Buscar

art 2020 AS CONTRIBUICOES DA PSICOLOGIA TRANS

Prévia do material em texto

São Paulo 
2020 
BRUNNO JULIANO SANTIAGO DE MELLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA 
NO ATENDIMENTO AS PESSOAS TRANSEXUAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA 
NO ATENDIMENTO AS PESSOAS TRANSEXUAIS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Instituição Centro Universitário Anhanguera de 
São Paulo, Campus Campo Limpo, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
graduado em Psicologia. 
Orientadora: Amanda Mattos. 
 
 
 
BRUNNO JULIANO SANTIAGO DE MELLO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNNO JULIANO SANTIAGO DE MELLO 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA 
NO ATENDIMENTO AS PESSOAS TRANSEXUAIS 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Instituição Centro Universitário Anhanguera de 
São Paulo, Campus Campo Limpo, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
graduado em Psicologia. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof.(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
 
São Paulo, 02 de dezembro de 2020. 
 
 
MELLO, Brunno Juliano Santiago de. As contribuições da psicologia no 
atendimento as pessoas transexuais. 2020. 26 folhas. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Graduação em Psicologia) – Instituição Centro Universitário Anhanguera de 
São Paulo, Campus Campo Limpo, São Paulo, 2020. 
 
RESUMO 
 
A natureza do problema estudado consiste em entender as dificuldades de inserção 
das pessoas transexuais na sociedade e como isso pode afetá-las psicologicamente, 
dessa forma auxiliando na compreensão dos impactos psicológicos causados pela 
dificuldade de aceitação de pessoas transexuais. No contexto em questão, foi possível 
entender o conceito de transexualidade, verificar as dificuldades encontradas por 
transexuais para se inserir na sociedade e que podem afetar seu psicológico, além de 
se observar a atuação da psicologia na amenização do sofrimento psicológico das 
pessoas transexuais. A metodologia utilizada para a realização do estudo se baseia 
em uma revisão literária, consultando livros e artigos científicos, onde os principais 
autores pesquisados foram: Ramsey (2018) e Bento (2017). Dentre as principais 
considerações sobre a pesquisa, está o fato de que a família da pessoa transexual é 
necessária para auxiliar nas adversidades encontradas mediante a sociedade. Além 
disso, leva-se em conta o fato de que os transexuais desejam muito mais do que 
serem aceitos pela sociedade, e sim respeitados e tratados de forma igualitária 
independentemente do ambiente em que estiver inserido. 
Palavras-chave: Transexualidade; Sofrimento Psicológico; Identidade de Gênero; 
Exclusão Social; Psicologia 
 
MELLO, Brunno Juliano Santiago de. The contributions of psychology in the care 
of transgender people. 2020. 26 sheets. Course Conclusion Paper (Graduation in 
Psychology) - Institution Centro Universitário Anhanguera de São Paulo, Campus 
Campo Limpo, São Paulo, 2020. 
 
ABSTRACT 
 
The nature of the problem studied is to understand the difficulties of inserting 
transsexual people in society and how it can affect them psychologically, thus helping 
to understand the importance of psychology in assisting transsexual people. In the 
context in question, it was possible to understand the concept of transsexuality, to 
verify the difficulties encountered by transsexuals to enter society and which may affect 
their psychological, in addition to observing the role of psychology in easing the 
psychological suffering of transsexual people. The methodology used to carry out the 
study is based on a literary review, consulting books and scientific articles, where the 
main authors surveyed were: Ramsey (2018) and Bento (2017). Among the main 
considerations about the research, is the fact that the family of the transsexual person 
is necessary to assist in the adversities encountered through society. In addition, it 
takes into account the fact that transsexuals want much more than being accepted by 
society, but rather respected and treated equally, regardless of the environment in 
which they are inserted. 
Keywords: Transexuality; Psychological Suffering; Gender Identity; social exclusion; 
Psychology. 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 01 – Contexto geral de gênero ....................................................................... 10 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 7 
2. CONCEITO DE TRANSEXUALIDADE .................................................................. 9 
3. OBSTÁCULOS SOCIAIS ENFRENTADOS POR TRANSEXUAIS ................... 15 
4. ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO A TRANSEXUAIS ............ 20 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 25 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 26 
 
 
 
 
7 
1. INTRODUÇÃO 
 
Desde os primórdios da história, a sociedade classifica o ser humano em dois 
gêneros: o feminino e masculino. Além disso, devido a uma série de regras impostas 
(não pelas leis e sim pela sociedade), se torna lento e gradativo a mudança de 
diversas visões e padrões que são consideradas únicas e verdadeiras para 
determinado período. 
A gradual mudança sobre a questão de gênero torna-se cada vez na aflorado 
na contemporaneidade, tendo em vista que a globalização e as formas cada vez mais 
ágeis de se comunicar fazem com que esse tipo de informação chegue de forma 
instantânea para todas as pessoas, o que facilita na compreensão e entendimento de 
novos padrões e comportamentos. 
Dentre os diversos gêneros que são conhecidos, nota-se que a transexualidade 
é um dos elementos que merecem uma melhor observação, tendo em vista a 
complexidade de diversas pessoas em entender e aceitar indivíduos com essa 
identidade. Portanto, para a sociedade e para a comunidade acadêmica, a realização 
dessa pesquisa torna-se fundamental para que ela auxilie e complemente diversos 
outros estudos já abordados sobre o assunto, e que ao mesmo tempo possa contribuir 
com uma nova perspectiva referente ao tema. 
Mediante ao contexto apresentado anteriormente, o Trabalho de Conclusão de 
Curso em questão trouxe como problema de pesquisa o entendimento de como as 
dificuldades de inserção social das pessoas transexuais podem impactá-las 
psicologicamente. 
Logo, o objetivo geral foi de compreender os impactos psicológicos causados 
pela dificuldade de aceitação de pessoas transexuais. Além disso, os objetivos 
específicos foram: compreender o conceito de transexualidade, apresentar as 
dificuldades encontradas por transexuais para se inserir na sociedade e que podem 
afetar seu psicológico, e verificar a atuação da psicologia na amenização do 
sofrimento psicológico das pessoas transexuais. 
A metodologia utilizada para a realização do estudo se baseia em uma revisão 
literária, consultando livros e artigos científicos em bases de sites como o Scielo e 
Google Acadêmico. Portanto, os principais autores pesquisados foram: Ramsey 
(2018) e Bento (2017). Por conta disso, o período dos livros e artigos pesquisados 
 
