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Introdução a CriminologiaEtapas evolutivas e escolas criminológicas
Evolução Histórica da Criminologia 
Fase pré-científica, ficando limitada em pensamentos e discussões filosóficas. Vale destacar as ideias dos principais pensadores deste período:
Protágoras (485-415 a.C.)
– Compreendia a pena como meio de evitar a prática de novas infrações pelo exemplo que deveria dar a todos os membros de um corpo social (caráter dissuasório da pena);
 – Repudio a aplicação da pena com finalidade de mero castigo (defendia o fato de que era impossível apagar o erro já praticado pelo criminoso);
– Defendia a prevenção geral e especial negativa como finalidades da pena.
Sócrates (470-399 a.C.) 
– Entendia que o homem só é livre ao superar os próprios instintos de paixões. Não superando tais instintos, o homem seria escravo das próprias vontades animais.
 – Destaca a importância da ressocialização.
– Defendia a pena com caráter de prevenção especial negativa e positiva.
Platão (427-347 a.C.)
– Platão se preocupou em entender a origem do crime (etiologia criminal).
– Sustentava que a ganância, a cobiça ou cupidez geravam a criminalidade (fatores de ordem econômica).
Aristóteles (388-322 a.C.) 
– Seguia a mesma linha de pensamento de Platão. Imputava a fatores econômicos a causa do fenômeno criminal, porém seguia além, entendendo que os desejos humanos poderiam ultrapassar a razão.
– Segundo Aristóteles, os delitos mais graves não eram cometidos por motivos de alcançar o necessário para a própria subsistência, mas sim para alcançar bens e valores patrimoniais supérfluos, muito além do mínimo para a própria subsistência.
Esta fase/período é responsável pelos estudos e premissas éticas do delito e sua punição, com destaque para as causas e finalidades da pena. Pode-se destacar as seguintes características da antiguidade sob a ótica da Criminologia: 
 O estudo do crime e da delinquência não gozaram de mínima sistematização; 
 Foram ventiladas diversas explicações apontando o sobrenatural como causas da criminalidade (crime como pecado); 
 Sendo assim, o criminoso era visto como um ser diabólico, pecador.
Período da Idade Média
Vigorava no continente europeu o feudalismo, e o cristianismo era a ideologia religiosa dominante. Marcado por discussões de visões opostas: fé e razão. 
Dois pensadores se destacam na idade média: 
São Tomás de Aquino (1226-1274) 
– Foi o precursor da Justiça Distributiva: “dar a cada um o que é seu segundo certa igualdade”.
– Sustentava que a pobreza desencadeava o roubo, e defendia o furto famélico como hipótese de estado de necessidade.
Santo Agostinho (354 a 430 d.C.)
Nasceu e se destacou antes do início da idade média, porém é considerado um grande influente pensador da era medieval (além de ser o primeiro grande filósofo cristão). Santo Agostinho compreendia a pena de Talião (“olho por olho, dente por dente”) como uma injustiça, pois para ele a pena deveria ter a finalidade de defesa social (afastar o criminoso do convívio com os cidadãos ordeiros), buscar a ressocialização do delinquente, evitando a prática de novos crimes. 
Defendia, também, que a pena não poderia perder o caráter intimidativo (até por representar forma de prevenção da criminalidade – prevenção geral negativa).
Idade moderna 
A Criminologia dita moderna se divide em duas fases: pré-científica e fase científica. 
Fase pré-científica 
Abrange as chamadas pseudociências e a Criminologia Clássica 
As pseudociências são totalmente desprovidas de qualquer cunho científico. Buscavam explicar o fenômeno criminológico por meio de crenças religiosas, ou por meio de diversas deduções baseadas na aparência física ou malformação do crânio e desenvolvimento insuficiente da mente. Daí destacam-se a frenologia, demonologia e fisionomia.
Frenologia
Significa o estudo da mente (fren=mente; logos=estudo), foi desenvolvida pelo suíço Joseph Lavater e posteriormente difundida pelo especialista em anatomia e também suíço Johan Gall. Johan Gall foi o responsável pela criação da chamada Teoria das Localizações Cerebrais. Gall realizou diversos estudos visando identificar a localização física das funções anímicas cerebrais. Em seguida, passou a buscar em criminosos deformidades ou malformação na angulação do crânio. Segundo Gall, o sujeito que apresentasse “defeitos” físicos no cérebro apresentaria também, mais cedo ou mais tarde, propensão ao crime, já que esse fato acarretaria problemas na mente.
Demonologia
Pseudociência dedicada ao estudo dos demônios. A demonologia trabalha com duas hipóteses explicativas da criminalidade: 
• Possessão: hipótese em que o criminoso praticaria delitos sob domínio do demônio, ou seja, o agente do delito estaria possesso de algum diabo; 
• Tentação: apesar de estar livre de possessão demoníaca, o criminoso praticaria crimes após ceder à tentação de espíritos malignos. 
A demonologia esteve presente em boa parte da idade média e, apesar de enxergar a possessão demoníaca como uma condição equiparada a doenças mentais, ofertava tratamentos cruéis aos criminosos (afastando-se dos tratamentos ofertados aos doentes mentais), ao exemplo de terem queimado milhares de criminosos ainda vivos (acreditavam que o fogo era a cura contra demônios). 
Fisionomia
Associa a aparência do criminoso como determinante para a explicação do fenômeno criminal. A ideia é que a aparência física revelaria conexão entre o físico e o psíquico, entre o externo e o interno: quando mais feio o indivíduo, maior seria a propensão à criminalidade. 
Como forma de exemplificar a importância da Fisionomia para a Justiça Criminal à época, vale apontar o chamado Édito de Valério em hipóteses de dúvidas quanto à autoria do crime: 
“Quando se tem dúvida entre dois presumidos culpados, condena-se o mais feio”.
Fase pré-científica
No Brasil, a Criminologia começou a ganhar contornos iniciais no final do Século XIX. João Vieira de Araújo (1944), é considerado pela doutrina o responsável por trazer as ideias de Cesare Lombroso para o Brasil. Todavia, o nome mais destacado é o de Raimundo Nina Rodrigues, considerado o fundador da Antropologia Criminal no Brasil, era médico legista, antropólogo e psiquiatra. 
Publicou a obra Mestiçagem, Degenerescência e Crime (1899). Em síntese, Nina Rodrigues defendia a existência de diferenças intelectuais e cognitivas ente raças. Aduzia que negros, mestiços brasileiros e índios formavam um bloco de seres inferiores mental e fisicamente. 
Apelido: “Lombroso dos Trópicos”. 
Escola Clássica / Retribucionista (Século XVIII):
A Escola Clássica, fortemente influenciada pelo Iluminismo (movimento filosófico), foi desenvolvida no século XVIII contrapondo-se ao regime absolutista que vigorava à época. 
Lutou pela imposição de limites ao poder punitivo estatal, como expressão de garantias e direitos individuais de todo cidadão. 
Centralizou os estudos sobre o crime, por meio do método dedutivo (ou lógico-abstrato).
