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Teorias Econômicas das Instituições

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DEFINIÇÃO
As instituições e suas origens
PROPÓSITO
Assimilar as teorias econômicas do desenvolvimento das instituições e suas influências sobre o
comportamento das pessoas.
PREPARAÇÃO
Para o acompanhamento deste tema, é necessário conhecimento básico de microeconomia, além da
utilização de uma calculadora.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender as definições e origens das instituições
MÓDULO 2
Descrever instituições formais e informais
INTRODUÇÃO
Nesse tema, abordaremos as definições de instituições. Para isso, será feita uma discussão sobre a origem
das instituições políticas e por que elas diferem entre os países. Em seguida, definiremos as instituições
formais e informais, revelando aplicações de como estas acabam por determinar comportamentos
específicos – seja por leis ou por normas sociais.
MÓDULO 1
 Compreender as definições e origens das instituições
AS DEFINIÇÕES DAS INSTITUIÇÕES
A economia das instituições estuda o papel dessas estruturas na instituição do sistema econômico e da
sociedade de forma geral. No entanto, é preciso definições claras, além de entender as origens e o
desenvolvimento das instituições, como determinar a criação de instituições políticas mais ou menos
democráticas.
As instituições podem se referir especificamente a agências, fundações ou órgãos governamentais e
privados, cujo objetivo é a pesquisa de dados socioeconômicos, com provisão de um bem ou serviço
importante para a economia.
 EXEMPLO
São exemplos de instituições econômicas, a Receita Federal, que cobra impostos para o governo; o Banco
Central do Brasil, que gerencia a oferta de moeda em circulação e as regras do sistema bancário; e o IBGE,
um órgão de pesquisa.
Todavia as instituições vão muito além de agências ou institutos. Elas também podem ser entendidas como
estruturas bem estabelecidas que fazem parte da cultura ou sociedade. Outros exemplos são o sistema
bancário, a gorjeta habitual, e um sistema de leis com direitos e deveres.
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AS INSTITUIÇÕES TÊM CARACTERÍSTICAS
PRÓPRIAS. MAS O QUE ISSO QUER DIZER?
Elas são reproduzidas e reforçadas através de ações rotineiras, fornecendo relativa previsibilidade para as
interações sociais, econômicas e políticas cotidianas. Instituições costumam mudar lentamente, de forma
incremental – mas, às vezes, dão saltos, ainda que normalmente isso ocorra apenas com eventos raros e
normalmente violentos, como a Revolução Francesa.
As instituições são frequentemente internalizadas em cada pessoa, mas também podem estar escritas e ser
implementadas pelos agentes legais. Porém, os atores sociais podem não reconhecer que estão seguindo
formas institucionalizadas de interagir. Como elas moldam o comportamento dos indivíduos, elas também
afetam os resultados do desenvolvimento econômico.
Diferentes autores definiram as instituições de diversas formas. Veja a seguir:
Uma definição comumente aceita vem de North (1990), como regras formais e informais que organizam as
relações sociais, políticas e econômicas — relativamente próximo de Furubotn e Richter (1998), que
também ressaltaram o papel dos arranjos que garantem a obediência dessas regras. Já Hodgson as define
como sistemas de regras sociais estabelecidas que estruturam as interações sociais. Enquanto Schmid
(2004) se aproxima deste último, mas sem foco nas regras, e define instituições como relações humanas
que estruturam oportunidades por meio de restrições e capacidades — oportunidades que dificilmente
existiriam na ausência destas relações.
Fonte:freepik/pressfoto
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Segundo Fiani, 2011:
AO TER PREVISIBILIDADE SOBRE AS CIRCUNSTÂNCIAS EM
QUE PODEM SE COORDENAR MUTUALMENTE, AS
INSTITUIÇÕES PROMOVEM A COOPERAÇÃO, GERANDO
GANHOS DE BEM-ESTAR. HAVENDO TAMBÉM REGRAS
COMUMENTE SEGUIDAS, SÃO IDENTIFICADOS INDIVÍDUOS
LEGITIMADOS PARA ARBITRAR CONFLITOS E EXERCER
PODER.
(FIANI, 2011)
Os economistas têm se empenhado tradicionalmente na análise do funcionamento e das implicações do
mecanismo de mercado. Este pode, certamente, ser considerado uma das principais instituições que os
seres humanos já produziram, mas há várias outras, tão ou mais importantes. Nas últimas décadas, a
literatura econômica tem reconhecido que as demais instituições são tão importantes quanto o mercado
para entender os diversos desempenhos econômicos de diferentes países.
Os economistas estão interessados não apenas em entender agências institucionais, mas também o motivo
pelo qual algumas instituições evoluem e outras não.
Para isso, é preciso ter a resposta de algumas perguntas. Entre elas, estão:
Por que as instituições diferem de um país para o outro?
Por que algumas instituições levam séculos para começar, enquanto outras surgem em alguns anos?
Por que algumas evoluem espontaneamente na sociedade em geral?
Quando e por que o governo se envolve na supervisão de instituições sociais?
A redação de uma Constituição ou a estrutura do histórico jurídico ou religioso de um país influenciam as
instituições econômicas que surgem em um país?
