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O SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL

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O SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL: Limites e possibilidades no trabalho 
profissional dos/as assistentes sociais no INSS-GEX/Belém. 
 
Sara Daltro Tavares Paiva1 
Jefferson Franco Rodrigues2 
Diego de Almeida Amoras3 
Vanessa Khrisllen Pinheiro Ferreira4 
Stephanne Margalho dos Santos5 
 
RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar o serviço 
social na Previdência Social, identificando as determinações 
históricas do trabalho profissional dos/das assistentes sociais 
no INSS, demarcando os limites e possibilidades para a 
atuação dos mencionados profissionais no referido espaço 
socio-ocupacional. Parte dos resultados parciais de uma 
pesquisa que ocorre em âmbito nacional acerca do trabalho e 
saúde dos/das assistentes sociais que atuam na seguridade 
social no Brasil. Orienta-se à luz da teoria social marxiana e do 
método materialismo histórico dialético. Nesta perspectiva, 
nota-se que os desafios e contradições presentes no trabalho 
desses profissionais tencionam lutas e resistências. 
Palavras-chave: Serviço Social. Previdência Social. Trabalho 
Profissional. 
ABSTRACT: This study aims to analyze the social service in 
Social Security, identifying the historical determinations of the 
professional work of social workers in the INSS, demarcating 
the limits and possibilities for the work of the mentioned 
professionals in the aforementioned socio-occupational space. 
Part of the partial results of a research that occurs on a national 
level about the work and health of the social workers who work 
in social security in Brazil. It is guided by the light of Marxian 
social theory and the method of dialectical historical 
materialism. In this perspective, it is noticed that the challenges 
and contradictions present in the work of these professionals 
intend fights and resistances. 
Keywords: Social service. Social Security. Professional work. 
 
 
 
 
1 Mestranda em Serviço Social-PPGSS/UFPA. Bacharela em Serviço Social – UFPA. Email: 
Sara.daltro223@gmail.com 
2 Assistente Social. Mestrando em Serviço Social-PPGSS/UFPA. Email: 
jefferson.franco@hotmail.com 
3 Graduando em Serviço Social – UFPA. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Email: 
diegoamoras@yahoo.com.br 
4 Graduanda em Serviço Social – UFPA. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Email: 
vanessakhrisllen59@gmail.com 
5 Bacharela em Serviço Social – UFPA. Email: stephanne.margaalho@gmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A seguridade social, no mundo, instituiu-se na perspectiva de prestar serviços 
sociais, os quais variaram de acordo com cada país e metas de governo (VIANA, 1998). Na 
particularidade do Brasil, a seguridade social enquanto política pública de caráter público e 
universal foi instituída a partir da promulgação da Constituição Federal do Brasil (CFB), em 
1988, composta pelas políticas de: saúde, assistência social e previdência social. Esta, 
diferencia-se das demais por exigir que os/as usuários/as contribuam, previamente, com 
determinada quantia, em troca de dos serviços previdenciários, gestados a partir da lógica 
dos seguros sociais (SOUZA, 2017). 
Embora a seguridade social tenha se instituído enquanto uma política pública 
universal, contraditoriamente, constata-se que a partir dos anos 1990, no País, as políticas 
públicas passaram a ser focalizadas e fragmentadas, sobretudo, pela redução dos cortes no 
orçamento público, tendo por consequência a redução ao acesso dos sujeitos aos serviços 
das mencionadas políticas. Sendo assim, o/a assistente social como um trabalhador 
assalariado inscrito na divisão sócio técnica do trabalho, que tem como principal espaço 
sócio ocupacional, a seguridade social, atuando, diretamente, na formulação, execução e 
avaliação das políticas públicas e sociais, vem sofrendo os impactos dos mencionados 
cortes em seu cotidiano de trabalho. 
Desta forma, constatou-se que a Previdência Social, no Brasil, desde os anos de 
1990, sob a orientação neoliberal, vem passando por contrarreformas, porém, atualmente, 
enfrenta ameaças de novas mudanças baseadas na tendência da instituição de seguros 
privados, reverberando nas condições de trabalho dos/as assistentes sociais, sob a forma 
de diversas tentativas de extinção do Serviço Social no INSS. Em consequência, uma das 
principais mudanças ocorridas no trabalho profissional desses/dessas profissionais tem sido 
a priorização de suas ações voltadas para a operacionalização do Benefício de Prestação 
Continuada (BPC), em detrimento dos atendimentos aos direitos previdenciários, a proposta 
de Emenda Constitucional 287 (Reforma da previdência), dificultando, ainda mais, o acesso 
dos usuários do INSS aos seus direitos previdenciários. 
A propósito, importa ressaltar a recente alteração da forma dos atendimentos aos 
segurados que passou a ser via digital, o que, sem dúvidas dificulta a orientação dos direitos 
e benefícios de forma correta. Essas mudanças estão na direção oposta das atribuições 
dos/das assistentes sociais que atuam na área da previdência social, sobretudo, após o 
período de reconceituação do Serviço Social que demarcou o seu posicionamento enquanto 
 
