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ESGA Módulo II 
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ESTÁGIO SETORIAL 
DE GESTÃO DE 
ALMOXARIFADO 
 
 
 
Módulo II – Fases da Gestão de Almoxarifado 
2024 
 
 
9º Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do 
Exército 
 
 
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Atualizações 
 
Autor Data Item alterado 
Breve descrição da 
alteração 
9º CGCFEx 30 NOV 23 - - 
 
 
 
 
 
(Atenção: esta apostila não deve ser usada como amparo 
legal, tratando-se apenas de um material didático de apoio 
para estudo e eventuais consultas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................. 4 
1.1. Objetivos do Curso ....................................................................................................................4 
1.2 Objetivos de Aprendizagem ......................................................................................................4 
1.3. Principais Tópicos ......................................................................................................................5 
2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 5 
3. GESTÃO DE MATERIAIS NO SETOR PÚBLICO ......................................................................... 6 
3.1. Conceito de Almoxarifado ........................................................................................................6 
3.2. Organização da área de logística na Administração Federal .............................................7 
3.3. Atividades inseridas na gestão de recursos materiais ...................................................... 10 
4. RECEBIMENTO ................................................................................................................................ 12 
5. ARMAZENAGEM OU ESTOCAGEM ............................................................................................ 18 
5.1. Conceito de Estoques ........................................................................................................ 19 
5.2. Técnicas de Armazenagem .............................................................................................. 22 
6. DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................................. 23 
6.1 Reposição dos Estoques .................................................................................................... 26 
6.2 Just in time e Kanban .......................................................................................................... 32 
7. COBRANÇA DE FORNECEDORES ............................................................................................. 34 
8. MATERIAL INSERVÍVEL ................................................................................................................. 38 
8.1 Descarga de Material .......................................................................................................... 39 
8.2 Destinação do Material ....................................................................................................... 42 
ENCERRAMENTO ................................................................................................................................ 45 
Referências ............................................................................................................................................ 46 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
 
Prezado instruendo, 
 
Esta apostila foi estruturada para servir de guia para o agente da 
administração encarregado da gestão de almoxarifado, que será coordenado pelo 9º 
Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército e ministrado na modalidade 
de Ensino a Distância (EAD). 
 
1.1. Objetivos do Curso 
 
De maneira geral, contribuir com o Instituto de Economia e Finanças do 
Exército (IEFEx) nas atividades de ensino de interesse da Secretaria de Economia e 
Finanças, desenvolvidas na modalidade de Ensino a Distância (EaD) e, 
principalmente disponibilizar, aos Agentes da Administração das Unidades Gestoras 
do Exército, um material didático de fácil entendimento e mais direcionado as nossas 
atividades. 
Oferecer aos Agentes da Administração das Organizações Militares, 
responsáveis pela elaboração destes documentos, a oportunidade de refletirem 
sobre a importância dos processos que envolvem a gestão de almoxarifado. 
1.2 Objetivos de Aprendizagem 
 
Ao final deste módulo, o instruendo será capaz de: 
• indicar a legislação relacionada às fases da gestão de almoxarifado/material; 
• conhecer os conceitos de estoques e técnicas de armazenagem; 
• identificar os principais processos que envolvem o recebimento, 
armazenamento e distribuição do material; 
 
 
 
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1.3. Principais Tópicos 
 
• Uma breve explanação a respeito da gestão de material no setor público, 
focada na organização e processos da área de logística da Administração 
Federal; 
• As fases que envolvem a gestão de almoxarifado/material; 
• As legislações/normas que regulamentam a gestão de almoxarifado/material 
na Força. 
 
2. INTRODUÇÃO 
 
Almoxarifados são locais destinados à guarda e à conservação dos itens de 
material em estoque de uma determinada organização. É essencial que a gestão 
dos almoxarifados seja eficiente, visando minimizar os custos de armazenamento de 
estoques, bem como maximizando a qualidade de atendimento aos clientes internos 
da entidade. 
Nesse sentido, o quadro a seguir sintetiza os objetivos da gestão de 
almoxarifados, bem como as atividades necessárias para isso: 
 
OBJETIVO AÇÕES NECESSÁRIAS 
Minimizar os custos de 
armazenamento 
- maximizar o uso do espaço físico disponível; 
- evitar perdas/roubos/furtos; 
- evitar obsolescência; 
- buscar a eficiência na movimentação dos materiais; 
- diminuir as distâncias internas percorridas; 
- prover treinamento aos colaboradores envolvidos. 
Maximizar a qualidade 
de atendimento 
aos usuários 
Assegurar a provisão do item de material certo, 
na quantidade e no local corretos, no menor tempo 
possível, sempre que for necessário. 
Fonte: Fenili (2014). 
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De certa forma, todas as atividades listadas acima visam contribuir para a 
melhoria do controle patrimonial e modernização administrativa, dando maior 
celeridade, segurança e economicidade nas aquisições de bens móveis do Governo. 
Assim, a gestão de almoxarifados, em uma visão macro, engloba as 
seguintes atividades básicas: recebimento, armazenagem e distribuição. Essas 
atividades serão estudadas neste segundo modulo, juntamente com os conceitos e 
as determinações legais que norteiam a gestão do patrimônio e do almoxarifado de 
forma sistematizada, com o intuito de facilitar a implementação dos controles 
internos necessários a uma boa utilização desses recursos nos almoxarifados das 
diversas unidades gestoras. 
3. GESTÃO DE MATERIAIS NO SETOR PÚBLICO 
3.1. Conceito de Almoxarifado 
 
Unidade administrativa que tem por finalidade suprir de material, na 
quantidade certa, no momento certo e na qualidade certa, pelo menor custo 
possível, todas as demais unidades dos órgãos ou entidades para que possam 
cumprir suas missões. 
Curiosidade: 
A origem da palavra almoxarifado ocorreu na Península Ibérica (765 a 1031), 
quando houve a invasão árabe. O vocábulo al-xarif designava a pessoa de confiança 
do Sultão, responsável pela guarda dos bens do seu senhor. 
Para uma boa gestão do almoxarifado, o gestor deve munir-se de adequadas 
técnicas de quantificação e previsão a fim de fornecer material, de forma contínua, 
para que não haja solução de continuidade no processo produtivo. E, para isso, é 
necessário conhecer as característicasdos materiais sob sua responsabilidade. A 
classificação dos materiais possibilita esse conhecimento. Além disso, é fundamental 
conhecer também as regras, processos e legislações atinentes ao processo de 
ressuprimento ou obtenção. 
As atividades básicas de um almoxarifado são o recebimento, o 
armazenamento (ou estocagem) e a distribuição, conforme mostra a figura abaixo: 
 
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Figura 1 – Atividades básicas do Almoxarifado 
 
Durante este módulo de nosso Estágio, essas atividades serão estudadas 
com maior profundidade, a fim de lhe proporcionar os conhecimentos necessários à 
boa gestão do Almoxarifado. 
3.2. Organização da área de logística na Administração Federal 
 
De forma geral, as Instituições são formadas pela junção de quatro 
ingredientes: 
 
Figura 2 – Componentes de uma Instituição 
 
 
Indivíduos que fazem uso de Recursos e Coordenam suas Tarefas para que 
atinjam Objetivos Comuns. Os Recursos são os meios empregados na Instituição 
para a realização dos seus objetivos. São as Ferramentas que servem de base para 
o desempenho Institucional. 
 
 
 
 
 
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E podem ser divididos em: 
 
 
Figura 3 – Tipos de recursos 
 
É na Gestão dos recursos materiais que está inserida a área de logística e de 
almoxarifado, envolvendo as atividades de gestão de estoques e gestão de 
distribuição. 
 
 
Figura 4 – Atividades de logística 
 
No âmbito do Governo Federal, as atividades de gestão de materiais foram 
organizadas de modo centralizado e na forma de um sistema, pela Instrução 
Normativa Nº 205, de 08 de abril de 1988 e pelo Decreto nº 1.094/1994, o chamado 
Sistema de Serviços Gerais (SiSG). 
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O órgão central do SiSG é a Secretaria de Gestão (SEGES), integrante do 
Ministério da Economia (ME), sendo responsável pela formulação de diretrizes, 
orientação, planejamento e coordenação, supervisão e controle dos assuntos 
inerentes aos chamados serviços gerais. Além do órgão central, o SiSG é composto 
por órgãos setoriais (unidades administrativas nos ministérios e órgãos integrantes 
da Presidência da República) e seccionais (unidades incumbidas da execução das 
atividades do SiSG no âmbito das autarquias e das fundações públicas). 
Concomitante à criação do SiSG, o art. 7º do Decreto nº 1.094/1994 instituiu o 
Sistema Integrado de Administração e Serviços Gerais (SIASG), destinado à 
informatização e operacionalização do SiSG. Trata-se, pois, de uma ferramenta de 
apoio informatizado voltada eminentemente aos processos de aquisições e 
contratações públicas, capitaneadas pelas Unidades Administrativas de Serviços 
Gerais (UASG) de órgãos e entidades da Administração Pública federal. 
O Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG) 
consolidou-se, ao longo dos anos, como o principal sistema informatizado de apoio 
às atividades de suprimento nos órgãos públicos. Concebido de forma compulsória 
apenas para órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais (SiSG), 
é aindapermitida a adesão a seus módulos por órgãos não-SiSG, linha de ação 
usualmente adotada por órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, seja pela 
abrangência do sistema, pelo número de potenciais fornecedores cadastrados (mais 
de 400 mil) ou pela rapidez de sua atualização frente às inovações normativas. 
As Unidades Gestoras do Exército Brasileiro, apesar de não integrarem o 
SiSG, utilizam-se do sistema SIASG nas suas atividades do dia-a-dia. Atualmente, o 
SIASG é composto por diversos subsistemas/módulos, sendo que os principais 
estão relacionados no quadro a seguir: 
 
MÓDULOS DO SIASG 
MÓDULO OBJETIVO 
CATMAT Catálogo de Materiais – é o catálogo de materiais utilizado como subsídio nas 
compras governamentais. 
CATSER Catálogo de Serviços – é o catálogo de serviços utilizado como subsídio nas 
contratações governamentais. 
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COMUNICA 
Sistema de Comunicação – concebido para facilitar a comunicação entre o 
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – gestor do SIASG – com as 
unidades administrativas usuárias dos demais módulos do SIASG (expedição de 
orientações, informações, solicitações, atualizações, etc.). 
SICAF Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – constitui o registro 
cadastral do Poder Executivo Federal. 
 