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AS ORIGENS DAS INSTITUIÇÕES
É plausível supor que, a partir do momento em que indivíduos se agregam em grupos — o que ocorre
desde o princípio da história do Homo sapiens —, são criadas instituições para regular as ações individuais.
Segundo Hobbes e Locke (2003), e Rousseau (1987), as primeiras ideias seculares da formação das
instituições tiveram como origem as deduções históricas do jusnaturalismo, as quais teorizavam que as
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pessoas abrem mão de parte de sua liberdade para criar uma sociedade com autoridades legitimadas.
Temos então um “contrato social” em que cada indivíduo na sociedade aceita regras para viver em
comunidade.
JUSNATURALISMO
Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que se têm como
ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana.
Para Diermeier e Krehbiel (2003), Shepsle (1986), e Williamson (1975), a principal contribuição das teorias
dos contratos sociais foi oferecer uma justificativa individual para a existência das instituições,
principalmente as políticas. Ou seja, os indivíduos em uma sociedade concordariam, racionalmente, com
um conjunto de regras ou princípios. Mais recentemente, tais formações teóricas se desenvolveram em
hipóteses de contrato, que estudam instituições como o resultado de interações entre indivíduos a partir de
modelos de teoria dos jogos.
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Por outro lado, ainda que o jusnaturalismo e suas extensões tenham tido tal contribuição para a justificação
teórica das instituições como soluções da interação de agentes racionais, essa abordagem é pouco
condizente com a evidência empírica da construção das instituições, ou como estas tiveram alta
heterogeneidade em suas evoluções entre diferentes sociedades.
Supondo, portanto, que indivíduos são racionais, é válido demandar as razões pelas quais há diferenças tão
marcantes entre as regras supostamente acordadas entre indivíduos de sociedades distintas.
MERCADOS
Há diversos exemplos históricos de sociedades pouco ou nada baseadas em mercados ou comércio, como
comunidades que trocam presentes. Ainda que haja trocas, como no comércio, há implicações diferentes.
 EXEMPLO
Pode haver maior bem-estar devido a normas sociais que valorizam a doação em detrimento à acumulação.
Também há exemplos de civilizações nas quais a rede de suprimento e distribuição era operada através do
sistema administrativo hierárquico, sem nenhum papel do mercado.
Em uma sociedade moderna, a troca é realizada como uma operação benéfica para todas as partes com a
transação de um bem ou serviço por uma quantidade de moeda legalmente estabelecida. As primeiras
instituições a serem desenvolvidas com mecanismos de mercado começaram com o estabelecimento da
agropecuária permanente, que permitiu a produção para além do consumo de subsistência. Assim, surgiram
pequenos centrosde comércio, similares ao que se entende atualmente por uma feira de alimentos.
Com o advento da agropecuária, determinadas sociedades desenvolveram entre as suas instituições a ideia
de propriedade e, portanto, proprietários. Quando a extensão territorial de um terreno se tornava superior à
capacidade de trabalho do proprietário, instituiu-se o aluguel — ou seja, o pagamento pelo uso da
propriedade de outrem. Inicialmente, tal relação era paga em grãos, como parte da produção dos locatários.
Com o passar do tempo, isso levou ao florescimento dos centros de comércio e produção.
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Com o avanço de tecnologias de transporte e comunicação (como a escrita, permitindo cartas), a expansão
da produção levou também à criação de redes de comércio entre territórios distantes. Para isso, no entanto,
eram necessárias instituições que permitissem que indivíduos pudessem tomar riscos ao tentar acumular e
transferir seu capital, transportando e transacionando produtos de uma região para outra — gerando a
necessidade de unidades de transação homogêneas e que pudessem servir como reserva de valor, como o
que acabaram se tornando as moedas.
O comércio entre regiões, com delimitações políticas distintas, permitiu o florescimento de um mercado
menos sujeito a arbitrariedades ou regulações das hierarquias, como o conceito de preço justo, praticado na
Europa Medieval. Assim, puderam também se desenvolver princípios puramente comerciais, minando
concepções feudais anteriormente estabelecidas de direitos e deveres.
INSTITUIÇÕES POLÍTICAS
Ao longo da história do ser humano, diversas instituições políticas se desenvolveram e evoluíram.
Veja a seguir como foi a evolução de algumas instituições políticas no mundo:
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Atenas, por volta de 500 a.C., instaurou a primeira democracia, enquanto persas e egípcios já tinham
estabelecido os primeiros e maiores Estados-Nação, de caráter autocrático.
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Roma, nos séculos seguintes, criaria a primeira república. O direito romano influencia até hoje as
instituições políticas de todo o mundo ocidental. Relações servis — mas não de escravidão — e de
vassalagem seriam instauradas por quase um milênio na Europa Feudal, até serem seriam substituídas por
monarquias absolutistas.
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No século XVIII, treze colônias inglesas declaram independência e formam os Estados Unidos, adotando
um regime republicano e democrata que, ainda que com muitas falhas, se mantém até hoje: Desde aquele
tempo, democracias floresceram no mundo, principalmente após a falha de regimes como o nazifascismo e
o socialismo no século XX. No entanto, numerosos países ainda permanecem sob regimes autoritários e
repúblicas plutocráticas, ou retrocedem na qualidade de suas instituições políticas.
