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Competição entre Megaspórios

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Competição entre 
megaspórios em milho (*) 
F. G. Brieger 
Escola Superior de Agricultura 
"Luiz de Queiroz", Universidade 
de S. Paulo 
ÍNDICE 
1 — Introdução 240 
2 — Eliminação de tubos 
polínicos 242 
3 — Eliminação no lado 
feminino 245 
4 — Competição entre os 
megaspórios Sp e sp 249 
5 — Discussão 251 
6 — Conclusões 256 
Abstract 258 
Literatura 259 
(*) Recebido para publicação e m 13-IX-1945. 
1 — INTRODUÇÃO 
Os experimentos relatados nesta publicação foram inicia­
dos em 1933 com material derivado de sementes cedidas gentil­
mente pelo Dr. P. C. MANGELSDORF para o uso em aulas prá­
ticas. Durante o trabalho de manutenção, notei indicações de 
uma competição entre megaspórios e comuniquei esta obser­
vação por carta ao Dr. MANGELSDORF. Depois resolvi adiar 
a publicação, para poder julgar o material extenso colhido por 
este autor em colaboração com o Dr. R. SINGLETON. 
A diferença entre as conclusões às quais cheguei e aquelas 
dos dois autores citados me parece ser essencialmente uma 
conseqüência do método diferente de análise estatística em­
pregada. Os dois autores têm material muito amplo, mas exe­
cutando uma análise sumária, eles evidentemente perderam 
informações que apenas uma análise minuciosa, mesmo com 
material menos volumoso, pode fornecer. 
Trata-se da ação do gen "Small pollen", denominada Sp 
e localizado no cromossômio IV. Este gen foi descoberto por 
MANGELSDORF (1928, 1931, 1932), o qual mostrou que os dois 
tipos de grãos de polen Sp e sp, de tamanhos diferentes, po­
dem ser separados por meios mecânincos. Polinizações com 
grãos separadas por peneiras, provam que ambos os tipos, tanto os 
grãos de pólen grandes Sp, como os pequenos sp, se desenvol­
vem normalmente, os tubos polínicos crescendo no tecido con­
dutor das barbas dos indivíduos polinizados até alcançar as 
oosferas nos óvulos. Porém em misturas, que podem ser obti­
das artificialmente oü que são encontradas em heterozigotos, 
existe uma eliminação dos tubos polínicos da constituição sp. 
Assim, os gens gametofíticos Sp e sp têm um efeito duplo: so­
bre o tamanho dos grãos de pólen e sobre o crescimento dos 
tubos polínicos. Não se pode dizer por enquanto se o desenvol­
vimento lento dos tubos polínicos da constituição sp é simples­
mente causado pela quantidade menor de matérias de reserva 
dos grãos de pólen pequenos, ou por outros processos fisioló­
gicos mais complicados. 
SINGLETON AND MANGELSDOF (1940) encontraram 
também uma eliminação no lado feminino, que eles atribuem 
a uma seleção entre zigotos, respectivamente de óvulos e grãos 
inteiros. Porém, cheguei à conclusão de que se trata de uma 
competição entre megaspórios dentro dos óvulos, da mesma 
forma como observado por RENNER (1921) em Oenothera. Esta 
competição entre megaspórios consiste no seguinte : 
Em Oenothera, milho e muitas outras plantas, quatro me­
gaspórios são formados e dispostos em fila dentro de cada óvu-
Io jovem. Destes apenas um se desenvolve, formando o saco 
embrionário, enquanto que os outros três degeneram, da mes­
ma forma como denegeram os corpúsculos polares na matura­
ção das oosferas em animais. O megaspório sobrevivente é aque­
le localizado mais por dentro do óvulo, próximo à parte basal 
ou calazal, por onde entram as substâncias nutritivas. 
Em plantas heterozigotas para um gen que provoca uma 
eliminação completa dos megaspórios, metade dos megaspórios 
na posição chalazal recebe o gen letal e fica assim eliminada. 
Consequentemente não encontrámos um saco embrionário 
mais tarde nesta metade dos óvulos. Assim, quando o efeito da 
posição é combinado com uma seleção do megaspório devido á 
ação de um gen, devemos esperar em heterozigotos, que me­
gaspórios que deviam sobreviver de acordo com a sua posição 
calazal, serão eliminados pela ação do gen letal na metade dos 
óvulos. Na outra metade coincidem os efeitos favoráveis da 
posição e a presença do alele normal do gen letal, e o megaspó-
ro se desenvolve normalmente. A planta heterozigota para o 
gen letal produz consequentemente apenas metade de óvulos 
férteis, sendo a outra abortivà. 
No caso de uma competição de megaspórios a situação mu­
da. Temos em heterozigotos também um gen que favorece o 
desenvolvimento dos megaspórios e outro alele que os prejudi­
ca. Este efeito, favorecendo e prejudicando, é fisiológicamen-
te mais forte do que o efeito da posição. Apenas quando o me­
gaspório calazal recebe o gen favorável, concidindo assim os 
dois efeitos favoráveis de posição e constituição genética, êle 
se desenvolve normalmente e forma o saco embrionário. Po­
rém, no caso contrário, quando este megaspório recebia o gen 
prejudicial, êle não é mais capaz de continuar o seu desenvol­
vimento, mas agora um megaspório que contém o gen favorá­
vel forma o saco embrionário, apesar de que não estava na po­
sição calazal. 
Temos uma eliminação de genótipos em ambos os casos, 
dos gens letais e dos gens de competição. Porém, no caso dos 
gens letais, o número de óvulos abortivos corresponde ao nú­
mero de gens eliminados, quando no caso da competição há 
apenas uma eliminação de gens, mas todos os óvulos contêm 
um saco embrionário e são férteis. 
