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Conteúdo dos Módulos/Modulo 1.pdf RESUMO – MÓDULO 1 1 Ergonomia 1949 - Início pós-guerra com base na análise de quedas de avião, considerando características fisiológicas e psicológicas para adaptar os instrumentos aos aviadores. 1990 - Desenvolvimento no Brasil com a publicação da NR 17. Correntes: Influenciada pela engenharia – normas de projeto, limites de tolerância Influenciada pela etnografia – norteia a prática da AET. Pensar o trabalho a partir da experiência dos trabalhadores. Norteia a prática da AET e está contida na NR 17. Segundo Daniellou, a ergonomia estuda a atividade de trabalho a fim de contribuir para a concepção de meios de trabalho adaptados às características fisiológicas e psicológicas dos seres humanos, com critérios de saúde e de eficácia econômica. Ergonomia carrega um modelo de saúde: O estado de saúde depende das condições, organização e da atividade trabalho, assim como depende de fatores individuais. A capacidade de agir dos trabalhadores garante sentido ao trabalho; sua limitação pode ser patológica. A prevenção depende do desenho das situações de trabalho e seu alcance. Ergonomia carrega um modelo de produção: Os trabalhadores são agentes de confiabilidade, não de risco. O desenho dos sistemas de produção deve favorecer a ação humana, individual e coletiva. Propõe mudança de perspectiva para a gestão: do controle para o suporte das atividades. Projeto da ergonomia visa: Influenciar o projeto das situações de trabalho. Aumentar a margem de ação dos atores. Valorizar a competência dos atores, favorecer seu desenvolvimento e sua emancipação no trabalho. Aplicação da ergonomia: Situações com alta prevalência de adoecimento. Considerando a atividade do trabalho, o desafio da ergonomia é poder: Agir, sentir, pensar e debater as diversas situações. Noção de Trabalho: ação, atividade individual e coletiva dentro de um contexto socialmente determinado. Considera a sinergia das dimensões: biológica, cognitiva, subjetiva e social. Tarefa: Conjunto de objetivos mais ou menos prescritos, definidos pelos engenheiros e administradores, designados aos trabalhadores. Para cada tarefa, meio técnicos e organizacionais são disponibilizados, assim como a influenciam. RESUMO – MÓDULO 1 2 Atividade de trabalho: É a mobilização do indivíduo (corpo, cérebro e relações sociais) para atingir os objetivos ficados pela empresa. É dirigida a um fim; singular. Tem seu foco na “situação de trabalho”; deslocamento da ideia de posto de trabalho. Influenciam a atividade de trabalho: Interação em determinado curso da ação. Interação com os clientes. Desenho dos sistemas de produção, organização e recursos disponíveis. Competência dos trabalhadores. Cumprimento de exigências. Carga de trabalho: depende da “margem de manobra” dos trabalhadores que corresponde à possibilidade ou à liberdade da qual dispõe um trabalhador para elaborar diferentes formas de trabalhar a fim de atingir os objetivos da produção, sem prejudicar sua saúde (CAROLY citada por GUÉRIN et al. 2021). Leitura Recomendada / Referências GÚÉRIN F et al. Compreender o trabalho para transformar. São Paulo: Edgar Blucher, 2001. GÚÉRIN F et al. Concevoir le travail, le défi de l’ergonomia. Toulouse : Octarès, 2021. LIMA, F. P. A. A formação em ergonomia. In: KIEFER, C.; FAGÁ, I.; SAMPAIO, M. R. (Org.). Trabalho, educação e saúde: um mosaico em múltiplos tons. São Paulo: Fundacentro, 2001. p. 133-148. FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher, 2007. Conteúdo dos Módulos/Modulo 2.pdf RESUMO – MÓDULO 2 1 Aspectos metodológicos da AET: 1) Demanda (problema, necessidade, projeto) -> reformulação do problema (construção da hipótese) 2) Análise -> compreensão do trabalho (explorando o funcionamento e a atividade), por meio de entrevistas, dados, observações sistemáticas -> diagnóstico bem elaborado 3) Transformação -> mudança nas representações; condução a um projeto ou re-projeto; concepção do trabalho AET = Metodologia: Não implica em um único caminho Desenvolve-se entre a demanda e a possibilidade de transformação Ponto de vista da atividade Modelo operante associa “margem de ação” dos atores como objeto e coloca em perspectiva o desenvolvimento da situação Intervenção é construída em situação No caso da AET, a análise de processos de produção se funda na análise da atividade, que explica o modo de funcionamento a partir das condições de trabalho, sendo evidenciado pelo ponto de vista da atividade, relacionando as condições de trabalho e os resultados das atividades, integrando aspectos da saúde ou da eficiência. A AET vale-se de uma perspectiva etnográfica (descrição do trabalho por meio do olhar da própria pessoa). Quando prevalece a perspectiva do especialista (prisma da racionalidade técnica):, apenas gestos, movimentos, interações, ações nos equipamentos, medidas fisiológicas e dos aspectos ambientais do trabalho, dentre outros, são considerados. Todavia o trabalho não é capturado em sua totalidade. Na perspectiva etnográfica, através de questões e observações, é possível buscar e entender o pensamento e o raciocínio da atividade guiados pelo processo analítico. A atividade é analisada por meio do olhar e experiência dos próprios trabalhadores. Princípios metodológicos: Complementaridade entre a observação e a fala do trabalhador => fundamental Fases da atividade Representatividade das situações envolvidas São observáveis (a atividade materializada): Deslocamentos Busca de informações Interações Operações Técnicas de observação: RESUMO – MÓDULO 2 2 Lápis e papel Registro das falas Medidas Vídeos Categorização: Programas específicos (registro simultâneo de diferentes variáveis observadas) Quando a AET faz parte do projeto, a abordagem se desenvolve e é voltada para o projeto: O objeto passa a incluir a projeção do espaço possível da atividade futura. Ergonomista atua visando a mudança dos atores envolvidos no projeto. Uso de métodos específicos da ergonomia. Simulações baseadas em situações de uso. Qualquer que seja a perspectiva, o objetivo fundamental da AET é expandir a margem de ação dos trabalhadores de forma a garantir melhor condições de trabalho e de saúde resultando em sua maior efetividade no trabalho. Leitura Recomendada /Referências CASTRO, I.CS. Diferenças interindividuais em teleatendimento de emergências: explicitação por meio da entrevista de autoconfrontação. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 31 (114): 83-96, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbso/a/BkmCZYLtD6vHkzLJhGqhxFp/?lang=pt GUÉRIN, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo. São Paulo: Edgar Blücher, 2001. FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher, 2007. LIMA, F. P. A. A Ergonomia como instrumento de segurança e melhoria das condições de trabalho. In: 1O Simpósio Brasileiro sobre ergonomia e segurança do trabalho florestal e agrícola, 2000, Belo Horizonte. Ergoflor. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. p. 1-11. TAKAHASHI, M.A.C.; PIZZI, C.R.; DINIZ, E.P.H. Nutrição e dor: o trabalho das merendeiras nas escolas públicas de Piracicaba – para além do pão com leite. Rev. bras. Saúde ocup., São Paulo, 35 (122): 362-373, 2010. Conteúdo dos Módulos/Modulo 3.pdf RESUMO - MÓDULO 3 1 Saúde deficiente dos servidores públicos implicada em problemas na prestação dos serviços do Estado. Incidência de acidentes, doenças, afastamentos e aposentadorias precoces. Os servidores adoecem em vista das suas condições de trabalho e da associação de agravos com o trabalho. Contribuição de outras disciplinas: - Modelo demanda-controle-suporte social (Karasec) - Psicologia do trabalho (Clot) “Quando as atividades estão impedidas, confinadas, encarceradas, o sofrimento que dela decorre é uma forma de “amputação do poder” do sujeito... A maneira de Paul Ricouer pode-se pensar que “o sofrimento não é unicamente definido pela dor física ou mental mas, pela diminuição, seja destruição da capacidade de agir do poder-fazer, percebidos como agravo à integridade em si.” (Clot, 2007) Referencial da Ergonomia: Margem de ação e patologia organizacional Atividade e relação de serviço Situação de serviço: Foco nas interações, nas relações de serviço Dedicação e compaixão Dimensões subjetiva, cognitiva e social Modelo adotado para explicar o adoecimento no serviço público: Engajamento: forma e possibilidade Impedimentos técnicos e organizacionais (limitam o engajamento) Situações de engajamento: Estratégia da Saúde da Família: no caso de dificuldades na internação do paciente, o profissional propõe o acompanhamento da família até o hospital. Na justiça da vara da infância: servidores mudam o ambiente das salas para receber as crianças. Pronto atendimento pediátrico: investimento dos médicos para internar seus pacientes. Impasses e impedimentos: O que pode fazer um pediatra, em caso oncológico ou cirúrgico, na falta de leitos ou recusa de hospital particular? RESUMO - MÓDULO 3 2 O que pode faz uma ACS ao acompanhar pacientes com casos “complicados”, tendo