SICON 
Sistema de Gestão de Contratos – destina-se ao registro e ao acompanhamento 
dos contratos administrativos firmados pela administração pública federal. 
 
 
SIDEC 
Sistema de Divulgação de Compras – possibilita o cadastramento de processos 
de compras realizados pela administração pública e o consequente envio 
eletrônico de matérias relativas aos avisos de licitação, dispensa e inexigibilidade 
à Imprensa Oficial para publicação no Diário Oficial da União e divulgação no 
Comprasnet, permitindo o acesso e consulta desses atos pela sociedade. 
 
SISME 
Sistema de Minuta de Empenho – possibilita a consolidação da reserva 
orçamentária para suprir a despesa estimada em uma licitação, facilitando, ainda, 
a subsequente emissão da nota de empenho. 
SISPP Sistema de Preços Praticados – registra os preços praticados nas 
aquisições/contratações realizadas no âmbito da administração pública federal. 
SISRP Sistema de Registro de Preços – registra e divulga as Atas de Registro de Preços. 
Fonte: Portal de Compras do Governo Federal 
 
Os diversos módulos do SIASGNet estão migrando gradativamente para a 
plataforma web. Dessa forma, os módulos SICAF e SIDEC já estão funcionando 
neste novo formato, no Portal de Compras do Governo Federal. 
3.3. Atividades inseridas na gestão de recursos materiais 
 
A gestão de materiais consiste no rol de atividades desenvolvidas dentro da 
organização, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas 
unidades, com materiais necessários ao desempenho normal das suas atribuições. 
Tem por objetivo garantir a existência contínua de um estoque organizado, de 
modo a nunca faltar nenhum dos itens que o compõe, sem excessos. Nesse sentido, 
sua finalidade é a existência de suprimento de materiais na quantidade necessária, 
qualidade requerida, tempo oportuno e menor custo. 
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Envolve as atividades de compras, recebimento, armazenamento, 
fornecimento e controle de estoque. Gonçalves (2007), de forma didática, agrupa 
as atividades inerentes à gestão de materiais em três nichos principais, conforme a 
seguir: contratações, atividades de almoxarifado e controle do estoque. 
De acordo com a legislação, o Almoxarifado é a área responsável pelo 
recebimento, cadastramento, armazenamento, controle e movimentação dos bens 
de consumo das Unidades Gestoras da Administração Federal. Tendo como suas 
atribuições: 
 
• Enviar pedidos de fornecimento de materiais, contratos ou empenhos aos 
fornecedores; 
• Receber e conferir os materiais adquiridos de acordo com o documento de 
compra ou equivalente, podendo, quanto for o caso, convocar a Comissão 
de Recebimento de Materiais ou servidor com conhecimento técnico; 
• Notificar os fornecedores pelo atraso na entrega de materiais, quando for o 
caso; 
• Registrar ocorrência quando os materiais não forem entregues ou forem 
entregues em desacordo com o empenho, termo de referência ou 
equivalente; 
• Controlar e manter os registros de entrada e saída dos materiais do 
estoque do Almoxarifado; 
• Realizar o balanço mensal para elaboração do Relatório de Movimentação 
Mensal de Almoxarifado – RMA; 
• Organizar a estocagem dos materiais, de forma a preservar a sua 
integridade física e condições de uso, de acordo com as características de 
cada material, bem como para facilitar a sua localização e manuseio; 
• Atender às solicitações de materiais dos usuários, fornecendo em tempo 
hábil os materiais solicitados; 
• Auxiliar a comissão nomeada para realizar o Inventário Anual do 
Almoxarifado;• Manter controle do estoque, através de sistema informatizado, anotando 
todas as entradas e saídas; 
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• Solicitar reposição dos materiais, conforme necessário, de acordo com as 
normas de manutenção de níveis mínimos de estoque; 
• Elaborar inventário mensal, visando a comparação com os dados dos 
registros do almoxarifado. 
 
4. RECEBIMENTO 
O recebimento do item de material é a etapa intermediária entre a compra e o 
pagamento ao fornecedor. Somente após o recebimento (etapa que, nos órgãos 
públicos, refere-se à etapa de liquidação da despesa) é que o pagamento é 
autorizado. 
A IN nº 205/1988 define a atividade de Recebimento de material em duas 
etapas: 
“3. Recebimento é o ato pelo qual o material encomendado é entregue ao 
órgão público no local previamente designado, não implicando em 
aceitação. Transfere apenas a responsabilidade pela guarda e conservação 
do material, do fornecedor ao órgão recebedor. Ocorrerá nos almoxarifados, 
salvo quando o mesmo não possa ou não deva ali ser estocado ou 
recebido, caso em que a entrega se fará nos locais designados. Qualquer 
que seja o local de recebimento, o registro de entrada do material será 
sempre no Almoxarifado. ” 
Desta forma, a atividade de recebimento mantém estreito relacionamento com 
as áreas contábeis e de compras da organização, além de contar, por vezes, com a 
necessidade do suporte provido pelo setor de transportes (quando for o caso). 
O recebimento é usualmente dividido nas seguintes etapas: 
ETAPA DESCRIÇÃO 
Recebimento 
provisório 
Recepção dos veículos transportadores; Verificação de dados básicos da entrega 
(informações da nota fiscal, local de entrega, existência de empenho autorizando a 
entrega); Autorização para descarga do material. Nessa etapa, o “recebedor” assina 
o documento fiscal que acompanha o material, apenas para fins de comprovação da 
data de entrega. O prazo do recebimento provisório para o definitivo é de 15 dias, a 
contar da data de entrega do material. 
Conferência do Material 
- Conferência quantitativa: verificação da quantidade da nota fiscal, certificando 
se corresponde àquela efetivamente entregue. 
- Conferência qualitativa: verificação das especificações técnicas do objeto 
entregue, certificando se coincidem com as solicitadas pelo setor de compras 
(dimensões, marcas, modelos etc.). 
Aceitação do 
Material 
A aceitação definitiva é o resultado de fase anterior, podendo ocorrer: 
 a. entrada do material e liberação do pagamento ao fornecedor, no caso 
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de ocorrer a aceitação total do material; 
b. devolução parcial ou reclamação junto ao fornecedor, por falta de material 
ou erro de especificação. 
Fonte: ENAP (2015) 
Em órgãos públicos, por ocasião do recebimento, três informações alusivas 
às especificações dos materiais devem ser comparadas, verificando se há 
conformidade entre elas: 
• informações constantes da nota de empenho; 
• informações constantes da nota fiscal; e 
• dados da mercadoria efetivamente entregue. 
Ainda, cabe a menção de que há órgãos públicos nos quais nem todos os 
materiais de consumo são recebidos em almoxarifados. As exceções, em geral, são 
alusivas aos materiais de consumo imediato, que podem não transitar fisicamente 
pelos almoxarifados. Nesse caso, o recebimento seria apenas comunicado ao setor 
de almoxarifado, para os devidos registros. Nas OM do Exército existem outros 
depósitos que também recebem materiais diretamente, tais como aprovisionamento, 
oficinas etc. 
Nesse sentido, a Lei nº 8.666/93 em seus art. 73 e 74, regula os 
procedimentos para recebimento das compras, serviços e obras contratados 
mediante licitação. 
Lei nº 8.666/93 
 
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido: I - 
em se tratando de obras e serviços: 
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, 
mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da 
comunicação escrita do contratado; 
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, 
mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de 
observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o 
disposto no art. 69 desta Lei; 
II - em se tratando de compras ou de locação de equipamentos: 
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a 
especificação; 
b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e 
conseqüente aceitação. 
§ 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vulto, o recebimento far-se- á 
mediante termo circunstanciado e, nos demais, mediante recibo. 
§ 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e 
segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro 
dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. 
 
