Prévia do material em texto
ÁREA DO CONHECIMENTO: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS ENSINO MÉDIO ENSINO MÉDIO ÉTICA, CULTURA E DIREITOS E DIREITOS ÉTICA, CULTURA ENSINO MÉDIOENSINO MÉDIO ÁREA DO CONHECIMENTO: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS ALFREDO BOULOS JÚNIORALFREDO BOULOS JÚNIOR EDILSON ADÃO EDILSON ADÃO LAERCIO FURQUIM JR.LAERCIO FURQUIM JR. 9 7 8 6 5 5 7 4 2 1 1 0 9 ISBN 978-65-5742-110-9 MANUAL DO PROFESSOR E DIREITOS ÉTICA, CULTURA MANUAL DO PROFESSOR CÓ DI GO D A CO LE ÇÃ O 02 14 P2 12 04 CÓ DI GO D O VO LU M E 02 14 P2 12 04 13 7 PN LD 2 02 1 • Ob je to 2 Ve rs ão su bm et id a à av al ia çã o M at er ia l d e di vu lg aç ão DIV-PNLD_21_3074-MULTIVERSOS-HUMANAS-LEB-MP-V5-Capa.indd All PagesDIV-PNLD_21_3074-MULTIVERSOS-HUMANAS-LEB-MP-V5-Capa.indd All Pages 16/04/21 17:1716/04/21 17:17 ENSINO MÉDIO 1a edição São Paulo – 2020 Área do conhecimento: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS MANUAL DO PROFESSOR ALFREDO BOULOS JÚNIOR Doutor em Educação (área de concentração: História da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre em Ciências (área de concentração: História Social) pela Universidade de São Paulo (USP). Lecionou nas redes pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares. É autor de coleções paradidáticas. Assessorou a Diretoria Técnica da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – São Paulo. EDILSON ADÃO CÂNDIDO DA SILVA Mestre em Ciências (área de concentração: Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Geografia há 20 anos no Ensino Médio e Superior. LAERCIO FURQUIM JÚNIOR Mestre em Ciências (área de concentração: Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP). Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Geografia há 20 anos no Ensino Médio e Superior. E DIREITOS ÉTICA, CULTURA D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 1D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 1 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM Copyright © Alfredo Boulos Júnior, Edilson Adão Cândido da Silva, Laercio Furquim Júnior, 2020 Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira Direção editorial adjunta Luiz Tonolli Gerência editorial Flávia Renata Pereira de Almeida Fugita Edição João Carlos Ribeiro Junior (coord.) André Tomio Lopes Amano, Carlos Zanchetta, Carolina Bussolaro Marciano, Fábio Bonna Moreirão, Mariana de Lucena, Natália Leon Nunes, Renata Monken Gomes, Renata Paiva Cesar, Rosane Cristina Thahira, Tatiana Pedroso Gregório, Vivian Nani Ayres Preparação e Revisão Maria Clara Paes (sup.) Danielle Costa, Diogo Souza Santos, Eliana Vila Nova de Souza, Felipe Bio, Fernanda Rodrigues Baptista, Graziele Cristina Ribeiro, Jussara Rodrigues Gomes, Kátia Cardoso da Silva, Lívia Navarro de Mendonça, Rita Lopes, Thalita Martins da Silva Milczvski, Veridiana Maenaka Gerência de produção e arte Ricardo Borges Design Daniela Máximo (coord.), Sergio Cândido Imagem de capa IVANCHINA ANNA/Shutterstock.com Arte e Produção Vinícius Fernandes (sup.) Maria Aparecida Alves, Sidnei Moura, Jacqueline Nataly Ortolan, Marcelo Saccomann (assist.) Diagramação Arte4 produção editorial, Joana Resek, Nany Produções Gráficas Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga Licenciamento de textos Érica Brambila, Bárbara Clara (assist.) Iconografia Priscilla Liberato Narciso, Ana Isabela Pithan Maraschin (trat. imagens) Ilustrações Sonia Vaz Allmaps, Dacosta Mapas, Ericson Guilherme Luciano (cartografia) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Boulos Júnior, Alfredo Multiversos : ciências humanas : ética, cultura e direitos: ensino médio / Alfredo Boulos Júnior, Edilson Adão Cândido da Silva, Laercio Furquim Júnior. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2020. "Área do conhecimento : Ciências humanas e sociais aplicadas" Bibliografia. ISBN 978-65-5742-109-3 (Aluno) ISBN 978-65-5742-110-9 (Professor) 1. Ciências (Ensino médio) 2. Tecnologia I. Silva, Edilson Adão Cândido da. II. Furquim Júnior, Laercio III. Título. 20-44106 CDD-372.7 Índices para catálogo sistemático: 1. Ciências : Ensino médio 372.7 Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129 Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada. Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375 Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 2D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 2 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM APRESENTAÇÃO Olá, estudantes! É com alegria que apresentamos os livros de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Eles foram feitos com muito empenho pelos autores, editores e colaboradores para oferecer a vocês propostas que contribuam para suas formações com excelência e criatividade. Nossas escolhas foram pautadas em valores éticos, no exercício da cidadania e na busca por uma sociedade mais justa e menos desigual. Queremos estimular o desenvolvimento de habilidades que possibilitem a você agir de maneira propositiva, respeitosa e, ao mesmo tempo, que impulsionem a realização de seu projeto de vida. No momento em que nasce o Novo Ensino Médio, esta obra convida ao estudo de temas importantes para todos nós, como tecnologia, trabalho, sustentabilidade, globalização, geopolítica, ética, direitos humanos, valorização da cidadania. As abordagens visam proporcionar uma formação global compromissada com um repertório cultural e científico amplo, com o combate ao preconceito, à violência e baseada em princípios democráticos, inclusivos e solidários. A valorização e o respeito aos Direitos Humanos, à pluralidade nos modos de vida e a diferentes visões de mundo também são pilares dos seis livros que compõem esta coleção. Por fim, esperamos poder contribuir com boas experiências para esta fase de sua vida estudantil, essencial à construção autônoma e competente do caminho a ser trilhado. Esperamos, também, que esta obra colabore para aflorar em você uma força transformadora e construtora de ações conscientes e responsáveis com as gerações futuras! Com carinho, os autores. Olá, estudantes! É com alegria que apresentamos os livros de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Eles foram feitos com muito empenho pelos autores, editores e colaboradores para oferecer a vocês propostas que contribuam para suas formações com excelência e criatividade. Nossas escolhas foram pautadas em valores éticos, no exercício da cidadania e na busca por uma sociedade mais justa e menos desigual. Queremos estimular o desenvolvimento de habilidades que possibilitem a você agir de maneira propositiva, respeitosa e, ao mesmo tempo, que impulsionem a realização de seu projeto de vida. No momento em que nasce o Novo Ensino Médio, esta obra convida ao estudo de temas importantes para todos nós, como tecnologia, trabalho, sustentabilidade, globalização, geopolítica, ética, direitos humanos, valorização da cidadania. As abordagens visam proporcionar uma formação global compromissada com um repertório cultural e científico amplo, com o combate ao preconceito, à violência e baseada em princípios democráticos, inclusivos e solidários. A valorização e o respeito aos Direitos Humanos, à