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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E DA SAÚDE (CCENS) DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA PROF. ME. ALEXANDRE RIBEIRO CARDOSO SARAH DUARTE BORGES RELATÓRIO DE GEOLOGIA AMBIENTAL LICENÇA DE OPERAÇÃO ALEGRE – ES AGOSTO/2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 1.1 Objetivos ........................................................................................................ 2 1.2 Localização ..................................................................................................... 2 2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ............................................................................. 3 2.1 Clima, Vegetação e Hidrografia ...................................................................... 3 2.2 Solo e Geomorfologia ..................................................................................... 4 3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ................................................ 5 4. IMPACTOS AMBIENTAIS .................................................................................. 9 5. MEDIDAS MITIGADORAS ............................................................................... 10 6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 11 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 12 1 1. INTRODUÇÃO A visita técnica proposta pelo Prof. Me. Alexandre Ribeiro Cardoso, foi realizada no dia 13 de agosto de 2022, e o empreendimento a ser vistoriado, foi um posto de gasolina da empresa Ipiranga. Como apresentado em sala de aula, as licenças ambientais estabelecem as condições, restrições e medidas de controle e monitoramento ambientais que deverão ser cumpridas pelo empreendedor do projeto. E de modo geral, a licença de operação, que é o foco do presente trabalho, autoriza a operação da atividade ou empreendimento, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para cada tipo de operação. O que regulamenta a atividade de postos de abastecimento de combustível, são as resoluções do CONAMA, uma que determina a atividade de posto de abastecimento de combustível como sujeita ao licenciamento ambiental (Resolução CONAMA nº. 237/97), e outra que padroniza os procedimentos e estabelece diretrizes para o licenciamento ambiental de postos e de todas as atividades que possuem armazenagem de combustíveis (Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000). Também existem outras legislações, como as normas técnicas expedidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e as legislações estaduais específicas de cada Estado (BRASIL, 2000). Portanto, alguns dos documentos que são essenciais para o requerimento de uma Licença de operação são: • Identificação do empreendimento; • Identificação do responsável pela solicitação; • Identificação do Responsável Técnico; • Comprovante de pagamento da Taxa de Licenciamento; • Relatório fotográfico das principais estruturas do empreendimento comprovando a finalização da implantação; • Certificado expedido pelo INMETRO, atestando a conformidade quanto à fabricação, montagem e comissionamento dos equipamentos e sistemas previstos, no artigo 5º da resolução CONAMA 273; • Teste de estanqueidade após a instalação dos tanques. O teste deverá ser realizado por empresa certificada pelo INMETRO, acompanhado da respectiva ART; • Certificado expedido pelo INMETRO, atestando a inexistência de vazamentos, previsto no artigo 5º da resolução CONAMA 273/2000; 2 • ART de todas as obras e serviços executados, por exemplo Laudo atestando que a caixa separadora foi dimensionada de acordo com o porte do empreendimento e está operando com eficiência adequada etc. 1.1 Objetivos O objetivo geral do presente trabalho foi compreender o funcionamento de um posto de combustível, e o porquê de esta ser considerada uma atividade potencialmente poluidora, e por esse motivo, precisar ser um projeto que precise de um licenciamento ambiental. O objetivo específico foi compreender como requerer uma licença de operação, buscando quais os documentos necessários, e observar como geralmente é o trabalho de campo que um geólogo ou técnico precisa realizar nestes casos. 