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Viabilidade da Cadeia de Mel

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ESTUDO DE VIABILIDADE 
DA CADEIA DE VALOR DE 
MEL DE ABELHA NAS REGIÕES 
DO PARÁ, BAHIA E PIAUÍ 2020
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ESTUDO DE VIABILIDADE DA 
CADEIA DE VALOR DE 
MEL DE ABELHA NAS REGIÕES 
DO PARÁ, BAHIA E PIAUÍ
4 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 5 
 Pará
Bahia
Belém
Salvador
Brasília
São Paulo
Espírito Santo
Amapá
Maranhão
Minas Gerais
VISITAS DE CAMPO
 Pará
 Bahia
 Piauí
Oceano Atlântico
Piauí
Ceará
Porto 
Seguro
Rio Grande do Sul
Rio de Janeiro
Paraná
Rio Grande 
do Norte
Amazonas
Mato Grosso
Rondônia
Acre
Roraima
Mato Grosso
Goiás
Tocantins
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Santa 
Catarina
Paraíba
Eunápolis
Vitória do Xingu
Altamira
Medicilândia
Picos
Simplício 
Mendes
0 500 1000 1500 2000 km
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO – PNUD BRASIL
Katyna Argueta
Representante-Residente do PNUD no Brasil
Carlos Arboleda
Representante-Residente Adjunto do PNUD no Brasil
Maristela Baioni
Representante-Residente Assistente do PNUD no Brasil
Coordenadora da Área Programática
Cristiano Prado
Coordenador da Unidade de Desenvolvimento Socioeconômico Inclusivo
Especialista de Programa
Melissa Silva
Assistente de Projetos
INSTITUTO HUMANIZE
Geórgia Patrício Pessoa
Diretora Executiva 
Ana Carolina Avzaradel Szklo
Gerente de Sustentabilidade
Gláucia Alves Macedo
Gerente de Gestão Pública
André Luiz Oliveira Pinto
Gerente de Desenvolvimento Institucional e Parcerias
Claudia Rodrigues Rosa
Analista de Projetos 
Eduarda Costa Thurler 
Analista de Projetos
Vitor Babilônia 
Comunicação
Agradecimentos especiais
Márcia Côrtes
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da parceria entre PNUD e Instituto Humanize para desenvolvimento de ações conjuntas 
para potencializar, por meio de negócios inclusivos e de impacto social, o uso sustentável da biodiversidade brasileira alinhada com o 
desenvolvimento de capacidades locais, aumento de renda, crescimento econômico e melhoria da qualidade de vida das pessoas por 
meio do fomento às cadeias de produtos da sociobiodiversidade
Expediente
RELATÓRIO TÉCNICO E ANALÍTICO DO ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DO MEL
Johann Wolfgang Schneider
Concepção e textos
Brava Design
Projeto gráfico e Diagramação
Edson Cruz 
Revisão ortográfica 
6 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 7 
O Brasil é um país com grande riqueza biológica, e isso está em sinergia com sua ampla 
diversidade sociocultural. São povos indígenas, comunidades tradicionais quilombolas, 
agricultores familiares, extrativistas e diversos núcleos da comunidade expressando 
conhecimentos e habilidades sobre sistemas tradicionais de manejo da biodiversidade.
Dentro dessa diversidade se destacam muitos desafios no recorte da 
produção extrativista brasileira. Ao mesmo tempo, a quantidade de cadeias da 
sociobiodiversidade inclusas no território gera possibilidades e caminhos para 
desenvolver atividades extrativistas. Com incentivos e estruturação adequada, as 
oportunidades de geração de negócios associados ao desenvolvimento sustentável são 
vias possíveis e promissoras. 
Para encontrar caminhos viáveis, o Instituto Humanize movimenta diversas ações 
a partir das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, envolvendo os processos de 
produção, beneficiamento e comercialização. Em nossa atuação, sempre consideramos 
como ampliar e diversificar os produtos gerados, priorizando a forma mais sustentável 
de conduzir o processo e tomando decisões que valorizem a inovação. 
O Brasil tem um vasto território e por isso é importante entender as especificidades 
das cadeias produtivas em cada um dos espaços, sem deixar de alinhar objetivos 
voltados à conservação ambiental e geração de renda. A cadeia do mel, por exemplo, 
é compreendida por benefícios socioeconômicos e ambientais significativos. São 
inúmeras possibilidades de exploração, geração de produtos derivados e conciliação 
com conservação ambiental, além de diferentes oportunidades de manejo de espécies 
de abelhas por meio da apicultura e meliponicultura.
Do lado da apicultura, há forte exploração econômica e racional da abelha do gênero 
Apis. Apesar de não ser nativa do Brasil, esse tipo de abelha desperta uma alta 
rentabilidade no mercado brasileiro e alcança números consideráveis na produção de 
mel e derivados — como cera e pólen. Já a meliponicultura compreende o gênero das 
Melíponas, também conhecidas como abelhas sem ferrão. Essas são nativas do Brasil 
e possuem grande importância para a conservação ambiental, incluindo a polinização 
da flora. Esse gênero tem um manejo simplificado e é ponto de partida para um mel 
diferenciado quanto às propriedades nutritivas e medicinais. 
Com tantas possibilidades e espaços para desenvolvimento, identificar desafios e 
oportunidades é um importante passo para que a cadeia do mel se desenvolva de 
forma robusta. O estudo apresentado sinaliza uma contribuição relevante para o 
conhecimento científico sobre o tema, associado às possibilidades econômicas que a 
cadeia oferece. Com este retrato, é possível entender os desafios e empreender esforços 
para soluções guiadas por informações consistentes. 
Convidamos os leitores interessados em entender os elos da cadeia do mel a navegar 
neste estudo. Esperamos que o documento se revele um instrumento valoroso 
para auxiliar tomadas de decisão e iniciativas que tenham como objetivo comum o 
desenvolvimento da cadeia.
Geórgia Pessoa 
Instituto Humanize
Introdução
A Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 
— assim como o compromisso com os princípios de universalidade, igualdade e 
inclusão (não deixar ninguém para trás) — são os fundamentos do trabalho do 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil.
O desenvolvimento econômico é essencial para a redução da pobreza e da 
desigualdade, particularmente no atual contexto de necessidade de recuperação 
socioeconômica. Por isso, faz parte das prioridades do PNUD, que apoia o 
crescimento econômico com base no paradgima de desenvolvimento inclusivo 
e sustentável, fortalecendo capacidades produtivas para a geração de empregos e 
renda às populações mais pobres e vulneráveis. 
Esta publicação insere-se nesse contexto. Apresenta o mel como uma fonte de 
crescimento e desenvolvimento capaz de gerar renda para famílias que muitas 
vezes não teriam alternativa, particularmente nos estados incluídos neste estudo: 
Pará, Bahia e Piauí.
Além do crescimento socioeconômico, o fortalecimento da cadeia do mel contribui 
simultaneamente para a conservação do meio ambiente, da biodiversidade e para o 
fortalecimento da bioeconomia. 
De fato, as abelhas, como polinizadoras, são de inestimável valor, tanto para a 
biodiversidade quanto para a produção de alimentos. Ao apoiar a produção de mel 
e permitir que colmeias se desenvolvam nesses estados, estamos colaborando para 
o equilíbrio ambiental e a segurança alimentar.
Nesta publicação, foram mapeados os principais desafios para o fortalecimento 
da cadeia do mel, e identificados os diferentes estágios de desenvolvimento da 
produção nos estados participantes do estudo. Foram feitas recomendações, 
considerando as diferentes etapas de maturidade de produção do mel nas três 
localidades. Foi ressaltada a importância da ampliação de parcerias e do aumento 
da liderança e da participação coletiva dos produtores rurais.
Nessa tarefa, o PNUD uniu forças com o Instituto Humanize, um parceiro ativo 
na promoção e implementação da Agenda 2030 nas suas diferentes frentes de 
trabalho.
