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PREVENÇÃO QUATERNÁRIA Dimítria Lengruber Sesquim Médica de Família e Comunidade - HSCMV Quantas vezes fomos influenciados a consumir coisas que não nos traziam benefício? E QUANDO SE TRATA DE SAÚDE? COMO VOCÊ SE SENTE AO LER O POST AO LADO? SOMADO A CULTURA.... “Prevenir é o melhor remédio” “Em time que está ganhando não se mexe” “Prevenir nunca causa danos” MAS QUAL É O PROBLEMA DISSO NA SAÚDE? COMO ISSO ACONTECE NA PRÁTICA? CASO 1 TSH e... Relação com idade, Medicações, Indicações de PAAF... CASO 2: PSA e... IMC, Inibidor da 5-alfa-redutase AINES, Estatinas, Tiazídicos.... QUESTÃO DE PROVA: SANTA CASA SP TEM RELAÇÃO COM A PREVENÇÃO QUATERNÁRIA? a) O excesso de exames complementares e a diminuição de possibilidades de incapacidade permanente. b) A vacinação contra doenças emergentes e os exames laboratoriais preventivos. c) A eliminação de fatores de risco para o agravamento de doenças crônicas e a resistência aos modismos. d) A reabilitação profissional e a vacinação contra doenças emergentes. e) O excesso de exames complementares e a medicalização excessiva das pessoas. RAIZES DA P4 • Organização dos serviços de serviços universais de saúde a partir da Atenção Primária -> sedimentou a função-filtro do MFC na proteção de seus pacientes. • 1965 1º relatório do Royal College of General Practitioners • “Os MFC devem proteger seus pacientes das hospitalizações incorretas ou desnecessárias, bem como de investigações ou tratamentos desnecessários, ás vezes desagradáveis e potencialmente danosos, por vezes mal indicados por especialistas entusiásticos, mas ignorantes dos problemas sociais e pessoais subjacentes dos pacientes” E PORQUE PROTEGER? IATROGENIAS • 1960 -1970 Início das discussão sobre iatrogenias médicas. • 1982 Illich, filósofo e historiador: • Iatrogenia social: empobrecimento da capacidade culturalmente suportada das pessoas e comunidades para o manejo da maior parte dos sofrimentos, dores e adoecimentos, inerentes à vida. • Iatrogenia cultural: expansão e reprodução de comportamentos mais passivos de doentes, produzidos pela medicalização. • Ambas: facilitam e induzem dependência de serviços de saúde, sobretudo da APS. “Qualquer situação adversa que ocorra com um paciente como resultado de tratamento por um médico, cirurgião, ou outro profissional da área de saúde, especialmente infecções adquiridas pelo paciente no curso do tratamento”. DECS - Descritores em Ciência e Saúde PREVENÇÃO QUATERNÁRIA: A ERA DA MBE • 1990: MBE se torna progressivamente o padrão-ouro para a adoção ou não das intervenções médicas. • Linguagem comum no meio acadêmico: the best practice, forças-tarefas para ações preventivas, The National Institute for Health and Care Excellence (NICE) com recomendações e guidlines. Divisor de águas, contudo... • Aula a individualidade da “pessoa enferma” • The quality and outcomes framework mercantilizou os corpos e os cuidados na APS britânica: • Incremento de prescrições: 2x mais para HAS e DM, 60% mais para antidepressivos. • Portanto, MBE pode ter vieses derivados grande parte da influência do complexo fármaco-hospitalar: seleção de amostra, exclusão de casos reais e complexos, foco em monodoenças, manipulação de dados, não publicação de resultados negativos. • Importante: Espírito crítico para com a MBE • Por isso P4 não pode ser reduzida apenas ao conceito de MBE O NASCIMENTO DA P4 • Marc Jamoulle, MFC Belga concebe a idéia de P4 ao refletir sobre uma tabela que cruza o estado de saúde /adoecimento com presença/ ausência de doença medicamente diagnosticada. # evitar o aparecimento da doença # evitar falso negativos # evitar complicações # evitar falsos positivos DEFINIÇÃO DE P4 Detecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para protege-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis (Barbara Starfield). Ação que atenua ou evita as consequências do intervencionismo médico excessivo que implica em atividades médicas desnecessárias (Gérvas e Pe ́rez-Fernandez). Ação feita para identificar um paciente ou população em risco de supermedicalização, protege-los de uma intervenção