RENNER verificou em certos casos em Oenothera a pre­
sença de uma seleção de genótipos que não foi acompanhada 
pelo aparecimento de óvulos abortivos ou de sementes vasias. 
Histològicamente êle comprovou que apenas em 50% dos óvu­
los o megaspório calazal deu o saco embrionário, quando nos 
outros 50% um megaspório em outra posição se desenvolveu, 
ficando eliminado o gone em posição calazal. 
Tentarei no presente trabalho demonstrar que no milho 
uma competição semelhante existe, entre megaspórios, em ns-
terozigotos da constituição Sp sp. 
2 — ELIMINAÇÃO DE TUBOS POLÍNICOS 
Em primeiro lugar discutiremos a competição gametofiti-
ca entre os tubos polínicos, causada pela ação dos gens Sp e 
sp. O comportamento de tais gens de competição foi discutido 
por mim em duas publicações recentes (1945a e 1945b) das 
quais a primeira dá um resumo geral da literatura, com refe­
rências especiais ao milho. Expliquei que uma analise direta, 
por contagem ou medições dos tubos polínicos, é em geral im­
possível por razões técnicas, de modo que métodos indiretos 
têm que ser introduzidos. Estes consistem na análise detalhada 
de gens, ligados com os fatores gametofiticos e que servem co­
mo indicadores. As aberrações constatadas na sua segregação 
dão as informações necessárias para depois calcularmos tanto 
a intensidade da competição como as freqüências de "cros­
sing-over" entre os gens indicadores e os fatores gametofiti­
cos. Para tal fim podemos usar fórmulas propostas por BRIE-
GER (1930, 1937b, 1945a e b). 
Indicando os gens indicadores com A e a, os fatores ga­
metofiticos com Ga e ga, a freqüência de gones ga, que fun­
cionam, com f e finalmente a freqüência de "crossing-over" 
com c, então teremos a segregação nos "backcrosses", indica­
da no Quadro I. 
O valor de c é em geral aproximadamente constante, mas 
a intensidade da eliminação f de outro lado é quase sempre va­
riável, e não é raro que podem ser distinguidas linhagens ge-
notlpicamente diferentes, com eliminação mais forte ou mais 
fraca (BRIEGER, 1937b, 1945a). 
Usámos como gen indicador, para a ação do gen sp, o fa­
tor para milho doce su 1. Os resultados da segregação em 21 
espigas do "backcross" contendo um total de 5.425 grãos, cons­
ta do Quadra 2. 
Em vez de 50% de grãos duros da constituição Susu, ob-
tivemos de zero até 12% nas diferentes espigas do "backcross", 
com uma média para todas as espigas de 5,62%. 
No teste de homogeneidade podemos agrupar as espigas 
em três grupos, sendo elas descendentes de três plantas hete-
rozigotas Susp/suSp, e executar três testes de X2: 
X2 teste entre todas as 21 espigas relativo à média geral de 
5,62%. 
X2 teste "entre grupos", isto é, entre as 3 médias parciais, 
relativo à média geral. 
X2 teste "dentro grupos", isto é, entre as espigas indivi­
duais, mas relativoà média parcial de cada grupo. 
O que nós fazemos assim é uma decomposição do valor 
total de X2, análoga à decomposição do erro standard na "ana­
lysis of variance" (BRIEGER 1937a). Esta forma de análise 
nos dá duas possibilidades de se tirarem conclusões: podemos 
determinar se os valores de X2 são significantes ou não, e 
depois compará-los entre si para determinar se alguns dos va­
lores ou componentes são maiores do que os outros. 
O X2 teste para todas as 21 espigas relativo á média geral, 
dá um valor de 64,15, com 20 graus de liberdade, e é assim bas­
tante significante. 
Conclusão: A eliminação evidentemente é bem variável 
nas diferentes espigas. 
O X2 teste entre as médias dos três grupos, com X2 igual 
a 16,633 e nf igual a 2, também é significante. Estas diferenças 
entre os descendentes de três indivíduos autofecundados de­
vem ser atribuídas às diferenças da sua constituição genética, 
isto é, à presença de gens modificadores, além dos gens Sp e sp. 
Conclusão: A eliminação é diferente nas três famílias. 
O X2 teste entre espigas individuais dentro de cada grupo, 
dá os seguintes valores: 
Conclusão: A variação da eliminação é pequena em duas 
progenies, e grande na terceira. Serão necessários estudos das 
futuras gerações para decidir se a variação é fenotípica ou ge-
notípica. 
Finalmente, a comparação do X2 "entre grupos" e "den­
tre grupos" dá o seguinte resultado: 
Conclusão: A variação entre as progenies é da mesma or­
dem como a variação dos indivíduos. 
Estas quatro conclusões podemos agora resumir da se­
guinte forma: a eliminação de tubos polínicos sp é variável, 
com certeza genotlpicamente, como provavelmente também fe-
notlpicamente. 
Devemos agora determinar quantitativamente a intensi­
dade da eliminação e os limites da sua variação, Para proce­
der com os cálculos necessários precisamos conhecer em pri­
meiro lugar o valor de "crossing-over" entre os gens "small 
pollen" e "doce". Atribuindo toda â variação excessiva às ir­
regularidades da intensidade da eliminação, podemos concluir 
que este valor de "crossing-over" é de cerca de 3% ou 0,03 até 
4% ou 0,04. 
Usando as relações dadas no Quadro 1 e designando a fre­
qüência de grãos duros Susu como o símbolo (Su), temos a se­
guinte determinação da freqüência de tubos polínicos sp que 
funcionam no "backcross": 
Com esta fórmula foram calculados os valores contidos na 
última coluna do quadro 2. A eliminação é bastante forte,1 fun­
cionando apenas de zero até no máximo 10% de tubos políni-
cos sp em vez dos 50% esperados na segregação de um "back-
cross" com um valor de 2,8% para o total das 21 espigas. 