Desejo a todas e a todos uma excelente leitura
Katyna Argueta
Representante-Residente
PNUD - Brasill
Prefácio
REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 8/9 
1. Metodologia .....................................................................................................................................................................11
2. Introdução à missão da iniciativa ..........................................................................................................................13
2.1. Contexto geral .........................................................................................................................................................13
2.2. Seleção das regiões alvo .....................................................................................................................................14
3. Contexto agrícola, político e institucional ........................................................................................................ 16
3.1. Nacional .................................................................................................................................................................... 16
 Produção e consumo de mel ........................................................................................................................... 16
 Polinização ............................................................................................................................................................. 20
 Meliponicultura – abelhas sem ferrão ........................................................................................................ 27
 Projeto Néctar da Amazônia do Instituto Peabiru ................................................................................ 30
 Inovação tecnológica na apicultura .............................................................................................................34
 Projeto de Promoção das Exportações ....................................................................................................... 35
 Principais ameaças à atividade .......................................................................................................................36
 Agrotóxicos – séria ameaça às abelhas ....................................................................................................... 37
 3.2. Piauí .......................................................................................................................................................................... 40
 3.3. Bahia ..........................................................................................................................................................................56
 3.4. Pará ............................................................................................................................................................................ 74
3.5. Políticas, leis e regulamentos .........................................................................................................................87 
 3.6. Organizações de apoio existentes e programas de desenvolvimento do setor. .....................89
4. Características da cadeia do mel ...........................................................................................................................92
5. Principais desafio para o desenvolvimento da cadeia do mel ................................................................. 96
 5.1. Apicultura ............................................................................................................................................................... 96
 5.2. Meliponicultura ................................................................................................................................................100
6. Fatores críticos de sucesso .....................................................................................................................................102
 6.1. Apicultura ..............................................................................................................................................................102
 6.2. Meliponicultura ................................................................................................................................................ 104
 6.3. Desenvolvimento da cadeia .........................................................................................................................105
7. Primeiras sugestões para uma abordagem de trabalho para o
desenvolvimento da cadeia do mel .......... ....................................................................................................107
 7.1. Estágios de maturidade da cadeia de mel ................................................................................................107
 7.2. Dimensões de apoio ......................................................................................................................................... 109
 7.3. Recomendações iniciais para uma abordagem de trabalho ........................................................... 110
Bibliografia ........................................................................................................................................................................ 110
Índice de figuras 
Figura 1 - Técnico realizando manutenção em caixa de abelhas .................................................................13
Figura 2 - Produção de Mel no Brasil ........................................................................................................................ 16
Figura 3 - Produção de Mel por Regiões ...................................................................................................................17
Figura 4 - Exportações de Mel brasileiro ................................................................................................................ 18
Figura 5 - Colmeias por Apicultor .............................................................................................................................. 19
Figura 6 - Consumo de Mel por País ......................................................................................................................... 19
Figura 7 - Abelha rainha ................................................................................................................................................ 23
Figura 8 - Dependência da Polinização ...................................................................................................................24
Figura 9 - Abelhas sem ferrão ......................................................................................................................................28
Figura 10 - Logomarca do Projeto Néctar da Amazônia ................................................................................. 30
Figura 11 - Bandeiras dos Países alvo do Programa Brazil Let's Bee ............................................................36
Figura 12 - Mortandade de Abelhas........................................................................................................................... 37
Figura 13 - Extermínio de Abelhas .............................................................................................................................38
Figura 14 - Processo de envase.....................................................................................................................................42
Figura 15 - Abelha colhendo néctar ..........................................................................................................................48
Figura 16 - Apicultor tirando quadro com favo de mel de uma colmeia. ................................................ 52
Figura 17 - Veracel ..............................................................................................................................................................65
Figura 18 - Mapa dos apiários nas áreas da Veracel ........................................................................................... 66
Figura 19 - Índios Pataxós recebendo capacitação .............................................................................................67
Figura 20 - Instituto Peabiru ........................................................................................................................................87Figura 21 - Estrutura e Fluxo dos Produtos da Cadeia do Mel .......................................................................92
Figura 22 - Apicultor verificando caixa de abelhas ..........................................................................................97
Figura 23 - Meliponicultura .......................................................................................................................................102
Figura 24 - Apicultor fumigando caixa de abelhas para facilitar o acesso............................................ 107
Índice de tabelas
Tabela 1 - Visitas de campo ............................................................................................................................................ 11
Tabela 2 - Outras entrevistas realizadas remotamente ....................................................................................12
Tabela 3 - Peabiru - Comunidades envolvidas......................................................................................................29
Tabela 4 - Número de estabelecimentos agropecuários com apicultura ............................................... 40
Tabela 5 - Lista de Entidades de Apicultura no PI .............................................................................................. 40
Tabela 6 - Visitas de Campo no PI ..............................................................................................................................49
Tabela 7 - Breve análise de aderência da cadeia do mel para com os aceleradores das ODS 
 identificados no Piauí ................................................................................................................................54
Tabela 8 - Número de estabelecimentos agropecuários com apicultura na BA ...................................56
Tabela 9 - Lista de Entidades de Apicultura na BA ..............................................................................................58
Tabela 10 - Visitas de Campo na BA...........................................................................................................................63
Tabela 11 - Entrevistas na BA .........................................................................................................................................63
Tabela 12 - Veracel - Levantamento Apicultura 2018 ........................................................................................64
Tabela 13 - Número de estabelecimentos agropecuários com apicultura no PA .................................. 74
Tabela 14 - Lista de Entidades de Apicultura no PA ............................................................................................ 74
Tabela 15 - Visitas de Campo no PA ...........................................................................................................................82
Tabela 16 - Entrevistas no PA ........................................................................................................................................83
Tabela 17 - Preços de Venda de Mel ...........................................................................................................................86
Tabela 18 - Análise do perfil e atuação dos principais atores na cadeia do mel ....................................94
Tabela 19 - Estágios de maturidade da cadeia de mel .....................................................................................107
Foto: Instituto Peabiru, Curuçá (PA)/Rafael Araújo
SUMÁRIO
10 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 11 
Visitas de campo 
ESTADO MUNICÍPIOS VISITAS/ENCONTROS REALIZADOS PERÍODO
PIAUÍ Picos, Simplício Mendes Sebrae – Escritório regional de Picos 16 a 17.09
Casa Apis – Central de Cooperativas
Mel Wenzel – Entreposto e trading
COMAPI – Cooperativa Mista dos Apicultores 
da Microrregião de Simplício Mendes
BAHIA Eunápolis, Porto Seguro Veracel – Estação Ecológica Veracel 07 a 09.10
Sindicato Rural de Eunápolis – reunião com 
representantes de cinco associações de 
apicultores, Sebrae e BNB
Sebrae – escritório regional de Eunápolis
PARÁ Altamira, Medicilândia Sebrae – Escritório regional de Altamira – reunião 22 a 24.10
e Vitória do Xingu com apicultores e representantes do
(Belo Monte II), Belém Sebrae e da UFPA
Apiário e Entreposto El Dourado
Estação de pesquisa de Meliponicultura da UFPA
Instituto Peabiru
Tabela 1 - Visitas de campo - 2019
1 Metodologia
 O estudo foi realizado em duas etapas principais: 
1) Levantamento de dados secundários, que gerou um relatório preliminar, e
2) Pesquisa primária, por meio de visita de campo e entrevistas com pessoas- 
chave, presencial ou remotamente. Nesta segunda etapa foram realizadas as
seguintes visitas e entrevistas:
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Pa
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12 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 13 
2.1.CONTEXTO GERAL
O Brasil está entre as 10 maiores economias do mundo (2017), com fortes avanços em termos de 
desenvolvimento humano e com grande potencial de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS). Entre 1980 e 2013 o País apresentou um aumento consistente e ininterrupto 
de seu IDH (passando de 0,545 em, 1980; para 0,744 em, 2013), um aumento de 36,4%. Essa 
melhoria reflete mudanças estruturais nos sistemas de educação, saúde e na renda dos 
brasileiros e brasileiras. 
Diante deste cenário, nota-se a relevância do engajamento de atores públicos e privados em 
torno da busca por soluções que fortaleçam um modelo de crescimento econômico mais 
inclusivo bem como favoreçam igualmente territórios e grupos sociais marginalizadas dos 
processos de desenvolvimento econômico e humano. Essas soluções são essenciais para que 
a trajetória de crescimento e de competitividade do mercado brasileiro seja ascendente e 
sustentada. 
2 Introdução 
à missão da iniciativa
ESTADO PESSOAS ENTREVISTADAS ORGANIZAÇÃO
BAHIA Julianna Alves Torres, IFBA - Campus Uruçuca
Professora
Ediney de Oliveira CEPLAC – Comissão Executiva do Plano e Lavoura
Magalhães, Pesquisador Cacaueira (www.ceplac.gov.br)
Roberto Vilela, Tabôa – ONG local do distrito de Serra Grande (www.taboa.org.br)
Diretor executivo 
Marivanda Eloy, Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) da Bahia
coordenadora 
do programa de apicultura
PARÁ João Meireles, Instituto Peabiru (peabiru.org.br)
Diretor executivo
Alexandre Alves Costa Luz, Sebrae – escritório regional de Redenção (responsável
Gerente pelos municípios de Tucumã e São Félix do Xingu)
Marco Aurélio, Gestor do 
programa de apicultura 
Gilberto da Silva Santos, CPT – Comissão Pastoral da Terra (www.cptnacional.org.br)
Agente
Clarismar Pinto de Oliveira, Prefeitura de Tucumã
Secretário Municipal de 
Meio Ambiente
SANTA Dr. Célio Hercílio Prodapys (www.prodapys.com.br)
CATARINA Marcos da Silva, 
proprietário e presidente
SÃO PAULO Kaline Rossi, Fundadora Amazônia Hub (amazoniahub.com)
e Diretora
RIO DE Tereza Corção, Presidente Instituto Maniva (www.institutomaniva.org), 
JANEIRO proprietária do restaurante ‘O Navegador’ e 
membro do grupo dos “Ecochefes’ do SindiRio 
(Sindicato dos Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro)
Tabela 2 - Outras entrevistas realizadas remotamente - 2019
Outras entrevistas realizadas remotamente
Figura 1 - Técnico realizando manutenção em caixa de abelhas - Foto: Envato Elements /Mint Images
14 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 15 
Fazendo frente a tais desafios, um número cada vez maior de atores nacionais e internacionais 
vem investindo esforços e reconhecendo o potencial dos negócios inclusivos e sociais como um 
setor estratégico para resolver problemas socioambientais e para atender às demandas da base 
da pirâmide. Neste sentido, para os fins do presente projeto, entende-se por negócios inclusivos 
e de impacto social, modelos de negócios que:
(...) oferecem, por meio do seu core business,bens, serviços e sustento de maneira 
comercialmente viável e em escala para as pessoas de menor renda, tornando-os parte da 
cadeia de valor das empresas como fornecedores, distribuidores, revendedores ou clientes. 