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Dessa forma podemos ilustrar, de forma simples, o fluxo de recebimento de 
material para o Almoxarifado da seguinte forma: 
Figura 5 – Fluxo do processo de recebimento 
 
Além das aquisições realizadas pela UG, poderá ocorrer o recebimento de 
materiais fornecidos pelos órgãos provedores, por transferência de material de outra 
UA ou doações. A Portaria – C Ex Nº 1.555, de 9 de julho de 2021, aprovou o 
Regulamento de Administração do Exército “Novo RAE”. Vejamos o Capítulo IV (art 
57 a 64) do referido regulamento: 
Lei nº 8.666/93 
Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos seguintes casos: 
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; 
II - serviços profissionais; 
III I - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso II, alínea "a", desta Lei, desde 
que não se componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de 
funcionamento e produtividade. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento será feito mediante recibo. 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 57. O material que der entrada na OM será recebido e examinado: 
I - individualmente, pelo encarregado do setor de material, encarregado de depósito, 
encarregado do setor de aprovisionamento ou qualquer agente executor designado pelo OD, com a 
supervisão do fiscal administrativo; ou 
II - por comissão de recebimento e exame de material (CREM) nomeada para esse fim. 
Parágrafo único. Será nomeada comissão nos casos previstos em legislação específica ou, 
a critério do OD, considerando-se o alto custo e/ou a complexidade técnica do material. 
Art. 58. A CREM será constituída por, no mínimo: 
I - 3 (três) oficiais, admitindo-se, em casos excepcionais, a critério do OD, ser composta 
por, no mínimo, 1 (um) oficial e 2 (dois) graduados (subtenente/sargento); ou 
II - 2 (dois) membros, na situação prevista no § 3º do art. 73 deste Regulamento. 
§ 1ºO encarregado do setor de material e o provável detentor direto do material em causa 
integrarão a comissão, a critério do OD, que poderá ser assessorada por especialistas ou técnicos, civis 
ou militares, julgados necessários. 
§ 2º A CREM ou o agente executor encarregado do recebimento e exame terá o prazo de 8 
(oito) dias úteis para apresentar ao fiscal administrativo o Termo de Recebimento e Exame de Material 
(TREM) ou o recibo passado no documento de recebimento, podendo este prazo ser prorrogado, 
conforme o previsto no art. 140 deste Regulamento. 
 
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Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
§ 3ºA CREM poderá ser designada para cada recebimento específico ou recebimentos em 
determinado período, nunca superior a 90 (noventa) dias. 
§ 4º A impossibilidade de realização de testes de material no processo de recebimento será 
informada no TREM. 
§ 5º As aquisições, em que forem previstas a realização do Termo de Recebimento 
Provisório (TRP)e Termo de Recebimento Definitivo (TRD), serão reguladas em legislação específica. 
Art. 59. Todo e qualquer material destinado à OM será entregue nos almoxarifados ou 
depósitos, acompanhados, conforme o caso, da nota fiscal, guia de remessa, de transferência, de 
recolhimento, de fornecimento ou documento equivalente. 
§ 1º Cabe aos encarregados das dependências a que se refere o caput deste artigo 
formalizar ao fiscal administrativo, de imediato, a entrega do material. 
§ 2º Quando houver conveniência para a OM, o recebimento e o exame de material 
poderão ser feitos no próprio local de procedência, sendo feita a formalização imediata ao fiscal 
administrativo. 
§ 3º O recebimento do material será formalizado pelo agente executor que o recebeu 
individualmente, ou pelo presidente da comissão, exceto quando houver divergências. 
§ 4º O fiscal administrativo despachará os documentos de recebimento do material com o 
OD, para inclusão em carga ou registro do material. 
§ 5º Ao documento de formalização de que tratam os §§ 1º, 2º e 3º deste artigo serão 
anexadas a guia de remessa, de transferência, de recolhimento ou de fornecimento, notas fiscais ou 
documentos equivalentes. 
§ 6º Os documentos relativos ao processo de recebimento e exame de material serão 
arquivados na seção de conformidade dos registros de gestão. 
Art. 60. Se o material tiver que ser submetido a exame ou análise, os responsáveis pelo 
recebimento adotarão as providências necessárias, dentro dos prazos estabelecidos em legislação 
específica. 
§ 1º Quando a OM não possuir laboratórios, os responsáveis pelo recebimento solicitarão 
ao OD que o exame ou análise sejam feitos na OM mais próxima que dispuser de recursos para tal ou 
em instituição comprovadamente capacitada. 
§ 2º Os responsáveis pelos exames ou análises apresentarão seus pareceres visados pelo 
respectivo chefe, dentro dos prazos estabelecidos em legislação específica. 
§ 3º O material será identificado conforme estabelecido em legislação específica. 
Art. 61. As obras, serviços, locações de equipamentos e material adquirido ou fornecido 
serão recebidos na OM: 
I - nos casos de obras e serviços: 
a) provisoriamente pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, de acordo 
com legislação específica, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) 
dias da comunicação escrita do contratado; e 
 
 
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Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
a) definitivamente pelo agente ou comissão designada pelo OD, composta nos moldes 
do art. 58 deste Regulamento, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso 
do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, 
observado o disposto no § 1º deste artigo; 
I - nos casos de materiais e locação de equipamentos: 
a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com 
a especificação; e 
b) definitivamente, por agente ou comissão designada pelo OD, composta nos moldes 
do art. 63 deste Regulamento, após a verificação da qualidade e quantidade do material e 
consequente aceitação. 
§ 1º O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas 
expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou 
incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados. 
§ 2º Nos casos de aquisição e locação de alto custo o recebimento será feito mediante 
TREM e, nos demais, mediante recibo na nota fiscal correspondente. 
§ 3º Nos casos de aquisição e locação com valores iguais ou inferiores às despesas de alto 
custo, fica a critério do OD designar a comissão para o recebimento do material. 
§ 4º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e 
segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos 
limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. 
§ 5º O prazo de recebimento, provisório ou definitivo, deverá ser informado no edital de 
licitação correspondente. 
Art. 62. O recebimento provisório poderá ser dispensado nos casos previstos em legislação 
específica. 
Art. 63. Quando se tratar de material fornecido pelos OP, os agentes que procederem ao 
recebimento e exame do material adotarão as seguintes providências: 
I - quanto às guias de remessa, transferência ou de fornecimento quitadas: 
a) uma via acompanhará o documento de recebimento, para que sejam registradas no 
sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, de acordo com o 
estabelecido em legislação específica; 
b) uma via será remetida ao OP que forneceu o material; e 
c) serão feitas referências às alterações detalhadas nos TREM, para que sejam 
registradas no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, de 
acordo com legislação específica; 
II - quanto aos termos: 
a) uma via para a fiscalização administrativa da OM; 
b) uma via para o OP que forneceu o material; 
c) as demais, às partes interessadas, segundo o previsto em legislação específica; e 
d) mencionarão as irregularidades encontradas e os bens rejeitados, com declaração 
dos motivos da rejeição; 
 
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Cabe destacar que o RAE aprovado, em vários trechos, regula que a 
movimentação de material deve ser registrada no sistema corporativo de controle 
patrimonial utilizado no Comando do Exército, atualmente o SISCOFIS. 
 
 
 
 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
I - remeter às demais partes interessadas cópias das folhas do boletim onde conste a 
ordem para inclusão em carga ou registro no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no 
Comando do Exército, autenticadas pelo fiscal administrativo, de acordo com legislação específica; e 
IV - realizar a inclusão em carga e o registro contábil do material. 
Art. 64. Toda divergência no recebimento e exame, no que se referir ao estado, à 
quantidade, à qualidade ou a qualquer outro aspecto dos materiais, serviços e obras, deverá ser 
levada imediatamente ao conhecimento do OD, que tomará a decisão, em sua esfera de competência. 
§ 1º Se a má qualidade dos materiais, serviços e obras, ou qualquer falha somente vier a 
ser constatada posteriormente, a responsabilidade caberá: 
I - aos membros da comissão que os tenham recebido e examinado, em parecer unânime; 
II - ao OD, se tiver decidido, em definitivo, em divergência com o parecer unânime da 
comissão; 
III - subsidiariamente, aos membros da comissão que colaboraram na decisão divergente 
do OD; 
IV - ao fiscal administrativo e ao agente executor, nos casos previstos no inciso I do art. 57 
deste Regulamento, ou ao OD, quando tiver solucionado em definitivo qualquer divergência surgida, 
dela compartilhando o agente cujo ponto de vista houver sido esposado por ele; e 
V - aos especialistas ou técnicos, quanto à qualidade e funcionamento, se tiverem dado 
parecer favorável à aceitação dos bens. 
§ 2º Se os especialistas ou técnicos opinarem pela não aceitação de qualquer artigo, 
nenhuma responsabilidade lhes caberá, se este for aceito. 
§ 3º O parecer do técnico ou especialista será entregue ao presidente da comissão. 
§ 4º Nos casos de haver alteração no recebimento de material oriundo de outra OM, 
caberá à OM de origem realizar o respectivo processo apuratório, cuja solução deverá ser 
encaminhada ao escalão imediatamente superior para fins de ratificação ou retificação, e outras 
providências cabíveis. 
 