3 — ELMINAÇAO NO LADO FEMININO 
Inicialmente foram analisadas 14 plantas de constituição 
Susp/suSp, das quais 6 foram polinizadas côm pólen de 
plantas homozigotas da constituição (susu) e 8 autofecunda-
das. A porcentagem de grãos Susu nestes dois grupos de espi­
gas é quase idêntica, 32% no primeiro e 38% no segundo. 
(Quadro 3). Esta pequena diferença não era para ser admira­
da, pois, como vimos no capítulo anterior, nas plantas de cons­
tituição Susp / suSp a eliminação dos tubos polínicos não é 
completa. Três até 12% dos tubos polínicos com o gen Su es­
tão funcionando e transmitindo este gen. 
Os valores obtidos nestas 14 espigas devemos agora com­
parar com as porcentagens que nós podíamos calcular com a 
ajuda de várias fórmulas genéticas. 
Em primeiro lugar, o "backcross" devia dar o resultado 
seguinte se não houvesse eliminação alguma: 
j ~ (50%Su+50%su) Ç x(100% su>.-(J =*= 5G% Siisu-f50% susu 
Na geração F2 podemos fazer os cálculos seguintes, tam­
bém supondo que não havia uma eliminação no lado feminino, 
e tomando em consideração que há uma transmissão do,gen..Su 
pelo pólen em 3 até 12% dos tubos polínicos, devido ao "cros­
sing-over" e à eliminação incompleta: 
^ (50% Su + 50% su) 9 x 13% Su + 97% su) tf 
= 51,5% Su + 48,5% susu 
= 56,0% Su + 44,0% susu 
Tomando ainda em consideração uma eliminação tío lado 
feminino de gâmetas ou gones Susp, o valor de grãos duros nas 
espigas obtidas no "backcross" ou na auto-fecundaçáo deve ser 
menor ainda do que 50% no primeiro e do que 51,5% até 56,0% 
no outro. 
Uma inspeção dos dados do Quadro 3 prova a existência 
de uma eliminação bastante forte no lado feminino, pois as 
porcentagens das 14 espigas, com um total de 4.430 grãos, são 
bem menores do que os valores mencionados 50%. Os valores 
individuais são extremamente variáveis, e o X2 teste para ca­
da uma das duas médias parciais dá valores bastante grandes 
e na sua maioria significantes. 
Verificámos então que não só há uma eliminação bem for­
te no lado feminino, mas que a intensidade desta eliminação 
é do mesmo modo variável, como constatado no capítulo an­
terior para a eliminação de tubos polínicos. 
Seria interessante calcular também para o lado feminino 
a freqüência f dos gones sp que conseguem vencer a competi­
ção dos outros da constituição Sp. Nos "backcrosses" femini­
nos usámos a mesma fórmula dada acima para os "backcros­
ses" masculinos. 
Para as espigas autofecundadas, a fórmula é um pouco 
mais complicada, pois temos que tomar em consideração a eli­
minação tanto no lado feminino como no masculino. A fre­
qüência dos oito genótipos esperados é dada no Quadro 4. As 
fórmulas nas respectivas colunas foram calculadas supondo 
que todos os tubos, menos os "crossovers", contêm também o 
gen Su, e tomando-os também em consideração devemos espe­
rar um pequeno aumento da porcentagem total de grãos duros 
da constituição Su em conseqüência de uma eliminação imper­
feita. 
Combinando os termos do Quadro 4, obtemos para a fre­
qüência dos sacos embrionários da constituição Su que funcio­
navam nos heterozigotes da constituição Susp/suSp, quando au-
tofecundados: 
(Su) — 1 -f ( l - c ) 2 
f — 
(1-c) . (l-2c) 
e substituindo para c o valor determinado no capítulo anterior 
de 0,03 : 
(Su) — 0,0591 
f = 
0,9118 
A última coluna do Quadro 3 contém os valores de f cal­
culados com as fórmulas. A média de f tanto das espigas do 
'backcross" como das espigas autofecundadas é cerca de 30% 
sendo ós valores extremos por espiga 17% e 46%, em compa­
ração com o valor esperado sem eliminação de 50%. 
Em seguida foram executados dois experimentos; éom ré 
fim de determinar s.e as variações da intensidade de elimina­
ção são de natureza genotipica ou fenbtipica. 
Em primeiro lugar foram estudados os descendentes cias 
duas plantas que deram a menor e a maior eliminação, depois 
de autofecundadas: planta 10-100 com 21,2% de grãos duros 
e uma eliminação de f = 17,8% e planta 10-101 com 47,6% de 
grãos duros e 45,7% de eliminação (Quadro 3). Os resultados 
da análise das espigas descendentes são reunidos em forma 
sumária no Quadro 5 e detalhadamente nos Quadros 6 e 7. 
Ê evidente pelas fórmulas genotipicas constantes do Qua­
dro 4, que os descendentes das plantas autofecundadas devem 
Ler diferentes genótipos. Levando-se em consideração apenas 
as plantas da constituição Susu, podemos esperar os seguintes 
tipos: 
Su sp 
, não "crossover" para (Susp). Os genótipos devem 
su Sp 
de novo dar uma eliminação de gens Su. 
Su Sp 
, "crossovers" para os fatores no lado feminino. As 
su Sp 
plantas darão uma segregação simples monofatorial. 
Devemos acrescer ainda mais dois tipos que resultam do 
funcionamento raro de um tubo polínico da constituição sp: 
Su sp 
, "crossovers" no lado masculino, que não darão 
su sp 
mais eliminação, mas uma segregação normal monofatorial. 