como meio apenas as visitas domiciliares? Sobre os impasses e impedimentos: “evidentemente, lidar com a morte todo o dia é um trabalho que desperta os sentimentos mais intensos, sobretudo quando se perde um paciente, mas nada se compara à frustração de, por limitações extremas, não poder fazer o possível em cada caso.” (Assunção e Lima, 2010) Situações de patologia organizacional no serviço público: Gestão como impedimento Grande demanda Problemas sociais Ausência de meios e de recursos Adoecimento e absenteísmo Premissas para a prevenção: A saúde dos trabalhadores em serviços públicos depende das condições para poder agir, ou seja, poder cuidar, poder acolher de forma digna, poder educar, poder proteger pessoas e ambiente, poder fazer justiça. Assegurar tais condições é fundamental para a prevenção de agravos, o que depende da efetividade das políticas públicas. Necessidade de expansão dos serviços públicos: Gestionarização: Processo no qual é natural raciocinar com os mesmos referenciais de pensamento empregados no campo econômico. A gestão é, na verdade, “uma lógica, um conjunto de princípios de ação apresentados como racionalmente fundados, reputados por otimizar a utilização dos recursos para economizar ou acumular capital”. (Metzger at. Al, 2012, p.227, 228) Exemplos: criação de metas; aprovação automática do aluno (retira margem de manobra do professo para promoção da educação) Gestão pública: Criar mecanismos de controle e punição; critérios econômicos. OU Suportar o engajamento coletivo; presente nas situações; agir sob os valores do serviço público. RESUMO - MÓDULO 3 3 Gestão como suporte (ultrapassar os impedimentos) com a promoção de meios e recursos técnicos e organizacionais. Se a prevenção à saúde depende da possibilidade de realizar a política pública, então os servidores precisam ter o seu poder de agir assegurado, apoiado pela gestão. Exemplo de sucesso desse modo de gestão: Centro de Referência em Saúde do Trabalhador em Piracicaba (Jackson Filho e Barreira, 2013). Leitura Recomendada / Referências Assunção, A. A.; Lima, F. P. A. Aproximações da ergonomia ao estudo das exigências afetivas das tarefas. In: GLINA, D. M. R.; ROCHA, L. E. (Org.). Saúde mental do trabalho: da teoria à prática. São Paulo: Roca, 2010. p. 210-228. ASSUNÇÃO, A. A.; JACKSON FILHO, J. M. Transformações do trabalho no setor saúde e condições para cuidar. In: ASSUNÇÃO, A. A.; BRITO, J. Trabalhar na saúde: experiências cotidianas e desafios para a gestão do trabalho e do emprego. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2011. p. 45-82. Disponível em: https://doi.org/10.7476/9788575413760 CLOT, Y. Trabalho e poder de agir. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010. Clôt Y. Trabalho e sentido do Trabalho. In Falzon P. (Org.): Ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher, 2007. DANIELLOU, F. Les TMS, symptom d’une pathologie organisationnelle. BTS Newsletter, Bruxelas, n. 11/12, p. 34-37, 1999. Guérin, F. et al. Compreender o trabalho para transformá-lo. São Paulo: Edgar Blücher, 2001. JACKSON FILHO, J. M. Desenho do trabalho e patologia organizacional: um estudo de caso no serviço público. Produção, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 58-66, 2004. MELO, E. M. C.; ASSUNCAO, A. A.; FERREIRA, R. A. O trabalho dos pediatras em um serviço público de urgências: fatores intervenientes no atendimento. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 12, p. 3000-3010, 2007. Mentzer, J. L.; Maugeri, S.; Benedetto-Meyer, M. Predomínio da gestão e violência simbólica. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 37, n. 126, p. 225-242, 2012. Conteúdo dos Módulos/Modulo 4.pdf RESUMO – MÓDULO 4 1 Visão tradicional do “erro” humano: Culpa (conceito jurídico) Desvio em relação às normas (referência única, não considera o contexto a expertise do trabalhador) Julgamento a posteriori ou ilusão retrospectiva Tratado como variável que explica um evento Consequência: perda da oportunidade do aprendizado com base no “erro” pelos sistemas de gestão e de produção. (Lima, 2011) Na concepção tradicional, ao se comparar o processamento dos recursos (entradas) pelo trabalhador gerando desvios de conduta, falhas, incidentes, acidentes, entre outros (saídas) temos como consequência o “erro” humano. Mas, na verdade o que ocorreu foi um “erro” humano ou uma falha? Não há relação entre os processos cognitivos elaborados por quem analisa o “erro”, a partir de uma visão retrospectiva, e pelo trabalhador no “calor da ação, no embate com o real” - devido aos seguintes fatores: Qualidade da informação disponível Interface homem/máquina Representação da situação Expertise Recursos disponíveis ou indisponíveis Complexidade do caso Sinais (ambíguo, fraco, rotineiro) Organização e gestão do trabalho (impedindo ou levando o trabalhador a agir de determinada forma) O que é trabalhar? Fazer frente às panes, incidentes, incoerências organizacionais, imprevistos (matéria-prima, prazos, colegas, chefias, outros) – que distanciam o prescrito do real. Parte das ações para trabalhar não pode ser antecipada, o caminho precisa ser inventado ou descoberto no meio da ação, o que pode resultar em falha. Ou seja, trabalhar é o que o trabalhador precisa acrescentar ao que foi prescrito para enfrentar as variabilidades de modo a alcançar os objetivos esperados pela gestão, colegas e por ele próprio. O que contribui para a falha humana? RESUMO – MÓDULO 4 2 O foco deve ser sobre o processo cognitivo confrontando com a situação vivenciada, o “erro” deve ser analisado de forma clínica e não como explicação para o fato, assim é necessário saber: O que e como foi pensado e executado antes e no curso da ação. O que foi pensado e impedido de ser executado de forma distinta do planejado. Processos subjetivos a ser explorados: Atenção, memória Percepção e avaliação de risco (antes e durante a ação) Experiência, expertise, competência Antecipações, deliberações e escolhas (antes e durante a ação) Ideologias defensivas, valores culturais, afetos Na análise da falha é preciso considerar o modelo de gestão, a organização do trabalho, as condições de trabalho. O que interessa é a subjetividade em ação associada às condições de trabalho, permitindo a criação de formas inovadoras de prevenção, identificação dos pontos fortes e fracos dos trabalhadores e as falhas e vulnerabilidades da empresa no campo da gestão da produção e da segurança e saúde do trabalhador que precisam ser sanadas. Oportunidades para tornar a gestão da segurança mais preventiva do que corretiva: Análise do trabalho real: ao analisar com o trabalhador o processo de pilotagem dos sistemas temos a indicação de onde e como auxiliá-lo, antecipando acidentes e incidentes. Segurança do processo = Segurança Normatizada (barreiras, regras, procedimentos) + Segurança em Ação (competência para diagnósticos e correção de desvios como experiência, conhecimento, outros) Durante a execução do trabalho é preciso identificar com os trabalhadores as origens dos problemas e dos recursos necessários para aprimorar a pilotagem do sistema (melhorar competências, procedimentos normativos aderentes à realidade, outros). O inventário de risco previsto na NR 01 precisa contemplar os riscos da tarefa e os riscos que surgem na pilotagem do sistema. A análise precisa se voltar ao cotidiano, os alertas devem ser discutidos coletivamente (canais de informação), substituir as barreiras e fazer uso da Ecologia de Saberes (Boaventura S.Santos). Análise dos acidentes e incidentes de alto risco: RESUMO – MÓDULO 4 3 Devem ser analisados os fatores distais e proximais e as consequências imediatas e tardias (modelo gravata-borboleta de análise de acidente – Hale et.al, 2007) Princípios metodológicos: Não se satisfazer com os primeiros achados, nos comportamentos e nas falhas dos trabalhadores. Fazer a análise sistêmica e cognitiva do “erro” cometido pelo operador, mesmo no caso de trabalhador experiente. Conduzir a investigação de um acidente/incidente sob dois aspectos fundamentais: as condições concretas de trabalho e a subjetividade do trabalhador. Promoção da gestão da segurança na prevenção de acidentes do trabalho: antecipar os acidentes com uso da metodologia da AET, a análise da falha humana, do trabalho real e do acidente. Ações para a prevenção de acidentes graves, fatais e tecnológicos ampliados: Foco na prevenção dos riscos de maior potencial Repensar o sistema de defesa em profundidade Cultivar uma consciência compartilhada dos riscos mais importantes Ter êxito na prevenção dos acidentes mais graves Na análise de acidentes ampliados a análise da atividade deve ser considerada na: Análise histórica (tecnologia, gestão, fatores humanos e organizacionais que contribuíram para o evento) Análise horizontal (interface dos serviços e dos setores) Análise vertical (estrutura organizacional, interações Equívocos e limites da análise de acidentes: Tratar fato sistêmico como fato isolado, uma decisão isolada de uma pessoa Ausência de crítica radical da relação e interação entre estrutura (sistema econômico) e indivíduo O que está por trás dos acidentes de trabalho, graves, fatais e tecnológicos ampliados? Decorrem de modelos e práticas generalizadas, não específicas de uma empresa ou atos e decisões isoladas de uma ou mais pessoas: Esgotamento: do modelo econômico, da exploração do trabalho e recursos naturais, da política, da imprensa hegemônica e sua forma de vender o mercado para (con)formar a “opinião pública”. Esgotamento: do modelo de gestão do trabalho, do modelo de gestão de segurança e saúde, do modelo de sociedade, de cada por si, dos processos de judicialização e criminalização. Colapso do modelo de sociedade de consumo e de exploração. RESUMO – MÓDULO 4 4 Leitura Recomendada / Referências ALMEIDA, Ildeberto Muniz; VILELA, Rodolfo A. G. Modelo de análise e prevenção de acidentes de trabalho - MAPA. Piracicaba: Cerest, 2010. 