Buscar

Tutela Executiva no Processo Civil

Prévia do material em texto

ARA1264 
TUTELA EXECUTIVA E PROCEDIMENTO ESPECIAL NO PROCESSO CIVIL
A SISTEMÁTICA E A TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO CIVIL NO CPC/15 
Prof. Me. CAIO LIMA
Introdução – 
O SINCRETISMO PROCESSUAL
O processo é uno, compreendendo a fase de conhecimento ou de cognição na qual se formula a norma jurídica concreta que irá regular aquela situação em conflito (sentença de mérito), atividade predominantemente intelectual, seguida, se for o caso, de uma fase executiva, destinada a dar cumprimento ao comando contido na decisão.
Nesse modelo, a fase executiva pressupõe a existência de um anterior título executivo judicial, formado na fase de conhecimento.
PROCESSO SINCRÉTICO: APESAR DE CONTER FASES DISTINTAS (com finalidades diferentes) TRATA-SE AINDA DE UM MESMO PROCESSO.
Conceito Gerais de Execução
Execução é a atividade processual de transformação da realidade prática. Trata-se de uma atividade de natureza jurisdicional, destinada a fazer com que aquilo que deve ser, seja. Dito de outro modo: havendo algum ato certificador de um direito (como uma sentença), a atividade processual destinada a transformar em realidade prática aquele direito, satisfazendo seu titular, chama-se execução. 
É, pois, uma atividade destinada a fazer com que se produza, na prática, o mesmo resultado prático, ou um equivalente seu, do que se produziria se o direito tivesse sido voluntariamente realizado pelo sujeito passivo da relação jurídica obrigacional. A princípio, o que se espera é que o devedor da obrigação a realize voluntariamente, adimplindo com seu dever jurídico (ou seja, executando voluntariamente a prestação). Caso não ocorra a execução voluntária, porém, é lícito ao credor postular a execução forçada.
Este ponto precisa ser reforçado: a execução de que se trata no Direito Processual Civil é, sempre, forçada. Este adjetivo estará sempre (pelo menos) subentendido quando se fala de execução no campo processual civil. E é explicitamente utilizado no art. 778 CPC.
Os Títulos Executivos
Judicial
O título executivo judicial é formado mediante ATUAÇÃO JURISDICIONAL
Regra geral, se dá nos mesmos autos do processo de conhecimento originário, como 
FASE EXECUTIVA
Tem início com simples REQUERIMENTO
O Executado é INTIMADO
O mecanismo de defesa típico se dá via IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Extrajudicial
O título executivo extrajudicial é formado por ato de VONTADE DAS PARTES envolvidas na relação jurídica de direito material.
Se dá através de um PROCESSO NOVO (não existe
processo de conhecimento anterior)
Tem início com PETIÇÃO INICIAL
O Executado é CITADO
O mecanismo de defesa típico se dá via 
EMBARGOS À EXECUÇÃO
Compreende-se como título, uma forma de certeza ou uma probabilidade da existência de um crédito, justificando as desvantagens resistidas pelo executado.
Execução Forçada – partes
Exequente e Executado
 Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo.
§ 1º Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
§ 2º A sucessão prevista no § 1º independe de consentimento do executado.
Art. 779. A execução pode ser promovida contra:
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
O devedor, reconhecido como tal no título executivo: Se a execução for atinente à título judicial, é aquele contra quem foi imposta a condenação; se à título extrajudicial, o que no título figura como devedor
O credor, a que a lei confere título executivo: Sua legitimidade é ordinária, visto que estará em juízo em nome próprio, postulando direito que é seu;
Quando a Execução é frustrada
Nem sempre é possível alcançar o resultado ideal. Muitas vezes, o bem da vida a que o exequente faz jus não existe mais, fato que ensejará a modificação do procedimento de execução originário – fazer, não fazer, entrega de coisa – para o de quantia certa, que é o desaguadouro comum de todas as execuções frustradas. Em outras situações, como a falta de patrimônio do executado, o processo de execução pode ser totalmente frustrado, podendo ensejar, inclusive, a falência ou a insolvência civil do devedor.