Su Sp 
, "crossovers", simultâneos no lado feminino e mas-
su sp 
culino, e que devem dar agora uma deficiência dos grãos doces. 
É evidente, depois de uma inspeção dos dados no Quadro 5, 
que os três tipos de segregação foram encontrados: 14, respec­
tivamente 5 espigas deram apenas cerca de 40% ou menos de 
grãos duros; 2, respectivamente, 4 espigas deram uma segrega­
ção normal de 50% grãos duros; 2 respectivamente, 1 espiga 
deu um excesso de grãos duros e uma deficiência dosgrãos do­
ces de cerca de 40%. 
A análise detalhada dos dados (Quadros 6 e 7), inclusive 
o X2 teste de homogeneidade e o cálculo da intensidade de eli­
minação constam dos Quadros 6 e 7. O resultado é a verifica­
ção da existência de uma grande variabilidade de eliminação. 
O mais importante, porém, é que ambos os grupos de famílias 
variam de modo diferente. Os descendentes da planta 10-100 
repetem a amplitude completa já encontrada nas famílias ori­
ginais, quando os descendentes de outra planta 10-101 são me­
nos variáveis. 
Esta diferença entre os descendentes das duas plantas in­
dica, que a eliminação é, no mínimo até um certo ponto, devida 
a. fatpres genéticos, isto é, ao balanço entre gsns modificadoros. 
Um segundo experimento prova claramente que existe 
também uma forte variação fenotípica. 
Durante a contagem dos grãos nas espigas observei indi­
cações de uma diferença de porcentagem dos grãos duros em 
diferentes partes da espiga. Isto podia ser atribuído, nas espi­
gas F2, a uma eliminação diferente entre tubos polínicos, de 
acordo com a distância que eles têm que crescer até atingir os 
óvulos, como explicado em outro lugar (BRIEGER 1945b). Pa­
ra eliminar um tal efeito, executei um experimento especial, 
asando apenas "backcrosses" nos quais as plantas heterozi-
gotas eram usadas como fêmeas. Para a contagem, as 15 espi­
gas foram divididas em duas partes aproximadamente iguais, 
e a porcentagem de grãos duros determinada tanto na metade 
superior como na inferior de cada espiga, calculando depois 
ainda o valor de delta para a diferença entre as porcentagens 
por espiga (Quadro 8, última coluna). Como é de conhecimen­
to geral, tais valores de delta podem ser transformados em va­
lores de X2 pelo simples processo da elevação ao quadrado. So­
mando estes quadrados temos o X2 total das 15 espigas, o qual 
consta no canto direito do Quadro 8. Finalmente foi também 
analisado o resultado total do conjunto de todas as espigas 
(Quadro 8, última linha). Assim, podemos tirar as nossas con­
clusões por três processos: 
Os quocientes delta por espiga mostraram que em 15 va­
lores, a maioria ou 11 são negativos, e dois destes são altamen­
te significantes (fora do l ° / o o limite unilateral de 3,09), um 
e significante (fora de 1% limite de 2,32) e finalmente dois 
são duvidosos (fora dè 5% limite de 1,64%), sendo apenas os 6 
restantes insignificantes. 
Devemos aplicar neste caso não os limites bilaterais, mas 
os limites unilaterais (BRIEGER, 1945c). 
O X2 total de 64,73, sendo altamente significante, prova 
que o conjunto dos 15 valores não é devido ao acaso, mas que 
se trata de desvios sistemáticos. 
Assim já está comprovado que existe uma tendência pro­
nunciada para o aparecimento de menos grãos duros na parte 
superior da espiga do que na parte inferior, o que podemos 
apenas atribuir a diferenças da intensidade da competição ga-
metofítica. 
Finalmente o total de todas as 15 espigas dá em 5.614 
grãos contados, 38,3% de grãos duros na parte superior e 43,6% 
na parte inferior. A diferença com um valor para o desvio re­
lativo (diferença dividida pelo erro standard da diferença) 
igual a — 4,06 é altamente significante (lo/oo limite : 3,09). 
Está então comprovado que a eliminação é bem mais for­
te na parte superior da espiga do que na parte inferior. Uma 
vez que as partes têm sempre a mesma constituição genotípi-
ca, não pode haver dúvida alguma que se trata de variações 
fenotípicas da eliminação. 
4 — COMPETIÇÃO ENTRE OS MEGASPÓRIOS Sp e sp 
Finalmente, devemos ainda explicar a natureza da elimi­
nação discutida acima. Como exposto na introdução, podemos 
distinguir uma eliminação simples e uma competição entre 
megaspórios. No último caso, todos os ovários devem conter 
no seu único óvulo um saco embrionário normal, e não tevâ 
uma eliminação visível de grãos. Porém, o caso oposto, de uma 
eliminação simples, deve resultar no aparecimento de óvulos 
imperfeitamente desenvolvidos ou de grãos mal formados. A 
existência destas anormalidades é muito fácil de constatar, 
pois a falta de um número relativamente grande de grãos é 
sempre visível nas espigas de milho, as quais ficam irregular­
mente cheias de grãos ou mostram, no mínimo, um arranja-
mento irregular das fileiras. Nada disso, porém, foi observado 
no nosso material, pois as espigas eram sempre cheias e com 
fileiras regulares. 
Excluindo dos dados contidos nos Quadros 3, 6 e 7 apenas 
as sete espigas de heterozigotos sp e Sp que eram incompletas 
com menos de 200 grãos, nas restantes 29 espigas nenhuma 
falta de grãos podia ser constatada. Para explicar melhor a 
situação, mencionaremos alguns casos extremos. 