(PNUD, 2015, p.13) 
A amplitude conquistada pelo tema no Brasil e no mundo tem sido acompanhada, 
naturalmente, por um significativo aumento no número de negócios inclusivos e sociais no 
país nos últimos 10 anos, bem como no volume de investimentos de impacto disponíveis e 
na proliferação de atores intermediários. Entretanto, o ecossistema de negócios de impacto 
e inclusivos ainda se encontra em estágio embrionário no país, com diversas margens para 
crescimento e aperfeiçoamento. Além das disparidades geográficas – onde as regiões Norte, 
Nordeste e Centro-Oeste encontram ainda um ambiente de negócio pouco articulado. Estudo 
recente desenvolvido pelo PNUD em parceria com SEBRAE (PNUD, 2017) demonstra que o 
ecossistema ainda enfrenta uma série de lacunas em relação ao desenvolvimento desses 
modelos de negócios no Brasil, sobretudo no que diz respeito ao encadeamento produtivo e, 
sobretudo, o fortalecimento de capacidades de empreendedores de menor renda envolvidos nas 
cadeias da sociobiodiversidade. 
Soma-se a isso o fato de que, nas últimas décadas, reduzir as taxas de desmatamento no Brasil 
constitui um desafio constante. Além das ações de comando e controle, é necessário fortalecer 
atividades econômicas que combinem geração de renda, inclusão social e uso adequado dos 
recursos naturais existentes. 
O Brasil abriga uma riqueza biológica alinhada a uma diversidade sociocultural significativa, 
representada por povos indígenas, comunidades tradicionais quilombolas, extrativistas, 
agricultores familiares, entre outras. Essas comunidades possuem conhecimentos e habilidades 
expressivos sobre os sistemas tradicionais de manejo da biodiversidade. 
Apesar de toda essa riqueza, estatísticas oficiais demonstram que a produção extrativista não 
madeireira representa cerca de 0,48 % da produção primária nacional, o que equivale a apenas 
480 milhões de reais. Isso significa que os produtos da sociobiodiversidade brasileira ocupam 
um espaço pequeno na economia formal do país. 
Por sua vez, o potencial de competitividade das cadeias de produtos da sociobiodiversidade 
revelam a viabilidade de integrar o uso e a conservação da biodiversidade com atividades de 
geração de renda. Nas últimas décadas a demanda por produtos ambientalmente corretos 
aumentou nos mercados nacional e internacional. Além disso, a preocupação entre padrão 
de consumo e condições de saúde da população vem crescendo. Devido a isso, as indústrias 
alimentícia, de cosméticos, farmacêutica, serviços e outras têm começado a investir em 
produtos com base na biodiversidade brasileira. 
Os desafios relacionados ao uso sustentável dos recursos naturais estão ligados tantos aos 
produtores, sejam eles população tradicional, extrativistas ou pequenos agricultores familiares, 
quanto ao ambiente institucional das cadeias da sociobiodiversidade. Destacam-se:
Lacunas de conhecimento sobre a biodiversidade brasileira nas áreas de produção, manejo, 
beneficiamento e industrialização faz com que a capacidade instalada esteja aquém da demanda 
do setor produtivo. 
Financiamento dos pequenos negócios sustentáveis e rurais, que envolve a defasagem entre 
o lançamento de instrumentos financeiros inovadores para atender aos pequenos produtores e 
as exigências do mercado. 
Produção dispersa e pouco estruturada. Os produtos e serviços da sociobiodiversidade têm 
caráter pontual, escala pequena e restrita abrangência territorial, econômica e social. 
Cadeias da sociobiodiversidade pouco institucionalizadas. No âmbito governamental, as 
medidas de apoio aos produtos da sociobiodiversidade encontram-se dispersas em diferentes 
Ministérios, sem uma articulação que possibilite coordenar ações e potencializar investimentos. 
Diante desse quadro, o PNUD, em conjunto com parceiros estratégicos, desenvolve uma série 
de ações conjuntas para potencializar, por meio de negócios inclusivos e de impacto social, o 
uso sustentável da biodiversidade brasileira. Neste sentido, busca apoiar ações integradas para 
a promoção e fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade para agregar 
valor, ampliar o acesso e consolidar mercados sustentáveis. Estas ações são alinhadas com o 
desenvolvimento de cadeia, aumento de renda, crescimento econômico e melhoria da qualidade 
de vida das pessoas por meio do fomento cadeias de produtos da sociobiodiversidade. Dessa 
forma, o PNUD busca efetivamente inserir a Agenda 2030 nas cadeias produtivas, gerando assim 
mecanismos de aceleração do avanço em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS), bem como fomentar a criação de redes locais que atuem neste mesmo sentido. 
Em particular, o PNUD - por meio da iniciativa Country Investment Facility - está atuando 
em estados prioritários no Norte e Nordeste do País, criando redes locais, fortalecendo 
cadeias produtivas e reforçando sua interrelação com os aceleradores dos ODS. Esta iniciativa 
permite lançar as bases para criação de uma rede local para atuar em prol dos Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável, e prevê em sua estratégia o engajamento de diversos atores do 
setor privado – empresas, institutos e fundações, entre outros.
A cadeia de mel de abelha se destaca neste contexto pelo seu potencial de impacto econômico 
como renda complementar para a agricultura familiar. A meliponicultura ainda traz o apelo 
da valorização das espécies nativas das florestas atlântica e amazônica que estão começando a 
receber uma atenção especial nos últimos anos.
2.2. SELEÇÃO DAS REGIÕES ALVO
Os territórios definidos como prioritários incluem a região do Pará (sub-regiões nordeste e 
sudeste: Altamira, Tucumã, Medicilândia e São Felix do Xingu), Sul da Bahia (Costa do Mel: 
Ilhéus, Itacaré, Serra Grande, Una, Canavieiras, Trancoso / Costa do Descobrimento: Porto 
Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Belmonte) e o estado do Piauí. Nas regiões do Pará e da Bahia, 
o Instituto Humanize já possui atuação junto a várias comunidades, enquanto que o estado do
Piauí é parceiro do PNUD na implantação dos ODS.
16 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 17 
¹ ASSAD, A.L.D. et.al. Plano de fortalecimento da cadeia produtiva da apicultura e da meliponicultura do estado de São Paulo. Secretário de Agricultura 
e Abastecimento do Estado de São Paulo, 2018. Vide anexo eletrônico.
A agricultura brasileira tem crescido significativamente em produtividade e qualidade técnica nas últimas décadas 
situando o Brasil como um dos polos produtores mundiais de alimentos.
Produção de mel no Brasil |Toneladas
Este capítulo objetiva contextualizar o cenário atual, apresentando dados sobre volumes de 
produção e comércio, produtores, modelos de negócios, da cadeia de valor e do ambiente de 
negócio bem como das principais restrições e oportunidades no setor. 
A apresentação dos dados é dividida entre dados que são de âmbito nacional ou ligados à 
temática geral da cadeia de valor do mel de abelhas, independentemente de identificação 
geográfica, e dados pertinentes a cada um dos três estados ou das regiões de interesse.
3.1. NACIONAL
Produção e consumo de mel¹
Segundo dados da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) e da Associação Brasileira de 
Exportadores de Mel (ABEMEL), o setor possuía em 2015 184 entrepostos com Sistema de Inspeção 
Federal (SIF), centenas de entrepostos com Serviço Inspeção Estadual (SISP) e Municipal (SIM), 
uma estimativa de 450 mil ocupações diretas no campo, 19 mil na indústria de processamento 
(entrepostos) e 17 mil na indústria de insumos (máquinas e equipamentos), e um mercado de varejo 
avaliado em 796 milhões de reais. O quadro abaixo apresenta a produção brasileira de mel de 1995 
a 2015 (ABEMEL), indicando crescimento contínuo e com espaço para expansão, sejano mercado 
interno, seja para exportação.
Figura 2 - Produção de Mel no Brasil. Fonte: IBGE, 2016 - Inteligência Comercial - icom@abemel.com.br 04/01/2017
 3 Contexto agrícola, 
político e institucional
18.122
21.172
19.061 18.308 19.751 21.865 22.219 24.028
30.022 32.336 33.791
36.263 34.789
37.836 39.029 38.016
41.575
33.575 35.364
38.472 37.815
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Este mesmo dado é apresentado por regiões, na qual se destaca a região Nordeste, seguida da região Sul. 
A região Sudeste possui muito espaço para crescer e expandir a produção.
Figura 3 - Produção de Mel por Regiões. Fonte: IBGE, 2016 - Inteligência Comercial - icom@abemel.com.br - 04/01/2017
Produção de mel brasileiro
PRODUÇÃO DE MEL BRASILEIRO POR REGIÃO, NO PERÍODO DE 2010 A 2015, EM TONELADAS
Produção de mel - Regiões |Toneladas|
n 2010 n 2011 n 2012 n 2103 n 2014 n 2015
Norte 
Nordeste 
Sudeste
Sul
Centro Oeste
922
945
926
933
1.051
948
13.116
16.910
7.701
7.533
10.845
12.305
6.156
6.151
6.727
7.594
8.428
8.856
16.532
16.154
16.659
17.738
16.462
14.119
 1.290
 1.415
 1.562
 1.563
 1.682
 1.587
18 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 19 
Dados da ABEMEL apontam para o crescimento da exportação brasileira de mel: no ano de 2015, 
a exportação representou cerca de 59% da quantidade produzida no País, como mostra o quadro 
abaixo:
O principal produto da apicultura e meliponicultura consumido pela população é o mel. 
Segundo Instrução Normativa nº 11 de 20 de outubro de 2000, o mel é o produto alimentício 
produzido pelas abelhas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes 
vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas 
de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas 
próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia. Encontrado em estado 
líquido viscoso e açucarado, ele é constituído de diferentes açúcares, predominantemente de 
monossacarídeos: glicose e frutose. Ele também apresenta teores de proteínas e aminoácidos, 
enzimas, minerais, pólen e outras substâncias como sacarose, maltose, malesitose e outros 
oligossacarídeos como a dextrina. Além de pequenas concentrações de fungos, algas, leveduras e 
partículas sólidas que resultam do processo de obtenção do mel.