médica invasiva e sugerir procedimentos científica e eticamente aceitáveis (WONCA). Detecção de Indivíduos em risco de tratamento excessivo Protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas Sugerir-lhe alternativas eticamente aceitáveis O QUE É RASTREAMENTO? Rastreamento é a realização de testes ou exames diagnósticos em populações ou pessoas assintomáticas, com a finalidade de diagnóstico precoce (prevenção secundária) ou de identificação e controle de riscos, tendo como objetivo final reduzir a morbidade e mortalidade da doença, agravo ou risco rastreado (GATES, 2001). TIPOS DE RASTREAMENTOS E PREVENÇÃO Opostunístico Programas organizados de rastreamento Aditiva Redutiva Sensibilidade Especificidade - Capacidade de achar os verdadeiros positivos; - Teste com sensibilidade de 90% = 10% falso negativos; - Na prática: Exame altamente sensível, quando negativo, descarta a doença. - Capacidade de achar os verdadeiros negativos; - Teste com especificidade de 90% = 10% falso positivos; - Na prática: Exame altamente específico, quando positivo, confirma a doença. Por isso Rastrear não é = a diagnosticar Rastrear é uma das etapas. CRITÉRIOS PARA UM PROGRAMA DE RASTREAMENTO 1. Relevância 2. História natural da doença bem conhecida 3. Estágio-pré clínico bem conhecido 4. Benefício da detecção precoce maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico 5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis 6. O custo do rastreamento e tratamento compatível com orçamento do sistema de saúde 7. Rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático Critérios “Padrão ouro” descritos pelos autores Wilson e Jungner em 1968. • Sobrediagnóstico: Diagnóstico que não traz repercussões na vida do paciente. Incidentalomas Conclusions: Although ultrasound of the neck using high-risk sonographic characteristics plus followup cytology from fine-needle aspiration can reasonably identify thyroid cancer, it is unclear if population-based or targeted screening can decrease mortality or improve important patient health outcomes. More importantly, screening results in the identification indolent thyroid cancer, and treatment of these cases of overdiagnosed cancer can pose real patient harms. • Excessive testing of low-risk people produces real harm, leading to treatments that have no benefit (because there is nothing to fix) but can nonetheless result in medication side effects, surgical complications, and occasionally even death. • The psychological effects of overutilization and overdiagnosis are also worrisome: turning people into patients may undermine their sense of resilience, which is fundamental to health. We believe that giving up excessive testing — not to mention unwarranted medications, unnecessary referrals, and avoidable hospital stays — could lead to better health. Income and Cancer Overdiagnosis — When Too Much Care Is Harmful. List of authors. H. Gilbert Welch, M.D., M.P.H., and Elliott S. Fisher, M.D., M.P.H. • Sobretratamento: Quando é feito um tratamento apesar da relação entre os benefícios e malefícios se mostrar desfavorável, não interfere no prognóstico de uma condição de saúde e pode causar efeito adverso. Indicação de tratamento sem procedência, tratamentos excessivos e tratamentos inadequados tecnicamente • Polifarmácia: Uso de 5 ou mais medicamentos. Interação medicamentosa, superdosagem, toxicidade, idiossincrasia Novartis: Keep It Pumping Campaign (youtube.com) https://www.youtube.com/watch?v=JNRFJEdi_-E DISEASE MONGERING’ Comercializara doença’ • Promove preocupação generalizada, indiscriminada e inadequada entre as pessoas não doentes, sobre uma doença que coloque em risco suas vidas ou sua qualidade de vida, elevando a necessidade de atitudes (lucrativas para terceiros) para reduzir esse risco. • Convence indivíduos saudáveis ou com algum fator de risco, de que estão doentes, persuadindo-os para realizar um exame complementar ou adquirir um medicamento, para a detecção precoce e tratamento da suposta doença. • in 2018, U.S. health care spending totaled $3.6 trillion • High-value care doesn’t mean cheap care, and low- value care doesn’t mean