Importante destacar que a Escola Clássica parte de duas premissas (teorias): 
Jusnaturalismo (Direito natural, de Grócio); 
Contratualismo (Utilitarismo ou Teoria do Contrato Social, do iluminista Jean-Jacques Rousseau).
Princípios fundamentais da Escola Clássica: 
– A punição do criminoso é baseada em seu livre-arbítrio;
– Baseando-se nos valores do Iluminismo, não considera o crime como uma ação, mas sim como um ente jurídico (ficção jurídica);
– Por meio dos estudos de seu principal expoente (Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria), insurge-se em oposição as torturas e violações aos direitos fundamentais praticados pelo antigo Estado absolutista;
– Considerando o fato de que o Direito Penal tem a finalidade de proteção de bens jurídicos, defendem a pena como o meio (instrumento) desta proteção;
 – A pena deve possuir caráter retributivo diante da culpa moral do criminoso;
– A pena deve ser proporcional ao crime praticado, deve ser certa, conhecida e justa.
Duas teorias contemporâneas se alicerçaram nos pensamentos da Escola Clássica: 
• Teoria da Escolha Racional (Teoria de Escolha ou Teoria da Ação Racional):cunhada por Clark e Cornish, destaca que a conduta do criminoso surge a partir de uma decisão racional. 
• Teoria das Atividades Rotineiras: idealizada por Felson e L. E. Cohen, também considera o crime como fruto de uma escolha racional do criminoso entre custos e benefícios, todavia, por ter sofrido forte influência da Escola de Chicago, considera que fatores externos podem influenciar o indivíduo a praticar crimes, criando, portanto, um ambiente propício à criminalidade. Considera especialmente 3 fatores como motivadores ao criminoso: 
(a) criminoso motivado; 
(b) vítima ou alvo apropriado; e, 
(c) ausência de vigilância.
Principais expoentes da Escola Clássica: 
 Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria), 
 Francesco Carrara, 
 Giovanni Carmignani, 
 Jean Domenico Romagnosi, 
 Jeremias Bentham, 
 Franz Joseph Gall, e, 
 Anselmo Von Feuberbach. 
Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria)
Principal obra: “Dos delitos e Das Penas” (dei delitti e dele pene), de 1764 – apresentando uma nova forma de pensar o sistema punitivo, a obra tem grandes impactos até os dias atuais. Destacam-se como grandes ideias de Cesare Bonesana: 
 Fez surgir o chamado movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal; 
 Beccaria foi um contratualista, igualitário, liberal e individualista. Abusava do critério de dedução, formulando princípios “a priori”, e deduzindo depois;
 Sendo o expoente da Escola Clássica, Beccaria inspirou-se na filosofia de Montesquieu, Hume e Rosseau, baseando seu pensamento nos princípios do contrato social, do direito natural e do utilitarismo; 
 Defendia que a pena deveria ser aplicada somente por um juiz togado, despido de qualquer juízo de valor (não havia margem para o juiz interpretar a lei, devendo se limitar em aplicá-la); 
 Defendia os princípios da imparcialidade do julgador, da publicidade dos processos, da proporcionalidade das penas e repudiava acusações secretas; 
 Defendia o amplo acesso ao conhecimento das leis.
Francesco Carrara
Jurista italiano, foi fortemente influenciado pelas lições de Beccaria. Responsável por atribuir a concepção de delito como ente jurídico, sendo constituído por duas forças: 
 Força Física: mero movimento corpóreo e o dano efetivo causado pelo delito; 
 Força Moral: vontade consciente e livre do criminoso.
Ponto importante e divergente da Escola Clássica é o fato de que Carrara não defendia a ideia de que a pena deveria servir como retribuição pelo mal causado pelo criminoso, mas sim como o meio necessário que visa eliminar uma ameaça contra a sociedade. 
Fase científica
Iniciou-se com a Escola Positivista e seguiu com os estudos de diversas Teorias Sociológicas
Escola Positivista (Século XIX)
A Criminologia Positivista utiliza o método empírico e indutivo (experimental): trabalha com casos concretos, partindo de características específicas para, só após, fixar conclusões gerais. 
Importante: este é o legado mais importante da Escola Positivista, tendo em vista que a criminologia moderna se vale deste método até os dias atuais. 
O crime passa a ser visto como um fato natural, decorrente da vida em sociedade.
A Escola Positivista passa a defender o determinismo e, com isso, enxerga o criminoso como um ser anormal, desprovido de livre-arbítrio, sob os prismas biológico e psicológico. 
A pena passa a ter função preventiva (não mais de castigo), sendo um instrumento de defesa social. 
Adolphe Quetelet
Quetelet formulou a chamada Teoria das Leis Térmicas, segundo a qual as estações climáticas eram fatores determinantes para a prática de determinados crimes: 
• Crimes patrimoniais seriam praticados com maior intensidade no inverno; 
• No verão haveria maior incidência de crimes contra a pessoa e, 
• Na primavera os crimes até então denominados “contra os costumes”, 
• Para o outono não detectou categoria específica de crimes. 
Mesmo sendo entusiasta de estatísticas, Quetelet mantinha certa cautela, especialmente após perceber a quantidade de crimes não registrados (cifra negra). 
Fases da Criminologia positivista
A Escola Positivista possuiu três fases distintas, uma para cada um de seus grandes expoentes, a saber: 
	Antropológica 
Cesare Lombroso
Tinha como objeto principal de estudo aspectos físicos do criminoso.
	Sociológica
Enrico Ferri
Passa a buscar resultados de outros ramos do saber, e, com isso, adota quatro vertentes de combate ao crime: meios reparatórios, preventivos, repressivos e excludentes.
	Jurídica
Rafaelle Garofalo 
Introduziu as ideias positivistas no ordenamento jurídico, por meio de leis e entendimentos.
 
Cesare Lombroso
Foi o principal expoente da Escola Positivista, lhe rendendo até mesmo o título de pai da Criminologia, segundo a maioria da doutrina.
Principal obra: O Homem Delinquente, de 1876 – dando início a ciência criminológica por meio da observação, levantamento de dados, análises e conclusões. Lombroso foi o responsável por cunhar o método indutivo-experimental na Criminologia, em contraposição aos ensinamentos da Escola Clássica. 
Como médico legista, realizou mais de 400 autópsias de criminosos e mais de 6.000 análises de delinquentes vivos e, ao final, trouxe contornos científicos para a teoria do criminoso nato.
Eis as premissas básicas de sua teoria: 
	atavismo (herdava as características de criminoso de seus ancestrais), degeneração epilética e delinquente nato. 
Lombroso ainda destaca características físicas: “fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba rala, olhar errante ou duro, etc.”, além de concluir que algumas tatuagens e até mesmo o alcoolismo eram comuns aos dementes.
Do ponto de vista tipológico, distinguia Lombroso seis tipos de delinquentes: 
	O “nato” (atávico): é um ser inferior, atávico, que não evolucionou, igual a uma criança ou a um louco moral, que ainda necessita de uma abertura ao mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre alguma forma de epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais; 
	O louco moral (doente): é a pessoa que mantém, aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas sofre de profunda falta de senso moral. É um homem perigoso pelo seu terrível egoísmo. É capaz de praticar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos. Lombroso o diferenciava do alienado, definindo-o como um "cretino do senso moral", ou seja, uma pessoa desprovida absolutamente de senso moral. A explicação da criminalidade do louco moral também é dada pela biologia, é congênita, mas pode, de acordo com o meio no qual o indivíduo se desenvolve, aflorar ou não;
	O epilético;
	O louco;
	O ocasional; e 
	O passional. 
