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1. Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa
1. Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa 1/8
Prof. Equipe Legislação
1 Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa
Legislação Penal para TSE (Analista
Judiciário - Área Judiciária)
Documento última vez atualizado em 07/11/2023 às 19:40.
1. Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa
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Índice
1.1) Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa - Teoria
1.1.1) Questões Comentadas - Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa - Multibancas
1. Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa
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1.1 Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa - Teoria
Já fiz um grande esforço para entender por que razão a Lei de Imprensa consta no edital 
anterior do nosso concurso, mas confesso que até agora não consegui.
Digo isso porque essa lei foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 
2009, e não tem mais qualquer validade. 
“Mas professor, e como fica então o nosso estudo? Vale a pena estudar a lei ou não?” Minha 
dica é que você estude, mas com calma. Digo isso porque não faz muito sentido que a banca 
cobre detalhes sobre uma lei que não vale mais, não é mesmo?
O mais importante para nós nesta aula será compreender o que aconteceu no julgamento do 
STF, e por que a Lei de Imprensa não está mais em vigor.
Então, vamos lá!?
A Lei de Imprensa é a Lei no 5.250, de 9 de fevereiro de 1967, gerada no seio da ditadura, com 
a finalidade de controlar a imprensa brasileira. Esta é a principal razão que fez com que ela 
fosse considerada incompatível com a Constituição de 1988.
Lei de imprensa (Lei 5.250/1967)
Explicando de forma simples, a Lei de Imprensa é anterior à Constituição, e por isso 
era necessário analisar se a lei e a Constituição eram compatíveis. O grande problema 
é que esse julgamento só foi concluído em 2009, e durante todo esse tempo parte da 
lei continuou sendo aplicada.
Desde 1988 já era bem claro que vários trechos da lei não podiam mais ser aplicados, como, 
por exemplo, alguns crimes muito abertos, a exemplo da conduta de “Publicar ou divulgar 
notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados, que provoquem perturbação da 
ordem pública”.
Imagine só! O problema em ter a previsão de um crime tão aberto é que fica muito fácil, por 
exemplo, punir jornalistas que divulguem matérias desfavoráveis para o governo, não é 
mesmo? Na prática, esse era o grande objetivo da Lei de Imprensa: controlar os jornalistas.
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Ainda assim, a lei contém dispositivos aparentemente democráticos. Vejamos alguns!
Art. 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de 
informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo 
cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer.
[...]
Art. 12. Aqueles que, através dos meios de informação e divulgação, praticarem abusos 
no exercício da liberdade de manifestação do pensamento e informação ficarão sujeitos 
às penas desta Lei e responderão pelos prejuízos que causarem.
[...]
Art. 27. Não constituem abusos no exercício da liberdade de manifestação do 
pensamento e de informação: 
I - a opinião desfavorável da crítica, literária, artística, científica ou desportiva, salvo 
quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; 
II - a reprodução, integral ou resumida, desde que não constitua matéria reservada ou 
sigilosa, de relatórios, pareceres, decisões ou atos proferidos pelos órgãos competentes 
das Casas legislativas; 
III - noticiar ou comentar, resumida ou amplamente, projetos e atos do Poder 
Legislativo, bem como debates e críticas a seu respeito; 
IV - a reprodução integral, parcial ou abreviada, a notícia, crônica ou resenha dos 
debates escritos ou orais, perante juízes e tribunais, bem como a divulgação de 
despachos e sentenças e de tudo quanto for ordenado ou comunicado por autoridades 
judiciais; 
V - a divulgação de articulados, quotas ou alegações produzidas em juízo pelas partes 
ou seus procuradores; 
VI - a divulgação, a discussão e a crítica de atos e decisões do Poder Executivo e seus 
agentes, desde que não se trate de matéria de natureza reservada ou sigilosa; 
VII - a crítica às leis e a demonstração de sua inconveniência ou inoportunidade; 
VIII - a crítica inspirada pelo interesse público; 
IX - a exposição de doutrina ou ideia.