 
8 
englobam aproximadamente os últimos 10 anos (2010 – 2020). As palavras-chaves 
utilizadas na busca de conteúdo para o estudo são: Transexualidade; Sofrimento 
Psicológico; Identidade de Gênero; Exclusão Social; Psicologia. 
O trabalho foi feito da seguinte maneira: no primeiro capítulo buscou-se 
conceituar o termo transexualidade, tomando como base diversos autores ligados ao 
tema. Já no segundo capítulo, foi estudado os fatores sociais que influenciam no 
sofrimento psicológico das pessoas transexuais. Já no terceiro e último capítulo, foi 
descrito opapel do psicólogo frente a esse tipo de questão, além de compreender sua 
importância no processo de integração do paciente a sociedade. 
 
 
 
 
9 
2. CONCEITO DE TRANSEXUALIDADE 
 
Desde o surgimento do homem, as relações entre os indivíduos sofreram (e 
ainda sofrem) transformações. No entanto, as constantes mudanças que ocorrem nos 
tempos atuais ocasionada, dentre diversos motivos, pelas novas perspectivas de 
identidade de gênero, influenciaram nas novas transformações sociais. 
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Roso (2017, p. 27) compreende que 
“a transformação social ocorre por meio de um processo amplo e lento observado no 
tempo histórico, envolvendo toda a sociedade e implicando em mudanças nas 
relações sociais, econômicas e políticas”. 
Historicamente, quando o sistema patriarcal se instalou na humanidade (por 
volta de uns 5 mil anos atrás) e dividiu a humanidade em dois gêneros (homem e 
mulher) criou-se um ideal masculino e um ideal feminino. Enquanto no ideal masculino 
era remetido a ideia de força, sucesso, poder, coragem, ousadia e 
heterossexualdiade, o ideal feminino consistia na fragilidade, dependência, 
delicadeza, carisma, etc. (GOMES, 2018). 
No entanto, o que se aconteceu no decorrer dos tempos foi o dissolvimento 
dessa espécie de “fronteira” existente entre o que é tipico de ações e sentimentos 
masculinos e femininos. Por conta disso, a questão do sexo se apresenta como um 
fator composto, em que elementos biológicos são estreitamente ligados aos 
psicológicos e aos jurídico-sociais (PENNA; AUAD; MEDEIROS, 2010). 
A sexualidade, consequentemente, comporta variações e subtipos: o sexo 
biológico (constituído pelo sexo morfológico, genético e endócrino), o sexo psíquico e 
sexo jurídico. Logo, tudo o que envolve o termo gênero compreende diversas 
questões políticas e sociais, principalmente nas redes sociais (GOMES, 2018). 
Para se compreender esse fato, é necessário levar em conta uma outra 
expressão para o melhor entendimento desse contexto: a subjetividade. De acordo 
com Arilha (2010), a subjetividade nada mais é do que tudo o que diz respeito a aquilo 
que as pessoas são. Logo, é por meio da identidade de gênero e da orientação sexual 
que se elabora a subjetividade, ou seja, o modo como as pessoas se relacionam com 
as outras. 
É por meio da educação familiar, escolar ou social, que essas orientações 
sexuais dos individuos vão se formando. Uma vez que o processo de aprendizado e 
 
 
10 
formação das pessoas esta ligado aos valores vigentes na sociedade, é necessário 
que as pessoas estejam atentas para não reforçar, registar e legitimar diferentes 
ações e valores “supostamente” naturais (BOFF, 2013). 
No entanto, é necessário frisar que nas primeiras fases da vida, é praticamente 
impossível que as crianças não sejam influenciadas a seguir os valores e normas 
impostas pela sociedade, pois, aprende-se desde cedo, no ambiente familiar, a 
classificação do que vem a ser o seu gênero. Portanto, nota-se que falar de construção 
de gênero não é facil (PENNA; AUAD; MEDEIROS, 2010). 
No entanto, nota-se que no decorrer dos tempos o que se compreende do que 
vem a ser o gênero masculino e feminino vem mudando com o passar dos tempos, 
prova disso é a existência de mais de dois gêneros, conforme elucidado na figura 01 
que esclarece com maiores detalhes as informações esse fato. 
 
Figura 01 – Contexto geral de gênero 
 
Fonte: Arilha (2010, p. 50). 
 
