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HOMOMORFISMOS DE GRUPOS Profª.: Sarah Faria Monteiro Mazzini Costa Sempre que definimos uma nova estrutura algébrica é importante saber como relacionamos duas dessas estruturas. Em outras palavras, procuramos definir correspondências entre os objetos dessas estruturas de maneira que suas propriedades e operações sejam preservadas. Com essa finalidade vamos definir um homomorfismo de grupos. DEFINIÇÃO E PROPRIEDADES Sejam 𝐆,∗ e (𝓖,×) dois grupos. Uma função 𝛙: 𝐆 → 𝓖 é um homomorfismo se ela é compatível com as estruturas dos grupos, ou seja, se para todo 𝐱, 𝐲 ∈ 𝐆 tivermos 𝛙 𝐚 ∗ 𝐛 = 𝛙 𝐚 ×𝛙 𝐛 . • A função 𝝍: (𝑮,∗) → (𝓖,×) tal que 𝝍 𝒈 = 𝒆𝓖 é um homomorfismo, chamado homomorfismo trivial. De fato, dados 𝒂, 𝒃 ∈ 𝑮, temos 𝝍 𝒂 ∗ 𝒃 = 𝒆𝓖 = 𝒆𝓖 × 𝒆𝓖 = 𝝍 𝒂 ×𝝍 𝒃 . • A função 𝑰𝒅: 𝑮,⋅ → (𝑮,⋅) , 𝑰𝒅 𝒈 = 𝒈, é um homomorfismo chamado homomorfismo identidade. • Seja 𝑯 um subgrupo normal de 𝑮. Então 𝝍:𝑮 → 𝑮 𝑯 , 𝝍 𝒈 = 𝒈𝑯 é um homomorfismo, chamado projeção canônica. De fato, dados 𝒂, 𝒃 ∈ 𝑮, temos 𝝍 𝒂 ⋅ 𝒃 = 𝒂𝒃𝑯 = 𝒂𝑯 ⋅ 𝒃𝑯 = 𝝍 𝒂 ⋅ 𝝍 𝒃 . • Seja 𝒏 ∈ ℤ. Então 𝝍: ℤ,+ → ℤ,+ ,𝝍 𝒙 = 𝒏𝒙 é um homomorfismo. De fato, dados 𝒂, 𝒃 ∈ ℤ, temos 𝝍 𝒂 + 𝒃 = 𝒏 𝒂 + 𝒃 = 𝒏𝒂 + 𝒏𝒃 = 𝝍 𝒂 +𝝍 𝒃 . Vejamos algumas propriedades dos homomorfismos de grupo: • Propriedade 1: 𝝍 𝒆𝑮 = 𝒆𝓖, ou seja, a imagem do elemento neutro é o elemento neutro. • Propriedade 2: Para todo 𝒈 ∈ 𝑮, 𝝍 𝒈−𝟏 = 𝝍 𝒈 −𝟏, ou seja, a imagem do inverso de 𝒈 é o inverso da imagem de 𝒈. • Propriedade 3: O conjunto 𝒌𝒆𝒓 𝝍 ≔ 𝒈 ∈ 𝑮 𝝍 𝒈 = 𝒆𝓖} é um subgrupo normal de 𝑮 chamado núcleo de 𝝍. • Propriedade 4: O conjunto 𝑰𝒎𝝍 ≔ 𝒚 ∈ 𝓖 𝒚 = 𝝍 𝒈 para algum 𝒈 ∈ 𝑮} é um subgrupo de 𝓖 chamado imagem de 𝝍. • Propriedade 5: 𝑲𝒆𝒓 𝝍 = {𝒆𝑮} se