Enrico Ferri
Discípulo e genro de Cesare Lombroso, Enrico Ferri foi escritor, político e criminólogo. 
Principal obra: Sociologia Criminal, de 1914 – apontava os fatores antropológicos, sociais e físicos como as causas do delito. 
Complementando as ideias de Lombroso, Ferri defendia que a delinquência decorria também de fatores sociais e físicos (além dos fatores antropológicos). Sendo assim, segundo Ferri, são causas do crime: 
 Causas Antropológicas: organismo individual, psique, idade, raça, sexo, etc. 
 Causas Físicas ou telúricas: estações do ano, temperatura, etc. 
 Causas Sociais: religião, família, trabalho, círculo de amizade, opinião pública, densidade demográfica, etc.
Como o maior crítico do livre-arbítrio da Escola Clássica, defendia o afastamento da responsabilidade moral do criminoso, para a adoção da responsabilidade social. Também defendia a aplicação da pena como instrumento de defesa da sociedade – o criminoso deve ser afastado do convívio social. 
Classificou os criminosos em cinco tipos: 
	Natos: O nato é o tipo instintivo de criminoso, descrito por Lombroso, com seus estigmas de degeneração. Ferri vislumbra, como seu traço característico essencial e dominante, a completa atrofia do senso moral; 
	Habituais: é o reincidente da ação delituosa. É o indivíduo que praticamente faz do crime a sua profissão; 
	Loucos: seriam não só o alienadomental, como, também, os semiloucos, os matóides e os fronteiriços;
	De ocasião: é aquele que eventualmente comete um delito. De referir, aqui, o talentoso criminalista pátrio Troncoso Peres quando lembra: “o crime, às vezes, é o acaso ocasional da contingência, a significar a extrema excepcionalidade da conduta: o indivíduo não procura o delito, mas o delito é que procura o indivíduo”; e 
	Por paixão: é aquele que é levado à configuração típica pelo arrebatamento, pelo ímpeto.
Importante: Enrico Ferri foi o idealizador da chamada Lei da Saturação Criminal, apresentando a seguinte associação: 
“Da mesma forma que um líquido em determinada temperatura dilua em parte, assim também ocorre com o fenômeno criminal, pois em determinadas condições sociais seriam produzidos determinados delitos”. 
 Raffaele Garófalo 
Foi jurista e Ministro da Corte de Apelação da cidade de Nápoles – Itália. 
Principal obra: Criminologia, de 1885 – apesar da expressão “criminologia” ter sido empregada pela primeira vez por Paul Topinard, ganha força e relevância por meio de Garófalo, motivo pelo qual é lembrado e considerado o criador da expressão “criminologia”.
Importante: Especialmente por sustentar que havia o criminoso nato, defendia que também haveria de existir o delito desta mesma natureza. Portanto, Garófalo acreditava na existência de duas espécies de delitos: 
(a) Delitos Legais 
(b) Delitos Naturais
Garófalo enquadra os criminosos em quarto categorias, a saber: 
	Assassinos: Os assassinos, ou delinquentes típicos, consoante Garófalo: “Obedecem unicamente ao próprio egoísmo, aos próprios desejos e aos apetites instantâneos, atuando sem cumplicidade alguma indireta, do meio social. Oferecem, frequentemente, anomalias anatômicas, uma vez regressivas, outras teratológicas ou atípicas; muitos sinais exteriores falam neles de uma suspensão de desenvolvimento moral, compatível, aliás, com uma anormal faculdade de ideação, pelos instintos, como pelo apetite; aproximam-se estes delinquentes dos selvagens e das crianças”;
	Violentos ou enérgicos: Nos violentos, ou enérgicos, falta o sentido de compaixão ou é sobremaneira escasso, a ponto de, facilmente, permitir-lhes a prática criminosa sob pretexto de falsa ideia, de exagerado amor-próprio ou de preconceitos sociais, religiosos ou políticos. Dos criminosos violentos se destaca um subgrupo, os impulsivos, ou seja, os que cedem a cólera ou a excitação nervosa exacerbada. Eles não têm a fisionomia peculiar ou característica dos violentos e neles poucas vezes se percebem as assimetrias e hemiatropias do crânio ou da face, correspondentes ou desequilibro funcional das faculdades; 
	Ladrões ou neurastênicos: Nos ladrões falta o instinto de probidade, que pode ser diretamente hereditário e, num pequeno número de casos, atávico; de ordinário, à herança direta juntam-se os exemplos do ambiente imediato, imprimindo-se-lhes no espírito durante a infância ou adolescência. Nos ladrões notam-se frequentissimamente, diz Garófalo, anomalias cranianas atípicas, tais como “submicrocefalia”, a “oxicefalia”, a “scaphocephalia”, a “trococephalia”;
	Cínicos: são os criminosos que praticam crimes contra os costumes, como por exemplo os crimes sexuais, principalmente quando forem crimes sexuais ligados a menores. 
Garófalo propugnava pela pena de morte sem nenhuma comiseração e, referentemente à expulsão, considerava que esta deveria se revestir de abandono total do indivíduo.
Parte este autor de um determinismo moderado que contrasta com a dureza e o rigor penal que o próprio Garófalo propugna para a eficaz defesa da ordem social, que goza de supremacia radical frente aos direitos do indivíduo. Do mesmo modo que a natureza elimina a espécie que não se adapta ao meio, também o Estado deve eliminar o delinquente que não se adapta à sociedade e às exigências da convivência.
Escola sociológica do direito 
A Escola Sociológica Jurídica (ou do Direito) parte da premissa de que o direito é um fenômeno social – decorre inevitavelmente do convívio do cidadão em sociedade. Nega que o Direito tenha origem em Deus, na razão, no Estado ou mesmo da consciência humana, aduzindo que a origem do Direito decorre especificamente das inter-relações sociais. 
Principais características da Escola Sociológica do Direito: 
 O homem é um ser social, não podendo viver isoladamente; 
 Sendo o homem forçado a conviver em sociedade, recebe desta as normas (Direito) para disciplina e organização da vida em coletividade.
Defensores: Herbert Spencer, Émile Durkheim, Léon Duguit e Nordi Greco. 
Escola de Lyon 
Também chamada de Escola Antropossocial ou Criminal-sociológica, a Escola de Lyon tem força por meio dos estudos de seu maior expoente, Alexandre Lacassagne, fortemente influenciado pela Escola do químico Pasteur. 
Segundo Lacassagne, o delinquente já apresenta predisposição ao crime (patologia, estado mórbido, etc.). Faz clara distinção entre o delinquente e o não delinquente, sendo que o primeiro seria portador de anomalias físicas e psíquicas, enquanto que o segundo seria um ser dotado de normalidade.