pluralidade nos modos de vida e a diferentes visões de mundo também são pilares dos seis livros que compõem esta coleção. Por fim, esperamos poder contribuir comboas experiências para esta fase de sua vida estudantil, essencial à construção autônoma e competente do caminho a ser trilhado. Esperamos, também, que esta obra colabore para aflorar em você uma força transformadora e construtora de ações conscientes e responsáveis com as gerações futuras! Com carinho, os autores. APRESENTAÇÃO D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 3D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 3 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM Abertura de unidade Momento para você ter os primeiros contatos com o tema principal da unidade. BNCC Apresentação das competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular que são trabalhadas com mais ênfase ao longo da unidade. Integrando com Ciências da Natureza e suas Tecnologias Oferece a oportunidade de você compreender um aspecto do tema estudado por meio do ponto vista das Ciências Humanas em conjunto com o das Ciências da Natureza. Para refletir e argumentar Desenvolve sua capacidade de analisar a realidade, oferecendo instrumentos para que você defenda suas ideias e se posicione de maneira crítica e assertiva. Dialogando Convite para que você se expresse oralmente a fim de emitir uma opinião, contar uma experiência ou responder objetivamente a uma pergunta sobre um tema. Dica Sugestões de livros, filmes, vídeos, sites, músicas etc. para ampliar a abordagem do assunto estudado. U N ID A D E 2 Vivemos em um mundo marcado por um grande acúmulo de conheci- mentos que se manifesta em inovações tecnológicas em ritmo jamais visto. A nossa capacidade de matar se ampliou enormemente; entre outros motivos, pelo fato de produzirmos armas cada vez mais eficientes e letais. Essa reali- dade se abre para algumas questões de cunho ético e até mesmo filosófico. Nas mãos de quem ficam essas armas? No campo ético, que reflexão podemos fazer sobre a atitude de um governo que usa seu arsenal bélico para obrigar outro a adotar seu modelo político e social? Em um mundo com produção crescente de armas, como garantir a apli- cação do artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948? Art. 3. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. DECLARAÇÃO Universal dos Direitos Humanos. Organização das Nações Unidas (ONU), 1948. Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf. Acesso em: 9 set. 2020. Direitos Humanos e princípios éticos COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC: O texto integral das competências e das habilidades encontra-se no final do livro. Competências gerais: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competências específicas: 1, 3, 4, 5 e 6 Habilidades: EM13CHS102, EM13CHS106, EM13CHS304, EM13CHS306, EM13CHS401, EM13CHS403, EM13CHS404, EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS603, EM13CHS606. Não escreva no livro 1. Que relação pode-se estabelecer entre as fontes 1, 2 e 3? 2. Vocês são contrários ou favoráveis à facilitação do porte de armas ao cidadão comum? 90 Consultar as Orientações para o Professor. Fonte 3 Leia a notícia a seguir: Mortes por bala perdida Com a voz embargada, Fábio Antonio da Silva, de 39 anos, conta como revive a todo tempo o dia 16 de março de 2018. Por volta das 20h, a irmã ligou avisando que o fi lho dele, Benjamin, de 1 ano e 7 meses, morreu baleado no carrinho de bebê em que estava. A criança é uma das seis vítimas entre 0 e 14 anos assassinadas por balas perdidas no Rio de Janeiro até junho deste ano. [...] Segundo levantamento da ONG Rio de Paz, o bebê de 1 ano e 7 meses integra uma lista de 45 crianças e adolescentes mortos por balas perdidas desde 2007, quando teve início a contagem das mortes até 14 anos – são consideradas como crianças pessoas até 12 anos, segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Os casos são contabilizados por denúncias e matérias jornalísticas, tendo em 2016 o pico de vítimas até o momento, com 10 mortes. [...] MENDONÇA, J. Em 11 anos, balas perdidas matam 45 crianças e adolescentes no Rio. Ponte Jornalismo, 28 jun. 2018. Disponível em: https://ponte.org/em-11-anos-balas-perdidas-matam-45-criancas-e-adolescentes-no- rio/#/. Acesso em: 9 set. 2020. D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21-AVU.indd 90D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21-AVU.indd 90 9/22/20 7:01 PM9/22/20 7:01 PM A DA M B ET TC HE R/ G ET TY IM AG ES G O RA N V RH O VA C/ SH U TT ER ST O CK .C O M 91 Fonte 1 Fonte 2 » O artista brasileiro Eduardo Kobra pintando um mural com a imagem do músico Bob Dylan, na lateral de um prédio na cidade de Minneapolis (Estados Unidos), 2015. » Reprodução da escultura de bronze Arma atada, feita pelo artista sueco Carl Fredrik Reutersward como um modo de expressar seu posicionamento contra as armas de fogo. Essa reprodução está localizada em Estocolmo (Suécia), 2019. Mestres da Guerra (Bob Dylan) Vocês que constroem todas as armas Vocês que constroem os aviões mortais Vocês que constroem as bombas grandes Vocês que se escondem atrás de paredes [...] Vocês que nunca fizeram nada A não ser construir para destruir Vocês brincam com meu mundo. [...] E se viram e correm para longe Quando as balas rápidas voam MASTERS of War. Intérprete: Bob Dylan. In: THE FREEWHEELIN’ Bob Dylan. Nova Iorque: Columbia Studios, 1963. Faixa 3, lado A. Tradução da letra da canção extraída do site Vagalume. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/bob-dylan/masters- of-war-traducao.html. Acesso em: 9 set. 2020. D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 91D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 91 9/22/20 2:25 PM9/22/20 2:25 PM O texto a seguir foi escrito por uma indígena e por uma doutora em Educação e trata dos valores Kaiowá e Guarani. Leia-o com atenção. [...] Vida é todo ser que res-pira em cima da terra e embaixo dela [...]. Cada uma dessas vidas depende da outra para sobreviver.[...] sem terra não haverá vida e sem vida não haverá a língua. [...] saber respeitar o outro – na caça, na pesca, na hora de lavar roupa no rio, respeitar o lugar de banho dos mais velhos, saber falar na hora certa. [...] A palavra [...] é sagrada por isso não pode ser proferida de qualquer jeito. A palavra tem muita força. É carregada de compromisso e de valor, representa a verdade. [...] ser Kaiowá e Guarani seja onde for.[...] falar a verdade sem magoar o outro. Dar a palavra para o outro e cumprir.[...] viver essa vida sem maldade.[...] saber viver de modo digno, com lealdade [...].[...] saber ouvir e obedecer aos mais velhos, saber ouvir a terra, [...] a mata, [...] os rios, [...] os animais. [...] saber dividir as coisas com as pessoas [...].[...] vida sem maldade, vida de fé [...] não [...] matar, nem roubar, [nem] falar mal do outro [...]. [...] ter piedade do outro e ajudá-lo sempre que necessário [...], seja na doença, na morte na família, na fome [...] [...] sempre passar a vida de alegria seja onde for [...].[...] buscar força para viver a vida com coragem [...], na caça [...], na pesca [...], na roça [...]