 
 
 
 
 
uma profissão comprometida com a luta geral dos/as trabalhadores/as, e em específico, 
com aqueles que procuram acessar seus direitos previdenciários, porém, as mudanças 
advindas das contrarreformas vêm atingindo, diretamente, o cotidiano desse profissional, 
sob as formas de precarização das condições de trabalho, desvalorização da profissão e até 
mesmo as tentativas de extinção e desqualificação do Serviço Social do INSS. 
Neste contexto, o trabalho desses profissionais torna-se permeado por disputas de 
classe envolvendo interesses antagônicos, haja vista que o Instituto é voltado à lógica do 
seguro social, enquanto que o assistente social atua na perspectiva inversa: A Seguridade 
Social. Sendo assim, as formas de gestão vigentes no INSS, particularmente, da Gex-Bel, 
são baseadas em metas de produtividade em detrimento da valorização do trabalho e as 
condições de trabalho expressam novas formas de exploração da força de trabalho, 
implicando em possibilidades e limites no trabalho dos/as assistentes sociais nessa área, 
Assim, pergunta-se: quais são as possibilidade e os limites desse trabalho na GEX-Bel/Pará. 
As respostas a esse questão tem por base a análise dos dados obtidos por meio de uma 
pesquisa realizada junto a 19 (dezenove) assistentes sociais que trabalham nas agências do 
INSS-Belém/Pará. 
Sendo assim, este artigo encontra-se estruturado em quatro partes, incluindo a 
introdução e as considerações finais. A segunda parte intitulada “O Serviço Social Na 
Previdência Social: elementos para compreensão” apresenta um percurso histórico do 
Serviço Social nessa área, destacando os avanços e retrocessos no trabalho profissional 
doa/das assistentes sociais; na terceira parte trata do Trabalho do/a Assistente Social no 
INSS enfatizando os seus limites e suas possibilidades. Nas considerações finais foram 
sintetizados os principais limites e as possibilidades encontradas por esses profissionais 
para o exercício do trabalho que desenvolvem nos referidos espaços sócio ocupacionais, a 
saber: as formas de gestão e controle do trabalho no Instituto, ampliação da exploração do 
trabalho e intensificação do mesmo, bem como, a precariedade das condições objetivas de 
trabalho. 
Na conjuntura atual prenhe de profundas mudanças na política de seguridade social, 
foi possível constatar que os rebatimentos para o trabalho profissional do assistente social 
têm se dado tanto no que se refere à forma quanto ao conteúdo. No que diz respeito à 
forma, observa-se a introdução de novas tecnologias, acelerando a demanda por respostas 
imediatas e quanto ao conteúdo, constata-se que houve um redirecionamento da atuação 
profissional, sobretudo a partir de 2009, para as demandas advindas do BPC (Benefíciode 
Prestação Continuada), referente à política de Assistência Social (SOUZA, 2017). 
 