Uma análise do perfil do apicultor nacional realizada pelo SEBRAE mostra que existe uma 
concentração grande de pequenos apicultores com até 50 caixas de abelhas, os quais produzem 
cerca de 17% do mel, quase sempre realizando a atividade como segunda opção de renda. 
Segundo o mesmo estudo, 60% da produção é realizada pelos apicultores que possuem de 51 a 
400 caixas.
Exportação de mel brasileiro
O crescimento das exportações de mel é positivamente relacionado com a produção. Nota-se que os 
anos de 2012 e 2013 não mantiveram o resultado obtido em 2011, ano de referência até então para as 
exportações brasileiras de mel.
Participação das exportações sobre o volume produzido|Toneladas
n Produzido n Exportado (%)
Figura 4 - Exportações de Mel brasileiro. Fonte: IBGE/AliceWeb - Inteligência Comercial - icom@abemel.com.br 04/01/2017
0,01 0,03 0,27 0,09 0,09 1
 11
 53
64
65
43 40 37
48
 67
 49
 54
 50 46
 66
 59
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura 5 - Colmeias por Apicultor. Fonte: Sebrae - Foto: Envato Elements/Perutskyy
Consumo – A grande oportunidade
Embora possua muitas qualidades para o consumo humano, segundo dados da CBA e ABEMEL, 
o valor comparativo de consumo de mel em gramas por habitantes por ano, mostra que o Brasil
ainda possui um consumo muito baixo em comparação com outros países e tem espaço para
crescer, com ações de incentivo como a utilização do mel na merenda escolar.
Comparativo de consumo de Mel (em gramas/habitantes/ano)
0 250 600 750 1000 1250 1500 1750
Figura 6 - Consumo de Mel por País
COLMEIAS POSSUÍDAS PERCENTUAL PERCENTUAL
POR APICULTOR DE APICULTOR DE MEL PRODUZIDO
ATÉ 50 49,5 17,0
51 A 100 25,3 20,7
101 A 200 15,6 22,5
201 A 400 6,5 17,6
401 A 700 2,2 12,2
MAIS QUE 701 0,9 9,8
Suíça 1500
Alemanha 960
EUA 910
Classe alta (250 a 300) 275
Sul do Brasil (200 a 250) 250
Brasil 60
20 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 21 
Em relação à Alemanha, por exemplo, o Brasil ainda teria um potencial de crescimento de 1.600%! 
Mas não é preciso ir tão longe. O consumo na região Sul e entre a população de faixa de renda 
mais alta é entre 300% e 400% maior do que a média nacional, o que significa que boa parte da 
população consome bem abaixo de 60ml/ano. 
De acordo com especialistas do setor, esta diferença se deve à forte influência da imigração 
alemã e italiana no Sul, em que a criação e o consumo de mel como alimento fazem parte 
da tradição, enquanto que, em muitas regiões, o mel é apenas consumido como remédio na 
época de inverno, muitas vezes misturado com ervas e frutas para chamados ‘lambedores’. 
Em relação ao consumo maior da população de renda mais elevada há principalmente 
dois aspectos a serem considerados: 1) Mel de abelha não é um produto tão acessível para 
a população de baixa renda; 2) Presume-se que a população de maior renda também tenha 
um nível educacional maior e, portanto, um maior conhecimento sobre os benefícios do mel 
para a saúde bem como maior interesse e motivação na efetiva prática de uma alimentação 
mais saudável. A falta de conhecimento básico em relação a mel de abelha ainda é um grande 
fator a impactar o consumo. Em uma pesquisa de mercado recente (2018), realizada na região 
NE pelo autor do presente estudo para o Sebrae PE, os varejistas que tinham um público de 
menor poder aquisitivo também estocavam menos variedades de marcas de mel e registravam 
um giro significativamente menor do que varejos em bairros de maior poder aquisitivo nas 
mesmas cidades. Neste contexto, os relatos de que o público não sabe nem a diferença entre 
mel de abelhas e ‘Mel Karo’ são frequentes, além de confirmarem a sazonalidade em relação ao 
maior consumo na época de chuva. 
No entanto, embora a necessidade de se realizar campanhas educativas esteja sendo discutida 
há muitos anos, o setor de apicultura brasileiro não possui uma entidade forte, estruturada e 
organizada para conduzir este tipo de atividade, entre outras. 
A notícia boa é que a tendência da ‘saudabilidade’, ou seja, da busca por alimentação e práticas 
mais saudáveis, beneficia também o consumo de mel. No entanto, permanecem as restrições 
regionais e de poder aquisitivo. 
Polinização
Embora ainda seja o principal produto das abelhas, o valor econômico do mel é muito inferior 
àquele dos serviços ambientais produzidos pela polinização que realizam em cultivos agrícolas. 
Algumas estimativas indicam que o valor econômico do mel de A. mellifera é incrivelmente 
inferior àquele atribuído ao serviço de polinização de culturas agrícolas que essas abelhas prestam. 
As abelhas têm papel fundamental como agentes eficientes e essenciais para a reprodução e, 
consequentemente, para a manutenção da diversidade genética de muitas espécies de plantas em 
ambientes naturais e agrícolas.
A polinização dirigida é uma tecnologia que pode ser compreendida como um novo tipo de 
insumo agrícola para determinadas culturas. Estudos mostram que a polinização dirigida, 
tecnicamente realizada, tem potencial para aumentar fortemente a produtividade e a qualidade 
da produção das culturas frutíferas e de café, entre outras. A polinização tem potencial para 
melhorar as condições do ambiente, pois o aumento de produtividade pode ajudar a reduzir 
a produção de gases de efeito estufa da produção agrícola. Além disso, a atividade das abelhas 
pode servir de sentinela da qualidadeambiental. 
Quando as flores são polinizadas adequadamente, os frutos formados são maiores, têm 
melhor qualidade e maior número de sementes quando comparados àqueles formados por 
flores com deficiência na polinização. Consequentemente, esses frutos têm maior sucesso 
reprodutivo, em termos ecológicos, e maior rentabilidade, em termos econômicos. Avaliações 
baseadas em dados da FAO (Food and Agriculture Organization) afirmam que cerca de 33% dos 
produtos utilizados em alimentação humana dependem em algum grau de cultivos polinizados 
pelas abelhas. As abelhas são agentes polinizadores fundamentais para a agricultura. 
Globalmente, a polinização animal beneficia a produção de 75% das culturas agrícolas. No 
Brasil, aproximadamente 60% das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana 
e produção animal apresentam algum grau de dependência por polinização animal, incluindo 
frutíferas, leguminosas, oleaginosas e outras culturas com alto valor agregado, como a 
castanha-do-Brasil, o cacau e o café. Do ponto de vista monetário, o benefício produzido pelos 
polinizadores animais no País representa cerca de US$12 bilhões, não incluindo os serviços 
ecossistêmicos das abelhas voltados à conservação da biodiversidade.
Nos EUA, grande parte das colmeias está sendo direcionada para a polinização agrícola, 
principalmente da cultura da amêndoa, como um serviço de polinização de forma que, 
atualmente, o mel está sendo considerado mais como subproduto, nesse país. No Brasil, o 
serviço de polinização por meio do aluguel de colmeias ainda está sendo pouco explorado, 
restringindo-se à polinização do melão na região Nordeste; da maçã, na região Sul; e de algumas 
culturas específicas, como abacate e melancia, no Sudeste. 
A maioria dos animais polinizadores é silvestre, incluindo mais de 20 mil espécies de abelhas, 
além de algumas de moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros, trips (insetos da ordem 
Thysanoptera), pássaros, morcegos e outros vertebrados, como lagartos e pequenos mamíferos.
“Cerca de 90% das espécies de plantas silvestres dependem, pelo menos em parte, da 
transferência de pólen feita por animais. Essas plantas são críticas para o funcionamento dos 
ecossistemas, pois fornecem comida e outros recursos essenciais para uma enorme gama de 
espécies”. Afirmou Vera Lucia Imperatriz Fonseca, professora sênior do Instituto de Biociências 
da Universidade de São Paulo (IB-USP).²
O peso econômico da polinização 
Dados do Ministério do Meio Ambiente revelam que 85% das plantas e flores necessitam, 
em algum momento do seu desenvolvimento, de animais polinizadores e que 75% dos 
alimentos produzidos para consumo humano dependem de plantas polinizadas. Estima-se 
que a polinização na agricultura gire em torno de 10% do PIB agrícola, o equivalente a U$ 200 
bilhões/ano.
Portanto, os benefícios da polinização incluem: 
- O retorno econômico com a introdução de polinizadores é elevado;
- As produções são favorecidas no seu desenvolvimento, por exemplo, com a colheita de frutos
mais doces, com tamanho e pesos superiores;
- As plantas são mais resistentes a doenças e pragas;
- Favorece a harmonia com meio ambiente, aproximando árvores silvestres e plantas do mato;³
² GRIGORI, P. Meio bilhão de abelhas morreram no Brasil — e isso é uma péssima notícia. Exame.com, 2019. Disponível em: https://exame.abril.com.br/
brasil/meio-bilhao-de-abelhas-morreram-no-brasil-e-isso-e-uma-pessima-noticia. Acesso em 25/10/2019
³ A.B.E.L.H.A. Polinização agrícola é alternativa de renda para pequenos e médios apicultores. A.B.E.L.H.A., 2019. Disponível em: https://abelha.org.br/
polinizacao-agricola-e-alternativa-de-renda-para-pequenos-e-medios-apicultores/. Acesso em 25/10/2019
22 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 23 
Inimigos das abelhas
Os principais inimigos das abelhas são os agrotóxicos neonicotinoides, uma classe de inseticidas 
derivados da nicotina, por exemplo, o Clotianidina, Imidacloprid e o Tiametoxam. 