52p. Disponível em: http://www.cerest.piracicaba.sp.gov.br/site/images/MAPA_SEQUENCIAL_FINAL.pdf AMALBERTI, R. Gestão da segurança. Botucatu: FMB-UNESP, 2016. AMALBERTI, René et al. Gestão de segurança em sistemas complexos e perigosos - teorias e práticas: uma entrevista com René Amalberti. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo, v. 43, e 9, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0303- 76572018000100701&lng=pt&nrm=iso Acessos em 09 jan. 2019. Epub 30-Ago-2018. https://dx.doi.org/10.1590/2317- 6369000021118 BOISSIÈRES, I. O essencial da prevenção de acidentes graves, fatais e tecnológicos ampliados. Cadernos da Segurança Industrial, ICSI, Toulouse, França, n. Disponível em: https://www.icsi-eu.org/sites/default/files/2021- 04/Icsi_essentiel_PO_prevencao_acidentes_graves_fatais_tecnologicos_ampliados_2019_ 0.pdf BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho. Guia de análise de acidentes de trabalho. Brasília, 2010. 76 p. Disponível em: http://www.sinaees- sp.org.br/arq/mtegat.pdf CARDOSO, Vitor Alexandre de Freitas; CUKIERMAN, Henrique Luiz. A abordagem sociotécnica na investigação e na prevenção de acidentes aéreos: o caso do vôo RG-254. Rev. bras. saúde ocup. [online]. 2007, v.32, n.115, p. 79-98. ISSN 0303-7657. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbso/a/XgtczccNCNXM7Kz3CKxW3Mc/abstract/?lang=pt DANIELLOU, F.; SIMARD, M.; BOISSIÈRES, I. Fatores humanos e organizacionais da segurança industrial: um estado da arte. Tradução de R. Rocha, F. Duarte e F. Lima, do original “Facteurs humains et organisationnels de la sécurité industrielle : un état de l’art. Cadernos da Segurança Industrial, ICSI, Toulouse, França, n. 2013-07, 2010. Disponível em: http://www.forumat.net.br/at/sites/default/files/biblioteca/FHOSI-portugues-v2_Maio- 2014.pdf DEJOURS, C. A avaliação do trabalho submetida a prova do real – críticas aos fundamentos da avaliação. In: SZNELWAR, L. I.; MASCIA, F. (Orgs.). Trabalho, tecnologia e organização. São Paulo: Blucher, 2008. DINIZ, E.P.H.; LIMA, F.P.A.; ROCHA, R.; CAMPOS, M.A. Do erro à experiência: passando pelos compromissos cognitivos: oportunidades para desenvolver a segurança e a eficiência do trabalho. 2018. Disponível em: https://www.forumat.net.br/at/?q=node/1740 RESUMO – MÓDULO 4 5 DINIZ, E. P. H; LIMA, F. de P. A; CAMPOS, M. A; ROCHA, R. O acidente da Barragem de Rejeitos de Fundão: um acidente organizacional? In: PINHEIRO, T. M. M.; POLIGNANO, M. V.; GOULART, E. M. A. (Org.). Mar de Lama da Samarco na Bacia do Rio Doce: Em Busca de Respostas. Projeto Manuelzão – UFMG 2019. Disponível em: https://ergonomiadaatividade.com/2019/03/28/livro-mar-de-lama-da-samarco-na-bacia- do-rio-doce-em-busca-de-respostas-download-gratuito/ LIMA, F. P. A. Natureza dos acidentes e metodologia de análise: princípios e conceitos. In: LIMA, F. P. A; RABELLO, L.; CASTRO, M. (Org.). Conectando saberes: dispositivos sociais de prevenção de acidentes e doenças no trabalho. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2015. Prefácio. p. 12-22. (Série Confiabilidade Humana). LLORY, M.; MONTMAYEUL, R. O acidente e a organização. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2014. 192 p. Disponível em: http://www.forumat.net.br/at/sites/default//arq- paginas/o_acidente_e_a_organizacaomiolo_e_capa2.pdf ROCHA, Raoni; LIMA, Francisco. Erros humanos em situações de urgência: análise cognitiva do comportamento dos pilotos na catástrofe do voo Air France 447. Gest. Prod., São Carlos , v. 25, n. 3, p. 568-582, Sept. 2018 . Disponível em: https://www.gestaoeproducao.com/journal/gp/article/doi/10.1590/0104-530X1115-17 Conteúdo dos Módulos/Modulo 5.pdf RESUMO – MÓDULO 5 1 NR 17 - ERGONOMIA Objetivo Estabelecer as diretrizes e os requisitos -> Adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores -> Proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho. Avaliação das situações de trabalho Avaliação ergonômica preliminar, ouvidos os trabalhadores: Abordagens qualitativas, semiquantitativas, quantitativas ou combinação dessas, dependendo do risco e dos requisitos legais, a fim de identificar os perigos e produzir informações para o planejamento das medidas de prevenção necessárias. Pode ser contemplada nas etapas do processo de identificação de perigos e de avaliação dos riscos descrito no item 1.5.4 da NR 01, sobre as “Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais”. Deve ser registrada pela organização. Deve ser realizada a AET, ouvidos os trabalhadores, quando: “a) observada a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação; b) identificadas inadequações ou insuficiência das ações adotadas; c) sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e da alínea “c” do subitem 1.5.5.1.1 da NR 01; ou d) indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR.” Etapas da AET, ouvidos os trabalhadores: “a) análise da demanda e, quando aplicável, reformulação do problema; b) análise do funcionamento da organização, dos processos, das situações de trabalho e da atividade; c) descrição e justificativa para definição de métodos, técnicas e ferramentas adequados para a análise e sua aplicação, não estando adstrita à utilização de métodos, técnicas e ferramentas específicos; d) estabelecimento de diagnóstico; e) recomendações para as situações de trabalho analisadas; e RESUMO – MÓDULO 5 2 f) restituição dos resultados, validação e revisão das intervenções efetuadas, quando necessária, com a participação dos trabalhadores.” Estão desobrigadas a elaborar a AET, mas devem atender aos demais requisitos da NR 17: Microempresas – MEI (graus de risco 1 e 2) Empresas de Pequeno Porte – EPP (graus de risco 1 e 2) ATENÇÃO: na avaliação da situação de trabalho as MEI e EPP, graus de risco 1 e 2, devem realizar a AET quando: “c) sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO e da alínea “c” do subitem 1.5.5.1.1 da NR 01; ou d) indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR.” Integram o inventário de risco: Resultados da avaliação ergonômica preliminar A revisão, quando for o caso, da identificação dos perigos e da avaliação dos riscos, conforme indicado pela AET Devem estar previstos no plano de ação, nos termos do PGR: “a) as medidas de prevenção e adequações decorrentes da avaliação ergonômica preliminar, atendido o previsto nesta NR; e b) as recomendações da AET." Relatório da AET - disponível pelo prazo de 20 (vinte) anos. A organização do trabalho Deve levar em consideração: “a) as normas de produção; b) o modo operatório, quando aplicável; c) a exigência de tempo; d) o ritmo de trabalho; e) o conteúdo das tarefas e os instrumentos e meios técnicos disponíveis; e f) os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e a saúde do trabalhador.” Como forma de se eliminar ou reduzir riscos, com base na avaliação ergonômica preliminar ou AET deve-se adotar: RESUMO – MÓDULO 5 3 Para atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do tronco, do pescoço, da cabeça, dos membros superiores e dos membros inferiores, medidas técnicas de engenharia, organizacionais e/ou administrativas. Para atividades repetitivas e contínuas, medidas de prevenção como pausas, alternância de atividades ou tarefas. Outros conforme NR. Levantamento, transporte e descarga individual de cargas Devem ser avaliados e considerados: Peso da carga nas diversas situações Local, considerando o acesso, espaço, altura, deposição Posicionamento das cargas e equipamentos Distância do transporte Frequência do levantamento Meio de transporte e descarga de materiais O transporte manual não eventual deve promover: Meios técnicos facilitadores Adequação do peso e tamanho da carga Limitação da duração, frequência e número de movimentos Redução de distâncias Alternância com outras atividades ou pausas suficientes Orientação aos trabalhadores quanto aos métodos de levantamento, carregamento e deposição de cargas Mobiliário dos postos de trabalho Os mobiliários devem possuir regulagens adaptáveis às características e dimensões antropométricas do trabalhador, como: Apoio para os pés. Pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento que possibilite fácil alcance, entre outros. Assentos com os