 
 
 
 
 
 Embora este cenário configure-se adverso para a realização do trabalho do/da 
assistente social de acordo com as prerrogativas da MTMSS, historicamente, há lutas e 
resistências coletivas que engendraram significativos avanços para a categoria, no INSS. 
Dessa forma, em mais de 20 anos, os profissionais de Serviço Social no INSS têm 
vivenciado tensionamentos de ordens diversas, bem como, ações de lutas e resistências 
que revelam o nível de comprometimento desses profissionais com a luta mais geral dos/as 
trabalhadores/as. 
 
2. O SERVIÇO SOCIAL NA PREVIDÊNCIA SOCIAL: elementos para compreensão. 
 
 Entender o percurso histórico do Serviço Social na Previdência Social brasileira, 
parece ser fundamental para analisar os limites e as possibilidades do trabalho profissional 
do/da assistente social nessa área, o qual se expressa em um movimento dialético de 
avanços e recuos. A instituição da profissão na Previdência Social data da década de 1940, 
especificamente, em 1944, baseada na concepção de ajuste social dos indivíduos, em um 
contexto de expansão dos seguros sociais, seguindo a tendência conservadora da profissão 
no mencionado período histórico (ENNES, 2012). 
 Segundo Neves (2007), desde a inserção do Serviço Social na Previdência Social 
até 1994, três documentos se apresentam como relevantes para entender as diretrizes do 
trabalho do/da assistente social na Previdência Social, no Brasil, quais sejam: Os dois 
Planos Básicos de Ação do Serviço Social (PBA) e a Matriz Teórico Metodológica do 
Serviço Social na Previdência Social (MTMSS). 
 Tais documentos são fundamentais para compreender o processo histórico que a 
profissão percorreu na busca da consolidação e expansão do serviço social na mencionada 
política, bem como, as linhas de ação que direcionaram o trabalho do/da assistente social 
na referida área e as formas pelas quais as demandas sociais postas no cotidiano 
institucional e profissional eram respondidas. Sendo assim, importa registrar que os dois 
primeiros documentos – PBA de 1972 e 1978 foram criados no período da ditadura militar no 
País, caracterizado pelo autoritarismo que impedia os canais de participação da classe 
trabalhadora, visto que tratava-se de “um governo que rearticulou a burguesia, apoiado nas 
classes médias urbanas, em torno do padrão burguês de dominação” (NEVES, 2007, p. 38). 
 Na década seguinte, anos 1980, as discussões empreendidas no âmbito da 
categoria profissional de assistentes sociais, fortemente, influenciada pela teoria social 
marxiana, bem como, a promulgação da Constituição Federal de 1988, inauguram 
mudanças significativas no Serviço Social do INSS, com a construção da Matriz Teórico 
 
 
 
 
 
 
Metodológica do Serviço Social (MTMSS). O quadro abaixo apresenta uma síntese das 
linhas de ação dos três principais documentos que nortearam a atuação profissional dos/das 
referidos/as profissionais nas décadas de 1970 a 1990, com destaque para a concepção da 
categoria trabalho e para o cenário sócio-político e econômico determinante em cada 
momento histórico. 
Quadro I: Apresentação das Linhas de ação do Serviço Social na Previdência Social nos anos 
1972, 1978 e 1994 
ANO 1972 
I PBA 
ANO 1978 
II PBA 
MTMSS 1994 
- Trabalho profissional com 
base nas ideias 
desenvolvimentistas, no período 
dos governos militares, voltados 
para a adequação dos/as 
usuárias ao sistema 
institucional. 
- Fortemente influenciado pela 
perspectiva modernizadora da 
profissão, pautava-se na 
neutralidade científica e no 
assistencialismo. 
 
- Trabalho profissional 
orientava-se sob uma 
perspectiva corretiva e 
terapêutica. 
- Visão individualista dos 
problemas sociais, 
amparado em um viés 
teórico-metodológico 
fenomenológico. 
- Atuação notadamente 
focada em manter-se na 
estrutura do Instituto. 
 