 
 
11 
Logo, conforme visto na figura 01, a questão da construção do gênero 
ultrapassou as fronteiras do que vem a ser elementos femininos e masculinos. Esse 
tipo de classificação é fruto das constantes transformações pelas quais a sociedade 
passa (e ainda está passando) pelo seu modo de pensar e agir. 
Para algumas teorias, o reconhecimento individual de gênero se dá através de 
influências biológicas do sexo, e para outras se constrói socialmente através das 
influências culturais, pelos quais oferecem caminhos bem definidos para meninos e 
meninas (GOMES, 2018). 
Já para Costa (2020), o fato de nascer com a genitália masculina ou feminina 
não caracteriza o comportamento de como ser homem ou ser mulher, esse 
comportamento precisa ser aprendido no convívio social, e essa aprendizagem é 
individual, dando-se através de um longo processo (que pode ser definido como 
identidade de gênero) que se evidenciará na puberdade cm o surgimento dos 
caracteres secundários que surgem na adolescência. 
Esse fator contribui no entendimento de que “atualmente, dificilmente se 
sustentar a existência de critérios capazes de constituir classificações naturais em 
identidades fixas, unitárias, separadas por fronteiras biológicas que forma e corpo” 
(GUEDES, 2010, p. 39). 
Devido a essas transformações sociais, ocasionadas pelas novas perspectivas 
de identidade de gênero, uma que requer bastante atenção é a transexualidade. 
Penna, Auad e Medeiros (2010) compreendem que existem diferentes conceitos de 
transexualidade, todos eles convergem para um entendimento comum, a saber o de 
que o transexual tem a convicção intersubjetiva de um indivíduo de que pertence a 
um sexo diferente do seu sexo biológico. 
Por conta disso, o entendimento de transexualidade pode ser interpretado e 
demonstrado por diversas maneiras entre as pessoas. Além disso, é necessário frisar 
que esse entendimento pode ser influenciado por questões sociais, biológicas, 
religiosas, dentre diversos outros aspectos (COSTA, 2020). 
O início da história do estudo do transexualismo é escasso, entretanto, o 
conceito de sua categorização de pessoas transexuais pode ser observado por volta 
de 1923 no trabalho de Magnus Hirschfekd. Contudo, o termo foi imaginado por 
Caudwell em 1949, em um artigo intitulado Psychopathia Transsexualis, transposto 
da obra Psychopathia Sexualis, de Krafft-Ebing (GUEDES, 2010). 
 
 
12 
Contudo, é importante frisar que foi a Harry Benjamin, em 1953, que se atribui 
o êxito de sua divulgação. E ele conceituou transexualismo como um sentimento 
manifestado por um indivíduo, de sexo determinado, de pertencer ao sexo oposto, e 
desejo intenso, frequentemente obcecado, de mudar sua conformação sexual para 
viver uma aparência conforme a imagem que ele faz de si mesmo (PENNA; AUAD; 
MEDEIROS, 2010). 
De forma sucinta, Ramsey (2018) explica que a descrição de “mente de uma 
mulher no corpo de homem” ou “mente de homem no corpo de mulher” faz-se notar a 
transexualidade a partir do cérebro, que é precisamente onde ela está, segundo 
evidências de pesquisas contemporâneas. 
Logo, a transexualidade, assim como diversos outros gêneros existentes, tem 
o seu início a partir da sua mente, ou seja, a partir do momento em que o indivíduo 
possui plena consciência de sua identidade, passará a refletir (na maioria dos casos) 
essa nova identidade em seu modo de agir, comportar e vestir (BENTO, 2017). 
Transexual, portanto, é aquele que é biologicamente formado de um sexo, mas 
psicologicamente identificado com sexo oposto ao seu sexo biológico. Isso não refere 
a uma preferência sexual, mas sim de uma identidade de gênero (PENNA; AUAD; 
MEDEIROS, 2010). 
Pedra (2020) explica que na contemporaneidade, as pessoas transexuais não 
são as únicas que rompem e cruzam os limites estabelecidos socialmente para os 
gêneros. Os travestis, os transgêneros, as drag queens, os drag kings são exemplos 
que desfazem a relação simplista vagina-feminino e pênis-masculino. 
O termo transexualidade, conforme descreve Bento (2017), significa tanto um 
diagnóstico quanto, mais fundamentalmente, um método de reabilitação para uma 
condição intratável de outra forma. A mudança de sexo é levada a cabo para alívio do 
sofrimento. Portanto, a transexualidade é um desdobramento inevitável de uma ordem 
de gênero que estabelece a inteligibilidade dos gêneros no corpo. 
Já Teixeira e Meneghel (2015, p. 28) expressam a transexualidade como“uma 
experiência de trânsito entre os gêneros que demonstram que as pessoas não são 
predestinadas a cumprir os desejos de suas estruturas corpóreas”. Portanto, pode se 
dizer que um indivíduo transexual é uma pessoa que não se reconhece com o gênero 
(sexo) que tem desde o dia de seu nascimento. 
 