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5. ARMAZENAGEM OU ESTOCAGEM 
 
A armazenagem de materiais é atividade de planejamento e organização das 
operações de manter e abrigar adequadamente os itens de material, mantendo-os 
em condições de uso até o momento de sua efetiva entrega aos solicitantes da 
Instituição. A armazenagem tem como objetivos: 
Figura7 – Objetivos da Estocagem 
 
Na armazenagem, devemos levar em consideração as várias características 
físicas e químicas dos itens em estoque para que tais características não influenciem 
nas propriedades dos outros itens. Dessa forma, devemos atentar, no momento da 
armazenagem, aos seguintes aspectos dos materiais: 
 
ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS 
• Fragilidade 
• Volume 
• Peso 
• Forma 
• Perecíveis 
• Oxidáveis 
• Inflamáveis 
• Potencial de Contaminação 
 
De posse das características do material, cabe o Gestor de Almoxarifado 
adotar um critério para a guarda dos materiais, respeitando os aspectos físicos e 
químicos. De modo usual, temos os seguintes critérios para armazenagem dos 
materiais: 
 
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CRITÉRIO CRITÉRIO DESCRIÇÃO 
Armazenagem por 
agrupamento 
Materiais no mesmo grupo de subitens ou que se complementam 
devem ser alocados próximos uns aos outros, de forma que facilite na 
tarefa de arrumação e busca. Exemplo: armazenar materiais de limpeza 
em uma mesma prateleira. 
Armazenagem por 
compatibilidade 
Nesse critério, devemos observar a influência que uma característica de 
um material pode ter sobre o outro, de modo que devem ser mantidos 
distantes ou em ambiente distintos. Exemplo: devemos manter 
materiais inflamáveis longe de corrosivos ou que, facilmente, 
propaguem chamas. 
Armazenagem por 
tamanho, peso e forma. 
Materiais de características físicas semelhantes são armazenados mais 
próximos, possibilitando um maior aproveitamento do espaço físico. 
Esse critério demanda maior necessidade de controle por parte 
do gestor de almoxarifado. 
Armazenagem por 
frequência 
Os materiais com maior frequência de entrada e saída do almoxarifado 
são armazenados próximos à sua entrada/saída. 
Armazenagem 
especial 
Tipo de armazenagem complexa, destinada a materiais 
inflamáveis, perecíveis, explosivos etc. Note-se que este critério de 
armazenagem pode ser “acumulado” com um dos anteriores (por 
exemplo: carnes são armazenadas em câmaras frigoríficas – 
armazenagem especial, e pode ser empregado em conjunto o critério 
de armazenagem por frequência). Importante: produtos perecíveis 
devem ser armazenados respeitando-se o prazo de validade. 
Armazenagem em 
área externa 
Este critério é aplicável a materiais que podem ser armazenados em 
áreas externas (por exemplo, automóveis acabados, armazenados em 
pátios), reduzindo custos e ampliando o espaço interno do almoxarifado 
para materiais que necessitam de maior proteção. 
Coberturas alternativas 
Trata-se de soluções para a obtenção de uma área coberta, sem 
incorrer em custos de construção atinentes à expansão do almoxarifado. 
Em geral, a cobertura é de PVC. 
Fonte: ENAP (2015) 
 
Os critérios para armazenagem tanto podem ser aplicados de forma isolada, 
por exemplo buscando apenas um maior aproveitamento do espaço físico, como de 
forma associada, dependendo da disponibilidade de cada estoque. 
 
5.1. Conceito de Estoques 
 
Slack et al. (1997) trazem a seguinte definição de estoque: 
 
 
 
“Estoque é a acumulação armazenada de materiais em um sistema de transformação.” 
ESGA Módulo II 
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Logicamente, esta definição é aplicável ao setor privado, ou, mais 
propriamente, a uma organização que detém um ciclo de produção/transformação. 
Essa, como vimos, não é a lógica preponderante em órgãos públicos, tipicamente 
voltados à oferta de serviços (e não de materiais) à sociedade. 
Dessa forma, podemos oferecer uma conceituação de estoque que mais se 
aproxime à realidade do setor público: 
 
 
 
Ou, ainda: 
 
 
A manutenção de estoques é onerosa às organizações. Os custos para 
mantê-los são relativos a diversos fatores, tais como: roubos, furtos, aluguel de 
espaços físicos, seguros, entre outros. No setor privado, estes podem atingir a níveis 
altíssimos e insuportáveis. No âmbito das UG do Exército, os referidos fatores são 
amenizados pelas peculiaridades das organizações militares, mas não deixa de ser 
oneroso manter produtos em estoque. 
Tomando esse fato em consideração, o ideal seria não manter estoques, 
havendo o fornecimento dos materiais apenas quando fossem estritamente 
necessários. Isso, logicamente, demanda a necessidade de uma grande agilidade 
na relação entre a organização e seus potenciais fornecedores. 
No contexto do serviço público, contudo, essa agilidade não é observada. As 
compras, no setor público, são processadas por meio de licitações, sendo usual que 
um único processo de aquisição chegue a demorar até 06 (seis) meses, ante os 
trâmites burocráticos (disfuncionais), bem como o rigor e a observância das 
formalidades inerentes aos ritos licitatórios. 
Estoque é toda e qualquer porção armazenada de material, com valor econômico para 
a organização, que é reservada para emprego em momento futuro, quando se mostrar 
necessário às atividades organizacionais. 
 
Estoque é o somatório de materiais armazenados em uma organização, que 
permanecem reservados para uso oportuno. 
ESGA Módulo II 
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Dessa forma, a manutenção de estoques é uma realidade na prática 
administrativa do setor público brasileiro. 
Os motivos para o uso de estoques podem ser assim sintetizados: 
 
• Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações 
de demanda: uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de 
flutuações de demanda (= de consumo). Em passado recente, na 
prevenção da gripe H1N1, comprávamos álcool em gel tão logo o 
encontrávamos em uma farmácia, muitas vezes em quantidade maior do 
que nossas reais necessidades. Tentávamos, neste caso, nos resguardar 
de oscilações na demanda, estocando mercadorias. 
 
• Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações 
de mercado: uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de 
flutuações do mercado. Há um tempo, na época da hiperinflação e do 
Plano Cruzado, muitos tinham o hábito de estocar mercadorias nas casas, 
tentando, assim, fugir dos efeitos das altas dos preços. Essa medida é 
muito comum em períodos inflacionários. 
 
• Estoques podem ser uma oportunidade de investimento: isso ocorre 
quando, em determinado período, a taxa de aumento do valor financeiro 
do estoque for maior do que a taxa de aplicação em outros ativos que 
podem ser obtidos no mercado. Seria quase que um caso particular de 
oscilação de mercado, mencionado anteriormente. 
 
• Estoques podem proteger de atrasos: os atrasos podem ser originários 
de diversas fontes, desde um problema no transporte das mercadorias, até 
uma negociação mais prolongada com fornecedores, ou até mesmo uma 
influência do clima. No setor público, por exemplo, as demandas 
burocráticas relativas à obrigatoriedade de regularidade fiscal das 
ESGA Módulo II 
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empresas contratadas podem implicar um tempo maior do que o desejado 
para reestabelecer um fornecimento. 
 
• Grandes estoques podem implicar economia de escala: a aquisição de 
itens de material em maiores quantidades, por vezes, implica a prática de 
preços unitários menos significativos, se comparado com compras de 
menores vultos. É o que, usualmente, denomina-se “poder de barganha”. 
 
5.2. Técnicas de Armazenagem 
 
Os materiais de armazenagem complexa exigem uma infraestrutura de 
guarda especial, assim exemplificada: 
• equipamentos de prevenção a incêndios (sprinklers, etc.); 
• ambientes climatizados (câmaras frigoríficas etc.); 
• ambientes com controle de temperatura e umidade (paióis de munição 
etc.); 
• uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos funcionários que 
lidam diretamente com esses materiais. 
No que diz respeito às técnicas de armazenagem propriamente ditas, é 
essencial nos familiarizarmos com os dispositivos mais usuais empregados nessa 
atividade. 
CRITÉRIO CARACTERÍSTICAS 
 
Prateleiras 
Podem ser de aço ou madeira. As de aço, apesar 
de mais caras, possuemmaior durabilidade, e não 
são atacadas por insetos. De forma geral, as 
prateleiras têm a propriedade de alocarem materiais 
de dimensões variadas. 
 
Contenedores 
(containers) 
Caixas metálicas retangulares, hermeticamente 
fechadas e seladas, destinadas ao transporte 
intermodal de mercadorias (ferroviário, rodoviário, 
fluvial, marítimo ou aéreo). 
ESGA Módulo II 
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Pallets 
(paletes) 
Paletes são estrados que possibilitam o 
empilhamento das cargas, maximizando a 
utilização do espaço cúbico do almoxarifado. 
Podem ser de madeira, metal, papelão ou 
plástico. 
A paletização (possibilidade de empilhamento 
dos paletes e de manipulação de uma carga 
unitizada) possibilita o aproveitamento eficiente 
do espaço vertical dos armazéns. 
 
Engradados
 
São destinados à guarda e transporte de 
materiais frágeis ou irregulares, que não admitem 
o uso de simples estrados, carecendo de uma 
estrutura que ofereça proteção lateral. 
 
Caixas ou 
gavetas 
São ideais para a armazenagem de materiais 
de pequenas dimensões, como pregos, porcas, 
parafusos e sobressalentes pequenos em geral. 
Fonte: Fellini (2014) 
Ao assumir a função, o encarregado do setor de material deve conferir as 
condições de armazenagem e providenciar os devidos ajustes, se for o caso. 
 
6. DISTRIBUIÇÃO 
 
O atendimento dos pedidos de material (requisições) é o ato pelo qual o 
Almoxarifado supre as necessidades dos setores de cada unidade com material em 
estoque fundamentais para a execução das atividades da Instituição. Essas 
requisições são realizadas através do módulo de pedidos no SISCOFIS-OM, 
Normas Administrativas Relativas ao Suprimento (NARSUP) 
Art. 44. Aos gestores de paióis, armazéns, almoxarifados e demais reservas de material 
cabe a responsabilidade de inspecionar o material estocado, a realização da conferência 
física dos itens, a verificação dos prazos de validade dos lotes, quando for o caso, e a 
tomada de todas as providências para evitar a sua danificação, quer pela ação de animais 
daninhos ou por ocorrência de sinistros. (grifo nosso) 
ESGA Módulo II 
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utilizado em todas as Unidades do Exército. No procedimento de atendimento de 
requisições, devemos seguir as seguintes etapas: 
 
 
A distribuição de materiais é a atividade derradeira da gestão de 
almoxarifados, cuja finalidade é fazer chegar o material em perfeitas condições ao 
usuário. 
 