Na espiga 4-23 x 3-21 (Quadro 6) com um total de 303 
grãos, 249 eram grãos doces e apenas 54 ou 17,8% duros. As­
sim, faltaram cerca de 249-54 = 195 grãos duros, pois uma eli­
minação sem substituição devia ter dado ais ou menos 249 
grãos doces e 249 grãos duros, dos quais 54 bem desenvolvidos 
e o resto rudimentares. Agora, a falta de 195 grãos num total 
de 500 seria muito visível, não somente causando irregulari­
dades nas fileiras, mas aparecendo muitos lugares vasios na 
espiga. Nada disso foi observado, e a espiga era bem grande, 
com fileiras regulares. 
Em três outras espigas, com 241, 254 e 344 grãos, faltou 
metade dos grãos duros, pois as espigas tinham apenas cerca 
de 25% em vez de 50% de grãos Su su. Se a eliminação era de 
óvulos, devíamos esperar 125, 120 e 176 lugares que ficavam 
vasios. As espigas, porém, eram cheias, com fileiras regulares. 
Assim, é evidente que hão existe uma falta de grãos que 
corresponda ao número de megaspórios eliminados. Somos for­
çados a concluir que a eliminação de certos megaspórios foi 
compensada pela sua substituição por outros megaspórios em 
cada óvulo, de modo que nenhum óvulo ficou estéril ou abor­
tou. 
Podemos ainda executar uma outra prova. Se a elimina­
ção causada pelo fator sp resultasse numa eliminação de óvu­
los inteiros, então o número de grãos maduros nas espigas 
com eliminação devia sempre ser menor do que nas espigas 
com eliminação. 
Reunindo todos os dados dos Quadros 3, 6 e 7, temos o 
seguinte: 
"Backcross" com eliminação : 24 espigas com um total de 
8.494 grãos ou 354 grãos por espiga. Freqüência da classe par­
cialmente eliminada 38,00%. 
Autofecundação com eliminação: 8 espigas com um total 
de 3.136 grãos ou 392 grãos por espiga. Freqüência da classe 
eliminada 37,85%. 
"Backcross" sem eliminação : 6 espigas com um total de 
1.858 grãos ou 310 grãos por espiga. Freqüência observada das 
duas classes : 50,4% e 49,6%. 
São justamente as espigas com eliminação que contêm o 
maior número médio de grãos por espiga. 
Nos "backcrosses" com eliminação temos num total de 
8.494 grãos, sendo que 5.269 grãos pertencem à classe favore-
cida pelo gen Sp e apenas 3.225 grãos pertencem à classe par­
cialmente eliminada. Se a eliminação fosse de óvulos, então 
podíamos determinar que foram eliminados cerca de 5.269 me­
nos 3.225 ou 2.043 óvulos ou grãos. Assim, o número hipotéti­
co total de óvulos presentes nas 24 espigas podia ser determi­
nado e devia ter sido 8.494 mais 2.043 ou 10;537 óvulos. Isto 
corresponde a um número médio por espiga de 439, ou 130 óvu­
los mais do que atualmente encontrados nas espigas sem eli­
minação. Devemos frisar que uma média de grãos tão alta di­
ficilmente podia ser esparada no tipo de milho usado nestas 
experimentos. 
Finalmente podemos mencionar mais um ponto. Se a eli­
minação de megaspórios causa o aborto de óvulos, devemos es­
perar que exista uma iigação estreita entre a intensidade da 
eliminação e o número de óvulos que funcionavam. Calculan­
do o coeficiente da correlação achámos o valor de r = -f 0,24, 
que é insignificante. Não existe nenhuma correlação entre a eli­
minação dos megaspórios e o número de grãos na espiga. 
Em resumo, a regularidade das fileiras nas espigas, a au­
sência de falhas de grãos, o número médio elevado de grãos 
por espiga não deixam dúvidaalguma de que não havia uma 
eliminação de óvulos ou grãos. Resta assim como única expli­
cação aceitável da ação do gen sp sobre os megaspórios : os me­
gaspórios sp eliminados são sempre substituídos por megaspó­
rios Sp, dentro de cada óvulo. 
5 — DISCUSSÃO 
Nós demos acima os resultados dos nossos estudos sem en­
trar ainda em uma discussão da literatura, e especialmente do 
trabalho detalhado, já mencionado na introdução, de SINGLE­
TON AND MANGELSDORF (1940). 
a) Ação do gen sp sobre o pólen — MANGELSDORF (1931, 
1932), SINGLETON (1932) e SINGLETON AND MANGEL­
SDORF (1940) já descrevem os principais efeitos dos gens Sp 
e sp como eles podem ser verificados em heterozigotos. O ta­
manho dos grãos de pólen sp é em geral menor do que o dos grãos 
de pólen Sp. As medições executadas no meu material deram 
o mesmo resultado, de modo que não precisam ser relatadas 
aqui em detalhe. (GURGEL 1944). As duas curvas de distribui­
ção, do tamanho dos grãos de pólen, Sp e sp, são ás vezes bem 
distintas, às vezes transgressivas, dando apenas uma curva bi-
modal para os heterozigotos, 
O segundo efeito dos aleles Sp e sp consiste em que eles 
causam em heterozigotos uma forte competição de tubos polí­
nicos. MANGELSDORF (1931, 1932) demonstrou, separando os 
dois tipos de grãos de pólen por peneiras, que ambos são capa­
zes separadamente de crescer até atingir os óvulos e fertilizar 
normalmente as oosferas- Porém, quando se usa a mistura nor­
mal do pólen dos heterozigotos, praticamente todos os tubos sp 
são excluídos da fertilização pelo desenvolvimento mais rápido 
dos tubos Sp. Tanto SINGLETON AND MANGELSDORF (1940) 
c SINGLETON (1940) como nós, verificámos que és vezes tube 5 
sp conseguem vencer a competição. Os dados dos autores não 
permitem uma avaliação detalhada. Em nosso material cons­
tatámos que a porcentagem de tubos sp que funcionam varia 
entre 0% e 20% do total de tubos sp formados, isto é, em vez dos 
50% esperados nos heterozigotos. podem funcionar entre 0% 
e 10% de tubos sp. 