a) O conceito de insolvência civil, apresentado no art. 748 CPC, as dívidas excedam a importância dos bens do devedor. O verdadeiro conceito de insolvabilidade a ser considerado é o de estar o devedor em situação patrimonial negativa, de forma que o impossibilite de pagar integralmente todos os credores. 
b) A falência é um estado de desequilíbrio entre os valores realizáveis e as prestações exigidas. Assim, a falência se caracteriza como um processo de execução coletiva, decretado judicialmente, dos bens do devedor comerciante, no qual concorrem todos os credores para o fim de arrecadar o patrimônio disponível, verificar os créditos, liquidar o ativo, saldar o passivo, em rateio, observadas as preferências legais. Portanto, a falência é um instituto dedicado exclusivamente a empresário e a sociedade empresária.
Princípios da Execução
Nulla Executio SineTtítulo
Não há execução sem título que a sustente
Oferece ao executado uma maior segurança jurídica, devido à exigência de um título que garanta a existência ou a probabilidade de existência de um crédito.
A atividade executiva em sentido amplo, a qual engloba o processo de execução autônomo e a fase de cumprimento de sentença, consiste em um procedimento advindo de uma frustração, pois pressupõe certos atos de força do Estado que só têm razão de existir porque o devedor deixou de cumprir a obrigação que lhe competia, reconhecida em título executivo judicial ou consubstanciada em título executivo extrajudicial.
Na execução, existe autorização legal para que ocorra a invasão do patrimônio do executado por meio de atos de constrição judicial. Como se não bastasse, o executado é colocado em posição de evidente desvantagem quando comparado com o exequente. Por isso, é imprescindível que a execução esteja pautada em título executivo. Trata-se de elemento essencial apto a conferir segurança jurídica ao executado.
Princípios da Execução
Menor Onerosidade ao Devedor
Segundo esse princípio, existindo mais de uma forma para buscar a satisfação do crédito, deve o magistrado optar pelo caminho menos gravoso ao executado (art. 805).
Observe que, segundo o parágrafo único do art. 805 do CPC, o devedor, para lançar mão desse princípio, precisará apresentar o meio menos gravoso e igualmente efetivo (a lei, aliás, fala em meio MAIS eficaz…) para cumprimento da satisfação. Não basta, portanto, apresentar meio menos gravoso. É preciso que seja mais eficaz.
Este princípio processual vem como garantia de que o executado não sofra mais gravames do que o necessário para a satisfação do direito do exequente. Sempre que for possível a satisfação do direito do exequente por outros meios que sejam menos dolorosos ao executado estes devem ser adotados. A menor onerosidade vem como uma barragem a onda daqueles sujeitos que creem ser a execução um instrumento de vingança.
Princípios da Execução
Efetividade da Execução
Com base no princípio da efetividade da execução, deve o juiz envidar todos os esforços possíveis na busca da satisfação do débito.
Art. 4º, CPC - As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Princípios daExecução
Lealdade e boa-fé processual
“CPC art. 5º - aquele que de qualquer forma participa do processo deve se comportar-se de acordo com a boa-fé”.
A imposição do dever de lealdade no processo é premissa maior nas legislações modernas, acolhida nos diversos dispositivos da lei, e como princípio decorre da ideia de que aquele que participa de um processo deve se comportar de acordo com a boa-fé, exigindo-se, portanto, que as partes pratiquem todos seus atos pautados na probidade e honestidade.
Na execução se exige de todos os sujeitos do processo, inclusive e especialmente do executado, que atuem de forma cooperativa e de boa-fé. Portanto, existem sanções previstas no art. 774 CPC para caso o sujeito processual aja de maneira desleal ou imbuído de má-fé, praticando os chamados atos atentatórios à dignidade da justiça.
Poderes do juiz - Atos atentatórios à dignidade da justiça
O processo de execução em geral confere importantes poderes ao juiz para que a atividade executiva se desenvolva de forma rápida e exitosa, ao tempo em que exige do executado um comportamento cooperativo e de boa-fé, sob pena de imposição de pesadas sanções, sem prejuízo de eventuais medidas de natureza criminal.