Há autores que fazem a seguinte divisão: 
 
• Distribuição interna = diz respeito à distribuição de materiais internamente 
à organização, para a continuidade de seu processo de trabalho. 
 
• Distribuição externa = trata da entrega dos produtos acabados a seus 
clientes, o que pode envolver mais de um meio de transporte. 
 
No âmbito das OM, a Seção VII do Capítulo IV (Procedimentos 
Administrativos), os artigos 72 a 74 tratam sobre a metodologia para distribuição às 
frações da Organização Militar. 
 
 
 
 
 
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Regulamento de Administração do Exército – RAE 
Art. 72. Os setores de material (almoxarifados) e depósitos da OM farão entregas dos 
suprimentos necessários às frações e dependências internas, mediante ordem de distribuição 
publicada em boletim administrativo da OM ou, em casos excepcionais, ordem verbal do 
comandante. 
§ 1º O responsável pela fração ou dependência receberá o bem, mediante quitação no 
documento de remessa, e formalizará o recebimento do material distribuído, dentro do prazo de 5 
(cinco) dias úteis, detalhando se está sem ou com alteração. 
§ 2º Em caso de ordem verbal, o responsável pelo recebimento do material emitirá, 
imediatamente, o pedido, devendo a ordem de distribuição ser confirmada em boletim administrativo 
da OM. 
§ 3º No caso de indisponibilidade do sistema corporativo de controle patrimonial em uso 
no Comando do Exército, a distribuição de material poderá ser realizada mediante pedido provisório, 
devendo tal ato ser registrado em até 8 (oito) dias úteis, após cessarem os motivos do impedimento 
de lançamento no sistema. 
§ 4º No âmbito da OM, o detentor do material somente poderá redistribuí-lo, mediante 
autorização do chefe imediato ou comandante da OM, e pedido formal encaminhado ao fiscal 
administrativo. 
§ 5º A distribuição de peças do fardamento será procedida conforme legislação 
específica. 
Art. 73. O material necessário às SU e frações destacadas será fornecido pela OM a que 
pertençam. 
§ 1º A OM que tiver dificuldade para o apoio à SU ou fração destacada poderá solicitar, 
por intermédio dos canais de comando e da Região Militar (RM), que a SU ou fração seja suprida por 
outra OM ou diretamente pelo OP. 
§ 2º Quando a SU ou frações destacadas receberem materiais diretamente dos OP ou 
fornecedores, os comandantes destas emitirão o TREM, de acordo com o art. 57 deste 
Regulamento, no que for aplicável, remetendo-o para a OM de vinculação, a fim de ser realizado o 
respectivo registro contábil. 
§ 3º Na ocorrência da situação prevista no § 2º deste artigo, quando houver efetivo 
insuficiente de oficiais na SU ou fração destacada, a CREM poderá ser composta por dois membros, 
sendo um deles o respectivo comandante. 
Art. 74. No âmbito da OM, a distribuição de material para emprego e uso individual é feita 
pelas SU, sob a responsabilidade dos encarregados de material e a fiscalização dos seus 
respectivos comandantes. 
§ 1º Antes da distribuição para emprego ou uso individual, as frações da OM identificarão 
os materiais permanentes. 
§ 2º Quanto ao fardamento, serão observadas as prescrições da legislação específica. 
ESGA Módulo II 
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Nas unidades, toda movimentação de material é realizada pelo Sistema de 
Controle Físico (SISCOFIS-OM), subsistema do SIMATEx. A seguir, segue um 
fluxograma dos procedimentos para a movimentação do material, utilizando-se o 
SISCOFIS: 
 
 
6.1 Reposição dos Estoques 
 
O primeiro passo para que possamos repor nossos estoques com a devida 
precisão é obtermos uma previsão acurada do consumo dos materiais envolvidos. 
Caso haja informações incorretas na previsão de consumo, duas situações podem 
ocorrer, conforme ilustra Fenili (2014): 
Acentuação de custos de estoque: ocorre quando mantemos estoque de itens 
que não têm demanda na organização. Os custos a eles relacionados são vários: 
aluguel de espaço físico, obsolescência, entre outros; 
Custos de falta de estoque: ocorre quando o estoque mantido é inferior à 
demanda, acarretando a falta do item de material em um momento em que ele é 
necessário. Esse fato pode implicar até mesmo a paralisação de uma linha de 
produção, caso falte um insumo necessário ao produto final. Os custos de falta de 
ESGA Módulo II 
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estoque, conforme vimos anteriormente, são difíceis de mensurar, podendo tomar 
grandes proporções. 
Antes de ingressarmos no estudo dos métodos de previsão propriamente 
ditos, há de se registrar que existem 3 (três) tipos principais de evolução da 
demanda (ou seja, do modo como a demanda de determinado item de material se 
comporta em determinado período), retratados no quadro a seguir: 
Fonte: Fenili (2014) 
 
As técnicas para a previsão de demanda podem se valer de informações 
qualitativas e/ou quantitativas. De modo geral, podem ser agrupadas em três 
categorias principais, a saber: 
Predileção: nesse caso, a previsão é feita mediante informações qualitativas, 
tais como pesquisas de opinião, informações prestadas por funcionários experientes 
etc. 
Explicação: há a correlação entre o comportamento da demanda em períodos 
recentes, com outra variável quantitativa de evolução conhecida. Por exemplo, pode-
se traçar um paralelo entre a evolução da demanda e o incremento do número de 
clientes internos/externos da organização, o número de contratos firmados, etc. 
ESGA Módulo II 
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Projeção: é uma técnica quantitativa, que prima unicamente pelo tratamento 
de dados de uma série históricade consumo, de forma a obter a previsão para 
períodos subsequentes. 
Caberá ao encarregado, ouvido o Fiscal Administrativo, escolher a melhor 
técnica para prever a demanda, de acordo com as peculiaridades da unidade. 
Estabelecida a demanda, será selecionada o melhor sistema para reposição dos 
estoques. 
Há, basicamente, dois sistemas principais de reposição de estoque inseridos 
no Sistema tradicional de abastecimento: periódico e continuo, cujas características 
principais são abordadas a seguir. 
 
• Sistema de reposição periódica (modelo de estoque máximo ou 
intervalo padrão): os pedidos para reposição de estoques são feitos 
periodicamente. A quantidade comprada, somada com a existente em 
estoque, deve ser suficiente para atender o consumo até a chegada da 
encomenda seguinte. Guardadas as devidas proporções, é o sistema 
utilizado por quem vai ao supermercado uma vez por semana, por 
exemplo. Nesse modelo, decorrido certo período T, verifica-se o que falta 
para chegar ao estoque máximo (Emax) e faz-se o pedido do lote de 
compra (LC). 
 
• Sistema de reposição contínua (modelo de máximos e mínimos): 
sempre que o estoque atingir uma determinada quantidade, um novo 
pedido de compra é emitido. Esta quantidade é chamada de ponto de 
pedido ou ponto de ressuprimento/revisão. Seria semelhante ao “sistema” 
utilizado por quem vai ao supermercado somente quando a geladeira está 
ficando vazia. 
 
Antes de abordarmos o modo de operacionalização dos sistemas de 
reposição, é essencial a apresentação de alguns conceitos: 
 
 
ESGA Módulo II 
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CONCEITO DEFINIÇÃO 
 
Tempo de 
reposição (TR) 
É o intervalo de tempo entre a emissão do pedido e a chegada do 
material ao almoxarifado. É também conhecido como lead time. 
= Δt (processamento da licitação/compra direta + tarefas do fornecedor 
+ recebimento). 
Lote de compra (LC) Quantidade do item de material especificada no pedido de 
compras. 
 
 
 
Ponto de pedido (PP) 
É a quantidade de um determinado produto em estoque que, 
sempre que atingida, deve provocar um novo pedido de compra. Essa 
quantidade garante a continuidade do processo produtivo até que 
chegue o lote de compra (durante o tempo de reposição). O ponto de 
pedido é inerente ao sistema de reposição contínua. PP = (C X TR) 
+ ES, onde: C = consumo médio do item; TR = tempo de reposição; ES 
= estoque mínimo ou de segurança. 
 
 
Estoque mínimo ou 
de segurança (ES) 
É um estoque “adicional”, capaz de cobrir eventuais situações 
imprevisíveis, tais como: 
- atrasos no tempo de reposição; 
- cancelamento do pedido de compra (por diversos motivos); 
- aumento imprevisto do consumo; 
- rejeição dos itens comprados quando do recebimento (por 
exemplo, por inconformidade com as especificações). 
 
