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ESGA Módulo II 1/46 ESTÁGIO SETORIAL DE GESTÃO DE ALMOXARIFADO Módulo II – Fases da Gestão de Almoxarifado 2024 9º Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército ESGA Módulo II 2/46 Atualizações Autor Data Item alterado Breve descrição da alteração 9º CGCFEx 30 NOV 23 - - (Atenção: esta apostila não deve ser usada como amparo legal, tratando-se apenas de um material didático de apoio para estudo e eventuais consultas) ESGA Módulo II 3/46 Sumário 1. APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................. 4 1.1. Objetivos do Curso ....................................................................................................................4 1.2 Objetivos de Aprendizagem ......................................................................................................4 1.3. Principais Tópicos ......................................................................................................................5 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 5 3. GESTÃO DE MATERIAIS NO SETOR PÚBLICO ......................................................................... 6 3.1. Conceito de Almoxarifado ........................................................................................................6 3.2. Organização da área de logística na Administração Federal .............................................7 3.3. Atividades inseridas na gestão de recursos materiais ...................................................... 10 4. RECEBIMENTO ................................................................................................................................ 12 5. ARMAZENAGEM OU ESTOCAGEM ............................................................................................ 18 5.1. Conceito de Estoques ........................................................................................................ 19 5.2. Técnicas de Armazenagem .............................................................................................. 22 6. DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................................. 23 6.1 Reposição dos Estoques .................................................................................................... 26 6.2 Just in time e Kanban .......................................................................................................... 32 7. COBRANÇA DE FORNECEDORES ............................................................................................. 34 8. MATERIAL INSERVÍVEL ................................................................................................................. 38 8.1 Descarga de Material .......................................................................................................... 39 8.2 Destinação do Material ....................................................................................................... 42 ENCERRAMENTO ................................................................................................................................ 45 Referências ............................................................................................................................................ 46 ESGA Módulo II 4/46 1. APRESENTAÇÃO Prezado instruendo, Esta apostila foi estruturada para servir de guia para o agente da administração encarregado da gestão de almoxarifado, que será coordenado pelo 9º Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército e ministrado na modalidade de Ensino a Distância (EAD). 1.1. Objetivos do Curso De maneira geral, contribuir com o Instituto de Economia e Finanças do Exército (IEFEx) nas atividades de ensino de interesse da Secretaria de Economia e Finanças, desenvolvidas na modalidade de Ensino a Distância (EaD) e, principalmente disponibilizar, aos Agentes da Administração das Unidades Gestoras do Exército, um material didático de fácil entendimento e mais direcionado as nossas atividades. Oferecer aos Agentes da Administração das Organizações Militares, responsáveis pela elaboração destes documentos, a oportunidade de refletirem sobre a importância dos processos que envolvem a gestão de almoxarifado. 1.2 Objetivos de Aprendizagem Ao final deste módulo, o instruendo será capaz de: • indicar a legislação relacionada às fases da gestão de almoxarifado/material; • conhecer os conceitos de estoques e técnicas de armazenagem; • identificar os principais processos que envolvem o recebimento, armazenamento e distribuição do material; ESGA Módulo II 5/46 1.3. Principais Tópicos • Uma breve explanação a respeito da gestão de material no setor público, focada na organização e processos da área de logística da Administração Federal; • As fases que envolvem a gestão de almoxarifado/material; • As legislações/normas que regulamentam a gestão de almoxarifado/material na Força. 2. INTRODUÇÃO Almoxarifados são locais destinados à guarda e à conservação dos itens de material em estoque de uma determinada organização. É essencial que a gestão dos almoxarifados seja eficiente, visando minimizar os custos de armazenamento de estoques, bem como maximizando a qualidade de atendimento aos clientes internos da entidade. Nesse sentido, o quadro a seguir sintetiza os objetivos da gestão de almoxarifados, bem como as atividades necessárias para isso: OBJETIVO AÇÕES NECESSÁRIAS Minimizar os custos de armazenamento - maximizar o uso do espaço físico disponível; - evitar perdas/roubos/furtos; - evitar obsolescência; - buscar a eficiência na movimentação dos materiais; - diminuir as distâncias internas percorridas; - prover treinamento aos colaboradores envolvidos. Maximizar a qualidade de atendimento aos usuários Assegurar a provisão do item de material certo, na quantidade e no local corretos, no menor tempo possível, sempre que for necessário. Fonte: Fenili (2014). ESGA Módulo II 6/46 De certa forma, todas as atividades listadas acima visam contribuir para a melhoria do controle patrimonial e modernização administrativa, dando maior celeridade, segurança e economicidade nas aquisições de bens móveis do Governo. Assim, a gestão de almoxarifados, em uma visão macro, engloba as seguintes atividades básicas: recebimento, armazenagem e distribuição. Essas atividades serão estudadas neste segundo modulo, juntamente com os conceitos e as determinações legais que norteiam a gestão do patrimônio e do almoxarifado de forma sistematizada, com o intuito de facilitar a implementação dos controles internos necessários a uma boa utilização desses recursos nos almoxarifados das diversas unidades gestoras. 3. GESTÃO DE MATERIAIS NO SETOR PÚBLICO 3.1. Conceito de Almoxarifado Unidade administrativa que tem por finalidade suprir de material, na quantidade certa, no momento certo e na qualidade certa, pelo menor custo possível, todas as demais unidades dos órgãos ou entidades para que possam cumprir suas missões. Curiosidade: A origem da palavra almoxarifado ocorreu na Península Ibérica (765 a 1031), quando houve a invasão árabe. O vocábulo al-xarif designava a pessoa de confiança do Sultão, responsável pela guarda dos bens do seu senhor. Para uma boa gestão do almoxarifado, o gestor deve munir-se de adequadas técnicas de quantificação e previsão a fim de fornecer material, de forma contínua, para que não haja solução de continuidade no processo produtivo. E, para isso, é necessário conhecer as característicasdos materiais sob sua responsabilidade. A classificação dos materiais possibilita esse conhecimento. Além disso, é fundamental conhecer também as regras, processos e legislações atinentes ao processo de ressuprimento ou obtenção. As atividades básicas de um almoxarifado são o recebimento, o armazenamento (ou estocagem) e a distribuição, conforme mostra a figura abaixo: ESGA Módulo II 7/46 Figura 1 – Atividades básicas do Almoxarifado Durante este módulo de nosso Estágio, essas atividades serão estudadas com maior profundidade, a fim de lhe proporcionar os conhecimentos necessários à boa gestão do Almoxarifado. 