1.2 Localização O empreendimento visitado, está localizado no município de Alegre – Es, que fica a aproximadamente 200km da capital Vitória. O posto de gasolina, que pertencente a empresa Ipiranga (Figura 1), pode ser encontrado na Rua Monsenhor Pavesi, no Centro. Figura 1 – Posto de gasolina visitado. Os mapas de localização abaixo (Figura 2 e 3), demonstram com maior precisão onde o município de Alegre, e o posto estão situados, além dos pontos de referência próximos ao posto. 3 Figura 2 – Mapas de localização do município de Alegre - ES. Figura 3 – Mapa de localização do posto de gasolina. 2. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS 2.1 Clima, Vegetação e Hidrografia Segundo informações obtidas através da Prefeitura Municipal de Alegre (2022), o clima do município é tropical e sub-úmido, com períodos de chuva bem definidos. De maio a setembro, é seco e de pouca chuva, enquanto há uma grande concentração das chuvas no período de novembro a março. O total anual de chuvas da região em geral não é grande, ficando em torno de 1.200 mm. Com relação às principais características térmicas, a temperatura média anual gira em torno de 23ºC, podendo chegar a valores mais altos de dezembro a abril, alcançando os 4 36 ºC. Quanto à rede hidrográfica, esta é vasta e densa, com o rio principal do município sendo o Rio Itapemirim, que é formado pelos rios Braço Direito Norte e Braço Esquerdo Norte. A região possui em seu leito rupturas de declive (cachoeiras) e vales encaixados, que lhes conferem um alto potencial para a geração de energia elétrica. A hidrografia de Alegre está compreendida dentro da Bacia do Rio Itapemirim que possui 6.014 km² (PREFEITURA MUNICIPAL DE ALEGRE, 2022). Segundo Vieira et al. (1997), a vegetação é caracterizada por um tipo de vegetação sub- arbórea, arbustiva ou herbácea, com os representantes mais típicos sendo localizados nos campos da serra do Caparaó. Ele também descreve que nessa região, a vegetação é um misto de campos e bosques baixos e abertos, causados pelas sucessivas queimadas. Porém que atualmente, está havendo uma modificação no panorama da vegetação. Primeiro pela preservação da reserva florestal do Parque do Caparaó, e em segundo, pelo incremento do plantio do café, onde se observa a devastação de matas existentes. 2.2 Solo e Geomorfologia Geomorfologicamente, toda a região apresenta aspectos de relevo com características distintas, resultantes dos importantes eventos tectono-estruturais, tipos litológicos e fatores paleoclimáticos. Em geral, o território é modelado em rochas cristalinas, sendo importante ressaltar os maciços de rochas granitóides (Caparaó e Santa Angélica) que geram saliências topográficas com ocorrência de vales estreitos, fortemente encaixados, e vertentes abruptas, onde ocorrem campos de blocos rochosos e matacões (VIEIRA et al., 1997). Também são encontradas feições de mar de morros, que são os contrafortes rochosos que mantêm os remanescentes do Ciclo Sul - Americano e que são constituídos de rochas mais resistentes à ação intempérica, tais como granitos e ortognaisses. Portanto, todos apresentam um relevo ondulado, com formas do tipo meia-laranja, sendo caracterizado por um conjunto de morros arredondados de topo convexo. Todos com altitudes que oscilam entre 200 e 900 metros e com elevada declividade, caracterizadas pelaprofusão de terrenos cristalinos do tipo pães de açúcar (VIEIRA et al., 1997). Por fim, os solos encontrados na localidade são bem drenados, pouco erodíveis, ácidos, com bastante porosidade e de fertilidade natural baixa, ocorrendo associados aos solos pouco profundos, moderadamente drenados, susceptíveis à erosão, e de pouca capacidade de retenção de água e baixa reserva mineral (latossolo vermelho-amarelo e cambissolo). 5 Há, ainda, terra roxa estruturada (manchas) e solos podzólico vermelho-amarelo e litólicos (PREFEITURA MUNICIPAL DE ALEGRE, 2022). 3. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO O primeiro passo para se realizar qualquer processo de licenciamento é fazer requerimento desta, e a partir deste passo, a documentação necessária vai variar de acordo com o empreendimento e tipo da licença que se precisa. No caso da licença de operação, uma das etapas demanda que um profissional realize uma vistoria do empreendimento. Durante a vistoria, é necessário se obter registros fotográficos, e preencher um relatório de vistoria técnica. No presente relatório, as informações obtidas e fotografadas envolvem: informações sobre a pista de abastecimento, e bombas de abastecimento, filtros de diesel, caixa separadora, área de armazenamento de resíduos sólidos, poço para captação de água e planos de emergência. As condições encontradas no posto de gasolina, referentes ao armazenamento dos combustíveis (Figura 4) são boas, e a área onde estão localizados os tanques se encontra coberta. O posto também possui armazenamento subterrâneo (Figura 5), e pelo que foi observado, não parece haver fissuras ou rachaduras. Ainda sobre os tanques, é importante salientar que estes são tanques de fibra, para evitar corrosão e infiltração. Figuras 4 e 5 – Tanques de armazenamento de combustível. Quanto aos filtros de diesel (Figura 6), estes também se encontram em bom estado de conservação, e segundo informações coletadas em campo, a sua utilização é para eliminar impurezas no combustível. As bombas de abastecimento (Figura 7), ficam localizadas na 6 pista onde se é realizado o abastecimento dos veículos, e são feitas de material não corrosível. Figuras 6 e 7 – Filtros de diesel e bomba de abastecimento. Sobre a pista de abastecimento de veículos, segundo informações obtidas em campo, também é o local onde os tanques do posto são abastecidos por caminhões enviados pelo fornecedor. Desta maneira, a pista também deve estar em boas condições, sem fissuras e rachaduras, e nem uma destas foram encontradas no posto visitado. Também na pista podem ser observadas canaletas, que parecem auxiliar no escoamento de líquidos que caem no piso, e os direcionam para a caixa separadora de água e óleo (Figura 8). Segundo o Josiel, funcionário do posto, é necessário fazer a limpeza regular destes locais, e novamente o posto Ipiranga visitado segue esta norma. Figura 8 – Caixas separadoras de água e óleo. 7 Ainda de acordo com o relato do funcionário, a manutenção e limpeza periódica são importantes, pois caso tenha excesso de óleo pode ser que ocorra vazamentos ou derramamento de produto de forma indevida. Portanto, estas caixas separadoras retém os combustíveis e óleos que caem no chão do posto durante as operações realizadas, e são conduzidas pelas canaletas. Quanto ao armazenamento do óleo queimado (Figura 9), o posto de gasolina parece manter de forma adequada indicada pela legislação, o material se encontra devidamente sinalizado, com uma indicação de resíduo perigoso e tampado. Porém os resíduos sólidos (Figura 10) gerados pelo estabelecimento, se encontram em condições de armazenamento precárias. Figuras 9 e 10 – Local de armazenamento do óleo queimado e dos resíduos sólidos. Este armazenado do resíduo sólido pode ser considerado precário pela área não ter cobertura, e por não estar devidamente sinalizada para facilitar o descarte. Entretanto, o piso onde o resíduo se encontra é impermeabilizado, o que vai de acordo com a lei vigente para armazenamento deste. Os resíduos são regularmente coletados pela empresa Biopetros, que também realizam a coleta dos recipientes de óleo (Figura 11). 8 Figura 11 – Recipientes de óleo. No posto de gasolina ainda pode ser encontrado um poço para captação de água (Figuras 12a) e uma bomba utilizada para captação da água (Figura 12b e c), que abastece todo o posto. Para a implementação deste posto, deve ser feita a outorga fornecida pelo órgão competente. Contudo, pode haver risco na utilização desta água, pela preocupação com a pureza do líquido nestes poços e poluição dos freáticos próximos. Figura 12 – a) Poço para captação de água; b) e c) bomba de captação de água. 9 Por fim, também foi observado que o posto de gasolina mantém planos e equipamentos de emergência para o caso de acidentes durante as operações de trabalho. O que novamente segue a Resolução do CONAMA nº 273 de 29 de novembro de 2000, que considera os riscos de incêndio e explosões que podem acontecer decorrentes de possíveis vazamentos. Um dos extintores de incêndio do local pode ser observado na Figura 13, a seguir: Figura 13 – Extintor de incêndio. 