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Ação de Alimentos - Requerente

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AO DOUTO JUÍZO DA XXª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE XXXX/XX.
REQUERENTE, nacionalidade, menor impúbere, nascido em XX/XX/XXXX, CPF nº XXXX, natural de XXXX, neste ato representado por sua genitora, FULANA DE TAL, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG nº XXX, inscrito sob o CPF nº XXXX, ambos residentes e domiciliados em endereço completo, por intermédio de sua procuradora, com instrumento procuratório em anexo, propor a presente
AÇÃO DE ALIMENTOS
Em face de GENITOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG nº XXX, inscrito sob o CPF nº XXXX, residente e domiciliado em endereço completo, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:
Inicialmente, requer a Vossa Excelência, que seja deferido o benefício da Gratuidade de Justiça, com fulcro no artigo 98, caput, do Código de Processo Civil, porque o Autor, ora representado por sua mãe, não possui condições de arcar com os custos do processo sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, haja vista que a Requerente/mãe é (profissão) e possui diversos gastos com o filho, conforme resta demonstrado por meio dos documentos em anexo.
Ademais, cumpre salientar o entendimento da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, a qual decidiu que a gratuidade de justiça nas ações de alimentos em favor de crianças e adolescentes não exige prova de insuficiência financeira do responsável legal, tendo em vista que o menor é presumidamente incapaz economicamente, não podendo condicionar a concessão de gratuidade de justiça à demonstração de insuficiência de recursos da procuradora legal, tendo em vista que o direito à gratuidade tem natureza personalíssima (artigo 99, § 6º do Código de Processo Civil).
2. DOS FATOS:
O REQUERENTE, nascido em XX/XX/XXXX, com X anos de idade atualmente, é fruto de um relacionamento de XX meses/anos entre GENITOR e GENITORA. Ocorre que o relacionamento do casal não prosperou e tornou-se insustentável após XX anos/meses, então em face dos constantes desentendimentos entre o casal, ambos não viram outra alternativa senão a de pôr um fim ao seu relacionamento em XX/XX/XXXX.
Cumpre informar, Douto Magistrado, que a genitora custeia sozinha todos os gastos do Requerente desde a separação do casal, onde o genitor não mais veio a colaborar com a manutenção dos gastos da criança. Diante disso, a genitora acaba por pedir ajuda de familiares (seus pais) para que possam auxiliá-la nos gastos da criança, haja vista que o genitor não ajuda financeiramente em absolutamente nada para o sustento de seu próprio filho, restando inequívoca a falta de importância com a sobrevivência de seu filho.
Importa salientar que desde XX/XX/XXXX o genitor não procura a genitora para oferecer quaisquer valores a título de pensão alimentícia.
Destarte, vejamos a seguir uma tabela exemplificativa dos gastos que a criança possui e a periodicidade destes gastos:
A genitora assume todas as despesas, arcando não somente com a alimentação, mas, também com o plano de saúde, medicamentos e os gastos de higiene que são altos em virtude de a criança ainda usar fraldas descartáveis.
Salienta-se que, o Requerido, pai da criança, é (profissão), percebendo mensalmente o salário liquido de R$ XXX (valor), portanto, possui boas condições econômicas para prover tranquilamente o sustento de seu filho.
É cristalina a obrigação do Requerido de prover os alimentos para a criança, haja vista que o mesmo possui plenas condições financeiras de contribuir com os gastos de seu filho.
Sendo impossível a genitora arcar todos os gastos sozinha, não vê outra saída senão a buscar a fixação dos alimentos provisórios que são essenciais a sobrevivência de seu filho, afim de garantir o desenvolvimento sadio deste.