3.2. Organização da área de logística na Administração Federal De forma geral, as Instituições são formadas pela junção de quatro ingredientes: Figura 2 – Componentes de uma Instituição Indivíduos que fazem uso de Recursos e Coordenam suas Tarefas para que atinjam Objetivos Comuns. Os Recursos são os meios empregados na Instituição para a realização dos seus objetivos. São as Ferramentas que servem de base para o desempenho Institucional. ESGA Módulo II 8/46 E podem ser divididos em: Figura 3 – Tipos de recursos É na Gestão dos recursos materiais que está inserida a área de logística e de almoxarifado, envolvendo as atividades de gestão de estoques e gestão de distribuição. Figura 4 – Atividades de logística No âmbito do Governo Federal, as atividades de gestão de materiais foram organizadas de modo centralizado e na forma de um sistema, pela Instrução Normativa Nº 205, de 08 de abril de 1988 e pelo Decreto nº 1.094/1994, o chamado Sistema de Serviços Gerais (SiSG). ESGA Módulo II 9/46 O órgão central do SiSG é a Secretaria de Gestão (SEGES), integrante do Ministério da Economia (ME), sendo responsável pela formulação de diretrizes, orientação, planejamento e coordenação, supervisão e controle dos assuntos inerentes aos chamados serviços gerais. Além do órgão central, o SiSG é composto por órgãos setoriais (unidades administrativas nos ministérios e órgãos integrantes da Presidência da República) e seccionais (unidades incumbidas da execução das atividades do SiSG no âmbito das autarquias e das fundações públicas). Concomitante à criação do SiSG, o art. 7º do Decreto nº 1.094/1994 instituiu o Sistema Integrado de Administração e Serviços Gerais (SIASG), destinado à informatização e operacionalização do SiSG. Trata-se, pois, de uma ferramenta de apoio informatizado voltada eminentemente aos processos de aquisições e contratações públicas, capitaneadas pelas Unidades Administrativas de Serviços Gerais (UASG) de órgãos e entidades da Administração Pública federal. O Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG) consolidou-se, ao longo dos anos, como o principal sistema informatizado de apoio às atividades de suprimento nos órgãos públicos. Concebido de forma compulsória apenas para órgãos e entidades integrantes do Sistema de Serviços Gerais (SiSG), é aindapermitida a adesão a seus módulos por órgãos não-SiSG, linha de ação usualmente adotada por órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, seja pela abrangência do sistema, pelo número de potenciais fornecedores cadastrados (mais de 400 mil) ou pela rapidez de sua atualização frente às inovações normativas. As Unidades Gestoras do Exército Brasileiro, apesar de não integrarem o SiSG, utilizam-se do sistema SIASG nas suas atividades do dia-a-dia. Atualmente, o SIASG é composto por diversos subsistemas/módulos, sendo que os principais estão relacionados no quadro a seguir: MÓDULOS DO SIASG MÓDULO OBJETIVO CATMAT Catálogo de Materiais – é o catálogo de materiais utilizado como subsídio nas compras governamentais. CATSER Catálogo de Serviços – é o catálogo de serviços utilizado como subsídio nas contratações governamentais. ESGA Módulo II 10/46 COMUNICA Sistema de Comunicação – concebido para facilitar a comunicação entre o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – gestor do SIASG – com as unidades administrativas usuárias dos demais módulos do SIASG (expedição de orientações, informações, solicitações, atualizações, etc.). SICAF Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – constitui o registro cadastral do Poder Executivo Federal. SICON Sistema de Gestão de Contratos – destina-se ao registro e ao acompanhamento dos contratos administrativos firmados pela administração pública federal. SIDEC Sistema de Divulgação de Compras – possibilita o cadastramento de processos de compras realizados pela administração pública e o consequente envio eletrônico de matérias relativas aos avisos de licitação, dispensa e inexigibilidade à Imprensa Oficial para publicação no Diário Oficial da União e divulgação no Comprasnet, permitindo o acesso e consulta desses atos pela sociedade. SISME Sistema de Minuta de Empenho – possibilita a consolidação da reserva orçamentária para suprir a despesa estimada em uma licitação, facilitando, ainda, a subsequente emissão da nota de empenho. SISPP Sistema de Preços Praticados – registra os preços praticados nas aquisições/contratações realizadas no âmbito da administração pública federal. SISRP Sistema de Registro de Preços – registra e divulga as Atas de Registro de Preços. Fonte: Portal de Compras do Governo Federal Os diversos módulos do SIASGNet estão migrando gradativamente para a plataforma web. Dessa forma, os módulos SICAF e SIDEC já estão funcionando neste novo formato, no Portal de Compras do Governo Federal. 3.3. Atividades inseridas na gestão de recursos materiais A gestão de materiais consiste no rol de atividades desenvolvidas dentro da organização, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com materiais necessários ao desempenho normal das suas atribuições. Tem por objetivo garantir a existência contínua de um estoque organizado, de modo a nunca faltar nenhum dos itens que o compõe, sem excessos. Nesse sentido, sua finalidade é a existência de suprimento de materiais na quantidade necessária, qualidade requerida, tempo oportuno e menor custo. ESGA Módulo II 11/46 Envolve as atividades de compras, recebimento, armazenamento, fornecimento e controle de estoque. Gonçalves (2007), de forma didática, agrupa as atividades inerentes à gestão de materiais em três nichos principais, conforme a seguir: contratações, atividades de almoxarifado e controle do estoque. De acordo com a legislação, o Almoxarifado é a área responsável pelo recebimento, cadastramento, armazenamento, controle e movimentação dos bens de consumo das Unidades Gestoras da Administração Federal. Tendo como suas atribuições: • Enviar pedidos de fornecimento de materiais, contratos ou empenhos aos fornecedores; • Receber e conferir os materiais adquiridos de acordo com o documento de compra ou equivalente, podendo, quanto for o caso, convocar a Comissão de Recebimento de Materiais ou servidor com conhecimento técnico; • Notificar os fornecedores pelo atraso na entrega de materiais, quando for o caso; • Registrar ocorrência quando os materiais não forem entregues ou forem entregues em desacordo com o empenho, termo de referência ou equivalente; • Controlar e manter os registros de entrada e saída dos materiais do estoque do Almoxarifado; • Realizar o balanço mensal para elaboração do Relatório de Movimentação Mensal de Almoxarifado – RMA; • Organizar a estocagem dos materiais, de forma a preservar a sua integridade física e condições de uso, de acordo com as características de cada material, bem como para facilitar a sua localização e manuseio; • Atender às solicitações de materiais dos usuários, fornecendo em tempo hábil os materiais solicitados; • Auxiliar a comissão nomeada para realizar o Inventário Anual do Almoxarifado;• Manter controle do estoque, através de sistema informatizado, anotando todas as entradas e saídas; ESGA Módulo II 12/46 • Solicitar reposição dos materiais, conforme necessário, de acordo com as normas de manutenção de níveis mínimos de estoque; • Elaborar inventário mensal, visando a comparação com os dados dos registros do almoxarifado. 4. RECEBIMENTO O recebimento do item de material é a etapa intermediária entre a compra e o pagamento ao fornecedor. Somente após o recebimento (etapa que, nos órgãos públicos, refere-se à etapa de liquidação da despesa) é que o pagamento é autorizado. A IN nº 205/1988 define a atividade de Recebimento de material em duas etapas: “3. Recebimento é o ato pelo qual o material encomendado é entregue ao órgão público no local previamente designado, não implicando em aceitação. Transfere apenas a responsabilidade pela guarda e conservação do material, do fornecedor ao órgão recebedor. Ocorrerá nos almoxarifados, salvo quando o mesmo não possa ou não deva ali ser estocado ou recebido, caso em que a entrega se fará nos locais designados. Qualquer que seja o local de recebimento, o registro de entrada do material será sempre no Almoxarifado. ” Desta forma, a atividade de recebimento mantém estreito relacionamento com as áreas contábeis e de compras da organização, além de contar, por vezes, com a necessidade do suporte provido pelo setor de transportes (quando for o caso). O recebimento é usualmente dividido nas seguintes etapas: ETAPA DESCRIÇÃO Recebimento provisório Recepção dos veículos transportadores; Verificação de dados básicos da entrega (informações da nota fiscal, local de entrega, existência de empenho autorizando a entrega); Autorização para descarga do material. Nessa etapa, o “recebedor” assina o documento fiscal que acompanha o material, apenas para fins de comprovação da data de entrega. O prazo do recebimento provisório para o definitivo é de 15 dias, a contar da data de entrega do material. Conferência do Material - Conferência quantitativa: verificação da quantidade da nota fiscal, certificando se corresponde àquela efetivamente entregue. - Conferência qualitativa: verificação das especificações técnicas do objeto entregue, certificando se coincidem com as solicitadas pelo setor de compras (dimensões, marcas, modelos etc.). Aceitação do Material A aceitação definitiva é o resultado de fase anterior, podendo ocorrer: a. entrada do material e liberação do pagamento ao fornecedor, no caso ESGA Módulo II 13/46 de ocorrer a aceitação total do material; b. devolução parcial ou reclamação junto ao fornecedor, por falta de material ou erro de especificação. Fonte: ENAP (2015) Em órgãos públicos, por ocasião do recebimento, três informações alusivas às especificações dos materiais devem ser comparadas, verificando se há conformidade entre elas: • informações constantes da nota de empenho; • informações constantes da nota fiscal; e • dados da mercadoria efetivamente entregue. Ainda, cabe a menção de que há órgãos públicos nos quais nem todos os materiais de consumo são recebidos em almoxarifados. As exceções, em geral, são alusivas aos materiais de consumo imediato, que podem não transitar fisicamente pelos almoxarifados. Nesse caso, o recebimento seria apenas comunicado ao setor de almoxarifado, para os devidos registros. Nas OM do Exército existem outros depósitos que também recebem materiais diretamente, tais como aprovisionamento, oficinas etc. Nesse sentido, a Lei nº 8.666/93 em seus art. 73 e 74, regula os procedimentos para recebimento das compras, serviços e obras contratados mediante licitação. Lei nº 8.666/93 Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido: I - em se tratando de obras e serviços: a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado; b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei; II - em se tratando de compras ou de locação de equipamentos: a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a especificação; b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e conseqüente aceitação. § 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vulto, o recebimento far-se- á mediante termo circunstanciado e, nos demais, mediante recibo. § 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. ESGA Módulo II 14/46 Dessa forma podemos ilustrar, de forma simples, o fluxo de recebimento de material para o Almoxarifado da seguinte forma: Figura 5 – Fluxo do processo de recebimento Além das aquisições realizadas pela UG, poderá ocorrer o recebimento de materiais fornecidos pelos órgãos provedores, por transferência de material de outra UA ou doações. A Portaria – C Ex Nº 1.555, de 9 de julho de 2021, aprovou o Regulamento de Administração do Exército “Novo RAE”. Vejamos o Capítulo IV (art 57 a 64) do referido regulamento: Lei nº 8.666/93 Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos seguintes casos: I - gêneros perecíveis e alimentação preparada; II - serviços profissionais; III I - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso II, alínea "a", desta Lei, desde que não se componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produtividade. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento será feito mediante recibo. Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 57. O material que der entrada na OM será recebido e examinado: I - individualmente, pelo encarregado do setor de material, encarregado de depósito, encarregado do setor de aprovisionamento ou qualquer agente executor designado pelo OD, com a supervisão do fiscal administrativo; ou II - por comissão de recebimento e exame de material (CREM) nomeada para esse fim. Parágrafo único. Será nomeada comissão nos casos previstos em legislação específica ou, a critério do OD, considerando-se o alto custo e/ou a complexidade técnica do material. Art. 58. A CREM será constituída por, no mínimo: I - 3 (três) oficiais, admitindo-se, em casos excepcionais, a critério do OD, ser composta por, no mínimo, 1 (um) oficial e 2 (dois) graduados (subtenente/sargento); ou II - 2 (dois) membros, na situação prevista no § 3º do art. 73 deste Regulamento. § 1ºO encarregado do setor de material e o provável detentor direto do material em causa integrarão a comissão, a critério do OD, que poderá ser assessorada por especialistas ou técnicos, civis ou militares, julgados necessários. § 2º A CREM ou o agente executor encarregado do recebimento e exame terá o prazo de 8 (oito) dias úteis para apresentar ao fiscal administrativo o Termo de Recebimento e Exame de Material (TREM) ou o recibo passado no documento de recebimento, podendo este prazo ser prorrogado, conforme o previsto no art. 140 deste Regulamento. ESGA Módulo II 15/46 Regulamento de Administração do Exército – RAE § 3ºA CREM poderá ser designada para cada recebimento específico ou recebimentos em determinado período, nunca superior a 90 (noventa) dias. § 4º A impossibilidade de realização de testes de material no processo de recebimento será informada no TREM. § 5º As aquisições, em que forem previstas a realização do Termo de Recebimento Provisório (TRP)e Termo de Recebimento Definitivo (TRD), serão reguladas em legislação específica. Art. 59. Todo e qualquer material destinado à OM será entregue nos almoxarifados ou depósitos, acompanhados, conforme o caso, da nota fiscal, guia de remessa, de transferência, de recolhimento, de fornecimento ou documento equivalente. § 1º Cabe aos encarregados das dependências a que se refere o caput deste artigo formalizar ao fiscal administrativo, de imediato, a entrega do material. § 2º Quando houver conveniência para a OM, o recebimento e o exame de material poderão ser feitos no próprio local de procedência, sendo feita a formalização imediata ao fiscal administrativo. § 3º O recebimento do material será formalizado pelo agente executor que o recebeu individualmente, ou pelo presidente da comissão, exceto quando houver divergências. § 4º O fiscal administrativo despachará os documentos de recebimento do material com o OD, para inclusão em carga ou registro do material. § 5º Ao documento de formalização de que tratam os §§ 1º, 2º e 3º deste artigo serão anexadas a guia de remessa, de transferência, de recolhimento ou de fornecimento, notas fiscais ou documentos equivalentes. § 6º Os documentos relativos ao processo de recebimento e exame de material serão arquivados na seção de conformidade dos registros de gestão. Art. 60. Se o material tiver que ser submetido a exame ou análise, os responsáveis pelo recebimento adotarão as providências necessárias, dentro dos prazos estabelecidos em legislação específica. § 1º Quando a OM não possuir laboratórios, os responsáveis pelo recebimento solicitarão ao OD que o exame ou análise sejam feitos na OM mais próxima que dispuser de recursos para tal ou em instituição comprovadamente capacitada. § 2º Os responsáveis pelos exames ou análises apresentarão seus pareceres visados pelo respectivo chefe, dentro dos prazos estabelecidos em legislação específica. § 3º O material será identificado conforme estabelecido em legislação específica. Art. 61. As obras, serviços, locações de equipamentos e material adquirido ou fornecido serão recebidos na OM: I - nos casos de obras e serviços: a) provisoriamente pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, de acordo com legislação específica, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado; e ESGA Módulo II 16/46 Regulamento de Administração do Exército – RAE a) definitivamente pelo agente ou comissão designada pelo OD, composta nos moldes do art. 58 deste Regulamento, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no § 1º deste artigo; I - nos casos de materiais e locação de equipamentos: a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a especificação; e b) definitivamente, por agente ou comissão designada pelo OD, composta nos moldes do art. 63 deste Regulamento, após a verificação da qualidade e quantidade do material e consequente aceitação. § 1º O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de materiais empregados. § 2º Nos casos de aquisição e locação de alto custo o recebimento será feito mediante TREM e, nos demais, mediante recibo na nota fiscal correspondente. § 3º Nos casos de aquisição e locação com valores iguais ou inferiores às despesas de alto custo, fica a critério do OD designar a comissão para o recebimento do material. § 4º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. § 5º O prazo de recebimento, provisório ou definitivo, deverá ser informado no edital de licitação correspondente. Art. 62. O recebimento provisório poderá ser dispensado nos casos previstos em legislação específica. Art. 63. Quando se tratar de material fornecido pelos OP, os agentes que procederem ao recebimento e exame do material adotarão as seguintes providências: I - quanto às guias de remessa, transferência ou de fornecimento quitadas: a) uma via acompanhará o documento de recebimento, para que sejam registradas no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, de acordo com o estabelecido em legislação específica; b) uma via será remetida ao OP que forneceu o material; e c) serão feitas referências às alterações detalhadas nos TREM, para que sejam registradas no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, de acordo com legislação específica; II - quanto aos termos: a) uma via para a fiscalização administrativa da OM; b) uma via para o OP que forneceu o material; c) as demais, às partes interessadas, segundo o previsto em legislação específica; e d) mencionarão as irregularidades encontradas e os bens rejeitados, com declaração dos motivos da rejeição; ESGA Módulo II 17/46 Cabe destacar que o RAE aprovado, em vários trechos, regula que a movimentação de material deve ser registrada no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, atualmente o SISCOFIS. Regulamento de Administração do Exército – RAE I - remeter às demais partes interessadas cópias das folhas do boletim onde conste a ordem para inclusão em carga ou registro no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, autenticadas pelo fiscal administrativo, de acordo com legislação específica; e IV - realizar a inclusão em carga e o registro contábil do material. Art. 64. Toda divergência no recebimento e exame, no que se referir ao estado, à quantidade, à qualidade ou a qualquer outro aspecto dos materiais, serviços e obras, deverá ser levada imediatamente ao conhecimento do OD, que tomará a decisão, em sua esfera de competência. § 1º Se a má qualidade dos materiais, serviços e obras, ou qualquer falha somente vier a ser constatada posteriormente, a responsabilidade caberá: I - aos membros da comissão que os tenham recebido e examinado, em parecer unânime; II - ao OD, se tiver decidido, em definitivo, em divergência com o parecer unânime da comissão; III - subsidiariamente, aos membros da comissão que colaboraram na decisão divergente do OD; IV - ao fiscal administrativo e ao agente executor, nos casos previstos no inciso