 
13 
Na questão da identificação da transexualidade em individuo, Gomes (2018) 
diz que o diagnóstico rigoroso da transexualidade demanda que um psicoterapeuta 
diplomado e experiente realize uma exaustiva avaliação, incluindo um histórico 
completo do caso, testes psicológicos e extensas series de entrevistas ou sessões de 
terapia. 
Embora qualquer médico possa legalmente estabelecer o diagnóstico na 
maioria dos estados, não é considerada boa prática clínica que não-especialistas o 
façam. Aqueles que não são profissionais de saúde mental podem colocar-se em uma 
situação vulnerável a processos judiciais se atuarem neste delicado campo sem o 
apoio de profissionais de saúde mental devidamente treinados e experientes (BOFF, 
2013). 
Na maioria dos casos, conforme explicam Penna, Auad e Medeiros (2010) o 
diagnóstico de transexualidade é feito por uma equipe que inclui um psicólogo clínico, 
um psiquiatra e, em algumas instancias, um terapeuta experiente, tal como um 
assistente social. 
Portanto, em vista de tudo o que foi levantando sobre o conceito de transexual, 
é possível concluir que se trata de uma pessoa que nasceu como um homem, mas na 
verdade se sente como uma mulher, e o contrário também acontece, a pessoa pode 
nascer como uma mulher, mas na verdade se sente como um homem, tudo isso a 
partir do momento que o indivíduo percebe que seu cérebro se identifica por um 
determinado gênero (SAMPAIO, 2016). 
Na visão de Cecchetto (2014) esse processo de fuga do cárcere dos corpos 
sexuados é marcado por conflitos e medos. A transexualidade, ao contrário de um 
simples distúrbio de identidade de gênero, não é um fenômeno passageiro. 
Explicando melhor esse fato, Boff (2013, p. 37) justifica que: 
 
No processo transexual, a jornada que começa com uma terapia e vestir-se 
como o outro sexo, passa por tratamento hormonal e termina em cirurgia, não 
é um capricho passageiro. É a busca consistente de integração física, 
emocional, social, espiritual e sexual, conquistada a enormes penas 
pessoais. 
 
 Por conta disso, é necessário apresentar as dificuldades encontradas por 
transexuais para se inserir na sociedade e que podem afetar seu psicológico. Sobre 
 
 
14 
isso, surgem questionamentos em determinados fatores, como a cidadania, 
diversidade e igualdade de gênero, assuntos que serão vistos no próximo capítulo. 
 
 
15 
3. OBSTÁCULOS SOCIAIS ENFRENTADOS POR TRANSEXUAIS 
 
As mudanças profundas oriundas desde a antiguidade influenciam na maneira 
que as pessoas classificam os gêneros do ser humano. No entanto, devido aos 
estigmas colocados pela sociedade, muitas pessoas ainda não se sentem no direito 
expressar sua identidade de gênero de forma completa, fazendo com que o sofrimento 
seja muito maior do que aparenta ser (CECCHETTO, 2014). 
Em relação a construção histórica dos gêneros, Ceccarelli (2019), traz à tona 
como um exemplo a questão do gênero masculino, onde a história mostra que desde 
o início dos tempos o homem é visto como provedor, como aquele que toma as 
decisões mais importantes, sendo essa visão permanecida e imperando em variadas 
culturas e crenças. Já em relação ao gênero, Boff (2013, p. 22) compreende que: 
 
A questão de gênero pede uma reflexão ontológica, pois levanta a pergunta: 
o que é o ser humano para além de sua diferenciação sexual da difícil relação 
de gênero? Que significa a diferença masculino-feminino no interior da 
humanidade? Que é essa humanidade, presente de forma diferente e 
mutuamente recíproca, no homem e na mulher? Responder a isso é praticar 
uma reflexão ontológica que visa a identificar a unidade na diferença e a 
diferença na unidade, captar o modo de ser próprio do homem e da mulher e 
com isso entender melhor quem somos e qual é o nosso lugar na história da 
vida. 
 
Logo, a partir desse entendimento é possivel concluir que a diferença existente 
entre muher e homem é anatomica e fisiológica, o restante é construido pela cultura 
ao qual o indivíduo (tanto homem quanto mulher) esta inserido. Além disso, outro 
ponto importante a ser destacado é que o gênero é uma construção social, e que 
podem existir diversas formas de se fazer esse tipo de classificação (GOMES, 2018). 
Na questão da pessoa transexual, conforme já abordado até aqui, sabe-se que 
se um indivíduo que nasce com um corpo feminino, por exemplo, mas não se identifica 
com o gênero atribuído no nascimento acaba se entendendo como sendo do gênero 
masculino (um sujeito trans) (CECCHETTO, 2014). 
 Logo, as dúvidas da pessoa não gostar de suas roupas, odiar tudo que é do 
seu gênero de nascimento, ou o porquê ela ter esse corpo, levam os sujeitos que 
vivem em conflito com as normas de gênero a localizar em si a explicação para suas 
dores, gerando o pior efeito da patologização das identidades: os sujeitos se veem 
como anormais (PEDRA, 2020). 
 