expensive care: some expensive treatments generate enormous value, such as cures for hepatitis C and rapid stenting after a heart attack; and some low-cost care is wasteful, such as antibiotics for viral infections or annual checkups for well patients. • Do We Spend Too Much on Health Care? List of authors. Katherine Baicker, Ph.D., and Amitabh Chandra, Ph.D. • Custo é o preço, o quanto você paga por alguma coisa • Valor é a percepção do benefício final CONSEQUÊNCIAS DO EXCESSO DE MEDIDAS PREVENTIVAS Falso-Positivo Falso-Negativos Tratamento excessivo daqueles com anormalidades limítrofes Sequência de exames diagnósticos até confirmação da doença DIFICULDADES PARA AGIR EM P4 Paciente Falsas expectativas Marketing do medo Prevenir é sempre melhor (cultural) Falta de conhecimentos de saúde Pressão consumista Queixas vagas Hipocondria, somatização e neurose Médico Desatualização clínica Influência da indústria farmacêutica Excesso de diagnósticos e medicalização Incerteza médica Medicina defensiva MELO; BRAGA, 2003 FERRAMENTAS PARA A PRÁTICA CLÍNICA DA P4 WATCHFUL WAITING • Utilizar o tempo como instrumento de trabalho • Grande incerteza pois os problemas são indiferenciados • Grande parte dos problemas são auto limitados • Observação ativa “Ecology of Medical Care” CONTINUIDADE DO CUIDADO Conhecimento dos pacientes Vínculo Relação Médico - Paciente HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO www.aafp.org/fpm Prescripción prudente y deprescripción de fármacos como herramientas para la prevención cuaternaria Autor: María del Carmen Gómez Santana American Geriatrics Society 2019 Updated AGS Beers Criteria® for Potentially Inappropriate Medication Use in Older Adults - PubMed (nih.gov) Beers Criteria Printable Pocketcard - American Geriatrics Society (yumpu.com) https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30693946/ https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30693946/ https://www.yumpu.com/en/document/read/15320360/beers-criteria-printable-pocketcard-american-geriatrics-society FONTES DE INFORMAÇÃO • US TASK FORCE http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/ • CANADIAN TASK FORCE http://canadiantaskforce.ca/ • The NNT http://www.thennt.com/ • Cochrane http://www.cochrane.org/ • Dynamed http://www.dynamed.com/home/ • Uptodate http://www.uptodate.com/home • Portal Saude Baseado em Evidência http://www.psbe.ufrn.br/ • GT Prevenção Quaternária SBMFC gtprevencaoquaternaria@gmail.com • Harding Center for Risk Literacy https://www.harding-center.mpg.de/en • Chossing Wisely http://www.choosingwisely.org/clinician-lists/ http://www.psbe.ufrn.br/ MOVIMENTOS PARA PROMOÇÃO DA P4 P4 E APS DEVEMOS TER EM MENTE: • Frequentemente existem excessos de medidas preventivas e diagnósticas em assintomáticos e doentes, tanto em adultos e crianças. • Nem todas as intervenções médicas beneficiam as pessoas da mesma forma e, quando excessivas ou desnecessárias, podem prejudica-las. • primum non nocere que deve ser primazia dos profissionais de saúde Slide 1: Prevenção Quaternária Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5: Como você se sente ao ler o post ao lado? Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11: Questão de prova: santa casa sp tem relação com a prevenção Quaternária? Slide 12: RAIZES DA P4 Slide 13: E PORQUE PROTEGER? Iatrogenias Slide 14: Prevenção quaternária: a era da mbe Slide 15 Slide 16: O nascimento da p4 Slide 17: Definição de p4 Slide 18 Slide 19: O que é Rastreamento? Slide 20: Tipos de Rastreamentos e prevenção Slide 21 Slide 22: Critérios para um programa de Rastreamento Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29: Disease mongering’ Slide 30 Slide 31: Consequências do excesso de medidas preventivas Slide 32: Dificuldades para agir em p4 Slide 33: Ferramentas para a prática clínica da P4 Slide 34: Watchful waiting Slide 35: Continuidade do cuidado Slide 36: Habilidades de comunicação Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41: Fontes de Informação Slide 42 Slide 43 Slide 44: MOVIMENTOS PARA promoção da P4 Slide 45 Slide 46 Slide 47: P4 e APS Slide 48: Devemos ter em mente: Slide 49