- Trabalho profissional 
influenciado pela teoria 
social crítica, buscando 
orientar os/as usuários/as 
sobre seus direitos 
previdenciários. 
- Linhas de ações articulada 
com os segmentos da 
classe trabalhadora. 
Fonte: Elaboração própria com base em Silva (2007) 
 
Com base no exposto, nota-se que os dois PBA’s (1972 e 1978) têm ações 
semelhantes, no que se refere ao conteúdo, embora existisse diferenciação no que refere ao 
lugar do Serviço Social na estrutura hierárquica do Instituto. No primeiro, os programas 
desenvolvidos pelo Serviço Social estavam, diretamente, relacionados à assistência social 
voltados para a população de baixa renda. Segundo Yasbek (2007) esses programas 
possuíam um cunho compensatório e estavam “direcionada a criação de condições para a 
implantação do programa desenvolvimentista do governo brasileiro” (grifos da autora). No 
segundo, os/as assistentes sociais encontravam-se na luta pelo reconhecimento institucional 
do Serviço Social e pelo seu retorno para o quadro do INSS, uma vez que devido a 
reformulação do referido Instituto, foi direcionado para a assistência social. 
Na contramão desta perspectiva foi instituída a MTMSS, em 1994, resultado da 
discussão e de debates empreendidos por assistentes sociais, no Brasil, em encontros 
locais, regionais e nacionais, culminando com a definição das diretrizes que iriam nortear a 
atuação profissional a partir de então, fortemente, influenciadas pelos estudos e pesquisas 
progressistas empreendidos pela categoria, no contexto de intenção de ruptura com o 
 
 
 
 
 
 
conservadorismo6. Dessa forma, procurou-se criar um direcionamento interventivo orientado 
pelo conhecimento da realidade social com base no método crítico dialético, pautado em um 
forte posicionamento ético-político em defesa dos/as direitos previdenciários e na 
“capacitação técnica operativa que permita a formulação de estratégias viabilizadoras da 
proposta contida na Matriz” (YASBEK, 2007, p 126). 
Observa-se, então, que as estratégias de ação construídas coletivamente pelos 
assistentes sociais do INSS demarcam, suntuosamente, o posicionamento da categoria na 
instituição, adotando uma nítida concepção do usuário enquanto um sujeito de direitos, 
cidadão com poder de decisão e enfrentamento das desigualdades sociais apresentadas. 
Em consonância com a teoria crítica, o trabalho do/a assistente social na Previdência Social 
tem por base a apreensão das diversas determinações sócio históricas, legitimando, assim, 
o exercício profissional neste espaço sócio ocupacional, em tempos de crise do capitalismo 
e avanço do neoliberalismo. 
Contudo, a materialização das ações apresentadas na referida Matriz, configura-se 
como um desafio ao trabalho do/da assistente social, sobretudo, mediante aos avanços das 
diretrizes neoliberais para as políticas públicas sociais. Sendo assim, torna-se necessário 
apreender as nuances do trabalho profissional do/da assistente no INSS, identificando os 
atuais desafios, avanços e retrocessos no cotidiano desses profissionais que atuam na 
previdência social. 
 
3. O TRABALHO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NO INSS: Limites e possibilidades. 
 
A compreensão dos limites e possibilidades do trabalho assalariado do/da assistente 
social no INSS – GEX-Bel7 remete importante, inicialmente, destacar, o Serviço Social 
enquanto um trabalho inscrito na divisão sócio técnica do mundo do trabalho, instituído no 
contexto da consolidação do capitalismo e ampliação do Estado, para atuar no trato das 
expressões da questão social (IAMAMOTO, 2005). 
Neste sentido, o assistente social é um trabalhador assalariado que faz parte da 
classe trabalhadora na sociedade capitalista, portanto, é vendedor da sua força de trabalho 
enquanto uma mercadoria que possui um valor de uso e de troca. Assim, o trabalho 
 
6 Termo usado com base em Netto (1996), que trata sobre a intenção de ruptura com o 
conservadorismo, enquanto um processo,e, portanto, inacabado, visto que o conservadorismo 
constitui-se parte estruturante da sociedade capitalisa. 
7 GEX/Bel: Gerencia Executiva de Belém – Comporta mais de15 APS entre Belém, região 
Metropolitana e outros municípios do estado do Pará. 
 