Seria interessante verificar se existe uma correlação entre 
a porcentagem dos tubos sp que vencem a competição e a 
transgressão das curvas de tamanho dos grãos de pólen, uma 
comparação ainda não executada. 
Considerando a grande variação de intensidade da compe­
tição observada em plantas irmãs, chegámos à conclusão que 
esta variabilidade pode ser de natureza fenotípica. É muito in­
teressante que SINGLETON (1940) constatou que a intensida­
de da elimnação dos tubos sp depende das plantas usadas co­
mo fêmeas, sendo ela mais fraca em plantas de linhagem Con­
necticut 81 do que em Purdue 39. 
b) Ação do gen Sp nos óvulos — SINGLETON AND MAN­
GELSDORF (1940) já constataram que há, nos heterozigotos 
Spsp, também uma eliminação no lado feminino, mas o modo 
sumário da apresentação dos dados não permite avaliar a in­
tensidade e variabilidade da mesma. A análise individual do 
nosso material prova que a eliminação varia entre amplos li­
mites, porém sem ser em caso algum completa. De todos os 
megaspórios formados sobrevivem e se desenvolvem para grãos 
normais apenas 17% até 49,5% de megaspórios da constitui­
ção sp. 
A causa desta variação pode ser genotípica ou fenotípi­
ca. A diferença das duas progenies analisadas pode ser toma­
da como indicação de uma variação genotípica. De outro lado, 
fizemos uma prova que demonstra claramente a existência da 
variação fenotípica. A intensidade da eliminação dos megas­
pórios sp é sempre mais forte na metade superior da espiga -do 
que na parte inferior. Nâo pode haver nenhuma diferença ge-
notípica entre as duas metades da espiga da mesma planta, 
mas apenas diferenças fenotipicas. 
c) Eliminação dos megaspórios — Desde que RENNER 
(1921) descobriu uma competição entre megaspórios em Oeno­
thera, muitos autores se esforçaram para encontrar este mes­
mo fenômeno, bastante interessante, em outras plantas. Cita­
remos apenas algumas referências ao milho que conhecemos. 
RHOADES (1942) verificou que um tipo anormal do cro-
mossômio H) do milho é transmitido irregularmente. Existe uma 
segregação preferencial no lado feminino e mais do que 70% 
dos sacos embrionários recebem o cromossômio anormal e ape­
nas 30% o seu homólogo normal. Tanto por meios diretos, 
isto é, a observação em cortes microscópicos, como por meios 
indiretos e genéticos, o autor verificou que não se trata de uma 
eliminação ou competição de megaspórios ou zigotos, mas de 
um outro fenômeno citogenético, a segregação preferencial. 
SINGLETON AND MANGELSDORF (1940) discutem a pos­
sibilidade de uma competição de megaspórios em heterozigo­
tos Spsp, chegando porém a regeitar a hipótese. Uma vez que 
chegámos à conclusão oposta, apresentei primeiro o nosso ma­
terial para agora explicar as razões desta divergência de in­
terpretação. 
Devemos frisar que não tentámos a verificação histológi-
ca que fosse a prova decisiva. Quando observámos que a fre­
qüência da eliminação era extremamente variável, não somen­
te entre plantas, mas mesmo dentro da mesma espiga, cheguei 
à conclusão que a probabilidade de encontrar os estágios de­
cisivos em lâminas era bastante reduzida. £ muito mais fácil 
de se constatar, como nos estudos de RHOADES (1942) a ausên­
cia de uma competição entre megaspórios, do que provar e obser­
var a sua existência, sendo necessário para isso um número 
muito grande de lâminas. 
Mas temos provas indiretas, porém decisivas. Uma vez que 
a eliminação de megaspórios ou de sacos embrionários com as 
suas oosferas de constituição sp é compensada pelo desenvol­
vimento de outros megaspórios da constituição Sp no mesmo 
óvulo, a eliminação não atinge os óvulos e grãos de milho. Ape­
sar da eliminação de gens, não há grãos abortivos. De outro 
lado, não havendo uma tal compensação, a eliminação dos me­
gaspórios causaria o aborto dos óvulos, e na espiga madura a-
pareceriam falhas ou grãos defeituosos sem embriões. O núme-
ro total de grãos por espiga deve ser diminuído de acordo com 
a intensidade da eliminação. 
Não observámos nenhum aparecimento de falhas ou de 
grãos defeituosos nas espigas, mesmo quando a eliminação 
atingiu mais do que um quarto dos óvulos. As espigas eram 
cheias e com fileiras bem regulares. Apareceram naturalmen­
te algumas espigas imperfeitas, mas isto não prova nada, pois 
é inevitável que em algumas espigas a polinização seja apenas 
imperfeita. Em 36 espigas com eliminação, 7 tinham menos do 
que 200. grãos e apenas 4 menos do que 150 grãos. 
O número médio de grãos por espiga era maior em espigas 
com eliminação do que em espigas sem eliminação, como se vê 
pelos seguintes números: "backcross" com eliminação: 24 es­
pigas com uma média de 354 grãos. Autofecundação com elimi­
nação ; 8 espigas com uma média de 392 grãos. "Backross" 
sem eliminação: 6 espigas com uma média de 310 grãos. -
Uma inspeção dos dados dos Quadros 3, 6 e 7 também in­
dica que não existe um paralelismo entre o número de grãos 
por espiga e a intensidade da eliminação. O coeficiente da cor­
relação linear r = 0,28 é muito pequena e bem insignificante. 
Agora nós temos que discutir ainda os argumentos con­
trários de SINGLETON AND MANGELSDORF (1940). 