 
16 
Portanto, de acordo com Teixeira (2010), as pessoas transexuais que não 
conseguem entender as transformações do seu corpo e entendimento do seu gênero, 
tendem a ser pessoas frustradas, tristes e confusas psicologicamente, apresentando 
diversos quadros, como por exemplo, depressão, crises de identidade, 
comportamentos agressivos, dentre diversos outros. 
Além de prejudicar sua própria saúde, esses quadros clínicos podem afetar a 
vida das pessoas que a cercam, como por exemplo familiares e os amigos mais 
próximos. A depressão pode ser considerada uma das mais graves que pode 
acontecer e que, sendo vivenciada a longo prazo, pode desencadear outros efeitos, 
como o vício em droga ou álcool, diminuição de convívio social, e em casos mais 
severos, pensamentos e comportamentos suicidas (PENNA; AUAD; MEDEIROS, 
2010). 
Outro ponto a ser trabalhado nesses casos é evitar que esse tipo de 
discriminação possa ocasionar em suicídio para essas vítimas. As demandas do dia 
a dia podem exigir determinadas cargas de estabilidade emocional para essas 
pessoas (CECCHETTO, 2014). 
Seja por determinadas situações de discriminação, quaisquer pessoas tendem 
a passar por ocasiões que exigem um controle emocional para suportar a situação. 
No entanto, é possível observar que não são todos os transexuais que conseguem 
superar esse fato (BENTO, 2017). 
Em diversas situações, muitas delas chegam ao ato mais extremo possível: o 
suicídio. Suscetível a qualquer faixa de idade, esse fator pode acontecer com maior 
frequência entre vítimas na faixa da adolescência, devido ao fato de estar 
desenvolvendo seu senso crítico e emocional, o que pode acabar levando o mesmo a 
decisões equivocadas (TEIXEIRA; MENEGHEL, 2015). 
O sofrimento psíquico do transexual se encontra no sentimento de uma total 
inadequação, pois de um lado está a anatomia do sujeito e seu “sexo biológico” e, de 
outro, este mesmo “sexo psicológico” e sua identidade civil. Enquanto homossexuais, 
bissexuais e travestis lutam para serem aceitos tal qual são, vendo seus problemas 
originarem-se mais nos preconceitos da sociedade e menos em cada indivíduo 
pertencente a estas minorias, os transexuais sofrem em seu íntimo, de forma contínua, 
de uma desarmonia entre o sexo a que sentem pertencer e o sexo anatômico de seu 
corpo (GOMES, 2018). 
 
 
17 
Contudo, não é somente o sofrimento interno que está relacionado a questão 
dos transexuais, os fatores sociais, assim como para diversos outros gêneros, 
também influenciam diretamente para o sofrimento dos transexuais. Em decorrência 
disso, ele poderá sofrer uma série de opressões e estigmas sociais, decorrente dessa 
visão globalizante de que há identidades especificas para cada gênero (BENTO, 
2017). 
Fazendoum contraponto a essa questão, Ramsey (2018) afirma que não há 
dúvidas de que os transexuais também almejam integrar-se à sociedade sem serem 
perseguidos, mas de modo algum querem permanecer como são ou pensam que o 
caminho para uma vida feliz termine na autoaceitação. 
Esse ponto de vista abre caminho para se falar da exclusão social que os 
transexuais podem sofrer. A problemática da exclusão social, em nível mundial, tem 
sido tema de debates de academias, de governos e da sociedade civil, todos 
preocupados com os contingentes cada vez mais significativos de populações aliadas 
dos seus direitos de cidadania e que, de modos e formas diversas, sofrem as 
consequências desse processo desumanizante (PENNA; AUAD; MEDEIROS, 2010). 
Cecchetto (2014) observa que a exclusão social não pode ser explicada por 
uma só causa, e que ela é um fenômeno poliédrico, formado pela articulação de um 
acúmulo de circunstâncias desfavoráveis, frequentemente inter-relacionadas 
fortemente, o que impede que seja a ela dispensado um tratamento “unidimensional 
e setorial”. 
Em vez disso, é importante que sejam adotadas abordagens integrais em sua 
definição e horizontais ou transversais em seus processos de gestão. Dessa forma, 
pode-se dizer que um quadro de “exclusão estrutural” atualmente vivenciado por 
travestis e homens e mulheres transexuais se constitui a partir de diversos elementos, 
como por exemplo, o acesso dificultado ou impedido a educação, ao mercado de 
trabalho qualificado e até mesmo ao uso de banheiros (RAMSEY, 2018). 
Outros exemplos de exclusão social apontados por Pedra (2020) são as 
diversas violências sofridas por eles, como as ameaças, agressões, homicídios e 
reproduções estereotipadas que geram percepções negativas sobre esses grupos. 
Para isso, utiliza-se a palavra “transfobia” para designar o preconceito ou 
discriminação em função da identidade de gênero de pessoas transexuais. 
A maioria dos atos de opressão e marginalização a que são submetidas as 
 
 
18 
pessoas transexuais é decorrente de um desconhecimento por parte da sociedade 
das realidades desses indivíduos e da pressuposição, por parte dessa sociedade, de 
uma existência binária e universal sobre o sexo, com masculino em oposição ao 
feminino, ambos atrelados ao corpo biológico (ARILHA, 2010). 
Ao tratar dos fatores sociais que podem causar sofrimento as pessoas 
transexuais, revela-se uma imensidão de significados, experiências e 
comportamentos que essas vítimas passam desde se identificarem como tal, e que 
sem um auxílio de um profissional para lidar com essas mudanças, poderá refletir em 
seu futuro sobre o significado de realmente ser um transexual (ROSO, 2017). 
Esse contexto contribui para o entendimento de que os indivíduos nessa 
situação encontram-se em estado de vulnerabilidade social. Em vista disso, Teixeira 
(2010, p. 43) cita que são “inúmeras situações de risco, das mais diferentes ordens, 
que impossibilitam o indivíduo desenvolver ao máximo das potencialidades, tanto no 
próprio ambiente familiar quanto no social”. 
Boff (2013) explica que o conceito de vulnerabilidade social está relacionado 
aos grupos sociais específicos que se encontram em um determinado território, 
expostos a um determinado fenômeno e fragilizados quanto a sua capacidade de 
compreender e se restaurar frente aos riscos, o que de certa forma representa a 
exclusão social desses indivíduos (no caso, as pessoas transexuais). 
Do ponto de vista de Pedra (2020), falar de cidadania hoje é muito mais uma 
necessidade prática do que uma questão meramente teórica. A vida, especialmente 
de pessoas oriundas de grupos historicamente discriminados, como os transexuais 
segue desvalorizados, e os diálogos referentes a essa questão ainda não é 
amplamente disseminado entre a sociedade. 
A “cidadanização” da população transexual, portanto, é um desafio para toda a 
sociedade, do qual depende a compreensão de todos para além dos estereótipos de 
gênero, e reconhecer a diversidade de identidade de gênero, para além mesmo das 
amarras que sempre foi imposta enquanto a “identidade” (ROSO, 2017). 
Logo, a realidade vivida pelos transexuais poderá causar grande sofrimento 
psíquico, sendo comparada aquela vivida por um enfermo, pois eles passam por 
mudanças físicas, comportamentais, emocionais, cognitivas e até do seu cotidiano, 
deixando de ser um ser produtivo que participa das demandas sociais (BENTO, 2017). 
Na percepção de Arilha (2010), o contexto mundial atual se proliferam as 
 