Nessa esteira, o juiz determinará que o oficial de justiça cumpra atos executivos, inclusive em comarcas contíguas; poderá requisitar o emprego de força policial, sempre que necessário, para dar efetividade à execução; determinar, a requerimento do executado, a inclusão do nome do executado no cadastro de inadimplentes, a qual será cancelada se for efetuado o pagamento, garantida ou extinta a execução (artigo 782).
O juiz, também poderá, em qualquer momento do processo, de ofício, (i) determinar a realização de audiências especiais ordenando o comparecimento pessoal das partes; (ii) advertir o executado de que o seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça; (iii) ordenar que o executado ou terceiros indicados pelo exequente forneçam informações relacionadas ao objeto da execução, tais como: indicação do local onde se encontram os bens, entrega de documentos ou dados e assim por diante (artigo 772 e 773).
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que:
I - frauda a execução;
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material.
Princípios da Execução
Desfecho Único
Quanto a esse princípio, compreende-se que esta fase processual tem apenas um fim possível, quando não se discute mérito, mas se busca sempre a satisfação dos direitos do exequente.
Logo, ao fim da execução, não se tem uma sentença de mérito e sim uma sentença declaratória de encerramento do processo, produzindo coisa julgada formal. (art. 924, 925 CPC)
Assim, não há que se falar em improcedência do pedido do exequente.
Sendo assim, o executado nunca terá uma decisão de mérito ao seu favor, vez que não há discussão meritória, e, sim, uma busca da satisfação do direito do autor, ou seja, é impossível a improcedência, possuindo, pois, o processo desfecho único.
Princípios da Execução
Disponibilidade da Execução
Motivado pelo princípio tratado anteriormente, este princípio assegura que é permitido ao exequente, a desistência, a qualquer momento, de alguma medida executiva ou até mesmo de toda execução, não se fazendo necessário, para isso, que haja concordância do executado.
A todos os legitimados ativos é assegurada a possibilidade de desistência, exceto ao Ministério Público, já que o mesmo tutela direito alheio.
O exequente tem o direito de, a qualquer momento, desistir do processo.
A desistência, instituto de direito processual, não se confunde com a renúncia, instituto de direito material. Desde que comprovada a quitação das custas judicias, pode, posteriormente, o executor ingressar com demanda idêntica..
Desistência da Execução
Como a atividade executiva se desenvolve no interesse do exequente, pode ele, a qualquer tempo, e independentemente de consentimento do executado, desistir da execução (ou da prática de algum ato executivo), nos termos do art. 775. Ocorrendo a desistência da execução, será o procedimento executivo extinto. Pode ocorrer, porém, de o exequente desistir da execução depois de o executado ter oferecido sua defesa (que, conforme o caso, será oferecida através de embargos ou de impugnação).
a) Versando a defesa do executado apenas sobre questões processuais, se deverá extinguir também a impugnação ou os embargos, cabendo ao exequente arcar com todas as despesas processuais e honorários advocatícios (art. 775, parágrafo único, I). 
b) Já se a defesa do executado versar também sobre o mérito, a desistência implicará a extinção do procedimento executivo, mas a impugnação poderá prosseguir, assim como os embargos, como processo autônomo, só ocorrendo sua extinção se o executado consentir (art. 775, parágrafo único, II).
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I – serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II – nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante.
Isso porque, uma vez apresentado embargos a execução, será preciso, em alguns casos, obter o consentimento do embargante para desistir da execução.
Na prática, temos o seguinte:
Caso a matéria dos Embargos a Execução seja meramente de direito processual, pode o exequente desistir da execução;
Caso a matéria dos Embargos a Execução (ou impugnação) seja de direito material, será preciso obter o consentimento do embargante/ executado para que o exequente possa desistir da execução.
Princípios da Execução
Atipicidade dos Meios Executivos
Previstos em rol meramente exemplificativo, os meios executivos são os instrumentos pelos quais o direito do exequente será satisfeito. Este princípio, consagrado pelo art. 536, §1º - CPC, ao se valer da expressão “entre outras medidas” permite ao juiz, no exercício de sua função, adotar outros meios executivos que não estejam expressamente previstos na legislação.