Parecem regras razoáveis, não é mesmo? Onde então está o grande problema da Lei de 
Imprensa? Vamos lá!
1. Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa
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A Lei de Imprensa obrigava que todas as impressoras, pertencentes a empresas ou a pessoas 
físicas, fossem registradas em cartório. Essa era uma das formas de tentar descobrir de onde 
vinham os impressos com opiniões consideradas nocivas à segurança nacional.
O pedido e registro ainda deveria conter uma série de informações, conforme os arts. 8º e 9º.
Art. 8º Estão sujeitos a registro no cartório competente do Registro Civil das Pessoas 
Jurídicas: 
I - os jornais e demais publicações periódicas; 
II - as oficinas, impressoras de quaisquer naturezas, pertencentes a pessoas naturais 
ou jurídicas; 
III - as empresas de radiodifusão que mantenham serviços de notícias, reportagens, 
comentários, debates e entrevistas; 
IV - as empresas que tenham por objeto o agenciamento de notícias. 
Art. 9º O pedido de registro conterá as informações e será instruído com os 
documentos seguintes: 
I - no caso de jornais ou outras publicações periódicas: 
a) título do jornal ou periódico, sede da redação, administração e oficinas impressoras, 
esclarecendo, quanto a estas, se são próprias ou de terceiros, e indicando, neste caso, 
os respectivos proprietários; 
b) nome, idade, residência e prova de nacionalidade do diretor ou redator-chefe; 
c) nome, idade, residência e prova de nacionalidade do proprietário; 
d) se propriedade de pessoa jurídica, exemplar do respectivo estatuto ou contrato social 
e nome, idade, residência e prova da nacionalidade dos diretores, gerentes e sócios da 
pessoa jurídica proprietária; 
II - no caso de oficinas impressoras: 
a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário, se pessoa 
natural; 
b) sede da administração, lugar, rua e número onde funcionam as oficinas e 
denominação destas; 
c) exemplar do contrato ou estatuto social, se pertencentes a pessoa jurídica. 
III - no caso de empresas de radiodifusão: 
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a) designação da emissora, sede da sua administração e local das instalações do 
estúdio; 
b) nome, idade, residência e prova de nacionalidade do diretor ou redator-chefe 
responsável pelos serviços de notícias, reportagens, comentários, debates e entrevistas. 
IV - no caso de empresas noticiosas: 
a) nome, nacionalidade, idade e residência do gerente e do proprietário, se pessoa 
natural; 
b) sede da administração; 
c) exemplar do contrato ou estatuto social, se pessoa jurídica.
Havia ainda obrigações exageradas de identificação do autor do impresso. É bem verdade que 
a Constituição de 1988 também proíbe o anonimato em regra, no entanto dentro de parâmetros 
razoáveis.
A Lei de Imprensa, por outro lado, pretendia que as pessoas que desejassem manifestar seu 
pensamento por meio dos veículos de mídia tivessem seus nomes registrados previamente, 
inclusive com seus pseudônimos. Veja as regras seguintes:
Art. 7º No exercício da liberdade de manifestação do pensamento e de informação não 
é permitido o anonimato. Será, no entanto, assegurado e respeitado o sigilo quanto às 
fontes ou origem de informações recebidas ou recolhidas por jornalistas, 
radiorrepórteres ou comentaristas. 
§ 1º Todo jornal ou periódico é obrigado a estampar, no seu cabeçalho, o nome do 
diretor ou redator-chefe, que deve estar no gozo dos seus direitos civis e políticos, bem 
como indicar a sededa administração e do estabelecimento gráfico onde é impresso, 
sob pena de multa diária de, no máximo, um salário-mínimo da região, nos termos do 
art. 10. 
§ 2º Ficará sujeito à apreensão pela autoridade policial todo impresso que, por 
qualquer meio, circular ou for exibido em público sem estampar o nome do autor e 
editor, bem como a indicação da oficina onde foi impresso, sede da mesma e data da 
impressão. 
§ 3º Os programas de noticiário, reportagens, comentários, debates e entrevistas, nas 
emissoras de radiodifusão, deverão enunciar, no princípio e ao final de cada um, o 
nome do respectivo diretor ou produtor. 