Estoque máximo 
(Emax) 
É o máximo de itens em almoxarifado. No sistema de reposição 
contínua, é igual à soma do estoque de segurança com o lote de 
compra. 
Emax = ES + LC 
 
Ruptura de estoque 
É a situação na qual há a impossibilidade de atendimento a uma 
necessidade de demanda, por insuficiência de estoque. 
Da ruptura de estoque advêm os custos de falta de estoque. 
Fonte: Fenili (2014) 
 
a. O sistema de reposição continua 
 
O sistema de reposição contínua parte do pressuposto de que a demanda 
do item de material é constante. De acordo com esse sistema, partindo-se de um 
nível máximo de estoque, ocorre a demanda até o instante em que o estoque atinge 
um nível denominado ponto de pedido, quando deve ocorrer a solicitação do 
almoxarifado para a área de compras da organização. Nesse momento, passa a 
contar o tempo de ressuprimento (ou de reposição). 
 
 
ESGA Módulo II 
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A operacionalização do sistema de reposição contínua pode ser visualizada 
por meio de um gráfico comumente denominado “curva dente de serra”, apresentada 
a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: ENAP (2015) 
 
Há de se considerar que, durante o tempo de ressuprimento (TR), continua a 
ocorrer o consumo. O sistema de reposição contínua é concebido de modo que, no 
momento em que seria necessário fazer uso do estoque de segurança, o lote de 
compra (LC) é entregue, evitando o consumo do estoque desse estoque mínimo. 
A curva dente de serra representa o nível de estoque ao longo do tempo, no 
sistema de reposição contínua. Em geral, seu desenho é iniciado do estoque 
máximo, havendo, ao longo do tempo, o decréscimo do nível de estoque em uma 
razão constante. Ao chegar a um nível pré-determinado, é disparado um pedido do 
gestor de estoques à área de compras – é o ponto de pedido. Durante o tempo de 
ressuprimento, o consumo do material não cessa, de forma que no momento da 
chegada do lote de compra estar- se-ia chegando ao nível do estoque mínimo (ou de 
segurança). 
 
 
ESGA Módulo II 
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b. O sistema de reposição periódica 
 
No sistema de reposição periódica, o pedido de compra é efetuado em 
intervalos de tempo fixos e predeterminados. 
O Manual de Gestão de Materiais da Câmara dos Deputados (Brasil, 2010) 
preconiza, para aquele órgão, a adoção desse tipo de sistema de reposição, no que 
concerne aos materiais de estoque (de consumo). 
As regras gerais para o planejamento da reposição dos materiais de estoque, 
de acordo com o citado Manual, são sumarizadas no quadro a seguir. 
 
PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES 
A quem cabe o 
planejamento 
Cabe à Coordenação de Almoxarifado (mais especificamente, na figura dos 
supervisores de almoxarifado). Em casos específicos (materiais de proteção 
e prevenção, artigos de decoração, dormitório, enfermaria, vestuário em 
geral, material para cerimonial, divulgação de eventos etc.), as unidades 
administrativas interessadas (por exemplo, Secretaria de Comunicação 
Social, Departamento Médico etc.) é que fazem o planejamento, cabendo ao 
supervisor do almoxarifado apenas informar a quantidade existente em 
estoque. 
Período de 
suprimento 
O período de suprimento considerado no planejamento de aquisições é de 
12 (doze) meses. 
Forma de 
Suprimento 
O suprimento é realizado por meio de contratos de fornecimento. 
Quando se inicia o 
planejamento 
Os procedimentos de planejamento destinados ao suprimento do estoque 
para o exercício subsequente deverão ser elaborados e iniciados no 
princípio do segundo semestre de cada exercício. 
Quando se iniciam 
os processos de 
aquisição 
Os processos de aquisição para o suprimento de material de consumo 
de estoque iniciam-se nos primeiros meses do exercício subsequente 
ao planejamento. 
Os supervisores dos 
almoxarifados podem 
solicitar aquisições 
suplementares, desde 
que devidamente 
justificadas? 
Podem sim, apesar de ser essa uma exceção. Eventualmente, os 
supervisores dos almoxarifados poderão fazer solicitação de aquisições 
suplementares, em virtude de alteração de demanda de materiais e 
de outrassituações. 
ESGA Módulo II 
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Informações essenciais 
na instrução dos 
processos de 
suprimento de estoque 
Relatórios de consumo com as médias mensais 
dos últimos cinco anos. Saldo de estoques dos materiais. 
Deve-se evitar 
A compra volumosa de materiais sujeitos, num curto espaço de tempo, à 
perda de suas características normais de uso, bem como daqueles 
propensos à obsolescência (por exemplo: canetas esferográficas, materiais 
de informática em geral etc.); 
O parcelamento das aquisições para suprimento de estoque (deve-se 
planejar apenas uma aquisição, por material, ao ano). Obviamente, pode-
se sugerir que a entrega do material pela empresa contratada seja 
realizada de forma parcelada (em especial dos materiais que contêm 
prazo de validade exíguo, tais como vacinas, por exemplo). 
 
Fonte: Manual de Gestão de Materiais da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2010) 
 
6.2 Just in time e Kanban 
 
Preliminarmente, pode-se dizer que o Just in Time é uma filosofia de gestão 
de estoque que defende a minimização dos níveis estocados comoforma de 
redução de desperdícios. 
A Toyota Motor Company, empresa japonesa do ramo automobilístico, foi 
pioneira na defesa da extinção de estoques, ainda nos anos 50. Assim, o Sistema 
Toyota de Produção passou a utilizar uma abordagem de trabalho denominada Just-
in-Time (JIT), significando fazer “o que é necessário, quando é necessário, e na 
quantidade necessária”. Dentro do JIT encontramos a ferramenta de controle de 
estoque chamada de Kanban que, para Shingo (1996), significa “abastecer a 
unidade fabril, de acordo com os itens necessários, nas quantidades necessárias, no 
momento necessário, com a qualidade necessária para suprir a linha de montagem 
final, sem perdas e geração de estoques”. 
Assim, ao passo que o Just in Time é uma abordagem metodológica de 
trabalho, o Kanban é uma ferramenta de controle de estoque, inserida na 
“filosofia” do Just in Time. O importante é lembrarmos que o Sistema Just-in-Time 
ESGA Módulo II 
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prima pelo estoque nulo, considerando-o um verdadeiro desperdício de 
investimentos. 
O Just-in-Time/Kanban trouxe uma quebra de paradigma com relação ao 
chamado Sistema Tradicional de Abastecimento. 
No Sistema Tradicional de Abastecimento, o que importa é a produção de 
itens de material em cada etapa do processo produtivo, “empurrando-os” para a 
próxima etapa (= sistema de produção empurrada). O foco, nesse caso, é a previsão 
da demanda. 
Já no Just in Time/Kanban, o foco é a demanda efetiva, sendo que esta “puxa 
a produção” (= sistema de produção puxada). Dependendo da velocidade da 
produção, os estoques são repostos com maior ou menor rapidez. 
O mais importante, no que diz respeito ao tópico Just in Time/Kanban, é 
termos em mente as seguintes características, assim sumarizadas por Fenili (2014): 
• Redução de desperdícios; 
• Estoque de produtos finais ou acabados nulo; 
• Aquisição/entrega/produção de materiais apenas quando necessárias; 
• Necessidade de maior agilidade no ressuprimento (tempo de 
ressuprimento mínimo). 
 
É possível o emprego Just in Time no setor público? 
 
De acordo com a filosofia do Just in Time, nada deve ser produzido, 
comprado ou armazenado antes do momento exato da derradeira necessidade. O 
intuito é a redução de estoques, entendidos, nessa filosofia, como sinônimo de 
desperdício (por imobilizar, desnecessariamente, capital e por suscitar os custos de 
estoque). 
Logicamente, a operacionalização do Just in Time, nos casos de aquisição do 
material no mercado, requer um tempo de resposta do fornecedor bastante ágil. 
Nem sempre isso é observado em órgãos públicos. 
No setor público, a regra é que as compras sejam processadas mediante 
licitação. As tarefas da fase interna da licitação (especificação dos materiais a serem 
adquiridos, pesquisa de preços, definição da modalidade licitatória, confecção de 
ESGA Módulo II 
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minutas de edital/ contratos, análise jurídica e autorização da licitação) e da fase 
externa (publicação, abertura, adjudicação, respostas a eventuais recursos), por 
vezes, chegam a se alongar por cerca de seis meses (ou mais). 
Traz-se à baila, contudo, uma sistemática de aquisição em órgãos públicos 
denominada Sistema de Registro de Preços (SRP). De modo geral, no SRP, faz-
se uma licitação (pregão ou concorrência), visando-se à assinatura de uma ata, pelo 
vencedor da licitação, na qual o fornecedor se compromete a: 
 
• no decorrer da vigência da ata (não superior a 12 meses, já contadas as 
eventuais prorrogações), fornecer o material pelo valor registrado; 
• durante a vigência da ata, caso o órgão público emita uma ordem de 
fornecimento, o prazo de entrega não poderá exceder ao registrado em 
ata. 
 
Assim, apenas no momento em que haja a efetiva necessidade do item de 
material, o órgão público emite uma ordem de fornecimento à empresa. Esta detém 
um prazo de entrega delimitado previamente (por exemplo, 5 dias), o que minimiza 
enormemente o interstício compreendido entre a demanda e a entrega do produto. 
Há de se ressaltar, contudo, que a aproximação com o Just in Time cessa 
nesse ponto. A filosofia japonesa apregoa não só a agilidade no tempo de 
ressuprimento, mas também a intimidade na relação entre a organização que 
compra e o seu fornecedor, agora ocupando os papéis de cofabricantes. Tendo em 
vista o princípio da impessoalidade, previsto no art. 37 da CF/88, torna-se inviável a 
aplicação deste aspecto do Just in Time na administração pública. 
 