Com a polinização, tanto apicultores quanto agricultores são beneficiados. As lavouras ganham 
em produtividade e qualidade, e as abelhas são favorecidas com a oferta de mais pólen e néctar.
Necessidade de preservar a polinização
 Caso não sejam adotadas medidas para reverter o quadro, as consequências para a economia 
global, a produção de alimentos, o equilíbrio dos ecossistemas e a saúde e o bem-estar humanos 
poderão ser desastrosas. Segundo dados da International Union for Conservation of Nature 
(IUCN), 16,5% das espécies de polinizadores vertebrados estão na chamada “Lista Vermelha”, ou 
seja, correm risco de extinção global. Embora no caso dos insetos não exista uma Lista Vermelha, 
avaliações feitas em nível regional e nacional indicam alto nível de ameaça para algumas 
espécies de abelhas e borboletas – frequentemente, estudos locais indicam que mais de 40% dos 
invertebrados estão ameaçados. 
Nas entrevistas realizadas com especialistas e pessoas-chave nos territórios alvo, a polinização 
apenas foi mencionado no contexto da abelha meliponis, indicando que esta atividade não 
é considerada entre os apicultores. No Piauí houve menção de apicultores que praticam a 
migração de colmeias, porém visando à busca de pasto apícola nas entressafras de suas regiões 
de origem, indo principalmente para o Maranhão. 
As entidades atuantes ou interessadas na meliponicultura, citaram a polinização como importante 
benefício para os agricultores familiares que adotaram ou virão a adotar a criação de abelhas sem 
ferrão, visando à produtividade de seus pomares e culturas de plantio principais. No entanto, a 
principal motivação econômica para a instalação de colmeias ainda é a produção de mel. 
Em nenhum caso, a polinização foi mencionada como atividade de prestação de serviço 
remunerado. Da mesma forma, não foram identificados estudos sobre a mensuração do impacto 
econômico concreto da polinização. 
Produtores alugam abelhas para polinizar fazendas e 
aumentar produtividade⁴ 
Comum em outros mercados, o aluguel de abelhas para ajudar a melhorar a produção das 
lavouras ainda é pouco praticado no Brasil. Mas já começam a surgir no País startups dedicadas a 
conectar agricultores e apicultores para promover a chamada polinização assistida.
Nos Estados Unidos, cerca de 70% dos criadores de abelhas já são especializados no serviço. Aqui, 
nem 10% das 2,5 milhões de colmeias são alugadas, segundo estimativa do pesquisador Cristiano 
Menezes, da Embrapa Meio Ambiente.
4 MELO, L. 'Uber das abelhas': agricultores recorrem a aluguel de colmeias para melhorar produção de maçã, morango, café e outros grãos. 
g1.globo.com, 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2019/10/05/uber-das-abelhas-agricultores-
recorrem-a-aluguel-de-colmeias-para-melhorar-producao-de-maca-morango-cafe-e-outros-graos.ghtml?fbclid=IwAR22A_
Hi9QtLHNPiSsoE_5nuwGXJjB80DANmnql8vfU0uvzozTSZoon93a. Acesso em 01/11/2019
Figura 7: Apicultor introduzindo uma nova abelha rainha em uma gaiola de introdução - Foto: Envato Elements/Grafvision
Algumas culturas são extremamente dependentes de polinizadores para produzir, como maçã, 
melão, abóbora e amêndoas. Em outras, o trabalho das abelhas não é essencial, mas pode 
trazer ganhos de produtividade, melhorar a qualidade dos frutos ou aumentar a quantidade de 
sementes. É o caso do café, da laranja, do tomate e da soja, entre outros.
"Maçã é a cultura que hoje aluga mais colmeias no Brasil, e são cerca de 50 mil por ano. Nos EUA, 
são 2 milhões só para amêndoas", diz Menezes. "Aqui o serviço ainda geralmente é informal, 
desorganizado, sem muita técnica, às vezes as caixas não são colocadas no lugar certo."
O G1 visitou uma fazenda de café que está testando o aluguel de abelhas, com a ajuda de uma 
startup que criou um aplicativo para conectar apicultores e agricultores, uma espécie de "Uber 
das abelhas".
O mercado potencial é grande. O valor do serviço de polinizadores presentesna natureza 
(não apenas de abelhas alugadas) para a produção de alimentos no Brasil foi estimado em 
R$ 43 bilhões em 2018, segundo estudo da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços 
Ecossistêmicos (BPBES) e da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP).
O número é calculado multiplicando-se a taxa de dependência de abelhas de cada cultura pelo 
valor de sua produção. Para o ano passado, cerca de 80% da quantia veio de quatro grandes 
cultivos: soja, café, laranja e maçã. O levantamento inclui a polinização feita por abelhas, 
borboletas, vespas e outros insetos, além de morcegos.
24 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 25 
Ajuda 
extra para 
produzir
NÍVEL DE DEPENDÊNCIA / 
AUMENTO NA PRODUÇÃO COM A 
AÇÃO DE POLINIZADORES
Essencial
90% a 100%
Alta 40% a 90%
Modesta 
10% a 40%
Pouca 0% a 10%
TOMATE 
UVA 
FEIJÃO
AMORA
CAFÉ 
SOJA 
LARANJA 
PIMENTÃO
ABACATE, AMEIXA, BERINJELA, 
CEBOLA, GOIABA, GUARANÁ, 
PÊSSEGO
MAÇÃ 
MELÃO 
MELANCIA
MARACUJÁ
CAJU
ABÓBORA
ACEROLA
TANGERINA
Figura 8 - Dependência da Polinização - Fonte: BPBES e REBIPP 23/09/2019
consecutivo. A área polinizada ainda é pequena: elas foram instaladas em 5 dos 110 hectares 
plantados com arábica, mas o resultado animou o empresário.
"Em 2018, a produtividade por pé da área polinizada [com as abelhas alugadas], comparada 
com a não polinizada, foi em torno de 50% maior", conta Leonel, lembrando que a florada 
foi irregular naquele ano e que a área de teste foi de apenas 1 hectare. "A tendência é ir 
ampliando", diz.
Da primeira vez, as abelhas levadas à fazenda de Leonel foram as africanizadas, as mais 
conhecidas, com ferrão, do gênero Apis. Neste ano, foi a vez das tubunas e mandaguaris 
fazerem o trabalho – são abelhas nativas do Brasil, sem ferrão, do gênero Scaptotrigona.
A espécie mais indicada vai depender da cultura. Para o café, essas três funcionam porque são 
populosas e "fáceis de criar" e conseguem atender a plantações em grande escala.
"Para o morango, são adequadas a africanizada e a jataí. A mandaguari a gente já testou, mas 
Algumas culturas não produzem sem a ação de polinizadores, veja nível de dependência 
abaixo.
Segundo Menezes, no Brasil, a polinização assistida já se popularizou de maneira informal 
entre os produtores de melão e maçã – culturas totalmente dependentes das abelhas. Nas 
demais, raramente é utilizada, porque medir o ganho de produtividade proporcionado não é 
simples.
No caso do café, a ação dos polinizadores naturalmente presentes no ambiente aumenta a 
produção em 10% a 40%, segundo o relatório da BPBE e da REBIPP. O aluguel de abelhas vem 
como um reforço, e pode levar a um incremento ainda maior, explica o pesquisador. "Mas os 
produtores, principalmente de arábica, usam muito pouco, porque estão acostumados com 
décadas de trabalho que já trazem um nível de produtividade aceitável."
O cafeicultor Alexandre Leonel é um dos que estão testando o serviço. Sua fazenda, 
em Franca, São Paulo, recebeu abelhas durante a florada, em agosto, pelo segundo ano 
26 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 27 
⁵ MEIRELLES FILHO, João. A revolução das abelhas sem ferrão, A.B.E.L.H.A. 2017. Disponível em: https://abelha.org.br/revolucao-das-abelhas-sem-
ferrao/. Acesso em 12/08/2019.
ela não gosta da flor. Para o tomate, a africanizada já não serve, porque tem que morder e 
vibrar a flor para tirar o pólen, e ela não faz isso. Nesse caso são indicadas a abelha mandaçaia 
ou a uruçu, que são sem ferrão e de grande porte", explica Menezes, da Embrapa.
O resultado também varia. No morango, por exemplo, a polinização ajuda a reduzir a 
deformação dos frutos. No feijão, aumenta a produção de sementes.
"Mesmo para culturas que são pouco dependentes da polinização, como a soja, o café e a 
laranja, quando as abelhas estão presentes, os frutos e as sementes acabam sendo maiores, 
mais homogêneos e o valor de mercado desses produtos aumenta", diz Charles dos Santos, 
biólogo e cofundador da ApiAgri, startup que está desenvolvendo um serviço de polinização 
assistida.
Quem alugou as abelhas para o Alexandre Leonel neste ano foi Marcelo Ribeiro, conhecido 
como Batata. Ele tem um apiário em Jacuí, Minas Gerais, a pouco mais de 100 quilômetros de 
Franca, e produz cerca de meia tonelada de própolis anualmente. Tem cerca de 800 colmeias 
de abelhas africanizadas e outras 250 de espécies sem ferrão.
