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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
Os direitos fundamentais são aqueles direitos que têm uma relevância muito grande para a 
configuração de uma vida digna, sendo inerentes ao ser humano pela sua própria condição de 
humanidade 
DIREITOS= tem natureza declaratórias de norma constituindo, assim bens e vantagem 
prescrito da norma constitucional. EX.: Direito à vida, direito à religião e direito à liberdade de 
ir e vir. 
GARANTIAS= por seu turno, trazem uma proteção e maior segurança à aplicabilidade da 
norma prescritiva do direito. EX.: Os remédios constitucionais (habeas data, habeas corpus, 
mandado de segurança, mandado de injunção, ação popular) constituem mecanismos úteis à 
aplicação justa dos direitos e à repressão de violações a eles. 
Disposições meramente Declaratória (direito) e Assecuratórias (garantia) Ex: remédio 
Ex: Direito ao juízo natural (direito) – Art.5º, XXXVII veda a instituição de juízo ou tribunal de 
exceção (garantia) 
 
Direitos Fundamentais são aqueles que, inspirados nos tratados e convenções internacionais, 
foram instituídos na Constituição Federal de 1988. 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 A localização mais básica dos direitos fundamentais está na Carta Magna, em seu Título II, que 
vai do artigo 5º ao 17. 
● Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Art. 5º); 
● Direitos Sociais (Art. 6º ao 11); 
 ● Direitos de Nacionalidade (Arts. 12 e 13); 
● Direitos Políticos e Partidos Políticos (Art. 14 ao 17) 
OBS: em outras partes do corpo geral da Constituição, como no caso do art. 150 que foi 
considerado como Direito Fundamental pelo Supremo Tribunal Federal, visto que instituiu 
limitação ao poder de tributar. 
Esse rol de direitos pode sempre aumentar, mas nunca diminuir. 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
 
 
Princípios DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 ● 1ª - LIBERDADE - omissão do Estado - direitos negativos - liberdades públicas e os direitos 
políticos, direitos civis e políticos que se traduzem na ideia de liberdade. EX.: art.5º, I, CRFB/88 
– “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” 
● 2ª - IGUALDADE - atuação do Estado - direitos positivos - São os Direitos sociais, culturais e 
econômicos que foram conquistados após a sociedade ter entendido que não basta a 
liberdade, sendo preciso que haja a igualdade material (equidade) para construção de uma 
sociedade justa e que busca sanar disparidades. EX.: art.5º, I, da CRFB/88 que prevê o direito à 
igualdade: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição.” 
 ● 3ª - FRATERNIDADE - atuação do Estado e da sociedade em conjunto - direitos difusos e 
coletivos - EX.: Art. 225, CRFB/88 “Não é porque todos possuem o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado que podem tratar o meio ambiente do jeito que bem 
entenderem.” 
 
EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
VERTICAL Refere-se aos direitos cuja relação é efetivada na relação entre o Estado e o 
Particular. Nessas situações o Poder Público fica vinculado aos direitos fundamentais. Um bom 
exemplo são as liberdades individuais que, para serem aplicadas, precisam do respeito do 
Estado. 
1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 
Liberdade Igualdade Fraternidade 
Direitos civis individuais Direitos sociais Direitos à fraternidade 
A partir da Revolução 
Francesa (1789) 
A partir da Constituição do 
México e da Revolução Russa 
(1917) 
A partir do fim da Segunda 
Guerra Mundial (1945) 
HORIZONTAL Nasce da necessidade de regulamentação de algumas relações entre os 
próprios particulares para assegurar o exercício de determinados direitos. É a aplicação dos 
direitos fundamentais entre as pessoas em suas relações privadas. 
 DIAGONAL OU TRANSVERSAL Essa terceira visão é relacionada aos direitos que são 
exercidos entre particulares mas que estão em posições diferenciadas de poder (ex: relação 
entre empregador e empregado; relação entre fornecedor e consumidor). 
 
