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Apostila-Fundamentos-da-Música-2

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1 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS DA MÚSICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 
2 ORIGEM E HISTÓRIA DA MÚSICA ....................................................................... 4 
2.1 A música e a sua relação com o contexto histórico .............................................. 9 
2.2 Música e Matemática ........................................................................................ 13 
2.3 Música e Filosofia ............................................................................................. 14 
3 HISTÓRIA DA MÚSICA ........................................................................................ 15 
3.1 Música na pré-história ....................................................................................... 16 
3.2 Música no Egito ................................................................................................ 16 
3.3 Música na Mesopotâmia ................................................................................... 17 
3.4 Música na China e na índia .............................................................................. 17 
3.5 Música na Grécia e em Roma........................................................................... 17 
3.6 Música na Idade Média ..................................................................................... 18 
3.7 Música no Renascimento .................................................................................. 18 
3.8 Música no Barroco ............................................................................................ 18 
3.9 Música no Classicismo ..................................................................................... 19 
3.10 Música no Romantismo .................................................................................... 19 
3.11 Música no Século XX ........................................................................................ 19 
3.12 História não mitológica ...................................................................................... 20 
3.13 Origem física e elementos ................................................................................ 20 
3.14 A evolução da Música ....................................................................................... 22 
4 MÚSICA ................................................................................................................ 23 
4.1 Processo de reconhecimento do som ............................................................... 24 
4.2 Constituição, características e elementos musicais .......................................... 26 
4.3 Música sedativa e estimulante .......................................................................... 27 
4.4 Musicoterapia.................................................................................................... 28 
5 A MUSICA COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO HUMANA ...... 29 
3 
 
5.1 Educação na perspectiva histórico-cultural ....................................................... 30 
5.2 Música e influência no humor ........................................................................... 33 
6 MÚSICA E EDUCAÇÃO ....................................................................................... 34 
6.1 Educação musical ............................................................................................. 36 
6.2 A importância do ensino de música na escola .................................................. 40 
6.3 O ensino aprendizagem na Educação Infantil e a questão da música .............. 42 
6.4 A gramática musical .......................................................................................... 49 
6.5 O uso da música no ensino de história ............................................................. 51 
6.6 Musicalidade no desenvolvimento infantil ......................................................... 54 
6.7 Lateralização dos hemisférios cerebrais ........................................................... 55 
7 TECNICAS E MÉTODOS PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL ................................. 56 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................... 60 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 ORIGEM E HISTÓRIA DA MÚSICA 
A música, ao longo da história, sempre “desempenhou, um importante papel 
no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, moral e social, o que 
contribuiu para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício de sua 
cidadania” 
 
 
 Fonte: www.todamateria.com.br/historia-da-musica/ 
 
Segundo Loureiro (op.cit.) À palavra música é de origem grega – musiké 
téchne, a arte das musas – e, basicamente, “se constitui de uma sucessão de sons, 
entremeados por curtos períodos de silêncio, organizada ao longo de um 
determinado tempo” (p. 3). 
Vários autores apontam que a música existe desde a pré-história, cerca de 
60.000 a.C., porém seu desenvolvimento, se deu apenas 
 
[...] através do estudo de sítios arqueológicos [...] nos primeiros grupos 
humanos. A arte rupestre encontrada em cavernas dá uma vaga ideia desse 
desenvolvimento ao apresentar figuras que parecem cantar, dançar ou tocar 
instrumentos. Fragmentos do que parecem ser instrumentos musicais 
oferecem novas pistas para completar esse cenário. No entanto, toda a 
cronologia do desenvolvimento musical não pode ser definida com precisão. 
É impossível, por exemplo, precisar se a música vocal surgiu antes ou 
depois das batidas com bastões ou percussões corporais. Mas podemos 
especular, a partir dos desenvolvimentos cognitivos ou da habilidade de 
manipular materiais, sobre algumas das possíveis evoluções na música. 
 
 
http://www.todamateria.com.br/historia-da-musica/
 
5 
 
Ao pensar na música aliada à educação formal é vital que se faça um 
percurso até a Grécia, por volta do século VI a.C., aproximadamente, isto porque, a 
música para os gregos era a forma que eles encontravam para alcançar a perfeição, 
ao atribuírem sua música para os deuses. Assim, os gregos tornam a música como 
uma arte, uma forma de pensar e de ser. 
Segundo o site edukbr.com.br (2011, p.11), 
 
Os gregos usavam as letras do alfabeto para representar notas musicais. 
Agrupavam essas notas em tetracordes (sucessão de quatro sons). 
Combinando esses tetracordes de várias maneiras, os gregos criaram 
grupos de notas chamados modos. Os modos foram os predecessores das 
escalas diatônicas maiores e menores. Os pensadores gregos construíram 
teorias musicais mais elaboradas do que qualquer outro povo da 
Antiguidade. Pitágoras, um grego que viveu no século VI a.C., achava que a 
Música e a Matemática poderiam fornecer a chave para os segredos do 
mundo. Acreditavaque os planetas produziam diferentes tonalidades 
harmônicas e que o próprio universo cantava. Essa crença demonstra a 
importância da música no culto grego, assim como na dança e nas 
tragédias. 
 
Mais tarde, as ideias de Pitágoras, influenciadas pela doutrina de Platão, 
perceberam o homem dicotômico, alma e corpo. Dessa forma, considera que é pela 
música, ao penetrar no espírito da pessoa, pelo ritmo e pela harmonia, desenvolve a 
forma dela distinguir o belo do feio. A música então passa ser ensinada, de forma 
leve e agradável, em todas as disciplinas, de acordo com faixa etária de seus 
alunos. Seus ensinamentos se davam a partir dos sete anos, através de canções 
(berceuses), para que, em seguida, aprendessem hinos guerreiros e religiosos. 
Para os pré-adolescentes, entre quatorze e dezesseis anos, aconselhado por 
Platão, somente se ensinavam dois estilos musicais. O primeiro, por músicas que 
direcionassem a violência, ligada às guerras, e a segunda, músicas mais lentas, 
relacionadas com a Igreja, preces e concentração. “Depois dos 16 anos, até o resto 
de suas vidas, os indivíduos continuariam a frequentar apenas os cantos corais e os 
jogos comunais”. 
Em um segundo nível, a educação musical, que se dava dos vinte aos trinta 
anos, tornou-se um momento de discussões literárias, abrindo espaços para um 
amplo estudo de assuntos gerais, tudo isso sobre a influência dos filósofos 
(MACEDO, 2011). 
 
6 
 
Quando o indivíduo chegava ao terceiro nível de educação, a música se 
estendia por mais cinco anos, na intenção de levar o aluno à arte do diálogo, até 
demonstrar uma educação mais avançada, pela filosofia ou pelo militarismo. 
Mais tarde, de acordo com Loureiro (2011, p. 39), 
 
com a invasão do Império Romano no mundo grego este quadro se altera, 
pois a “sensibilidade”, as emoções e o sentimento de humanidade, 
características dos gregos, não se adequavam à formação dos soldados 
romanos, que eram educados para serem duros, rígidos, disciplinados e 
severos. O povo romano foi, por natureza, guerreiro e rude. Por muito 
tempo, seus ideais e propósitos restringiam-se à conquista do mundo e ao 
domínio dos povos conquistados. Entretanto, sob a influência grega, as 
artes e as letras começaram a florescer em Roma. 
 
 
Verifica-se que, durante a Idade Média, recupera-se a linguagem e os 
sentimentos humanos, estabelecidos pela música, ocorrendo assim, uma união da 
melodia com as primeiras manifestações polifônicas, ou seja, a oportunidade de se 
cantar em uma ou mais vozes, em uma mesma canção. Esse lado polifônico 
religioso, mesmo a Igreja indo contra, é que dá origem aos poetas líricos da corte, 
pelos músicos que trazem com eles canções com acompanhamento musical, 
falando de sentimentos, saudades, guerras, dando assim, a origem da música 
popular. 
Com a Reforma Protestante, liderada por Lutero, se inicia a história do 
humanismo, na qual o homem carece de ter responsabilidade pela sua própria fé, 
cuja Bíblia é base para sua sabedoria. Nesse feito, criam-se escolas pautadas na 
catequese protestante, na intenção de repassar a sua doutrina, frente às escolas 
dos jesuítas. Entretanto, a formação do bom cristão, em ambas as escolas, se deu à 
luz da educação musical, por considerarem esse recurso, infalível na escolarização 
da juventude europeia. 
As propostas metodológicas modificam os tradicionais conservatórios de 
música, com objetivo de modernizar a maneira de musicalizar as crianças. Tais 
propostas encontraram “espaço, no Brasil, nos centros alternativos para o ensino da 
iniciação musical, criados sob os auspícios de Liddy Chiaffarelli e Antônio Sá 
Pereira, em final da década de 30” (LOUREIRO, 2011, p. 43). 
Com a chegada dos jesuítas no Brasil, em 1549, o ensino da música passou a 
ser utilizado no processo de colonização, como uma das armas para propagarem 
sua doutrina junto aos índios. Isto porque, 
 
7 
 
[...] em função da forte ligação dos indígenas com essa manifestação 
artística. Eram eles músicos natos que, em harmonia com a natureza, 
cantavam e dançavam em louvor aos deuses, durante a caça e a pesca, em 
comemoração a nascimento, casamento, morte, ou festejando vitórias 
alcançadas (LOUREIRO, 2011, p. 44). 
 
Dessa forma, a música torna-se catequese de tão grande importância, que fez 
com que ela começasse a fazer parte do currículo das escolas de ler e de escrever 
(LOUREIRO, 2011). 
Nesse contexto, os jesuítas utilizaram a cartilha musical, para iniciar as suas 
aulas, porém em um modelo, baseado na sociedade europeia, ou seja, equivalente à 
educação humanista. 
Mais tarde, criam-se instituições, em nível de internato, para que os jesuítas 
pudessem controlar, de forma rigorosa, os seus alunos. Nessa época, o estudo se 
dá pelo canto, porque a partir dele, os jesuítas tentavam cativar seus alunos e 
fortalecer sua a fé. 
Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, surgem novas escolas, iniciam-se, 
lentamente, algumas mudanças no sistema escolar brasileiro. No entanto, a 
educação segue a tradição jesuítica, evidenciada pelo canto gregoriano, porém 
pautada nas canções dos índios, dos negros, portugueses e espanhóis. 
A consideração pela música dos negros se deu porque 
 
a música brasileira sofreu [...] influência dos negros. [...] como escravos, os 
negros trouxeram consigo instrumentos de percussão, como o Ganzá, a 
Cuíca, o Atabaque, porém cantavam e dançavam embebidos pelos sons e 
ritmos de sua pátria distante (LOUREIRO, op.cit, p. 47). 
 
No decorrer do século XVIII, cria-se, no Rio de Janeiro, uma escola de 
música, frequentada pelos filhos de escravos. Nesta escola saíram artistas musicais 
natos. Assim, pela mistura de dança, ritmo, palavras e instrumentos de percussão, 
surgem o samba, dança da cultura africana, cuja concentração vinha das favelas do 
Rio de Janeiro entre outras tendências musicais. 
 
O brasileiro sempre deu para a música. Gostou sempre de tocar, de dançar, 
de cantar. É natural que, desde cedo, a música se tivesse cultivado entre 
nós. Sambava-se ao tam-tam dos atabaques nas senzalas, e nas casas 
grandes, ouvia-se a viola e depois o cravo. Na Igreja, é que se cultivava 
música com mais apuro, porque os padres a sabiam melhor (BAUAB apud 
LOUREIRO, op.cit, p.47) 
 
8 
 
Ainda no período colonial, a música brasileira começa a perder força, 
descobre-se uma nova cultura, devido à descoberta de ouro e pedras preciosas, em 
Minas Gerais, favorecendo-se uma nova cultura, para a vida musical brasileira. Os 
músicos dessa região, com conhecimentos europeus, demonstram habilidades para 
comporem melodias, fazendo de Minas uma importante sede para a música colonial. 
Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, é construída a Capela 
Real, composta por uma orquestra de música erudita, com cento e cinquenta 
integrantes, divididos entre o vocal e os instrumentalistas, em que cantavam e 
tocavam músicas populares (LOUREIRO, 2011). 
Em 1835, em Niterói, funda-se a primeira escola de formação normal, cujo 
currículo tornou-se diversificado, porém a educação musical estava presente. Entre 
os anos de 1891 a 1893, apesar das críticas, a música se manteve presente nos 
educandários, exercendo hábitos sociais e participação em cultos religiosos. Tanto 
que ela se fez presente, até no Colégio Pedro II, modelo de ensino secundário, da 
classe dominante (LOUREIRO, op.cit.). 
O conservatório passou a fazer parte da escola Nacional de Belas Artes, mas, 
mais tarde, se tornou autônomo, “passando a chamar-se Instituto e, hoje, Escola de 
Música, subordinado à Universidade Federal do Rio de Janeiro” (op.cit., p.51). 
Em 1889, com a Proclamação da República, foram modificados os planos 
políticos, cultural, econômico e social, marcando assim uma nova fase no ensino das 
artes, porém pautados nos ensinamentos europeus. O ensino musical, no Instituto 
Nacional de Música e no Imperial Conservatório de Música, baseava-se em preparar 
seus alunos aoensinamento específicos de atuar no teatro e na Igreja (LOUREIRO, 
op.cit.). 
De acordo com Freire (apud Loureiro, 2011, p.52): 
 
seu currículo original constava das seguintes disciplinas: rudimentos 
preparatórios e solfejos; canto para o sexo masculino; rudimentos e canto 
para o sexo feminino; instrumentos de corda; instrumentos de sopro; 
harmonia e composição. Este elenco de disciplinas remetia, clara e 
objetivamente, aos objetivos propostos – à capacitação técnica de artistas 
para suprirem as exigências do Culto e do Teatro. 
 
Averígua-se que a educação musical, durante um bom tempo, não foi tão 
presente no sistema escolar brasileiro, segundo Loureiro (2011), se deu pela 
ausência de identidade dessa disciplina nos currículos. 
 
9 
 
A partir de 1973, os cursos de Arte e Educação foram implantados nas 
universidades, com um novo currículo básico, em todo país, porém, somente, nos 
anos 80 o curso de Arte na Educação dá início à conscientização, de formar 
profissional, através da mobilização de professores de Artes, tanto em nível formal 
quanto informal. 
Os educadores de Arte conquistam seu lugar, na promoção do currículo 
educacional, pressionado por determinados deputados que estavam no comando da 
nova constituição. 
Na Seção sobre educação, artigo 206, parágrafo II, a Constituição determina: 
O ensino tomará lugar sobre os seguintes princípios (...). II — liberdade para 
aprender, ensinar, pesquisar e disseminar pensamento, arte e conhecimento 
(Barbosa, 2011, p. 4). 
Atualmente, há uma sequência de palavras que expressa o significado de 
música, de certo modo que chega a ser consideradas ciência e arte, devido à sua 
prática social e humana (BARRETO; CHIARELLI, 2011). Dessa forma, a música foi 
incluída no cotidiano escolar, após a obrigatoriedade do ensino da Arte, apontada 
pela Lei de Diretrizes e Bases Nacionais de nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, 
tanto que no § 2o do artigo 26 fica promulgado que “a música deverá ser conteúdo 
obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata a sua 
inclusão, pela Lei nº 10.769, de 2008”. 
Nesse contexto, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte 
(BRASIL, 1997) fica firmado que o ensino da Arte 
 
volta-se para o desenvolvimento natural da criança, centrado no respeito às 
suas necessidades e aspirações, valorizando suas formas de expressão e 
de compreensão do mundo. As práticas pedagógicas, que eram diretivas, 
com ênfase na repetição de modelos e no professor, são redimensionadas, 
deslocando-se a ênfase para os processos de desenvolvimento do aluno e 
sua criação (p.18). 
 
2.1 A música e a sua relação com o contexto histórico 
Um número crescente de historiadores está ampliando as suas fontes de 
pesquisa a partir da escola dos Annales. Uma das fontes exploradas em algumas 
investigações históricas é a música, devido às suas características intrínsecas de 
 
10 
 
história social. Conforme Napolitano (2005), a música, sobretudo a chamada música 
popular, possui relevância na história sociocultural, já que realiza mediações e 
fusões e proporciona encontros de diversas etnias, classes e regiões que formam a 
grande diversidade do povo brasileiro. 
Até boa parte do século XX, a música foi um modo de traduzir e representar 
os dilemas e lutas nacionais da população, utilizada até mesmo como forma de 
resistência contra as classes sociais dominantes. Para completar, ela conseguiu, ao 
menos nos últimos 40 anos, atingir um grau de reconhecimento cultural que encontra 
poucos paralelos no mundo ocidental. Hoje, o Brasil é uma das grandes usinas 
sonoras do planeta; é um lugar privilegiado não apenas para se ouvir música, mas 
também para se pensar a respeito dela. E isso não está restrito à música brasileira 
no sentido estrito: a partir de uma mirada local, é possível pensar ou repensar o 
mapa-múndi da música ocidental, sobretudo este objeto não identificado chamado 
música popular. 
Nesse contexto, é necessário considerar a possibilidade e, principalmente, a 
viabilidade de o historiador tratar a música e a canção popular como fontes 
documentais importantes para mapear e desvendar zonas obscuras da história, 
sobretudo aquelas relacionadas com os setores subalternos e populares. A música 
pode ser relacionada a outras fontes de pesquisa para levar à análise de 
determinados fatos históricos a partir de diversas perspectivas. É possível, inclusive, 
encarar a música como fonte de investigação de determinada época, no sentido de 
que dada realidade “se traduz” em canções populares (NAPOLITANO, 2005). 
A música popular é fruto de um cruzamento da música ligeira com as músicas 
tradicionais, das danças de salão com as danças folclóricas. Até aí, nenhuma 
novidade, se não fosse o momento histórico que propiciou esse encontro, marcado 
pela industrialização da cultura e pelo surgimento das sociedades de massa. 
Portanto, não se trata de um cruzamento simples, de descendência direta: trata-se 
de uma relação complexa que precisa ser analisada em suas características 
específicas. Afinal, por que as músicas foram criadas? Sobre qual realidade foram 
constituídas? Essas problematizações tecem uma gama de possibilidades e 
relações complexas. Assim, as músicas podem ser utilizadas para a investigação 
sobre a realidade que constitui o Brasil enquanto nação e sobre a diversidade que 
forma o povo brasileiro (NAPOLITANO, 2005). 
 
11 
 
A reflexão sobre as relações existentes entre a música e o contexto histórico 
deve levar em conta o processo geral no qual a música foi construída e as crises que 
a sociedade viveu durante a sua elaboração (nos aspectos econômicos, sociais ou 
culturais). A música brasileira não apenas expressou, mas equacionou os impasses 
gerados ao longo desse processo, sob a perspectiva dos diversos atores envolvidos. 
A música popular brasileira, enquanto sistema musical/cultural amplo, exerce o papel 
de vórtice de tempos históricos e tradições diferenciadas. Apesar disso, qualquer 
história, social ou cultural, da vida musical do País não pode reproduzir a 
indiferenciação dos tempos históricos e das séries culturais aglutinadas nesse longo 
processo sob uma aparente linearidade cronológica, de sucessão tranquila de 
estilos, artistas e movimentos (NAPOLITANO, 2005). 
Trata-se de examinar as diversas tradições específicas e os tempos históricos 
conforme a sua inserção social e a sua dinâmica própria. É necessário examinar o 
material musical como elemento que congrega uma pluralidade de memórias e 
projetos culturais, quase sempre conflitivos entre si. A música popular tem traduzido 
e iluminado, a um só tempo, as posições e os dilemas não só dos artistas, mas 
também dos seus públicos e mediadores culturais (produtores, críticos, formadores 
de opinião). 
Ao mesmo tempo, esse tipo de problematização histórica só se torna possível 
na medida em que duas operações são conjugadas pelo pesquisador: a construção 
de ferramentas teórico-metodológicas claras e coerentes de análise das fontes 
(sobretudo as próprias fontes musicais); e o exame (auto) crítico da própria 
historiografia (acadêmica, de ofício ou amadora) como formadora de tradições e 
memórias. No cotejo da obra/fonte histórica com o pensamento historiográfico que 
emerge em torno dela é que se pode redefinir a relação da música com a história 
(NAPOLITANO, 2005). 
Nos últimos anos, tem sido bastante comum a utilização da canção, seja 
como fonte para a pesquisa histórica, seja como recurso didático para o ensino de 
humanidades em geral (história, sociologia, línguas, etc.). Como você sabe, entre os 
brasileiros, a canção ocupa um lugar muito especial na produção cultural. Em suas 
diversas matizes, ela tem sido termômetro, caleidoscópio e espelho não só das 
mudanças sociais, mas sobretudo das sociabilidades e sensibilidades coletivas mais 
profundas. Por isso mesmo, o uso da canção como documento e recurso didático12 
 
deve dar conta de um conjunto de problemas nada simples de resolver 
(NAPOLITANO, 2005). 
É viável e cientificamente possível utilizar a música como uma fonte de 
pesquisa para a área de história, no sentido de uma investigação mais profunda e 
complexa de determinado fato. Talvez a música possa ser estudada como única 
fonte de coleta, mas também pode enriquecer outros estudos, sendo uma 
ferramenta a mais no processo. O uso da música como fonte de pesquisa para a 
história é possível justamente por sua relação com o contexto histórico de uma 
nação. Quando se fala na música africana no Brasil, sabe-se que ela representou 
um símbolo da cultura, mas mais do que isso: também representou uma forma de 
resistência, de luta e de expressão de um povo guerreiro que sofreu atrocidades 
catastróficas. 
Também é possível considerar a relação da música com os povos indígenas, 
ou com períodos de tensão política no País, como a época da ditadura militar. A 
relação da música com o contexto histórico é sempre muito próxima e complexa, na 
medida em que a música representa os anseios, angústias, alegrias e esperanças 
do povo que vive no tempo e no espaço em que ela foi constituída. Nesse sentido, a 
música funciona como um sinal a ser interpretado para revelar a época que a 
concebeu. 
A primeira geração de músicos da música popular urbana foi composta, com 
algumas exceções, por pessoas de extração social humilde, mestiços de diversas 
origens, que percorreram trajetórias profissionais tortuosas. Muitos nasceram no 
período de passagem do século XIX ao XX. Portanto, eles viram surgir um novo 
modo de vida urbano, marcado pela tecnologia dos meios de comunicação 
eletrônicos. Começaram a trabalhar muito cedo em várias profissões, mas desde 
jovens conviveram com músicos e compositores que participavam da indústria 
fonográfica, radiofônica, do espetáculo e da emergente “crítica” sobre a música 
popular. É esse universo cultural, encarado com preconceito pela intelectualidade, 
que impregnou suas vidas e que eles revelam, registram, analisam e reorganizam 
com outra narrativa (MORAES, 2000). 
Na passagem dos anos 1930 para os 1940, os fenômenos da cultura urbana 
foram incluídos no projeto nacional do Estado. Assim, a ação intelectual dessa 
geração começou a adquirir outra relevância, que antes era atribuída ao mundo rural 
 
13 
 
do folclore. Provavelmente, todo o conjunto de acervos e narrativas da primeira 
geração de historiadores teve alguma relevância para a construção do novo projeto 
nacionalista, que passou a incluir uma espécie de “folclore urbano”. As obras desses 
cronistas continuam formando um acervo documental fundamental para a memória 
da cultura musical do País. Daí eles ainda serem tratados, e os da geração 
imediatamente posterior também, pelos atuais pesquisadores da música popular 
como fontes primárias e “fidedignas” que servem de suporte documental básico e 
conferem autoridade às investigações mais recentes. 
Contudo, já é tempo de compreender os primeiros historiadores da música 
brasileira de outra maneira, alargando e diversificando os horizontes de análise e de 
crítica. Desde os anos 1980, se registra o esforço de ampliar os estudos sobre a 
música popular para além da crônica jornalística, das biografias e da crítica musical. 
No circuito dos historiadores de ofício, no entanto, o ritmo foi um pouco mais lento. 
Somente nos últimos anos houve certa multiplicação de pesquisas relacionadas 
direta ou indiretamente com a música popular urbana. Apesar dos evidentes 
avanços, as potencialidades que as relações entre história e música podem oferecer 
para a construção do conhecimento histórico permanecem pouco exploradas e 
discutidas pela historiografia (MORAES, 2000). 
Por fim, um dos desafios mais relevantes em relação ao trabalho 
desenvolvido pelo historiador na produção de conhecimento com o uso da música é 
compreender a sua importância e as relações que se constroem entre essas duas 
temáticas que se complementam. 
2.2 Música e Matemática 
A música era quase sinônima de matemática, como afirma Leibnitz “prática 
escondida da aritmética, na qual o espírito ignora que conta” (HERBERT, C.-M., 
2014). Foi Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu entre 580 e 495 a. C., 
quem elaborou as bases da notação musical e das regras da Harmonia. Para 
Pitágoras, (ECO, U., 2014, p.61-62) a ordem matemática seria condição da 
existência e da beleza, e estaria no princípio de todas as coisas. Ele teve então a 
intuição de que haveria uma relação numérica entre o comprimento de uma corda 
vibrante e a altura do som emitido. Assim foram estabelecidas as quatro 
 
14 
 
consonâncias fundamentais da escala musical: o uníssono, a oitava, a quinta e a 
quarta. Os outros intervalos eram considerados dissonantes. O mais harmônico, 
quer dizer o que melhor soava aos ouvidos, era a oitava (duplicação de uma mesma 
nota). 
Considerava-se que essa Harmonia estava ligada não somente à relação 
numérica entre as notas, mas também à sensação auditiva, pois já se percebia que 
certas sonoridades eram mais agradáveis aos ouvidos que outras (MORAES, 2000). 
Para os pitagóricos cada número tinha além do valor científico, uma 
significação espiritual. Eles estudaram particularmente o número 1,618 chamado 
número de ouro, representado por Ф, que resumiria a estética da beleza, o cânone 
da harmonia, símbolo da perfeição. Esse número de ouro seria encontrado na 
própria natureza e no corpo humano. 
Pitágoras deduziu também que havia, como barulho de fundo do universo, 
uma Música das esferas, acorde sublime composto por notas produzidas pelos 
astros em seus movimentos em torno da terra, a distância entre os planetas 
correspondendo a uma projeção dos intervalos musicais. Os pitagóricos 
matemáticos (aqueles que sabiam) e os acusmáticos (aqueles que escutavam) 
foram assim os primeiros teóricos a estabelecer as leis da harmonia musical, 
enquanto procuravam traduzir os segredos do universo. E a música seria a 
encarnação mais perfeita da Harmonia do Universo, suas proporções eram 
consideradas uma expressão matemática da Harmonia do Cosmo. As regras da 
Harmonia musical se tornaram também regras para a produção do Belo em outras 
formas de arte. O número de ouro será reencontrado mais tarde em muitas criações 
artísticas tais como as pirâmides, as catedrais góticas, ou na obra de artistas como 
Leonardo da Vinci, Salvador Dali, Bach, Beethoven, Bartók, Xenakis. Falar em 
número de ouro, já era pressupor a lei única da Harmonia Universal, símbolo do 
Belo. 
2.3 Música e Filosofia 
Mas por ser intrinsecamente ligada à filosofia, a música também era 
considerada uma criação do espírito, um meio de alcançar a perfeição. Continha 
uma série de regras éticas que eram utilizadas na composição e execução, 
 
15 
 
buscando imitar a ordem perfeita do cosmo. E tendo o poder de exprimir ou mesmo 
de induzir diversos estados de espírito, supunha-se que a violação das regras de 
harmonia poderia provocar desordens na sociedade. Daí porque Platão considerava 
que a música deveria estar sob o controle do Estado para promover o bem social. 
Observa-se, que a palavra Harmonia é relacionada com a justa proporção, 
com a conveniência entre as partes, entre as partes e o todo e entre as partes e o 
universo, remetendo à Harmonia das esferas e a Harmonia da natureza. No final do 
século XVI o sentido de “justa relação” ampliou-se para fora do campo musical, 
significando as relações existentes, do ponto de vista estético, entre os elementos 
de uma obra de arte, de um objeto, etc. Atualmente, no campo musical, se fala de 
harmonia em referência ao conjunto dos sons percebidos, ou seja, o acorde (sons 
simultâneos), assim como às regras para articular os sons entre eles. Ou seja, seria 
na verdade um conjunto de regras necessárias para se relacionar sons simultâneos 
ou sucessivos. E pelas suas origensfilosóficas, fora do campo musical, a palavra 
harmonia continua tendo os sentidos de unidade, ordem, organização, concordância, 
conformidade, paz, união, equilíbrio, simetria... 
3 HISTÓRIA DA MÚSICA 
A história mitológica da música, no mundo ocidental, começou com a morte 
dos Titãs. 
Conta-se que depois da vitória dos deuses do Olimpo sobre os seis filhos de 
Urano (Oceano, Ceos, Crio, Hiperião, Jápeto e Crono), mais conhecidos como os 
Titãs, foi solicitado a Zeus que se criasse divindades capazes de cantar as vitórias 
dos Olímpicos. Zeus então partilhou o leito com Mnemosina, a deusa da memória, 
durante nove noites consecutivas e, no devido tempo, nasceram as nove Musas. 
Entre as nove Musas estavam Euterpe (a música) e Aede, ou Arche (o canto). 
As nove deusas gostavam de frequentar o monte Parnaso, na Fócida, onde faziam 
parte do cortejo de Apolo, deus da Música (DAVID, 2012) 
Há também, na mitologia, outros deuses ligados à história da música como 
Museo, filho de Eumolpo, que era tão grande musicista que quando tocava chegava 
a curar doenças; de Orfeu, filho da musa Calíope (musa da poesia lírica e 
considerada a mais alta dignidade das nove musas), que era cantor, músico e poeta; 
 
16 
 
de Anfião, filho de Zeus, que após ganhar uma lira de Hermes, o mais ocupado de 
todos os deuses, passou a dedicar-se inteiramente à música. 
Se estudarmos com cuidado a mitologia dos povos, perceberemos que todo o 
povo tem um deus ou algum tipo de representação mitológica ligado à música. Para 
os egípcios, por exemplo, a música teria sido inventada por Tot ou por Osíris; para 
os hindus, por Brama; para os judeus, por Jubal e assim por diante, o que prova que 
a música é algo intrínseco à história do ser humano sobre a Terra e uma de suas 
manifestações mais antigas e importantes. 
3.1 Música na pré-história 
A humanidade possui uma relação longa com a música, sendo essa umas 
das formas de manifestação cultural mais antigas. 
Ainda na pré-história, há mais de 50 mil anos, os seres humanos começaram 
a desenvolver ações sonoras baseadas na observação dos fenômenos da natureza. 
Os ruídos das ondas quebrando na praia, os trovões, a comunicação entre os 
animais, o barulho do vento balançando as árvores, as batidas do coração; tudo isso 
influenciou as pessoas a também explorarem os sons que seus próprios corpos 
produziam. Como por exemplo os sons das palmas, dos pés batendo no chão, da 
própria voz, entre outros (AIDAR, 2010) 
Nessa época, tais experimentações não eram consideradas arte propriamente 
e estavam relacionadas à comunicação, aos ritos sagrados e à dança. 
3.2 Música no Egito 
No Egito Antigo, ainda no século 4.000 a.C., a música era muito presente, 
configurando um importante elemento religioso. Os egípcios consideravam que essa 
forma de arte era uma invenção do deus Thoth e que outro deus, Osíris, a utilizou 
como uma maneira para civilizar o mundo. 
A música era empregada de forma a complementar os rituais sagrados em 
torno da agricultura, que era farta na região e os instrumentos utilizados eram 
harpas, flautas, instrumentos de percussão e cítara - que é um instrumento de 
cordas derivado da lira. 
 
17 
 
3.3 Música na Mesopotâmia 
Na região da Mesopotâmia, localizada entre os rios Tigre e Eufrates, 
habitavam os povos sumérios, assírios e babilônios. Foram encontradas harpas de 3 
a 20 cordas na região onde os sumérios viviam e estima-se que sejam objetos com 
mais de 5 mil anos. Também foram descobertas cítaras que pertenceram ao povo 
assírio. 
3.4 Música na China e na índia 
Na Ásia - em torno de 3.000 a.C. - a atividade musical prosperou na Índia e 
China. Nessas regiões, ela também estava fortemente relacionada à espiritualidade. 
O instrumento mais popular entre os chineses era a cítara e o sistema musical 
utilizado era a escala de cinco tons - pentatônica. 
Já na Índia, em 800 a.C., o método musical era o de "ragas", que não utilizava 
notas musicais e era composto de tons e semitons. 
3.5 Música na Grécia e em Roma 
Podemos observar que a cultura musical na Grécia Antiga funcionava como 
uma espécie de elo entre os homens e as divindades. Tanto que a palavra "música" 
provém do termo grego mousikē, que significa "a arte das musas". As musas eram 
as deusas que guiavam e inspiravam as ciências e as artes. 
É importante ressaltar que Pitágoras, grande filósofo grego, foi o responsável 
por estabelecer relações entre a matemática e a música, descobrindo as notas e os 
intervalos musicais. 
Sabe-se que na Roma Antiga, muitas manifestações artísticas foram herança 
da cultura grega, como a pintura e a escultura. Supõe-se, dessa forma, que o 
mesmo ocorreu com a música. Entretanto, diferente dos gregos, os romanos 
usufruíam dessa arte de maneira mais ampla e cotidiana (AIDAR, 2010). 
 
18 
 
3.6 Música na Idade Média 
Durante a Idade Média a Igreja Católica esteve bastante presente na 
sociedade europeia e ditava a conduta moral, social, política e artística. 
Naquela época, a música teve uma presença marcante nos cultos católicos. O 
Papa Gregório I - século VI - classificou e compilou as regras para o canto que 
deveria ser entoado nas cerimônias da Igreja e intitulou-o como canto gregoriano. 
Outra expressão musical do período que merece destaque são as 
chamadas Cantigas de Santa Maria, que agregam 427 composições produzidas em 
galego-português e divididas em quatro manuscritos. 
Uma importante compositora medieval foi Hidelgard Von Bingen, também 
conhecida como Sibila do Reino. 
3.7 Música no Renascimento 
Já na época renascentista - que compreende o século XIV até o século XVI - 
a cultura sofreu transformações e os interesses estavam voltados para a razão, a 
ciência e o conhecimento do próprio ser humano. 
Tais preocupações se refletiram também na música, que apresentava 
características mais universais e buscava se distanciar dos costumes da Igreja. 
Uma característica significativa da música nesse período foi a polifonia, que 
compreende a combinação simultânea de quatro ou mais sons (AIDAR, 2010). 
Podemos citar como um grande compositor da Renascença Thomas 
Weelkes. 
3.8 Música no Barroco 
A partir do século XVII, o movimento barroco promove mudanças marcantes 
no cenário musical. 
Foi um período bastante fértil e importante para a música ocidental e 
apresentava novos contornos tonais, com a utilização do modo jônico (modo “maior”) 
e modo eólio (modo “menor”). 
O surgimento das óperas e das orquestras de câmaras também acontece 
nessa fase, assim como o virtuosismo dos músicos ao tocar os instrumentos. Os 
 
19 
 
maiores representantes da música barroca foram Antônio Vivaldi, Johann Sebastian 
Bach, Domenico Scarlatti, entre outros. 
3.9 Música no Classicismo 
No Classicismo, que corresponde ao período em torno de 1750 e 1830, a 
música adquire objetividade, equilíbrio e clareza formal, conceitos já utilizados na 
Grécia Antiga. Nessa época, a música instrumental e as orquestras ganham ainda 
mais destaque. O piano toma o lugar do cravo e novas estruturas musicais são 
criadas, como a sonata, a sinfonia, o concerto e o quarteto de cordas. Os artistas 
que se sobressaíram são Haydn, Mozart e Beethoven. 
3.10 Música no Romantismo 
No século XIX, o movimento cultural que surgiu na Europa foi o Romantismo. 
A música predominante tinha como qualidades a liberdade e a fluidez, e primava 
também pela intensidade e vigor emocional. 
Esse período musical é inaugurado pelo compositor alemão Beethoven - com 
a Sinfonia nº3 - e passa por nomes como Chopin, Schumann e sua esposa Clara 
Shumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky, R. Strauss, entre outros. 
3.11 Música no Século XX 
A música no século XX expressou bem a grande agitação social causada 
pelas duas grandes guerras, pelas ditaduras da Rússia com Stalin, da Itália com 
Mussolini e da Alemanha com Hitler. Uma grande depressão econômica pairou sobre 
as nações da época, dando lugarao surgimento de novas potências mundiais 
(U.S.A e U.R.S.S), ocasionando o fortalecimento de um novo sistema econômico 
através do desenvolvimento industrial, o capitalismo. 
Segundo Grout e Palisca: 
 
o início do século XX foi marcado por uma agitação social e uma tensão 
internacional crescentes, que viriam a culminar na catástrofe da primeira 
Guerra Mundial. No domínio musical, a agitação e a tensão manifestaram-
se através de diversas experiências radicais; esses anos puseram fim não 
só ao período clássico-romântico, como também as convenções em matéria 
 
20 
 
de tonalidade tal como os séculos XVIII e XIX as haviam entendido (GROUT 
e PALISCA, 2007, p 653). 
 
Com a expansão do rádio e a invenção da televisão, a arte ganhou uma nova 
concepção no que tange a sua comercialização, difusão e formas de composição, os 
artistas ganham um papel mais arquetípico. Há também um amplo desenvolvimento 
da música popular nas diversas esferas da sociedade. Blues, Jazz, Polca, Modinha, 
Baião, Rock, Mazurca, cada país com suas características próprias, pois aqui os 
Estados nação já estão em plena forma, é onde se tem uma ampliação dos 
processos de globalização cultural fomentados pelos meios de comunicação, 
rompendo as fronteiras físicas e criando novas características mercadológicas. 
3.12 História não mitológica 
A origem mecânica e não-mitológica da música divide-se em duas partes: a 
primeira, na expressão de sentimentos através da voz humana; a segunda, no 
fenômeno natural de soar em conjunto de duas ou mais vozes; a primeira, seria a 
raiz da música vocal; a segunda, a raiz da música instrumental. 
Na história não-mitológica da música são importantes os nomes de Pitágoras, 
inventor do monocórdio para determinar matematicamente as relações dos sons, e o 
de Lassus, o mestre de Píndaro, que, perto do ano 540 antes de Cristo, foi o 
primeiro pensador a escrever sobre a teoria da música. 
Outro nome é o do chinês Lin-Len, que escreveu também um dos primeiros 
documentos a respeito de música, em 234 antes de Cristo, época do imperador 
chinês Haung-Ti. No tempo desse soberano, Lin-Len - que era um de seus ministros, 
estabeleceu a oitava em doze semitons, aos quais chamou de doze lius. Esses doze 
lius foram divididos em liu Yang e liu Yin, que correspondiam, entre outras coisas, 
aos doze meses do ano. 
3.13 Origem física e elementos 
A música, segundo a teoria musical, é formada de três elementos principais. 
São eles o ritmo, a harmonia e a melodia. Entre esses três elementos podemos 
afirmar que o ritmo é a base e o fundamento de toda expressão musical. 
 
21 
 
Sem ritmo não há música. Acredita-se que os movimentos rítmicos do corpo 
humano tenham originado a música. O ritmo é de tal maneira mais importante que é 
o único elemento que pode existir independente dos outros dois: a harmonia e a 
melodia. 
A harmonia, segundo elemento mais importante, é responsável pelo 
desenvolvimento da arte musical. Foi da harmonia de vozes humanas que surgiu a 
música instrumental. 
A melodia, por sua vez, é a primeira e imediata expressão de capacidades 
musicais, pois se desenvolve a partir da língua, da acentuação das palavras, e forma 
uma sucessão de notas característica que, por vezes, resulta num padrão rítmico e 
harmônico reconhecível. 
O que resulta da junção da melodia, harmonia e ritmo são as consonâncias e 
as dissonâncias. 
Acontece, porém, que as definições de dissonâncias e consonâncias variam 
de cultura para cultura. Na Idade Média, por exemplo, eram considerados 
dissonantes certos acordes que parecem perfeitamente consonantes aos ouvidos 
atuais, principalmente aos ouvidos roqueiros (trash metal e afins) de hoje. 
Essas diferenças são ainda maiores quando se compara a música ocidental 
com a indiana ou a chinesa, podendo se chegar até à incompreensão mútua. 
Para melhor entender essas diferenças entre consonância e dissonância é 
sempre bom recorrer ao latim: 
Consonância, em latim consonantia, significa acordo, concordância, ou seja, 
consonante é todo o som que nos parece agradável, que concorda com nosso gosto 
musical e com os outros sons que o seguem. 
Dissonância, em latim dissonantia, significa desarmonia, discordância, ou 
seja, é todo som que nos parece desagradável, ou, no sentido mais de teoria 
musical, todo intervalo que não satisfaz a ideia de repouso e pede resolução em 
uma consonância. 
Trocando em miúdos, a dissonância seria todo som que parece exigir um 
outro som logo em seguida (MUSZKAT, 2012). 
Já a incompreensão se dá porque as concordâncias e discordâncias mudam 
de cultura para cultura, pois quando nós, ocidentais, ouvimos uma música oriental 
 
22 
 
típica, chegamos, às vezes, a ter impressão de que ela está em total desacordo com 
o que os nossos ouvidos ocidentais estão acostumados. 
Portanto o que se pode dizer é que os povos, na realidade, têm consonâncias 
e dissonâncias próprias, pois elas representam as suas subjetividades, as suas 
idiossincrasias, o gosto e o costume de cada povo e de cada cultura (MUSZKAT, 
2012). 
A música seria, nesse caso, a capacidade que consiste em saber expressar 
sentimentos através de sons artisticamente combinados ou a ciência que pertence 
aos domínios da acústica, modificando-se esteticamente de cultura para cultura. 
3.14 A evolução da Música 
A história da música se confunde com a história da humanidade. Desde que o 
homem dá início a sua caminhada em direção ao seu desenvolvimento sapiente, ou 
seja, interagir racionalmente com o meio ambiente, buscando a razão pela qual as 
coisas são manifestas tanto no mundo racional quanto espiritual, o então infante ser, 
em sua ânsia por interagir de forma mais ampla com o meio natural dá início a 
produção sonora, utilizando artefatos encontrados no meio ambiente. Para facilitar a 
compreensão dos fatos ocorridos, vamos dividir a história da música em: 
 Primitiva (relativa aos povos primevos) – que compreende os inícios das 
atividades laborais de adaptação da natureza as suas necessidades, 
realizadas pelo homem pré-histórico. 
 Cultural (relativa ao domínio de técnicas rudimentares para manipulação 
dos metais) – que compreende a chamada música antiga realizada por 
povos denominados de média cultura tais como: caçadores, agricultores, 
pastores e etc. E os de alta cultura como os chineses, indianos, egípcios e 
gregos. 
 Cientifico-cultural – que compreende os períodos medieval, renascença, 
barroco, clássico, romântico, pós-romântico, nacionalismo e 
contemporâneo. Falar de um conteúdo tão extenso, que objetiva 
esclarecer ao estudante como se deu o desenvolvimento da música 
através das transformações sociais vividas pela humanidade, constitui-se 
um grande desafio. Porém, buscarei fazer com que o nosso conteúdo 
 
23 
 
tenha apenas o que seja mais relevante para nossos estudos, dando 
maior ênfase na música popular brasileira, sem deixar de lado o acervo 
histórico que temos resguardado. 
4 MÚSICA 
A música, mais do que qualquer outra arte, tem uma representação 
neuropsicológica extensa, com acesso direto à afetividade, controle de impulsos, 
emoções e motivação. Ela pode estimular a memória não verbal por meio das áreas 
associativas secundárias as quais permitem acesso direto ao sistema de percepções 
integradas ligadas às áreas associativas de confluência cerebral que unificam as 
várias sensações. Exemplo pode ser dado referindo-se à sensação gustativa, 
olfatória, visual e proprioceptiva as quais dependem da integração de várias 
impressões sensoriais num mesmo instante, como a lembrança de um cheiro ou de 
imagens após ouvir determinado som ou determinada música. O conjunto dessas 
atividades motoras e cognitivas envolvidas no processamento da música é chamado 
de função cerebral. Tal função exige várias operações mentais tais como 
interpretação de ritmos, harmonias, timbres, expressão motora, processos cognitivos 
e emocionais paraa formação de um complexo de interpretação da música 
(MUSZKAT, 2012). 
Nas crianças, a música também exerce grande influência em seu 
desenvolvimento e funcionamento cerebral, sendo entendida pelo cérebro como 
uma forma de linguagem. Assim, à semelhança da linguagem falada, a música 
envolve diferentes entonações, ritmos, andamentos e contornos melódicos. É 
considerada uma arte que se utiliza da linguagem para a comunicação e expressão 
(CUERVO, 2011). 
A partir disso, compreenderam-se aspectos relacionados à dominância 
cerebral na função dos hemisférios cerebrais. O hemisfério esquerdo contém as 
habilidades verbais, enquanto as não verbais dependem do hemisfério cerebral 
direito (SCHMIDEK, 2005). A neurociência mostra que o cérebro de um praticante de 
música em longo prazo, como em músicos profissionais, funciona de uma forma 
diferente do cérebro de um não músico. O primeiro apresenta maior capacidade de 
aprendizado, atenção, concentração, controle emocional e normalmente são 
 
24 
 
indivíduos bem-humorados. No desenvolvimento de suas atividades, como executar 
uma peça musical, eles usam os dois lados do cérebro ao mesmo tempo devido o 
desenvolvido das habilidades musicais localizadas em ambos os hemisférios 
indicando mudanças positivamente mensuráveis (TRAVIS, 2011; AAMODT e 
WANG, 2013). 
4.1 Processo de reconhecimento do som 
A música e a linguagem são ferramentas de estudo que exploram funções 
cerebrais. Enquanto a voz falada envolve entonação, ritmo, andamento e um 
contorno melódico, a música utiliza-se da linguagem de símbolos para comunicação 
e expressão. No entanto, ambas dependem de esquemas sensoriais responsáveis 
pela percepção e processamento auditivo e visual para que haja uma organização 
temporal e motora necessárias para a fala e execução musical (MUSZKAT et al, 
2000). 
Ao chegarem aos ouvidos, os sons são convertidos em impulsos que 
percorrem os nervos auditivos até o tálamo, região do cérebro considerada central 
para as emoções, sensações e sentimentos. Os impulsos cerebrais provocados pela 
música afetam todo o corpo e podem ser detectados por técnicas de escaneamento 
cerebral ou neuroimagem (GASPARINI, 2003). 
Quando um som é ouvido, o ouvido externo o capta, transfere e conduz a 
onda de pressão sonora (energia sonora) pelo canal auditivo em direção à 
membrana timpânica a qual vibra. Tal vibração é transmitida aos ossículos do 
ouvido, de modo que martelo, bigorna e estribo oscilam em resposta ao som e, 
através do movimento mecânico, conduzem o som do meio gasoso para o meio 
líquido do compartimento seguinte. O martelo recebe inicialmente o estímulo e o 
estribo empurra a cóclea que se situa numa cavidade no osso temporal (ouvido 
interno) criando pressão sobre o fluido lá dentro. Na cóclea existem células ciliadas, 
que atuam como receptores sensoriais os quais geram estímulos elétricos através 
de sequências de descargas nervosas para o nervo auditivo, que vai transmiti-lo ao 
cérebro, no córtex auditivo, que se situa no lobo temporal. 
A cóclea separa os sons complexos em suas frequências elementares e cada 
célula ciliada está afinada para diferentes frequências de vibração, sendo que no 
 
25 
 
cérebro também existem células que respondem melhor a frequências específicas. 
O nervo auditivo recebe informação nervosa das células ciliadas e a transmite ao 
tronco encefálico que vai repassar ao tálamo que, enfim o direciona ao córtex ou a 
bloqueia. 
Todo o mecanismo nervoso de condução auditiva permite, por exemplo, 
prestar atenção a um só instrumento numa orquestra. O cérebro processa a música 
de forma distribuída uma vez que existem muitas áreas auditivas no córtex cerebral 
as quais são de difícil delimitação. Sabe-se que a percepção musical envolve as 
áreas primárias, secundárias e terciárias do sistema auditivo, além das áreas de 
associação auditivas nos lobos temporais e da Área de Wernicke. Esta, por sua vez, 
está ligada à percepção da linguagem e do processamento da maioria das funções 
intelectuais do cérebro. As áreas primárias recebem sinais do ouvido interno através 
do tálamo e estão envolvidas nos primeiros estágios da percepção musical tais como 
frequência de um tom, contornos melódicos e volume. Áreas secundárias processam 
padrões mais complexos de harmonia, melodia e ritmo. As terciárias permitem uma 
percepção geral da música (GASPARINI, 2003). 
Segundo estudos realizados no Instituto de Fisiologia da Música e da 
Medicina da Arte, em Hannover na Alemanha, o lado esquerdo do cérebro parece 
processar elementos básicos como intervalos musicais e ritmos ao passo que o lado 
direito se relaciona ao reconhecimento de características como métrica e contorno 
melódico. Vale lembrar que o córtex auditivo primário é amplamente influenciado 
pela experiência de forma que, quanto maior for a experiência, maior é o número de 
células estimuladas e reativas a sons e tons musicais importantes. A experiência 
induz ao aprendizado e este afeta os processamentos nas áreas auditivas 
secundárias e de associação, onde se supõe que os padrões musicais mais 
complexos, como harmonia, melodia e ritmo são processados. Desta forma, 
aprender a tocar um instrumento faz com que haja uma reorganização de diversas 
áreas cerebrais como, por exemplo, as áreas motoras, o corpo caloso e o cerebelo. 
Esta reorganização se faz através da plasticidade neural, quer seja a partir do 
aumento no número de sinapses e de neurotransmissores, quer seja como o 
aumento da potência da sinapse existente e a formação de novas conexões. Este 
fato ocorre predominantemente a partir de exercícios musicais os quais são 
 
26 
 
apontados como capazes de desenvolverem o hemisfério esquerdo (área da 
linguagem) e de beneficiarem a memória e a realização de tarefas espaciais. 
A música também tem sido apontada como hábil a influenciar o estado 
emocional. A percepção musical relacionada às emoções depende de variáveis tais 
como a experiência emocional específica de cada um. No entanto, de acordo com 
pesquisas do Instituto de Música e Aprendizagem de Paris (IRCAM) e Dijon (Lead), 
as reações emocionais de indivíduos sem formação musical e de músicos são 
bastante parecidas (GASPARINI, 2003). 
A capacidade de a música influenciar o estado emocional do indivíduo se 
deve ao fato dela produzir reações fisiológicas cuja magnitude parece depender do 
conteúdo emocional. Portanto, a percepção musical envolve muitas variáveis, muitas 
áreas encefálicas e é capaz de influenciar o corpo todo através das reações 
emocionais e fisiológicas. 
A música, que é parte da cultura humana desde tempos remotos, é um 
instrumento de diálogo não verbal. Ela é inata e pode desencadear profundos 
processos de transformação pessoal os quais afetam não só o próprio indivíduo, 
mas também o universo que o rodeia em todas as suas manifestações e formas. 
4.2 Constituição, características e elementos musicais 
O som é caracterizado como uma onda sonora mecânica percebida pelo 
sentido da audição devido suas características musicais, timbre (amplitude), altura 
(frequência) e intensidade. O timbre é uma característica sonora que permite 
distinguir sons que possuem mesma frequência, porém são emitidos de fontes 
diferentes, por exemplo, ao tocar a mesma nota em dois instrumentos diferentes, o 
som produzido tem a mesma altura (frequência), mas mesmo assim, é possível 
distinguir o som de cada instrumento porque o timbre (determinado pela forma de 
onda emitida) é diferente para cada um. A intensidade é a característica que 
distingue sons fortes e fracos. Ela depende da amplitude das vibrações que as 
partículas de ar realizam sobre suas posições de equilíbrio enquanto um som se 
propaga, portanto, quanto maior a frequência, mais agudo é o som e vice-versa. 
Ritmo, melodia e harmonia são os principais elementos que constituem a 
música. Dentre eles, o ritmo é o que mais se associaà percepção de duração no 
 
27 
 
tempo, de periodicidade, pois é algo que flui, que se move, é um movimento 
regulado. É importante, pois sem movimento não há som uma vez que todo 
movimento produz som, mesmo que este não seja percebido pelo ouvido humano. 
Vale ressaltar que o aparelho auditivo humano é sensível a sons de frequência que 
estejam entre 20 e 20.000 Hz. Tal capacidade de reconhecimento auditivo é 
conhecida como espectro audível ou limiar de audibilidade (GASPARINI, 2003). 
Estudos foram feitos a fim de entender os efeitos fisiológicos e psíquicos das 
ondas sonoras de baixa frequência no corpo humano os quais demonstraram que, 
para a maioria dos indivíduos, a vibração sonora mais confortável foi a de 69,2 Hz e 
a mais desconfortável foi a de 24,49 Hz. As sensações benéficas descritas pelos 
participantes foram leveza, tranquilidade, relaxamento, sonolência, paz, meditação, 
sonho, anestesia, esquecimento de imagens e cenas ocorridas durante a aplicação, 
maior consciência corporal, melhora postural, sensação de bem-estar, redução de 
dores musculares, sensação de conforto, menos ansiedade, desobstrução das vias 
aéreas e desejo de urinar (por estimulação do sistema autônomo). 
4.3 Música sedativa e estimulante 
Estudos sobre a influência da música no comportamento humano 
categorizam, principalmente, dois estilos de música, a sedativa e a estimulante. A 
música de estilo sedativo compreende os andamentos lentos, com harmonias 
simples e leves variações musicais. Uma de suas características é o fato dela poder 
tornar suave uma atividade física ou aumentar a capacidade contemplativa do ser 
humano produzindo um efeito relaxante, com redução da frequência cardíaca, 
pressão arterial e ventilação. Ao contrário, a música estimulante pode produzir um 
efeito excitante aumentando o ritmo da respiração, da pressão arterial e dos 
batimentos cardíacos em consequência de ativação autônoma simpática que produz 
uma sensação de aumento do estado de alerta. Neste caso, uma pré-disposição à 
atividade motora é gerada assim como maior ativação mental devido seus tempos 
mais rápidos, forte presença de articulações em staccato (notas com curta duração), 
harmonias complexas e dissonantes e mudanças repentinas na dinâmica. 
 
28 
 
4.4 Musicoterapia 
A musicoterapia é considerada uma ciência nova aplicada por pessoa 
qualificada que usa a música de forma prescrita e clínica como intervenção 
terapêutica, que deve possuir algumas exigências técnicas e científicas, como 
maturidade, controle afetivo e emocional, imaginação, capacidade de observação do 
mundo interior e exterior. A musicoterapia destina-se a facilitar e promover a 
mobilização, a comunicação, a expressão, a organização e melhorar 
relacionamentos sociais. Outros objetivos terapêuticos relevantes são descritos 
como melhora de necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas do 
indivíduo o qual desenvolve potenciais e recupera funções. 
 
Fonte:www. www.revistainterativa.org 
 
O musico terapeuta cria formas e estratégias de fazer com que as atividades 
musicais contemplem o paciente. As mais comuns incluem dança, improvisação, 
associação do canto a tons combinados, uso de imagens, o canto, tocar um 
instrumento ou compor uma música. Tais atos ajudam na expressão emocional, na 
melhora das habilidades motoras além de melhorar lembranças associadas 
favorecendo indivíduos portadores de Alzheimer (GOLD et al., 2004), com danos 
cerebrais ou necessidades especiais (COVINGTON, 2001), autistas (CHANDLER et 
al., 2002), indivíduos com síndrome de Down (BROTONS e KOGER, 2000) e 
pessoas que não estão em tratamento, crianças, adolescentes e idosos, sendo seus 
efeitos incontáveis sobre cada indivíduo. 
http://www.revistainterativa.org/
 
29 
 
Muitas pesquisas relatam e apontam a importância da música como um 
elemento de otimização das funções cerebrais com destaque para a memória, uma 
vez que a música, a influência da música no comportamento humano envolve 
armazenamento de símbolos organizados estimulando a cognição. Além disso, a 
música apresenta grande importância em distúrbios motores como a doença de 
Parkinson. 
Num estudo recente, idosos após acidentes vasculares encefálicos foram 
submetidos a cinco sessões semanais de 30 minutos de musicoterapia interagindo 
com piano e bateria. Os mesmos foram avaliados antes e após este período quanto 
ao desempenho motor fino (movimento de dedos), movimentos de pulso e 
movimentos mais amplos. A melhora na capacidade motora foi percebida nos 
movimentos e atribuída à plasticidade neural das vias motoras do córtex cerebral 
para a medula espinal a partir da estimulação causada pelos estímulos musicais 
(AMENQUAL et al., 2013). Por isso, Sacks (2007) afirma que a música correta, pode 
orientar o indivíduo quando este não é mais capaz de fazê-lo por si só. 
5 A MÚSICA COMO FORMA DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO HUMANA 
A música se faz presente em todas as manifestações sociais e pessoais do 
ser humano desde os tempos mais remotos. Schaeffner (1958) explica que mesmo 
antes da descoberta do fogo, o homem primitivo se comunicava por meio de gestos 
e sons rítmicos, sendo, portanto, o desenvolvimento da música, resultado de longas 
e incontáveis vivências individuais e sociais. 
Da mesma maneira, ao nascer, a criança entra em contato com o universo 
sonoro que a cerca: sons produzidos pelos seres vivos e pelos objetos. Essa sua 
relação com a música pode ocorrer, por exemplo, por meio do acalanto da mãe ou 
aparelhos sonoros, sons da natureza e outros sons produzidos no seu cotidiano. 
Nesse sentido, a música dialoga com a constituição interna do ser humano. A 
criança estabelece suas primeiras relações com o mundo sociocultural por meio dos 
sentidos sensoriais e de laços afetivos. Segundo a educadora musical brasileira Ilari 
(2003), o primeiro contato do ser humano com a música acontece mesmo antes de 
nascer, na sua vida intrauterina. Ao ouvir o batimento cardíaco da mãe mais 
 
30 
 
compassado e mais lento que o seu, como feto toma contato com um dos elementos 
fundamentais da música – o ritmo. 
Os sons que se ouvem, quaisquer que sejam não passam de ritmos. Uma 
melodia, que nos possibilita escutar uma nota ou um “tum” do coração, consolida-se 
pela aceleração de mínimas batidas que compõem o som estável, suficiente para 
que o ouvido humano escute. Já o silêncio, imprescindível para a composição da 
música, é aquele que não conseguimos ouvir, mas que caminha também pelo ar 
como matéria, e que necessariamente selecionamos e relativizamos. 
Além do som organizado – aquele que ouvimos em um instrumento ou de um 
pássaro cantando – existem sons desorganizados, os chamados ruídos, que nos 
rodeiam incessantemente (como o som de um trovão) e aqueles que inserimos na 
música (como os instrumentos de percussão). A música, portanto, é a junção de 
sons, ruídos, silêncios, ritmos e melodias. Enfim, iniciamos o nosso contato musical 
desde quando crescemos no útero materno e por toda a nossa vida. 
Por conseguinte, cada criança traz práticas sociais e tradições culturais 
musicais, historicamente produzidas no seu contexto histórico, e ainda bebê já 
percebe as variações rítmicas e muda seus comportamentos, como por exemplo, ao 
ouvir uma canção de ninar conhecida. O canto é a estruturação musical da palavra, 
portanto, organização temporal de ritmos, frequências e timbres que demonstram a 
profunda tessitura da palavra (SANTOS, 2004). 
Nesse sentido, a música folclórica pode ser usada na Educação Infantil como 
instrumento de valor próprio e significativo, visto que, as canções tradicionais de um 
povo tratam de quase todos os tipos de atividades humanas. Muitas dessas canções 
expressam crenças religiosas ou políticas, ou descrevem a sua história, que são 
passadas de geração em geração por meio da oralidade. 
5.1 Educação na perspectiva histórico-cultural 
Coadunam-secom essas reflexões as teorizações de Leontiev (1978), 
psicólogo russo, quando no texto O Homem e a Cultura ressaltam a importância do 
conhecimento culturalmente construído pelas gerações antecedentes. Segundo este 
autor, 
Cada geração começa, portanto, a sua vida num mundo de objetos e de 
fenômenos criados pelas gerações precedentes. Ela apropria- -se das 
 
31 
 
riquezas deste mundo participando no trabalho, na produção e nas diversas 
formas de atividade social e desenvolvendo assim as aptidões 
especificamente humanas que se cristalizaram, encarnaram nesse mundo 
(LEONTIEV, 1978, p.265-6). 
 
Leontiev afirma a necessidade do processo da objetivação e apropriação 
pelas gerações futuras como condição para que ocorra seu desenvolvimento e 
humanização. Esses conceitos são explicados por ele baseados na obra de Karl 
Marx, o primeiro que forneceu uma análise teórica da natureza social do homem e 
do seu desenvolvimento sócio histórico. 
A objetivação consiste na realização material do homem das suas faculdades 
físicas, mentais ou espirituais, ou seja, na produção e reprodução de objetos 
materiais e não materiais que refletem a ação do homem no seu meio sociocultural. 
A apropriação corresponde ao complemento desse processo, significando a 
incorporação pelos indivíduos dos objetos materiais e não materiais produzidos pela 
humanidade. Portanto, ao se apropriar do objeto o sujeito se apropria do 
pensamento que o objetivou. 
De acordo com Leontiev (1978), cada indivíduo aprende a ser homem; 
ninguém nasce personalidade; para viver em sociedade não basta o que a natureza 
lhe dá ao nascer. Tem que se apropriar do que foi produzido pela humanidade no 
decurso do seu desenvolvimento histórico. 
A apropriação enfocada por ele pressupõe três particularidades essenciais: é 
sempre um processo ativo, realizado pelo homem para se apropriar e desenvolver 
novos traços essenciais da atividade acumulada pelo objeto; é sempre um processo 
mediador entre a formação histórica do gênero humano e a formação singular de 
cada indivíduo; é sempre um processo mediatizado pelas relações entre seres 
humanos, numa constante transmissão cultural de geração para geração, dos 
valores, conceitos, aptidões e demais atividades ao longo da história. Dessa forma, 
Leontiev (1978, p.273) chega à conclusão de que “o movimento da história só é 
possível com a transmissão, às novas gerações, das aquisições da cultura humana, 
isto é, com educação”. O autor deixa claro que, quanto mais a humanidade progride, 
mais imprescindível se torna a educação para o seu desenvolvimento, vinculando o 
progresso histórico de uma sociedade ao progresso do seu sistema de ensino. Mas, 
o que vem a ser educação nessa concepção? Leontiev se ocupa ainda de explicar 
que, 
 
32 
 
O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade. 
Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são 
incorporadas nem nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo 
que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só se apropriando 
delas no decurso da sua vida ele adquire propriedades e faculdades 
verdadeiramente humanas (LEONTIEV, p.282-3). 
 
 
A educação como se pode perceber tem como principal objetivo possibilitar a 
apropriação das criações humanas. É também, uma atividade social e histórica que 
se realiza nos múltiplos espaços da sociedade. No entanto, Leontiev (1978) 
complementa que não é qualquer tipo de educação que preconiza esses objetivos, e 
sim o ensino sistematizado, por possuir um nível de elaboração mais complexo do 
que aprendizagens espontâneas e não dirigidas. 
Neste sentido, Vygotsky (2001, p. 77) pontua que “a educação só pode ser 
definida como ação planejada, racional, premeditada e consciente e como 
intervenção nos processos de crescimento natural do organismo”. Portanto, na 
perspectiva enfocada pelo autor, para ter validade, deve ser implementado um 
modelo educacional que vise à apropriação da cultura material e intelectual, com 
vistas à superação das formas primitivas de pensamento e desenvolvimento da 
consciência, bem como com ênfase na formação dos processos psicológicos 
superiores. 
Nessa perspectiva de educação, é importante não perder de vista que, o que 
determina o desenvolvimento da inteligência, do raciocínio, da consciência é a 
própria vida, ou seja, a atividade que o ser humano desenvolve, seja externa, por 
meio da interação, ou interna. Dessa forma, quanto mais diversificada for à 
atividade, mais se abrem possibilidades de desenvolvimento para as referidas 
funções. 
Nesse processo de aprendizagem enfatizado pelos psicólogos russos, será 
que as crianças aprendem alguma coisa por meio das cantigas de acalanto, das 
advinhas ou das danças folclóricas? Será que a música folclórica possui valor 
educativo? Poderá contribuir de alguma forma para o desenvolvimento das funções 
psíquicas? 
 
33 
 
5.2 Música e influência no humor 
A música é descrita como tendo um papel envolvente na vida das pessoas, 
podendo causar aproximação e atração entre indivíduos melhorando assim sua 
socialização. 
 
Fonte:www.oplanetaalternativo.com 
 
Em relação à influência da música sobre o humor e a despeito da preferência 
musical de cada pessoa, nem todos os indivíduos poderão se beneficiar dos efeitos 
positivos da música sobre o humor. Este fato foi demonstrado em pesquisas feitas 
sobre determinados estilos musicais os quais mostraram correlação entre os traços 
de personalidade, valores humanos, risco de suicídio, uso de drogas e outros 
comportamentos antissociais, no comportamento pró-social, nos pensamentos e 
sentimentos agressivos e no comportamento do consumidor. 
Alguns estilos musicais como heavy metal e o rap preocupam os 
pesquisadores devido à forte frequência de comportamentos de risco em suas letras. 
Ao contrário, a música clássica tem efeitos relaxantes e positivos sobre o humor, 
mesmo que não sejam as músicas preferidas ou habitualmente ouvidas. Assim, 
estudos demonstraram significativa redução nos níveis de estresse após quatro 
meses de sessões semanais de música clássica (VYGOSTSKY, 2001) 
Altshuler, um psiquiatra americano, durante suas experiências clínicas 
verificou que a música cujo caráter e andamento coincidiam com o tempo mental do 
paciente, influenciava seu humor. Este médico tratava um paciente depressivo com 
músicas de caráter triste e em tonalidade menor ao passo que, para pacientes 
http://www.oplanetaalternativo.com/
 
34 
 
maníacos, empregava música de tempo “allegro” ou “vivace” devido seu tempo 
mental se apresentar disperso e rápido. Com o andamento adequado para cada um 
dos pacientes, o tempo mental era estimulado ao entrar em contato com a música. 
6 MÚSICA E EDUCAÇÃO 
A música tem um grande poder de interação e desde muito cedo adquire 
grande relevância na vida de uma criança despertando sensações diversas, 
tornando-se uma das formas de linguagem muito apreciada por facilitar a 
aprendizagem e instigar a memória das pessoas. 
Desde o nascimento que o ser humano mostra suas necessidades de 
comunicação, interagir com a sociedade e meio envolvente. Essa necessidade se 
inicia no ventre da sua mãe, onde é criada uma relação de afeto, estabelecendo 
formas de comunicação entre a mãe e a criança, através de simples gestos. 
Segundo Morris (1975, p. 235): 
 
Tudo que é caracteristicamente humano depende da linguagem. O ser 
humano é, em primeira instância, o animal falante. O discurso representa o 
mais essencial – mas não o único – papel no desenvolvimento e na 
preservação da identidade humana e de suas aberrações, assim como faz 
no desenvolvimento e na manutenção da sociedade e de suas aberrações. 
 
A cultura vem acompanhando as gerações e sua importância é incontestável. 
A necessidade de comunicação entre os povos tornou a música uma marca vital de 
identificação de cada comunidade e sua cultura. Segundo Oliveira (1999,p. 42), “é a 
necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento da 
linguagem”. A música é a forma de expressão artística, tanto no campo popular 
quanto no erudito. As comunidades podem ser identificadas pela música que 
escutam. 
Como podemos definir taxar ou estimar o gosto musical, a cultura, classe 
social, se a criança não tem opção de aprofundar seu conhecimento nos diversos 
campos culturais oferecidos pelas artes? A música proporciona uma forma de 
expressão e contribui para buscar a identidade de um povo, mas, isso não quer dizer 
que se devem privar o mergulho em outras culturas, pois a igualdade implica no 
 
35 
 
direito de não haver discriminação, sendo assim a escola tem obrigação de oferecer 
essa cartela de opções a seus alunos. 
Charles Husband (1998, p. 139) afirma: 
 
No reconhecimento de nossa individualidade está a possibilidade de 
assumirmos a identidade da comunidade que fazemos parte, aquilo que nos 
une e nos solidariza. Consequentemente, os direitos individuais não podem 
ser inteiramente usufruídos ou garantidos, na ausência do respeito para 
com a dignidade, a integridade, a igualdade e a liberdade daquelas 
comunidades com as quais nos identificamos, incluindo a comunidade 
étnica a qual pertencemos. Na busca do reconhecimento de quaisquer de 
nossas comunidades [...] nós devemos reconhecer reciprocamente a 
legitimidade da existência e da integridade de outras comunidades, inclusive 
suas diferenças em relação a nós. 
 
No Brasil ainda temos pouco incentivo para pesquisas sobre educação 
musical enquanto em outros países a música já é vista como obrigatória nas 
escolas. A finalidade da inclusão da música na escola não é tanto transmitir uma 
técnica particular, mas sim trazer para o aluno opções de expressão e linguagens 
que o ajudarão a desenvolver o gosto pela cultura e assim futuramente expressar-se 
através dela. 
Dessa maneira, é possível afirmar que no Brasil já temos uma trajetória 
histórica, educativa e cultural que nos permite uma reflexão crítica acerca de 
perspectivas e caminhos concretos que possam subsidiar a inserção da educação 
musical nas escolas. 
Sabendo que as 
aulas de educação 
artística, onde a música 
está inserida, não tem um 
papel de grande 
destaque no currículo 
escolar uma vez que as 
disciplinas seguem uma 
regra hierárquica, onde as que são tidas como as mais importantes para o 
desenvolvimento escolar do aluno tem um enorme destaque e são consideradas 
como as de mais necessidade para a vida escolar e social do aluno, enquanto as 
demais disciplinas que estão presentes no currículo são levadas em “banho-maria” 
nas salas de aula como é o caso da disciplina de Artes. 
 
36 
 
As aulas de educação artística há muito tempo vêm sendo relegadas ao 
segundo plano, os alunos só se dedicam as atividades artísticas dentro da escola 
apenas quando o professor ou a instituição tem atividades específicas ou projetos, 
apresentações, amostras, recitais, encontros, etc. Assim não sendo a arte, ficando 
sempre em segundo plano. 
Para as escolas ainda é mais importante que o aluno venha a ler e escrever 
com maior rapidez para assim acompanhar os planos escolares e suas atividades 
diárias, facilitando assim o trabalho de acompanhar as fases individuais dos alunos, 
que quase sempre não são respeitadas, pois estes alunos que não acompanham 
essa norma (ler e escrever) no tempo determinado pelo sistema educacional são 
taxados como lentos e necessitados de reforço em suas atividades (HUSBAND, 
1998). 
6.1 Educação musical 
A arte é um instrumento para a transformação de seres humanos em sua 
plenitude, desperta mais atenção em seu processo de sentir, por conseguinte, para 
o sentir dos outros. 
A música, como uma das linguagens da arte, como capacidade 
exclusivamente humana, tem sido compartimentada e compartilhada pelos diversos 
povos e sociedades através dos tempos. A música é um acontecimento sonoro que 
ao ser ouvido, diz como foi feito e oferece acepções diversas para a receptividade 
sensível. A música como expressão transforma emoções, percepções, sentimentos 
e ideias do ser humano num processo elaborado de organização dos sons, dando-
lhes forma. 
A música sempre esteve presente na vida das pessoas, seja em forma de 
letras simples desde a infância, ou cantaroladas e até pelos cantos dos pássaros. Os 
sons podem ser ouvidos de várias formas e cada qual interpreta do seu modo e a 
sua maneira. 
 
37 
 
 
Fonte:www. terradamusicablog.com.br 
 
A Educação Musical é um valor da construção humana, porque a música é 
uma linguagem artística organizada e estruturada culturalmente, que, justamente 
com o código de sua construção, é um fato histórico e social. 
A principal fonte musical para as crianças em idade escolar é a mesma para 
todas as classes sociais. O papel do educador musical, neste caso, torna-se de 
extrema importância, pois estará em suas mãos a condução de um processo de 
construção de ouvintes críticos e conscientes. 
Na escolarização, a criança intensifica sua ação avaliativa sobre o que está 
ao nível de fantasia, o que é real, o que é conveniente, o que é aconselhável, o que 
é válido, o que é saudável, ou não. O processo de escolarização sendo propício 
para explorar a imaginação da criança deve ser bem aproveitado, pois, a partir daí o 
desenvolvimento infantil se orienta para o discurso verbal e lógico e os centros de 
interesses passam a ser outros (BRITO, 2003) 
É tarefa da escola estender o campo da experiência musical do aluno, 
oferecendo-lhe, também, meios que diferenciem os contextos sonoros e suas 
relações nos períodos históricos-sociais. 
A música afeta a mente, o corpo e as emoções, desta forma o período de 
educação musical pode ser crucial na vida da pessoa, configurando-se como agente 
de desenvolvimento sensorial e emocional, como estímulo mental e como forma de 
sensibilização. Estes aspectos entrelaçados entre si, fundem a mente, o corpo e as 
emoções do aluno numa experiência musical importante ao desenvolvimento dos 
processos cognitivos. 
 
38 
 
A música, enquanto atividade social, cria um espaço onde se dão as relações 
interpessoais. O espaço social criado para o aluno na escola é, desde o início, um 
mundo próprio, diferente do círculo familiar, no qual existem grupos maiores que 
impõem certos padrões de conduta, onde o aluno deverá desenvolver-se integrando-
se. Uma das formas que proporcionam está integração é o grupo musical. 
A educação musical, enquanto processo de desenvolvimento da linguagem 
musical da pessoa, depende das suas experiências e da maneira que as utiliza. Elas 
podem permitir a auto expressão e o desenvolvimento da personalidade, oferecendo 
oportunidade à criação de atitudes sadias sobre si mesmo e sobre os outros e, 
ainda, provocar identificações de acordo com seu próprio nível emocional. 
Se a educação musical tomar como princípio a ênfase nos processos 
cognitivos, vai movimentar o fazer musical do aluno. Como consequência da ação 
cognitiva, a objetivação do conhecimento permitirá a qualquer pessoa o acesso a 
pensamentos expostos sobre determinado fenômeno musical. O desenvolvimento da 
consciência e da inteligência depende do desenvolvimento perceptivo que pode e 
deve ser trabalhado na área do conhecimento musical fundamentado nas 
experiências auditivas (BRITO, 2003). 
A criança não nasce com seu desenvolvimento predeterminado, ao contrário, 
a exposição à cultura e à língua específica determina a sua forma de perceber o 
mundo e a si mesmo. Nesse contexto como a música parte da cultura sócio histórica 
do homem, pode contribuir para o desenvolvimento da criança. 
A música se faz presente na história da humanidade. Ao nascer a criança 
entra em contato com o universo sonoro que a cerca. Sua relação com a música 
pode ocorrer, por exemplo, por intermédio do acalanto da mãe ou aparelhos 
sonoros, sons da natureza