Elas foram levadas três dias antes da florada e ficaram no local por 10 dias. A flor do café tem 
vida curta e permanece aberta por três a cinco dias. Foi a primeira vez que o Batata prestou 
esse serviço, por intermédio da startup AgroBee, de Ribeirão Preto, que conecta apicultores 
a produtores rurais interessados na polinização assistida. A ApiAgri, com sede em Sorocaba, 
também está começando a atuar nesse mercado. Os biólogos da AgroBee é que avaliam a 
quantidade de caixas necessárias, o lugar mais apropriado para colocá-las e a espécie de 
abelha indicada, de acordo com os objetivos dos agricultores. "Fazemos também auditoria 
nas colmeias para ver se elas atendem aos requisitos exigidos, como quantidade de abelhas, 
sanidade, se estão produzindo cria – porque aí elas vão necessitar de alimento e não servem 
para a polinização", diz Arthur Nascimento, biólogo da startup.
Pelo serviço, a empresa cobra uma porcentagem (não revelada) do aluguel pago ao apicultor, 
que fica responsável pelo transporte e instalação das colmeias nas fazendas. Outra questão 
que precisa ser controlada com cuidado é o uso de agrotóxicos nas lavouras que recebem as 
abelhas – os apicultores têm indenização garantida em contrato em caso de morte ou dano 
aos enxames.
Na fazenda do Alexandre Leonel, as colônias foram instaladas na parte orgânica da lavoura, 
o que significa que aqueles pés de café estão há pelo menos 36 meses sem receber herbicidas
ou adubos químicos. Dos 110 hectares, 60 já são de café orgânico. Nessa área, que é irrigada, a
produtividade gira em torno de 40 a 50 sacas por hectare.
"O plano é ampliar as áreas de polinização assistida na medida em que as lavouras vão sendo 
convertidas para orgânico e vão ganhando certa estrutura para poder acomodar as colmeias 
com segurança", diz.
Batata recebeu R$ 45 por cada uma das 30 caixinhas que colocou na fazenda de café do 
Alexandre. A quantia paga pelo agricultor não foi divulgada. Nos EUA, apicultores chegam 
a receber US$ 200 por colmeia alugada para as lavouras de amêndoa, segundo Menezes, 
da Embrapa. A AgroBee diz que os valores podem variar de acordo com o tamanho da 
área polinizada, a demanda por colmeias e outros fatores como a compra ou não do mel 
produzido durante o período do aluguel.
A startup tem cadastradas mais de 30 mil colmeias de diversas espécies, e mais de 5 mil 
hectares de plantações café, morango, abacate, hortifruti, entre outras. A AgroBee lançou 
recentemente um aplicativo para facilitar a conexão entre os produtores e os apicultores, 
uma espécie de "Uber das abelhas", disponível para Android.
A concorrente ApiAgri tem hoje 30 criadores de abelhas cadastrados e está formando a base 
de agricultores. Ela lança seu aplicativo em novembro.
Vale a pena para o apicultor?
Diferentemente dos Estados Unidos, onde muitos apicultores tiram sua renda apenas da 
polinização, no Brasil, as colmeias alugadas normalmente são as mesmas usadas para a 
produção de mel, ou de outros produtos como própolis e pólen.
Por isso, a viabilidade para o criador vai depender do período do aluguel. "Depende do foco do 
apicultor. No caso do café, a floração coincide com o período de safra de mel no Sudeste, por 
exemplo", explica Cristiano Menezes.
Para o Batata, o negócio valeu a pena. "Faz dois ou três anos que eu trabalho com abelhas sem 
ferrão e elas nunca tinham dado resultado, porque dão muito pouco mel e ainda não achei 
mercado para o própolis delas. Aí o aluguel já é uma fonte de renda", conta. O própolis queele 
vende é produzido pelas abelhas africanizadas.
Meliponicultura – abelhas sem ferrão⁵
Embora seja uma atividade que já era realizada há milhares de anos pelos povos originários 
das américas e que foi apresentada aos colonizadores portugueses por nossas populações 
indígenas, ela consolidou-se como atividade cabocla nos últimos quatro séculos, 
principalmente entre os povos tradicionais do Brasil. A atividade tradicional começou a ser 
aprimorada no início do século 20, à medida que as espécies de abelhas nativas sem ferrão 
eram descritas pelos naturalistas. Contudo, foi a partir dos trabalhos do Dr. Paulo Nogueira 
Neto, nos anos 1950, que a meliponicultura se desenvolveu em bases de manejo e criação 
racionais. Apesar de ser uma atividade tradicional e mais antiga que o próprio Brasil, a 
criação de abelhas nativas ainda se enquadra como criação de outros animais silvestres e, 
portanto, sujeita aos dispositivos legais relacionados à matéria.
O que se observa é um crescimento da meliponicultura em todo Brasil, crescimento esse 
que não tem sido acompanhado pela criação de arcabouço jurídico condizente com as 
características da atividade, que permita aos meliponicultores exercerem a atividade de 
forma regular.
Biodiversidade
São estimadas 25 mil espécies de abelhas no planeta. No Brasil, há milhares de espécies. 
O destaque é para o gênero Melipona, as abelhas sem ferrão. Diferentemente das abelhas 
do gênero Apis, introduzidas no Brasil em 1838, animal exótico e perigoso (sua picada pode 
matar), as Meliponas não apresentam risco e, após milhões de anos de evolução, estão mais 
bem adaptadas ao meio. Das 600 espécies desse gênero no mundo, há 244 no Brasil, e 89 
aguardam descrição científica. Na Amazônia, há 114 espécies, número que pode crescer. 
28 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA
E não há sequer inventário de espécies por Estado, o que, para Vera Imperatriz-Fonseca, 
pesquisadora do Instituto Tecnológico Vale (ITVS) seria de grande relevância. As abelhas 
sem ferrão são conhecidas por uruçu, jataí, mandaçaia, etc. e representam imenso e pouco 
conhecido patrimônio brasileiro.
Conservação
Se considerada apenas a floresta amazônica, como concluiu Warwick Kerr em estudos no 
Tapajós, de 35% a 90% das árvores dependem de abelhas como polinizadores primários. 
Uma floresta conservada tem dezenas de espécies, em pastagem degradada dificilmente 
acham-se mais que duas.
Restauração florestal
Em 2015, na Conferência do Clima da ONU, em Paris, o Brasil se comprometeu a restaurar 
12 milhões de hectares de florestas até 2030 para reduzir em 43% suas emissões. Esta 
meta espetacular só será alcançada se considerado o manejo de melíponas. As abelhas 
aumentam a polinização, a produção de frutos e a dispersão de sementes, além de sua 
criação contribuir para combater o desmatamento e o fogo (um dos maiores problemas da 
restauração), visto que o produtor se restringe mais nestas práticas onde ele mesmo tiver 
colmeias.
Mais produção
Alguns dos produtos do Brasil e da Amazônia, como açaí, castanha do Brasil, cacau, pimentas 
e frutas, dependem das abelhas sem ferrão para polinização. No caso do açaí, as melíponas 
estão entre principais polinizadores. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(Embrapa) e o Instituto Peabiru iniciaram pesquisas para saber se a criação de melíponas nos 
açaizais aumenta a produção. Esta é uma informação importante, afirma Antônio Cordeiro 
de Santa, da Universidade Federal Rural da Amazônia, pois o açaí se tornou cadeia de valor 
que movimenta mais de R$ 4 bilhões/ano, e principal fonte de renda de muitas comunidades 
da Amazônia.
Mel valioso
Apesar de explorado por índios, foi sempre escasso e é valorizado pela medicina tradicional. 
A demanda crescente é puxada pelo mercado gourmet. Com milhares de pequenos criadores, Tabela 3 - Peabiru - Comunidades envolvidas - 2019
SUBPROJETO MUNICÍPIO Nº COMUNIDADES ENVOLVIDAS 
 1 Macapá – AP 1 Mel da Pedreira
 2 São Pedro dos Bois 
 3 Ambé
 4 São Tiago 
 5 Açaizal
 2 Oiapoque – AP 6 Tukay 
 7 Galibi
 8 Ahumã 
 9 Yawká
 10 Cabeceira
 11 São Pedro
 12 Pingo D’água
 3 Curuçá – PA 13 Km 50
 14 Santo Antônio
 15 Araquaim
 16 Sede Curuçá
 4 Almeirim – PA 17 Praia Verde
 18 Lago Branco
 19 Juçarateua
 20 Santana
 21 Nazaré
 Monte Alegre – PA 22 Lages
 23 6 Unidos
 24 Paitúna
 5 municípios 24 Comunidades
Figura 9 - Abelhas sem ferrão - Mandaçaia (Melipona mandacaia). Foto: Wikipedia/Thiago Mlaker
REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 29 
seu valor é pelo menos 3 vezes mais alto que o produto da Apis, inclusive porque uma 
colmeia produz pouco mais de 1 quilograma mel/ano (na Apis, são de 10 a 20 quilogramas).
Meliponicultura
Somente agora, após 50 anos desde sua definição científica, a criação racional de abelhas sem 
ferrão – a meliponicultura – começa a adquirir escala. Entre os difusores da meliponicultura 
na Amazônia estão Embrapa, Universidade Federal do Maranhão e ONGs (Instituto 
Socioambiental, Fundação Amazonas Sustentável e Instituto Peabiru). A capacitação de 
agricultores familiares e a simplificação do licenciamento do manejo de abelhas nativas 
permitiram o surgimento de iniciativas como o projeto Néctar da Amazônia, do Instituto 
Peabiru, financiado pelo Fundo Amazônia (gerido pelo BNDES), envolvendo mais de 100 
produtores e 5 mil colmeias de 5 municípios no Amapá e Pará, legalizadas no Sistema 
Nacional de Gestão de Fauna Silvestre (Sisfauna) e alcançando o mercado com Selo de 
Inspeção Federal (SIF) (Vide abaixo o resumo do projeto).