. XAMIRINHUPOTY, V. V.; REZENDE, M. A. Nhande rekoha nhe'e ayvu arandu. Para o bem viver da humanidade na cosmovisão Kaiowá. In: TEIXEIRA, L. C. Povos indígenas e psicologia: a procura do bem viver. São Paulo: Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2016. p. 27-30. Disponível em: https://www.crpsp.org/uploads/impresso/110/RLAg_HX8E6bm0fVjb2gpqCkreIBkTy0W.pdf. Acesso em: 2 set. 2020. Para refletir e argumentar 1. Um dos importantes valores indígenas é falar a verdade sem magoar o outro. Você tem conseguido pôr em prática este valor? 2. Compare a importância da palavra para os Kaiowá Guarani à que ela tem na nossa sociedade. 3. Os valores sociais dos Kaiowá Guarani podem nos ajudar a pensar sobre a crise de valores vivida pela nossa sociedade hoje? Em quais pontos? Não escreva no livro » Líder indígena da etnia guarani. Na Aldeia Água Bonita (MS), 2015. CA SS A N DR A CU RY /P U LS AR IM AG EN S Consultar as Orientações para o Professor. 17 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 17 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 17 9/22/20 6:12 PM9/22/20 6:12 PM Equador 50° O Trópico de Capricórnio 0° OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO PA AM MT AC RR RO RS RJ MG MS PR SC SP ES GO DF MA AP TO BA PI CE RN PB PE AL SE Acima de 90 De 80,1 a 90 De 60,1 a 80 Abaixo de 60 Domicílios do estado com acesso à água encanada (em percentual) 0 355 0° Fonte de dados: MARCO legal: saneamento básico em 6 gráfico s. Portal do Saneamento Básico, 31 maio 2019. Disponível em: https://www.saneamentobasico.com.br/saneam ento-basico-brasil-graficos/. Acesso em: 1 ago. 2020. » Acesso à água encanada (2018) Saneamento básico e moradia no Brasil Ciências da Natureza e suas TecnologiasIntegrando com Leia os textos a seguir. Entre os setores de infraestrutura, o saneamento se desta ca pela essencialidade atribuída aos serviços, necessários para a garantia de salu bridade ambiental e dig- nidade humana. Tais serviços trazem benefí cios signifi cat ivos para a população em diversos campos, como saúde, preservação ambiental e des envolvimento de ativida- des econômicas, como o turismo, por exemplo. No entanto, a situação do saneamento ainda é precária no Brasil, especialmente no que diz respe ito ao esgotamento sani- tário. Este fato torna urgente a formulação de políticas p úblicas que efetivamente promovam os avanços necessários ao setor e, consequentem ente, atendam às deman- das da população. FREITAS, R. M. S. et al. Medindo o saneamento: potencialidade s e limitações dos bancos de dados brasileiros. Rio de Janeiro: FGV CERI, 2018. ER IC SO N G U IL HE RM E LU CI A N O 99 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 99D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 99 9/22/20 2:25 PM9/22/20 2:25 PM Nos textos iluministas, muitas vezes encontramos a defesa da igualdade entre todos os homens. No entanto, a França pós-revo-lução foi palco de desigualdades de gênero e desigualdades raciais. Mulheres tinham menos direitos que os homens. Moradores das colô-nias francesas na América e na África tinham menos direitos que os europeus. Por isso, o período posterior ao século XVIII – os séculos XIX, XX e o XXI – são marcados por muitas manifestações, lutas e revoltas dos grupos excluídos “dessa universalidade”. Direitos das mulheres ontem e hoje Você já ouviu falar da Declaração Universal do Direito das Mulheres? Este documento foi escrito por Marie Gouze, dramaturga francesa que usava o codinome Olympe de Gouges. Ela escreveu diversos textos sobre política e teatro. Viveu em Paris e frequentou círculos intelectuais, partici-pou de discussões políticas e pôde participar do processo revolucionário. Entusiasta da Revolução Francesa, ela teceu críticas aos próprios revolu-cionários quando percebeu que havia grande desigualdade entre homens e mulheres no processo político que derrubou o Antigo Regime.Olympe de Gouges foi condenada pelos revolucionários durante a fase conhecida como Terror, a mais violenta da Revolução. Ela criticou a violência usada pelos jacobinos e acabou sendo guilhotinada, sem direito à defesa. Vista hoje como grande líder política da sua época, Gouges foi lembrada por gerações que a sucederam. 1. Quando o voto femi- nino foi instituído no Brasil? 2. Você já pode votar? Debata com seus cole- gas e depois verifique as respostas. Dialogando » Retrato de Olympe de Gouges feito pelo pintor polonês Alexandre Kucharsky no final do século XVIII. Jacobinos: grupo político que participou ativamente da Revolução Francesa. Defendia um governo central forte, o voto universal e a participação popular no processo revolucionário. HE RI TA G E IM AG ES /G ET TY IM AG ES 65 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C3-062-089-LA-G21.indd 65 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C3-062-089-LA-G21.indd 65 9/22/20 12:11 PM9/22/20 12:11 PM era otimista e até mesmo utópico. Na França, um importante projeto foi condu-zido pelos filósofos Denis Diderot (1713-1784) e Jean D’Alembert (1717-1783), com a colaboração de outros célebres iluministas como Rousseau, Montesquieu (1689-1755) e Condorcet (1743-1794). A ideia principal deste projeto era reunir todos os saberes, ciências e conhecimentos da época em uma grande publicação, a chamada Enciclopédia, ou dicionário arrazoado das ciências, artes e profis-sões, primeira obra do gênero a surgir na Europa moderna. Muitos artigos e textos importantes sobre política, artes e ciência foram publicados nesse enorme projeto editorial, marco do iluminismo na França, com a reunião dos saberes em uma única publicação, mudando o modo como as pessoas se educavam e adquiriam o conhecimento bem como uma defesa da educação secular e laica, livre do domínio dos dogmas religiosos. » Frontispício da Enciclopédia ou dicionário arrazoado das ciências, artes e profissões, de Diderot e D’Alambert, publicada em Paris (França), em 1751. A enciclopédia foi a concretização do projeto iluminista. Ao centro da imagem, mais no alto, encontra-se a representação da Verdade envolta em um véu branco e irradiando feixes de luz que dispersam as nuvens. Do seu lado direito, levantando o véu, vê-se a Razão, e um pouco mais abaixo, a Filosofia que puxa o véu, ao mesmo tempo em que toca na Teologia, que se encontra ajoelhada aos pés da Verdade. Várias outras ciências são representadas na imagem, mostrando como os iluministas valorizavam o conhecimento. Em um país em que, até então, poucas pessoas tinham acesso ao conhecimento, a Enciclopédia abria a possibilidade de democra-tização do conhecimento. Alguns dos verbetes da primeira edição da Enciclopédia continham visão crítica da Igreja e do Estado, o que levou o livro a ser proibido durante alguns anos na França do século XVIII. Você já teve contato com alguma enciclo- pédia impressa? Tem o hábito de consultar as páginas da Wikipedia, uma enciclopédia digi- tal? O que acha dela? Dialogando Cândido, ou o Otimismo, livro do filósofo iluminista Voltaire que retrata a aparente ingenui-dade do protagonista e de seu mentor diante dos males do mundo. Este interessante livro chegou até a inspirar novela televisiva brasileira Êta Mundo Bom!, exibida em 2016. VOLTAIRE. Cândido, ou o Otimismo. São Paulo: Penguin Companhia, 2012. Dica PH O TO 12 /C O LL EC TI O N B ER N A RD C RO CH ET /A LA M Y /F O TO A RE N A 45 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 45 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 45 9/22/20 10:03 AM9/22/20 10:03 AM 90 U N ID A D E 2 Vivemos em um mundo marcado por um grande acúmulo de conheci- mentos que se manifesta em inovações tecnológicas em ritmo jamais visto. A nossa capacidade de matar se ampliou enormemente; entre outros motivos, pelo fato de produzirmos armas cada vez mais eficientes e letais. Essa reali- dade se abre para algumas questões de cunho ético e até mesmo filosófico. Nas mãos de quem ficam essas armas? No campo ético, que reflexão podemos fazer sobre a atitude de um governo que usa seu arsenal bélico para obrigar outro a adotar seu modelo político e social? Em um mundo com produção crescente de armas, como garantir a apli- cação do artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948? Art. 3. Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. DECLARAÇÃO Universal dos Direitos Humanos. Organização das Nações Unidas (ONU), 1948. Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf. Acesso em: 9 set. 2020. Direitos Humanos e princípios éticos COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC: O texto integral das competências e das habilidades encontra-se no final do livro. Competências gerais: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competências específicas: 1, 3, 4, 5 e 6 Habilidades: EM13CHS102, EM13CHS106, EM13CHS304, EM13CHS306, EM13CHS401, EM13CHS403, EM13CHS404, EM13CHS501,EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS603, EM13CHS606. Não escreva no livro 1. Que relação pode-se estabelecer entre as fontes 1, 2 e 3? 2. Vocês são contrários ou favoráveis à facilitação do porte de armas ao cidadão comum? 90 Consultar as Orientações para o Professor. Fonte 3 Leia a notícia a seguir: Mortes por bala perdida Com a voz embargada, Fábio Antonio da Silva, de 39 anos, conta como revive a todo tempo o dia 16 de março de 2018. Por volta das 20h, a irmã ligou avisando que o fi lho dele, Benjamin, de 1 ano e 7 meses, morreu baleado no carrinho de bebê em que estava. A criança é uma das seis vítimas entre 0 e 14 anos assassinadas por balas perdidas no Rio de Janeiro até junho deste ano. [...] Segundo levantamento da ONG Rio de Paz, o bebê de 1 ano e 7 meses integra uma lista de 45 crianças e adolescentes mortos por balas perdidas desde 2007, quando teve início a contagem das mortes até 14 anos – são consideradas como crianças pessoas até 12 anos, segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Os casos são contabilizados por denúncias e matérias jornalísticas, tendo em 2016 o pico de vítimas até o momento, com 10 mortes. [...] MENDONÇA, J. Em 11 anos, balas perdidas matam 45 crianças e adolescentes no Rio. Ponte Jornalismo, 28 jun. 2018. Disponível em: https://ponte.org/em-11-anos-balas-perdidas-matam-45-criancas-e-adolescentes-no- rio/#/. Acesso em: 9 set. 2020. D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21-AVU.indd 90D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21-AVU.indd 90 9/22/20 7:01 PM9/22/20 7:01 PM CONHEÇA SEU LIVRO D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 4D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 4 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM Retomando Atividades que visam retomar e organizar o estudo dos temas abordados. #JovensProtagonistas Você vai conhecer uma ação realizada por um jovem ou por um grupo de jovens e se inspirar nela para propor a resolução de um problema presente em sua realidade. #JovensEmAção Você vai participar ativamente de propostas focadas em práticas de pesquisa social, tendo em vista compreender aspectos da sua realidade. Atividade síntese Você poderá perceber que um problema, um conceito ou um tema podem ser analisados por diferentes perspectivas pelos componentes curriculares que fazem parte das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Leitura de imagem Você vai descobrir a riqueza de informações e significados existentes em uma imagem e a relação dela com os conhecimentos da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Retomando 1. (UERJ) Mandando indagar estes dias, em Amsterdã, se o texto Sistema do Mundo de Galileu achava-se à venda, comunicaram-me que fora impresso, mas que todos os exemplares haviam sido queimados em Roma, ao mesmo tempo que condenaram Galileu a retra- tar-se; o que me surpreendeu tanto que quase resolvi queimar todos os meus papéis ou, pelo menos, não os mostrar a ninguém. Pois não podia imaginar como Galileu, que é italiano, e mesmo estimado pelo papa, pudesse ter sido criminalizado, a não ser por ter desejado, por certo, demonstrar o movimento da Terra. Adaptado de DESCARTES, R. Carta de René Descartes ao Padre Mersenne, novembro de 1633. O discurso do método. Martins Fontes: São Paulo: 2001. René Descartes (1596-1650) e Galileu Galilei (1564-1642) são alguns dos principais integrantes da chamada Revolução Científica do século XVII, processo que alterou visões de mundo e hábitos de pensamento da época. Aponte uma proposta da Revolução Científica do século XVII e um motivo para o posi- cionamento contrário da Igreja Católica às proposições dessa revolução. 2. Leia o texto a seguir com atenção. Carta de convocação dos Estados Gerais Por ordem do Rei. [...] Temos necessidade do concurso de nossos fi éis súditos para nos ajudarem a superar todas as difi culdades em que nos achamos, [...] e para estabelecer [...] uma ordem constante e invariável em todas as partes do governo que interessam à felicidade dos nossos súditos e à prosperidade de nosso reino. Esses grandes motivos nos determi- naram convocar a assembleia dos Estados de todas as províncias sob nossa obediência [...], de maneira que [...] seja achado, o mais rapidamente possível, um remédio efi caz para os males do Estado e que os abusos de toda espécie sejam reformados e prevenidos. [...] Versalhes, 24 de janeiro de 1789. MATTOSO, K. de Q. Textos e documentos para o estudo de história contemporânea. São Paulo: Edusp; Hucitec, 1977. p. 1. A Revolução Francesa iniciou-se em 1789 e estendeu-se até 1799, quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França com o Golpe de 18 de Brumário. Esse aconteci- mento foi influenciado pelos ideais do Iluminismo e pela burguesia. Levanto em conta tais fatos, comente: a) Alguns dos valores e ideias iluministas que se fizeram presentes na França revolucionária. b) O papel exercido pela burguesia e o ambiente político e econômico da França no final do século XVIII. 3. (CESGRANRIO-RJ) A Revolução Científica, ocorrida na Europa Moderna entre os séculos XVI e XVII, caracterizou-se por: a) acentuar o espírito crítico do homem através do desenvolvimento da ciência experimental. b) reforçar as concepções antinaturalistas surgidas nos primórdios do Renascimento. 