MÍNIMO EXISTENCIAL X RESERVA DO POSSÍVEL 
MÍNIMO EXISTENCIAL É o núcleo base dos direitos fundamentais que deve ser assegurado às 
pessoas pelo Estado. Basicamente, é o mínimo do mínimo, um leque de coisas que não podem 
ser deixadas de lado. 
RESERVA DO POSSÍVEL O Estado é um ente “artifical”, criado juridicamente, que tem como 
sustento financeiro as verbas oriundas da própria sociedade. Assim, embora o Poder Público 
tenha diversas obrigações em razão do caráter social do Estado. exemplo, o tratamento de 
uma doença no hospital mais caro do país. Isto porque, o Estado possui obrigações, mas 
também existem limitações (como a orçamentária). 
A reserva do possível divide-se em: 
a) FÁTICA: quando se trata da inexistência de recursos (Estado não tem dinheiro para 
determinada tarefa); e 
 b) JURÍDICA: quando faz menção à previsão orçamentária para custeio da despesa requerida. 
Isto porque, o Estado gasta de acordo com o que é previsto nas leis orçamentárias e nas 
demais legislações. Assim, deve haver uma previsão orçamentária para pagar determinada 
despesa. Se não existe essa previsão, o Estado não tem, em tese, a obrigação de prestar o 
direito solicitado. 
OBS: Ao final, na maioria dos casos, a posição adotada pelo Poder Judiciário é de que, mesmo 
diante da inexistência de recursos, o Estado não pode se recusar a prestar os direitos 
fundamentais que estejam atrelados à garantia do mínimo existencial para a dignidade 
humana. 
 
DIREITOS EXCLUSIVOS 
● DIREITOS EXCLUSIVOS DE ESTRANGEIROS É o pedido de naturalização previsto no art. 12, II, 
CRFB/88, bem como a naturalização mais específica para os países de língua portuguesa (que 
tem mais exclusividade ainda). É exclusivo, pois, se a pessoa já é brasileira, não poderá se valer 
desses institutos. 
● DIREITOS EXCLUSIVOS DE BRASILEIROS NATOS São os cargos previstos no art. 12, § 3º, 
CRFB/88 
● DIREITOS EXCLUSIVOS DE PESSOAS JURÍDICAS As pessoas jurídicas possuem direitos que, 
pela natureza dessas pessoas, são exclusivos. Os direitos fundamentais devem estar em 
harmonia com a natureza jurídica de seus titulares, necessitando de tratamento diferenciado. 
Art. 5º, XIX 
 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS EM ESPÉCIE 
DIREITO À IGUALDADE - Art. 5º, caput, CRFB/88 
● Igualdade FORMAL: todos são tratados igualmente perante a lei. 
● Igualdade MATERIAL: o Estado atua nas situações de disparidade social para fazer com que 
a equidade (igualdade de condições) se materialize. EX: Cotas nas universidades; Lei Maria da 
Penha. Do direito à igualdade decorre o Princípio da Não-Discriminação: proibição de diferença 
de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou 
estado civil (Art. 7º, XXX, CF\88). 
PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS - Art. 5º, LXXIX, CRFB/88 
ASSISTÊNCIA RELIGIOSA NA PRISÃO 
Estado LAICO 
 Estado que não possui uma religião oficial e não 
obriga as pessoas a terem uma religião. 
Estado LAICISTA 
Estado ateu que obriga todos os demais a 
não terem religião. 
(ex.: presídio) e façam um trabalho social e 
religioso. 
 
 
DIREITO DE RELIGIÃO E OPINIÃO FILOSÓFICA – Art. 19, I; Art. 5º, VIII 
A jurisprudência entende que essa imunidade tributária também se aplica aos cemitérios que 
seriam extensões do credo religioso, inclusive pelos ritos realizados antes, durante e depois 
do enterro. 
 
Legislação sobre sacrifício de animais em prol de rituais religiosos: O STF entendeu ser 
constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite 
o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. Contudo, não pode 
haver uma crueldade na utilização dos animais para esses rituais. NA PROVA: se essa temática 
for cobrada na prova, a lei será materialmente constitucional. Contudo, deve-se observar se a 
questão inseriu algum vício de formalidade, pois, nesse caso, a lei poderá ser formalmente 
inconstitucional, ainda quea matéria esteja de acordo com a CRFB/88. 
ENSINO RELIGIOSO FACULTATIVO - Art. 210 
DESTINAÇÃO DE VERBAS PÚBLICAS O artigo 213 da CRFB/88 traz outra espécie de parceria 
que pode existir entre as religiões e o Estado. 
Súmula Vinculante 37: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (Art. 5º, II, e 37CRFB/88). 
ATENÇÃO!! Sempre cite esse princípio em questões que tratem sobre a Administração Pública 
e os entes públicos. 
 
DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO Art. 5º, IV; Art. 5º, V; Art. 5º, IX; Art. 220, II; Art. 220, § 
4º e § 6º 
Jurisprudência 
Manifestação pela discriminalização do aborto ou da maconha - também é possível. O fato de 
estarem relacionados a condutas criminalizadas não exclui a liberdade de se manifestar sobre 
a própria descriminalização. 
Não é preciso ter faculdade de jornalismo para ser jornalista, em respeito ao princípio da 
liberdade de manifestação e acesso à informação. Até pouco tempo atrás, entendia-se que era 
necessário Ensino Superior para ser jornalista. Contudo, já existiam diversos jornalistas 
consagrados que não tinham estudado em uma faculdade, mas, mesmo assim, prestavam um 
serviço social muito interessante. Pensou-se também que colocar essa restrição poderia 
ocasionar, na prática, uma dificuldade para que as pessoas exercessem a liberdade de 
publicação nos meios sociais e impressos para fins de informação e acessibilidade ao 
jornalismo. Por conseguinte, decidiu-se pela desnecessidade de ter cursado Ensino Superior 
para poder ser jornalista. 
Biografias não autorizadas (ADI 4815) - Possível Por uma questão de interesse público, 
permite-se que seja publicada biografia, mesmo que o alvo dela não queira isso. Contudo, na 
biografia não podem ser inventadas informações mentirosas e erradas, hipótese em que o 
biografado ou outra pessoa mencionada na biografia terá direito à reparação dos danos que 
sofrer. 
DIREITO DE ASSOCIAÇÃO Art. 5, XVII; Art. 5º, XVIII e Art. 5º, XIX 
SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES 
DA ASSOCIAÇÃO 
DISSOLUÇÃO DA PRÓPRIA 
ASSOCIAÇÃO 
Decisão judicial Decisão judicial com trânsito em 
julgado 
 
 
DIREITO DE REUNIÃO Art. 5º. XVI 
DECISÃO IMPORTANTE: O STF decidiu que a falta de aviso prévio não significa, 
necessariamente, a ilegalidade da reunião, visto que em muitas situações não se faz 
imprescindível a notificação às autoridades. (Tema 855) 
 
DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO Art. 5.º, XXXIII 
TODAVIA, há informações que podem ter seu acesso negado sob a alegação de sigilo para 
preservação do interesse público. São as informações que envolvam: 
 1. Forças Armadas; 
2. Segurança Nacional; 
3. Reservas Energéticas; 
4. Matéria Radioativa. 
DIREITO À OBTENÇÃO DE CERTIDÕES PERANTE O PODER PÚBLICO “Artigo 5º, XXXIV 
DIREITO DE ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO Art. 5º, LXXVIII e Art. 5º, XXXV – 
JUSTIÇA DESPORTIVA Art. 217, § 1º, CRFB/88 - Apesar de receber o nome de “Justiça”, a 
Justiça Desportiva não exerce o poder de jurisdição. É uma justiça administrativa 
TRIBUNAL DO JÚRI Art. 217, XXXVIII - e reconhecida a instituição do júri, com a organização 
que lhe der a lei (…) MUITO IMPORTANTE: A competência constitucional do Tribunal do Júri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido, exclusivamente, pela 
Constituição Estadual (Súmula Vinculante 45). 
CRIMES INAFIANÇÁVEIS E IMPRESCRITÍVEIS 
●Racismo e Ação de Grupos Armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático (Art. 5º, XLII e XLIV, da CRFB/88) são considerados inafiançáveis e 
imprescritíveis. 
CRIMES INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA OU ANISTIA 
A Tortura, o Terrorismo, os Crimes Hediondos e o Tráfico Ilícito de Entorpecentes, Drogas e 
afins (Art. 5º, XLIII, CF/88) são crimes insuscetíveis de graça ou anistia. 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o crime de injúria racial configura 
um dos tipos penais de racismo e é imprescritível. 
 
