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MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.
É instituição permanente essencial à função jurisdicional do Estado, sendo lhe incumbido a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
A CF dispensou tratamento especial ao MP, colocando-o a salvo dos demais poderes e assegurando à instituição e aos seus membros autonomia e independência, na busca da realização dos interesses sociais. 
NATUREZA
O MP não integra nenhum dos poderes estatais, pois possui autonomia funcional e administrativa, concedidas pelo poder originário.
Assim, é uma instituição independente e autônoma.
Todavia, existem doutrinadores que vinculam o MP ao Poder Executivo, justificando com algumas peculiaridades constitucionais: a) iniciativa concorrente do chefe do Poder Executivo e o Procurador-Geral para apresentar projeto de lei que organiza a instituição; b) a faculdade atribuída ao Presidente da República para representar ao Senado solicitando a destituição do Procurador-Geral; c) a circunstância de o Procurador-Geral estar arrolado no § único do artigo 84, CF, como uma das autoridades que pode receber do Presidente da República, por delegação, a prerrogativa de cumprir com algumas de suas atribuições.
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
Presentes no artigo 127, §1º, da CF, sendo eles:
1. Princípio da unidade: informa que os integrantes do MP são parte de uma única instituição, sendo dirigidos pelo mesmo chefe institucional (Procurador-Geral) e possuidores das mesmas prerrogativas funcionais. 
Todavia, não se pode confundir o MP da União com os MPs Estaduais, de modo que a unidade que existe é a de cada um dos MPs.
Ademais, por não haver unidade entre o MP da União e dos Estados, tampouco há hierarquia entre eles. Frisa-se que o Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar no STF e no STJ, quando parte, de forma autônoma, por meio de seu Procurador-Geral de Justiça ou alguém por ele designado. Todavia, a atuação do Ministério Público como custos legis, no STF e STJ, continua sendo feita sempre pelo Procurador-Geral da República, que é o chefe do Ministério Público da União.
2. Princípio da indivisibilidade: é corolário da unidade e sinaliza que os integrantes do MP podem ser substituídos uns pelos outros, desde que da mesma carreira, sem que isso acarrete qualquer prejuízo aos atos praticados, pois se os atos são reputados à instituição e não ao membro específico que os praticou, a substituição de um membro do MP não trará consequências nefastas. 
3. Princípio da independência funcional: protege a instituição de constrangimentos indevidos e ingerências externas, por meio de garantias institucionais.
Assim, garantem a independência dos membros do MP, de forma que estes não se subordinem às convicções jurídicas de outrem, podendo atuar livremente. 
Nada obstante estarem, sob o aspecto administrativo, submetidos à chefia do Procurador-Geral, não há que se falar em subordinação de índole funcional, de modo que, processualmente, não estejam vinculados a entendimentos ou orientações de outrem.
4. Princípio do promotor natural: implícito no ordenamento pátrio.
Deriva da garantia constitucional de que ninguém será processado, nem sentenciado, senão pela autoridade competente, de modo que o representante do MP que deve atuar no caso é aquele previamente apontado pelas regras, abstratas e genéricas de estruturação e organização da instituição. 
Este princípio impede designações casuísticas e arbitrárias, realizadas pelo chefe da instituição, que comprometeriam a plenitude e independência desta. 
Assim, o princípio do Promotor Natural é o fator impeditivo de que um membro do Ministério Público venha a ser arbitrariamente afastado do desempenho de suas atribuições nos procedimentos em que ordinariamente oficie (ou em que deva oficiai), exceto se houver relevante motivo de interesse público, por impedimento ou suspeição ou, ainda, por razões decorrentes de férias ou de licença.
INGRESSO NA CARREIRA
Depende do preenchimento dos seguintes requisitos:
1. Bacharelado em direito;
2. Comprovação de 3 anos, no mínimo, de atividade jurídica;
3. Aprovação em concurso público de provas e títulos, com a obrigatória participação da OAB em sua realização e observância, nas nomeações, da ordem de classificação no certame.
Acerca da atividade jurídica, o termo inicial é a conclusão do curso de direito, enquanto o termo final é a data da inscrição no concurso público. 
GARANTIAS E VEDAÇÕES AOS MEMBROS DO MP
Das garantias institucionais
1. Autonomia funcional da instituição: MP não se sujeita a controle engendrado por qualquer dos poderes;
2. Autonomia administrativa: reconhece à instituição a capacidade de autogestão, que se reflete na escolha de seus órgãos diretivos, autorização para realizar concursos próprios etc;
3. Autonomia financeira: capacidade de elaborar sua proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Das garantias dos membros do MP:
1. Vitaliciedade: o membro do MP se torna vitalício após dois anos de efetivo exercício, não podendo mais perder o cargo, salvo por decisão judicial transitada em julgado.
Durante os 2 anos antes da vitaliciedade, o promotor fica em estágio probatŕoio, destinado a aferição da aptidão do agente para o exercício do cargo.
2. Inamovibilidade: uma vez titulares do cargo, os membros do MP somente poderão ser removidos ou promovidos, por iniciativa própria, não de ofício e de forma unilateral, sem que haja solicitação ou autorização. 