requisitos mínimos estabelecidos. Alternância da posição de pé com a sentado. Assentos disponíveis com encosto para descanso dos trabalhadores durante as pausas das atividades realizadas em pé, dispensados os requisitos mínimos estabelecidos nesse caso. Planos de trabalho que proporcionem condições de boa postura, visualização e operação atendendo a requisitos mínimos estabelecidos. RESUMO – MÓDULO 5 4 A área de trabalho dentro da zona de alcance máximo pode ser utilizada para ações eventuais ou não eventuais, desde que não prejudiquem a SST. Trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais. Deve ser desenvolvido em atendimento as disposições desta NR e em consonância com a NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. A fabricação de componentes, como monitores de vídeo, sinais e comandos deve possibilitar a interação clara e precisa com o operador com objetivo de reduzir erros de interpretação ou retorno de informação, nos termos do item 12.9.2 da NR 12. Os painéis de controle e comando devem estar localizados e posicionados com fácil acesso, manejo fácil e seguro, fácil visibilidade da informação do processo. Terminais de vídeo utilizados no processamento eletrônico de dados devem permitir ajustes de acordo com as tarefas como: iluminação, reflexo, ângulos de visibilidade. Computadores portáteis utilizados de forma não eventual no posto de trabalho devem prever adaptações ao teclado, mouse ou tela de forma a permitir ajustes às características antropométricas do trabalhador e à natureza das atividades. Equipamento e ferramentas manuais cujo peso e utilização possa comprometer a SST devem ser dotados de dispositivos de sustentação ou outra medida de prevenção. Entre os aspectos da concepção e uso de ferramentas manuais estão: Fácil manuseio e uso Evita compressão da palma da mão ou demais dedos em arestas ou quinas vivas Tipo, formato e textura de empunhadura apropriado à tarefa e ao eventual uso de luvas Condições de conforto no ambiente de trabalho Iluminação apropriada à natureza da atividade. Evitar ofuscamento, reflexos, incômodos, sombras e contrates excessivos. Níveis mínimos de iluminamento (NHO 11). Conforto acústico e térmico atendendo aos requisitos estabelecidos. Medidas de controle da temperatura, da velocidade do ar e da umidade, além de medidas de controle da ventilação ambiental. Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e AET GRO: obrigação legal para toda organização que possua trabalhadores, considerando os riscos ocupacionais aos quais estão expostos. GRO é um processo contínuo e permanente graças ao acompanhamento que deve ser feito – processo de melhoria contínua (PDCA) RESUMO – MÓDULO 5 5 Deve ser documentado com todas as informações em um inventário de risco, cujas melhorias e controle devem ser registradas em um plano de ação - Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Quando aplicar a NR 17 Ergonomia: Sempre que constatada a identificação de perigos na falta de adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. Nas fases de Identificação de perigos e avaliação de riscos, com base na NR 17, deve ser feita a avaliação das situações de trabalho (inventário de riscos), resultando em medidas de prevenção (plano de ação). O inventário de riscos do PGR deve conter os resultados da avaliação ergonômica preliminar e a revisão, quando for o caso, da identificação dos perigos e da avaliação dos riscos, conforme indicado pela AET (além das recomendações e melhorias, pode indicar a revisão de identificação dos perigos e da avaliação de riscos). Leitura Recomendada / Referências Organização Internacional do Trabalho. Diretrizes sobre Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO. Tradução Gilmar da Cunha Trivelato, 2005. FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgar Blücher, 2007 Materiais Complementares/Módulo 1 - texto 1.pdf PARA QUE SERVE A ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO Autores: José Marçal Jackson Filho Eugênio Paceli Hatem Diniz Mauro Marques Muller Disponível em: https://www.escolavirtual.gov.br/ Capítulo referenciado: 13 - Elementos da história da ergonomia no Brasil (páginas 321 – 341) Autores: José Marçal Jackson Filho Francisco Lima Sandra Donatelli Angela Paula Simonelli Fonte: JACKSON FILHO, JM; LIMA, F;DONATELLI, S; SIMONELLI, AP. Elementos da História da Ergonomia no Brasil, In: Daniel Braatz, Raoni Rocha e Sandra Gemma (org.). Engenharia do Trabalho: saúde, segurança, ergonomia e projeto © 2021 – Ex-Libris Comunicação Integrada. cap 13, pág 321 - 341. Disponível em: http://engenhariadotrabalho.com.br/sobreolivro/ https://www.escolavirtual.gov.br/ 321 Elementos da história da ergonomia no Brasil 13 José Marçal Jackson Filho Francisco de Paula Antunes Lima Sandra Donatelli Angela Paula Simonelli Acesse www.engenhariadotrabalho.com.br para materiais complementares e atualizados - incluindo atividades e indicação de filmes, artigos e livros. 323 1. Introdução “Adaptar o trabalho ao homem” é o princípio central da ergonomia, disciplina que há muito tempo se contrapõe à tendência de fazer com que os homens e mulheres se adaptem ao trabalho. Esta tendência de submeter os trabalhadores às exigências do trabalho obriga que homens e mulheres se comportem como máquinas ou que funcionem como “variável de ajuste” de projetos malfeitos. Se postos de trabalho, equipamentos e mobiliários não são reguláveis, são as pesso- as que se ajustam ou as empresas que escolhem, por meio de técnicas de sele- ção de pessoal, as que conseguem, apesar de tudo, suportar o trabalho (WISNER, 1987; ABRAHÃO et al., 2009). A história da ergonomia e de como ela se desenvolveu no Brasil, de como responde à questão da adequação recíproca do homem e do trabalho, pode ser contada de diversas formas, pelos nomes dos autores mais importantes, pelos eventos marcantes ou pelas escolas e linhas teóricas. Neste capítulo, não se pretende fazer descrição detalhada dos fatos históricos que fundaram a disciplina1, mas destacar pontos que consideramos mais signifi- cativos, propor uma leitura da perspectiva da história social dos eventos e pro- cessos que justificaram e provocaram a emergência da ergonomia e de sua forma de atuação no Brasil, dos avanços obtidos e dos desafios atuais. Essa perspectiva implica associar demandas sociais, teorias e práticas profissionais, procurando evidenciar relações subjacentes. Embora não existam cursos de graduação em ergonomia no Brasil, a prática profissional reúne profissionais de origem diversa: engenheiros, médicos, psicó- logos, designers, arquitetos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, dentre ou- tros. Essa origem compósita corresponde à diversidade dos problemas colocados à ergonomia. Por um lado, a adequação insuficiente do projeto de equipamentos e sistemas à compreensão dos operadores e a seu funcionamento fisiológico e cognitivo justificou a perspectiva de influenciar no desenho e projeto dos siste- mas, convocando os(as) engenheiros(as), designers e arquitetos(as). Por outro, a incompatibilidade das formas de organização e de gestão do trabalho taylorista com as atividades dos trabalhadores e sua saúde fez emergir a necessidade de compreender as relações entre trabalho e saúde física e mental, convocando mé- dicos, fisioterapeutas e psicólogos. Definida por sua multidisciplinaridade e sua 1 - Para se conhecer a história mais aprofundada da ergonomia no Brasil e no mundo, ver Silva e Paschoarelli (2010). Capítulo 13 - Elementos da história... 324 vocação prática de projetar as condições adequadas aos(às) trabalhadores(as), é natural que a ergonomia tenha despertado o interesse de diversos especialistas. Para a Associação Internacional de Ergonomia, a ergonomia é definida por sua finalidade prática, qual seja, projetar situações de trabalho, de equipamentos e pro- dutos de modo a favorecer a interação dos seres humanos com as diversas interfa- ces, tendo como critérios a saúde, a segurança dos trabalhadores e o desempenho produtivo (DUL et al., 2012). Mas, não apenas, trata-se de prática profissional, vol- tada para participar/influenciar o projeto de sistemas de produção; portanto, junto com as equipes de engenheiros(as) e gestores(as) das empresas, busca garantir a margem de ação dos(as) trabalhadores(as) e assegurar desempenho mais efetivo e proteção à sua saúde e segurança (sua e dos sistemas). Toda intervenção ergonômi- ca envolve, necessariamente, conhecimentos sobre funcionamento no homem e a busca da compreensão da sua atividade na situação de trabalho. Este texto está organizado em quatro seções, começando por algumas refe- rências sobre a história da disciplina (item 2). O item 3 trata da questão central da intervenção e da relação da ergonomia com os(as) engenheiros(as), enquan- to projetistas das situações de trabalho em diversas áreas nas quais os(as) ergo- nomistas atuam (item 4). Ao final, retomamos questões centrais que definem e estruturam o objeto da ergonomia – o trabalho em contextos socioeconômicos determinados – e que, porque estruturantes, colocam desafios permanentes à atuação prática dos(as) ergonomistas. 