 
 
 
 
 
exercido por esse profissional incide na distribuição e redistribuição da mais-valia, 
contribuindo, desta forma, para a produção e reprodução social (IAMAMOTO, 2005). 
Isto é, o trabalho profissional do/da assistente social, incide na esfera da 
produção/reprodução social, na medida em que lida diretamente com a vida material dos 
sujeitos, os quais buscam, pela via do trabalho, satisfazer as suas necessidades básicas e, 
se reproduzir, socialmente. Nesta ótica, o mencionado profissional se contrapõe a ideologia 
neoliberal, segundo a qual o mercado determina as regras para a circulação da riqueza 
socialmente produzida. 
Importa registrar que os parâmetros legais do trabalho profissional do/da 
assistente social na Previdência pauta-se na Matriz Teórico Metodológica do Serviço Social 
(MTMSS)8 de 1994, Código de Ética do Assistente Social instituído, em 1993, na Lei nº 
8.662 de 7 de junho de 1993 que regulamenta a profissão, o Manual Técnico do Serviço 
Social na Previdência, estatutos que regulamentam o exercício profissional dos Assistentes 
Sociais e no artigo 88 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, que estabelece as diretrizes 
para ação do Serviço Social na Previdência” (BRASIL, 1994, p. 12). 
Embora esses marcos garantam, na lei, o exercício do trabalho profissional do/a 
assistente social na Previdência Social, esse/a profissional encontra diversos entraves para 
a realização das suas atribuições com qualidade. Esta realidade, segundo Araújo (2007) 
ocorre em decorrência de posicionamentos políticos ideológicos divergentes entre a 
profissão e a instituição, onde a primeira trabalha na lógica da garantia de direitos, 
universalização e oportunidades de acesso a previdência pública, enquanto que o segundo 
funciona na perspectiva do seguro, com critérios de focalização e que almejam a passagem 
da previdência pública para os planos de seguro privado. 
A tentativa do Estado em desmontar a previdência social de caráter público, vem 
ocorrendo, sobretudo, no governo do presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, 
caracterizado pelos desmontes e ataques advindos das contrarreformas, acentuando-se, 
assim, a incidência dos planos de seguro privado, de forma que o sucateamento do serviço 
público reverbera na privatização como resposta às demandas dos/as trabalhadores/as. Em 
seu cerne encontram-se interesses de classe, notadamente, contrários a perspectiva da 
universalização da seguridade social: 
 
A previdência privada não é uma expressão de luta da classe trabalhadora 
por melhorias na sua condição de vida, mas justamente se revela como um 
mecanismo pelo qual o capital aprofunda a exploração da força de trabalho, 
 
8 A MTMSS orienta o trabalho profissional influenciado pela teoria social crítica, entendendo os 
usuários da previdência social enquanto sujeitos de direitos. As Linhas de ações deste documento 
são articuladas com os segmentos da classe trabalhadora. 
 
 
 
 
 
 
contribuindo para a alienação da classe trabalhadora, que passa a entender 
a previdência privada como uma saída possível para a garantia da proteção 
social (ROZENDO, 2016, p. 392). 
 