I do art. 57 deste Regulamento, ou ao OD, quando tiver solucionado em definitivo qualquer divergência surgida, dela compartilhando o agente cujo ponto de vista houver sido esposado por ele; e V - aos especialistas ou técnicos, quanto à qualidade e funcionamento, se tiverem dado parecer favorável à aceitação dos bens. § 2º Se os especialistas ou técnicos opinarem pela não aceitação de qualquer artigo, nenhuma responsabilidade lhes caberá, se este for aceito. § 3º O parecer do técnico ou especialista será entregue ao presidente da comissão. § 4º Nos casos de haver alteração no recebimento de material oriundo de outra OM, caberá à OM de origem realizar o respectivo processo apuratório, cuja solução deverá ser encaminhada ao escalão imediatamente superior para fins de ratificação ou retificação, e outras providências cabíveis. ESGA Módulo II 18/46 5. ARMAZENAGEM OU ESTOCAGEM A armazenagem de materiais é atividade de planejamento e organização das operações de manter e abrigar adequadamente os itens de material, mantendo-os em condições de uso até o momento de sua efetiva entrega aos solicitantes da Instituição. A armazenagem tem como objetivos: Figura7 – Objetivos da Estocagem Na armazenagem, devemos levar em consideração as várias características físicas e químicas dos itens em estoque para que tais características não influenciem nas propriedades dos outros itens. Dessa forma, devemos atentar, no momento da armazenagem, aos seguintes aspectos dos materiais: ASPECTOS FÍSICOS ASPECTOS QUÍMICOS • Fragilidade • Volume • Peso • Forma • Perecíveis • Oxidáveis • Inflamáveis • Potencial de Contaminação De posse das características do material, cabe o Gestor de Almoxarifado adotar um critério para a guarda dos materiais, respeitando os aspectos físicos e químicos. De modo usual, temos os seguintes critérios para armazenagem dos materiais: ESGA Módulo II 19/46 CRITÉRIO CRITÉRIO DESCRIÇÃO Armazenagem por agrupamento Materiais no mesmo grupo de subitens ou que se complementam devem ser alocados próximos uns aos outros, de forma que facilite na tarefa de arrumação e busca. Exemplo: armazenar materiais de limpeza em uma mesma prateleira. Armazenagem por compatibilidade Nesse critério, devemos observar a influência que uma característica de um material pode ter sobre o outro, de modo que devem ser mantidos distantes ou em ambiente distintos. Exemplo: devemos manter materiais inflamáveis longe de corrosivos ou que, facilmente, propaguem chamas. Armazenagem por tamanho, peso e forma. Materiais de características físicas semelhantes são armazenados mais próximos, possibilitando um maior aproveitamento do espaço físico. Esse critério demanda maior necessidade de controle por parte do gestor de almoxarifado. Armazenagem por frequência Os materiais com maior frequência de entrada e saída do almoxarifado são armazenados próximos à sua entrada/saída. Armazenagem especial Tipo de armazenagem complexa, destinada a materiais inflamáveis, perecíveis, explosivos etc. Note-se que este critério de armazenagem pode ser “acumulado” com um dos anteriores (por exemplo: carnes são armazenadas em câmaras frigoríficas – armazenagem especial, e pode ser empregado em conjunto o critério de armazenagem por frequência). Importante: produtos perecíveis devem ser armazenados respeitando-se o prazo de validade. Armazenagem em área externa Este critério é aplicável a materiais que podem ser armazenados em áreas externas (por exemplo, automóveis acabados, armazenados em pátios), reduzindo custos e ampliando o espaço interno do almoxarifado para materiais que necessitam de maior proteção. Coberturas alternativas Trata-se de soluções para a obtenção de uma área coberta, sem incorrer em custos de construção atinentes à expansão do almoxarifado. Em geral, a cobertura é de PVC. Fonte: ENAP (2015) Os critérios para armazenagem tanto podem ser aplicados de forma isolada, por exemplo buscando apenas um maior aproveitamento do espaço físico, como de forma associada, dependendo da disponibilidade de cada estoque. 5.1. Conceito de Estoques Slack et al. (1997) trazem a seguinte definição de estoque: “Estoque é a acumulação armazenada de materiais em um sistema de transformação.” ESGA Módulo II 20/46 Logicamente, esta definição é aplicável ao setor privado, ou, mais propriamente, a uma organização que detém um ciclo de produção/transformação. Essa, como vimos, não é a lógica preponderante em órgãos públicos, tipicamente voltados à oferta de serviços (e não de materiais) à sociedade. Dessa forma, podemos oferecer uma conceituação de estoque que mais se aproxime à realidade do setor público: Ou, ainda: A manutenção de estoques é onerosa às organizações. Os custos para mantê-los são relativos a diversos fatores, tais como: roubos, furtos, aluguel de espaços físicos, seguros, entre outros. No setor privado, estes podem atingir a níveis altíssimos e insuportáveis. No âmbito das UG do Exército, os referidos fatores são amenizados pelas peculiaridades das organizações militares, mas não deixa de ser oneroso manter produtos em estoque. Tomando esse fato em consideração, o ideal seria não manter estoques, havendo o fornecimento dos materiais apenas quando fossem estritamente necessários. Isso, logicamente, demanda a necessidade de uma grande agilidade na relação entre a organização e seus potenciais fornecedores. No contexto do serviço público, contudo, essa agilidade não é observada. As compras, no setor público, são processadas por meio de licitações, sendo usual que um único processo de aquisição chegue a demorar até 06 (seis) meses, ante os trâmites burocráticos (disfuncionais), bem como o rigor e a observância das formalidades inerentes aos ritos licitatórios. Estoque é toda e qualquer porção armazenada de material, com valor econômico para a organização, que é reservada para emprego em momento futuro, quando se mostrar necessário às atividades organizacionais. Estoque é o somatório de materiais armazenados em uma organização, que permanecem reservados para uso oportuno. ESGA Módulo II 21/46 Dessa forma, a manutenção de estoques é uma realidade na prática administrativa do setor público brasileiro. Os motivos para o uso de estoques podem ser assim sintetizados: • Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações de demanda: uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de flutuações de demanda (= de consumo). Em passado recente, na prevenção da gripe H1N1, comprávamos álcool em gel tão logo o encontrávamos em uma farmácia, muitas vezes em quantidade maior do que nossas reais necessidades. Tentávamos, neste caso, nos resguardar de oscilações na demanda, estocando mercadorias. • Estoques podem proteger as organizações de eventuais oscilações de mercado: uma vez adquirida, a mercadoria torna-se independente de flutuações do mercado. Há um tempo, na época da hiperinflação e do Plano Cruzado, muitos tinham o hábito de estocar mercadorias nas casas, tentando, assim, fugir dos efeitos das altas dos preços. Essa medida é muito comum em períodos inflacionários. • Estoques podem ser uma oportunidade de investimento: isso ocorre quando, em determinado período, a taxa de aumento do valor financeiro do estoque for maior do que a taxa de aplicação em outros ativos que podem ser obtidos no mercado. Seria quase que um caso particular de oscilação de mercado, mencionado anteriormente. • Estoques podem proteger de atrasos: os atrasos podem ser originários de diversas fontes, desde um problema no transporte das mercadorias, até uma negociação mais prolongada com fornecedores, ou até mesmo uma influência do clima. No setor público, por exemplo, as demandas burocráticas relativas à obrigatoriedade de regularidade fiscal das ESGA Módulo II 22/46 empresas contratadas podem implicar um tempo maior do que o desejado para reestabelecer um fornecimento. • Grandes estoques podem implicar economia de escala: a aquisição de itens de material em maiores quantidades, por vezes, implica a prática de preços unitários menos significativos, se comparado com compras de menores vultos. É o que, usualmente, denomina-se “poder de barganha”. 