"Que a substituição de megaspórios (dentro de cada óvu­
lo), se ocorre de qualquer forma, não é completa, é imediata­
mente aparente pelo fato que as espigas de plantas heterozi-
gotas são raramente cheias e geralmente demonstram muitos 
grãos faltando. Porém, se existe qualquer substituição, o núme­
ro de vagas devia ser menor do que o número esperado de acor­
do com o cálculo da sobrevivência de sp no megaspório". <Pg. 
378). Concordamos com o argumento, e para o nosso material 
comprovámos que o número dé vagas era bem menor. De fato 
era igual a zero apesar de que pelo cálculo esperámos mais do 
que 100 vagas na espiga. Os autores citados não dão dados de­
talhados quantitativos. Assim, é dificil de analisar a conclusão 
dada acima, e provar se o número de falhas de grãos observa­
das no material dos autores é forado normal. 
Em segundo lugar, os autores citam os seguintes dados 
para provar que as espigas com eliminação sempre contêm me­
nos grãos do que as espigas sem eliminação: 
1926 — 29 espigas sem eliminação : 263 grãos por espiga 
77 espigas com eliminação : 179 grãos por espiga 
1930 — 32 espigas sem elimnação : 377 grãos por espiga 
160 espigas com eliminação : 238 grãos por espiga. 
Os autores depois calculam qual devia ser a redução do 
número de grãos para explicar a eliminação do gen sp e. che -̂
gam ao resultado que a redução observada é maior ainda dò 
que a esperada, e concluem: "As médias dos dois anos é 69,6% 
calculada e 65,6% observada. O fato que o número observado 
nas espigas de plantas Sp sp é menor em ambos os anos do que 
o número calculado na base da sobrevivência de sp, é prova­
velmente devido ao fato que plantas heterozigotas para sp são 
um pouco mais fracas do que plantas normais e, de acordo, 
contêm provavelmente espigas um pouco menores. Os núme­
ros calculados e observados estão muito bem de acordo, e isto 
indica não somente que não tinha substituição de megaspórios, 
mas também que os dados referentes à sobrevivência de sp nos 
megaspórios foram razoavelmente exatos" (pg. 378). 
A segunda frase dos autores contém duas vezes a palavra 
"probably", o que reduz um pouco o valor da afirmação da 
terceira frase. Assim, não podemos julgar se talvez toda a re­
dução do número de grãos nas plantas Spsp podia ser atri­
buída à redução do vigor das plantas que eram às vezes cerca 
de 3 polegadas menores do que as plantas Sp Sp. Em nosso ma­
terial não havia nem redução do vigor da planta, nem do ta­
manho da espiga. 
Podemos resumir a situação da forma seguinte: 
Em nosso material há eliminação de megaspórios sp, mas 
não há uma falta correspondente de óvulos ou grãos, nem apa­
recem falhas nas espigas. Então deve haver uma substituição 
de megaspórios dentro de cada óvulo. 
SINGLETON AND MANGELSDORF (1940) constataram 
claramente que no seu material há falhas nas espigas e uma 
redução do número de grãos nas espigas em plantas heterozi­
gotas Sp sp. Porém, os autores não provam que estas falhas 
são causadas pela eliminação dos megaspórios. Eles mencio­
nam uma outra causa possível, a redução do vigor em seus he­
terozigotos. 
A relativa concordância dos valores observados e calcula­
dos pelos dois autores tem ao meu ver apenas um valor relati­
vo, pois é sempre difícil avaliar dados que foram aglomerados 
("pooled") e ajustados. Uma prova individual, espiga por es­
piga, do paralelismo da eliminação dos megaspórios e dos óvu­
los apenas podia ser conclusiva, e em nosso material não exisr 
te um tal paralelismo. 
c) Efeito do gen sp sobre a planta em geral — SINGLE­
TON AND MANGELSDORF (1940) observaram que as plantas 
héterozigotas Spsp eram menos vigorosas, às vezes 3 polega­
das menores na média, sendo também mais tardias no seu flo­
rescimento do que as homozigotas da constituição SpSp. 
Nenhuma diferença das plantas foi observada em nosso 
material. As plantas eram da mesma altura e floresciam si­
multaneamente, de modo que "backcrosses" nos dois sentidos 
não ofereceriam a mínima dificulade. 
Os autores, tantas vezes já citados, chegaram à conclusão 
que a combinação homozigota spsp não era viável. Não temos 
observações neste ponto, pois trabalhámos em geral com 
"backcrosses" nos quais apenas homozigotos normais Sp Sp e 
heterozigotos Spsp eram esperados. 
d) Crossmg-ever entre Spsp e Su/su no cromossômio IV — 
SINGLETON AND MANGELSDORF (1940) detrminaram o va­
lor do "crossing-over" entre o gen do "small pollen" e o gen 
para milho doce, sul, como sendo 3,8%, 4,8% e 5,2% em famí­
lias diferentes. A dificuldade da determinação exata consiste 
no fato que, em se tratando de um fator gametofítico com eli­
minação no lado feminino e masculino, nós devemos saber de 
antemão ou o valor de "crossing-over" para determinar a in­
tensidade da eliminação, ou então deve ser Conhecida esta úl­
tima, para poder determinar o valor de "crossing-over". Mas 
infelizmente ambos os valores são desconhecidos. 
Os nossos dados não podem ser explicados com um valor 
de "crossing-over" maior do que 4%, e aceitamos neste traba­
lho um valor aproximativo de 3%. 