 
Este cenário se apresenta na contramão da proposta da MTMSS, pois de acordo 
com Paula (2007), o Serviço Social deve se fortalecer, ainda mais, na luta coletiva, visto que 
os profissionais estão imbricados em uma contradição entre o Estado, o seu maior 
empregador e as demandas que lhes são postas com cada vez menos condições de serem 
respondidas com qualidade. 
 Na particularidade do INSS-GEX/Bel, de acordo com os dados obtidos na 
pesquisa que subsidiou este artigo, esses/as profissionais encontram limites institucionais 
para a execução do referido trabalho de acordo com as linhas de ação contidas na MTMSS, 
sobretudo, devido a forma de contratação para o cargo genérico de “Analista do seguro 
social”. Desta forma, pressupõe-se o não cumprimento, pelo INSS, do direito garantido pela 
Lei 12.317/2010 que institui as 30 horas enquanto jornada máxima dos/as assistentes 
sociais. Essas medidas parecem acompanhar as transformações que vem ocorrendo no 
mundo do trabalho, em que uma das principais mudanças no perfil profissional é a 
polivalência por meio da instituição de cargos genéricos: leia-se: intensificação da força de 
trabalho e desmobilização política dos/das trabalhadores/as. 
Ademais, observa-se, a partir dos dados que a forma de gestão verticalizada do 
INSS interfere na relativa autonomia profissional (IAMAMOTO, 2005), pois não raro são as 
portarias, memorandos, resoluções destinadas ao serviço social com deliberações diversas, 
as quais, em muitos casos configuram-se como tentativa de restringir a autonomia 
profissional e alterar a forma e o conteúdo do trabalho profissional, com novas formas de 
controle e gestão do trabalho. A exemplo, destaca-se a deliberação, via memorando, que 
institui a diminuição do tempo de atendimento aos usuários requerentes do BPC, o qual 
passou de 60 (sessenta) para 40 (quarenta) minutos, indicando para o aumento da 
quantidade de atendimentos desses usuários que, antes, se restringia a 5 (cinco) por dia. 
 Essas decisões são comunicadas via memorandos expedidos pela gestão nacional 
para a gestão imediata de acordo com a hierarquia do Instituto e esta para as/os 
profissionais. Em consequência, a diminuição do tempo necessário para a realização da 
avaliação social do BPC, tenciona os profissionais a realizarem o seu trabalho em menos 
tempo, visando o aumento da produtividade, tendo em vista o cumprimento das metas 
estabelecidas pela gestão do instituto. 
Tem-se, então, a intensificação do trabalho desses profissionais, pois, de um lado é 
estabelecido um tempo regulado e metas a serem atingidas, o que pode, inclusive, 
 
 
 
 
 
 
reverberar no aumento da jornada de trabalho e de outro, a tensão para realização de um 
trabalho profissional qualificado, na perspectiva da garantia dos direitos dos usuários. 
Entende-se que a exigência do INSS para os/as assistentes sociais se submeterem a essas 
condições de trabalho, expressa tendência das novas formas de gestão do trabalho 
adotadas tanto pelas instituições públicas quanto privadas; trata-se do perfil 
generalista/gerencialista, como estratégia de redução com os custos do trabalho, adotadas, 
sobremaneira, com a consolidação do neoliberalismo, no Brasil, tornando a lógica de 
mercado predominante na gestão da esfera pública (SILVA e RAICHELIS, 2016). 
Desse modo, esses autores alertam para o fato de que esta forma de gestão é 
danosa, pois: quantificam tarefas, organizam e encadeiam atividades de modo que 
desapareçam os tempos mortos, intensificam controles e fiscalização do trabalho, ampliam a 
cobrança e a pressão sobre trabalhadores e trabalhadoras (SILVA, RAICHELIS, 2016, p. 
122) 
 Nesta conjuntura prenhe de profundas mudanças na política de seguridade social, 
percebe-se que os rebatimentos para o trabalho profissional do assistente social têm se 
dado tanto no que se refere à forma quanto ao conteúdo. No que diz respeito à forma, 
observa-se a introdução de novas tecnologias, acelerando a demanda por respostas 
imediatas e quanto ao conteúdo, constata-se que houve um redirecionamento da atuação 
profissional, sobretudo a partir de 2009, para as demandas advindas do BPC (Benefício de 
Prestação Continuada), referente à política de Assistência Social (SOUZA, 2017). 
 Esta nova configuração vem dificultando a realização do trabalho de acordo com 
as diretrizes previstas na matriz teórico-metodológica e na Lei n° 8.213/91 que dispõe 
acerca das competências do trabalhodo Serviço Social na Previdência Social, o qual se 
coloca para além das demandas imediatas, defendendo os direitos sociais e a proteção ao 
trabalho como direcionamento político-ideológico (SOUZA, 2017). 
 Embora este cenário configure-se adverso para a realização do trabalho do/da 
assistente social de acordo com as prerrogativas da MTMSS, historicamente, há lutas e 
resistências coletivas que engendraram significativos avanços para a categoria, no INSS. 
Assim, importa mencionar que essas estratégias têm relação com as forças políticas e 
econômicas presentes em cada momento histórico da sociedade brasileira, as quais são 
carregadas de contradições inerentes ao modo de produção capitalista. Dessa forma, em 
mais de 20 anos, os profissionais de Serviço Social no INSS têm vivenciado tensionamentos 
de ordens diversas, bem como, ações de lutas e resistências que revelam o nível de 
comprometimento desses profissionais com a luta mais geral dos/as trabalhadores/as. 
 
