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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIARAGUAIA FACULDADE DE DIREITO DISCIPLINA DE CRIMINOLOGIA Fichamento da obra “Dos Delitos e das Penas”, de Cesare Beccaria Disciplina: Criminologia Docente: Me. Kerston Marques Silva Benevides Discente: Myllenna Mendes Lima BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. I Cesare Beccaria; I, tradução: J. Cretella Jr. E Agnes Cretella I. São Paul: Editora Revista dos Tribunais, 1999. Em sua obra “Dos Delitos e Das Penas”, Cesare Beccaria conceitua a ciência do Direito Penal e sua abrangência. Nesse contexto, o autor leciona que: Leis são condições sob as quais homens independentes e isolados se uniram em sociedade, cansados de viver em contínuo estado de guerra e de gozar de uma liberdade inútil pela incerteza de conservá-la. (pag. 27) Embora sejam frequentemente confundidos, as palavras Norma e Justiça não têm o mesmo significado. A norma é sempre uma consequência do poder estatal e, em última análise, está ligada à elite dominante, uma vez que o Estado, como estrutura de instituições que regem a sociedade, está sob o controle daqueles que controlam o sistema econômico, como os donos dos meios de produção. Há uma constante divisão de classes, beneficiando uma (dominante) e oprimindo outra (explorada). Surgem como um evento social antes de se manifestar no campo psicológico. Aprendizado a perceber as contradições sociais quando se depara com as contradições sociais. A legalidade é estabelecida a partir da liberdade de pensamento adquirida nas batalhas sociais, fundamentada nos princípios fundamentais da igualdade social que surgem nestas situações. É crucial não confundir isso com as regras, pois, ao tentarem concretizar e assegurar a justiça, podem se contradizer. De acordo com o autor, a sociedade de então era egocêntrica e cruel, concentrando-se em uma única pessoa riqueza e direitos nas mãos de uma minoria em detrimento do sofrimento da maioria. A grande maioria das pessoas foram levadas à prisão e a campos de concentração, sem ter conhecimento da acusação que as perseguia. Sem o direito de defesa, sem o conhecimento de seus direitos, é obrigado a reconhecer seus próprios direitos. que não cumpriu, através de torturas. Beccaria salienta que todas essas mazelas surgem do passado grande buraco que existe entre os afortunados e os desafortunados, que na realidade tem os mesmos direitos e deveres perante o Estado, mas são tratados com descaso e diferença da atuação estatal. Além disso, o Direito promove a liberdade através da limitação da liberdade, cujo limite é a liberdade em si. O livro dos delitos e das sanções de Cesare Beccaria é um dos maiores clássicos das ciências jurídicas, escrito entre milenares e sessenta e quatro. Trata de temas atuais, apresentando uma perspectiva da razão em favor da humanidade. Ele foi um dos pioneiros ao questionar a tradição jurídica vigente à sua época. A presente obra trata das falhas de um sistema penal que privilegiava uma fração reduzida da população e oprimia uma grande maioria de pessoas desfavorecidas. Beccaria questiona o valor punitivo e vingativo das leis, uma vez que sustenta que elas devem ter um caráter educativo e preventivo. Aborda o caráter exclusivo do legislador como o único responsável pela elaboração das leis, de forma a evitar interpretações desproporcionais por parte de juízes e tribunais com o objetivo de proteger interesses particulares. Melhor prevenir os crimes que puni-los. Esta é a finalidade precípua de toda boa legislação, arte de conduzir os homens ao máximo de felicidade... Entretanto, os meios empregados até agora têm sido, em sua maioria, falsos e contrários ao fim proposto. Não é possível reduzir a desordenada atividade dos homens a uma ordem geométrica, sem irregularidade e sem confusão. (pag. 128) O autor se opõe a práticas abusivas dos tribunais, como a legitimidade dos testemunhos, a confidencialidade dos julgamentos secretos, os interrogatórios sugestivos, a utilização da tortura para a obtenção de confissões, a duração e a aplicação das penas, a utilidade da pena de morte, dentre outras. Nesta obra, o autor apresenta princípios fundamentais que regem o ordenamento jurídico, como a igualdade de tratamento para os envolvidos em um mesmo delito, a necessidade de aplicação de penas mais moderadas, de modo a que a justiça não se transforme em um instrumento de vingança ou punição, e a proporção das penalidades, tendo como critério único o delito cometido. A relevância da obra de Cesare Beccaria foi reconhecida por diversos autores e filósofos, uma vez que defendeu os ideais de igualdade preconizados pelo iluminismo e os traduziu de forma brilhante para o Direito e para a legislação. O Estado, ao se posicionar de forma privilegiada, deseja que as penas sejam reconhecidas como uma forma de eliminar as contradições existentes entre o poder e a vontade do povo, uma vez que isso seria uma forma de eliminar as contradições entre o poder e a vontade do povo. A legislação deve ser analisada de forma criteriosa. O poder de punição do Estado não pode exceder as suas funções inerentes a soberania decorre da união das liberdades que os homens deram ao mundo. A proteção é devida, uma vez que as penas são prescritas para prevenir que os crimes sejam cometidos. Em relação ao Estado que protege o homem, as penalidades devem ser aplicadas apenas quando necessárias recuperações das liberdades que o homem nos concedeu. Beccaria define princípios fundamentais de forma sucinta, a partir da análise dos elementos apresentados, a sociedade tem como fundamento o contrato social, o fundamento do direito à punição é a necessidade de manter a massa de liberdades. O autor entende que os três princípios que o homem cedeu ao Estado decorrem de três princípios. Diante do exposto, é pertinente salientar que o Direito está atrelado às normas estatais, mas é muito mais do que isso. É desejável que ele seja autêntico e global, logo, não pode se limitar à aplicação da lei, uma vez que está atrelado a princípios e normas libertadoras, tendo a lei como uma das consequências. Reduzir o problema à legalidade é reduzi-lo a uma dogmática. Cesare Beccaria, que foi o responsável pelo estudo da história do Direito, mostrou que o Direito Penal não é uma simples forma de cumprir uma lei, mas sim uma forma de se libertar constantemente, que pode ser influenciada negativamente pelas ideologias jurídicas, manipuladas por todos aqueles que detêm o poder.