2. Elementos da história da ergonomia Toda narrativa histórica pode se concentrar nos eventos significativos que mu- daram o curso dos acontecimentos e influenciaram o estado das relações sociais e políticas ou acentuar o curso das ações e interações de determinados atores, buscando compreender a história social do desenvolvimento das instituições e das ideias. Neste texto, adotamos com maior ênfase a segunda opção, narrando a história da ergonomia em função das demandas sociais que colocam certas ques- tões práticas e teóricas à disciplina. Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 325 2.1 Desenvolvimento internacional Para entender a ergonomia praticada atualmente no Brasil, uma ergonomia que faz conviver correntes e tendências diversas existentes no mundo, duas influ- ências maiores podem ser apontadas: 1. A necessidade de projetar equipamentos integrando os fatores e qualidades humanas para torná-los mais eficazes. É comum, nos textos sobre a história da disciplina, apontar as quedas de aviões durante a Segunda Guerra Mundial devido à falta de compreensão por parte dos pilotos das informações a eles apresentadas nos instrumentos de bordo. Os conhecimentos sobre os fatores humanos ajudavam a projetar melhor equipamentos, dispositivos e instru- mentos de trabalho; 2. As péssimas condições de trabalho na mineração e na indústria siderúrgica na Europa levaram, durante os anos 1960, a estudos visando a diminuir a alta carga de trabalho físico. Para modificar as condições de trabalho foi preciso compreender o que se passava nas situações concretas de trabalho. O enten- dimento do trabalho era fundamental para corrigir os problemas com instru- mentos, organização e formas de produção. Dessas experiências iniciais bro- taram diferentes escolas da ergonomia na Itália, França, Inglaterra e Alemanha (THEUREAU, 1974; TORT, 1974). Durante certo tempo, falou-se da coexistência de duas correntes, a Ergonomia de Fatores Humanos (EFH) e a ergonomia da atividade. A primeira corrente dominante, originada nos EUA e Inglaterra, se caracteriza- va enquanto uma engenharia do fator humano, ou seja, seu objetivo era aplicar nos projetos de sistemas de trabalho conhecimentos sobre o funcionamento hu- mano. A prática da EFH é mais cientificista e positivista, isto é, a prática se sustenta em especialidades bem definidas: ergonomia cognitiva, biomecânica, macroer- gonomia ou ergonomia organizacional etc. A segunda, originada na Europa (Bélgica e França em particular), se aproxi- ma da etnografia, uma vez que pretende conhecer as atividades de trabalho re- alizadas pelos(as) trabalhadores(as) de um ponto de vista interno, não como um observador. É preciso, portanto, analisar o trabalho por meio da experiência dos trabalhadores (LIMA, 2000). Não é possível, nesta abordagem, separar as dimen- sões – fisiológicas, psíquicas, cognitivas e sociais – do trabalho, a prática de inves- tigação e análise deve considerá-las para qualquer tipo de trabalho. Capítulo 13 - Elementos da história... 326 Grosso modo, os enfoques, embora as definições das correntes sejam próxi- mas, voltavam-se até os anos 1990 a objetos diferentes: à concepção de sistemas de trabalho e à correção de problemas encontrados nas situações de trabalho, respectivamente. A partir de meados dos anos 1980, as duas correntes passaram a convergir, ob- servando-se a busca de autores da engenharia de fatores humanos por métodos para compreensão dos problemas no trabalho em situação (WILSON; SHARPLES, 2015) e de pesquisadores da ergonomia da atividade em desenvolver metodolo- gias para participação em projetos industriais e de produtos (DANIELLOU, 2007). Mais recentemente, na década de 2000, uma engenharia de resiliência sur- ge, originada na EFH, contendo objetos e conceitos próximos aos da ergono- mia da atividade, quais sejam a importância das atividades reais dos traba- lhadores para a confiabilidade dos sistemas e para a efetividade operacional (HOLLNAGEL, 2014). Destaque precisa ser dado ao desenvolvimento da ergonomia francesa nos anos 1980, que influenciou a história da disciplina no Brasil. Diante do amplo salto tecnológico vigente à época, a questão dos impactos à saúde decorrentes da introdução de novas tecnologias nas empresas foi colocada em destaque pe- las centrais sindicais francesas. Em resposta, o conjunto de leis, Loix Auroux foi promulgado favorecendo a prevenção nas empresas, em especial, instituiu-se a realização de perícias nos locais de trabalho para avaliar o efeito das novas tec- nologias na saúde, quando solicitado pela representação sindical e pelos Comitês de Higiene, Segurança e Saúde do Trabalho (CHSST), recém-instituídos. Por meio dessas expertises, os efeitos à saúde deveriam ser analisados a partir da compre- ensão das atividades reais e dos determinantes da situação de trabalho. 2.2 Elementos sobre a introdução da ergonomia no Brasil Para visualizar o estado da arte da ergonomia no Brasil atualmente, é fun- damental compreender os rumos do seu desenvolvimento e suas ramificações disciplinares em nosso país. Dessa forma, temos de voltar ao início dos anos 1970, quando pesquisado- res da área de design trouxeram pesquisadores de outros países para seminários sobre ergonomia. Foram convidados professores da Europa (entre eles Alain Wisner) e dos EUA. Nesse primeiro movimento, a realização desses seminários culminou com a criação da Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), em 1983 (MORAES; MACEDO, 1989; LUCIO et al., 2010). Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 327 Um segundo movimento fundamental foi a elaboração e publicação da se- gunda versão da Norma Regulamentadora 17, no ano de 1990, que instituiu a obrigatoriedade da Análise Ergonômica da Atividade (AET). A NR-17 foi elaborada por auditores fiscais do trabalho, que haviam se formado na escola de Wisner. A AET foi inclusa, como forma de propiciar acesso à atividade real dos trabalhado- res e de suas condições de trabalho associadas a queixas e problemas de saú- de. A premissa era similar àquela instituída, presente nas Loix Auroux, de possuir abordagem para buscar, na situação de trabalho, elementos para compreender o adoecimento e as queixas dos trabalhadores e, no caso brasileiro, contribuir com a ação da fiscalização do trabalho. Vivia-se, na época, “epidemia de casos de tenossinovite” em digitadores (e ou- tras categorias, como trabalhadores da indústria de autopeças (BARREIRA, 2003), sob alta carga e intensidade do trabalho. A elaboração da Norma Regulamentadora 17 envolveu inúmeros agentes pú- blicos, da fiscalização do trabalho e da pesquisa, associados a sindicalistas, para conter e prevenir agravos diretamente associados ao modo de organização do trabalho. Esse movimento coletivo já apontava para o caráter público que a ergo- nomia assumia e manteve até os dias de hoje. Se no primeiro momento (a partir dos anos 1970-80), a ergonomia se difunde sobretudo nos departamentos de Engenharia, design e arquitetura, psicologia, medicina, num segundo momento ela passa a ser encontrada nos departamen- tos da área da saúde e amplia sua participação nas diversas engenharias, sobretu- do, de produção (anos 1990). É preciso reconhecer o papel da NR-17 no desenvolvimento da disciplina e na consolidação da comunidade profissional de ergonomistas, a partir da imposição da realização da AET por parte das empresas; o que mostra a grande influência da Ergonomia da Atividade no país. No que nos concerne, o ensino da Engenharia, a utilidade da abordagem da ergonomia da atividade para a compreensão do funcionamento dos processos de produção e, posteriormente, para o projeto de situações de trabalho (BRAATZ, 2016), favoreceram sua adoção no seio da engenharia de produção, como se ob- serva atualmente em inúmeros departamentos universitários. Capítulo 13 - Elementos da história... 