58 Consultar as Orientações para o Professor. D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 58D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 58 9/22/20 10:03 AM9/22/20 10:03 AM c) comprovar a tese de um universo geocêntrico contrária à explicação tradicional aceita pela Igreja Medieval. d) negar os valores humanistas, fortalecendo assim as ideias racionalistas. e) confirmar os fundamentos lógicos e empiristas da filosofia escolástica em sua crítica aos dogmas católicos medievais. 4. (UEPB) O século XVIII europeu foi marcado pela crise do Antigo Regime e pelo advento do Iluminismo – um movimento intelectual e político favorável ao uso da razão como forma de se alcançar a liberdade, a felicidade e o bem-estar social. Analise as assertivas abaixo: I. Enquanto movimento intelectual, o Iluminismo pretendia divulgar o conhecimento até então produzido pela humanidade. Foi por isso que se produziu, entre 1751 e 1780, uma Enciclopédia (composta de 35 volumes). A ideia dos enciclopedistas era travar uma batalha permanente contra a ignorância e a favor da educação popular. lI. A base ideológica do Antigo Regime, assim chamado por se inspirar na elabora- ção aristotélica, era a crítica ao poder absolutista e a defesa da soberania popular. Filosoficamente, se filiava à elaboração de enciclopedistas como Voltaire, d’Alembert, Montesquieu e Rousseau. III. As sociedades europeias do Antigo Regime eram estamentais e o poder político e econômico estava nas mãos da nobreza e da Igreja. Mas a educação ficava a cargo dos enciclopedistas, que fundaram universidades para lecionar aos filhos da elite um tipo de conhecimento laico, científico e comprometido com a reestruturação social. IV. Enquanto movimento político, o Iluminismo criticava as sociedades estamentais baseadas no Antigo Regime. Os “homens da ilustração” questionavam a influência política e cultural da Igreja, os privilégios da nobreza, a servidão no campo e a censura às chamadas ideias perigosas”. Assinale a alternativa correta: a) I, II e III corretas, enquanto IV incorreta. b) IV correta, enquanto I, II e III incorretas. c) II e III corretas, enquanto I e IV incorretas. d) II correta, enquanto I, II e IV incorretas. e) I e IV corretas, enquanto II e III incorretas. 5. (Enem/MEC) Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo impé- rio da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pelaver- dade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. in: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado) O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos político-sociais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força polí- tica dominante. 59 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 59D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C2-036-061-LA-G21.indd 59 9/22/20 10:03 AM9/22/20 10:03 AM Atividade síntese O mundo é cada vez mais urbano e o meio urbano é composto por cidades. Podemos entender cidade como a área urbana de um município. Segundo o filó-sofo e sociólogo francês Henri Lefebvre, é a partir da Revolução Industrial que a cidade e o urbano se tornam cada vez mais presentes no cotidiano da humanidade. Muito embora a cidade seja bem mais antiga que a indústria é a partir do processo irreversível da industrialização mundial (há dois séculos) que o processo urbano foi se consolidando. Ele também afirma que toda cidade é marcada por ações políticas porque na cidade se põe conflitos entre o interesse do capital e a função social do espaço urbano. Logo, como a cidade deve ser para todos, o cidadão deve reivindicar seu direito à cidade. Eludir: desviar-se com habilidade. Não escreva no livro Responda: 1. Afirma-se que o meio urbano é formado pela cidade. Para você, o que é cidade? 2. Segundo Henri Lefebvre, quando ocorre o grande salto para a urbanização do mundo e por quê? 3. A partir da leitura do filósofo francês, qual sua compreensão sobre o “direito à cidade”? 4. Porque o filósofo afirma que se “ corre de sua moradia para a estação próxima ou dis-tante, para o metrô superlotado”? Você ou alguém de sua família se identificam com essa afirmação? 5. Como você entende a questão da moradia digna no contexto traçado pelo autor? » Manifestação pelo direito à moradia digna, em São Paulo (SP), 2020. CE SA R D IN IZ /P U LS A R IM AG EN S O direito à cidade não pode ser concebido como um simples direito de visita [...] Basta abrir os olhos para compreender a vida cotidiana daquele que corre de sua moradia para a estação próxima ou distante, para o metrô superlotado, para o escritório ou para a fábrica, para retomar à tarde o mesmo caminho e voltar para a casa a fi m de recupe-rar as forças para recomeçar tudo no dia seguinte. O quadro dessa miséria generalizada não poderia deixar de se fazer acompanhar pelo quadro das “satisfações” que a dis-simulam e que se tornam os meios de eludi-la e de evadir-se dela. LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2010. p. 117-118. 110 Consultar as Orientações para o Professor. D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 110 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C4-090-113-LA-G21.indd 110 9/22/20 2:25 PM9/22/20 2:25 PM A Ética Ambiental é um campo de est udo prático, multidisciplinar e que inv estiga soluções para os dilemas éticos que surgem através da ação do homem sobre o meio ambiente. Sobre a tirinha acima, é correto afir mar que o personagem, com sua pe rgunta, está: a) questionando a legalidade de ins tituições que aprisionam animais, c omo os zoológi- cos, e sugerindo a extinção destas. b) atribuindo um caráter de sujeito moral à onça e sugerindo que o pú blico que visita o zoológico é imoral. c) atribuindo um caráter de sujeito à onça e sugerindo que ela deva ser encarcerada por não possuir estatuto moral. d) sugerindo que a beleza da onça de va ser condição suficiente para que e la seja mantida em liberdade. e) atribuindo um caráter de sujeito à onça e sugerindo que ela também deva ser mere- cedora de tratamento moral. Observe a imagem com atençã o. Leitura de imagem 1. O que vemos na imagem? 2. O que o autor da charge pode te r pretendido ao escrever a palavra É TICA no vestido da mulher que está despencando? 3. O que se pode concluir e está im plícito na imagem do casal que fotog rafa a mulher/ética? 4. Que relação se pode estabelece r entre a charge e a proposta do cap ítulo? 5. Em grupo. Debatam o tema Ét ica, Tecnologia e Sociedade e propo nham práticas para um convívio ético e solidário no me io em que vocês vivem. Não escreva no livro SI N O VA LD O Consultar as Orientações para o Professor. 149 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132- 153-LA-G21-AVU.indd 149 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132- 153-LA-G21-AVU.indd 149 9/22/20 9:28 PM9/22/20 9:28 PM As TDICs e o mundo contemporâneo Nessa atividade você irá realizar uma entrevista em sua comunidade para saber como as pessoas sentiram as alterações que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) trouxeram ao mundo. Uma entrevista é um processo de interação social, uma técnica em que o entre- vistador tem como objetivo obter informações do entrevistado para coletar dados sobre um objeto específico para fins de pesquisa. O fim dessa entrevista é conhe- cer como a vida das pessoas de sua comunidade se alterou com a preponderância das TDICs no mundo atual. » Estudantes idosos durante aula de computação no Centro Cultural Matarazzo, em Presidente Prudente (SP), 2019. 