6 — CONCLUSÕES 
1) O gen para pólen pequeno ("small pollen", spl), está 
localizado no cromossômio IV, sendo o valor de "crossing-over" 
com o gen para milho doce (su-1) de 3 a 4%, em nosso material 
2) A intensidade da eliminação de tubos polínicos sp em 
heterozigotos Spsp varia entre os limites de 0% ate 20% so­
brevivência. Deste modo obtemos em "backcrosses Sp Sp x 
Sp sp uma transmissão do gen sp em 0 até 10% dos tubos polí¬ 
nicos, em vez de 50%, que seria o valor esperado se não hou¬ 
vesse eliminação. Pela ação combinada de "crossing-over" e 
da eliminação imperfeita, o gen Su é transmitido pelo pólen 
do heterozigoto Su sp/su Sp em 3% até 13%, em vez do valor 
esperado de 50%. 
3) A eliminação do gen sp no lado feminino é bem mais 
fraca e a sua transmissão varia entre 16% a 49,5%,em vez de 
50% esperado, causando distúrbios correspondentes na segre­
gação do gen doce. 
4) A variabilidade da intensidade da eliminação é em par­
te devida a diferenças genotípicas, pois existem diferenças en­
tre progenies. Porém, a existência da variação fenotípica tam­
bém foi comprovada, pois a eliminação no lado feminino é em 
geral mais forte na metade superior da espiga do que na me­
tade basal. 
5) A eliminação no lado feminino podia ser causada seja 
por uma competição entre megaspórios, e neste caso os megas­
pórios serão sempre substituídos dentro de cada óvulo por ou­
tros megaspórios, seja por uma eliminação completa do óvulo 
e grão correspondente. 
Não observámos nenhum sinal de uma eliminação de óvu­
los ou grãos, pois: 
a) as espigas são bem granadas, com fileiras regulares, 
mesmo em casos onde havia uma eliminação muito forte de 
cerca de 70% de todos os megaspórios da constituição sp. 
b) o número de grãos por espiga não é menor, mas, ao con­
trário, maior em espigas com elimnaçáo, comparadas com as 
espigas sem eliminação. 
c) não há nenhuma correlação entre a intensidade da eli­
minação e o número de grãos por espiga, (r = 0,28, insignifi­
cante). 
Podemos pois concluir que a eliminação dos gens sp se dá 
pelo processo chamado competição entre megaspórios, descri­
to pela primeira vez, em Oenothera, por RENNER (1921). 
6) Esta última conclusão (5, c) está em plena contradição 
com os resultados do trabalho de SINGLETON AND MANGEL­
SDORF (1940), que observaram o apareciemnto de falhas nas 
espigas e uma redução do número de grãos por espiga nas plan­
tas heterozigotas Spsp. Porém, hão foi feita nesse material a 
comprovação decisiva que a falta evidente de grãos e a elimi­
nação de megaspórios sp é a mesma coisa, a última causando 
a primeira, e que não se trata de processos diferentes. A con­
cordância de valores calculados e observados tem, ao meu ver, 
apenas valor relativo, em se tratando de dados aglomerados 
("pooled"). 
7) Nenhum efeito do gen sp sobre caracteres das plantas 
em heterozigotos Spsp foi observado em nosso material. 
ABSTRACT 
The experiments reported were started as early as 1933, 
when indications were found in class material that the factor 
for small pollen, spl, causes not only differences in the size 
of pollen grains and in the growth of pollen tubes, but also a 
competition between megaspores, as first observed by REN-
NER (1921) in Oenothera. Dr. P. C. MANGELSDORF, who had 
kindly furnished the original seeds, was informed and the 
final publication delayed untill his publication in 1940. A 
further delay was caused by other circunstances. 
The main reason for the differences of the results obtained 
by SINGLETON and MANGELSDORF (1940) and those repor­
ted here, seems to be the way the material was analysed. I 
applied methods of a detailed statistical analysis, while MAN­
GELSDORF and SINGLETON analysed pooled data. 
1) The data obtained on pollen tube competitionindicate 
.that there is about 3-4% of crossing-over between the su and 
sp factors in chromosome IV. The elimination is not always 
complete, but from 0 to 10% of the sp pollen tubes may fun­
ction, instead of the 50% expected without elimination. These 
results are, as a whole, in accordance with SINGLETON and 
MANGELSDORF's data. 
2) Female elimination is weaker and transmission determi­
ned as between 16 to 49,5%, instead of 50% without competi­
tion, the values being calculated by a special formula. 
3) The variability of female elimination is partially ge¬ 
notypical, partially phenotypical. The former was shown by 
the difference in the behavior of the two progenies tested, 
while the latter was very evident when comparing the upper 
and lower halves of ears. For some unknown physiological rea­
son, the elimination is generally stronger in the upper than 
in the lower half of the ear. 
4) The female elimination of the sp gene may be caused 
theoretically, by either of two processes: a simple lethal effect 
in the female gametophyte or a competition between megas­
pores. The former would lead not only to the abortion of the 
individual megaspores, but of the whole uniovulate ovary. In 
the case of the latter, the abortive megaspore carrying the 
gene sp will be substituted in each ovule by one of the Sp me¬ 
gaspores and no abortion of ovaries may be observed. My ob­
servations are completely in favor of the second explication: 
a) The ears were as a whole very well filled except for a 
few incomplete ears which always appear in artificial pollina­
tions. 
b) Row arrangement was always very regular. 
c) The number of kernels on ears with elimination is not 
smaller than in normal ears, but is incidentally higher : with 
elimnation, in back-crosses 354 kernels and in selfed ears 390 
kernels, without elimination 310 kernels per ear. 
d) There is no correlation between the intensity of elimi­
nation and the number of grains in individual ears; the coef­
ficient; of linear correlation, equal to 0,24, is small and insigni­
ficant. 
e) Our results are in complete disagreement whit those 
reported by SINGLETON and MANGELSDORF (1940). Since 
these authors present only pooled date, a complete and detailed 
analysis which may explain the cause of these divergences is 
impossible. 
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