328 3. Transformação do trabalho: questões fundamentais e intervenção ergonômica, métodos e diálogo com os(as) engenheiros(as) Integrar a dimensão humana e as atividades de trabalho no desenho e funcio- namento dos sistemas é a maior contribuição da ergonomia. Isso implica dialogar com as ciências e prática da Engenharia (ver capítulo 2 sobre modelos de organi- zação do trabalho). É fato que a dimensão humana e seu papel na operação dos sistemas técnicos não se constituem em objeto maior de preocupação das engenharias. Todavia, alguns problemas de natureza organizacional e de disfunção técnica encontram resposta na análise e observação das atividades de trabalho. A ergonomia da atividade dialoga com as ciências da organização da produção apontando para o papel dos(as) trabalhadores(as) na efetivação do funcionamento dos sistemas técnicos e organizacionais. Aproxima-se, dessa forma, da engenharia de produção mais favorável à contribuição das ciências humanas e sociais. O objeto da ergonomia da atividade é a transformação das condições de tra- balho, o aumento da confiabilidade e segurança dos sistemas, e a prevenção de agravos relacionados ao trabalho (ASSUNÇÃO; LIMA, 2003). Dentre as disciplinas que organizam e intervêm nas organizações, a posição da ergonomia sustenta o que se pode denominar “ponto de vista da atividade”, que busca interagir com vários pontos de vista que reivindicam legitimidade no interior de uma organização; cada um deles corresponde a uma função parcial (produção, qualidade, manutenção, compras, vendas, finanças, segurança etc.). Embora não reconhecido, de modo geral, trata-se de ponto de vista essencial para compreender e melhorar o funcionamento das operações. Em uma organização, cada função prescreve um objetivo, mas nenhuma ins- tância se preocupa em integrar todas as funções. Hubault (2004) denomina essa capacidade dos trabalhadores da linha de frente competência do “e”, partícula co- nectiva à qual se dá pouca atenção, mas que liga qualidade e produção e custo e prazo e.... Evidentemente, todos esses pontos de vista são legítimos, mas, devido à sua parcialidade, imposição, ou predominância, surgem problemas na produ- ção (os eternos conflitos interdepartamentais são o exemplo mais notório). Ape- nas o ponto de vista da atividade, que pode ser explicitado a partir da análise do trabalho, é capaz de estabelecer um compromisso satisfatório entre os objetivos de produção e as lógicas conflitantes de sua realização na linha de frente, e nas Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 329 condições existentes, no momento em que o trabalho é realizado, o qual, como se sabe, é sempre diferente do trabalho prescrito (GUÉRIN et al., 2001). Ao assumir o ponto de vista da atividade, a função da ergonomia é evitar que o trabalho sirva como variável de ajuste das falhas do sistema de produção, e que o trabalhador tenha que sacrificar sua saúde para continuar a produzir. Sob a perspectiva metodológica, trazer a dimensão humana para o mundo da Engenharia implica métodos diversos, alguns pouco conhecidos pelos engenhei- ros como a própria análise da atividade, mas que dialogam com sua prática. Por isso, ergonomistas, nas suas intervenções, se valem de “simulações” da atividade futura, analisam o funcionamento futuro em termos de cenários [ver capítulos 16 a 19], estudam os indicadores de produção com olhar qualitativo, dentre outros aspectos. Assim, para transformar o trabalho e suas condições de forma positiva, engenheiros e engenheiras precisam integrar os conhecimentos da ergonomia e atuar em cooperação com ergonomistas. A Associação Internacional de Ergono- mia determinou recentemente essa questão como maior desafio para o desen- volvimento da prática da ergonomia (DUL et al., 2012). Algumas experiências na indústria de petróleo, no projeto de salas de controle de refinarias ou plataformas de petróleo, no desenho de sistemas e programas de informática, mostram a contribuição da ergonomia junto à Engenharia e às práticas de projeto. Enfim, a ergonomia da atividade associa-se a métodos de investigação de acidentes e catástrofes, ao desenho de programas de prevenção e de gestão da segurança das empresas, enriquecendo-os. Questão maior para os(as) engenhei- ros(as) diante do alto número de acidentes registrados na indústria, sobretudo no setor da construção, e nos serviços. 4. Campos de atuação e a comunidade profissional da ergonomia Num mundo em constante transformação, diante da introdução de novas tec- nologias, entre elas a usina 4.0, e novos materiais, como as nanotecnologias, das mudanças na legislação, que visam à flexibilização de regras e diminuição da ação regulatória do Estado, do envelhecimento da população, além da necessidade de inovação visando à maior competitividade e à busca por sustentabilidade e responsabilidade social, a contribuição da ergonomia procura diminuir o impacto Capítulo 13 - Elementos da história... 330 nas condições de trabalho atuando em diversos campos de interesse das empre- sas e instituições e do seu corpo administrativo e técnico, em especial, das equi- pes de Engenharia, como veremos a seguir. 4.1 Programas de prevenção de acidentes e agravos relacionados ao trabalho Os acidentes de trabalho constituem grave problema para empresas e socie- dade. Por isso, diante do elevado número de acidentes durante os anos 1970, o conjunto normativo (Portaria nº 3.124, de 1978) foi proposto com a finalidade de construir mecanismos de prevenção [vide capítulos 8 e 9 desta obra]. Desde então, o método mais difundido, e até mesmo preconizado em norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), propõe investigar as causas de acidentes diferenciando-as em condições e atos inseguros. No entanto, ob- serva-se que, de modo geral, os investigadores determinam o comportamento inseguro dos indivíduos como causa dos acidentes, sem se aprofundar em sua investigação (ASSOCIAÇÃO..., 2001). A ergonomia tem contribuído trazendo, nos processos de investigação, a ne- cessidade de conhecer, descrever as atividades de trabalho envolvidas nos aci- dentes para situá-las e fornecer explicação mais plausível do que a simples falha ou erro humano. Métodos como “Árvore de causas” e, mais recentemente, o Mo- delo de Análise e Prevenção de Acidentes (MAPA) são fundados na ergonomia da atividade [vide capítulo 12 desta obra]. Com análises mais aprofundadas de acidentes e incidentes, tanto problemas de natureza organizacional quanto técnica (desenho dos sistemas técnicos e de informação) podem ser evidenciados, abrindo novas perspectivas para a contri- buição de ergonomistas junto aos(às) engenheiros(as) das equipes de segurança e de higiene ocupacional das empresas. Do mesmo modo, a análise da atividade pode contribuir com programas de gerenciamento de riscos: no caso da exposição a agentes ambientais, pode con- tribuir com a caracterização de situações de exposição, por vezes desconhecidas pelo pessoal de supervisão e pela equipe de Engenharia. A NR-17, todavia, teve como objetivo principal o enfrentamento e o desenvol- vimento de programas de atenção e prevenção às LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). Posterior- mente, permitiu à ergonomia contribuir para a prevenção de outros problemas de saúde relacionados ao trabalho. Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 331 No caso das LER/DORT, existia nos anos 1990 explicação que imputava às ati- vidades extratrabalho a causa do adoecimento; coube à ergonomia demonstrar que, por meio da análise das atividades, os determinantes de fato do adoecimen- to, muitas vezes de natureza organizacional, se encontravam nas situações de tra- balho (ASSUNÇÃO, 2003). A solução passava, então, pelo redesenho das situações de trabalho e de sua organização. Assim, a colaboração entre ergonomistas e profissionais de saúde das empre- sas pôde favorecer o desenho de programas mais abrangentes de atenção e vigi- lância à saúde dos trabalhadores. 4.2 Projeto de produtos e de sistemas técnicos e organizacionais Influenciar os projetos de produtos e de sistemas de trabalho (neste capítu- lo, nos ateremos ao projeto de sistemas de trabalho) é o objetivo central para a transformação do trabalho. Historicamente, a disciplina disponibilizava guide- lines sobre diversas características fisiológicas e psicológicas que influenciam o funcionamento humano, em manuais para serem aplicados pelos projetistas em projetos de produtos e sistemas de produção (trabalho). Atualmente, o que se espera é que profissionais de ergonomia participem ativamente em projetos, contribuindo para o desenho de postos de trabalho (entre eles, salas de controle), mobiliário, sistemas informatizados, interfaces físicas e informatizadas, organização do trabalho e formação das equipes de trabalho (DUL et al., 2012). Para tal, engenheiros e engenheiras dispõem de novo arsenal metodológico, pois é preciso prognosticar o trabalho futuro, atividades e situações, valendo-se de técnicas tradicionais da Engenharia, como uso de simulação e maquete, de cenários e situações de uso e de exposição, dentre outras [ver capítulos 16, 17 e 19 deste livro]. Alguns princípios são portados pela ergonomia quando chama- da a contribuir nos projetos. O primeiro é que se concebe o papel dos(das) tra- balhadores(as) e equipes como elementos de confiabilidade dos sistemas que, portanto, devem possuir maior margem de ação para agir, em vez de serem mantidos sob controle por procedimentos rígidos e terem sua ação limitada (HOLLNAGEL, 2014). Dessa forma, faz-se necessária plasticidade no desenho do sistema para que seja assegurada maior possibilidade de ação aos operadores (BÉGUIN, 2007). No caso do Brasil, desde os anos 1990, diversos casos de participação em pro- jetos podem ser destacados, a saber, entre outros, desenho de salas de controle Capítulo 13 - Elementos da história... 332 no setor de transporte subterrâneo, refinarias e plataformas de exploração, siste- mas automatizados e informatizados e suas interfaces. 