e somente se 𝝍 é injetora. • Propriedade 6: Seja 𝝓: (𝓖,×) → (𝓙, ∆) um homomorfismo de grupos. Então a composição 𝝓 ∘ 𝝍: (𝑮,∗) → (𝓙, ∆) é um homomorfismo. Um homomorfismo 𝝍: 𝑮,∗ → (𝓖,×) é um isomorfismo se existe um homomorfismo 𝝈: 𝓖,× → (𝐆,∗) tal que 𝝍 ∘ 𝝈 = 𝑰𝒅𝓖 e 𝝈 ∘ 𝝍 = 𝑰𝒅𝑮. Nesse caso, os subgrupos 𝑮 e 𝓖 são isomorfos e utilizamos a notação 𝑮 ≃ 𝓖. Encontrar o homomorfismo inverso, ou seja, o homomorfismo 𝝈 tal que 𝝍 ∘ 𝝈 = 𝑰𝒅𝓖 e 𝝈 ∘ 𝝍 = 𝑰𝒅𝑮 , nem sempre é uma tarefa fácil. O resultado a seguir torna essa tarefa mais simples: Proposição: Seja 𝝍: 𝑮,∗ → (𝓖,×) um homomorfismo de grupos. Então 𝝍 é um isomorfismo se e somente se é um homomorfismo bijetor. Exemplo: Seja 𝑮 = 𝒈 = ⋯ ,𝒈−𝟏, 𝒆, 𝒈, 𝒈𝟐, ⋯ um grupo cíclico de ordem infinita. Então 𝒇: ℤ,+ → 𝑮, ⋅ , 𝒇 𝒏 = 𝒈𝒏 é um isomorfismo. De fato, 𝒇 é um homomorfismo de grupos pois dados 𝒏𝟏, 𝒏𝟐 ∈ ℤ, 𝒇 𝒏𝟏 + 𝒏𝟐 = 𝒈𝒏𝟏+𝒏𝟐 = 𝒈𝒏𝟏 ⋅ 𝒈𝒏𝟐 = 𝒇 𝒏𝟏 ⋅ 𝒇 𝒏𝟐 . 𝒇 é injetora, pois 𝒌𝒆𝒓𝒇 = 𝒏 ∈ ℤ 𝒈𝒏 = 𝒆} = {𝟎}. Além disso, 𝒇 é sobrejetora, pois dado 𝒈𝒏 ∈ 𝒈 , temos 𝒈𝒏 = 𝒇 𝒏 . Assim 𝒇 é bijetora e portanto, pela Proposição anterior, é um isomorfismo. Primeiro Teorema do isomorfismo: Seja 𝝍: 𝑮,∗ → (𝓖,×) um homomorfismo de grupos. Então a função induzida é um isomorfismo. O PRIMEIRO TEOREMA DO ISOMORFISMO ത𝜓: 𝐺 𝑘𝑒𝑟 𝜓 → 𝐼𝑚 𝜓 𝑔 𝑘𝑒𝑟 𝜓 ↦ 𝑓(𝑔) • Pela Propriedade 3, temos que o núcleo de um homomorfismo𝝍: 𝑮,∗ → (𝓖,×) é um subgrupo normal do grupo 𝑮. Portanto o quociente Τ𝑮 𝑲𝒆𝒓 𝝍 é um grupo. • Pela Propriedade 4, temos que 𝑰𝒎 𝝍 é um subgrupo de 𝓖. Portanto o isomorfismo Τ𝑮 𝑲𝒆𝒓 𝝍 ≃ 𝑰𝒎𝝍 faz sentido. • O isomorfismo 𝒇: ℤ,+ → 𝑮, ⋅ , 𝒇 𝒏 = 𝒈𝒏, com 𝑮 = 𝒈 = ⋯ ,𝒈−𝟏, 𝒆, 𝒈, ,⋯ também pode ser demonstrado com o Teorema do isomorfismo, pois como 𝒌𝒆𝒓𝒇 = 𝟎 e 𝑰𝒎 𝒇 = 𝑮, ℤ {𝟎} ≃ 𝑮 ⇒ ℤ ≃ 𝑮.