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Fichamento 9 - Marx - O Capital (cap 3 - O DINHEIRO OU A CIRCULAÇÃO DAS MERCADORIAS)

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Victor Rodrigues de Freitas – Nº USP 11239445 
Fichamento 9 - Capítulo 3 – O dinheiro ou a circulação das mercadorias (Seção 2: 
Meio de circulação) 
MARX, Karl (1983) O Capital - Crítica Da Economia Política. Coleção “Os 
Economistas”, São Paulo, Abril Cultural 
1. Objetivo do texto 
Nessa seção Marx tem como objetivo descrever o papel do dinheiro no 
processo de troca das mercadorias. O autor explora a metamorfose que as 
mercadorias sofrem no processo de troca (M-D-M). O processo de circulação do 
dinheiro e o papel da moeda na economia capitalista. 
2. Pontos principais 
Na primeira parte, “A metamorfose das mercadorias”, o autor afirma que o 
processo de troca de mercadorias promove algumas relações contraditórias. Como 
resposta a essas contradições, Marx induz que a circulação de mercadorias, de uma 
forma dialética, movimenta essas contradições. Para construir essa argumentação, 
ele conceitua duas ideias: o metabolismo social - o processo de transformação de 
mercadorias sem valores de uso em mercadorias com valores de uso, o que implica 
em uma transferência entre produtos de trabalho; e a metamorfose das mercadorias - 
como a mudança de uma mercadoria em mercadoria-dinheiro e vice-versa. 
O autor analisa a assimetria da dupla metamorfose (M-D-M) presente em uma 
troca de mercadorias e adjetiva elas como antitéticas e mutuamente complementares: 
a) Do particular para o universal ou o processo de venda (Mercadoria-Dinheiro): 
nesse processo, é necessário encontrar um comprador para a mercadoria, o que 
nem sempre é possível. 
b) Do universal para o particular ou o processo de compra (Dinheiro-
Mercadoria): nesse processo, é mais fácil conseguir realizar a movimentação, 
ou seja, o ato de compra, uma vez que se consegue comprar o que quiser com 
o dinheiro, por ter um caráter universal. 
O autor conclui: a circulação das mercadorias dá-se pela complementaridade 
entre diversos processos de troca; uma troca de mercadorias pode finalizar seu 
próprio processo e iniciar outro. Com isso, em uma troca, substitui-se uma 
mercadoria pela outra, implicando no direcionamento do dinheiro para um terceiro. 
Assim, como uma mercadoria que foi comprada sai do processo de circulação, o 
dinheiro continua presente nessa circulação, como um mediador. 
Na segunda parte, “O curso do dinheiro”, o autor analisa o curso do dinheiro e 
relaciona com a circulação das mercadorias. O curso do dinheiro não forma um ciclo, 
como a circulação de mercadoria, uma vez que, pelo movimento antitético das trocas, 
o dinheiro apresenta um constante afastamento de seu ponto de partida. 
Marx expõe a teoria quantitativa da moeda para definir a quantidade de dinheiro 
que deve estar em curso para circular uma determinada quantidade de mercadorias. 
Para isso, Marx defende a ideia de que a quantidade de dinheiro necessário no meio 
circulante é determinada por duas variáveis: a soma dos preços das mercadorias em 
circulação e a velocidade média do curso do dinheiro. Assim, a quantidade de 
dinheiro necessária para estar em curso é diretamente variável de acordo com os 
preços e a quantidade das mercadorias; e a velocidade média do curso do dinheiro. 
Assim, caso um desses fatores aumente, necessita-se colocar mais dinheiro em curso. 
Na terceira e última parte intitulada “A moeda”, o autor afirma que é tarefa do 
Estado o estabelecimento do padrão de preços e da substituição da mercadoria-
dinheiro por suas formas simbólicas (moedas, notas, etc.). Ainda, Marx defende que 
esta última é importante para a circulação de mercadorias e o curso do dinheiro, uma 
vez que é ineficiente a utilização direta de mercadoria-dinheiro, como o ouro. Isso 
dá-se porque o ouro pode ser desgastado e, na maioria das vezes, as mercadorias 
valem partes muito pequenas dele, incitando a necessidade de “moedas 
divisionárias”. 
O autor aprofunda o argumento: estabelecer uma forma eficiente de dinheiro é 
muito importante no contexto interno de um Estado. Para isso, surge o papel-moeda, 
que simboliza uma quantidade de mercadoria-dinheiro (ou ouro). Eventualmente, 
para facilitar ainda mais o curso do dinheiro, surge o crédito. Essa substituição do 
ouro por formas simbólicas do dinheiro surge como uma necessidade do mercado e 
das trocas de mercadoria. 
Em contrapartida, entre Estados, no mercado global, a utilização do ouro torna-
se necessária, uma vez que ele é o próprio valor e não um signo do valor (como a 
moeda que circula internamente no país), facilitando as trocas entre países que 
utilizam diferentes denominações monetárias. O autor ressalta que as relações de 
valor das mercadorias e das trocas ainda são com a mercadoria-dinheiro, o ouro, e 
não com suas formas simbólicas. Com isso, segue-se essa regra para o 
estabelecimento das leis monetárias e impressão de papel-moeda. Como o valor de 
troca das mercadorias apresentam um momento muito curto no mercado e logo é 
substituído por outras mercadorias, apenas “a mera existência simbólica do dinheiro 
é o suficiente nesse processo que o faz passar de uma mão a outra”.

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