Em vista disso, o que molda as instituições, de modo que elas evoluem de forma tão heterogênea entre
países? Teria a geografia algum papel? Diferentes relevos, qualidade do solo, proximidade com o oceano
podem impactar a forma como as sociedades se organizam politicamente? As dotações de fatores iniciais
— por exemplo, a quantidade de recursos naturais em uma região - podem interagir com os demais fatores
geográficos?
Engerman e Sokoloff (2002) argumentam que, devido a condições climáticas e de solo adequadas para
cultivo de plantações, o Brasil e o Caribe acabaram por desenvolver um regime econômico baseado no
plantation de cana-de-açúcar. Já a grande população indígena teria facilitado a introdução do uso intensivo
de trabalho de escravo. Assim, essas condições iniciais permitiram aos colonizadores manter o monopólio
de riqueza, estabelecendo instituições políticas mais autoritárias, que perdurariam ao longo dos séculos.
Esse trabalho, portanto, destaca o papel da dotação de fatores de uma região para determinar o
desenvolvimento de suas instituições.
Fenske (2013), mostra que variáveis geográficas afetam instituições como direitos de propriedade e
escravidão. Seu argumento é de que a alta proporção de terra por trabalhador moldou negativamente
instituições pré-coloniais. Da mesma forma, Klein e Ogilvie (2018), também encontram uma relação positiva
entre as proporções terra-trabalho e relações de trabalho de servidão na Boêmia do século XVIII
(atualmente parte da República Tcheca). Eles ainda apresentam evidências de que a servidão era forte na
Europa Oriental devido ao pequeno tamanho do setor urbano, incapaz de absorver potenciais ex-servos no
mercado de trabalho.
Mais recentemente, Ahmed & Stasavage (2020) oferecem uma explicação para a origem da limitação do
poder estatal (uma importante instituição política) pelo florescimento da governança coletiva, feita através
de conselhos, focando também no papel da geografia. Argumenta-se em seu trabalho que tal fenômeno é
determinado por uma questão relacionada ao desafio de tributação. Racionalmente, governantes buscam
um nível ótimo de tributação: aquele que extrai o máximo da renda da população, mas sem gerar problemas
sociais (fome, revoltas etc.). A melhor estratégia a adotar dependeria, portanto, da produtividade das
plantações e da tecnologia.
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A explicação é a seguinte:
Se o consumo calórico da sociedade fosse estável e de fácil previsão — devido à temperatura estável,
irrigação e outras tecnologias —, seria possível calcular o nível ótimo de tributação. Se, por outro lado, a
produção fosse irregular, tanto por mudança dos padrões climáticos ou tecnologias primitivas, realizar essa
estimativa de tributação seria mais difícil. Governantes, em meio a esses dois possíveis contextos,
recorreriam alternativamente ao corpo de burocratas ou à governança por conselhos para lidar com a
informação; o primeiro é uma resposta ótima à produção regular e o segundo é adequado para o caso de
produção irregular.
Vamos entender essas respostas.
Por que governança por conselho (mais democrático) seria uma escolha ótima, alternativamente à
burocracia, para produção irregular de grãos?
Porque esta instituição permite dar ao governante central uma informação mais precisa das quantidades da
colheita a cada estação. Nesse contexto, é possível ter um equilíbrio no qual os cidadãos informam
corretamente seus rendimentos antes da escolha da alíquota do imposto pelo governante.
APLICAÇÃO
Ahmed & Stasavage (2020) argumentam que, devido a condições climáticas e tecnologias, sociedades
antigas tinham maior ou menor variabilidade de produção agrícola. Assim, para aquelas com maior
dificuldade de prever a quantidade de grãos colhidos a cada estação, foram criados conselhos para passar
essa informação ao governante, de modo que ele pudesse saber quanto taxar seus cidadãos sem gerar
fomes ou revoltas. Os autores apresentam evidência histórica robusta para sustentar essa tese.
Assista ao vídeo e veja um exemplo de Instituições Políticas na Europa e na China.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SEGUNDO OS AUTORES VISTOS ANTERIORMENTE, QUAL É A MELHOR
DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÕES?
A) Instituições são um conjunto de políticas públicas direcionadas ao desenvolvimento socioeconômico,
como políticas industriais.
B) Instituições são um conjunto de leis e aparato jurídico para reforçar tais leis, definindo as ações
consideradas legais e ilegais na sociedade.
C) Instituições são um conjunto de regras formais e informais, definidas pela interação da sociedade e
moldando as ações individuais.
D) Instituições são um conjunto de regras derivadas do desenvolvimento do mercado, permitindo maior
número de interações sociais ao longo da história.
2. QUAL SERIA O PRINCIPAL FATOR PELO QUAL SOCIEDADES SE
DESENVOLVERAM POLITICAMENTE ATRAVÉS DE CONSELHOS OU UMA
BUROCRACIA?
A) O desejo de governantes de taxar a população, restringido pela possibilidade de fome e/ou revoltas, de
modo que este precisa de informação sobre a produção agrícola.