1a Etapa • Problematização a) Reúnam-se em grupos e realizem uma pesquisa sobre as alterações que as TDICs causaram na vida de pessoas que viveram parte de sua vida sem elas. b) Em seguida, compartilhem os resultados da pesquisa com o restante da turma. 2a Etapa • Escolhendo os entrevistados c) Com algum conhecimento teórico sobre o assunto a ser estudado, os grupos deverão escolher personagens significativos de sua comunidade, pessoas que vivenciaram de forma mais ou menos brusca a alteração causada pelas TDICs. O seu avô e sua avó vivenciaram essa alteração de maneira distinta dos seus pais, mas não é necessário que sejam familiares. A D RI A N O K IR IH A RA /P U LS A R IM AG EN S 152 #JovensEmAção As TDICs e o mundo contemporâneo Entrevista D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 152D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 152 9/22/20 2:55 PM9/22/20 2:55 PM 3a Etapa • Elaboração do roteiro d) Escolham previamente as questões que desejam fazer, partindo do conhecimento que tiveram com a pesquisa. Elas podem ser genéricas, como “como era a sua vida antes da massificação das TDICs”, ou específicas, “você foi afetado em seu trabalho pelo advento das TDICs”. Além disso, pode se referir às dificuldades de compreensão das novas tecnologias: “você teve dificuldade de adaptar-se ao mundo virtual?”. e) A elaboração do roteiro é uma etapa essencial para o sucesso da entrevista. É preciso que estejam inseridas todas as perguntas e tópicos relevantes para orientar o trajeto da sua entrevista. Atenção, ao elaborar o roteiro, fique atento à linguagem (formal ou coloquial), à forma das perguntas e à sequência delas. Tudo depende do seu público e de quem escolheu como seu entrevistado. 4a Etapa • Trabalho de campo f) Com os entrevistados escolhidos e o roteiro elaborado, vocês deverão reali- zar a entrevista. Caso tenham escolhido gravar a entrevista, lembrem-se de pedir autorização ao entrevistado. 5a Etapa • Análise e interpreta- ção dos resultados g) Com as entrevistas realizadas, é importante transcrevê-las, caso tenham sido gravadas. Com esse material em mãos, debatam com os outros grupos os resultados preli- minares alcançados. É importante compreender as semelhanças e diferenças entre os resultados e as possíveis razões para isso. h) Após o debate, a turma deverá elaborar um único relatório com as conclusões. É importante levantar hipóteses para as respostas alcançadas e pensar se esses resultados podem ser genera- lizados para outras regiões do país. Lembrem-se que no relatório deve constar todo o caminho percorrido por vocês desdea primeira etapa. 6a Etapa • Divulgação i) Compartilhem o relatório final com a comunidade escolar, usando a rede social oficial da escola ou em suas próprias contas e marquem as posta- gens com a #JovensEmAção. » Jovem entrevista senhora em Goiás, 2019. HP O LI VE IR A /S HU TT ER ST O CK .C O M 153 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 153D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 153 9/22/20 2:55 PM9/22/20 2:55 PM Educação para todas e todos 1o Passo • Conhecer ações inspiradoras realizadas por uma jovem Leia a história de Malala Yousafzai: [...] Nascida no dia 12 de julho de 1997 na região do vale do Swat, nordeste do Paquistão, Malala cresceu em uma família que geria escolas na região. O pai, Ziauddin Yousafzai, fez questão de proporcionar à filha todas as oportunidades que um homem teria — inclusive estudar. Quando tinha 11 anos, porém, em 2008, o regime Talibã tomou controle da cidade onde a família Yousafzai morava. Entre as várias medidas proibitivas determinadas estava a proibição de garotas frequen- tarem a escola. [...] Malala não estava disposta a desistir tão fácil de continuar estudando. Meses depois, em protesto ao fechamento das escolas, fez um discurso em Peshawar, uma das grandes capitais do país, no qual confrontou o regime: “como o Talibã ousa tirar meu direito básico à educação?”, foi o título do discurso. No ano seguinte, usando o pseudônimo Gul Makai, começou a escrever em blogs da BBC relatando a vida sob o regime. Sua verdadeira identidade foi revelada, e Malala passou a conceder entrevistas a emissoras de TV e a jornais, sem nunca se omitir da luta pelo direito de estudar. » Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, falando em uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro norueguês após reunião em seu escritório. Oslo (Noruega), 2014. O D D A N D ER SE N /A FP /G ET TY IM AG ES 150 #JovensProtagonistas D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 150D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 150 9/22/20 2:55 PM9/22/20 2:55 PM [...] No dia 9 de outubro de 2012, quando estava no ônibus escolar que a levaria para casa, um homem usando uma máscara entrou no veículo e perguntou: “quem é Malala?” e atirou no lado esquerdo de sua cabeça. “Acordei 10 dias depois em um hospital em Birmingham, na Inglaterra”, relata Malala no site de sua fundação. [...] Em fevereiro de 2013, após meses de tratamento na Inglaterra, Malala obteve alta. [...] O ano de 2013 foi agitado para a jovem ativista. Em abril, foi criada a Malala Fund, uma organização que busca arrecadar fundos para financiar a edu- cação de garotas no mundo todo. No mesmo mês, ela foi considerada a pessoa mais influente do ano pela revista Time. E, no seu aniversário de 16 anos, discursou nas Nações Unidas em Nova York. A data passou a ser chamada de “Malala Day”, ou Dia de Malala. [...] Malala continuou engajada na luta pelo direito das meninas de estudar, pelo que foi reconhecida com diferentes prêmios. O maior deles, porém, veio em 2014, quando foi laureada com o Nobel da Paz, junto com Kailash Satyarthi, pelo trabalho como ati- vista por direitos das crianças. MARASCIULO, M. Malala Yousafzai: 7 pontos para entender a história da jovem ativista. Galileu, 12 jul. 2020. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2020/07/malala-yousafzai- 7-pontos-para-entender-historia-da-jovem-ativista.html. Acesso em: 27 ago. 2020. a) Qual foi o problema enfrentado por Malala? b) Como Malala enfrentou esse problema? 2o Passo • Mapear a realidade. c) Faça uma pesquisa e descubra outras soluções encontradas por pessoas que enfren- tam problemas de acesso à educação escolar. Anotem as informações que julgarem pertinentes. d) Na sua escola ou na sua cidade existem problemas ligados ao acesso à educação? Pergunte a familiares, amigos e membros da comunidade escolar. E pesquise dados sobre o acesso à educação em sua cidade e em sites confiáveis. 3o Passo • Atuar na sociedade e) Depois do mapeamento, pense nas formas de colaboração para que se encontrem soluções para o problema pesquisado. Seja por meio de sua divulgação, seja por meio de ações práticas que busquem reduzir seus impactos. Conversem com os professores e colegas e retomem as informações levantadas para encontrar ideias inspiradoras em sua própria cidade ou em seu estado. f) Após definir as propostas, chegou a hora de colocá-la em prática! Vocês podem se organizar em pequenos grupos, cada qual responsável por uma etapa do trabalho. 