 
19 
guerras, o desrespeito as diferenças, a falta de solidariedade e a inversão de valores, 
fazendo com que a vida digna seja secundarizada, onde é fundamental que sejam 
somados os esforços e estimulados os processos de parceria para buscar alternativas 
efetivas de humanização e inclusão. 
Portanto, o trabalho do psicólogo torna-se fundamental para que o 
transexualismo possua cada vez novos significados e abordagens, para que dessa 
forma contribuindo para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Nesse 
sentido, constata-se a necessidade de se verificar detalhadamente a atuação da 
psicologia na amenização do sofrimento psicológico das pessoas transexuais, assunto 
para o último capítulo do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
4. ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO A TRANSEXUAIS 
 
As alterações para as quais a sociedade moderna já apontava estão agora se 
efetivando e desmantelando uma série de instituições e certezas que foram 
fundamentais para existir os diversos ideais da modernidade, dentre os quais se 
destaca a identidade de gênero (BENTO, 2017). 
O papel do psicólogo consiste em contribuir no esclarecimento do processo de 
construção da transexualidade no interior do indivíduo, contribuindo na promoção do 
desenvolvimento do sujeito. Além disso, um acompanhamento contínuo pode auxiliar 
na melhora da saúde psicológica dos pacientes (GOMES, 2018). 
Sampaio (2016) avalia que as práticas psicoterapêuticas auxiliam as pessoas 
transexuais a lidar com as mudanças que podem acontecer no seu convívio social a 
partir do momento em que se assume sua identidade. Nessa mesma linha de 
pensamento, Boff (2013, p. 33) avalia que: 
 
Identidade, é um empreendimento paradoxal. Através dela o agente se 
integra a algum grupo e fariam essa personalidade por signos, 
comportamentos condutas que poderiam ser ditos impessoais, pois são 
sustentados por práticas coletivas que o agente toma como definidoras de 
sua identidade. 
 
As dificuldades da sociedade em entender que a identidade de gênero é um 
fator que deve ser melhor compreendido e aceito por todos, pois se trata de uma 
escolha individual do ser humano. No atendimento as pessoas transexuais, a 
participação da família é fundamental, pois, conforme explica Roso (2017 p. 33) a 
“família é o contexto natural para crescer e receber auxilio, pois ela cumpre o papel 
de garantir o pertencimento e promover a individualização do sujeito que, por sua vez, 
elabora a própria identidade”. 
No entanto, em diversas situações, esse tipo de caso pode ser ignorado pelas 
familiar, ou, existem situações nas quais as famílias discriminam a pessoa transexual 
devido ao fato do mesmo não se encaixar nos padrões culturais e sociais impostos 
pela sociedade (ARILHA, 2010). 
Por conta disso, os psicólogos devem encontrar as melhores técnicas e ações 
para auxiliar seus pacientes que estão sofrendo com esse tipo de problema e ajudar 
no enfrentamento dessa situação. O acompanhamento psicológico as pessoas 
 
 
21 
transexuais são necessárias, nos quais as práticas psicoterapêuticas auxiliam os 
transexuais a lidarem com as dificuldades encontradas no cotidiano (SAMPAIO, 
2016). 
O auxílio de tratamentos terapêuticos, o acompanhamento do psicólogo para 
que os pacientes possam entender a questão complexa do que vem a ser a 
transexualidade, juntamente com o apoio da família ou de amigos e pessoas maispróximas ao paciente, são fatores essenciais para ajudar no sofrimento psíquico dos 
pacientes (ROSO, 2017). 
A intervenção médica do fator transexual ocasiona não apenas a delimitação 
do conceito e uma construção da percepção clínica e psicológica, estritamente ligada 
a transexualidade, mas, também, viabiliza uma discussão sobre o entendimento da 
identidade “trans” (GOMES, 2018). 
Além disso, possibilita a reivindicação de direitos desses indivíduos, 
ressaltando o direito ao nome e a inserção social dos sujeitos “trans”, bem como, a 
promoção de políticas públicas de saúde e assistência, não esgotando o assunto 
apenas nas questões terminológicas (ROSO, 2017). 
A cirurgia de redesignação sexual é vista, portanto, como parte do processo de 
adequação a uma realidade já existente, possibilitando que o indivíduo tenha a 
plenitude da sua identidade de gênero, livrando-se da parte do seu corpo que não 
reconhece como sua (BENTO, 2017). Sobre isso, é interessante refletir que: 
 
[...] é comum as pessoas citarem que o tempo resolve tudo, no entanto, isso 
efetivamente não acontece. Quanto mais o tempo escoa, mais o conflito se 
cristaliza e é mais difícil voltar atrás; mesmo que não haja recuo, o filho 
transexual pode acabar por ver o pai que haviam rejeitado anteriormente, mas 
mesmo neste caso, em 10 anos, 20 anos, ver 40 anos depois. O tempo 
realmente modificou os fatos, mas a que preço? (ARILHA, 2010, p. 59). 
 