São previstas na legislação medidas como multa, penhora, expropriação, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras, impedimento de atividade nociva, entre outros.
TEM POR OBJETIVO GARANTIR A EFETIVIDADE
As medidas atípicas devem ser aplicadas somente quando as medidas típicas tiverem se mostrado incapazes de satisfazer o direito do exequente;
EXEMPLOS		DE	USO	DE MEDIDAS	EXECUTIVAS ATÍPICA PARA		GARANTIR	A EFETIVIDADE DAS DECISÕES
restrição ao uso de cartões de crédito;
apreensão de passaporte;
vedação a obtenção de novos empréstimos;
apreensão da CNH;
suspensão	do	fornecimento	de	energia elétrica, água, etc. (Fazenda Pública);
Princípios da Execução
Patrimonialidade
A execução recai sobre o patrimônio do devedor, respeitando a condição do mínimo existêncial.
O princípio da patrimonialidade traduz a proibição da execução pessoal, isto é, a execução nunca poderá recair sobre o corpo do devedor como se costumava fazer com a Lei das XII Tábuas, na qual dividir o corpo do devedor em números que correspondessem o número de credores que ele tivesse à espera da satisfação de seu crédito era a regra.
Portanto, com o princípio da patrimonialidade no processoexecutório a execução passou a ser real, recaindo esta sobre os bens do executado. O princípio da patrimonialidade vem como um importante marco na caminhada pelo abandono da execução como forma de vingança privada.
E a prisão civil do devedor de alimentos, não seria esta um tipo de execução pessoal?
Respondem os doutrinadores que a prisão civil não passa de uma mera medida de execução indireta por meio de pressão psicológica a fazer com que o devedor satisfaça o direito do exequente. 
O princípio da patrimônialidade dispõe que o devedor poderá responder com seus bens presente e futuros para efetivo cumprimento das obrigações, ressalvadas restrições contidas em lei. (art. 789 CPC).
Responsabilidade Patrimonial Primária
CPC Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei.
A execução é uma atividade de agressão patrimonial (e, no caso da execução de prestação alimentícia, também de agressão corporal, tendo em vista a possibilidade de prisão civil do devedor) que se legitima pela existência de título executivo. 
Impera, então, compreender qual a parcela do patrimônio do executado que pode ser alcançada pela execução.
Responsabilidade Patrimonial
Chama-se responsabilidade patrimonial à sujeitabilidade de bens à execução, de modo que os bens sobre os quais tal responsabilidade incide ficam sujeitos a suportar atos executivos, podendo vir a ser usados para a satisfação do crédito exequendo.
Por conta disso, estabelece o art. 789 que o executado responde “com todos os seus bens presentes e futuros” pelo pagamento do débito, excluídos apenas aqueles bens que a lei ressalve, declarando como não sujeitos à execução (os chamados bens impenhoráveis).
Consideram-se bens presentes aqueles que integram o patrimônio do executado no momento da instauração da execução. E por bens futuros devem ser compreendidos aqueles que o executado venha a adquirir no curso da execução, após sua instauração. Pode-se dizer, então, que o executado (com a ressalva dos bens impenhoráveis) responde com todos os bens que integrem seu patrimônio durante o curso do procedimento executivo.
Responsabilidade Patrimonial Secundária
Ficam, porém, sujeitos à execução outros bens que não pertencem ao executado
Art. 790. São sujeitos à execução os bens:
I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; (É que, condenado o devedor a entregar um bem determinado ao credor, e se constatando que o aludido bem não se encontra mais com o devedor, tendo sido alienado a um terceiro, sucessor a título singular, é preciso reconhecer a possibilidade de buscar-se o bem no patrimônio do adquirente. 