7. COBRANÇA DE FORNECEDORES 
 
Neste ponto temos que ter em mente que o principal objetivo do Almoxarifado, 
com relação à aquisição de materiais, é o efetivo recebimento dos mesmos e, para 
isso, deve existir um controle dos empenhos que são encaminhados aos 
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fornecedores garantindo, assim, que sejam cumpridos os prazos estabelecidos nos 
editais. 
Infelizmente, esse controle, ainda, tem que ser feito de forma manual, 
buscando a melhor maneira para a realidade de cada Unidade. Para uma efetiva 
cobrança aos fornecedores, devemos ter sempre disponível as seguintes 
informações: 
 
Para contagem do prazo de entrega devemos nos atentar ao Art.110 da Lei 
8666/93: 
 
De posse dessas informações poderemos, enfim, cobrar nossos 
fornecedores. Essa cobrança pode ocorrer de forma preventiva, anterior ao término 
do prazo de entrega, contatando o fornecedor para informações sobre a entrega, 
tendo em vista a proximidade do fim do prazo de entrega; ou quando finda o prazo 
de entrega e, consequentemente, o fornecedor já se encontra em atraso, teremos 
que oficialmente cobrar a entrega do material. A cobrança oficial deve ocorrer 
através Notificação Oficial emitida por responsável da Área de Almoxarifado, 
constando todos dos dados da empresa notificada, modalidade de licitação, o 
empenho e a irregularidade ocorrida. 
 
Lei nº 8.666/93 
“Art.110 – Na contagem dos prazos, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, 
e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for explicitamente disposto em contrário. 
Lembrando que só se iniciam e vencem os prazos em dia de expediente no órgão” 
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De acordo com o ilustrado abaixo: 
 
Como podemos ver, a notificação intima o fornecedor a se manifestar dando 
mais um prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da confirmação do recebimento da 
notificação. Dessa forma, podemos ter as seguintes situações após a notificação: 
 
• Fornecedor regulariza a situação, sanando a irregularidade apresentada 
na notificação, no mesmo prazo de 5 (cinco) dias úteis; 
 
• O Fornecedor solicita uma prorrogação de prazo. A solicitação deverá ser 
encaminhada ao solicitante, que, se ainda for conveniente à UG, poderá 
aceitar o novo prazo para entrega e um novo acompanhamento do prazo 
deverá ser feito; 
 
• O Fornecedor não solicita prorrogação de prazo e nem regulariza a 
irregularidade, caso em que já estará em atraso e devemos elaborar 
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relatório expondo as informações sobre a situação e sugerir penalização 
ao fornecedor de acordo com os termos dos nossos editais. 
 
O relatório será elaborado pela área de almoxarifado e deverá resumir todo o 
ocorrido e ser encaminhando à autoridade competente, sugerindo anulação do 
empenho ou abertura de processo sugerindo penalidade. A Sugestão de aplicação 
de penalidade deverá constar no parecer do relatório enviado à autoridade 
competente, apontado as cláusulas de descumprimento e as sanções previstas. O 
processo de penalização deve seguir o fluxo de penalidade. 
As penalidades previstas em nossos editais estão de acordo com as leis 
8.666/1993 e 10.520/2002, que listam as seguintes sanções: 
 
SANÇÕES DESCRIÇÃO 
Advertência 
A sanção de advertência consiste em uma comunicação formal ao fornecedor, após 
a instauração do processo administrativo sancionador, advertindo-lhe sobre o 
descumprimento de obrigação legalassumida, cláusula contratual ou falha na 
execução do serviço ou fornecimento, determinando que seja sanada a 
impropriedade. 
Multa 
A sanção de multa tem natureza pecuniária e sua aplicação se dará na gradação 
prevista no instrumento convocatório ou no contrato quando houver atraso 
injustificado no cumprimento da obrigação contratual. De acordo com nossos editais, 
a multa será: 
• 0,5% (cinco décimos por cento) ao dia sobre o valor adjudicado em caso de atraso 
na execução dos serviços, limitada a incidência a 15 (quinze) dias; 
• 20% (vinte por cento) sobre o valor adjudicado, em caso de atraso na execução do 
objeto, por período superior ao previsto na alínea “a”, ou de inexecução parcial da 
obrigação assumida; 
• 30% (trinta por cento) sobre o valor adjudicado, em caso de inexecução total da 
obrigação assumida. 
Suspensão 
Temporária 
A sanção de suspensão temporária de participar em licitações suspende o direito dos 
fornecedores de participarem dos procedimentos licitatórios promovidos no âmbito do 
órgão ou entidade responsável pela aplicação da sanção, por prazo não superior a 2 
anos. 
Impedimento 
de Licitar e 
Contratar 
Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública 
enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja 
promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que 
será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos 
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resultantes e depois de decorrido o prazo da sanção aplicada com base no item 
anterior. 
 
As sanções de Advertência, Suspensão Temporária e Impedimento de Licitar 
e Contratar poderão ser aplicadas com a multa. 
 
8. MATERIAL INSERVÍVEL 
 
A gestão do material inservível no Comando do Exército está regulada pela 
Portaria nº 232, de 6 ABR 10, que aprova as IG 10-67 (Instruções Gerais para a 
Gestão de Material Inservível do Comando do Exército). Segundo essa norma, o 
material disponível na Unidade, quando não atender mais a sua finalidade, deverá 
ser recolhido ao almoxarifado para conserto, descarregamento ou alienação. 
Os materiais recolhidos, por ordem do Ordenador de Despesas, devem ser 
recebidos pelo Encarregado do Setor de Material, que será o responsável por 
mandar realizar os consertos ou reparações no material. 
 
 
 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 86. Os materiais recolhidos ao almoxarifado ou aos depósitos da OM serão recebidos 
pelo encarregado do setor de material ou de depósito, devendo a quitação ser realizada no 
documento de recolhimento e o ato registrado no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado 
no Comando do Exército. 
 
Parágrafo único. No documento de recolhimento constarão: 
I - quantidade e espécie dos bens; 
II - data do recebimento; 
III - tempo mínimo de duração; 
IV - motivo do recolhimento; 
V - prazo de validade do material, se houver; e 
VI - outros esclarecimentos julgados necessários. 
 
Art. 87. O material recolhido pelas OM aos OP será recebido nestes por comissão 
nomeada, que lavrará termo de abertura, exame, avaliação e classificação. 
 
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Segue um fluxograma relativo à manutenção de material: 
 
Legenda: 
1 – Detentor recolhe ao Almoxarifado por meio de Guia de Recolhimento (GR); 
2 – Encarregado do Setor de Material remete uma via da GR para a Fisc Adm, que publica 
em Boletim Administrativo (BA); 
3 – Descarga do material de acordo com o Capítulo VII - Da Descarga, do RAE; 
4 – A UG envia o material para a uma OM de Manutenção por meio de uma Guia de 
Remessa (GRem) ou para uma empresa civil por meio de documento similar a GR, sendo 
uma via deste documento entregue na Fisc Adm que publicará em BA; 
5 – O material reparado será recebido pelo o Almx, que informará ao Fisc Adm por meio 
do envio da GRem (OM Mnt) ou nota fiscal (empresa civil); 
6 – A Fisc Adm publica o recebimento do material e determina a distribuição para o uso. 
 
8.1 Descarga de Material 
 
Conforme visto anteriormente, caso a manutenção do material seja inviável, 
este será descarregado. No entanto, este não é o único motivo para descarga de 
material. Os artigos de 76 a 85 do RAE detalham todos os procedimentos de 
descarga previstos conforme veremos abaixo: 
- inservibilidade para o fim a que se destina, não sendo suscetível de 
reparação, recuperação ou transformação; 
- perda ou extravio; 
- furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o 
patrimônio; e 
- outros motivos justificados. 
 
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Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 76. A descarga do material é ordenada pelo OD, em face dos termos das comissões, 
pareceres do fiscal administrativo, relatórios de sindicâncias, termos circunstanciados 
administrativos, inquéritos ou tomadas de contas. 
 
§ 1º Os motivos gerais para descarga de material são: 
I - inservibilidade para o fim a que se destina, não sendo suscetível de reparação, 
recuperação ou transformação; 
II - perda ou extravio; 
III – furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o patrimônio; e 
IV - outros motivos justificados. 
§ 2º A descarga dos bens classificados como controlados, conforme disposto no art. 53 
deste Regulamento, ficará sujeita à autorização dos escalões superiores, segundo legislação 
específica. 
§ 3º A homologação da descarga de material controlado será procedida pelo órgão gestor 
responsável, mediante solicitação da RM, Grupamento de Engenharia (Gpt E) ou Grupamento 
Logístico (Gpt Log) de vinculação da OM detentora, de acordo com legislação específica. 
 
Art. 77. A descarga do material, pelos motivos a que se refere o § 1º do art. 76 deste 
Regulamento, será solicitada pelo detentor direto ao fiscal administrativo. 
Parágrafo único. Quando se tratar de SU incorporada, o documento será visado pelo seu 
respectivo comandante. 
 
Art. 78. O fiscal administrativo encaminhará a solicitação da descarga ao OD, com o seu 
parecer. 
 