3. DO DIREITO:
3.1 Dos alimentos provisórios:
A Constituição Federal enfatiza em seu texto diversas garantias que assegurem o dever dos pais de assistir os filhos, como podemos ver no artigo 227 e 229, a seguir expostos:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Destarte, devem ser observados o binômio necessidade x possibilidade, atestando a capacidade econômica do alimentante (genitor), que podem, inclusive ser comprovadas por dos contracheques, quanto a necessidade, ela deve ser condigna com a condição social da criança.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. DECISÃO AGRAVADA QUE MAJOROU O VALOR DOS ALIMENTOS. INSURGÊNCIA DO ALIMENTANTE. PLEITO DE REDUÇÃO DA VERBA ALIMENTAR. NÃO ACOLHIMENTO. FILHO MENOR. NECESSIDADE PRESUMIDA. AUSÊNCIA DE PROVA CONTUNDENTE DA IMPOSSIBILIDADE DE ADIMPLEMENTO DOS ALIMENTOS. ALIMENTANTE ASSALARIADO. OBRIGAÇÃO ALIMENTAR QUE DEVE INCIDIR TAMBÉM SOBRE 13º SALÁRIO, FÉRIAS, HORAS EXTRAS, COMISSÕES E EVENTUAIS VERBAS RESCISÓRIAS. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 11ª C. Cível - 0056517-09.2020.8.16.0000 - Paranavaí - Rel.: JUÍZA DE DIREITO SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU LUCIANE DO ROCIO CUSTÓDIO LUDOVICO - J. 24.05.2021)
(TJ-PR - AI: 00565170920208160000 Paranavaí 0056517-09.2020.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Luciane do Rocio Custódio Ludovico, Data de Julgamento: 24/05/2021, 11ª Câmara Cível, Data de Publicação: 25/05/2021)
Nas ações de alimentos, é cabível a fixação de alimentos provisórios, nos termos do art. 4º da Lei 5.478/1968, Lei de Alimentos, vejamos:
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
É premente a necessidade da criança, posto que precisa custear despesas indispensáveis à sua sobrevivência. Ademais, o Requerido goza de estável situação econômica e financeira e deve arcar com as necessidades do seu filho, mormente no presente caso em que não paira qualquer dúvida sobre a paternidade, o que torna injustificável a inércia do requerido, que priva o requerente, seu filho, do necessário ao sustento.
Outrossim, requer que sejam arbitrados ALIMENTOS PROVISÓRIOS em favor da criança no importe de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos brutos, incluindo-se o 13º (décimo terceiro) salário, férias, horas extras, comissões, acrescido do salário-família se tiver direito, incidindo em 20% (vinte por cento) da rescisão contratual e FGTS, já deduzidos os descontos obrigatórios de Previdência e Imposto de Renda.
O valor a título de alimentos deverá ser pago mediante desconto em folha de pagamento e depositados diretamente na conta corrente de nº XXX, agência XXXX, Banco X, em nome de XXX.
3.2 Dos Alimentos Definitivos:
O dever alimentar dos pais encontra-se esculpido nos artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil, in verbis:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns dos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, a própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Nesta seara, mencionamos também a inteligência do art. 22 da Lei nº 8.069/90 ( Estatuto da Criança e do Adolescente), que prevê:
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Da análise dos referidos dispositivos legais supracitados, depreendem-se os pressupostos para o dever de prestaralimentos, quais sejam:
a) vínculo de parentesco, casamento ou união estável;
b) necessidade do alimentando;
c) possibilidade do alimentante.
Ademais, importante salientar o sentido amplo do termo “alimentos”, o qual deve compreender as necessidades vitais da pessoa humana, abrangendo alimentação, saúde, moradia, vestuário, lazer e educação, enfim, as despesas necessárias à dignidade do alimentando.
Nesse sentido, preleciona Sílvio de Salvo Venosa:
Assim, alimentos, na linguagem jurídica, possuem significado bem mais amplo do que o sentido comum, compreendendo, além da alimentação, também o que for necessário para a moradia, vestuário, assistência médica e instrução. Os alimentos, assim, traduzem-se em prestações periódicas a alguém para suprir as necessidades e assegurar sua subsistência. (in Direito Civil, vol. VI, Direito de Família, 2a ed., pág. 358).