30 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 31 
Renda local
 Para 1 milhão de agricultores familiares da Amazônia, 30 colmeias podem gerar R$ 600/ano, 
equivalente à renda de mais de um mês. Melhora também a segurança alimentar da família com 
mais frutos e mel na mesa. Se o controle do dinheiro estiver com a mulher, seu impacto é ainda 
maior. Tem potencial, inclusive, de desestimular a juventude a migrar em busca de trabalho. 
Mais que fonte de renda, para Vera Imperatriz-Fonseca, a meliponicultura deveria ser atividade 
rural como outra qualquer, pois são animais silvestres que fazem parte do dia a dia do agricultor.
Sociobiodiversidade
As melíponas são generalistas na busca de néctar e pólen, ou seja, coletam o néctar e pólen de 
diversas plantas. Seu mel contém a essência de toda uma floresta em uma colher. O consumidor 
adquire mais que um adoçante com sabores diversificados e características físico-químicas 
peculiares. É poderoso aliado da conservação da biodiversidade e da restauração florestal para 
manter a floresta em pé. É produto da sociodiversidade brasileira – indígenas, quilombolas e 
povos e comunidades tradicionais, gerando renda em seu território.
Desafio
Se se encontrassem mecanismos de remunerar os serviços ambientais das abelhas sem ferrão, 
além da venda do mel e das colmeias a outros produtores, se revolucionaria a restauração 
florestal, o combate a queimadas e desmatamentos, e, por consequência, o enfrentamento da 
mudança climática, gerando uma revolução rural.
Projeto Néctar da Amazônia do Instituto Peabiru⁶
O Projeto Néctar da Amazônia tem como objetivo fortalecer a cadeia de valor do mel de abelhas 
nativas silvestres em comunidades tradicionais da Amazônia. Trata-se de oportunidade única 
de aliar a geração local de renda, combater as queimadas e o desmatamento, promover a 
conservação da biodiversidade e valorizar os serviços ambientais como a polinização.
O projeto resulta de dez anos de experiência do Instituto Peabiru na temática e relação com as 
diferentes comunidades envolvidas nos cinco polos beneficiados em dois estados – Pará (Polo 
Curuçá; Polo Calha Norte, incluindo os municípios de Monte Alegre e Almeirim) e Amapá (Polo 
Macapá e Polo Oiapoque).
O projeto Néctar da Amazônia recebe recursos do Fundo Amazônia (BNDES). A ação iniciou-
se em fins de 2014 com encerramentoem outubro de 2018. O projeto consolidou a etapa 
Figura 10 - Logomarca do Projeto Néctar da AmazôniaBee
⁶ Instituto Peabiru. Néctar da Amazônia – Resumo. Instituto Peabiru, 2019. Disponível em: https://peabiru.org.br/nectar-da-amazonia-saiba-mais/. 
Acesso em 25/10/2019
de multiplicação das colmeias, capacitação dos produtores, licenciamento da atividade, 
fortalecimento dos sistemas agroflorestais piloto e outras atividades associadas. O projeto 
alcançou beneficiários de 24 comunidades em 5 municípios.
O projeto é pioneiro, em nível nacional, ao obter a autorização para os criadores com mais de 50 
caixas de abelhas pelo SISFAUNA (sistema de monitoramento de fauna do IBAMA, administrado 
pelos estados, no caso, Pará e Amapá).
Abrangência territorial – Municípios contemplados no projeto:
- No Pará: Curuçá, Almeirim e Monte Alegre;
- No Amapá: Macapá e Oiapoque.
Beneficiários
O projeto atende atualmente 101 produtores de 24 comunidades rurais em áreas quilombolas, 
indígenas e povos e comunidades tradicionais do entorno de unidades de conservação 
(ribeirinhas e extrativistas).
Objetivo do projeto
Fortalecer a cadeia de valor do mel de abelhas nativas silvestres em comunidades tradicionais de 
modo a constituir renda complementar sustentável, como alternativa ao desmatamento.
Papel do Instituto Peabiru
O Instituto Peabiru tem o papel de execução técnica e financeira do projeto.
Resultados
No período, os principais resultados e aprendizados foram:
Consolidação dos meliponários e início da produção
Após vários anos de multiplicação do plantel inicial, a maioria das comunidades chegou aos 
números viáveis para a produção de volume desejado de mel por cada família ou grupo produtor.
Nesses meliponários consolidados foram instaladas as melgueiras-X que, têm maior capacidade 
de produção de mel. Hoje, das 2.596 caixas com abelhas, 2.140 têm melgueiras-X, ou seja, estão 
em produção. Na safra de 2018 (outubro a dezembro), previsão de produção era de 2 toneladas 
nas comunidades do projeto
Na safra de 2017, em que apenas Monte Alegre produziu, foram produzidos 301 quilos de mel, 
sendo 243 quilos comercializados, o que gerou uma renda de R$ 7.290,00, sendo que o restante 
foi destinado para o consumo da família.
Formação de técnicos qualificados para atender os territórios
Seguramente, os técnicos comunitários estão entre os principais atores no processo de 
consolidação da Meliponicultura nos polos do projeto. Esses técnicos são os responsáveis 
32 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 33 
pelo pleno desenvolvimento das colônias, assim contribuindo para a manutenção e o 
desenvolvimento desse importante patrimônio biológico.
Todos os técnicos comunitários atuais são os mesmos desde o início do Projeto, o que permite a 
consolidação do aprendizado de todo o ciclo do projeto nos territórios.
Dentre as ações dos técnicos, destacam-se:
- Articulação e mobilização dos beneficiários para as atividades coletivas, especialmente para os 
mutirões de limpeza de terreno e multiplicação dos meliponários;
- Assessoria técnica individualizada aos beneficiários;
- Organização dos eventos de capacitação;
- Alimentação periódica das colônias;
- Monitoramento e avaliação semanal do desenvolvimento das colônias
- Manejo do processo de multiplicação das colônias;
- Aquisição de insumos necessários para alimentação e manejo;
- Prestação de contas sobre a execução financeira local.
Parceria para a comercialização
No mês de agosto 2018, a estratégia do Instituto Peabiru de parceria para a comercialização deu 
resultado, e foi aprovado o registro do mel de abelhas sem ferrão no Ministério da Agricultura 
(SIF) por meio de uma parceria com uma indústria já estabelecida no mercado de apicultura. Foi 
aprovada a comercialização em dois tamanhos de embalagem: 150g e 300g.
Além de ser o único projeto de meliponicultura no Brasil que tem a atividade de manejo 
autorizada, via SISFAUNA, esse é o único mel da Amazônia com o selo de inspeção federal (SIF) e 
um dos poucos do Brasil. Esse registro permite comercializar a produção em todo o Brasil e até 
exportar para determinados países que aceitam o SIF brasileiro.
Autorização de todo o plantel
No período, foi obtida a autorização de manejo (AM) de todos os beneficiários, mesmo os que 
ainda não são obrigados (pois não atingiram um grande número de caixas).
Pesquisa com a Embrapa e UFPA
Uma série de pesquisas foi desenvolvida a partir das ações e resultados do projeto, 
especialmente junto a Embrapa Amazônia Oriental. Entre estas destacam-se:
- Estudo dos benefícios das meliponicultura para as comunidades e o meio ambiente;
- Catalogação das espécies da flora que as abelhas visitam;
- Estudo e aprimoramento do processo de desidratação do mel para comercialização sem 
refrigeração, com índice de umidade a 20%;
- Código de barra das abelhas paraenses – sequenciamento genético das abelhas sem ferrão 
comumente utilizadas na produção.
Estudo de mercado e plano de negócios
No período, com melhores dados e informações sobre a cadeia da meliponicultura e com a 
perspectiva de produção balizada, foram elaborados estudos sobre os canais de comercialização 
e aprofundada a modelagem da viabilidade do negócio.
Meliponário demonstrativo no Instituto Federal do Pará (IFPA) 
campus Castanhal
No período, foi instalado no Instituto Federal do Pará, campus de Castanhal, no Pará, um 
meliponário demonstrativo para atividades pedagógicas a alunos e também para produtores 
das redondezas.
Filme Néctar da Amazônia
O filme foi produzido e já apresentado, inclusive aprovado pelo Fundo Amazônia.
Simpósio Abelhas sem ferrão e a Sociobiodiversidade
Em 2 de agosto de 2018, o Instituto Peabiru, com a participação de produtores familiares, 
pesquisadores da Embrapa, Universidade Federal do Pará e Instituto Tecnológico Vale, e o apoio 
do Museu Goeldi, realizou evento para discutir sobre a cadeia de valor das abelhas sem ferrão 
(melíponas). O Simpósio apresentou os aprendizados de doze anos de trabalho do Programa 
Néctar da Amazônia, do Instituto Peabiru, para o fortalecimento da meliponicultura, e os 
múltiplos desafios para sua plena operação.
Apoio ao entreposto de Mel da Apisal
O projeto Néctar da Amazônia apoiou uma pequena reforma do entreposto de Mel da 
Associação dos Criadores Orgânicos de Abelhas de São João de Pirabas, Pará (APISAL). Com 
essa reforma, o entreposto está solicitando o Selo de Inspeção Estadual (SIE) para produtos 
artesanais. Além disso, é mais um canal de escoamento da produção para os produtores da 
região do Salgado Paraense, em especial para os produtores associados ao Peabiru de Curuçá.