B) O desejo das burocracias de florescer e crescer sobre a sociedade, restringido pela necessidadede
estudo e gastos com pesquisa.
C) A geografia a dificultar a criação de conselhos, pela dificuldade de se instalarem fisicamente em cidades
ou regiões muito distantes ou com condições climáticas e terrenas muito distintas.
D) A dotação inicial relativa dos fatores trabalho/terra. Caso haja muitos trabalhadores para pouca terra,
conselhos terão menor necessidade de se instalarem, podendo ser perfeitamente substituídos por
burocracias.
GABARITO
1. Segundo os autores vistos anteriormente, qual é a melhor definição de instituições?
A alternativa "C " está correta.
Instituições vão além de políticas públicas, leis e regras estabelecidas — essas são apenas algumas
instituições formais. O mercado, da mesma forma, é um tipo de instituição, mas não o único. Há ainda um
grande número de instituições informais, tais como hábitos, normais sociais, entre outros. Instituições
incluem as regras escritas e não escritas que regem a organização política e social.
2. Qual seria o principal fator pelo qual sociedades se desenvolveram politicamente através de
conselhos ou uma burocracia?
A alternativa "A " está correta.
Quando os governantes podem prever a produção calórica dos camponeses (devido a condições
geográficas favoráveis ou sofisticação tecnológica), burocratas poderiam calcular a taxação ótima. No
entanto, caso houvesse grande variabilidade calórica produzida, conselhos teriam o papel de enviar
informação aos governantes da produção a cada temporada.
MÓDULO 2
 Descrever instituições formais e informais
A DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÕES FORMAIS E
INFORMAIS
Uma vez definindo as instituições, é preciso compreender como elas influenciam o comportamento humano.
Por que seguimos, muitas vezes, contra nossos desejos, leis e normas formais? Ainda, por que
obedecemos a costumes e seguimos hábitos estabelecidos?
Como visto anteriormente, as instituições podem ser entendidas como um conjunto de regras reproduzidas
e reforçadas através de ações rotineiras, fornecendo relativa previsibilidade para as interações sociais,
econômicas e políticas cotidianas. No entanto, essas regras podem ter caráter formal ou informal.
Veja a seguir como são definidas as instituições formais e informais, suas características e exemplos:
INSTITUIÇÕES FORMAIS
São explicitamente implementadas pelas autoridades. Elas têm como ponto comum acordos claros,
tipicamente escritos, como leis, regulamentos, acordos legais, contratos e constituições. As estruturas
políticas, tal como democracia, república, monarquia etc., também são consideradas instituições formais,
bem como suas partes (assembleias, tribunais, corpo policial, entre outros).
Instituições formais estão frequentemente relacionadas com o setor público. Há estruturas legais que criam
incentivos e estabelecem limites para a ação do governo, o comportamento dos empregados públicos, a
alocação de recursos e, finalmente, o exercício do poder na burocracia estatal. Em grande parte, a
capacidade estatal é determinada pelas instituições formais.
Podemos identificar facilmente algumas instituições formais brasileiras: a Constituição Federal, a
presidência da república, o poder judiciário, o ministério público, as diferentes polícias (militar, civil, federal
etc). Em todos esses casos, temos instituições ligadas ao setor público, mas existem outras: a
Confederação Brasileira de Futebol, a Igreja Católica, entre muitas outras.
INSTITUIÇÕES INFORMAIS
Este tipo de instituição tem influência tão ou ainda mais importante para o comportamento. Elas podem ser
identificadas como as normas, procedimentos, convenções e tradições — geralmente não escritas—,
normalmente embutidas na cultura (LEFWICH; SEN, 2010, p. 16).
As instituições informais podem complementar, competir ou se sobrepor às instituições formais. Elas estão
implícitas e são reveladas pela investigação dos incentivos e normas sociais que orientam os
comportamentos dos diferentes participantes da sociedade. O contexto em que essas instituições operam
determinará se as instituições são relativamente fortes ou fracas, ou se são inclusivas ou discriminatórias
(UNSWORTH, 2010).
Há vários exemplos: o hábito de pessoas gripadas usarem máscaras em países asiáticos, a expectativa de
que as pessoas usarão roupas específicas ao tipo de evento social de que participem, a gorjeta, e outras.
COMO INSTITUIÇÕES FORMAIS E INFORMAIS AFETAM
O COMPORTAMENTO?
No caso das primeiras, será abordada a teoria de Becker sobre comportamentos criminosos. Para a
segunda, veremos as teorias de normas sociais.
APLICAÇÕES
TEORIA DO CRIME
As escolhas dos agentes econômicos (indivíduos ou firmas) dependem de dois fatores:
Primeiro, suas preferências: Uma pessoa pode preferir chocolate a sorvete, e outra pode preferir um
comportamento ético a outro antiético.
Segundo, as restrições às quais os agentes estão sujeitos: O chocolate pode estar muito caro, e o
comportamento antiético pode ser punido pela polícia. A interação entre preferências (algo subjetivo) e as
restrições impostas pelo ambiente (algo objetivo, externo ao agente) determina o comportamento.