O autor culpa a sociedade como a responsável pela criminalidade. Isso porque o meio social seria responsável por criar o ambiente adequado, propício (ou não) à criminalidade. 
É o autor da famosa frase: “as sociedades têm os criminosos que merecem”.
Compara os criminosos com micróbios e vírus.
Terza Scuola Italiana 
Originada no século XX, a Terceira Escola Italiana é o melhor exemplo de escola que tentou conciliar os ensinamentos das extremadas Escolas Clássica e Positivista. Eis os principais postulados da Terza Scuola Italiana: 
 O Direito Penal deve ser uma ciência autônoma e independente, não se submetendo a nenhum outro ramo do saber; 
 Rejeita a ideia de tipos penais antropológicos e defende o determinismo; 
 A pena deve ter finalidade de defesa social e, ao mesmo tempo, caráter aflitivo (dissuasão);
 Apresenta distinção entre imputáveis e inimputáveis; 
 Defendem a responsabilidade moral do criminoso (livre-arbítrio, dos Clássicos) baseada no determinismo (dos Positivistas); 
 Crime passa a ser considerado um fenômeno individual e social; 
 Método empírico e indutivo-experimental para outras ciências e método lógico-dedutivo para as disciplinas normativas (Direito).
Escola Correcionalista
Teve origem na Alemanha com Cárlos Davis Augusto Röder. Mesmo assim, não teve tanta força na Alemanha, encontrando maior aceitação na Espanha a partir da tradução da respectiva obra por Francisco Giner de los Ríos. 
O Correcionalismo defendia o desenvolvimento da piedade e do altruísmo na aplicação do Direito Penal. Eis as principais ideias desta escola: 
 Enxergava o delinquente como um ser portador de patologia de desvio social; 
 Pena como o remédio social; 
 Juiz passa a ser visto como um “médico social”.
Escola de Política Criminal 
Franz von Liszt, por meio de sua aula inaugural em Marburgo (A ideia de fim no Direito Penal), posteriormente chamada de Programa de Marburgo, apresenta uma perspectiva sociológica para a escola alemã. 
Também é conhecida por Escola Sociológica Alemã, Escola de Marburgo, Escola Moderna e Nova Escola. 
Em contraposição à Escola Positivista, também negava a criação de tipos antropológicos de criminosos, defendendo a preponderância de fatores sociais na ocorrência de delitos. 
Eis os postulados da Escola de Política Criminal: 
 Ampliação da conceituação das Ciências Penais: Criminologia e Penologia; 
 Aplicação do método indutivo-experimental para a criminologia; 
 Distinção entre imputáveis e inimputáveis: defendem a substituição do livre-arbítrio pela noção de normalidade. Assim, com base na culpabilidade, aplica-se pena para os “normais” e medida de segurança à periculosidade para os “perigosos” ou “anormais”; 
 Enxerga o crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico; 
 Função finalística da pena: afasta a retribuição da pena, passando a defender a aplicação de pena justa e necessária para a proteção da sociedade e manutenção da ordem jurídica.Com isso, busca-se a prevenção especial da pena, seja por meio do que denominaram adaptação artificial (transformação do delinquente em cidadão útil à sociedade), seja por meio da inocuização (afastamento do criminoso da sociedade, por meio da prisão).
Movimento Psicossociológico 
Idealizado pelo sociólogo francês Gabriel Tarde (1843-1904), opondo-se ao determinismo biológico e social defendido pela Escola Positivista e às teses antropológicas de Cesare Lombroso, sustentava a preponderância dos fatores sociais sobre os fatores físicos e biológicos na criminalidade. 
Em sua obra “As leis da imitação” (1890), formulou a lei da imitação ou da integração social, segundo a qual o “crime, como todo comportamento social, seria inventado, repetido, conflitado e adaptado”. 
Gabriel Tarde é responsável pela frase: “todo mundo é culpável, exceto o criminoso”, apresentando a ideia do delinquente como um receptor passivo dos impulsos delitivos. 
Escola Técnico-Jurídica 
Tem origem em 1905 como forma de reação à Escola Positivista e tem como principais postulados:  Autossuficiência da Criminologia; 
 O Direito Penal deve se limitar ao direito positivo em vigor; 
 Crime como relação jurídica; 
 Finalidade da pena de prevenção geral e especial; 
 Previsão de aplicação de medida de segurança aos inimputáveis; 
 Resgate do livre-arbítrio. 
Nova Defesa Social 
As ideias surgiram durante o Iluminismo, porém o movimento de política criminal denominado de Defesa Social foram cunhadas após a Segunda Guerra Mundial com a luta e esforços de Adolphe Prins e Fillipo Gramatica. 
Sobre a Nova Defesa Social, pode-se destacar os seguintes postulados: 
 Defendiam a abolição do Direito Penal; 
 Pedagogia da Responsabilidade; 
 Substituição de penas em crimes para medidas individualizadas; 
 Adoção exclusiva de sistema preventivo e (re)educativo. 
Criminologia
A criminologia, em geral é a ciência que estuda a criminalidade e suas peculiaridades. Edwin Sutherland define a criminologia como “conjunto de conhecimentos sobre o delito como fenômeno social. Inclui em seu âmbito, os processos de elaboração de leis, de infração das leis e de reação à infração das leis, bem como da extensão do fenômeno delitivo”. 
Para Molina e Gomes, a criminologia é a “ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social e do comportamento delitivo e que, trata de subministrar uma informação válida contrastada sob a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplando este como problema individual e como problema social – assim como sobre programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito”.
Trata, pois, a Criminologia, da aplicação das ciências sociais e humanas no controle e ressocialização do criminoso, com vistas à prevenção da delinquência. A partir dessas afirmações, é possível e verdadeiro dizer-se que o fim último da Criminologia é a promoção do homem ou a ascensão da condição humana.
Em sentido lato, a Criminologia vem a ser a pesquisa científica do fenômeno criminal, das suas causas e características, da sua prevenção e do controle de sua incidência. A Criminologia é a ciência que pesquisa: as causas e concausas da criminalidade; as manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade; a política a opor, assistencialmente, à etiologia da criminalidade e à periculosidade preparatória da criminalidade.
Diferenças entre as ciências criminais
Direito Penal
O direito penal trata dos fatos humanos indesejados definindo quais devem ser rotulados como crimes ou contravenções penais e suas respectivas penas. Ou seja, enquanto a criminologia se ocupa de aspectos sintomáticos e sociais dos delitos, o Direito Penal tem seu foco nas consequências jurídicas deles. Ocupando-se do crime enquanto conduta violadora da NORMA.
O Direito Penal tem por objeto o crime como uma regra anormal de conduta, contra o qual estabelece o gravame, o castigo, a punição. O Direito Penal é, por assim dizer, a ciência de repressão social ao crime, através de regras punitivas que ele mesmo elabora. O seu objeto, portanto, é o crime como um ente jurídico, e como tal, passível de sanções. É uma ciência jurídico-normativa, do campo do “dever ser”, anunciando predeterminações e modelos de comportamento considerados ideais. O direito penal vale-se de uma regra geral, dela partindo para o caso concreto (método dedutivo ou de subsunção).