 Logo, o trabalho em conjunto do psicólogo com a família é fundamental para 
que esse tipo de situação não aconteça novamente, o que poderá ser importante para 
o transexual ter uma boa relação com os pais. Os transexuais podem assumir uma 
postura violenta caso não sejam aceitos pela sociedade. 
Nesse assunto, Arilha (2010, p. 35) relata sobre o autoconhecimento e sua 
importância no processo terapêutico, discorrendo que o autoconhecimento tem um 
valor especial para o próprio indivíduo, e que “uma pessoa que se “tornou consciente 
 
 
22 
de si mesma” por meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de 
prever e controlar seu próprio comportamento”. 
Logo no primeiro atendimento ao paciente, apresenta-se o modelo cognitivo, 
escuta-se toda a história do mesmo, e nesse primeiro atendimento já aconselha-se ao 
indivíduo a colocar as suas vivências, a identificar seus pensamentos, a reconhecer 
seus sentimentos e então perceber se esses comportamentos nas quais ele está 
realizando diante das situações está realmente adequados a esse vivência 
(TEIXEIRA, 2010). 
Conforme explica Arilha (2010), a transexualidade vem carregada de 
preconceitos, abandonos, desconstruções de valores e crenças, e por causa disso, a 
psicoterapia é uma forma na qual os profissionais de psicologia podem auxiliar seus 
pacientes transexuais. 
A psicoterapia, segundo Lima (2018) é um tipo de procedimento, usado 
principalmente por psicólogos, para ajudar as pessoas a serem mais felizes, 
saudáveis e produtivas. Elas ocorrem por meio de encontros, entre o profissional e a 
pessoa, e, ao longo desses encontros, o profissional usa alguma abordagem teórica, 
além de diferentes técnicas para entender e impactar a vida da pessoa, além de tentar 
ajudá-la a alcançar seus objetivos e se sentir melhor consigo mesma. 
Independentemente da abordagem utilizada pelo psicólogo, a psicoterapia, de 
acordo com Teixeira (2010), é um tratamento colaborativo, que depende bastante da 
relação que o paciente desenvolve com o profissional. O psicólogo interage com o 
paciente, visando facilitar o autoconhecimento. 
Os dois devem trabalhar em conjunto para perceber e mudar os padrões de 
pensamento, e comportamento estão lhe atrapalhando. Além do autoconhecimento, a 
psicoterapia pode ser excelente ferramenta para os pacientes (no caso os 
transexuais) buscarem seu crescimento pessoal (GOMES, 2018). 
Psicólogos trabalham com as questões dos traumas, e que por meio de 
técnicas, auxiliam os pacientes a descobrir o que está “encoberto” em determinados 
comportamentos apresentados. Logo, é interessante citar que, seu trabalho, 
juntamente com o empenho e vontade do paciente, assim como também a 
colaboração da família, será fundamental para que as pessoas transexuais vítimas de 
discriminação possam superar esse fato (BENTO, 2017). 
 
 
23 
Além desse entendimento, é necessário deixar evidenciado o trabalho 
psicológico voltado aos agressores e discriminadores de transexuais (caso sejam 
identificadas pessoas especificas praticando esse ato), tendo em vista que esse tipo 
de comportamento deve ser estudado afim de que futuramente se encontrem técnicas 
ou meios para que tais atitudes possam ser tratadas e que evitem esse tipo de ato 
(ROSO, 2017). 
O (a) psicólogo (a) pode contribuir de diversas formas para que os transexuais 
com sofrimento por dificuldades de inserção e aceitação da sociedade. Em diversos 
casos, o simples ato de ouvir o transexual pode ser importante para auxiliar no 
tratamento desse tipo de quadro (GOMES, 2018). 
O acolhimento e a orientação para as famílias são fundamentais para que elas 
deixem de lado crenças errôneas, e não se desgastem com culpas desnecessárias e 
sem propósitos. Cuidar dos familiares, especialmente das mães, é tão importante 
quanto cuidar das próprias vítimas (ARILHA, 2010). 
A psicoterapia, bem como outras formas de acompanhamento terapêutico pode 
ser indicada para auxiliar os pais na compreensão do que está acontecendo e do que 
estão sentindo, inclusive acolhendo sentimentos comuns, como negação, raiva, 
rejeição, culpa, frustração, ressentimento etc. (TEIXEIRA, 2010). 
Bento (2017) observa que é preciso que os profissionais da área de saúde, tais 
como, médicos, enfermeiros e psicólogos, dentre outros, conheçam a temática do 
transexualismo e compreendam a dor e sofrimento que acompanham os transexuais. 
Também é necessário compreender que o transexualismo é algo distinto de 
travestismo, de homossexualismo, de disforia de gênero e de hermafroditismo. 
Auxiliando nesse tipo de questionamento, Sampaio (2016, p.12) compreende que: 
 
Dessa forma, o transexual sofre psiquicamente por não saber como ser aceito 
socialmente. Que tipo de perfil as pessoas - homens e mulheres – querem 
dele? É esse indivíduo fragilizado que fica a margem dos desejos sociais e 
não procura auxílio médico o psicológico. 
 