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Becker (1968), aplica esse raciocínio para desenvolver uma teoria do crime. Ele estuda a decisão individual
diante das leis.
QUANDO COMETER UM CRIME É UMA DECISÃO
ÓTIMA DO PONTO DE VISTA DE UM AGENTE
ECONÔMICO?
O modelo básico propõe que os criminosos potenciais são economicamente racionais e respondem
significativamente aos incentivos dissuasores do sistema de justiça criminal. Eles comparam o ganho de
cometer um crime com o custo esperado, incluindo principalmente o risco de punição e gravidade da pena.
Aquele que dissuade (induz) alguém a mudar de opinião ou intenção.
Em termos gerais, um indivíduo comete um crime se a seguinte desigualdade se mantiver:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
(1 − p)Uc + pUp > Ul
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No qual representa a utilidade esperada quando o agente comete o crime (ou desvio da regra) e é bem-
sucedido (ou seja, não é punido). Já representa sua utilidade esperada quando se comete crime, mas
acaba sendo punido (como esse estaria associado a um desprazer, normalmente assume-se valores
negativos), e representa a probabilidade de punição. , por sua vez, representa o nível de utilidade
quando o agente respeita as regras.
A desigualdade, portanto, descreve a situação em que um indivíduo acredita que o crime compensa, isto é,
a utilidade esperada de cometer o crime é maior do que se obtém ao respeitar as leis.
Desse modo, uma sociedade pode ter pessoas decidindo respeitar ou desrespeitar a lei, a depender dos
seguintes fatores:
A rigidez das punições (sistema jurídico-penal);
A probabilidade de ser punido (sistema policial-investigativo, dentre outros);
O ganho que se tem no crime; e
O ganho que se tem ao respeitar as regras.
É também importante notar que, entre os ganhos e perdas esperados do desvio das normas, há aqueles
além dos financeiros. Pessoas com altos valores morais, por exemplo, teriam perdas no sentido da própria
honra de desviar das normas, e vice-versa — o que também pode ser influenciado pelo exemplo das
autoridades.
Da mesma forma, as pessoas podem ter ideias diferentes sobre as probabilidades de punição e mudá-las
ao longo do tempo.
 ATENÇÃO
Maior otimismo tende a aumentar as chances de indivíduos cometerem crimes e vice-versa. Informações
sobre a probabilidade e rigidez da punição são, portanto, potenciais influenciadores dos comportamentos.
NORMAS SOCIAIS
É possível interpretar as normas sociais como parte do mesmo escopo da teoria do crime apresentada por
Becker, mudando apenas os agentes de punição, que não serão mais o sistema legal, mas a própria
sociedade.
Uc
Up
p Ul
Em outras palavras, os indivíduos tomariam ações consideradas divergentes do aceito socialmente a
depender do ganho do desvio em relação à ação considerada correta, da punição da sociedade e da
probabilidade de ser punido. Essearcabouço teórico pode ajudar a compreender, por exemplo, porque as
pessoas evitam falar alto em um elevador cheio.
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Além de funcionarem como incentivos usuais, normas sociais também podem afetar o comportamento
individual pela formação das preferências dos agentes. Escolhas, apesar de muitas vezes tomadas nos
modelos como exógenas, são socialmente determinadas, de modo que indivíduos as moldam como reflexo
da sociedade. Assim sendo, normas sociais afetarão também todo conjunto de decisões dos agentes
econômicos.
North foi um dos primeiros economistas a formular preferências endógenas e dependentes das instituições.
Como os processos de tomada de decisão racional dependem dos quadros cognitivos adquiridos para a
seleção, priorização, interpretação e compreensão do enorme volume de estímulos sensoriais que atinge o
cérebro humano, a atribuição de significado a esse volume de dados depende do uso de conceitos,
símbolos, regras e sinais adquiridos. Essas regras e meios de categorização e entendimento são
introduzidas pelas normas sociais (North 1994).
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Normas sociais também tendem a formar identidades, que agem como fatores de motivação. Essas
identidades seriam algo como o autoconceito de um indivíduo a partir do seu sentimento de pertencimento a
um ou mais grupos (TAJFEL, 1981). Akerlof e Kranton (2000) introduzem a identidade no modelo de
escolhas individuais com o mesmo arcabouço teórico de Becker (1968). Formalmente, o modelo
desenvolvido pelos autores pode ser expresso pela função de utilidade , que depende da identidade de
, no vetor das ações de , e nas ações de outros indivíduos .
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
A identidade do agente j também depende da categoria social atribuída a ele ( ) e das prescrições P que
definem como os membros dessa categoria social devem se comportar em situações específicas (P pode
ser ilustrado como a expectativa em relação a membros de uma casta na Índia – por exemplo, não se deve
casar com membros de castas inferiores). Além disso, denotamos por quão próximo o agente j está das
características ideais para a sua categoria. Além disso, a própria identidade do agente j também depende
das ações e :
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Uj
Ij Aj Ij A ( −j )
Uj = Uj(Aj,Aj), Ij)
cj
εj
εj A ( −j )
Ij  =  Ij (Aj ,  A−j ,  cj ,  εj ,  P)
Maximizamos as utilidades tendo como dados e P. Usando tal arcabouço teórico, pode-se
chegar a diversas funções de utilidade em que há um custo de desvio da norma.