5.2. Técnicas de Armazenagem Os materiais de armazenagem complexa exigem uma infraestrutura de guarda especial, assim exemplificada: • equipamentos de prevenção a incêndios (sprinklers, etc.); • ambientes climatizados (câmaras frigoríficas etc.); • ambientes com controle de temperatura e umidade (paióis de munição etc.); • uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos funcionários que lidam diretamente com esses materiais. No que diz respeito às técnicas de armazenagem propriamente ditas, é essencial nos familiarizarmos com os dispositivos mais usuais empregados nessa atividade. CRITÉRIO CARACTERÍSTICAS Prateleiras Podem ser de aço ou madeira. As de aço, apesar de mais caras, possuemmaior durabilidade, e não são atacadas por insetos. De forma geral, as prateleiras têm a propriedade de alocarem materiais de dimensões variadas. Contenedores (containers) Caixas metálicas retangulares, hermeticamente fechadas e seladas, destinadas ao transporte intermodal de mercadorias (ferroviário, rodoviário, fluvial, marítimo ou aéreo). ESGA Módulo II 23/46 Pallets (paletes) Paletes são estrados que possibilitam o empilhamento das cargas, maximizando a utilização do espaço cúbico do almoxarifado. Podem ser de madeira, metal, papelão ou plástico. A paletização (possibilidade de empilhamento dos paletes e de manipulação de uma carga unitizada) possibilita o aproveitamento eficiente do espaço vertical dos armazéns. Engradados São destinados à guarda e transporte de materiais frágeis ou irregulares, que não admitem o uso de simples estrados, carecendo de uma estrutura que ofereça proteção lateral. Caixas ou gavetas São ideais para a armazenagem de materiais de pequenas dimensões, como pregos, porcas, parafusos e sobressalentes pequenos em geral. Fonte: Fellini (2014) Ao assumir a função, o encarregado do setor de material deve conferir as condições de armazenagem e providenciar os devidos ajustes, se for o caso. 6. DISTRIBUIÇÃO O atendimento dos pedidos de material (requisições) é o ato pelo qual o Almoxarifado supre as necessidades dos setores de cada unidade com material em estoque fundamentais para a execução das atividades da Instituição. Essas requisições são realizadas através do módulo de pedidos no SISCOFIS-OM, Normas Administrativas Relativas ao Suprimento (NARSUP) Art. 44. Aos gestores de paióis, armazéns, almoxarifados e demais reservas de material cabe a responsabilidade de inspecionar o material estocado, a realização da conferência física dos itens, a verificação dos prazos de validade dos lotes, quando for o caso, e a tomada de todas as providências para evitar a sua danificação, quer pela ação de animais daninhos ou por ocorrência de sinistros. (grifo nosso) ESGA Módulo II 24/46 utilizado em todas as Unidades do Exército. No procedimento de atendimento de requisições, devemos seguir as seguintes etapas: A distribuição de materiais é a atividade derradeira da gestão de almoxarifados, cuja finalidade é fazer chegar o material em perfeitas condições ao usuário. Há autores que fazem a seguinte divisão: • Distribuição interna = diz respeito à distribuição de materiais internamente à organização, para a continuidade de seu processo de trabalho. • Distribuição externa = trata da entrega dos produtos acabados a seus clientes, o que pode envolver mais de um meio de transporte. No âmbito das OM, a Seção VII do Capítulo IV (Procedimentos Administrativos), os artigos 72 a 74 tratam sobre a metodologia para distribuição às frações da Organização Militar. ESGA Módulo II 25/46 Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 72. Os setores de material (almoxarifados) e depósitos da OM farão entregas dos suprimentos necessários às frações e dependências internas, mediante ordem de distribuição publicada em boletim administrativo da OM ou, em casos excepcionais, ordem verbal do comandante. § 1º O responsável pela fração ou dependência receberá o bem, mediante quitação no documento de remessa, e formalizará o recebimento do material distribuído, dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, detalhando se está sem ou com alteração. § 2º Em caso de ordem verbal, o responsável pelo recebimento do material emitirá, imediatamente, o pedido, devendo a ordem de distribuição ser confirmada em boletim administrativo da OM. § 3º No caso de indisponibilidade do sistema corporativo de controle patrimonial em uso no Comando do Exército, a distribuição de material poderá ser realizada mediante pedido provisório, devendo tal ato ser registrado em até 8 (oito) dias úteis, após cessarem os motivos do impedimento de lançamento no sistema. § 4º No âmbito da OM, o detentor do material somente poderá redistribuí-lo, mediante autorização do chefe imediato ou comandante da OM, e pedido formal encaminhado ao fiscal administrativo. § 5º A distribuição de peças do fardamento será procedida conforme legislação específica. Art. 73. O material necessário às SU e frações destacadas será fornecido pela OM a que pertençam. § 1º A OM que tiver dificuldade para o apoio à SU ou fração destacada poderá solicitar, por intermédio dos canais de comando e da Região Militar (RM), que a SU ou fração seja suprida por outra OM ou diretamente pelo OP. § 2º Quando a SU ou frações destacadas receberem materiais diretamente dos OP ou fornecedores, os comandantes destas emitirão o TREM, de acordo com o art. 57 deste Regulamento, no que for aplicável, remetendo-o para a OM de vinculação, a fim de ser realizado o respectivo registro contábil. § 3º Na ocorrência da situação prevista no § 2º deste artigo, quando houver efetivo insuficiente de oficiais na SU ou fração destacada, a CREM poderá ser composta por dois membros, sendo um deles o respectivo comandante. Art. 74. No âmbito da OM, a distribuição de material para emprego e uso individual é feita pelas SU, sob a responsabilidade dos encarregados de material e a fiscalização dos seus respectivos comandantes. § 1º Antes da distribuição para emprego ou uso individual, as frações da OM identificarão os materiais permanentes. § 2º Quanto ao fardamento, serão observadas as prescrições da legislação específica. ESGA Módulo II 26/46 Nas unidades, toda movimentação de material é realizada pelo Sistema de Controle Físico (SISCOFIS-OM), subsistema do SIMATEx. A seguir, segue um fluxograma dos procedimentos para a movimentação do material, utilizando-se o SISCOFIS: 6.1 Reposição dos Estoques O primeiro passo para que possamos repor nossos estoques com a devida precisão é obtermos uma previsão acurada do consumo dos materiais envolvidos. Caso haja informações incorretas na previsão de consumo, duas situações podem ocorrer, conforme ilustra Fenili (2014): Acentuação de custos de estoque: ocorre quando mantemos estoque de itens que não têm demanda na organização. Os custos a eles relacionados são vários: aluguel de espaço físico, obsolescência, entre outros; Custos de falta de estoque: ocorre quando o estoque mantido é inferior à demanda, acarretando a falta do item de material em um momento em que ele é necessário. Esse fato pode implicar até mesmo a paralisação de uma linha de produção, caso falte um insumo necessário ao produto final. Os custos de falta de ESGA Módulo II 27/46 estoque, conforme vimos anteriormente, são difíceis de mensurar, podendo tomar grandes proporções. Antes de ingressarmos no estudo dos métodos de previsão propriamente ditos, há de se registrar que existem 3 (três) tipos principais de evolução da demanda (ou seja, do modo como a demanda de determinado item de material se comporta em determinado período), retratados no quadro a seguir: Fonte: Fenili (2014) As técnicas para a previsão de demanda podem se valer de informações qualitativas e/ou quantitativas. De modo geral, podem ser agrupadas em três categorias principais, a saber: Predileção: nesse caso, a previsão é feita mediante informações qualitativas, tais como pesquisas de opinião, informações prestadas por funcionários experientes etc. Explicação: há a correlação entre o comportamento da demanda em períodos recentes, com outra variável quantitativa de evolução conhecida. Por exemplo, pode- se traçar um paralelo entre a evolução da demanda e o incremento do número de clientes internos/externos da organização, o número de contratos firmados, etc. ESGA Módulo II 28/46 Projeção: é uma técnica quantitativa, que prima unicamente pelo tratamento de dados de uma série históricade consumo, de forma a obter a previsão para períodos subsequentes. Caberá ao encarregado, ouvido o Fiscal Administrativo, escolher a melhor técnica para prever a demanda, de acordo com as peculiaridades da unidade. Estabelecida a demanda, será selecionada o melhor sistema para reposição dos estoques. Há, basicamente, dois sistemas principais de reposição de estoque inseridos no Sistema tradicional de abastecimento: periódico e continuo, cujas características principais são abordadas a seguir. • Sistema de reposição periódica (modelo de estoque máximo ou intervalo padrão): os pedidos para reposição de estoques são feitos periodicamente. A quantidade comprada, somada com a existente em estoque, deve ser suficiente para atender o consumo até a chegada da encomenda seguinte. Guardadas as devidas proporções, é o sistema utilizado por quem vai ao supermercado uma vez por semana, por exemplo. Nesse modelo, decorrido certo período T, verifica-se o que falta para chegar ao estoque máximo (Emax) e faz-se o pedido do lote de compra (LC). • Sistema de reposição contínua (modelo de máximos e mínimos): sempre que o estoque atingir uma determinada quantidade, um novo pedido de compra é emitido. Esta quantidade é chamada de ponto de pedido ou ponto de ressuprimento/revisão. Seria semelhante ao “sistema” utilizado por quem vai ao supermercado somente quando a geladeira está ficando vazia. Antes de abordarmos o modo de operacionalização dos sistemas de reposição, é essencial a apresentação de alguns conceitos: ESGA Módulo II 29/46 CONCEITO DEFINIÇÃO Tempo de reposição (TR) É o intervalo de tempo entre a emissão do pedido e a chegada do material ao almoxarifado. É também conhecido como lead time. = Δt (processamento da licitação/compra direta + tarefas do fornecedor + recebimento). Lote de compra (LC) Quantidade do item de material especificada no pedido de compras. Ponto de pedido (PP) É a quantidade de um determinado produto em estoque que, sempre que atingida, deve provocar um novo pedido de compra. Essa quantidade garante a continuidade do processo produtivo até que chegue o lote de compra (durante o tempo de reposição). O ponto de pedido é inerente ao sistema de reposição contínua. PP = (C X TR) + ES, onde: C = consumo