Seja pela orientação sexual ou pelo não entendimento do contexto ao qual está 
inserido, o entendimento de transexualidade pode ser confuso para grande parte das 
pessoas deles, o que pode causar diversas consequências, dessa forma, o trabalho 
do psicólogo é fundamental nesses casos, pois contribui para que ada vez mais 
pessoas possam descobrir sua verdadeira identidade (ROSO, 2017). 
 
 
24 
Tendo em vista as consequências de tal ato, é fundamental deixar evidente que 
o trabalho do psicólogo é fundamental na formação e conduta ética e moral das 
vítimas, e evitar que esse tipo de sofrimento possa ocasionar em consequências 
drásticas para o futuro da vítima. 
 
 
 
 
25 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em relação ao conceito de transexualidade, percebe-se que são diversas 
interpretações e entendimento dessa expressão, no entanto, todas elas se baseiam 
no mesmo aspecto, que são indivíduos que nasceram biologicamente com um 
determinado gênero, mas que se reconhecem e identificam com outro tipo de gênero. 
Além do processo de identificação interna da transexualidade, outros fatores 
podem desencadear em sofrimento para que essas pessoas, como por exemplo, a 
exclusão social, por meio de atos de discriminação e dificuldades de inserção em 
determinados âmbitos da sociedade, ocasionando prejuízos no psicológico das 
vítimas. 
Tendo em vista tudo o que foi abordado, percebe-se que a participação da 
psicologia (por meio de suas técnicas) é fundamental nessa questão, pois, as 
consequências da aceitação da transexualidade podem prejudicar o relacionamentodo indivíduo com sua família. Além disso, pode ser observado que quando não 
solucionadas a tempo, as consequências poderão ser cada vez mais severas. 
Em decorrência disso, o objetivo geral de compreender os impactos 
psicológicos causados pela dificuldade de aceitação de pessoas transexuais foi 
alcançado, tendo em vista que no decorrer dos capítulos, e mais especificamente no 
segundo capítulo, foi detalhando os principais atos que podem sofrer as pessoas 
transexuais, além de entender os tipos de consequências que que tais ações 
ocasionam. Por conta disso, um estudo voltado para a importância do estudo do 
comportamento de indivíduos que discriminam determinados grupos da sociedade é 
um tema que pode ser oriundo a partir desse estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
REFERÊNCIAS 
 
ARILHA, Margareth Rident. O contexto social de gênero. São Paulo: Ecos: Editora 
2010. 
BENTO, Berenice. O que é transexualidade: Primeiros passos. Brasília: 
Brasiliense, 2017. 
BOFF, Leonardo. Gênero e Teologia: Interpelações e perspectivas. São Paulo: 
Edições Loyola, 2013. 
CECCHETTO, Fátima Regina. Violência e estilos de gênero: Violência, cultura, 
poder. São Paulo: FGV Editora, 2014. 
CECCARELLI, Paulo Roberto. A construção da identidade transexual. São Paulo: 
Cengage Learning, 2019. 
COSTA, Isadora Machado. Raça, Gênero e Sexualidade em Perspectivas 
Discursivas: teorias e análises. São Paulo: Pimenta Cultural, 2020. 
GOMES, Romeu. Sexualidade: gênero e saúde. Rio de janeiro: Editora Fiocruz; 
2018. 
GUEDES, Maria Helena. As transexuais. São Paulo: Clube de Autores, 2010. 
LIMA, Lucas Velasquez. Psicologia. Rio de janeiro: biblioteca24horas, 2018. 
PEDRA, Caio Benevides. Cidadania Trans: O Acesso à Cidadania por Travestis e 
Transexuais no Brasil. São Paulo: Editora Appris, 2020. 
PENNA, João Bosco; ADUA, Olga Juliana; MEDEIROS, Alexandre Alliprandino. O 
Médico, O Transexual e a Responsabilidade Civil. São Paulo: Clube de Autores, 
2010. 
RAMSEY, Gerald. Transexuais: perguntas e respostas. São Paulo: GLS Editora, 
2018. 
ROSO, Adriane. Crítica e Dialogicidade em Psicologia Social: Saúde, Minorias 
Sociais e Comunicação. São Paulo: UFSM, 2017. 
SAMPAIO, Luan. Transexualidade na contemporaneidade. São Paulo: Saraiva, 
2016 
TEIXEIRA, Elizabeth Fleury; MENEGHEL, Stela Neil. Dicionário da infâmia: 
acolhimento e diagnóstico de pessoas em situação de violência. São Paulo: 
Cengage Learning, 2015. 
TEIXEIRA, Thiago M. A psicologia na identidade transexual. São Paulo: Cengage 
Learning, 2010. 
https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Elizabeth+Fleury-Teixeira%22&source=gbs_metadata_r&cad=6
https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Stela+N.+Meneghel%22&source=gbs_metadata_r&cad=6
	1. INTRODUÇÃO
	2. conceito de transexualidade
	3. obstáculos sociais enfrentados por transexuais
	4. atuação da psicologia no atendimento a transexuais
	5. CONsiderações finais
	REFERÊNCIAS