Akerlof e Kranton aplicam sua teoria para a questão da desigualdade de gênero, na qual a função de
utilidade de mulheres em casamento, em relação a seus rendimentos do trabalho, segue a seguinte
especificação:
 Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Nessa expressão, é o salário da mulher, é o salário do homem, enquanto a e t são parâmetros de
preferências: o último é o custo de desviar da identidade social.
Nessa função de utilidade, se a é inferior a t, temos que as mulheres irão preferir deixar de ter um salário
maior (digamos, trabalhando mais horas ou se engajando na carreira) para que não tenham rendimentos de
trabalho maiores do que os de seus maridos.
Empiricamente, esse modelo é testado por Codazzi et al. (2018), que verificam que as chances de uma
mulher no Brasil participar do mercado de trabalho são menores quando a probabilidade de ganhar mais do
que o marido é maior. O artigo também mostra que uma maior probabilidade de ganhar mais do que o
marido direciona uma mulher para o mercado de trabalho informal, que tem características mais flexíveis.
Portanto, os resultados deste trabalho apontam para um peso significativo de normas sociais relacionadas a
gênero na formação do casamento e na participação feminina no mercado de trabalho. Como se vê, as
identidades geradas pelas normas sociais (instituições informais) podem ser extremamente relevantes para
explicar diversos comportamentos dos indivíduos, mesmo quando estes parecem contraintuitivos ao
assumir agentes maximizadores de utilidade.
Para compreender melhor o conteúdo, veja a seguir mais alguns exemplos de normas sociais:
EXEMPLO 1
Digamos que, em uma sociedade, há uma lei que estipula uma multa de R$400,00 para quem avança o
sinal pelo menos uma vez no dia. No entanto, para que a multa seja aplicada, é preciso que o automóvel
passe por uma câmera de segurança – espalhada aleatoriamente pela cidade, com uma presença destas
ao lado de 20% de todos os sinais. Uma pessoa que está atrasada para ir ao trabalho perderá uma reunião
com um cliente que aumentaria sua renda de R$1900,00 para R$2000,00 naquele mês. O indivíduo decidirá
passar os sinais vermelhos?
A resposta é sim. Se a pessoa for pega por alguma câmera, terá uma perda de renda de R$400,00, mas
com probabilidade de apenas 20%. No entanto, se não chegar atrasado, terá um ganho de R$100,00
A(−j) ,  cj ,  εj
Uf ={
ayf − t(yf − ym)se yf > ym
ayf  se yf   <  ym
yf ym
naquele mês no seu trabalho.
Vamos calcular:
Renda Esperada de cometer infração: 0,2 x (2000-400) + 0,8 x (2000) = 1920
Renda Esperada de não cometer infração: 1900
Logo, o trabalhador decidirá passar os sinais vermelhos para chegar mais cedo no trabalho, uma vez que
as leis de punição e fiscalização o incentivam a isso. (para facilitar, supomos implicitamente nesse exercício
que o indivíduo é neutro ao risco, mas é possível fazer um argumento análogo quando há aversão a risco.)
EXEMPLO 2
Uma sociedade machista julga negativamente mulheres que ganham mais do que seus maridos. Se bem-
estar pudesse ser medido em termos monetários, o julgamento da sociedade impõe uma perda de bem-
estar de 50% a cada real que a mulher ganha a mais que seu marido.
Suponha que, entre um casal, a mulher tem um ganho de bem-estar proporcional à sua renda em 40% (ou
seja, R$10,00 a mais de renda gera 4 unidades adicionais de bem-estar). Atualmente ela ganha R$2000,00
e o marido ganha R$2300,00.
No trabalho da mulher, é oferecido a ela um novo cargo em que ela teria um ganho salarial de 20%. Ela
aceitaria esse cargo?
A resposta é não. Se o ganho de bem-estar da mulher com renda é inferior à perda de bem-estar por
julgamento alheio devido a um salário superior ao de seu marido, ela nunca vai preferir ganhar mais do que
ele. Desse modo, um ganho salarial de 20% significaria que ela teria uma renda de R$2400,00 — valor
superior ao rendimento de seu esposo. Portanto, ela declinaria dessa oferta devido às instituições informais
que a penalizam por desviar do comportamento esperado associado à sua identidade.
EXEMPLO 3
Digamos que uma sociedade se divide entre dois grupos: 20% são pessoas honradas e 80% são pessoas
quase indiferentes. A renda das pessoas honradas é homogênea, equivalente a R$2000, 00, enquanto a
das quase indiferentes é de R$2300,00. Sabe-se que, no mercado das drogas ilegais, qualquer um dos
grupos poderia ganhar cerca de R$2500,00, com chance de 10% de ser pego e uma punição equivalente a
uma perda de 40% da renda média (no mercado de trabalho legítimo) ao longo de toda vida.
Além disso, o dinheiro advindo do mercado de drogas tem uma perda de 20% do valor para as pessoas
honradas (pois seria uma atividade desonrosa), enquanto para as indiferentes, essa perda é de apenas 5%.