No caso em tela, o parentesco resta demonstrado consoante certidão de nascimento acostada aos autos, a qual constituem prova plenamente hábil para demonstrar o parentesco. De igual forma, a necessidade dos alimentos encontra-se plenamente configurada, vez que o menor, obviamente, não pode arcar com o seu próprio sustento.
Também é notória a necessidade da criança que, como pessoas em desenvolvimento, necessitam que lhe sejam custeadas despesas vitais a sua sobrevivência, desenvolvimento e dignidade, englobando alimentação, vestuário, moradia, assistência médica, entre outras. Ademais, suas necessidades são constantes, demandando contribuição mensal em valor fixo.
Desta feite, é evidente a obrigação do Requerido de prestar alimentos a criança de acordo com suas condições financeiras, sendo razoável a fixação de pensão alimentícia o importe de 30% (trinta por cento) de seus rendimentos brutos, incluindo-se o 13º (décimo terceiro) salário, férias, horas extras, comissões, acrescido do salário-família se tiver direito, incidindo em 20% (vinte por cento) da rescisão contratual e FGTS, já deduzidos os descontos obrigatórios de Previdência e Imposto de Renda.
O valor a título de alimentos deverá ser pago mediante desconto em folha de pagamento e depositados diretamente na conta corrente de nº XXX, agência XXXX, Banco X, em nome de XXX.
E, caso o Alimentante se torne desempregado, requer a condenação do Réu ao pagamento dos alimentos, no valor de 50% (cinquenta por cento) do salário mínimo vigente, o valor deverá ser pago até o dia 10 (dez) de cada mês, mediante deposito diretamente na conta corrente da genitora da criança.
4. DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, pleiteia-se a Vossa Excelência:
1. Os benefícios da Justiça Gratuita, haja vista a parte demandante não dispor de renda suficiente para o pagamento de honorários e custas processuais sem prejuízo do sustento de sua família, bem como nos termos do art. 99 do Código Processo Civil;
1. Seja concedida a prioridade de tramitação do feito, recebendo os autos identificação própria, na forma do art. 1048, II e § 2º do CPC c/c art. 4º, parágrafo único, alínea b, da Lei 8.069/90 ( Estatuto da Criança e do Adolescente);
1. A citação do Requerido no endereço indicado para comparecer à audiência a ser designada pelo Juízo deprecado, sob pena de confesso, e querendo, contestar o feito, no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;
1. A fixação de alimentos provisórios (art. 4º da Lei 5.478/68) no valor de 30% (trinta por cento) dos seus rendimentos brutos, incluindo-se 13º (décimo terceiro salário), férias, horas extras, comissões, acrescido do salário-família se tiver direito, incidindo em 20% (vinte por cento) da rescisão contratual e FGTS, já deduzidos os descontos obrigatórios de Previdência e Imposto de Renda;
1. E, ao final, a condenação do Réu de modo definitivo, à prestação mensal de alimentos em favor do menor;
1. Caso o Alimentante se torne desempregado, requer a condenação do Réu ao pagamento de alimentos, no valor de 50% (cinquenta por cento) do salário-mínimo vigente a serem depositados na conta corrente da genitora da criança;
1. Seja enviado ofício para empregadora do Réu, [NOME DA EMPRESA], inscrita sob o CNPJ XXXX, localizada na cidade de XXX, [endereço completo], para o desconto em folha dos alimentos e consequente depósito na conta corrente da genitora da criança;
1. A intimação do ilustre membro do Ministério Público (art. 178, inc. II, CPC);
Protesta por provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, além da juntada de novos documentos e demais meios que se fizerem necessários.
Dá-se a esta causa o valor de R$ XXX (valor em reais).
Termos em que pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF nº xxxxx
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