Criminologia
Trata-se de uma área empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade de maneira causal-explicativa. Em outras palavras, analisa o fenômeno criminal como um fato, observando as características dos casos concretos (método dedutivo). Ex.: Quais fatores contribuem para o crime de roubo (analisa, inclusive, a incidência do crime em determinados bairros considerados violentos e quais os fatores contribuem para sua ocorrência). É uma ciência do “ser”. A criminologia parte da observação da realidade para, após análises, retirar dessas experiências as suas consequências.
Política Criminal
A Política Criminal procura estudar e implementar medidas para a prevenção, controle e repressão do delito. Atém-se as estratégias e meios de controle social da criminalidade. Ocupa-se do crime enquanto VALOR, e possui um caráter teleológico, buscando apresentar e aplicar estratégias políticas e meios de controle da criminalidade na sociedade. Funciona como uma ponte eficaz entre a criminologia e o Direito Penal.
Criminologia enquanto ciência
A criminologia é uma ciência que possui métodos, objetos e funções próprias. Ainda que se valha de outros ramos de conhecimento, não se confunde com eles, ou seja, a criminologia é uma ciência PRÓPRIA.
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e observação, e interdisciplinar, dado que está atrelada a diversas ciências com a biologia, a psicopatologia, a sociologia, a política, a antropologia, o direito, a criminalística, a filosofia e outras.
O empirismo está para a física quando analisa os fenômenos naturais, assim como está para a criminologia, quando analisa os fatores geradores da criminalidade, os chamados fatores criminógenos.
Vale destacar que a ciência da criminologia não se confunde com o Direito Penal, embora tratem de assuntos do mesmo ramo e conhecimento, a criminologia possui seus próprios métodos que são o empirismo e a interdisciplinariedade. Para Nestor Sampaio Penteado Filho: “Criminologia é a ciência empírica (baseada nas observações e experiências) e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do criminoso, da vítima e do controle social das condutas criminosas”.
A criminologia que deve ser considerada, de acordo com maioria dos estudiosos, uma ciência pré-jurídica (serve de suporte ao direito), é, indubitavelmente, de extrema importância para o sistema penal e para a sociedade como um todo. Ela busca um conhecimento mais amplo e abrangente das vertentes do crime, necessitando de uma visão da criminalidade diferenciada daquela apresentada pelo Direito Penal.
Pode-se dizer que a criminologia não trabalha com dogmas, exatidão, mas sim com probabilidade. Isso porque todo trabalho de reunião de dados (empirismo) deve ser analisado e transformado em uma informação provável.
Importante salientar que as ciências penais não se limitam apenas ao estudo do Direito Penal, abrangendo também outras áreas, como a própria criminologia e a política criminal.
A criminologia não se trata de uma ciência exata que traz informações absolutas, de certeza evidente, mas sim de uma ciência do ser, de natureza eminentemente humana, apresentando informações parciais, fragmentadas e provisórias, mas compatíveis com a realidade. As informações dadas pela criminologia não são neutras, mas contribuem para a compreensão do delito.
A criminologia observa a infração praticada e essa conduta será analisada enquanto fenômeno humanoe social, observando a criminalidade como um todo e também buscando encontrar as motivações do crime.
Principais funções da criminologia
Assim como toda ciência, a criminologia também possui funções essenciais. Paulo Sumariva define que: “A função linear da criminologia é informar a sociedade e os poderes públicos sobre o crime, o criminoso, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender cientificamente o problema criminal.” Ou seja, a função da criminologia é compreender e prevenir o delito, intervir na pessoa do delinquente e valorar os diferentes modelos da resposta da criminalidade. Além de:
	Informar à sociedade e aos poderes públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos que permita compreender, cientificamente, o problema criminal, prevenindo e intervindo de modo positivo e eficaz no homem delinquente;
	Submeter o crime a uma análise rígida, eliminando contradições e complementando lacunas;
	Buscar critérios e soluções para os problemas sociais relacionados com a criminalidade;
	Prevenir, de forma eficaz, os delitos;
	Formular modelos explicativos sobre o comportamento criminal.
Fontes e Hoffmann (2019), afirmam que constituem funções da criminologia:
	Compreender cientificamente o fenômeno criminal;
	Intervir no delinquente (prevenir e reprimir o crime com eficiência);
	Valorar os diferentes modelos de resposta ao fenômeno criminal.
Métodos da criminologia
A criminologia é uma ciência do ser, empírica (observação da realidade), que se vale do método indutivo, utilizando-se de métodos biológicos e sociológicos.
Seus objetos (crime, criminoso, vítima e controle social) se inserem no mundo real, do verificável, do mensurável, e não no mundo axiológico (como saber normativo). Dessa forma, também difere do Direito Penal, já que esse é uma ciência cultural (do dever ser) normativa, cujo método é o lógico, abstrato, dedutivo.
Da análise dos dados, cria-se uma teoria ou se chega a uma determinada conclusão. Esses dados empíricos são coletados por meio da observação sistemática de um fenômeno.
Ex.: Teoria das janelas quebradas – É uma teoria que afirma basicamente que a punição a pequenas infrações impede que estas se tornem maiores futuramente; por exemplo, a janela de uma fábrica é quebrada, se esta não é prontamente consertada as demais janelas logo também estarão quebradas.
Observando a realidade, essa teoria chega à conclusão que o direito penal deve intervir cada vez mais, pois se nós somos tolerantes com comportamentos indesejados, ainda que de menor gravidade, estamos contribuindo para o nascimento de comportamentos de maior gravidade.
Essa teoria chega a essa conclusão observando a realidade.
Método empírico: análise e observação da realidade, importante observar que nem sempre será possível a utilização do método experimental, pois pode se tornar inviável ou ilícita esta experimentação.
Método Indutivo: parte de uma situação específica para uma geral.
Método Interdisciplinar: a criminologia se utiliza de vários conhecimentos advindos de outras áreas para fundamentar suas conclusões. Ex.: Biologia, sociologia, medicina etc.
Objetos da Criminologia
Na fase pré-científica, o objeto de estudo limitava-se ao crime e ao criminoso.
Na criminologia moderna, o objeto está dividido em quatro vetores: crime, criminoso, vítima e controle social.
A criminologia orienta como a política criminal deve se portar no que diz respeito à prevenção especial e direta dos crimes socialmente relevantes, na intervenção relativa às suas manifestações e aos seus efeitos graves para determinados indivíduos e famílias.
Além disso, a criminologia deve auxiliar a política social na prevenção geral e indireta das ações e omissões que, embora não previstas como crimes, merecem a reprovação máxima.
O crime – Delito
Diferentemente do Direito Penal que tem uma visão individualizada, para a criminologia o delito deve ser encarado como um fenômeno humano e cultural.
Para a criminologia, é um fenômeno social, comunitário e que se demonstra como um problema maior, exigindo assim dos estudiosos uma visão ampla que permita se aproximar dele e compreendê-lo em seus diversos enfoques.
O delito é um fenômeno humano, cultural existindo apenas na sociedade, revelando ser um problema social. Subdivide-se em formal e material. O delito formal é toda conduta descrita em lei, sujeito a uma pena (com observância aos princípios da anterioridade e da legalidade). Já o delito material é toda lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado.