Qual será a taxa de criminalidade? O resultado mudaria se todos fossem indiferentes?
Vejamos a utilidade esperada de entrar no mercado de drogas para os dois grupos:
Pessoas honradas:
Pessoas quase indiferentes:
90%(80% de 2500) + 10%(60% de 2000) =  72%(2500) + 6%(2000) = 1800 + 120 = 1920 < 2000
Logo, a taxa de criminalidade seria 0%, pois nenhum de ambos os grupos escolheria entrar para o mercado
das drogas.
Caso todos fossem quase indiferentes, a utilidade esperada dos outrora honrados seria descrita dessa
forma:Portanto, elas prefeririam entrar para o mercado das drogas, elevando a taxa de criminalidade para 20%.
EXEMPLO 4
Suponha que uma mulher tenha uma função de utilidade da seguinte forma:
Sendo - 0,2 o custo social de se desviar da identidade associada às mulheres.
Quanto a mulher estaria disposta a ganhar acima do rendimento de seu marido? Como maximizadora de
utilidade, a mulher irá fazer o seguinte cálculo: . Portanto:
Ou seja, ela está disposta a ganhar R$5,00 a mais.
EXEMPLO 5
Considere agora que, em uma sociedade de 300 mulheres e 300 homens, a renda média das mulheres é
de R$100,00 e todos os homens ganham R$100,00. Nessa sociedade, (i) todas as mulheres têm a mesma
função de utilidade expressada acima, e; (ii) 100 mulheres seriam capazes de ganhar até R$50,00 mais do
que seus maridos se tentassem (suponha que não há outros fatores que expliquem desigualdade de renda
entre mulheres).
Qual seria o ganho para essas mulheres e para toda sociedade (ambos em %) caso as normas sociais
mudassem, e o custo social de se ganhar a mais que seus maridos fosse reduzido de 0,2 para 0,05?
A renda média das mulheres é de R$100,00. No entanto, há 100 mulheres cuja renda média é 150, pois
elas podem receber até R$50,00 a mais do que seus maridos (que ganham todos R$100). Caso o custo
social de ganhar a mais que o marido fosse reduzido a um valor de apenas um quarto do original, tal como
no exemplo, elas aceitariam ganhar agora R$20,00 a mais que seus maridos, passando para uma renda de
120, ou seja, R$15,00 ou 14,3% superior a original.
Já a sociedade toda teria um ganho percentual de renda de (15)100/(600×100) = 15/600 = 2,5%. Esse é, no
exemplo, o crescimento de renda que se obtém ao reduzir o custo social de constranger as mulheres a
ganhar menos que seus maridos.
90%(95% de 2500) + 10%(60% de 2300) =  85, 5%(2500) + 6%(2300) = 2137, 5 + 138 = 2275, 5 < 2300
90%(95% de 2500) + 10%(60% de 2000) =  85, 5%(2500) + 6%(2000) = 2137, 5 + 120 = 2257, 5 > 2000
uf{
log(yf) − 0, 2(yf − ym)se yf > ym
log(yf)se yf < ym
U ′
f
= 0
=  (log(yf))  −  0, 2 (yf − yf))
′
  =  0
dUf
dyf
1/( yf )   −  0, 2 = 0 → 1/(yf)   =  0, 2  →  yf   =     =  51
0,2
EXEMPLO 6
Uma sociedade está discutindo uma nova lei para obrigar as pessoas a cobrarem uma taxa de juros de até
10% por mês. Até então, todo mercado de crédito emprestava a uma taxa de 20% por mês. Os
emprestadores têm uma renda mensal de R$2000,00, enquanto os tomadores de empréstimo têm uma
renda mensal de R$1500,00. Há quatro possibilidades de lei:
i) Punição forte e vigilância forte: A punição equivaleria a uma perda de renda de 20% (seguindo a lei), e
a probabilidade de ser pego seria de 30%. No entanto, a carga tributária para financiar esse formato
institucional seria de 10%.
ii) Punição forte e vigilância fraca: A punição equivaleria a uma perda de renda de 20% (seguindo a lei), e
a probabilidade de ser pego seria de 10%. No entanto, a carga tributária para financiar esse formato
institucional seria de 3%.
iii) Punição fraca e vigilância forte: A punição equivaleria a uma perda de renda de 15% (seguindo a lei), e
a probabilidade de ser pego seria de 30%. No entanto, a carga tributária para financiar esse formato
institucional seria de 5%.
iv) Punição fraca e vigilância fraca: A punição equivaleria a uma perda de renda de 15% (seguindo a lei),
e a probabilidade de ser pego seria de 10%. No entanto, a carga tributária para financiar esse formato
institucional seria de 1%.
Vamos supor que há uma demanda de crédito homogênea permanente para cada emprestador de
R$1000,00 (e vamos supor que a oferta de crédito independe da taxa de juros).
Qual projeto teria capacidade de fazer de fato reduzir os juros? E qual seria mais custo-efetivo?
Quem pode cometer um crime nessa situação são os emprestadores. Eles podem ter uma renda de 2000 +
10%(1000) = 2100 seguindo a lei, ou 2000 + 20%(1000) = 2200 não seguindo a lei.