médio do item; TR = tempo de reposição; ES = estoque mínimo ou de segurança. Estoque mínimo ou de segurança (ES) É um estoque “adicional”, capaz de cobrir eventuais situações imprevisíveis, tais como: - atrasos no tempo de reposição; - cancelamento do pedido de compra (por diversos motivos); - aumento imprevisto do consumo; - rejeição dos itens comprados quando do recebimento (por exemplo, por inconformidade com as especificações). Estoque máximo (Emax) É o máximo de itens em almoxarifado. No sistema de reposição contínua, é igual à soma do estoque de segurança com o lote de compra. Emax = ES + LC Ruptura de estoque É a situação na qual há a impossibilidade de atendimento a uma necessidade de demanda, por insuficiência de estoque. Da ruptura de estoque advêm os custos de falta de estoque. Fonte: Fenili (2014) a. O sistema de reposição continua O sistema de reposição contínua parte do pressuposto de que a demanda do item de material é constante. De acordo com esse sistema, partindo-se de um nível máximo de estoque, ocorre a demanda até o instante em que o estoque atinge um nível denominado ponto de pedido, quando deve ocorrer a solicitação do almoxarifado para a área de compras da organização. Nesse momento, passa a contar o tempo de ressuprimento (ou de reposição). ESGA Módulo II 30/46 A operacionalização do sistema de reposição contínua pode ser visualizada por meio de um gráfico comumente denominado “curva dente de serra”, apresentada a seguir: Fonte: ENAP (2015) Há de se considerar que, durante o tempo de ressuprimento (TR), continua a ocorrer o consumo. O sistema de reposição contínua é concebido de modo que, no momento em que seria necessário fazer uso do estoque de segurança, o lote de compra (LC) é entregue, evitando o consumo do estoque desse estoque mínimo. A curva dente de serra representa o nível de estoque ao longo do tempo, no sistema de reposição contínua. Em geral, seu desenho é iniciado do estoque máximo, havendo, ao longo do tempo, o decréscimo do nível de estoque em uma razão constante. Ao chegar a um nível pré-determinado, é disparado um pedido do gestor de estoques à área de compras – é o ponto de pedido. Durante o tempo de ressuprimento, o consumo do material não cessa, de forma que no momento da chegada do lote de compra estar- se-ia chegando ao nível do estoque mínimo (ou de segurança). ESGA Módulo II 31/46 b. O sistema de reposição periódica No sistema de reposição periódica, o pedido de compra é efetuado em intervalos de tempo fixos e predeterminados. O Manual de Gestão de Materiais da Câmara dos Deputados (Brasil, 2010) preconiza, para aquele órgão, a adoção desse tipo de sistema de reposição, no que concerne aos materiais de estoque (de consumo). As regras gerais para o planejamento da reposição dos materiais de estoque, de acordo com o citado Manual, são sumarizadas no quadro a seguir. PLANEJAMENTO DAS AQUISIÇÕES A quem cabe o planejamento Cabe à Coordenação de Almoxarifado (mais especificamente, na figura dos supervisores de almoxarifado). Em casos específicos (materiais de proteção e prevenção, artigos de decoração, dormitório, enfermaria, vestuário em geral, material para cerimonial, divulgação de eventos etc.), as unidades administrativas interessadas (por exemplo, Secretaria de Comunicação Social, Departamento Médico etc.) é que fazem o planejamento, cabendo ao supervisor do almoxarifado apenas informar a quantidade existente em estoque. Período de suprimento O período de suprimento considerado no planejamento de aquisições é de 12 (doze) meses. Forma de Suprimento O suprimento é realizado por meio de contratos de fornecimento. Quando se inicia o planejamento Os procedimentos de planejamento destinados ao suprimento do estoque para o exercício subsequente deverão ser elaborados e iniciados no princípio do segundo semestre de cada exercício. Quando se iniciam os processos de aquisição Os processos de aquisição para o suprimento de material de consumo de estoque iniciam-se nos primeiros meses do exercício subsequente ao planejamento. Os supervisores dos almoxarifados podem solicitar aquisições suplementares, desde que devidamente justificadas? Podem sim, apesar de ser essa uma exceção. Eventualmente, os supervisores dos almoxarifados poderão fazer solicitação de aquisições suplementares, em virtude de alteração de demanda de materiais e de outrassituações. ESGA Módulo II 32/46 Informações essenciais na instrução dos processos de suprimento de estoque Relatórios de consumo com as médias mensais dos últimos cinco anos. Saldo de estoques dos materiais. Deve-se evitar A compra volumosa de materiais sujeitos, num curto espaço de tempo, à perda de suas características normais de uso, bem como daqueles propensos à obsolescência (por exemplo: canetas esferográficas, materiais de informática em geral etc.); O parcelamento das aquisições para suprimento de estoque (deve-se planejar apenas uma aquisição, por material, ao ano). Obviamente, pode- se sugerir que a entrega do material pela empresa contratada seja realizada de forma parcelada (em especial dos materiais que contêm prazo de validade exíguo, tais como vacinas, por exemplo). Fonte: Manual de Gestão de Materiais da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2010) 6.2 Just in time e Kanban Preliminarmente, pode-se dizer que o Just in Time é uma filosofia de gestão de estoque que defende a minimização dos níveis estocados comoforma de redução de desperdícios. A Toyota Motor Company, empresa japonesa do ramo automobilístico, foi pioneira na defesa da extinção de estoques, ainda nos anos 50. Assim, o Sistema Toyota de Produção passou a utilizar uma abordagem de trabalho denominada Just- in-Time (JIT), significando fazer “o que é necessário, quando é necessário, e na quantidade necessária”. Dentro do JIT encontramos a ferramenta de controle de estoque chamada de Kanban que, para Shingo (1996), significa “abastecer a unidade fabril, de acordo com os itens necessários, nas quantidades necessárias, no momento necessário, com a qualidade necessária para suprir a linha de montagem final, sem perdas e geração de estoques”. Assim, ao passo que o Just in Time é uma abordagem metodológica de trabalho, o Kanban é uma ferramenta de controle de estoque, inserida na “filosofia” do Just in Time. O importante é lembrarmos que o Sistema Just-in-Time ESGA Módulo II 33/46 prima pelo estoque nulo, considerando-o um verdadeiro desperdício de investimentos. O Just-in-Time/Kanban trouxe uma quebra de paradigma com relação ao chamado Sistema Tradicional de Abastecimento. No Sistema Tradicional de Abastecimento, o que importa é a produção de itens de material em cada etapa do processo produtivo, “empurrando-os” para a próxima etapa (= sistema de produção empurrada). O foco, nesse caso, é a previsão da demanda. Já no Just in Time/Kanban, o foco é a demanda efetiva, sendo que esta “puxa a produção” (= sistema de produção puxada). Dependendo da velocidade da produção, os estoques são repostos com maior ou menor rapidez. O mais importante, no que diz respeito ao tópico Just in Time/Kanban, é termos em mente as seguintes características, assim sumarizadas por Fenili (2014): • Redução de desperdícios; • Estoque de produtos finais ou acabados nulo; • Aquisição/entrega/produção de materiais apenas quando necessárias; • Necessidade de maior agilidade no ressuprimento (tempo de ressuprimento mínimo). É possível o emprego Just in Time no setor público? De acordo com a filosofia do Just in Time, nada deve ser produzido, comprado ou armazenado antes do momento exato da derradeira necessidade. O intuito é a redução de estoques, entendidos, nessa filosofia, como sinônimo de desperdício (por imobilizar, desnecessariamente, capital e por suscitar os custos de estoque). Logicamente, a operacionalização do Just in Time, nos casos de aquisição do material no mercado, requer um tempo de resposta do fornecedor bastante ágil. Nem sempre isso é observado em órgãos públicos. No setor público, a regra é que as compras sejam processadas mediante licitação. As tarefas da fase interna da licitação (especificação dos materiais a serem adquiridos, pesquisa de preços, definição da modalidade licitatória, confecção de ESGA Módulo II 34/46 minutas de edital/ contratos, análise jurídica e autorização da licitação) e da fase externa (publicação, abertura, adjudicação, respostas a eventuais recursos), por vezes, chegam a se alongar por cerca de seis meses (ou mais). Traz-se à baila, contudo, uma sistemática de aquisição em órgãos públicos denominada Sistema de Registro de Preços (SRP). De modo geral, no SRP, faz- se uma licitação (pregão ou concorrência), visando-se à assinatura de uma ata, pelo vencedor da licitação, na qual o fornecedor se compromete a: • no decorrer da vigência da ata (não superior a 12 meses, já contadas as eventuais prorrogações), fornecer o material pelo valor registrado; • durante a vigência da ata, caso o órgão público emita uma ordem de fornecimento, o prazo de entrega não poderá exceder ao registrado em ata. Assim, apenas no momento em que haja a efetiva necessidade do item de material, o órgão público emite uma ordem de fornecimento à empresa. Esta detém um prazo de entrega delimitado previamente (por exemplo, 5 dias), o que minimiza enormemente o interstício compreendido entre a demanda e a entrega do produto. Há de se ressaltar, contudo, que a aproximação com o Just in Time cessa nesse ponto. A filosofia japonesa apregoa não só a agilidade no tempo de ressuprimento, mas também a intimidade na relação entre a organização que compra e o seu fornecedor, agora ocupando os papéis de cofabricantes. Tendo em vista o princípio da impessoalidade, previsto no art. 37 da CF/88, torna-se inviável a aplicação deste aspecto do Just in Time na administração pública. 