4o Passo • Compartilhar o trabalho com a comunidade g) Compartilhem suas propostas e ações por meio de um blog, de perfis nas redes sociais, de fotografias, vídeos curtos e lives. Não esqueçam de compartilhar com a comuni- dade escolar na rede social oficial da escola ou em suas próprias contas e marquem as postagens com #JovensProtagonistas. 151 D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 151D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C6-132-153-LA-G21.indd 151 9/22/20 2:55 PM9/22/20 2:55 PM D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 5D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 5 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM Sumário CAPÍTULO 1 Ética: da Idade Média ao Renascimento | 12 A ética Ubuntu | 13 A ética indígena | 15 Uma viagem no tempo e no espaço | 18 Idade Média: conceito e periodização | 18 Renascimento | 24 O comportamento na visão da Sociologia | 31 Sobre a construção sócio-histórica e arbitrária do comportamento humano | 33 Retomando | 34 CAPÍTULO 2 Ética, revoluções e Iluminismo | 36 A Revolução Científica e o racionalismo do século XVII | 37 Cientistas e filósofos do século XVII | 38 Debates éticos e democracia | 101 Unidade O século das Luzes | 41 Pensadores iluministas | 41 Progresso, otimismo e ciência | 44 O Antigo Regime na França | 46 A sociedade | 46 A economia e a política | 47 A Revolução em marcha | 49 Retomando | 58 CAPÍTULO 3 A universalidade não tão universal | 62 Universalidade em questão: representatividade e direitos | 62 As vozes femininas na Revolução Francesa | 63 Direitos das mulheres ontem e hoje | 65 O que é o feminismo? | 66 O que é o patriarcado? | 67 Desigualdade racial e direito dos negros | 70 O caso do Haiti: América francesa | 70 A Razão Negra | 72 Desigualdade racial e o direito à vida na atualidade | 73 A mortalidade dos negros no Brasil | 75 Homossexualidade: passado e presente | 78 Retomando | 81 #JovensProtagonistas | 86 #JovensEmAção | 88 IL BU SC A /G ET TY IM AG ES D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 6D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 6 9/23/20 1:45 AM9/23/20 1:45 AM 2 Unidade Direitos Humanos e princípios éticos | 90 CAPÍTULO 4 Direito à moradia e segregação urbana | 92 O direito à moradia | 92 Políticas públicas de moradia | 94 Urbanização brasileira e o dilema da moradia | 96 Metrópole e centros urbanos | 103 Desigualdade espacial urbana e segregação social | 107 Movimentos populares por direito à moradia | 109 Retomando | 111 CAPÍTULO 5 A violência | 114 As variadas formas de violência | 117 As principais vítimas da violência | 119 Uso da violência na divulgação de notícias | 123 A cultura da paz | 128 Retomando | 129 Base Nacional Comum Curricular | 154 Bibliografia comentada | 158 CAPÍTULO 6 Impasses éticos da atualidade | 132 Os impactos das inovações tecnológicas | 132 Inovação tecnológica e comunicação | 133 Bioética e ética ambiental | 136 Impactos ético-políticos nos valores, nas atitudes de indivíduos, grupos e sociedades | 138 O que é afinal a crítica? | 138 Inovação e poder | 140 Ética e saúde | 143 Ética e direitos humanos | 144 Humanidade em risco e transumanismo | 145 Tecnologia e desemprego | 146 Retomando | 147 #JovensProtagonistas | 150 #JovensEmAção | 152 JONAS GRATZER/LIGHTROCKET/GETTY IMAGES D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 7D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 7 9/23/20 2:15 AM9/23/20 2:15 AM 8 CONHEÇAO VOLUME 8 Objetivos a serem desenvolvidos neste volume Ao realizar os estudos propostos neste livro da coleção, espera-se que os objetivos apresentados a seguir sejam alcançados. Esclarecer a noção de ética. Entender as diversas maneiras pelas quais os princípios que regem a conduta humana são formulados. Analisar as diferenças e as proximidades entre a ética indígena e a ética Ubuntu. Compreender as diferentes concepções éticas desenvolvidas durante a Idade Média e o Renascimento. Expor as implicações do estudo do comportamento humano a partir da perspectiva sociológica. Investigar a mudança de paradigma advinda da revolução científica no século XVII, observando a contribuição de alguns de seus mais famosos cientistas e filósofos. Entender a formação da mentalidade contemporânea por meio dos exemplos e ideias dos pensa- dores do Iluminismo. Analisar as origens e os impactos dos eventos da Revolução Francesa, e seu marco de transição da modernidade para o mundo contemporâneo. Compreender a formação do conceito de direitos humanos e sua relevância para a garantia da cidadania e da ética na sociedade contemporânea. Compreender e debater as reivindicações de grupos sociais surgidos no ambiente da Revolução Francesa e do Iluminismo. Analisar as origens e as demandas do movimento feminista por igualdade de direitos. Analisar as origens e as demandas democráticas dos movimentos negros e por igualdade racial, em uma perspectiva espaço-temporal. Analisar as origens e as demandas atuais dos movimentos LGBTQI+ e de diversidade sexual. Refletir sobre o conceito de direitos humanos e sua universalidade a partir dos movimentos sociais surgidos nos séculos XIX e XX. Compreender e relacionar os conceitos de direito à moradia e de segregação urbana. Analisar e compreender o papel do Estado na organização do espaço e planejamento urbano no Brasil. Compreender as diferenças dos principais modelos de produção industrial utilizados no século XX. Investigar o processo de urbanização brasileira e seus impactos na qualidade da moradia. Situar historicamente o fenômeno da metropolização das grandes cidades, a instituição das Regiões Metropolitanas e o surgimento das megacidades. Contextualizar as causas e as consequências da segregação espacial e seus impactos na promoção de desigualdades sociais. D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 8D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 8 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM 9 Analisar o papel dos movimentos de luta por direito à moradia, suas reivindicações e seu antagonismo com as construtoras e incorporadoras imobiliárias. Apresentar o conceito de violência nas suas diversas formas. Fornecer subsídios para identificação da violência em diversos contextos e discursos. Reconhecer as principais vítimas da violência (mulheres, crianças, negros, refugiados etc.). Promover o debate sobre soluções e caminhos que erradiquem a violência do cotidiano das pessoas. Desnaturalizar situações de violência reproduzidas na vida cotidiana. Apresentar as violências próprias do mundo virtual a partir da discussão sobre fake news. Compreender as transformações sociais originadas com o avanço científico e tecnológico do início do século XX. Entender a relação entre ciência, tecnologia e comunicação, bem como seus impactos culturais e no modo como nos relacionamos. Analisar as implicações morais e éticas das biociências e das ciências da saúde na organização das sociedades. Compreender a articulação entre ética e ciência, levando em conta os princípios fundamentais dos direitos humanos e o universo do trabalho no interior da sociedade. Justificativa da pertinência dos objetivos Os temas propostos neste volume