Art. 79. O OD examinará os documentos a que se referem os art. 77 e 78 deste 
Regulamento e, conforme o caso, determinará as seguintes providências: 
I - nos casos de inservibilidade: 
 
a) descarga, quando o material preencher, simultaneamente, as três condições abaixo: 
 
1. for de tempo de duração indeterminado ou tiver atingido o tempo mínimo de 
duração previsto; 
2. for de valor líquido contábil igual ou inferior a 10% (dez por cento) do limite 
estipulado para aquisições de materiais, por meio de dispensa de licitação, previsto na legislação 
que regula a realização de licitações e contratos na administração pública; e 
3. não for controlado; 
b) nomeação de comissão de exame e averiguação do material (CEAM), quando ocorrer 
com o material qualquer uma das condições abaixo: 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
1. não tiver atingido o tempo mínimo de duração; 
2. for de valor líquido contábil superior ao previsto no item “2.” da alínea “a” do inciso I do 
caput deste artigo; ou 
3. for controlado; 
 
c) abertura de sindicância, sempre que houver indício de imperícia, imprudência ou 
negligência; 
d) abertura de termo circunstanciado administrativo, em substituição à sindicância, 
desde que reunidos os seguintes requisitos: 
1. prejuízo de baixo custo; 
2. responsável pelo dano previamente identificado; 
3. ausência de indícios de conduta dolosa ou de má-fé, ainda que de forma subjetiva; e 
4. inexistência de ato normativo específico que determine a instauração obrigatória de 
sindicância; 
 
e) instauração de Inquérito Policial Militar (IPM), sempre que houver indício de crime; 
II - nos casos de perda ou extravio: 
a) descarga, quando se tratar de material que preencha, simultaneamente, as três 
condições referidas nos itens da alínea “a” do inciso I do caput deste artigo e tenha sido 
indicado, em documento circunstanciado, o responsável peloressarcimento do prejuízo ou a 
existência de causa que justifique sua imputação à União; e 
b) abertura de sindicância, quando não estiver caracterizada a responsabilidade pelo 
ressarcimento do prejuízo; 
 
III - nos casos de furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o 
patrimônio, será instaurado IPM. 
§ 1º Nos casos de material excedente ou obsoleto, poderá ser realizada a descarga, 
para fins de alienação, após autorização ou determinação do escalão superior. 
§ 2º Os bens móveis inservíveis, os ociosos e os recuperáveis poderão ser 
reaproveitados, mediante transferência interna ou externa. 
§ 3º No despacho do OD que determinar a descarga constará o destino da matéria- 
prima, quando for o caso, e a imputação do prejuízo a terceiros ou à União. 
 
Art. 80. A descarga de bens fornecidos pelos OP será registrada no SIAFI e no sistema 
corporativo de controle patrimonial em uso no Comando do Exército, de acordo com a legislação 
específica. 
 
Parágrafo único. Quando a descarga resultar de termo circunstanciado administrativo, 
sindicância ou inquérito, cópias autenticadas das folhas do boletim interno onde conste a solução 
do processo serão remetidas aos órgãos competentes. 
 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 81. A CEAM terá composição e prazos conforme o previsto nos art. 58 e 140 deste 
Regulamento. 
§ 1º Quanto ao exame, a CEAM verificará o estado do material e, principalmente, se ele 
é suscetível ou não de reparação, recuperação ou transformação. 
§ 2º Quanto à averiguação, a CEAM verificará: 
I - a causa do dano ou inutilização, a fim de imputar o prejuízo aos detentores, aos 
usuários, ou à União, conforme o caso; e 
II - se houve ou não motivo de força maior de que trata o art. 135 deste Regulamento. 
§ 3º O termo de exame e averiguação de material (TEAM) será enviado para a seção de 
conformidade dos registros de gestão e órgãos competentes, de acordo com o previsto em 
legislação específica. 
§ 4º Se o material tiver sido adquirido pela própria OM, o TEAM será lavrado em uma só 
via, destinada à seção de conformidade dos registros de gestão, salvo se tratar de bens controlados, 
caso em que será aplicado o disposto no § 3º deste artigo. 
 
Art. 82. Na publicação de descarga de material em boletim administrativo da OM 
constará, conforme o caso: 
I - o número e a data do documento de solicitação da descarga pelo detentor direto; 
II - o número e a data do TEAM; 
III - a quantidade, a especificação e o valor do material a descarregar; 
IV - a decisão do termo circunstanciado administrativo, a solução da sindicância ou do 
inquérito; 
V - o destino da matéria-prima; 
VI - a imputação do prejuízo; e 
VII - a data da inclusão do material em carga. 
 
Art. 83. Os materiais serão examinados nos lugares em que estiverem depositados, e os 
que, porventura, estiverem danificados serão acompanhados, tanto quanto possível, de suas partes 
componentes. 
§ 1º Os materiais serão descarregados se forem considerados em mau estado e não se 
prestarem a reparos ou transformação, ressalvado o disposto no § 2º do art. 76 deste Regulamento. 
§ 2º Os materiais que forem considerados em mau estado, porém suscetíveis de 
conserto ou transformação, continuarão em carga, com as observações pertinentes. 
§ 3º Os materiais que tiverem sido transformados em objetos de aplicação diversa à 
original serão descarregados com a antiga nomenclatura e incluídos em carga com a nova 
designação. 
§ 4º As transformações em bens oriundos dos OP somente serão realizadas com prévia 
autorização do respectivo órgão gestor responsável. 
 
Art. 84. Os materiais oriundos dos OP: 
I - julgados em mau estado, com declaração de serem suscetíveis de reparo ou 
transformação, serão tratados de acordo com a legislação específica; e 
II - descarregados na forma deste Regulamento, serão substituídos, mediante pedido 
eventual da OM ao OP. 
Parágrafo único. O pedido eventual a que se refere o inciso II do caput deste artigo não 
será emitido para bens cujo fornecimento é automático, conforme legislação de cada órgão gestor 
responsável, salvo nos casos excepcionais de substituição resultantes de necessidade imprevista. 
 
Art. 85. O material de consumo será deduzido no sistema corporativo de controle 
patrimonial utilizado no Comando do Exército, à medida que for distribuído, na forma do art. 72 
deste Regulamento. 
 
 
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Os materiais controlados seguem um processo mais complexo para 
realização de sua descarga, sendo necessária a homologação por escalão superior. 
Nos termos do art 76 da NARSUP, a autoridade que homologar a descarga 
determinará o destino do material, obedecendo às disposições das IG 10-67. 
 
Segue abaixo um fluxograma da descarga de material: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Legenda: 
 
1 – O Encarregado de Material encaminha uma via da GR para a Fisc Adm, que publica em 
Boletim Administrativo e classifica na conta de bens móveis a reparar. 
2 – O material controlado deve ser registrado na conta bens móveis inservíveis enquanto 
aguarda homologação da descarga pela RM ou Órgão Gestor do material. 
3 – Descarregado material de acordo com o Capítulo VII - Da Descarga, do RAE. 
 
 
 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 85 (...) 
§ 2º A descarga dos artigos classificados como controlados (art. 61) ficará 
sujeita à autorização dos escalões superiores, segundo normas baixadas pelos Órgãos 
Gestores respectivos. A homologação da descarga será procedida pela RM de 
vinculação, de acordo com as instruções dos Órgãos Gestores a que estiver vinculado o 
material. 
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8.2 Destinação do Material 
 
O material descarregado, a critério do Ordenador de Despesas, poderá ser 
alienado, nos termos da legislação vigente, cedido, inutilizado ou abandonado. 
Os materiais que forem considerados inservíveis, a matéria-prima que não 
tenha previsão de ser utilizada, bem como os resíduos das oficinas podem ser 
alienados pela unidade, mediante licitação e na forma das instruções vigentes. Os 
valores obtidos com essa alienação deverão ser recolhidos ao Fundo do Exército 
mediante GRU (Guia de Recolhimento da União). 
 
Nos termos do art. 9º da IG 10-67, nas alienações por venda ou permuta, 
poderão ser observadas as prescrições contidas nos arts. 7º a 14 do Decreto nº 
99.658/90, bem como o prescrito na legislação pertinente a licitações e contratos em 
vigor, desde que respeitadas as particularidades do Exército. Vide o referido Decreto 
na Biblioteca do curso. 
Na Lei nº 8.666/93, a seção III (art 17 a 19) trata dos procedimentos para a 
alienação de bens da administração pública, especificando os casos em que a 
licitação é dispensada. 
 
 
 
Regulamento de Administração do Exército – RAE 
 
Art. 88. As OM poderão alienar, mediante licitação ou de acordo com legislação específica, a 
matéria-prima que não tenha previsão de ser utilizada, bem como os resíduos de oficina. 
§ 1ºOs materiais adquiridos por qualquer OM e que forem considerados inservíveis, não 
comportando reparo nem transformação, poderão ser alienados na forma deste artigo. 
§ 2ºOs resíduos de oficinas serão alienados, em princípio, por peso ou volume, levando-se 
em conta a sua natureza. 
§ 3º Nos casos específicos previstos em Lei, as alienações poderão ser realizadas mediante 
dispensa de licitação. 
 
Art. 89. As importâncias resultantes das alienações previstas no art. 88 deste Regulamento 
tomarão os destinos previstos em legislação específica. 
 
Art. 90. Os preços de referência a serem atribuídos aos bens patrimoniais destinados à 
alienação serão estabelecidos por intermédio de laudos técnicos ou de acordo com a legislação 
específica. 
 
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Lei nº 8.666/93 
 
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência 
de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá

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