7. COBRANÇA DE FORNECEDORES Neste ponto temos que ter em mente que o principal objetivo do Almoxarifado, com relação à aquisição de materiais, é o efetivo recebimento dos mesmos e, para isso, deve existir um controle dos empenhos que são encaminhados aos ESGA Módulo II 35/46 fornecedores garantindo, assim, que sejam cumpridos os prazos estabelecidos nos editais. Infelizmente, esse controle, ainda, tem que ser feito de forma manual, buscando a melhor maneira para a realidade de cada Unidade. Para uma efetiva cobrança aos fornecedores, devemos ter sempre disponível as seguintes informações: Para contagem do prazo de entrega devemos nos atentar ao Art.110 da Lei 8666/93: De posse dessas informações poderemos, enfim, cobrar nossos fornecedores. Essa cobrança pode ocorrer de forma preventiva, anterior ao término do prazo de entrega, contatando o fornecedor para informações sobre a entrega, tendo em vista a proximidade do fim do prazo de entrega; ou quando finda o prazo de entrega e, consequentemente, o fornecedor já se encontra em atraso, teremos que oficialmente cobrar a entrega do material. A cobrança oficial deve ocorrer através Notificação Oficial emitida por responsável da Área de Almoxarifado, constando todos dos dados da empresa notificada, modalidade de licitação, o empenho e a irregularidade ocorrida. Lei nº 8.666/93 “Art.110 – Na contagem dos prazos, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando for explicitamente disposto em contrário. Lembrando que só se iniciam e vencem os prazos em dia de expediente no órgão” ESGA Módulo II 36/46 De acordo com o ilustrado abaixo: Como podemos ver, a notificação intima o fornecedor a se manifestar dando mais um prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da confirmação do recebimento da notificação. Dessa forma, podemos ter as seguintes situações após a notificação: • Fornecedor regulariza a situação, sanando a irregularidade apresentada na notificação, no mesmo prazo de 5 (cinco) dias úteis; • O Fornecedor solicita uma prorrogação de prazo. A solicitação deverá ser encaminhada ao solicitante, que, se ainda for conveniente à UG, poderá aceitar o novo prazo para entrega e um novo acompanhamento do prazo deverá ser feito; • O Fornecedor não solicita prorrogação de prazo e nem regulariza a irregularidade, caso em que já estará em atraso e devemos elaborar ESGA Módulo II 37/46 relatório expondo as informações sobre a situação e sugerir penalização ao fornecedor de acordo com os termos dos nossos editais. O relatório será elaborado pela área de almoxarifado e deverá resumir todo o ocorrido e ser encaminhando à autoridade competente, sugerindo anulação do empenho ou abertura de processo sugerindo penalidade. A Sugestão de aplicação de penalidade deverá constar no parecer do relatório enviado à autoridade competente, apontado as cláusulas de descumprimento e as sanções previstas. O processo de penalização deve seguir o fluxo de penalidade. As penalidades previstas em nossos editais estão de acordo com as leis 8.666/1993 e 10.520/2002, que listam as seguintes sanções: SANÇÕES DESCRIÇÃO Advertência A sanção de advertência consiste em uma comunicação formal ao fornecedor, após a instauração do processo administrativo sancionador, advertindo-lhe sobre o descumprimento de obrigação legalassumida, cláusula contratual ou falha na execução do serviço ou fornecimento, determinando que seja sanada a impropriedade. Multa A sanção de multa tem natureza pecuniária e sua aplicação se dará na gradação prevista no instrumento convocatório ou no contrato quando houver atraso injustificado no cumprimento da obrigação contratual. De acordo com nossos editais, a multa será: • 0,5% (cinco décimos por cento) ao dia sobre o valor adjudicado em caso de atraso na execução dos serviços, limitada a incidência a 15 (quinze) dias; • 20% (vinte por cento) sobre o valor adjudicado, em caso de atraso na execução do objeto, por período superior ao previsto na alínea “a”, ou de inexecução parcial da obrigação assumida; • 30% (trinta por cento) sobre o valor adjudicado, em caso de inexecução total da obrigação assumida. Suspensão Temporária A sanção de suspensão temporária de participar em licitações suspende o direito dos fornecedores de participarem dos procedimentos licitatórios promovidos no âmbito do órgão ou entidade responsável pela aplicação da sanção, por prazo não superior a 2 anos. Impedimento de Licitar e Contratar Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos ESGA Módulo II 38/46 resultantes e depois de decorrido o prazo da sanção aplicada com base no item anterior. As sanções de Advertência, Suspensão Temporária e Impedimento de Licitar e Contratar poderão ser aplicadas com a multa. 8. MATERIAL INSERVÍVEL A gestão do material inservível no Comando do Exército está regulada pela Portaria nº 232, de 6 ABR 10, que aprova as IG 10-67 (Instruções Gerais para a Gestão de Material Inservível do Comando do Exército). Segundo essa norma, o material disponível na Unidade, quando não atender mais a sua finalidade, deverá ser recolhido ao almoxarifado para conserto, descarregamento ou alienação. Os materiais recolhidos, por ordem do Ordenador de Despesas, devem ser recebidos pelo Encarregado do Setor de Material, que será o responsável por mandar realizar os consertos ou reparações no material. Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 86. Os materiais recolhidos ao almoxarifado ou aos depósitos da OM serão recebidos pelo encarregado do setor de material ou de depósito, devendo a quitação ser realizada no documento de recolhimento e o ato registrado no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército. Parágrafo único. No documento de recolhimento constarão: I - quantidade e espécie dos bens; II - data do recebimento; III - tempo mínimo de duração; IV - motivo do recolhimento; V - prazo de validade do material, se houver; e VI - outros esclarecimentos julgados necessários. Art. 87. O material recolhido pelas OM aos OP será recebido nestes por comissão nomeada, que lavrará termo de abertura, exame, avaliação e classificação. ESGA Módulo II 39/46 Segue um fluxograma relativo à manutenção de material: Legenda: 1 – Detentor recolhe ao Almoxarifado por meio de Guia de Recolhimento (GR); 2 – Encarregado do Setor de Material remete uma via da GR para a Fisc Adm, que publica em Boletim Administrativo (BA); 3 – Descarga do material de acordo com o Capítulo VII - Da Descarga, do RAE; 4 – A UG envia o material para a uma OM de Manutenção por meio de uma Guia de Remessa (GRem) ou para uma empresa civil por meio de documento similar a GR, sendo uma via deste documento entregue na Fisc Adm que publicará em BA; 5 – O material reparado será recebido pelo o Almx, que informará ao Fisc Adm por meio do envio da GRem (OM Mnt) ou nota fiscal (empresa civil); 6 – A Fisc Adm publica o recebimento do material e determina a distribuição para o uso. 8.1 Descarga de Material Conforme visto anteriormente, caso a manutenção do material seja inviável, este será descarregado. No entanto, este não é o único motivo para descarga de material. Os artigos de 76 a 85 do RAE detalham todos os procedimentos de descarga previstos conforme veremos abaixo: - inservibilidade para o fim a que se destina, não sendo suscetível de reparação, recuperação ou transformação; - perda ou extravio; - furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o patrimônio; e - outros motivos justificados. ESGA Módulo II 40/46 Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 76. A descarga do material é ordenada pelo OD, em face dos termos das comissões, pareceres do fiscal administrativo, relatórios de sindicâncias, termos circunstanciados administrativos, inquéritos ou tomadas de contas. § 1º Os motivos gerais para descarga de material são: I - inservibilidade para o fim a que se destina, não sendo suscetível de reparação, recuperação ou transformação; II - perda ou extravio; III – furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o patrimônio; e IV - outros motivos justificados. § 2º A descarga dos bens classificados como controlados, conforme disposto no art. 53 deste Regulamento, ficará sujeita à autorização dos escalões superiores, segundo legislação específica. § 3º A homologação da descarga de material controlado será procedida pelo órgão gestor responsável, mediante solicitação da RM, Grupamento de Engenharia (Gpt E) ou Grupamento Logístico (Gpt Log) de vinculação da OM detentora, de acordo com legislação específica. Art. 77. A descarga do material, pelos motivos a que se refere o § 1º do art. 76 deste Regulamento, será solicitada pelo detentor direto ao fiscal administrativo. Parágrafo único. Quando se tratar de SU incorporada, o documento será visado pelo seu respectivo comandante. Art. 78. O fiscal administrativo encaminhará a solicitação da descarga ao OD, com o seu parecer. Art. 79. O OD examinará os documentos a que se referem os art. 77 e 78 deste Regulamento e, conforme