Aprendizados
Os aprendizados possibilitados pelo projeto são em múltiplas dimensões:
Consolidação da cadeia produtiva:
O processo de multiplicação de colmeias matrizes ao longo do projeto gerou um plantel 
disponível que hoje permite a instalação de meliponários direcionados exclusivamente 
para a produção de mel em ciclos curtos, que é o caso dos meliponários recém-instalados 
em Curralinho, no Marajó, e na comunidade Quilombola de Burajuba, em Barcarena. Essas 
comunidades, por meio de outros financiadores, adquiriram colmeias dos produtores do 
projeto, sem redução do plantel, apenas com a multiplicação direcionada à venda, o que gerou 
uma renda significativa para as famílias, já que uma colmeia está sendo vendida a R$ 300,00.
Pelo lado de quem compra, a vantagem é a possibilidade de produção de mel em 6 meses, como 
é o caso da comunidade de Burajuba, onde o meliponário com 30 caixas foi instalado em junho 
desse ano e já produzirá, aproximadamente, 60 quilos de mel em novembro. Poucas atividades 
agrícolas permitem um ciclo produtivo tão curto.
Ainda no que se refere à consolidação da cadeia produtiva, pode-se citar a formação de técnicos 
capacitados para o manejo da meliponicultura. Quando o projeto começou não havia técnicos 
especializados em meliponicultura nos municípios atendidos,hoje têm-se pelo menos 
um técnico em cada município atendido, ou seja, cinco no total. Além disso, há produtores 
altamente capacitados para o manejo, especialmente das partes de alimentação e multiplicação 
das colônias e coleta e armazenamento de mel.
34 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 35 
Cita-se ainda que há uma rede de prestadores de serviços e fornecedores que aprenderam os 
parâmetros de qualidade exigidos pela atividade. São desde marceneiros locais que fornecem 
caixas padronizadas com todos os requisitos exigidos, prestadores de serviços de logística 
(barqueiros, motoristas, carreteiros etc.) a fornecedores de insumos que passaram a emitir 
nota fiscal para o projeto.
Para encerrar, é importante ilustrar como hoje tornou-se fácil implementar projetos de 
meliponicultura no Pará e Amapá. Tanto em Curralinho como em Barcarena, locais novos 
que não fazem parte do projeto, foram implementados meliponários em poucos dias. 
Colmeias-matrizes disponíveis para a venda (sem redução de plantel), caixas padronizadas 
confeccionadas facilmente por marceneiros capacitados, logística conhecida e técnicos 
disponíveis para prestar assistência técnica.
Tecnologia social para aprendizagem do trabalho coletivo
Quando o projeto começou, em muitas comunidades havia apenas poucas colmeias iniciais 
para multiplicação. Esclarecendo para o grupo social que os recursos são limitados e que 
não teria como o responsável técnico atender às famílias individualmente, as famílias 
entendem que terão que trabalhar juntas durante um período determinado de multiplicação 
das colmeias para depois se dividirem. Nesse período, o amontoado de famílias começa 
a se enxergar como grupo identitário, a noção de coletividade é aprimorada e o território 
compartilhado revela-se. A partir desse momento, a gestão sobre os recursos naturais e o 
próprio território se dinamiza.
Comercialização
Como a produção do mel ainda é pequena, a safra dura poucos meses e as comunidades produtoras 
estão dispersas territorialmente, o instituto Peabiru entendeu que não compensaria buscar 
investimentos para uma casa de mel ou mesmo um entreposto nesse momento. A estratégia foi 
buscar um parceiro com capacidade disponível para beneficiar o mel. Encontrou-se um entreposto 
de mel com selo de inspeção federal (SIF) que registrou o produto no MAPA, o que dificilmente 
qualquer grupo comunitário conseguiria em curto ou médio prazo. Essa estratégia permite 
ainda eliminar uma série de requisitos burocráticos como profissionais, tanto de ordem sanitária 
quanto de ordem contábil-administrativa para um empreendimento do tipo. Esse aprendizado foi 
incorporado aos outros produtos trabalhados pelo Instituto Peabiru que serão beneficiados em 
parcerias tipo joint venture também.
Inovação tecnológica na apicultura
Abelhas monitoradas em tempo real: tecnologia garante produção de mel⁷
Aplicativos fazem monitoramento de colmeias e abelhas, utilizando inteligência artificial para 
preservar a espécie.
As abelhas e o mel de Santa Catarina, que já foi eleito cinco vezes o melhor mel do mundo, 
agora têm um aliado tecnológico: uma plataforma digital de monitoramento de abelhas que 
⁷ G1 Globo. Abelhas monitoradas em tempo real: tecnologia garante produção de mel. G1 Globo, 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/sc/santa-
catarina/ especial-publicitario/agro40/noticia/2019/08/14/abelhas-monitoradas-em-tempo-real-tecnologia-garante-producao-de-mel.ghtml. Acesso em 
21/08/2019
fornece informações em tempo real. O APIS ON LINE é a primeira plataforma digital totalmente 
desenvolvida pela Epagri/Ciram de Santa Catarina e faz parte de um projeto de pesquisa para coleta, 
processamento e difusão de informações sobre abelhas.
A plataforma é uma ferramenta interativa, por meio da qual os interessados podem interagir e 
acompanhar as informações na web, até o peso das colmeias.
Informações disponibilizadas no Apis on line
- Avisos e alertas de condições favoráveis para o desenvolvimento de pragas e doenças, bem
como práticas de manejo conforme as condições climáticas e épocas do ano;
- Lista de plantas com potencial apícola no Estado com descrição;
- Calendário floral e mapeamento das principais plantas de interesse para as abelhas por região
em Santa Catarina;
- Banco de dados das florações das plantas com potencial apícola nas diferentes regiões do
estado;
- Gráficos para acompanhamento das colmeias monitoradas;
- Cadastro com dados dos apicultores, associações, fornecedores e entrepostos de Santa Catarina
Outro app americano, o Bee Alert, usa a geolocalização para registrar as mortes e perdas 
expressivas nos apiários. É uma ferramenta para os apicultores divulgarem informações como 
a intensidade e os locais do desaparecimento das abelhas. É possível ainda apontar as causas e 
prejuízos gerados.
Projeto de Promoção das Exportações⁸
O Projeto Brazil Let's Bee é sinônimo de produtos apícolas nacionais de qualidade. Uma 
parceria bem-sucedida entre a Associação Brasileira de Exportadores de Mel - ABEMEL e 
Agência Brasileira de Promoção de Investimentos da Apex-Brasil, que incentiva as empresas 
exportadoras a cruzarem fronteiras. As condições encontradas no Brasil - clima, o solo, a 
altitude, floradas e genética das abelhas - permitem uma produção de produtos livres de 
resíduos, característica peculiar brasileira. Além disso, graças a esses recursos naturais, o 
Brasil é capaz de produzir mel durante todo o ano. Estas distinções e rigoroso controle de 
qualidade fazem do Brasil o 10º maior exportador de mel do mundo. 
A apicultura brasileira é uma das poucas atividades agropecuárias que podem ser 
caracterizadas como sendo ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente 
justa. Atualmente, o Brasil tem cerca de 350 mil apicultores, a maioria classificados como 
agricultura familiar. Centenas de associações e cooperativas de pequenos produtores 
e exportadores de mel são responsáveis por 450 mil postos de trabalho no campo e 
também por outros 16 mil empregos diretos e indiretos no setor industrial brasileiro. 
O setor desempenha um papel econômico e social importante para muitas famílias, na 
busca do desenvolvimento sustentável. Produtores e exportadores de produtos apícolas 
brasileiros observam atentamente as exigências legais e de mercado, com foco na qualidade 
e segurança alimentar. Como resultado, têm implementado sistemas de qualidade 
rigorosos, tais como BPF - Boas Práticas de Fabricação, APPCC - Análise de Perigos e Pontos 
⁸ Brazil Let’s Bee. Projeto de Promoção das Exportações. Brazil Let’s Bee, 2019. Disponível em: https://brazilletsbee.com.br/o-projeto.aspx . 
Acesso em 15/08/2019.
36 - ESTUDO DE VIABILIDADE DA CADEIA DE VALOR DE MEL DE ABELHA REGIÕES: PARÁ, BAHIA E PIAUÍ - 37 
Críticos de Controle, e SAP - Programa de Segurança Alimentar, incluindo todo o sistema 
de rastreabilidade do campo do produtor para o cliente final. O Brasil também mantém o 
Programa de Padronização, uma poderosa ferramenta para garantir a qualidade de produtos 
e processos, demonstrando a dedicação e organização das indústrias para proteger seus 
produtos de quaisquer restrições técnicas, considerando as exigências do mercado. 
Os mercados-alvo do projeto, definidos após exercício de priorização de mercados para o 
período de 2014/2015 são:
ALEMANHA CANADÁ CHINA ESTADOS UNIDOS
Figura 11 - Bandeiras dos Países alvo do Programa Brazil Let's Bee
Os objetivos do Projeto de Exportação Setorial são:
- Promover a internacionalização de empresas brasileiras de mel e derivados; • Aumentar o valor
comercializado de mel e derivados no mercado nacional e internacional; • Promover maior
acesso dos produtores e empresas de mel e derivados aos mercados nacional e internacional;
- Fortalecer imagem setorial, dos produtores e das empresas de mel e derivados no mercado
nacional e internacional.
Principais ameaças à atividade
 Várias ameaças existem na atividade apícola

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