4.3 Inclusão de pessoas com deficiência (PCD) e retorno ao trabalho A inclusão de PCD é questão colocada para as empresas e instituições no Bra- sil a partir da promulgação da Lei de Cotas, Lei nº 8.213 (BRASIL, 1991). De acordo com as prerrogativas desta lei, as empresas com cem ou mais em- pregados devem contratar PCD segundo uma proporção que varia de 2% a 5%, em função do número total de funcionários (BRASIL, 1991). Trata-se de problemática complexa, que não se resolve contratando e adap- tando as PCD selecionadas para postos de trabalho específicos, como se observa em diversos casos, sendo a ação questionada pelos órgãos de inspeção do traba- lho. Para esses casos, a ergonomia busca outra perspectiva, a do desenho univer- sal, que prega a acessibilidade a todas as pessoas. Quando convocada, a intervenção dos(as) ergonomistas parte do pressupos- to segundo o qual existem pessoas que possuem algum tipo de limitação, ou deficiência, mas que podem realizar atividades de trabalho com resultados po- sitivos, desde que exista uma preocupação em adaptar a situação de trabalho e a atividade a ser exercida às pessoas, buscando minimizar sua incapacidade. As incapacidades podem ser permanentes ou temporárias, podem ter origem con- gênita ou adquirida, por meio de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Para tanto, torna-se necessário o desenvolvimento e/ou a utilização de métodos e técnicas que garantam a efetiva inclusão (ou reinserção/retorno) dessas pes- soas em atividades, sem colocar em risco sua saúde. Assim, torna-se necessário o conhecimento das condições reais de trabalho, como a abordagem proposta pela ergonomia da atividade [ver capítulos 14 e 17 sobre a Análise Ergonômica do Trabalho - AET nesta obra]. O modelo de inclusão baseado na atividade, por exemplo, é uma aborda- gem para inclusão de trabalhadores(as) com deficiência em situações de traba- lho ou para reinserção de trabalhadores(as) reabilitados(as) (após liberação pela perícia médica do INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social, SIMONELLI; CAMAROTTO, 2013). Esse modelo possui três etapas: a primeira corresponde à análise das tarefas e atividades baseada na AET; a segunda visa a analisar as po- tencialidades e limitações das PCD por meio da Classificação Internacional de Funcionalidade e Incapacidade (CIFI); e a terceira, chamada de “inclusão”, corres- ponde à escolha, ao desenho e/ou à modificação da possível situação de traba- Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 333 lho a partir das análises anteriores. Pessoas com deficiência foram incluídas no setor industrial (metalurgia e tecelagem, dentre outras), comércio e serviços a partir da aplicação desse modelo (SIMONELLI et al., 2013). 5. Problemas e desafios atuais Em sua trajetória, a ergonomia se confronta, desde suas origens, com ques- tões e problemas que são recorrentes. Se essas questões ainda se colocam e são fonte de controvérsias vivas é porque se trata de questões fundamentais que es- truturam seu campo de atuação. 5.1 Adaptar o homem ao trabalho ou o trabalho ao homem? Essa questão divide a ergonomia desde seus primórdios e permanece até hoje. Como acontece frequentemente, uma questão que não se responde pode ser uma questão mal formulada. Se o trabalho é uma das atividades pelas quais o homem se faz, ou seja, é inerente ao desenvolvimento da humanidade (filo- gênese) e de cada indivíduo (ontogênese), tanto o homem se transforma ao tra- balhar quanto o trabalho se torna numa atividade humana. A ergonomia nada mais é que a ação conscientemente orientada para projetar situações de traba- lho que sejam adequadas ao homem em seu processo de desenvolvimento pro- fissional. Assim, “adaptar o trabalho ao homem”, por exemplo projetando postos de trabalho e equipamentos adequados, e “adaptar o homem ao trabalho”, por exemplo, concebendo situações e instrumentos pedagógicos para desenvolver as competências dos trabalhadores, são dois princípios que não se opõem, mas tendem a convergir em um processo integrado de desenvolvimento dos ho- mens e do trabalho, mediado pela intervenção da ergonomia. No caso de sistemas complexos, aumentar a competência dos trabalhadores a partir da análise do trabalho é mecanismo para assegurar maior margem de ação aos trabalhadores. 5.2 A contradição entre saúde e produção Outra questão igualmente fundamental diz respeito à possibilidade de conci- liar eficiência da produção com a saúde e o conforto dos(das) trabalhadores(as), Capítulo 13 - Elementos da história... 334 isto é, se saúde e produção são sempre compatíveis2. Aqui também os ergonomis- tas encontram-se divididos, alguns sustentam que uma boa análise ergonômica sempre consegue conciliar eficiência e saúde, outros afirmam que isto depende de negociações sociais e que não há solução técnica que naturalmente leve à conciliação de saúde e produção. No primeiro caso, isso levou a diversas análises de custos e benefícios que tentam mostrar que saúde se paga, não é custo, mas investimento. No entanto, na prática, sempre que há uma contradição manifesta entre produção e saúde, é esta última que acaba sofrendo, existindo várias estra- tégias das empresas para externalizar os custos de saúde. O trabalho continua servindo de variável de ajuste do sistema de produção, como mostram diversas práticas comuns nas empresas: horas extras para cumprir prazos de entrega; aumentar o ritmo de trabalho para recuperar atrasos; dobra de turno em caso de absenteísmo de algum trabalhador da equipe; o trabalho em turnos tende a se generalizar, sobretudo com a automação, trabalhando-se à noite para fazer com que as máquinas não parem. Mesmo quando o trabalho é facilitado por alguma melhoria do pro- cesso, tende-se a aumentar o ritmo e a meta de produção; e assim por diante. O que, em um primeiro momento, serviu para reduzir a carga de trabalho, é absorvido novamente pela produção em de- trimento da saúde. Se é criado um novo dispositivo de segurança, mais confiável, o sistema passa a ser operado em limites mais extre- mos; se uma máquina tem seu uso facilitado, aumenta-se a produ- ção (LIMA, 2003). Há uma exceção importante à afirmação de que produção e saúde são con- traditórias: a reconciliação seria possível no caso de processos de produção me- canizados ou automatizados ou de alto risco, como na indústria de processos químicos ou nuclear. Quando o processo de trabalho ainda é manual, como na linha de montagem, a base do processo de fabricação é o corpo humano, que apresenta limites para realizar esforços crescentes e obter ganhos de produtividade. Trabalhadores pre- cisam descansar e fazer pausas; um sistema mecânico, ou automatizado, pode funcionar de modo quase ininterrupto. Mas isto também quer dizer que o méto- do de trabalho manual deixa de ser uma simples questão técnica, sob responsa- 2 - Ver amplo debate sobre essas questões na coletânea organizada por Daniellou (2004). Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 335 bilidade exclusiva dos(as) engenheiros(as) de tempos e métodos: dividir tarefas e organizar o trabalho é essencialmente uma questão social sobre o uso do tempo e das forças dos(das) trabalhadores(as), que depende, portanto, de negociações entre trabalhadores e patrões (PINA et al., 2018). Os estudos de tempos e méto- dos não têm fundamento científico quando pretendem definir um ritmo de tra- balho independentemente desta negociação social. No caso da produção automatizada, o ritmo de produção independe da in- tensificação do trabalho, mas depende sobretudo do agenciamento dos equipa- mentos que podem processar maior quantidade de materiais, em menor tempo ou mobilizando mais energia. Mesmo em termos de carga cognitiva, é contrapro- ducente sobrecarregar os operadores de sistemas automatizados, pois eles preci- sam estar atentos a eventos inesperados e devem estar descansados para reagir a tempo, em caso de incidentes, evitando acidentes maiores. Existe, assim, uma base objetiva para que produção e saúde andem juntas, embora as empresas ainda continuem utilizando indicadores inadequados para dimensionar os efeti- vos3 e medir a eficiência, como produção/homem-hora (por exemplo, toneladas produzidas/hh), quando seria mais interessante ter uma equipe capaz de anteci- par falhas e evitar interrupções da produção, aumentando a disponibilidade dos equipamentos e a segurança das instalações. 5.3 As duas ergonomias Observa-se, no Brasil, um debate acirrado sobre as principais correntes da er- gonomia, suas divergências, vantagens e inconvenientes, não apenas no meio acadêmico, mas também no espaço da produção e negociação social. Na verdade, trouxemos ao Brasil a distinção proposta pela ergonomia da ati- vidade, francesa, que procurou se afirmar como outra ergonomia diante da hege- monia da ergonomia de fatores humanos, anglo-saxônica (MONTMOLLIN, 1981). Todavia, a ergonomia praticada na França sempre foi dominantemente voltada à análise situada da atividade. No caso do Brasil, profissionais formados em escolas diferentes, ou com inte- resses diferentes, vão se apoiar e defender determinada corrente. Embora haja tendência de convergência entre as duas correntes no mundo, não se pode dizer que possuem o mesmo objeto, assim como alegar que se valem de métodos e 3 - Em alguns casos, o próprio método de tempos e movimentos é empregado para dimensionar os efetivos das equipes de trabalho, o que, conforme argumentado, não tem justificativa técnica. Capítulo 13 - Elementos da história... 