DIREITO DE NÃO SER EXTRADITADO Art. 5º, LI 
OBS.: O pedido de extradição decorre de uma cooperação internacional. 
DIREITO À INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO Art. 5º, XI – 
FLEXIBILIZAÇÃO: O STF considera válida a entrada, com mandado judicial, durante o período 
noturno, em ambiente profissional a fim de que ali sejam implantadas escutas (como modo 
de investigação de algum delito), não havendo proibição calcada na inviolabilidade noturna 
do domicílio. 
 
DIREITO À SAÚDE Art. 196 
COMENTÁRIOS À LGPD E PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DE DADOS 
O direito à informação é CAUSA e CONSEQUÊNCIA da própria existência da democracia 
constitucional. 
 Fundamento da representatividade democrática 
 Sem informação, o cidadão não há exercício de fato do direito ao voto livre, não há 
fiscalização do Estado, etc. 
 Em regra, todas as informações do Estado devem ser públicas. Excepcionalmente, 
algumas informações serão sigilosas, mas isso sempre deverá ser previsto legalmente. 
EX.: documentos relacionados à segurança nacional, a priori, são sigilosos. Ainda 
assim, deve haver justificativa para o seu sigilo. 
EX.: processos que envolvem menores são sigilosos. 
EX.: certos tipos de investigações e processos penais também são sigilosos. 
REGRA – PUBLICIDADE 
EXCEÇÃO – SIGILO 
 
 DIREITO À INFORMAÇÃO - Art. 5º, XIV, da CRFB/88; Art. 5º, XXXIII 
LEMBRE-SE: deve haver justificativa para o sigilo e essa justificativa deve estar fundamentada 
em lei. 
 
TRANSPARÊNCIA E INFORMAÇÕES DO ESTADO - Art. 37, caput, da CRFB/88 
LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO (LEI 12.527/11)- A Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à 
informação) regula o acesso a informações previsto nos seguintes dispositivos constitucionais: 
● Art. 5º, inciso XXXIII; 
● Art. 37, §3º, inciso II; 
● Art. 216, §2º. 
Art. 3º e Art. 4º, da Lei nº 12.527/11 
 
O PEDIDO E SUA ANÁLISE Art. 10, da A Lei nº 12.527/11 - NÃO PRECISA JUSTIFICAR O PEDIDO 
OBS. sobre o §2º: a exigência de disponibilizar a informação pela internet tem como objetivo 
facilitar ainda mais esse acesso 
 Diante da NEGATIVA do direito ao acesso à informação, é possível interpor: 
● Recurso administrativo: art. 15, Lei 12.527/11; 
● Habeas Data (caso sejam informações pessoais): Lei 9.507/97; 
 ● Mandado de Segurança (para anular a negativa): Lei 12.016/09 
 CONDUTAS ILÍCITAS - Art. 32 da Lei 12.527/11. Constituem condutas ilícitas que 
ensejam responsabilidade do agente público ou militar: 
 
 SANÇÕES - Art. 33, Lei 12.527/11. 
 
 
 LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS (LEI 13.709/18) – 
Art. 23, da Lei nº 13.709/18 
Art. 26, da Lei nº 13.709/18 
EX.: criam política pública de incentivo ao ensino, pois analisaram que na cidade X há 
um grande número de crianças que não estão frequentando a escola. O §1º do art. 26 
veda a transferência de informações a entidades privadas. 
EX.: O Estado não pode vender essas informações a uma rede de supermercado para 
que eles criem algoritmos de compra. 
 
Portanto, o Poder Público pode compartilhar essas informações desde que seja para o 
interesse social e que possua uma finalidade específica de execução de políticas 
públicas e atribuição legal pelos órgãos e pelas entidades públicas. 
 
 EC 115/2022 - Art. 5º, LXXIX - Todavia, não existia uma previsão constitucional específica 
sobre isso. Assim, por meio da EC 115/2022 esse direito tornou-se direito fundamental 
individual constitucionalmente previsto e, portanto, cláusula pétrea.

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