4. IMPACTOS AMBIENTAIS Os impactos ambientais que podem ocorrer em um posto de gasolina, são o vazamento ou derramamento de combustíveis, e estes podem ocorrer na pista de abastecimento do posto, durante o abastecimento dos veículos ou o do próprio posto. E podem ocorrer vazamentos na tubulação e nos tanques de armazenamento (LORENZETT et al., 2011). Além disso, ainda segundo Lorenzett et al. (2011) o mau funcionamento das caixas separadoras também pode ocasionar danos ao meio ambiente, como a contaminação do solo e águas subterrâneas, caso ocorra algum tipo de vazamento. O armazenamento inadequado de resíduos também causa impactos, pois em geral são resíduos perigosos e precisam de armazenamento e destinação ambientalmente adequados. Na Figura 14, abaixo estão apresentadas em resumo, algumas atividades que podem causar impactos ambientais nos postos de gasolina. 10 Figura 14 - Impactos Ambientais por atividade desenvolvida / Manuseio de Combustíveis. Fonte: Lorenzett et al. (2011). 5. MEDIDAS MITIGADORAS As medidas mitigadoras são aquelas que devem ser estabelecidas antes da instalação do empreendimento e, portanto, visam à prevenção e redução dos impactos ambientais negativos gerados pelo projeto. Assim, as medidas de gestão ambiental adotadas para esta finalidade em um posto de gasolina, segundo Lorenzett et al. (2011) podem ser: • Adotar para o armazenamento de combustível, tanques ecológicos e anticorrosivos, de forma a evitar possíveis vazamentos; • Realizar o monitoramento na área dos tanques subterrâneos (se houver), retirando amostras das águas subterrâneas semestralmente para verificar seu grau de pureza, para assegurar que essas águas não serão contaminadas; • Tratamento dos efluentes líquidos, onde são retirados da água os resíduos químicos antes de sua devolução para a natureza, utilizando a caixa separadora de água e óleo; • Controle dos volumes de combustíveis que entram e que saem, através do Livro de Movimentação de Combustível (LMC). Para o monitoramento de vazamentos de combustíveis, e este se baseia na premissa de que todo combustível que entra deve sair, então caso o volume de saída de combustível 11 seja inferior ao volume de entrada, pode haver vazamentos, que podem ser identificados em tempo hábil para impedir maiores danos; • Treinado dos funcionários e equipamentos para imediato controle da situação, caso ocorram acidentes ambientais. Entretanto é importante ressaltar que caso ocorra algum acidente ambiental, a legislação vigente define que a empresa a frente do projeto realize medidas compensatórias nas áreas contaminadas. 6. CONCLUSÃOA preocupação com a poluição gerada pelos postos revendedores é uma tarefa que vem ganhando força atualmente, por isso, é importante minimizar o impacto ambiental gerado por esta atividade, uma vez que, a sociedade como um todo é afetada em casos de contaminação. E para minimizar estes impactos conta-se somente com equipamentos, leis e normativas e o monitoramento destas atividades. Durante a visita ao posto, através da observação e da entrevista com um dos funcionários, pode ser constatado que o Posto Ipiranga de Alegre-ES, parece estar adotando todas as medidas exigidas pelos órgãos fiscalizadores no âmbito ambiental, e, portanto, continua podendo garantir sua licença para exercer a atividade de posto de combustível. Em resumo, a visita técnica realizada no posto proporcionou a confecção deste relatório e de um fluxograma (Figura 15) que demonstra as etapas de funcionamento do mesmo. Figura 15 – Fluxograma com o funcionamento do posto de gasolina. 12 7. REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução CONAMA nº 274, de 29 de novembro de 2000. 2000. LORENZETT, Daniel Benitti; ROSSATO, Marivane Vestena; NEUHAUS, Mauricio. Medidas de gestão ambiental adotadas em um posto de abastecimento de combustíveis. Revista Gestão Industrial, v. 7, n. 3, 2011. PREFEITURA MUNICIPAL DE ALEGRE. Características Geográficas. 2022. Disponível em: < https://alegre.es.gov.br/a-cidade/caracteristicas-geograficas/>. Acesso em: 14/08/2022. VIEIRA, Valter Salino et al. Cachoeiro de Itapemirim: folha SF.24-V-A: estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Brasilia: CPRM, 1997. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil - PLGB.