Só assim se dará efetividade ao comando do art. 109, § 3o, por força do qual, ocorrendo no curso do processo a alienação da coisa litigiosa, a sentença estenderá seus efeitos ao adquirente do bem. Não fosse assim, e seria preciso ao titular do direito dar início a um novo processo de conhecimento (agora voltado contra o adquirente do bem), correndo-se o risco de que este viesse a, após a instauração do processo, alienar o bem a outrem, o que levaria à necessidade de instauração de novo processo cognitivo, e assim sucessivamente até o infinito. Impende, pois, em nome da efetividade do processo, permitir-se que a execução alcance o patrimônio do adquirente do bem que, na qualidade de sucessor a título singular do condenado, fica sujeito à execução.) (execução para entrega de determinada coisa ou diante de uma obrigação reipersecutória, quando pode-se perseguir a coisa onde quer que ela esteja)
II - do sócio, nos termos da lei; É que há casos em que o patrimônio do sócio responde pelas obrigações da sociedade. É o caso das sociedades em nome coletivo, por exemplo, em que os sócios, necessariamente pessoas naturais, respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. No caso de haver mais de um sócio administrador, estes respondem solidariamente entre si (mas não com a sociedade, em relação a quem sua responsabilidade é subsidiária) depois de esgotados os bens da sociedade.
III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; Não obstante esteja o bem do devedor em poder de terceiro, será possível empregá-lo na satisfação de crédito através da atividade executiva. (muda-se a propriedade daquele imóvel, mas prevalece as bases do contrato de locação, por exemplo)
IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; (somente se a dívida foi contraída em benefício da família e não de interesse pessoal apenas)
V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; 
VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores;
VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. Sujeitam-se à execução, também, os bens do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica (art. 790, VII). Sempre é preciso recordar, quanto ao ponto, que a desconsideração da personalidade jurídica só poderá ocorrer após observado procedimento em que, garantido o prévio e efetivo contraditório, se tenha dado àquele cujo patrimônio se quer alcançar a possibilidade de debater se seria ou não o caso de se promover a desconsideração. Impende, portanto, que se observem as normas que disciplinam o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
Cabe recordar que nesses casos o terceiro não torna-se devedor, e sim os seus bens vão responder pela dívida contraída, excepcionalmente.
Bens Impenhoráveis
Como dito anteriormente, o executado responde pelo cumprimento da obrigação com todos os seus bens, presentes e futuros, ressalvados apenas aqueles que a lei torna imunes à atividade executiva. São os assim chamados bens impenhoráveis. É deles que se passa a tratar.
Deve-se dizer, em primeiro lugar, que existem três diferentes regimes de impenhorabilidade no Direito Processual Civil brasileiro: o da impenhorabilidade absoluta, o da impenhorabilidade relativa e o regime especial da impenhorabilidade do imóvel residencial. Com características próprias que os distinguem nitidamente, é preciso examinar cada um desses regimes separadamente.
BENS IMPENHORÁVEIS
Art. 833. São impenhoráveis:
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor;
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º ;
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI - o seguro de vida;
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas;
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família;
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos;
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei;
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusiveàquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529,
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
BENS RELATIVAMENTE IMPENHORÁVEIS
Chamam-se bens relativamente impenhoráveis aqueles que poderão ou não ser penhorados conforme a capacidade patrimonial do executado. É que o art. 834 indica bens que só podem ser penhorados se o executado não tiver outros capazes de garantir a satisfação do crédito exequendo.
Será, então, sempre preciso verificar – quando os bens relativamente impenhoráveis forem encontrados no patrimônio do executado – se há outros bens penhoráveis capazes de garantir a execução. Havendo outros, os bens indicados no art. 834 não poderão ser apreendidos. Não havendo outros bens penhoráveis, porém, será legítima a constrição dos bens relativamente impenhoráveis.
Por força do disposto no art. 834, são relativamente impenhoráveis, só podendo ser apreendidos “à falta de outros bens”, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis. Perceba-se, então, a diferença: os bens inalienáveis são, como já se pôde ver, absolutamente impenhoráveis (art. 833, I). Seus frutos e rendimentos, por outro lado, podem ser penhorados à falta de outros bens, sendo, por isso, relativamente impenhoráveis.
IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL RESIDENCIAL
Lei 8.009/90
O imóvel destinado à moradia de uma família é impenhorável
Contudo o art. 3º traz uma série de exceções
image2.png
image3.png
image4.png
image5.png