A criminologia indaga os motivos pelos quais determinada sociedade resolveu, em um determinado momento histórico, criminalizar uma conduta.
Os conceitos trazidos pelos penalistas não são, de toda forma, suficientes para compreender esse importante objeto de estudo da Criminologia.
O conceito de delito para a Criminologia é real, fático (empírico, não normativo), problema social e comunitário, envolvendo termos como delito natural (infração dos sentimentos morais e sociais no cometimento do crime) e conduta desviada, além de se ocupar de fatos que o Direito Penal não analisa (ex.: cifra negra, campo social onde está inserido o infrator etc.)
Para a Criminologia não existe um conceito uníssono de crime, este deverá ser aferido mediante a constatação de quatro requisitos fundamentais e cumulativos para que possamos evidenciar a existência de um delito. Requisitos estes identificados da seguinte forma:
	Incidência massiva;
	Incidência aflitiva;
	Persistência espaço-temporal
	Inequívoco consenso
Incidência massiva
Não há como atribuir a condição de crime a fato isolado, ocorrido em distante local do país, ainda que tenha causado certa abjeção da comunidade. Se o fato não se reitera, desnecessário tê-lo como delituoso.
Incidência aflitiva
É natural que o crime produza dor, quer à vítima, quer à comunidade como um todo. Assim, é desarrazoado que um fato, sem qualquer relevância social, seja punido na esfera criminal.
Persistência espaço-temporal
Não há que se ter como delituoso um fato, ainda que seja massivo e aflitivo, se ele não se distribuir por nosso território, ao longo de um certo tempo. Isto ocorreu com os furtos de veículos. Sua reiteração, sua lesividade ao bem jurídico, sua persistência espaço-temporal, fizeram com que o legislador aumentasse a pena desse fato, quando o veículo fosse transportado para outros Estados ou quando transpusesse as fronteiras do país.
Inequívoco consenso
Exige-se para a configuração de um fato como delituoso que se tenha inequívoco consenso a respeito de sua etiologia e de quais técnicas de intervenção seriam mais eficazes para o seu combate. Ex.: a venda e consumo de álcool, que é uma droga lícita, mas que produz profundas consequências não somente para todos os dependentes, bem como para todos quantos têm que se relacionar com o adicto. Não se tem dúvida de que o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas produz consequências massivas, aflitivas, e de que tais consequências têm uma persistência espaço-temporal. No entanto, não são todos os fatos que aflitivos e massivos com persistência espaço-temporal devem ser considerados crimes.
Para a existência de uma prática delituosa essa ação ou omissão não deve dizer respeito a fato isolado, devendo promover dor, seja à vítima, seja à sociedade como um todo, sendo praticada por todo um território, ao longo do tempo, e devendo existir um consenso sobre sua abjeção perante toda a comunidade. 
O criminoso – Delinquente
Para a criminologia moderna, passa de figura central para um segundo plano. Quando analisado, o criminoso tende a ser examinado como unidade biopsicossocial e não mais como unidade biopsicopatológica. O criminoso é o homem comum, dotado de livre arbítrio, que sofre a influência de fatores criminógenos que o levam a delinquir.
Estuda-se, portanto, o perfil, sua classe social, faixa etária e também os crimes que possuem maior incidência carcerária. Esse estudo sobre a pessoa do infrator foise desenvolvendo de acordo com as escolas criminológicas.
Para a Escola Clássica o delinquente era um pecador. Alguém que se utilizava do livre arbítrio para pecar. O crime vinha de suas escolhas. Para esta Escola, o delinquente era o homem normal, dotado de racionalidade que opta por violar a lei.
Já para o Positivismo antropológico o delinquente nascia criminoso, são fatores biológicos que definiam ser ou não um criminoso. Para esta Escola, o criminoso é o prisioneiro de sua própria patologia (biológica ou psíquica), ou de processos causais alheios (fatores antropológicos, físicos ou sociais), o homem delinquente é o ser diferente, anormal.
E para a Escola Correcionalista o delinquente era alguém que precisava de ajuda. Para esta corrente, o criminoso é um ser inferior, um débil. A postura que o Estado deve ter com o criminoso é de orientação e proteção. Ex.: Estatuto de proteção do adolescente infrator.
Para o Marxismo, o criminoso não é mais o indivíduo, mas a própria sociedade em razão de certas estruturas econômicas.
Com o avanço dos estudos, o criminoso é visto como aquele ser que está sujeito às leis, podendo ou não segui-las por razões multifatoriais, e nem sempre assimiladas por outras pessoas.
A vítima
Primeira fase: idade de ouro ou protagonismo da vítima, se aplicava a lei de talião (olho por olho e dente por dente), prevalecia a vingança privada.
Segunda fase: neutralização ou esquecimento da vítima, o Estado tomou para si o monopólio da persecução penal.
Terceira fase (atual): a criminologia resgatou a importância da vítima na persecução penal.
O estudo da vítima é importante, pois permite o exame do papel desempenhado pelas vítimas no desencadeamento do fato criminal.
Ademais, propicia estudar a problemática da assistência jurídica, moral, psicológica e terapêutica, especialmente naqueles casos em que há violência ou grave ameaça a pessoa, crimes que deixam marcas e causam traumas, eventualmente até tomando as medidas necessárias a permitir que tais vítimas sejam indenizadas por programas estatais.
Com o decorrer do tempo, a vítima perdeu foco no estudo da criminologia, mas na década de 50 voltou a ter foco, hoje, é estudada dentro da Vitimologia, dado o tamanho da importância que ganhou.
Houve o período considerado com a idade de ouro, que compreende os primórdios da civilização até o fim da Alta idade média, em que a vítima possuía papel de destaque, traduzido pela Lei de Talião, em que se dava alto valor à vingança privada por parte daquele que tivesse seu direito violado. Depois desse período, surge a época da neutralização da vítima, que surgiu com a Santa Inquisição, passando a vítima a perder importância frente ao Poder Público e ao monopólio da jurisdição (a aplicação de sanções era realizada pela igreja que detinha o poder de criar as leis e de aplicar os castigos, de acordo com suas próprias regras, a vítima funcionava como gatilho para que a igreja agisse a fim de punir o crime como pecado que era contra Deus.). Essa época também foi substituída pela vingança pública, não mais em nome da igreja, mas agora em nome do Rei no período do absolutismo em que o crime era uma ofensa a ele, que se valia das mesmas regras utilizadas anteriormente pela igreja para castigar o criminoso.
Por fim, a revalorização da vítima, que ganhou destaque no Processo Penal com os pensamentos da Escola Clássica, sendo objeto de leis como no caso dos Juizados Especiais Criminais, que conferiu grande destaque processual à vítima.
A vítima passou a ser objeto de estudo da criminologia a partir da 2ª Grande Guerra, segundo Paulo Sumariva, que menciona Heting e Mendelsonh como os principais responsáveis pela etapa clássica da Vitimologia.
Dentro desse estudo são destacados os seguintes pontos: estudo do comportamento do delinquente em relação às suas vítimas; o comportamento das vítimas em relação ao delinquente; quando e quanto a vítima concorreu para o delito e a má sorte do delinquente.
