especiais para determinadas culturas, res-
peitando os fatores ambientais que diferem dos critérios estabelecidos pelas 
classes “boa”, “regular” e “restrita”. No Quadro 6 estão descritas as etapas 
para desenvolvimento do sistema de aptidão agrícola.
Fonte: Adaptado de Schneider, Giasson e Klaut (2007).
Etapas Descrição das etapas
1 Reconhecimento dos diferentes padrões fisiográficos que ocorrem 
na terra.
2 Identificação e avaliação das características das terras nas diferentes 
fisiografias.
3 Organização dos dados de campo.
4 Elaboração do quadro-guia para classificação e mapeamento das 
classes de aptidão de uso agrícola das terras.
5 Mapeamento da aptidão de uso agrícola das terras.
Quadro 6. Etapas para desenvolvimento do sistema de aptidão agrícola
3 Considerações sobre os sistemas de aptidão 
agrícola das terras e de capacidade 
de uso do solo
A determinação do potencial das terras para o desenvolvimento de diferen-
tes sistemas de produção agrícolas é fundamental para o desenvolvimento 
de uma agricultura sustentável e para o uso racional dos recursos naturais. 
No Brasil, os sistemas mais utilizados para determinar o potencial agrícola 
das terras são o sistema de capacidade de uso do solo (LEPSCH et al., 2015) e 
o sistema de aptidão agrícola das terras (RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995). 
A correta aplicação dessas ferramentas pode evitar a subutilização ou o desgaste 
de recursos naturais, evitando sérios prejuízos socioeconômicos e ambientais.
O sistema de capacidade de uso do solo auxilia no planejamento de ocupação 
da terra e nas recomendações de técnicas de manejo conservacionistas para o 
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras16
uso racional dos recursos naturais. Trata-se de uma metodologia simples e de 
fácil aplicação em diferentes áreas, e seus resultados apresentam pouca variação 
ao longo do tempo (RAMALHO FILHO; PEREIRA, 1999). Entretanto, esse 
sistema não avalia todos os elementos necessários para o planejamento das 
atividades a serem desenvolvidas na propriedade rural, pois não considera 
aspectos econômicos e sociais (RAMALHO FILHO; PEREIRA, 1999). 
O sistema de capacidade de uso do solo não classifica as terras de acordo com a 
produtividade, e os solos são classificados de acordo com os requisitos de conservação 
em larga escala. Essa metodologia é mais restritiva para indicar o potencial de uso 
agrícola das terras, sendo indicada para a avaliação de áreas menores (COSTA; SOUZA; 
JESUS, 2008).
O sistema de aptidão agrícola é indicado para a avaliação de grandes exten-
sões de terras, devendo ser ajustado quando aplicado em pequenas glebas de 
agricultores. Esse sistema considera como fatores limitantes do solo os níveis 
tecnológicos de manejo, com base em aspectos técnicos e socioeconômicos 
(RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995). 
Em pesquisa realizada por Ramalho Filho e Pereira (1999), foram destaca-
das as vantagens do sistema de aptidão de agrícola em relação ao sistema de 
capacidade de uso do solo: tem maior utilização em nível nacional; considera 
diferentes níveis de manejo; permite modificações, ajustes ou incorporações 
de outros parâmetros e fatores de limitação, acompanhando os avanços da 
tecnologia; aceita adaptações e aplicações em diferentes escalas de mapea-
mento; considera a possibilidade de redução de limitações de uso da terra pelo 
uso de capital e tecnologia, adequado à realidade do produtor.
O sistema de aptidão agrícola das terras é considerado como um levanta-
mento interpretativo, por isso os resultados devem ser considerados de caráter 
efêmero (RAMALHO-FILHO; BEEK, 1995). Logo, esse método deve ser 
ajustado de acordo com a realidade da região onde a propriedade rural está 
inserida, pois a classificação está relacionada ao nível de tecnologia vigente na 
época em que foi realizado o levantamento dos dados (RAMALHO-FILHO; 
BEEK, 1995). 
17Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras
BEEK, K. J. Recursos naturais e estudos perspectivos a longo prazo: notas metodológicas. 
Brasília, DF: SUPLAN, 1975. (Documento de Trabalho. Projeto PNUD/FAO/BRA/71/553).
BENNEMA, J.; BEEK, K. J.; CAMARGO, M. N. Interpretação de levantamento de solos no 
Brasil: primeiro esboço: um sistema de classificação de aptidão de uso da terra para 
levantamentos de reconhecimento de solos. Rio de Janeiro: MA-DPFS/FAO, 1965.
COSTA, G. P. D.; SOUZA, J. L. M. D.; JESUS, M. R. G. D. Contraste entre duas metodologias 
de determinação do potencial agrícola das terras nas vilas rurais no município de Rio 
Negro, Estado do Paraná. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 30, supl., p. 687–695, 2008. 
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/asagr/v30sspe/v30sspea13.pdf. Acesso em: 
26 jun. 2020.
KLINGEBIEL, A. A; MONTGOMERY, P. H. Land capability classification. Washington: Soil 
Conservation Service, 1961.
LEPSCH, I. F. et al. Manual para levantamento utilitário do meio físico e classificação de 
terras. Campinas: SBCS, 1983.
LEPSCH, I. F. et al. Manual para levantamento utilitário e classificação de terras no sistema 
de capacidade de uso. Viçosa: SBCS, 2015 .
RAMALHO FILHO, A.; PEREIRA, L. C. Aptidão agrícola das terras do Brasil: potencial de 
terras e análise dos principais métodos de avaliação. Rio de Janeiro: Embrapa, 1999. 
(Documentos, 1). Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/
handle/doc/336394. Acesso em: 26 jun. 2020.
RAMALHO FILHO, A. et al. Interpretação para uso agrícola dos solos da zona de Iguatemi, 
Mato Grosso. In: BRASIL. Ministério da Agricultura. Escritório de Pesquisa e Experimen-
tação. Equipe de Pedologia e Fertilidade do Solo. I. Levantamento de reconhecimento 
dos solos da Zona de Iguatemi Mato Grosso: II. Interpretação para uso agrícola dos solos 
da Zona Iguatemi Mato Grosso. Rio de Janeiro: EPFS-EPE, 1970. p. 89–99. 
RAMALHO-FILHO, A.; BEEK, K. J. Sistema de avaliação da aptidão agrícola das terras. 
3. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS, 1995.
SÃO PAULO. Secretaria de Cultura e Abastecimento. Recursos naturais. São Paulo, [201-?]. 
Disponível em: http://www.cdrs.sp.gov.br/portal/produtos-e-servicos/publicacoes/
acervo-tecnico/classe-de-capacidade#:~:text=O%20sistema%20de%20capacidade%20
de,de%20terras%2C%20em%20termos%20de. Acesso em: 26 jun. 2020.
SCHNEIDER, P.; KLAMT, E.; GIASSON, E. Morfologia do solo: subsídios para caracterização 
e interpretação de solos a campo. Guaíba, RS: Agrolivros, 2007.
TOMASI, J. M. G.; RAMALHO-FILHO, A. Aptidão agrícola dos solos do sul do Estado de 
Mato Grosso. Rio de Janeiro: Divisão de Pesquisa Pedológica, 1971. (Boletim Técnico, 19).
Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras18
Leitura recomendada
PEREIRA, L. C.; LOMBARDI NETO, F. Avaliação da aptidão agrícola das terras: proposta 
metodológica. Jaguariúna, SP: Embrapa Meio Ambiente, 2004. (Documentos, 43). 
Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMA/5805/1/documentos_43.pdf. Acesso em: 26 jun. 2020.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de 
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
19Sistema de capacidade de uso do solo e aptidão agrícola das terras

Mais conteúdos dessa disciplina