§ 4º O diretor ou principal responsável do jornal, revista, rádio e televisão manterá em 
livro próprio, que abrirá e rubricará em todas as folhas, para exibir em juízo, quando 
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para isso for intimado, o registro dos pseudônimos, seguidos da assinatura dos seus 
utilizantes, cujos trabalhos sejam ali divulgados.
Qualquer jornal ou outra publicação que não estivesse registrada de acordo com essas regras 
ou que não contassem com os nomes do diretor, redator ou proprietário, seria considerado 
como publicação clandestina, constituindo exceção à regra do art. 2o, que assegurava a livre 
publicação e circulação, no território nacional, de livros e de jornais e outros periódicos, salvo 
se clandestinos ou quando atentem contra a moral e os bons costumes.
Até agora o julgamento do STF parece ter sido bastante democrático, não é mesmo? Pois bem, 
é importante que você compreenda que o STF invalidou a Lei de Imprensa por completo, mas 
havia uma parte importante dela que gerou algumas divergências entre os Ministros no próprio 
julgamento. Estou falando do direito de resposta.
A Constituição de 1988 assegura o direito de resposta em seu art. 5o, V: “é assegurado o direito 
de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à 
imagem”.
A Lei de Imprensa trazia regras bastante específicas e interessantes a respeito do exercício 
desse direito, que terminaram entrando no “bolo da inconstitucionalidade” e sendo invalidadas 
pelo STF.
Na regra da Lei de Imprensa, o pedido de resposta poderia ser formulado por qualquer 
pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade pública, que fosse acusado ou ofendido 
em publicação feita em jornal ou periódico, ou em transmissão de radiodifusão, ou a 
cujo respeito os meios de informação e divulgação veiculassem fato inverídico ou 
errôneo.
Esse direito poderia ser exercido de três formas diferentes, a depender do tipo de veículo de 
comunicação:
FORMA COMENTÁRIO
a) publicação da resposta ou retificação do 
ofendido, no mesmo jornal ou periódico, no 
mesmo lugar, em caracteres tipográficos 
Neste caso a resposta deveria ter a 
mesma dimensão à do escrito original, 
garantido um mínimo de 100 linhas;
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1.1.1 Questões Comentadas - Lei nº 5.250 (1967) - Lei de Imprensa -
Multibancas
Além disso, a resposta ou retificação deveria ser publicada em até 24h ou no primeiro número 
impresso, no caso de periódicos neste formato.
Em caso de não atendimento ao pedido de resposta, o prejudicado poderia provocar o Poder 
Judiciário, e neste caso o Juiz poderia também multar o responsável pela publicação que 
desobedecesse ao pedido de resposta.
Por essas razões, alguns Ministros pretendiam que o trecho da Lei de Imprensa que tratava do 
direito de resposta fosse considerado compatível com a Constituição, mas este não foi o 
posicionamento que prevaleceu no julgamento, e hoje nenhuma dessas regras têm validade 
(digo e repito, para que você não esqueça!!!).
idênticos ao escrito que lhe deu causa, e em 
edição e dia normais;
b) transmissão da resposta ou retificação escrita 
do ofendido, na mesma emissora e no mesmo 
programa e horário em que foi divulgada a 
transmissão que lhe deu causa;
A transmissão deveria ocupar tempo 
igual ao da transmissão original, 
podendo durar no mínimo um minuto, 
ainda que a ofensa tenha sido mais curta;
c) transmissão da resposta ou da retificação do 
ofendido, pela agência de notícias, a todos os 
meios de informação e divulgação a que foi 
transmitida a notícia que lhe deu causa.
A reposta deve ser dada com a mesma 
dimensão da notícia original.
Na prática estamos dizendo que o direito de resposta ainda existe (já que é previsto 
pela própria Constituição), mas só pode ser exercido por meio de decisão judicial, já 
que não temos mais uma lei que regulamente os prazos e condições em que ele deve 
ser atendido.