Destaques do papel da vítima no contexto delituoso:
	A vítima como sujeito capaz de influir significativamente no fato delituoso: em sua estrutura, dinâmica e prevenção;
	As atitudes e propensão dos indivíduos para se converterem em vítimas dos delitos;
	Variáveis que intervêm nos processos de vitimização: cor, raça, sexo, condição social;
	Situação da vítima em face do autor do delito, bem como do sistema legal e de seus agentes.
De forma direta e objetiva apresenta-se a classificação da vitimização, através dos ensinamentos de Nestor Sampaio:
	Vitimização primária: É aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa; normalmente entendida como aquela provocada pelo cometimento do crime, pela conduta violadora dos direitos da vítima – pode causar danos variados, materiais, físicos, psicológicos, de acordo com a natureza da infração, a personalidade da vítima, sua relação com o agente violador, a extensão do dano etc. É aquela que corresponde aos danos à vítima do crime. 
	Vitimização secundária (sobrevitimização): É uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face da burocratização de seu aparelho repressivo, causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do processo de registro e apuração do crime, com o sofrimento adicional causado pela dinâmica do sistema de justiça criminal. Ex.: Quando uma vítima de estupro tem de passar várias vezes por um processo de interrogatório o que a faz ter reviver o abuso que sofreu.
	Vitimização terciária: É aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades).
	 Vitimização quaternária: medo e insegurança psicológica que alguém  pode ter de se tornar vítima do crime – pode ocorrer de 02 formas: 1) pessoa vítima de crime ou próxima de alguma vítima e por conta do episódio traumático passa a apresentar sentimentos de insegurança medo ou temor de se tornar vítima; 2) medo generalizado na sociedade diante de alardes – especialmente midiáticos – da ocorrência desenfreada de crimes.
	Vitimização Indireta: sofrimento gerado a pessoas próximas à vítima – passasse a olhar as demais pessoas relacionadas por algum meio de vínculo de afeto com a vítima do crime.
	Heterovitimização: quando ocorre a autorrecriminação da vítima, pela ocorrência do delito – sentimento de culpa suportado pela vítima de um crime por acreditar que algum comportamento negligente de sua parte acabou por dar causa a ocorrência do crime.
Vale ressaltar que parte específica desta ciência empírica ocupa-se de estudar o ator passivo nas condutas delituosas: a vitimologia.
A vitimologia pode ser definida como o estudo científico da extensão, natureza e causas da vitimização criminal, suas consequências para as pessoas envolvidas e as reações àquela pela sociedade, em particular pela polícia e pelo sistema de justiça criminal, assim como pelos trabalhadores voluntários e colaboradores profissionais.
Para Benjamin Mendelsohn, as vítimas podem ser classificadas da seguinte forma:
	Vítima completamente inocente (ou vítima ideal): Nesta categoria, a vítima não tem nenhuma responsabilidade ou contribuição para o crime. Exemplos incluem crianças e pessoas que foram atacadas de maneira completamente aleatória.
	Vítima por ignorância (ou vítima de culpabilidade menor): Esta vítima tem uma pequena responsabilidade ou contribuiu de alguma forma mínima para a ocorrência do crime. Pode ser, por exemplo, alguém que estava em um lugar imprudente, mas sem a intenção de provocar o crime.
	Vítima tão culpada quanto o infrator (ou vítima voluntária): Aqui, a vítima e o infrator compartilham a mesma responsabilidade pelo crime. Casos típicos incluem brigas onde ambas as partes instigam a violência.
	Vítima mais culpada que o infrator (vítima provocadora): Nesta categoria, a vítima tem uma responsabilidade maior na provocação do crime do queo próprio infrator. Um exemplo seria uma pessoa que provoca agressivamente uma outra até ser atacada.
	Vítima exclusivamente culpada: A vítima é totalmente responsável pelo que lhe aconteceu. Isso pode incluir casos onde alguém comete um crime contra si mesmo, como suicídio, ou onde a pessoa começa uma atividade criminosa e é vitimada durante essa atividade.
	Vítima simuladora (ou vítima imaginária): Aqui, não houve um crime real. A vítima pode estar mentindo sobre um crime, simulando uma agressão ou inventando uma história falsa.
O controle social
É fruto de estudos da criminologia e possui três componentes fundamentais das instituições de controle, tanto formal quanto informal, a norma, o processo e a sanção. Shecaira define como: “Conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e normas comunitários”. Basicamente é o conjunto de instituições, estratégias e sanções que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de convivência social. É o conjunto de normas de comportamento ao qual o indivíduo deve ser submetido. Sua finalidade é a manutenção da ordem pública (disciplina social). É realizado através de Instituições formais (Estado) e informais denominados agentes de controle. A expressão deriva da sociologia norte-americana, sendo normalmente, associada à capacidade que uma sociedade tem de se autorregular socialmente.
Controle Formal (coercitivo): representado pelos órgãos do Estado que detêm competência para exigir obediência sob ameaça de sanção, e se divide em quatro níveis: 
	1º Polícia;
	2º Ministério Público;
	3º Poder Judiciário;
	4º Sistema penitenciário.
O sistema formal exerce papel expressivo no controle social, com a principal forma de punir. Neste sistema, o controle será exercido diretamente nas pessoas e poderá ser feito de maneira direta ou indireta através das instituições sociais.
Dentro do controle social formal, merece destaque o policiamento comunitário, que consiste na associação da prevenção criminal e repressão com a necessária reaproximação do policial com a comunidade, passando o policial a integrar a esta última, fazendo parte efetiva do grupo social.
Controle Informal (educativo): representado pelos demais grupos que buscam introduzir o indivíduo ao convívio social, ensinando os comportamentos esperados e aplicando sanções simbólicas para o descumprimento de suas regras, como por exemplo a família, a escola, a igreja, as associações de amigos, entre outros.
Modelos Teóricos da Criminologia
Modelo Clássico e Neoclássico da Opção Racional
É o modelo dos clássicos, neoclássicos e de outros teóricos. Neoclássicos são autores que, a partir da década de 1970, recuperam as ideias dos clássicos, atualizando-as. 
O traço comum às teorias desse modelo é a crença de que o crime é fruto de uma decisão racional e livre do infrator, baseada em critérios de utilidade e oportunidade. Nesse modelo, não há tanta preocupação com a etiologia, ou seja, com a busca das causas da delinquência. O foco não são as causas da delinquência, mas sim a situação presente em que um crime acontece. Por isso, também são chamadas de teorias situacionais (referente à situação presente) da criminalidade. No modelo da opção racional existe uma preocupação com a existência de penas justas e úteis e uma crença de que o delinquente e o não-delinquente são seres essencialmente iguais. 
Dentro desse modelo, não existe uma preocupação com o passado do delinquente, com as causas que possam ter influído na decisão racional de cometer o crime. O que importa, afinal, é ele ter feito a escolha pelo crime. O enfoque recai, portanto, sobre o presente do autor, sobre sua autonomia para decidir e sobre o utilitarismo de suas ações. 