3. Irredutibilidade de subsídio: para que os membros do MP não sofram pressões por diminuições remuneratórias indevidas no exercício de suas funções e atribuições. 
Das vedações (garantias de imparcialidade) 
1. Receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
2. Exercer advocacia;
3. Participar de sociedade comercial;
4. Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;
5. Exercer atividade jurídico partidária;
6. Receber qualquer forma de auxílio ou contribuição de pessoas físicas, entidades públicasou privadas, exceto nas situações autorizadas em lei.
ORGANIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO MP
Englobará:
· MPU;
· MPF;
· MPT;
· MPM;
· MPDFT; e
· MPE.
As normas gerais do Ministério Público da União são estabelecidas pela Constituição Federal, bem como pela Lei Complementar n° 75/ 1993.Os Ministérios Públicos dos Estados, por sua vez, sâo regidos pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica n° 8.625/1993, com aplicação subsidiária das normas da Lei Complementar n° 75/1993.
O Ministério Público possui a prerrogativa de deflagrar o processo legislativo por meio
da apresentação do projeto de lei complementar que regulamentará sua organização. A iniciativa, como se pode concluir da análise global da Constituição, será do Procurador-Geral em concorrência com o chefe do Poder Executivo.
Na esfera federal a iniciativa é concorrente entre o Procurador-Geral da República e o
Presidente da República (art. 61, § 1°, II, "d", c/c art. 128, ~ 5°, todos da CF/88).
Em âmbito estadual, por seu turno, a referida iniciativa será do Governador, concorrentemente com oProcurador-Geral de Justiça. Noutro giro, a iniciativa em âmbito distrital, de lei complementar de organização do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, será do Procurador-Geral da República, concorrentemente com o Presidente da República, uma vez que o MPDFT é uma ramificação do Ministério Público da União (art. 128, I, "d", CF/88).
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
É o chefe do MPU.
Nomeado pelo Presidente da República dentre indivíduos que preencham os seguintes requisitos:
1. É integrante da carreira;
2. Te mais de 30 anos;
3. Há aprovação de seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal.
Possui mandato de 2 anos, sendo permitida a recondução ilimitada, desde que observado idêntico procedimento de nomeação. 
A destituição do PGR antes do término do mandato é possível, e ocorrerá por iniciativa do Presidente da República, sendo precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.
Dos conflitos
PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA
É chefe dos MP dos Estados e DF.
Nomeado pelo chefe do Poder Executivo, através da escolha de um dos nomes inscritos em lista tríplice formada por integrantes da carreira. 
No caso do MPDF, o Procurador-Geral de Justiça será nomeado pelo Presidente da República, não pelo Governador do DF. 
Possui mandato de 2 anos, sendo permitida uma única recondução. Sua destituição antes do fim do mandato é possível, mas deve ser precedida de deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo. 
CONSELHO NACIONAL DO MP (CNMP)
É um órgão de controle interno da instituição, sediado em Brasília e com atuação em todo território nacional.
Conforme art. 130-A, da CF, é composto por 14 membros, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado. Possuem mandato de 2 anos, sendo admitida apenas uma recondução, sendo que os membros do Conselho oriundos do MP, serão indicados pelos respectivos MPs.
O Procurador-Geral da República é o Presidente do Conselho e seu membro nato. 
Veja-se a estruturação:
DAS COMPETÊNCIAS DO CNMP
São atribuídas pelo art. 130-A, §2º, CF. Segundo o dispositivo, é atribuição do CNMP o controle da atuação administrativa e financeira do MP e do cumprimento de deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhes:
OBSERVAÇÕES 
· Corregedor nacional será escolhido pelo Conselho, em votação secreta, dentre os membros do MP que o integram, sendo vedada a recondução;
· Compete ao Corregedor: a) receber reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos membros do MP; b) exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e correição geral; c) requisitar e designar membros do MP, delegando-lher atribuições, e requisitar servidores de órgãos do MP.
· A CF ainda prevê a criação de ouvidorias do MP, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado, contra membros do MP
FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MP
Definidas no art. 129, CF, sendo um rol meramente exemplificativo. Ademais, o órgão deve sempre atuar em defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
Assim, são funções institucionais do MP:
Por determinação constitucional, as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS
Há muito é debatida a possibilidade de o Ministério Público realizar investigações no âmbito criminal. Os defensores dessa atribuição, com fundamento na teoria dos poderes implícitos, afirmam que se a Constituição Federal conferiu ao Ministério Público a atribuição de promover, privativamente, a ação penal pública (art. 129, I), atribuiu ao órgão, também, os meios necessários para o exercício desta função, dentre eles a possibilidade de realizar atos investigatórios, a fim de reunir provas que fundamentem a acusação. Em reforço a este argumento outro é apresentado: o de que a atribuição de investigação criminal não foi conferida com exclusividade à Polícia, sendo admitido, a título de exemplo, o inquérito parlamentar, instituído pelas Comissões Parlamentares de Inquérito.
Anteriormente, o STF se manifestava contra essa teoria, entretanto, atualmente, este adotou posicionamento favorável à iniciativa do órgão, firmando entendimento que reconhece a legitimidade do MP para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, fixando tese de repercussão geral. 
 
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