Vale lembrar ainda que haverá diferentes maiores cargas tributárias para financiar cada aparato
institucional. Desse modo, temos as seguintes utilidades esperadas de cobrar uma alta taxa de juros:
70%(90%(2200))+ 30%(90%(80%(2100)))= 1839,60
90%(97%(2200))+ 10%(97%(80%(2100)))=2083,56
70%(95%(2200))+ 30%(95%(85%(2100)))=1971,73
90%(99%(2200))+ 10%(99%(85%(2100)))= 2136,92
Considere que, seguindo a legalidade, os rendimentos dos emprestadores em cada arcabouço institucional
serão de, respectivamente: i) 1890 ii) 2037 iii) 1995 iv) 2079.
Assim, os formatos i) e iii) seriam capazes de reduzir a taxa de juros. Tendo em vista que o arcabouço iii)
tem um menor custo, ele seria mais custo-efetivo.
EXEMPLO 7
Imagine um casal com diferentes rendimentos por hora trabalhada: R$12,00 para a mulher e R$10,00 para
o homem. Vamos supor que o homem trabalhe 40 horas por semana, e a função de utilidade da mulher em
relação aos salários mensais seja a seguinte:
Quantas horas de trabalho semanais a mulher vai escolher trabalhar? Para responder, vamos maximizar
sua utilidade, derivando e igualando a zero:
 
Ou seja, a mulher aceita receber até R$200,00 a mais do que o homem. Como ele trabalha 40 horas por
semana (o que significa 160 horas por mês), ele recebe R$1600,00 por mês, de modo que a mulher poderá
receber até R$1800,00. No entanto, ela tem um salário-hora maior, de R$12,00. Desse modo, tendo em
vista que o mês tem 4 semanas, o que se deve fazer é dividir 1800 por 48, que será equivalente a 37,5
horas por semana.
EXEMPLO PRÁTICO
Para complementar seus estudos assista ao vídeo a seguir. Um exemplo prático que fala de Regras para
prestação de serviços de saúde.
Uf ={
20 log(yf) − 0, 1(yf − ym)se yf   >  ym
log(yf) se yf < ym
= (20  log  (yf)  −  0, 1 (yf −  yf))
′
= 0
dUf
dyf
20/(yf)   −  0, 1  =  0  → 20/(yf)   =   =  20020
0,1
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. COMO AS INSTITUIÇÕES PODEM INFLUENCIAR NOS COMPORTAMENTOS DOS
INDIVÍDUOS?
A) Através de incentivos de mercado, com mecanismos tais como preços relativos e maximização de
utilidade.
B) As instituições influenciam tanto os incentivos, seja pelas punições definidas em lei ou pelos julgamentos
sociais, quanto a própria formação de preferência dos indivíduos, como por formações de identidades.
C) Instituições usam estruturas de coerção legal a fim de limitar as ações individuais, moldando o
comportamento dos indivíduos a partir das limitações impostas pelas instituições políticas.
D) Instituições influenciam o comportamento pela construção de símbolos a definir de forma permanente as
preferências dos indivíduos.
2. LEIS PODEM, EM GRANDE PARTE, DEFINIR AS AÇÕES DOS INDIVÍDUOS, MAS
TAMBÉM PODEM FALHAR NESSE OBJETIVO. COMO ISSO PODE ACABAR
OCORRENDO?
A) Quando o ganho financeiro esperado de seguir as regras é menor do que a renda de não segui-las,
ponderado pela probabilidade de serem julgados pelas regras.
B) Quando a expectativa de punição não se torna crível o suficiente para gerar receios nos indivíduos de
serem punidos.
C) Quando a utilidade esperada – que envolve tanto ganhos financeiros quanto sentimentais – de desviar
das regras é maior do que a de segui-las.
D) Quando indivíduos acabam por formar uma identidade que os forma socialmente com maiores
tendências à criminalidade, devido às normas sociais constituídas.
GABARITO
1. Como as instituições podem influenciar nos comportamentos dos indivíduos?
A alternativa "B " está correta.
Instituições atuam por meio de incentivos (legais e sociais), além da própria formação de preferências dos
indivíduos.
2. Leis podem, em grande parte, definir as ações dos indivíduos, mas também podem falhar nesse
objetivo. Como isso pode acabar ocorrendo?
A alternativa "C " está correta.
A utilidade esperada de desviar das normas é uma soma ponderada pela probabilidade de punição do
ganho financeiro e sentimental do crime, e da perda financeira e sentimental de ser punido.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Definimos, neste tema, instituições e estudamos suas origens. Vimos como elas influenciamo
comportamento humano, tal qual instituições formais podem afetar a decisão de cometer um crime, e como
as informais afetam decisões sobre carreira e casamento.
Em suma, convidamos você a prestar atenção nas instituições à sua volta e observar como elas
determinam o comportamento das pessoas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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Literature, American Economic Association, 2000. v 38, p 595-613.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratatos neste tema, leia:
A Grande Transformação: As origens da nossa época, de Karl Polanyi, 1944.
CONTEUDISTA
Daniel Vasconcellos Archer Duque
 CURRÍCULO LATTES
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