Trata-se de um modelo que confia no efeito inibitório da pena. Na Escola Clássica, como já foi visto, existe grande preocupação com a justiça, a legalidade e o rigor da pena. No pensamento neoclássico, acredita-se que o efeito inibitório da pena e a consequente prevenção do delito advêm do correto funcionamento do sistema normativo e do modo como esse sistema é percebido pelo delinquente, que faz, a todo tempo, cálculos racionais, como o de custo e benefício, para decidir por uma ação delitiva. García-Pablos de Molina divide o Modelo Clássico da Opção Racional em três suborientações:
1. Teorias da Opção Econômica (“economic choice”)
Também denominada de Neomodernismo ou Escola Neoclássica, tem orientação economicista, sendo fruto da grande influência da economia nas Ciências Sociais. Para essa teoria, nada distingue o ser humano delinquente do não-delinquente do ponto de vista da racionalidade de seu comportamento. O criminoso avalia o lucro que pode obter, qual a potencial duração de uma eventual pena privativa de liberdade, e em que medida os mecanismos de autoproteção, empregados pelas vítimas em potencial do delito, elevam os custos do crime. 
Os teóricos desse modelo tentam, ademais, definir em que medida os desempregos e desigualdades contribuem para a criminalidade. O castigo é um custo da atividade criminal que, sendo certo e severo, pode diminuir as taxas de delinquência. É uma teoria que, portanto, confia muito no efeito dissuasório da lei penal e nas instituições de controle social formal. Na década de 1970, o Neoclassicismo teve muito sucesso, sobretudo nos Estados Unidos. Isso se deveu basicamente a três fatores históricos somados: o fracasso do Positivismo em identificar os fatores criminógenos; o fracasso dos programas ressocializadores; e o aumento das taxas de criminalidade. O setor privado das companhias de seguro, com seus estudos de custos sobre a chance de ocorrência de um delito, e com a percepção de que o crime é um evento mundano, mas cujos riscos podem ser geridos, ajudou a desenvolver algumas dessas teses. 
Nesse Neoclassicismo, o castigo, a retribuição e a pena de morte voltaram a ser estudados, discutidos. O efeito dissuasório das sanções, chamado de deterrence em inglês, retornou para o centro dos debates criminológicos, configurando um neorretribucionismo, que buscava dar resposta rápida ao problema criminal. A aplicabilidade do enfoque economicista, no entanto, é apenas relativa, já que nem todos os delitos seriam fruto de uma decisão racional e econômica. São ideias válidas para a criminalidade patrimonial e para a criminalidade organizada, mas não totalmente generalizáveis para os demais delitos. 
2. Teorias das Atividades Rotineiras
Também chamadas de Teorias das Oportunidades, ou Teorias Situacionais, as Teorias das Atividades Rotineiras partem do pressuposto de que a racionalidade da opção delitiva está ligada às oportunidades, às situações presentes que o delinquente vivencia, colocando relevância nos fatores temporais e espaciais do momento da ocorrência de um crime. Esse grupo de teorias sublinha o fracasso das instâncias de controle social. Os principais autores dessas teorias são Lawrence Cohen e Marcus Felson que, em 1979, publicaram Social Change and crime rate trends: a routine activity approach. 
Para Cohen e Felson, não basta um delinquente disposto para que o crime aconteça. É necessária também uma oportunidade propícia ou situação idônea, assim como a ausência de guardiões. O aumento das taxas de criminalidade desde a Segunda Guerra Mundial não estaria vinculado à pobreza ou à desigualdade, até mesmo porque vários índices sociais haviam apresentado significativa melhora. Haveria, sim, uma delinquência de subsistência, consequência da situação miserável de parcela da população, mas esse tipo de crime seria apenas uma pequena fração da criminalidade global. 
Cohen e Felson explicavam que, em realidade, o incremento da delinquência estaria vinculado com a forma concreta de organização das atividades sociais rotineiras da vida moderna, da sociedade pós-industrial: muitos deslocamentos; lares que ficam desprotegidos por muito tempo porque as pessoas trabalham por longas horas e em locais distantes de suas residências; abundância de contatos interpessoais em espaços públicos massificados;numerosidade de objetos valiosos e de luxo nas ruas e vitrines; proliferação da vida noturna; crescimento do número de estabelecimentos comerciais com funcionamento 24 horas; debilidade progressiva do controle social informal (não andamos a pé, não conhecemos mais nossos vizinhos). Uma pesquisa de Felson demonstrou que os homens com vida noturna ativa testemunhavam mais atos de violência e se viam com mais frequência implicados em eventos dessa natureza se comparados com aqueles que não eram boêmios. 
O aumento dos crimes guardaria, portanto, relação com a organização das atividades cotidianas, rotineiras, lícitas da sociedade. Para esses autores, a prática de um crime decorreria de três fatores: um delinquente motivado; um objeto (alvo) apropriado – valioso e acessível –; e a ausência de guardiões (polícia, vigilantes). Essa teoria foi criticada exatamente por utilizar o conceito bastante vago de “delinquente motivado” e por dar muita ênfase ao momento de ocorrência do delito, fechando os olhos para as causas últimas do delito. Diz-se que era mais uma teoria da vitimização (quem está mais propenso a ser vítima de um crime) do que da criminalidade (pois não se interessava pela etiologia do delito). 
3. Teorias do Meio ou Entorno Físico
Também chamadas de teorias espaciais ou ecológicas, conferem relevância ao espaço físico como fator criminógeno. Certos espaços físicos conferem facilidades ao delinquente e é por isso que o delito se concentra em tais locais. Aqui se encaixam algumas das ideias das teorias chamadas ecológicas, como a Escola de Chicago. 
Pretende-se, nas teorias espaciais, prevenir o delito por meio do desenho arquitetônico e urbanístico da cidade. Em 1972, o arquiteto e urbanista americano Oscar Newman publicou o livro “Defensible Space” (espaço defensável). Nele, defendia a adoção de um modelo arquitetônico para ambientes residenciais que inibiria o delito por potencializar as relações sociais de vizinhança e possibilitar maior eficácia do controle social informal. Analisando alguns projetos de moradia popular, ele percebeu que muitos dos espaços públicos desses conjuntos residenciais eram mais propícios à criminalidade, ao vandalismo e à sujeira se comparados aos espaços privados. Acreditava, então, que seria possível reduzir as taxas criminais pelo desenho arquitetônico dessas moradias, o que afetaria tanto o comportamento dos habitantes como o de possíveis delinquentes. Sua teoria partia da premissa de que os habitantes deveriam adotar o papel de agentes-chave para a própria segurança. Logo, tanto elementos físicos (arquitetônicos) quanto sociais fazem parte do espaço defensável. 
Newman defendia que uma área é mais segura quando há um sentimento de propriedade e responsabilidade sobre ela. Para que um espaço defensável seja criado, quatro fatores devem estar presentes: 
• territorialidade (a sensação de que os ambientes pertencem aos moradores); 
• vigilância natural (a possibilidade de os moradores verem o que está acontecendo); 
• imagem (o desenho arquitetônico das construções não pode ser estigmatizante, mas sim passar uma sensação de segurança e cuidado); e

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