 
 
 
 
 
 Parte-se do processo de resistência da categoria profissional dos/as assistentes 
sociais, em defesa da MTMSS, a qual sofreu uma tentativa de desmonte em suas diretrizes, 
na década de 1990, período das contrarreformas previdenciárias, a partir da instauração da 
MP n° 1.729, de 02/12/98, que pretendia excluir o serviço social da Lei 8.213/91. Neste 
contexto, dentre as estratégias adotadas para o enfrentamento do quadro acima referido, 
pode-se destacar a articulação dos assistentes sociais que trabalham no INSS com o 
CFESS, outras categorias de trabalhadores e movimentos sociais. 
 Diante de constantes ameaças de extinção do Serviço Social como parte da 
estrutura de serviços do INSS, a relação entre esses profissionais e outras categorias de 
trabalhadores/as, sindicatos e movimentos sociais, historicamente, resultou em uma intensa 
agenda de mobilizações em defesa do serviço social na previdência, enquanto direito da 
classe trabalhadora. Assim, o abandono da endogenia dos/das referidos/as profissionais 
encontra-se no centro da resistência, no qual se vislumbram perspectivas, para além do 
cotidiano profissional, tornando-se imperioso, sobretudo, num contexto de ataques e 
tentativas de desmonte do que foi, historicamente, construído pela profissão. Dessa forma, a 
luta coletiva apresenta-se como a estratégia mais viável para a continuidade da defesa por 
um projeto de sociedade emancipatório, em particular, na previdência social, por um viés de 
garantia dos direitos sociais dos/das usuários/as que buscam acessar a mencionada 
política. 
 Em termos subjetivos, de acordo com os dados da pesquisa, há um sentimento 
importante reconhecimento profissional e societário, caracterizado por um orgulho com a 
profissão, uma vez que o Serviço Social qualificou o trabalho nas Agencias e conquistou 
avanços relevantes, embora diante de uma conjuntura neoliberal adversa para a previdência 
social pública, quais sejam: 1) Inserção na avaliação social; 2) Aprovação do Manual 
Técnico; 3) Resistência para a não realização de trabalhos administrativos; 4) 
Reconhecimento e articulação com o conjunto dos/das trabalhadores/as e sociedade; 5) 
Mobilização nacional contra a PEC 187 que propõe a Reforma da Previdência. 
 Assim, a história do Serviço Social na Previdência Social brasileira é permeada de 
avanços e retrocessos, revelando limites e possibilidades do trabalho profissional do/da 
assistente social, o qual constrói o legado de legitimação da profissão em um contexto, no 
qual se apresentam inúmeras tentativas de descaracterização da mesma, violando as 
atribuições profissionais instituídas ao longo de mais de 70 anos de Serviço Social na 
previdência social brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
4. CONCLUSÃO 
 
 A elaboração deste artigo permitiu a constatação de que a conjuntura política, 
econômica e social do País tem dificultando a realização do trabalho de acordo com as 
diretrizes previstas na matriz teórico-metodológica e na Lei n° 8.213/91 que dispõe acerca 
das competências do trabalho do Serviço Social na Previdência Social, o qual se coloca 
para além das demandas imediatas, defendendo os direitos sociais e a proteção ao trabalho 
como direcionamento político-ideológico (SOUZA, 2017). 
 Contudo, o cenário configura-se adverso para a realização do trabalho do/da 
assistente social de acordo com as prerrogativas da MTMSS, o que exige desses/as 
profissionais um movimento de lutas e resistências coletivas que engendraram significativos 
avanços para a categoria, no INSS. Assim, importa mencionar que essas estratégias têm 
relação com as forças políticas e econômicas presentes em cada momento histórico da 
sociedade brasileira, as quais são carregadas de contradições inerentes ao modo de 
produção capitalista. 
Um dos limites ao trabalho profissional dos/as assistentes sociais na GEX-Bel do 
INSS tem sido assegurar a sua relativa autonomia, visto que, nos últimos dois anos, vêm 
ameaçando de forma expressiva, assegurar a especificidade do Serviço Social no INSS, 
conforme previstas nos já citados documentos da profissão, uma vez que não raro são as 
portarias, memorandos, resoluções destinadas ao serviço social com deliberações diversas, 
as quais, em muitos casos configuram-se como tentativa de restringir a autonomia 
profissional e alterar a forma e o conteúdo do trabalho profissional, com novas formas de 
controle A exemplo destaca-se a recente deliberação, via memorando, que institui a 
diminuição do tempo de atendimento aos usuários requerentes do BPC, o qual passou de 
60 (sessenta) para 40 (quarenta) minutos, indicando para o aumento da quantidade de 
atendimentos desses usuários que, antes, se restringia a 5 (cinco) por dia. 
Contudo, constata-se que o trabalho do/a assistente social tem interferência da 
gestão do INSS que tem se caracterizado pelo cumprimento de metas de atendimento 
diário, pelo aumento das demandas, pela tendência ao redirecionamento do exercício 
profissional para a assistência social, o que implica na intensificação do trabalho, 
possivelmente interferindo na sua saúde, haja vista que segundo Lourenço (2016), os 
trabalhadores dedicam cada vez mais tempo de sua vida para o trabalho, especialmente, 
influenciados pela forma de gestão (Produtividade, metas, tempo regulado), adquirindo 
assim disfunções referentes às atividades realizadas). 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma, em mais de 20 anos, os profissionais de Serviço Social no INSS têm 
vivenciado tensionamentos de ordens diversas, bem como, ações de lutas e resistências 
que revelam o nível de comprometimento desses profissionais com a luta mais geral dos/as 
trabalhadores/as. (IAMAMOTTO, 2005). 
Sendo assim, percebendo que as novas estratégias do capital para a exploração da 
classe trabalhadora aumentam, significativamente, e que, os/as assistentes sociais estão 
envolvidos nessa relação, aponta-se para a necessidade de ampliação e consolidação de 
maiores discussões da categoria, com vistas a fortalecer e consolidar as estratégias 
coletivas de enfrentamento aos desmontes e ataques empreendidos pelo capital. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARAÚJO, V. G. [2008] São Paulo: In Serviço social na Previdência: trajetória, projetos 
profissionais e saberes. Entrevista concedida a Léo Braga e Socorro Cabral. 
 
BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social/ Instituto Nacional de Seguro Social. 
Matriz teórico metodológica do Serviço Social na Previdência Social, Brasília, MPAS/INSS/ 
Divisão do Serviço Social, 1994. 
 
IAMAMOTO, Marilda V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. Cortez, 2005. 
 
PAULA, E. C. [10 de agosto de 2004] Brasília: In Serviço social na Previdência: trajetória, 
projetos profissionais e saberes. Entrevista concedida a Léo Braga e Socorro Cabral. 
 
 
RAICHELIS, Raquel. O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente às 
violações de seus direitos. Serv. soc. soc, n. 107, p. 420-437,2011. 
 
ROZENDO, Henrique. Et al. Revista SER SOCIAL – Serviço Social e Trabalho, Brasília v. 18 n, 
39, p. 391 – 399, 2016. 
 
SILVA, Maria Lucia Lopes. Contrarreforma da Previdência Social sob o comando do 
Capital Financeiro. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 131, p. 130-154, jan./abr. 2018 
 
SOUZA, Leidiany Marques de. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO INSTITUTO 
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL/ INSS-PA: da concretização dos direitos previdenciários a 
operacionalização do Benefício de Prestação Continuada (BPC). 198 F. Dissertação (Mestrado 
em Serviço Social)- Universidade Federal do Pará, 2017.