336 práticas semelhantes. A escolha da ergonomia da atividade, que foi instituída por meio da Norma Regulamentadora NR-17, não foi ao acaso. A perspectiva que car- rega, o ponto de vista da atividade de trabalho, e seus métodos, necessariamente participativos, servem para influenciar de forma efetiva o desenho das situações de trabalho e a prevenção de agravos relacionados ao trabalho. Embora praticada nos espaços privados da empresa, a adoção da Ergonomia da Atividade, proposta por agentes públicos, expande sua prática para o caráter público, contido nessa abordagem que tem o trabalho de homens e mulheres como preocupação central. 5.4 A onda recente de novas tecnologias – a indústria 4.0 Nos anos 1980 e 1990, com a difusão da automação e dos processos infor- matizados, diversos dispositivos de controle digitais passam a mediar a ação dos trabalhadores sobre os equipamentos e processos de produção, as ativi- dades dos operadores tendendo a se tornar predominantemente nova área – a ergonomia cognitiva (ver capítulo 15, sobre cognição e trabalho) – para tratar demandas postas pelas novas tecnologias de informação e de comunicação. Essas demandas da era da TI são inegáveis, mas isso justifica criar uma “ergono- mia cognitiva”? A adjetivação pressupõe que, antes, a ergonomia seria apenas “fisiológica”, que não daria conta dos aspectos cognitivos (LAVILLE, 1991). As- sim, abandona-se a descoberta fundamental da ergonomia, de que não existe trabalho puramente físico ou manual, ou melhor, que o uso habilidoso da mão, os gestos profissionais, sempre implicam dimensões cognitivas e afetivas. Por outro lado, a própria concepção de cognição separada do corpo é questionável quanto à sua capacidade de explicar as atividades humanas, sempre incorpora- das e contextualizadas. Toda análise ergonômica, se preservados esses achados fundamentais, evi- dencia a cognição mesmo em atividades essencialmente manuais ou físicas. Hoje, a hegemonia das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) recoloca essas questões antigas em novos moldes. Na ordem do dia está a indústria 4.0, que reduz as relações complexas entre homens e máquinas a relações entre máquinas, ou entre dados digitais, mais precisamente, como pro- põe a internet das coisas. Ao contrário, a ergonomia insiste na necessidade de uma abordagem que continue a tratar de interfaces entre os homens – H-H –, entre homens e máquinas – H-M – (automação, informatização...) e em sistemas complexos H-H-M. Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 337 Essa necessidade é recolocada por um duplo fracasso histórico que se inicia, desde os anos 1950, com as promessas de automação completa (a fábrica sem homens, que poderia funcionar no escuro) e, em contraponto, as demandas de desenvolvimento de tecnologias antropocêntricas. Esses fracassos históricos se deram, de um lado, pela impossibilidade da automação total; de outro, por faltar, entre o social e o técnico, uma teoria da atividade como a desenvolvida atualmen- te pela ergonomia, com recursos conceituais e metodológicos que possibilitem, de fato, projetar as interfaces entre homens e máquinas em projetos antropocen- trados. Princípios gerais das abordagens antropocêntricas são importantes para abrir espaços para projetos sociotécnicos, mas ainda pouco operacionais para in- tegrar o social, o subjetivo e o técnico. O debate atual em torno da indústria 4.0 revela, portanto, a falta de memória histórica da Engenharia, que teima em repetir o mito da fábrica sem homens. Por que se repetem ainda hoje, em torno da indústria 4.0, narrativas contendo equívocos, como a fábrica sem homens, com a qual os engenheiros sonhavam desde os anos 1950? Essas utopias tecnológicas retiram sua eterna juventude da dupla ingenuida- de dos(as) engenheiros(as): o racionalismo técnico que sustenta a crença de que uma inteligência artificial seja possível e que a tecnologia possa, por si própria resolver os males sociais. Reencontramos, aqui, a questão do caráter antropolo- gicamente constitutivo da técnica (2015), e a vocação da ergonomia, de tornar a concepção ergonômica um instrumento de transformação social. 5.5 Expandindo a ação e as relações da ergonomia As questões tratadas nos itens anteriores (5.1 a 5.4) se constituem em desafios permanentes e estruturantes da ergonomia. Isso não significa que sejam proble- mas insolúveis, mas colocam a necessidade de a disciplina rever seus limites e formas de atuação. Um desafio é internalizar nos modelos de análise a própria economia, assim como foi feito com a organização. Se a prática da ergonomia se constituiu em diálogo e con- frontação com projetistas das tecnologias e das organizações, o mesmo não aconte- ceu com os economistas, que reinam absolutos com seus modelos econométricos e políticas econômicas. Ora, trabalho não é “emprego” e tampouco a relação com o trabalho se resume ao vínculo salarial. [Ver capítulo 3 sobre o sentido do trabalho]. Mas projetar o trabalho e suas dimensões no nível da sociedade não pode ser tratado se a economia permanece apenas como contexto que determina os Capítulo 13 - Elementos da história... 338 espaços de atuação da ergonomia. Os modelos econômicos devem fazer parte da análise e das proposições de transformação. Como superar a contradição entre saúde e produção sem mudar também o modelo econômico? Esse novo passo a ser dado pela ergonomia vale tanto para a economia capi- talista quanto para as economias alternativas que começam a surgir diante dos impasses que os modelos econômicos atuais não conseguem superar. A economia solidária e a agroecologia, a economia cooperativa, dentre ou- tras, também colocam, em situações diferentes, questões às quais a ergonomia pode dar uma contribuição importante, além de poder se inspirar para resolver os problemas estruturais [ver capítulo 2 sobre modelos de organização do traba- lho]. Tomemos alguns exemplos: a solução para as intoxicações por agrotóxicos na agricultura e a poluição ambiental não seria a agroecologia? Podemos resolver os problemas osteomusculares nos frigoríficos sem mudar o modelo de produ- ção agroexportador? A resposta a estas questões depende da internalização da economia nas análises ergonômicas, mas também, retomando um dos fios desta história, de levar a ergonomia às questões nacionais e, sobretudo, dos modelos de desenvolvimento adotados no Brasil. Enfim, a pandemia de Covid-19 que assola o mundo e chegou ao Brasil no início de 2020, questiona o sistema econômico vigente em escala global. Hipó- teses sobre a disseminação do vírus estão associadas à produção em massa de aves, que se constituem em alimento barato para manter a grande população de trabalhadores. Originada na produção chinesa, inúmeros trabalhadores no Brasil e no mundo empregados na produção de carnes contraíram o vírus e sofrem com o adoecimento. Mais do que auxiliar as empresas a continuar a produzir, tentando proteger os trabalhadores envolvidos em situação quase que sem solução técnica (do ponto de vista da ergonomia) – demanda que se coloca atualmente para ergonomistas e profissionais do campo da Segurança e da Saúde do Trabalhador –, é preciso expandir a contribuição da ergonomia, como exemplificado acima. O desenvolvimento desejável para a ergonomia aponta para sua participação no redesenho do sistema econômico e social. Espera-se contribuir prioritariamen- te com a produção de sistemas de trabalho, cujo critério não seja determinado pela rentabilidade econômica (financeira), mas que tenha outros critérios como a sustentabilidade ambiental, social e cultural que legitima e confere sentido ao trabalho dos homens e das mulheres. Novamente, convoca-se a natureza pública da ergonomia da atividade a servi- ço de economia que pretenda adaptar-se à sociedade e aos homens e mulheres. Jackson Filho, Lima, Donatelli e Simonelli 339 Referências Capítulo 13 - Elementos da história... ABRAHÃO, J. et al. Introdução à ergonomia. São Paulo, Edgard Blücher. 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280. Cadastro de aciden- te do trabalho - Procedimento e classificação. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: <http://www.alternativorg.com.br/wdframe/index.php?&type=arq&id=M- TE2Nw>. Acesso em 25.jul.2021. ASSUNÇÂO, A. A. Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 4, p. 1.005-1.018, 2003. ASSUNÇÃO, A. A. & LIMA, F. P. A. A contribuição da ergonomia para a identificação, redução e eliminação da nocividade do trabalho. In: MENDES, R. (Org.). Patolo- gia do trabalho. São Paulo: Atheneu, 2003. p. 1.767-1.789. BARREIRA, T. H. C. The federal ergonomics standard in Brazil: its social historical process. New Solutions, v. 13, n. 2, p. 191-203. 2003. BRAATZ, D. et al. 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