o caso, determinará as seguintes providências: I - nos casos de inservibilidade: a) descarga, quando o material preencher, simultaneamente, as três condições abaixo: 1. for de tempo de duração indeterminado ou tiver atingido o tempo mínimo de duração previsto; 2. for de valor líquido contábil igual ou inferior a 10% (dez por cento) do limite estipulado para aquisições de materiais, por meio de dispensa de licitação, previsto na legislação que regula a realização de licitações e contratos na administração pública; e 3. não for controlado; b) nomeação de comissão de exame e averiguação do material (CEAM), quando ocorrer com o material qualquer uma das condições abaixo: Regulamento de Administração do Exército – RAE 1. não tiver atingido o tempo mínimo de duração; 2. for de valor líquido contábil superior ao previsto no item “2.” da alínea “a” do inciso I do caput deste artigo; ou 3. for controlado; c) abertura de sindicância, sempre que houver indício de imperícia, imprudência ou negligência; d) abertura de termo circunstanciado administrativo, em substituição à sindicância, desde que reunidos os seguintes requisitos: 1. prejuízo de baixo custo; 2. responsável pelo dano previamente identificado; 3. ausência de indícios de conduta dolosa ou de má-fé, ainda que de forma subjetiva; e 4. inexistência de ato normativo específico que determine a instauração obrigatória de sindicância; e) instauração de Inquérito Policial Militar (IPM), sempre que houver indício de crime; II - nos casos de perda ou extravio: a) descarga, quando se tratar de material que preencha, simultaneamente, as três condições referidas nos itens da alínea “a” do inciso I do caput deste artigo e tenha sido indicado, em documento circunstanciado, o responsável peloressarcimento do prejuízo ou a existência de causa que justifique sua imputação à União; e b) abertura de sindicância, quando não estiver caracterizada a responsabilidade pelo ressarcimento do prejuízo; III - nos casos de furto, roubo, peculato, apropriação indébita ou demais delitos contra o patrimônio, será instaurado IPM. § 1º Nos casos de material excedente ou obsoleto, poderá ser realizada a descarga, para fins de alienação, após autorização ou determinação do escalão superior. § 2º Os bens móveis inservíveis, os ociosos e os recuperáveis poderão ser reaproveitados, mediante transferência interna ou externa. § 3º No despacho do OD que determinar a descarga constará o destino da matéria- prima, quando for o caso, e a imputação do prejuízo a terceiros ou à União. Art. 80. A descarga de bens fornecidos pelos OP será registrada no SIAFI e no sistema corporativo de controle patrimonial em uso no Comando do Exército, de acordo com a legislação específica. Parágrafo único. Quando a descarga resultar de termo circunstanciado administrativo, sindicância ou inquérito, cópias autenticadas das folhas do boletim interno onde conste a solução do processo serão remetidas aos órgãos competentes. Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 81. A CEAM terá composição e prazos conforme o previsto nos art. 58 e 140 deste Regulamento. § 1º Quanto ao exame, a CEAM verificará o estado do material e, principalmente, se ele é suscetível ou não de reparação, recuperação ou transformação. § 2º Quanto à averiguação, a CEAM verificará: I - a causa do dano ou inutilização, a fim de imputar o prejuízo aos detentores, aos usuários, ou à União, conforme o caso; e II - se houve ou não motivo de força maior de que trata o art. 135 deste Regulamento. § 3º O termo de exame e averiguação de material (TEAM) será enviado para a seção de conformidade dos registros de gestão e órgãos competentes, de acordo com o previsto em legislação específica. § 4º Se o material tiver sido adquirido pela própria OM, o TEAM será lavrado em uma só via, destinada à seção de conformidade dos registros de gestão, salvo se tratar de bens controlados, caso em que será aplicado o disposto no § 3º deste artigo. Art. 82. Na publicação de descarga de material em boletim administrativo da OM constará, conforme o caso: I - o número e a data do documento de solicitação da descarga pelo detentor direto; II - o número e a data do TEAM; III - a quantidade, a especificação e o valor do material a descarregar; IV - a decisão do termo circunstanciado administrativo, a solução da sindicância ou do inquérito; V - o destino da matéria-prima; VI - a imputação do prejuízo; e VII - a data da inclusão do material em carga. Art. 83. Os materiais serão examinados nos lugares em que estiverem depositados, e os que, porventura, estiverem danificados serão acompanhados, tanto quanto possível, de suas partes componentes. § 1º Os materiais serão descarregados se forem considerados em mau estado e não se prestarem a reparos ou transformação, ressalvado o disposto no § 2º do art. 76 deste Regulamento. § 2º Os materiais que forem considerados em mau estado, porém suscetíveis de conserto ou transformação, continuarão em carga, com as observações pertinentes. § 3º Os materiais que tiverem sido transformados em objetos de aplicação diversa à original serão descarregados com a antiga nomenclatura e incluídos em carga com a nova designação. § 4º As transformações em bens oriundos dos OP somente serão realizadas com prévia autorização do respectivo órgão gestor responsável. Art. 84. Os materiais oriundos dos OP: I - julgados em mau estado, com declaração de serem suscetíveis de reparo ou transformação, serão tratados de acordo com a legislação específica; e II - descarregados na forma deste Regulamento, serão substituídos, mediante pedido eventual da OM ao OP. Parágrafo único. O pedido eventual a que se refere o inciso II do caput deste artigo não será emitido para bens cujo fornecimento é automático, conforme legislação de cada órgão gestor responsável, salvo nos casos excepcionais de substituição resultantes de necessidade imprevista. Art. 85. O material de consumo será deduzido no sistema corporativo de controle patrimonial utilizado no Comando do Exército, à medida que for distribuído, na forma do art. 72 deste Regulamento. ESGA Módulo II 41/46 Os materiais controlados seguem um processo mais complexo para realização de sua descarga, sendo necessária a homologação por escalão superior. Nos termos do art 76 da NARSUP, a autoridade que homologar a descarga determinará o destino do material, obedecendo às disposições das IG 10-67. Segue abaixo um fluxograma da descarga de material: Legenda: 1 – O Encarregado de Material encaminha uma via da GR para a Fisc Adm, que publica em Boletim Administrativo e classifica na conta de bens móveis a reparar. 2 – O material controlado deve ser registrado na conta bens móveis inservíveis enquanto aguarda homologação da descarga pela RM ou Órgão Gestor do material. 3 – Descarregado material de acordo com o Capítulo VII - Da Descarga, do RAE. Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 85 (...) § 2º A descarga dos artigos classificados como controlados (art. 61) ficará sujeita à autorização dos escalões superiores, segundo normas baixadas pelos Órgãos Gestores respectivos. A homologação da descarga será procedida pela RM de vinculação, de acordo com as instruções dos Órgãos Gestores a que estiver vinculado o material. ESGA Módulo II 42/46 8.2 Destinação do Material O material descarregado, a critério do Ordenador de Despesas, poderá ser alienado, nos termos da legislação vigente, cedido, inutilizado ou abandonado. Os materiais que forem considerados inservíveis, a matéria-prima que não tenha previsão de ser utilizada, bem como os resíduos das oficinas podem ser alienados pela unidade, mediante licitação e na forma das instruções vigentes. Os valores obtidos com essa alienação deverão ser recolhidos ao Fundo do Exército mediante GRU (Guia de Recolhimento da União). Nos termos do art. 9º da IG 10-67, nas alienações por venda ou permuta, poderão ser observadas as prescrições contidas nos arts. 7º a 14 do Decreto nº 99.658/90, bem como o prescrito na legislação pertinente a licitações e contratos em vigor, desde que respeitadas as particularidades do Exército. Vide o referido Decreto na Biblioteca do curso. Na Lei nº 8.666/93, a seção III (art 17 a 19) trata dos procedimentos para a alienação de bens da administração pública, especificando os casos em que a licitação é dispensada. Regulamento de Administração do Exército – RAE Art. 88. As OM poderão alienar, mediante licitação ou de acordo com legislação específica, a matéria-prima que não tenha previsão de ser utilizada, bem como os resíduos de oficina. § 1ºOs materiais adquiridos por qualquer OM e que forem considerados inservíveis, não comportando reparo nem transformação, poderão ser alienados na forma deste artigo. § 2ºOs resíduos de oficinas serão alienados, em princípio, por peso ou volume, levando-se em conta a sua natureza. § 3º Nos casos específicos previstos em Lei, as alienações poderão ser realizadas mediante dispensa de licitação. Art. 89. As importâncias resultantes das alienações previstas no art. 88 deste Regulamento tomarão os destinos previstos em legislação específica. Art. 90. Os preços de referência a serem atribuídos aos bens patrimoniais destinados à alienação serão estabelecidos por intermédio de laudos técnicos ou de acordo com a legislação específica. ESGA Módulo II 43/46 Lei nº 8.666/93 Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá