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Unidade 4 Livro Didático Digital Hannah de Oliveira Santos Bezerra Tratamento da Água e Efluentes Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor HANNAH DE OLIVEIRA SANTOS BEZERRA Hannah de Oliveira Santos Bezerra Olá. Meu nome é Hannah de Oliveira Santos Bezerra. Sou doutora em Administração de empresas pela Universidad de Salamanca, Espanha. E atualmente faço parte de uma fundação de apoio à pesquisa. Minha experiência morando fora por sete anos me fez aprender não somente sobre Administração de empresas, mas também sobre idiomas, cultura, comidas, pessoas. Durante meu doutorado, pude realizar um curso sobre gestão ambiental no tratamento de águas, o que me permitiu adquirir conhecimentos suficientes para produzir este e-book. Sou apaixonada por transmitir conhecimentos e minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! A AUTORA Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova com- petência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Gerenciamento da água na indústria..........................................12 Gestão da água industrial.......................................................................................12 Números na gestão industrial ...........................................................................13 ISO 14046: 2014 sobre recursos hídricos..................................................14 Como economizar água na indústria.............................................................15 As 4 chaves para trabalhar no futuro...........................................................17 Tratamentos convencionais e emergentes das águas industriais................................................................................................20 Águas residuais industriais: necessidade e benefícios...............20 Tratamentos convencionais.................................................................................25 Técnicas de oxidação direta.............................................................25 Processos avançados de oxidação.............................................27 Processos sem entrada de energia...........................................28 Processos com aporte de energia..............................................30 Processos com entrada de energia...........................................31 Amostragem de águas superficiais e efluentes....................33 Uso da água na indústria........................................................................................33 Procedência das águas residuais industriais........................................34 Tipos de águas residuais industriais............................................................35 Tipos genéricos de poluição de águas residuais..............................35 Classificação da indústria de acordo com desperdício.................37 Indústrias com efluentes principalmente orgânicos:....37 Indústrias com efluentes orgânicos e inorgânicos:......38 Indústrias com efluentes, principalmente inorgânicos:........................................................................................................................38 Indústrias com efluentes com matéria em suspensão:..........................................................................................................................38 Indústrias com efluentes de refrigeração:............................38 Métodos de classificação tratamento......................................39 Orientações a seguir no tratamento da água residual industrial...............................................................................................................................39 Resíduos sólidos nas indústrias.....................................................41 Resíduos Sólidos............................................................................................................41 Gerador de resíduos.................................................................................41 Classificação de resíduos sólidos...................................................................41 Gestão de Resíduos Sólidos...............................................................................46 Tratamento da Água e Efluentes 9 UNIDADE 04 Tratamento da Água e Efluentes10 Como consta no primeiro relatório de Nações Unidas sobre o desenvolvimento de recursos hídricos do mundo, Água para todos, água para a vida (março de 2003), 59% do consumo total de água nos países afetados para uso industrial, 30% em consumo agrícola e 11% em consumo doméstico. Sendo assim, o tratamento de águas residuais industriais e sua reutilização posterior para múltiplos usos contribuem para um consumo sustentável da água e para a regeneração ambiental do domínio público hidráulico e marítimo e dos ecossistemas. Ao longo desta unidade vamos aprender sobre a importância do tratamento das águas residuais industriais e as técnicas utilizadas para realizar esse tratamento. Animado? Vamos nessa! INTRODUÇÃO Tratamento da Água e Efluentes 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Aplicar os principais métodos de tratamento de águas industriais; 2. Analisar amostragens de águas superficiais e efluentes; 3. Discernir sobre tratamentos convencionais e emergentes das águas industriais; 4. Aplicar métodos de minimização da geração, do tratamento e da disposição de efluentes e resíduos industriais. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Tratamento da Água e Efluentes12 Gerenciamento da água na indústria INTRODUÇÃO: Nessa unidade, você conhecerá mais sobre como acontece a gestão da água industrial, alguns números relacionados a gestão da água no mundo e um pouco sobre o que diz a Organização Internacional de Normalização que regula sobre recursos hídricos. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Gestão da água industrial Os setores industriais e agrícola monopolizam a maior parte da água consumida na sociedade hoje. Segundo o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (MMA, 2012) no setor agrícola, mais de 60% da quantidade de água é desperdiçada devido a má gestão, infraestrutura ineficiente, más condições, etc. Por sua vez, na indústria, os problemas vêm de seu gerenciamento, uma vez que a maior parte da água utilizada é contaminada sem ser purificada ou purificada novamente. É grande a porcentagem de água desperdiçada, verdade? Atualmente,estima-se que a agricultura consuma 70% e a indústria 20% do consumo mundial de água. Infelizmente, as previsões apontam para um aumento nas necessidades de água da indústria. A UNESCO alerta no Programa Mundial de Recursos Hídricos que, se as medidas não forem tomadas a tempo, será muito difícil para o planeta enfrentar o déficit hídrico. em 40% nos próximos 15 anos. A ONU insiste que a água e as águas residuais são extremamente importantes para alcançar muitos dos objetivos do desenvolvimento sustentável (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO, 2019). A gestão da água nas organizações continua a ser realizada de maneira insustentável em grande parte do mundo. Um aspecto importante a ser levado em consideração nesse aspecto é o uso indevido das explorações de águas subterrâneas. Hoje, praticamente todos os países adotam práticas abusivas de gestão da água. As principais razões para essas más práticas se devem, principalmente, aos fatores como: irrigação Tratamento da Água e Efluentes 13 intensiva da terra, descargas, pesticidas, produtos químicos nos cursos d’água e falta de tratamento de águas residuais. Números na gestão industrial Na maioria das empresas industriais, a água é usada, em maior ou menor grau. É muito difícil encontrar uma indústria que atualmente não funcione com água. O volume utilizado constitui entre 10% e 20%. No entanto, essas atividades exercem grande pressão sobre todos os recursos hídricos, não tanto no consumo, mas nos impactos ambientais decorrentes dessas atividades, como derramamentos e poluição. Interessante, não é? Além disso, a produção industrial continua a crescer, e paralelamente a isso, o mesmo ocorre com o consumo de água para essas práticas. Embora os níveis de consumo nos países em desenvolvimento estejam começando a se estabilizar e mesmo em alguns tenham começado a declinar, esses casos ainda são muito poucos. Logicamente, atualmente, a indústria é um setor muito importante no desenvolvimento dos países, uma vez que desempenha um papel fundamental em seu progresso econômico. No entanto, a necessidade de maximizar os resultados econômicos deixou de levar em consideração a proteção ambiental em seus processos e planejamento. Diante disso, é interessante saber alguns dados, como os seguintes elencados pelo Instituto Trata Brasil (2012), que nos mostram esse aspecto: • Investimentos em água potável e efluente contribuem para o crescimento econômico. Segundo cálculos da Organização Mundial da Saúde, para cada dólar investido são recuperados entre 3 e 30 dólares de lucro, dependendo do País. • A África é o continente que experimenta a maior perda econômica causada pela falta de água para consumo. Isso equivale a aproximadamente 30 bilhões de dólares, equivalente a 5% do PIB. Tratamento da Água e Efluentes14 • Fatores demográficos e aumento da demanda de consumo devido à maior renda per capita são fatores responsáveis pela pressão sobre os recursos hídricos. • A demanda de energia aumenta da mesma maneira que a demanda de água. A bioenergia pode ter um grande impacto na qualidade e no acesso à água. • Como já mencionado, o principal consumidor de água para consumo é o setor agropecuário. Mais de 70% da retirada de água é destinada à irrigação. Essa atividade produtiva pode ser limitada com a escassez de água, afetando diretamente a produção de alimentos, com efeito direto nos preços. Muitos desses pontos você já deve ter visto no capítulo sobre gestão da água desse e-book, e é sempre bom recapitular esse tipo de informação. ISO 14046: 2014 sobre recursos hídricos A Organização Internacional de Normalização (ISO) aprovou em 2015 a norma ISO 14046: 2014 que específica os princípios, requisitos e diretrizes relacionados à avaliação da pegada hídrica de produtos, processos e organizações com base na avaliação do ciclo de vida. O principal objetivo desta ISO é avaliar os impactos ambientais das atividades das organizações na água, favorecendo a melhoria na gestão desse recurso escasso. Somente as emissões do ar e do solo que afetam a qualidade da água estão incluídas na sua avaliação e nem todas as emissões do ar e do solo estão incluídas. O valor resultante de uma avaliação da pegada hídrica é um valor único ou um perfil dos resultados do indicador de impacto. Tratamento da Água e Efluentes 15 Observe que a ISO 14046: 2014 fornece princípios, requisitos e diretrizes para conduzir e relatar uma avaliação da pegada hídrica como uma avaliação independente ou como parte de uma avaliação ambiental mais abrangente. Portanto, se o que uma empresa deseja é certificar um regulamento mais geral, é recomendável que seja feito através da ISO 14001. Como economizar água na indústria Com o avanço da tecnologia e maior atenção assuntos relacionados à economia de água nas indústrias, surgiram alternativas variadas que podem ajudar. Com alguns ajustes nos equipamentos e estrutura do local ou mudanças de hábito e comportamento, a redução no consumo de água pode ser até maior que o esperado. Vejamos a seguir algumas das soluções, elencadas pelo Instituto Trata Brasil (2014) que podem surgir efeito a curto e longo prazo: • Informar o pessoal da empresa sobre as medidas que foram executadas sobre a redução do consumo de água, tanto em processos industriais quanto na instalação sanitária. • Como a eficiência desses dispositivos está ligada ao conhecimento e uso dos usuários, é necessário um trabalho intensivo de treinamento pessoal. • Incentivo a equipe a adotar hábitos responsáveis ao usar a água. • Vigilância de gastos colocando medidores nos principais pontos de consumo. VOCÊ SABIA? A ISO 14046 faz parte da família de normas ISO 14000, desenvolvida para simplificar nas organizações a tarefa de implementar um Sistema de Gerenciamento Ambiental. Tratamento da Água e Efluentes16 Figura 1 – Manutenção do equipamento de bomba de água do compensador Fonte: Freepik • Substituição de equipamentos de refrigeração de água em circuito aberto pelos de arrefecimento do ar ou, pelo menos, com água em circulação. • Uso de sistemas de lavagem eficientes. • Uso de dispensadores automáticos para reduzir a quantidade de substâncias adicionadas à água, como detergentes. • Escolha, instalação e manutenção corretas do equipamento refrigeração e aquecimento das instalações. • Melhoria dos procedimentos de tratamento de águas residuais, reciclagem até alguns resíduos a serem regenerados como matéria-prima e reciclagem água purificada no processo. • Escolhendo uma tecnologia eficiente em serviços para o uso de pessoal permite a sua consciência. Tratamento da Água e Efluentes 17 • Em cozinhas e lanchonetes, onde é feito uso intenso por uma grande quantidade horas por dia, a escolha de aparelhos eficientes (máquinas de lavar, máquinas de lavar louça, máquinas de café e máquinas de gelo) pode significar uma redução de consumo. • Com a ajuda do recibo, segue-se a evolução do consumo de água ao longo do tempo para detectar vazamentos, falhas ou picos de consumo. • Verifique a instalação que consome água e coloque os medidores independente em diferentes pontos do processo de produção. • Calcular e seguir as proporções específicas de água (por produto, por funcionário, etc.). • Utiliza circuitos fechados para a água, realizando uma análise e caracterização dos diferentes efluentes e os possíveis usos dessa água. • Algumas empresas realizam uma purificação parcial das águas (decantação, recuperação de matérias-primas, filtragem, redução de volume). • Realizar um projeto adequado do jardim, com técnicas de xero-jardinagem, valorizando sua localização e orientação, a escolha de espécies nativas e as técnicas de irrigação eficiente (gotejamento, exsudação, etc.). Mesmo que não pareça, pequenas alterações podem trazer grandes economiasno final do mês, da mesma forma que mudanças de grande nível. As 4 chaves para trabalhar no futuro Além das pequenas alterações dentro das indústrias para garantir a economia da água, alguns autores e instituições alegam para questões importantes sobre o gerenciamento da água. Vamos ver a seguir quatro Tratamento da Água e Efluentes18 pontos importantes, elencados pelo Instituto Trata Brasil (2016) que podem ser trabalhados no futuro. Animado? 1. Tratamento correto de águas residuais Um tratamento de águas residuais deve estar em conformidade com os regulamentos relativos à sua purificação para evitar danos ao meio ambiente, mas também hoje é importante realizar esses processos da maneira mais eficiente possível. Nesse sentido, os avanços tecnológicos são essenciais, pois permitirão gastar menos com o tratamento e, em alguns casos, até recuperar essa água tratada para reutilização. 2. Aproveitando a reutilização da água Como comentamos no ponto anterior, grande parte do segredo da economia de água está em sua reutilização; portanto, a indústria deve avançar nesse sentido para encontrar planos de gerenciamento de água nos quais o gerenciamento integrado de recursos é realizado, encontrar fórmulas para o melhor uso. Atualmente, a reutilização da água geralmente está mais relacionada às áreas de serviço público, mas já existem muitos setores, como os têxteis, que estão avançando nesse sentido. 3. Compromisso com o consumo sustentável global Indústria e Agricultura têm a água como um dos seus recursos básicos. Além disso, no caso da indústria, muitos de seus produtos envolvem o uso de água em algumas fases de seu consumo; portanto, o objetivo deve se reduzir o consumo na própria produção e reduzir o consumo no uso de seus produtos é por isso que é importante olhar globalmente, vinculando o gerenciamento da água à visão estratégica da empresa. 4. Investimento em avanços tecnológicos Todos sabemos que o gerenciamento da água é um processo intimamente ligado à tecnologia e, diante de um desafio como o apresentado a nós no futuro, é essencial recorrer a avanços tecnológicos para atender às demandas futuras que a sociedade exigirá de nós no futuro. Esse campo afeta praticamente todas as áreas de gerenciamento de água, desde o tratamento de resíduos até o próprio abastecimento. Tratamento da Água e Efluentes 19 Portanto, o investimento adequado nesse sentido se torna essencial para alcançar a sustentabilidade desejada. Deu para notar que são quatro pontos considerados importantes no futuro que estar por vir e que devem ser levados em consideração pelos gerentes industriais e stakeholders das organizações industriais. RESUMINDO: Nesse capítulo vimos a importância de se estudar sobre a gestão da água nas indústrias, visto que os setores industrial e agrícola monopolizam a maior parte da água consumida na sociedade hoje. Também aprendemos sobre a ISO 14046: 2014 que especifica os princípios, requisitos e diretrizes relacionados à avaliação da pegada hídrica de produtos, processos e organizações com base na avaliação do ciclo de vida. Algumas formas de economizar ou evitar os desperdícios nas indústrias e também elencamos quatro pontos a serem considerados futuramente, sendo eles: Tratamento correto de águas residuais, Aproveitando a reutilização da água, Compromisso com o consumo sustentável global, Investimento em avanços tecnológicos. Espero que você tenha aprendido muito nesse capítulo, e esteja preparado para adquirir mais conhecimento no próximo! Tratamento da Água e Efluentes20 Tratamentos convencionais e emergentes das águas industriais INTRODUÇÃO: O principal objetivo desse capítulo é discernir sobre tratamentos convencionais e emergentes das águas industriais. Para isso, trouxemos a definição de águas residuais Preparado para embarcar nesse mundo? Vamos lá! Águas residuais industriais: necessidade e benefícios As águas residuais industriais são geradas como consequência da atividade industrial. A diversidade de águas residuais industriais pode ser muito grande (água de processo, limpeza, refrigeração, etc.), pois pode conter poluentes de natureza muito diferente. DEFINIÇÃO: Águas residuais industriais. Solos residuais coloridos gerados em nos processos industriais. Poses específicas, dependentes do tipo de indústria. Resultado do projeto de um processo produtivo, incluindo as atividades mineiras, agrícola, energética, agroindustrial, entre outras (MENDONÇA, 2000). A maioria dos processos industriais usa a água de uma maneira ou de outra. Essa água, depois de usada, deve ser tratada antes de ser descartada, independentemente de ser devolvida ao ambiente natural ou de ser descarregada na rede de saneamento. No primeiro caso, o tratamento deve ser suficiente para que a descarga não cause nenhum impacto ambiental no ambiente receptor; e se for descartada na rede pública de saneamento, a composição das Tratamento da Água e Efluentes 21 águas residuais deve obedecer a todos os parâmetros físicos e químicos dos regulamentos atuais. Existe uma terceira opção para águas residuais industriais já purificadas: reutilização. Como a água é um recurso natural que não deve ser desperdiçado, a alternativa mais sustentável consiste em tratar as águas residuais até que sua qualidade seja compatível com a sua reutilização no processo. Os regulamentos ambientais cada vez mais exigentes levam à reutilização em muitos casos, sendo a opção mais competitiva. IMPORTANTE: Quando uma descarga zero não é possível, aplicamos os tratamentos necessários para adaptá-la aos limites de descarga estabelecidos por lei, a fim de evitar sanções ou outras consequências de graves repercussões econômicas, sociais e de perda de imagem. O tratamento de águas residuais industriais, além de permitir o cumprimento da legislação ambiental vigente, oferece grande valor agregado para as empresas responsáveis e conscientes do meio ambiente. Barceló et al. (2011) afirma que os poluentes emergentes podem ser classificados como: Verdadeiramente novos, como: • Medicamentos ou pesticidas de nova geração; • Arseneto de gálio; Substâncias já presentes no meio ambiente, mas que foram detectados recentemente por: • Avanços na análise química (sensibilidade dos métodos de análise, capacidade de detectar outros compostos além do alvo, etc.); • Análise de materiais nos quais não era “procurado” anteriormente, como comida. Os principais grupos a que pertencem estes compostos são: Tratamento da Água e Efluentes22 1. Fármacos (analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, etc.); Figura 2 – Rota de circulação de fármacos no ambiente Fonte: Monteiro et al. (2001); Petrovic et al. 2003; Copel (2015) Eles são lançados no ambiente a partir de várias rotas, e uma vez presentes nos corpos hídricos podem aparecer em pequenas concentrações na água tratada (potável). Isto acontece porque as estações de tratamento de efluentes e de água não conseguem remover de forma eficiente estas substâncias. A figura 2 ilustra as possíveis rotas, de um grupo destes compostos, os fármacos, no ambiente. Os fármacos têm se apresentado como poluentes de difícil remoção em efluentes e águas, e são consumidos tanto Tratamento da Água e Efluentes 23 pelos seres humanos quanto por animais através dos usos veterinários, em quantidades significativas. Os medicamentos ingeridos por via oral ou parenteral sofrem reações químicas no organismo e são excretados através da urina e das fezes. A eliminação pode ser feita por compostos livres, conjugados ou através de seus metabólitos. Eles podem ser: 2. Produtos de cuidado pessoal (fragrâncias, etc.); 3. Produtos químicos industriais (bisfenol-A, alquilfenóis,etc.), bem como seus produtos de degradação e metabólitos (Barceló, 2011). Quadro 1 – Classificação das substâncias farmacêuticas Classe de substâncias ExemplosFármacos Antibióticos Analgésicos e drogas Drogas psiquiátricas Reguladoras lipídicos -bloqueadores Contrastes (raio X) Trimetropim, eritromicina, lincomicina, sufametazona Codeína, ibuprofeno, acetaminofeno, ácido acetilsalicílico, diclofenaco, fenoprofeno Diazepan Bezafibrato, ácido clofibrico, ácido fenofibrico Metoprolol, propanolol, timolol Iopromide, iopamidol, diatrizoate Esteróis e hormônicos (contraceptivos) Estradiol, estrona, estriol, dietilestilbestrol. Produtos de uso pessoal Fragrâncias Agentes de protetor solar Repelentes Nitropolicíclicos e macrociclicos Benzofenona, cânfora metilbenzilideno N.N-dietiloluarnida. Tratamento da Água e Efluentes24 Antissépticos Triclosan, clorofeno. Surfactantes Alquílfenol etoxilados, alquilfenóis, alquilfenol carboxilados Retardantes de chamas Difenil éteres polibromados PBDEs, tetrabrmo, bisfenol A, Tris (2-cloroetilfosfato) Agentes e aditivos industriais Agentes quelantes (EDTA), sulfonatos aromáticos. Aditivos de gasolina dialquiléteres, metil t-butil éter (MTBE). Produtos de desinfecção Iodo THMs, bromoácidos, bromoacetonitrilas, bromoaldeoidos, bromatos, NDMA. Fonte: Adaptado de Petrovic et al. (2003). Como pôde ser visto, são várias as substâncias consideradas farmacêuticas, e mais uma vez atentamos para a importância de saber sobre elas, porque muitas vezes, mesmo sem ser uma organização industrial, descartamos, de forma incorreta, muitas dessas substâncias sem saber os danos que estes podem causar ao meio ambiente. Tratamento da Água e Efluentes 25 Tratamentos convencionais Os tratamentos convencionais são procedimentos que permitem a remoção de contaminantes que não podem ser eliminados através de tratamentos convencionais. Eles pertencem ao nível terciário de purificação. Eles podem ser classificados em dois grandes grupos, dependendo do princípio em que se baseiam: 1. Produtos químicos: Através de reações químicas, fundamentalmente oxidação, a natureza química do contaminante é alterada para transformá-lo em uma substância inofensiva ou que pode ser facilmente removido por tratamentos convencionais. 2. Físico: A estrutura química do contaminante não é modificada, mas é eliminado por meio de técnicas como filtragem (principalmente com membranas), adsorção ou troca iônicas, que retêm e separam da água. Os processos de oxidação eletroquímica podem ser divididos em duas categorias: oxidação direta e oxidação indireta. Vejamos o conceito e classificação dessas categorias a seguir: Técnicas de oxidação direta Na oxidação direta, existe a transferência de elétrons do eletrodo para o composto a ser oxidado. Vejamos a seguir quais os tipos de oxidação direta existente. a. Incineração 1. Consiste em oxidação térmica na presença de oxigênio (ou seja, em combustão) do contaminante da fase gasosa. 2. É útil apenas quando se trata de pequenos fluxos de água residual e também a concentração do poluente a remover é alto (por exemplo, lodo de alto conteúdo em sólidos). Tratamento da Água e Efluentes26 3. Caso contrário, será necessário secar anteriormente o resíduo, use combustível auxiliar ou ambos. b. Oxidação não catalítica em úmido Método não catalítico (Wet Air Oxidação): 1. Esta é a oxidação da matéria orgânica na fase líquida usando ar ou oxigênio disperso (borbulhante) na água residual. 2. A química do processo é parcialmente radical, mas apesar da não é considerado um processo avançado de oxidação, porque as condições não favorecem a referida via oxidativa. 3. É realizado em altas temperaturas e pressões (até 350ºC e 200 bar) e seu rendimento é de 75 a 90% do COD. 4. Os primeiros desenvolvimentos da WAO foram usados na indústria cesto de lixo (patente 1915), mas seu maior impulso foi o Processo ZIMPRO, implementado comercialmente na década de 1960. 5. Eles são adequados para o tratamento de efluentes com DBO elevado (acima de 5000 mg / L). c. Oxidação Método catalítico de oxidação úmida (Catalítico Catalítico Oxidação por ar úmido): 1. Ao contrário da WAO, ela usa catalisadores (geralmente metais ou óxidos metálicos suportado). 2. Permite obter uma mineralização mais completa, até 99% de COD e sob mais condições pressão moderada (15 - 50 bar) e temperatura (120-250 ° C). 3. O CWAO tem sido usado com catalisadores homogêneo, como Fe2 + ou sais de cobre. Processos catalisadores heterogêneos foram desenvolvidos por Dupont (1950) e várias empresas Japonesas (ARAÚJO ET AL. 2016; MENDONÇA. Tratamento da Água e Efluentes 27 Veremos a seguir os outros tipos de processos de oxidação, os considerados avançados. Processos avançados de oxidação As características gerais dos processos avançados de oxidação são as seguintes (ARAÚJO ET AL. 2016; MENDONÇA, 2000). 1. A alta reatividade do radical hidroxila os torna técnicos não muito seletivo, mas isso pode até ser uma vantagem para o tratamento de efluentes industriais. 2. Estes são processos normalmente caros, devido ao custo de reagentes (O3, H2O2) e, em alguns casos, energia necessário, por isso é necessário usá-los em conjunto com outros métodos, como adsorção ou tratamentos biológicos, para torná-los viáveis. 3. Eles são especialmente indicados para COD abaixo de 5000 ppm, pois para valores mais altos o alto consumo de reagentes tornam os métodos de oxidação mais interessantes diretos em piso molhado. 4. A aplicação industrial de POAs ainda é encontrada, na maioria dos casos, na fase de desenvolvimento pré- comercial. A maior parte dos processos implementados no nível comercial utiliza ozônio, peróxido de hidrogênio ou radiação UV. 5. Processos que não requerem contribuição energia direta. 6. Processos que precisam de entrada energia direta para obter a remoção de matéria orgânica. Esta contribuição é feita através de Radiação UV, ultrassom ou eletricidade (ARAÚJO et al., 2016; MENDONÇA, 2000). Tratamento da Água e Efluentes28 Processos sem entrada de energia Como já mencionamos sobre os processos de oxidação direta e avançada, veremos a seguir os processos que não requerem a entrada de energia para acontecerem (ARAÚJO ET AL. 2016; MENDONÇA, 2000). Preparado? a. Ozonização em condições alcalinas: 1. Estas condições são ideais para favorecer a reação de oxidação por via radical, que é 106 a 109 vezes mais rápido que a oxidação direta pelo ozônio. 2. Dada a baixa estabilidade do ozônio, é necessário gerá-lo “in situ”, o que aumenta o custo dos processos de oxidação do ozônio. Além disso, os ânions carbonato e bicarbonato, presentes nas águas naturais, eles podem neutralizar os radicais. 3. Todo sistema de ozonização consiste em: • Fornecimento de gás; • Gerador de ozônio; • Contator água-ozônio; • Sistema de destruição de ozônio sem reação. b. Ozonização com peróxido de hidróxido de hidrogênio: Neste caso, a reação é usada entre O3 e H2O2 para a formação de radicais hidroxila: 2O3 + H2O2→2HO + 3 O2 A dose de H2O2 deve ser especificada através de experiências anteriores. c. Oxidação com peróxido de hidróxido de hidrogênio e catalisador (processo de Fenton) Tratamento da Água e Efluentes 29 1. Esses métodos aproveitam a reação entre H2O2 e o cátion ferroso (Fe2+) para formar radicais hidroxila. 2. A regeneração do ferro na forma ferrosa é normalmente produzida pela reação. d. Processo de Fenton: 3. A velocidade da geração radical depende da concentração de ferro (II), pois é sua reação com H2O2, que determina sua formação. 4. Desvantagens da técnica: Os produtos da reação, como ácidos orgânicos, removam Fe2+ do ciclo catalítico; Possui alta sensibilidade ao pH, sendo o intervalo ideal está entre 3 e 6; requer remoção subsequente do catalisador, que pode ser feito por floculação com limão. 5. É adequado como pré-tratamento ao carregar O conteúdo orgânico da água é superior a 500 ppm de COD. 6. Você pode eliminar80% do COD inicial. e. Ozonização catalítica n catalítica heterogênea: 1. Use metais ou óxidos metálicos como catalisadores sistemas ou carvão ativado granular suportado mesoporoso. 2. O catalisador ajuda a decompor o ozônio, e, portanto, para a geração de radicais. 3. O carvão ativado é especialmente indicado em sistemas com contaminantes complexos e diluídos, como pesticidas. 4. Os resultados obtidos com este sistema são mais satisfatórios que o ozônio alcalino (ARAÚJO ET AL. 2016; MENDONÇA, 2000). Tratamento da Água e Efluentes30 Muito interessante poder saber a definição e as características da ozonização em condições alcalinas. A seguir veremos os processos de tratamento que requerem aporte de energia. Processos com aporte de energia Nessa seção, veremos alguns processos que não requerem aporte de energia, como a radiação ultravioleta, ultrassom e métodos eletroquímicos (ARAÚJO ET AL. 2016; MENDONÇA, 2000). Pronto para adquirir mais conhecimento? a. Radiação ultravioleta: 1. A foto-oxidação direta só é possível com substâncias que possuem absorvência a esses comprimentos de onda e geralmente forma misturas produtos intermediários complexos. Por que geralmente acompanhar com outros oxidantes que ajudam a melhorar a processo, já que o ozônio e o peróxido hidrogênio, absorve a radiação UV e forma radicais. 2. Combinações possíveis: O3 + UV, H2O2 + UV, O3 + H2O2 + UV ou Fe2 ++ H2O2 + UV (Foto-Fenton). 3. Em relação ao processo Photo-Fenton, a radiação UV contribui para acelerar bastante a velocidade de processo convencional de Fenton, promovendo regeneração da forma reduzida de ferro. b. Ultrassom: 1. A aplicação do ultrassom causa a formação de bolhas de cavitação, que crescem, liberando muita energia. 2. Dentro dessas bolhas, as condições podem muito extremo (5000ºC e 1000 bar), o que significa que pode causar ruptura homolítica da molécula água, liberando os radicais OH • e H •. Tratamento da Água e Efluentes 31 3. Eles funcionam melhor se houver moléculas que se formam facilmente radicais no meio, como ozônio ou peróxido de hidrogênio. 4. A maior desvantagem dessas técnicas é a alta custo de geração de ultrassom. Se encontram ainda em desenvolvimento. c. Métodos eletroquímicos: 1. Eles usam energia elétrica para romper os laços do moléculas. As reações de oxidação da matéria orgânico ocorre nos eletrodos, onde além radicais são formados que contribuem para os processos de oxidação. 2. No ânodo, a alta concentração de água favorece decomposição, acima da própria matéria orgânica. No cátodo, no entanto, produz peróxido de hidrogênio a partir de oxigênio dissolvido em água. 3. Fe2+ Ás vezes é incorporado para aumentar a capacidade oxidante de H2O2 (processo Electro-Fenton). 4. Eles também são de alto custo e também se a água não é condutiva, forçaria a adicionar sais. Veremos a seguir as características dos processos que requerem entrada de energia. Preparado? Vamos lá! Processos com entrada de energia E a ultima parte dos processos de tratamento são os processos que requerem entrada de energia. Veremos as características desses processos a seguir: 1. Sólidos são semicondutores, que gostam absorver radiação eletromagnético, gerando altas lacunas eletrônicas poder oxidante em sua superfície. Tratamento da Água e Efluentes32 2. Eles podem oxidar tanta matéria presente orgânico, quanto à própria água, gerando radicais que também contribuem para a oxidação do primeiro. 3. O principal fotocatalisador usado é o dióxido de titânio (TiO2), que pode ser ativado pela radiação solar. Os melhores resultados são obtidos em pH levemente ácido e combinação com outros geradores de hidroxila, como ozônio ou peróxido de hidrogênio (ARAÚJO et al., 2016; MENDONÇA, 2000). Depois de ter visto todos esses processos, concluímos que os avanços das tecnologias alternativas para a remediação de efluentes, dentre elas os processos oxidativos avançados, vêm contribuindo para o desenvolvimento do controle da poluição ambiental. E acredito que cada vez mais surjam novas alternativas para tornar o tratamento de efluentes industriais cada vez mais eficiente. Gostou do conteúdo visto até aqui? No próximo capítulo tem mais! RESUMINDO: Nesse capítulo apresentamos o conceito de águas residuais industriais e aprendemos que o tratamento de águas residuais industriais, além de permitir o cumprimento da legislação ambiental vigente, oferece grande valor agregado para as empresas responsáveis e conscientes do meio ambiente. Vimos que o tratamento das águas industriais pode acontecer de duas formas, através de produtos químicos - reações químicas, fundamentalmente oxidação, e através do físico – no qual a estrutura química do contaminante não é modificada, mas é eliminado por meio de técnicas como filtragem (que inclusive já vimos detalhadamente esse processo nas unidades anteriores). Ufa! Foram muitos conhecimentos adquiridos até aqui, verdade? Mas ainda tem mais! No próximo capítulo aprenderemos sobre os processos físicos para o tratamento de águas. Tratamento da Água e Efluentes 33 Amostragem de águas superficiais e efluentes INTRODUÇÃO: Nesse capítulo veremos como se dá o uso da água na indústria, qual a procedência da água na indústria, os tipos de águas industriais e a composição das águas industriais. Além disso, classificamos a indústria de acordo com o resíduo que ela gera. Pronto para adquirir muito conhecimento? Vamos nessa! Uso da água na indústria As águas utilizadas na indústria podem vir de várias fontes que são principalmente (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2014): • Fornecimento público; • Poços; • Água da superfície; • Água do mar; • Recuperação de água de processos industriais. Figura 3 – Processo de entrada da água nas indústrias e como elas saem como água residual Fonte: Adaptado de Freepik Tratamento da Água e Efluentes34 Na estimativa nacional de usos do consumidor da água, a indústria de transformação representa o terceiro maior uso, atrás do abastecimento humano urbano e da agricultura irrigada. O estudo realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) revela que os setores de fabricação de alimentos; bebidas; papel, celulose e produtos de papel; metalurgia; produtos químicos e biocombustíveis são responsáveis por 85% da retirada de água e por 90% do consumo do recurso pela indústria da transformação (MMA, 2012). Sabendo disso, a gente faz a seguinte pergunta: da onde essa água procede? Veremos a seguir a sua procedência. Vamos nessa! Procedência das águas residuais industriais De acordo com o Instituto Trata Brasil (2014) as águas residuais industriais provêm principalmente de: • Operações de fabricação úmida; • Precipitação; • Lavagem e resfriamento de gases, líquidos e sólidos; • Produção de calor e energia; • Transporte; • Imersão ou inchaço de substâncias não solúveis; • Destilações; • Vazamentos; • Transformações químicas; • Limpeza de máquinas, garrafas, etc.; • Higiene pessoal; A água pode vir realmente de muitos locais dentro da indústria, não é? Você já tinha imaginado todas essas situações? A seguir veremos os tipos de águas residuais industriais, que também pode assumir várias formas. Tratamento da Água e Efluentes 35 Tipos de águas residuais industriais Líquidos residuais: aqueles derivados diretamente da fabricação de produtos. Eles consistem em soluções contendo os produtos funcionários no processo de produção. Exemplo: licores pretos, banhos de curtimento de couro, alpechin, banhos de galvanoplastia, líquidos-mãe da indústria de alimentos, etc. Águas residuais de processo: originam-se do uso da água como meio de transporte, lavagem, resfriamento direto etc. e está contaminado com produtos de fabricação ou com líquidos residuais. Sua concentração por agentes poluentes é dez vezes menor que a dos resíduos líquidos, mas seu volume podeser 10 a 50 vezes maior. Águas de resfriamento: não entram em contato com os produtos e, portanto, a contaminação que transportam é a temperatura. Águas de drenagem: elas vêm principalmente da água da chuva. Nesse caso, a contaminação é baixa e provêm de áreas de armazenamento de produtos ao ar livre, derramamentos, etc. Tipos genéricos de poluição de águas residuais As águas industriais são variáveis em volume e composição em cada ramo da indústria e até para cada estabelecimento do mesmo ramo. A descarga pode ser contínua ou descontínua, durante todo o ano ou somente em uma determinada estação. Do ponto de vista da contaminação, pode ser: • Física; • Química; • Microbiológica; • Radioativa. Tratamento da Água e Efluentes36 Contaminantes: • Em dissolução; • Em suspensão; Dependendo da natureza dos poluentes: • Orgânico; • Inorgânico. O Quadro 1 apresenta a composição da água residual de alguns compostos da indústria para ilustrar alguns tipos de poluição que as águas residuais industriais podem gerar. Vejamos: Quadro 2 – Composição da água residual Fonte: Adaptado de Copel (2015) e MMA (2010). Tratamento da Água e Efluentes 37 Legenda: DBO - Demanda Biológica de Oxigênio; DQO - Demanda Química de Oxigênio (DQO); SST – Sólidos em Suspensão Total; NTK - Nitrogênio Total Kjeldahl. A composição das águas residuais industriais varia consoante o tipo de indústria, mas também com a sua localização e dimensão. Veremos a seguir a classificação da indústria de acordo com o desperdício que ela produz. Classificação da indústria de acordo com desperdício Cada indústria gera um tipo de resíduo, concorda? Já que a produção varia de acordo com o produto ou serviço que ela fabrica. Sendo assim, é possível classificar as indústrias de acordo com os resíduos que elas geram. A classificação que veremos a seguir foi proposta no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (MMA, 2011). Curioso para saber quais são essas indústrias? Vem comigo! Indústrias com efluentes principalmente orgânicos: A seguir indicarei os efluentes orgânicos considerados nesse tipo de indústria: • Lixeiras; • Taças de açúcar; • Matadouros; • Couro; • Conservas (legumes, carnes, peixe, etc.); • Laticínios (leite, manteiga, queijo, etc.); • Fermentação (fabricação de álcoois, leveduras, etc.); • Preparação de produtos alimentares (óleos, etc.); • Bebidas; Tratamento da Água e Efluentes38 • Lavanderias. Aqui foram considerados resíduos puramente orgânicos. Indústrias com efluentes orgânicos e inorgânicos: Já nesse tipo de indústria, os efluentes serão orgânicos e inorgânicos. Veremos: • Refinarias e petroquímica; • Fornos de coque; • Fabricação de vários produtos químicos; • Têxteis. Indústrias com efluentes, principalmente inorgânicos: Já nessa indústria, os efluentes são, em sua maioria inorgânicos. Veremos: • Limpeza e revestimento de metais; • Obras mineiras e salinas; • Fabricação de produtos químicos inorgânicos. Indústrias com efluentes com matéria em suspensão: Os efluentes desse tipo de indústria já são mais distintos do que os anteriores, são considerados matéria em suspensão. Vejamos: • Lavanderias minerais e de carvão; • Corte e polimento de mármore e outros minerais; • Laminação a quente e fundição contínua. Indústrias com efluentes de refrigeração: E o último tipo de indústria considerado são efluentes de refrigeração. Veja só: Tratamento da Água e Efluentes 39 • Centrais térmicas; • Central nuclear. Existem inúmeros outros exemplos de indústrias classificadas conforme o setor de atuação, como a indústria aeronáutica, a naval, a automotiva, entre outras. Métodos de classificação tratamento O tratamento de águas residuais consiste na aplicação de operações básicas cuja sequência e uso são definidos como: • Grau de purificação a ser alcançado; • Características da água a ser tratada; • Custo de instalação. Orientações a seguir no tratamento da água residual industrial • Trate fluxos separados na origem, antes de misturar com outros fluxos; • Empregar técnicas que permitam recuperação; • Se a recuperação não for viável, use técnicas de descarte sem a necessidade de combustível adicional; • Quando não há outra maneira de eliminar toxicidade ou efeitos inibidores, use técnicas de eliminação com consumo de energia considerável. A classificação da atividade industrial é realizada com base em um critério predeterminado e visa à diferenciação e agrupamento dos tipos de indústria existentes para, assim, possibilitar um melhor tratamento dos resíduos gerados. Por isso a classificação é tão importante, além dos métodos de classificação e as orientações a seguir no tratamento da água residual industrial. Tratamento da Água e Efluentes40 RESUMINDO: Nesse capítulo vimos como a água é usada na indústria, qual a procedência da água na indústria, a composição das águas industriais e que a água industrial pode ser líquidos residuais - aqueles derivados diretamente da fabricação de produtos, Águas residuais de processo: originam-se do uso da água como meio de transporte, lavagem, resfriamento direto, etc.; águas de resfriamento e águas de drenagem. Aprendemos que as águas industriais são variáveis em volume e composição em cada ramo da indústria e até para cada estabelecimento do mesmo ramo. Além disso, classificamos a indústria de acordo com o resíduo que ela gera. Espero que você tenha aprendido muito! Nos vemos no próximo capítulo! Tratamento da Água e Efluentes 41 Resíduos sólidos nas indústrias INTRODUÇÃO: Nesse capítulo definiremos e classificaremos os resíduos sólidos. E demonstraremos os métodos de minimização da geração, do tratamento e da disposição de efluentes e resíduos industriais. Preparado? Bom estudo! Resíduos Sólidos DEFINIÇÃO: Resíduos sólidos é tudo aquilo que sobra de determinado produto, seja sua embalagem, casca ou outra parte do processo, que pode ser reutilizado ou reciclado. Em outras palavras, “todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade” (MMA, 2011). Em outras palavras, resíduos sólidos são todas aquelas substâncias ou produtos que não precisamos mais e que às vezes pode ser usado por terceiros. Gerador de resíduos É a pessoa singular ou coletiva que, em razão de suas atividades, gera resíduos sólidos, como produtor, importador, distribuidor, comerciante ou usuário (Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos, 2001). Classificação de resíduos sólidos Existem muitos tipos de resíduos sólidos, mas de acordo com a Lei nº 27314 ou a Lei Geral de Resíduos Sólidos (MMA, 2011), podemos classificá-lo como apresentado na figura 4. Tratamento da Água e Efluentes42 Figura 4 – Classificação dos resíduos sólidos Fonte: Adaptado de Copel (2015) e MMA (2010). Os resíduos sólidos são classificados em três grupos: de acordo com sua origem, de acordo com seu gerenciamento e de acordo com sua periculosidade. Esses grupos são detalhados abaixo: a. Resíduos sólidos de acordo com sua origem Tratamento da Água e Efluentes 43 Quadro 3 – Tipos de resíduos de acordo com sua origem Tipos de resíduos sólidos Gerados por Descrição Resíduo domiciliar Atividades domésticas criado em domicílios. Restos de alimentos, revistas, botellas, latas, etc. Resíduo comercial Estabelecimentos comerciais de bens e serviços. Papéis, plásticos, embalagens diversas, desperdício de produto, higiene pessoal, latas, etc Resíduo de limpeza de espaços público Serviços de varredura e limpeza de faixas, calçadas, quadrados e outros áreas públicas. Papéis, plásticos, envoltórios, restos de plantas etc. Resíduo de estabelecimento atenção de Saúde Processos e atividades para a atenção e investigação médica em estabelecimentos tais como: hospitais, clínicas, centros e postos de saúde, laboratórios clínicosescritórios, entre outro relacionado. Agulhas, gaze, algodões, órgãos patológico, etc. Tratamento da Água e Efluentes44 Resíduo industrial Atividades de vários ramos industriais como fabricação, mineração, química, enérgico, pesca e outros semelhantes. Lamas, cinzas, escória de metal, copos, plásticos, papéis que geralmente se encontram misturados com substâncias perigosas. Resíduo de atividades de construção Atividades de construção e demolição de obras. Pedras, blocos, cimento, madeiras, entre outros, (liberação). Resíduo agrícola Atividades agrícola e pecuária. Embalagem de fertilizantes, pesticidas, agroquímicos, etc. Resíduo de instalações ou atividades especiais Gerado em infraestruturas, normalmente de grande dimensão e risco em sua operação, com o objeto a emprestar certos serviços público ou privado. Resíduos de plantas de tratamento de águas residuais, portos, aeroportos, entre outras. Fonte: Adaptado de Monteiro (2001) e MMA (2010). Estabelecendo normas regulatórias e provisões técnicas específicas relacionadas aos resíduos sólidos podem ser subclassificados de acordo com a sua periculosidade ou suas características específicas, como orgânica ou inorgânica, física, química ou seu potencial de reutilização (MMA, 2011). b. Resíduos sólidos de acordo com sua gestão Tratamento da Água e Efluentes 45 • Resíduos de gestão municipal (a cargo dos municípios provinciais e distritais). São de origem doméstica (restos de comida, papel, garrafas, latas, fraldas descartáveis, entre outros); comercial (papel, embalagem, restos de higiene pessoal e similares); limpeza urbano (varredura de ruas e estradas, arbustos, entre outros) e produtos de atividades que geram resíduos semelhantes, que devem ser descartados aterros sanitários. Esses incluem: • Resíduos domésticos; • Resíduos comerciais; • Limpeza de resíduos de áreas públicas. Resíduos de gestão não municipal. São aqueles que, devido às suas características ou ao manejo a que devem ser submetidos, eles representam um risco significativo para a saúde ou o meio ambiente. Por exemplo, resíduos metais que contenham chumbo ou mercúrio, resíduos de pesticidas, herbicidas, entre outros. Todos eles devem estar dispostos nos enchimentos de segurança. Segundo a OEFA (2014), entre eles estão: • Resíduos de estabelecimentos de saúde; • Resíduos industriais; • Resíduos das atividades de construção; • Resíduos agrícolas; • Resíduos de instalações ou atividades especiais. c. Resíduos sólidos de acordo com a sua periculosidade Resíduos sólidos perigosos. Resíduos sólidos perigosos são aqueles que, devido às suas características ou ao manuseio a que são ou serão enviadas, representam um risco significativo para a saúde ou o meio ambiente (MMA, 2011). Tratamento da Água e Efluentes46 Os resíduos com pelo menos um dos seguintes itens são considerados perigosos características: auto combustível, explosividade, corrosividade, reatividade, toxicidade, radioatividade ou patogenicidade (INDECOPI, 2005). Resíduos sólidos não perigosos. Resíduo sólido não perigoso é aquele produzido por pessoas de qualquer local e desenvolvimento de suas atividades, que não apresentem riscos à saúde e ao meio ambiente. Esses resíduos são gerados em instalações ou por processos industriais que apresentar características perigosas, de acordo com as normas ambientais vigentes (MONTEIRO, 2001). Gestão de Resíduos Sólidos Qualquer atividade técnica operacional de resíduos sólidos que envolva manuseio, condicionamento, transporte, transferência, tratamento, disposição final ou qualquer outro procedimento técnico operacional usado desde a geração até o descarte final. A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), o gerenciamento do RS, realizado por toda pessoa física ou jurídica, deve ser sanitário e ambientalmente adequado, a fim de evitar impactos negativos e garantir a proteção da saúde (MMA, 2011). A Política Nacional de Resíduos Sólidos do Ministério da Saúde do Brasil (2016) caracteriza o gerenciamento de resíduos sólidos através dos seguintes estágios: • Minimização: ação para reduzir ao mínimo possível o volume e a periculosidade de resíduos sólidos, por meio de estratégia, procedimento, método ou método preventivo técnica utilizada na atividade geradora. • Segregação: ação de agrupar certos componentes ou elementos físicos dos resíduos sólidos a serem tratados de maneira especial. Tratamento da Água e Efluentes 47 • Armazenamento: acumulação temporária de resíduos em condições técnicas como parte do sistema de gestão até sua disposição final. • Coleta: Ação para coletar os resíduos e transferi-los por meio de locomoção adequada e continue seu manuseio subsequente de forma higiênica, segura e ambientalmente saudável. • Reutilização: retorne para obter um benefício do bem, artigo, elemento ou peça do mesmo que constitui um resíduo sólido. • Marketing: Refere-se à compra e / ou venda de resíduos sólidos recuperáveis para obter um benefício econômico. • Transporte: atividade que desloca resíduos sólidos da fonte de geração para a estação de transferência, estação de tratamento ou aterro sanitário. • Transferência: instalação na qual os arquivos são baixados e armazenados temporariamente resíduos sólidos de caminhões ou contêineres de coleta e, em seguida, continue com seu transporte em unidades de maior capacidade. • Tratamento: Qualquer processo, método ou técnica que permita modificar a característica física, química ou biológica dos resíduos sólidos, a fim de reduzir ou eliminar sua Perigo potencial de causar danos à saúde e ao meio ambiente. • Provisão final: processos ou operações para tratar ou descartar resíduos em um só local sólido como a última etapa de sua gestão permanente, sanitária e ambiental seguro (MMA, 2016). A Figura 5 apresenta o layout final de uma cadeia de gerenciamento de resíduos. Tratamento da Água e Efluentes48 Figura 5 – Cadeia de gerenciamento de resíduos Fonte: Adaptado de Copel (2015). É importante destacar que a realização de uma boa gestão da cadeia de gerenciamento de resíduos é benéfico não apenas para a sociedade, mas também para as indústrias que a realizam, pois esta irá minimizar os gastos, reduzir desperdícios, criar uma imagem positiva perante os clientes, garantirá o uso de matérias recicláveis e impactará positivamente no meio ambiente. RESUMINDO: No último capítulo desta unidade, aprendemos que os resíduos sólidos são classificados em três grupos: de acordo com sua origem, de acordo com seu gerenciamento e de acordo com sua periculosidade. Aprendemos como acontece a gestão de resíduos sólidos, acompanhando todos o processo desde a geração do resíduo até o descarte. Espero que você tenha aprendido muito sobre o tratamento da água e do esgoto, e que possa colocar seu conhecimento em prática. Até mais! Tratamento da Água e Efluentes 49 REFERÊNCIAS BARCELÓ et al. (2011). Analysis and removal of emerging contaminants in wastewater and drinking water. Trac-Trends in Analytical Chemistry. v. 30(6), 842-848. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano nacional de resíduos sólidos. Brasília, 2011. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resíduos sólidos. Brasília, 2011. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrumentos da Política de Resíduos. Brasília, 2010. MONTEIRO et al. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. COPEL. Manual para gerenciamento de resíduos sólidos. Curitiba, Paraná, 2015. INSTITUTO TRATA BRASIL. Diagnóstico da situação dos planos municipais de saneamento básico e da regulação dos serviços nas 100 maiores cidades brasileiras. 2014. INSTITUTO TRATA BRASIL. Saneamento Básico enquanto Direito Fundamental e Direito Humano, 2015. MENDONCA, S. R. (2000). Sistemas de lagunas de estabilización: cómo utilizar aguas residuales tratadas en sistemas de regadío. McGraw Hill. Colombia: Edição única. PETROVIĆ, M. GONZALEZ, S. BARCELÓ, D. (2003). Analysis and removal of emerging contaminants in wastewater and drinking water, TrAC Trends in Analytical Chemistry, Volume 22, Issue 10. Hannah de Oliveira Santos Bezerra Tratamento da Água e Efluentes Gerenciamento da água na indústria Gestão da água industrial Números na gestão industrial ISO 14046: 2014 sobre recursos hídricos Como economizar água na indústria As 4 chaves para trabalhar no futuro Tratamentos convencionais e emergentes das águas industriais Águas residuais industriais: necessidade e benefícios Tratamentos convencionais Técnicas de oxidação direta Processos avançados de oxidação Processos sem entrada de energia Processos com aporte de energia Processos com entrada de energia Amostragem de águas superficiais e efluentes Uso da água na indústria Procedência das águas residuais industriais Tipos de águas residuais industriais Tipos genéricos de poluição de águas residuais Classificação da indústria de acordo com desperdício Indústrias com efluentes principalmente orgânicos: Indústrias com efluentes orgânicos e inorgânicos: Indústrias com efluentes, principalmente inorgânicos: Indústrias com efluentes com matéria em suspensão: Indústrias com efluentes de refrigeração: Métodos de classificação tratamento Orientações a seguir no tratamento da água residual industrial Resíduos sólidos nas indústrias Resíduos Sólidos Gerador de resíduos Classificação de resíduos sólidos Gestão de Resíduos Sólidos