visam fornecer diversos caminhos para suas reflexões sobre o mundo que o cerca com base em princípios éticos. Para isso, você vai aprender sobre os fundamentos éticos em diferentes épocas e sociedades, ampliando seu repertório sobre o assunto. Esse conhecimento é importante para que você consiga analisar e refletir sobre o passado, mas também sobre o presente. As discussões sobre a ética atingem diversos campos da vida, desde as relações pessoais, pas- sando pelas relações sociais, até o contato entre diferentes povos e nações. Por isso, você vai conhecer e refletir sobre acontecimentos históricos importantes, nos quais os problemas éticos estiveram muito presentes, como os processos de dominação de alguns povos sobre outros; vai refletir sobre as desi- gualdades sociais, as injustiças e as diversas formas de violência no mundo atual; e, também, pensar sobre dilemas éticos relacionados ao desenvolvimento tecnológico. Essas reflexões vão permitir a você desnaturalizar determinados costumes que ferem os princípios éticos, percebendo as desigualdades, os preconceitos e as discriminações presentes nessas atitudes. Do mesmo modo, você vai poder elaborar um pensamento e uma conduta que visam combater as diversas formas de injustiça, preconceitos e violências, a partir de princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários e que respeitam os direitos humanos. D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 9D3-CHS-EM-3074-V5-001-009-LA-G21-AVU.indd 9 9/22/20 11:15 PM9/22/20 11:15 PM U N ID A D E 1 Debates éticos e democracia Vivemos em um mundo dividido pela enorme distância entre pobres e ricos, castigado por acidentes ambientais e atravessado por inúmeras formas de violência: desde a causada por conflitos armados, terrorismo, crime organizado até as motivadas por distração e negligência no trânsito. Observe a imagem com atenção. Fonte 1 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC: O texto integral das competências e das habilidades encontra-se no final do livro. Competências gerais: 2, 3, 6, 7, 9 e 10 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competências específicas: 1, 2, 4, 5 e 6 Habilidades: EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS204, EM13CHS205, EM13CHS403, EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS603, EM13CHS605, EM13CHS606. � O que está acontecendo na cena? � Onde a cena principal se passa? � O fato apresentado pode ser considerado distração ou negligência no trânsito? � Você já presenciou alguém usando celular ou já fez isso enquanto dirigia? � Já soube de um acidente ocorrido por esse motivo? Leia a seguir o trecho de uma reportagem e alguns artigos do Código de Trânsito Brasileiro. Fonte 2 Jovens ao volante: Por que eles são as grandes vítimas? Os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre os jovens [...] em todo o mundo. [...] A RI O N AU RO A RI O N AU RO 10 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 10D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 10 9/22/20 9:33 AM9/22/20 9:33 AM » Fac-símile da capa da 8a edição do Código de Trânsito Brasileiro, publicado pela Câmara dos Deputados. Durante as fiscalizações, não é difícil nos depararmos com jovens dirigindo alcooli- zados, ou, ainda, excedendo os limites de velocidade. Causas que estão entre os principais motivos de acidentes entre jovens ao volante. Apesar das estatísticas pesarem para estes fatores, outro grande perigo também começa a aparecer. Tornando-se um dos grandes desencadeadores de acidentes entre este público. Manusear o celular, seja para falar ao telefone, mandar mensagens de texto ou de voz têm sido os principais novos problemas registrados. [...] Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, tanto jovens ao volante como adultos que manuseiam o celular enquanto dirigem aumentam em 23 vezes o risco de se envolver em acidentes. Fato que faz com que a inexperiência, associada à distração e a negligência no trân- sito, torne-se uma arma poderosa e letal. JOVENS ao volante e o comportamento de risco no trânsito. Icetran, 11 out. 2017. Disponível em: https://icetran.com.br/blog/jovens-ao-volante-e-o-risco-no-transito/. Acesso em: 14 set. 2020. Fonte 3 Art. 161. Constitui infração de trânsitoa inobservância de qualquer preceito deste Código, da legislação complementar ou das resoluções do CONTRAN [...]. Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória [...]. Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local, medida por instrumento ou equipamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias arteriais e demais vias [...]. Art. 252. Dirigir o veículo: [...] VI - utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelha- gem sonora ou de telefone celular [...]. BRASIL. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503Compilado.htm. Acesso em: 14 set. 2020. � Você sabia que acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre os jovens? � Conhecia as leis presentes na fonte 3? � Que relação podemos estabelecer entre as fontes 1, 2 e 3? � Qual é a importância da Educação para o Trânsito na construção da cidadania no nosso país? O que você sabe sobre o assunto? � O que pode ser feito para mudar essa situação? � Produza um cartaz, podcast ou vídeo com propostas para enca- minhar a solução dos problemas apontados nas fontes 1, 2 e 3. CÂ M A RA D O S D EP U TA D O S 11 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 11D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 11 9/22/20 9:33 AM9/22/20 9:33 AM CA P ÍT U LO 1 Ética: da Idade Média ao Renascimento » Jovens protestam em defesa da ética, da democracia e contra o racismo, em Londrina (PR), 2020. Você, no seu dia a dia, já ouviu certamente a palavra ética em diversas situações e contextos. No plano individual, por exemplo, é comum ouvirmos uma pessoa dizer a outra: “Isto é falta de ética!”. Ou então, em um contexto mais amplo, “o problema brasileiro é a falta da ética na política!”. Ouvimos, também, a palavra ética em tom elogioso: “a professora é uma pessoa muito ética!”. Mas como podemos definir ética, afinal? Ética é um campo de estudo da Filosofia que investiga os diferentes conjuntos de princípios que orientam as ações de um indivíduo ou de um grupo. O conceito de Ética, no entanto, não é universal e atemporal, mas sim histórico, pois varia de uma cultura para a outra e, também, no tempo. Para melhor compreender essa variedade vamos começar estudando uma ética de matriz africana. ER N ES TO R EG HR A N /P U LS A R IM AG EN S 12 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU-4.indd 12D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU-4.indd 12 9/23/20 12:00 PM9/23/20 12:00 PM » Grupo Jongo de Piquete - dança de roda de origem africana com acompanhamento de tambores e solista. Piquete (SP), 2007. Banto: tronco linguístico com dezenas de famílias e cerca de 470 línguas. Essas línguas são faladas hoje por cerca de 100 milhões de indivíduos concentrados em territórios ao sul da linha do equador, entre eles, Congo, Angola e Moçambique. Por extensão, os povos que falam essas línguas são chamados de bantos. A ética Ubuntu O Ubuntu é uma ética e filosofia africana que propõe um modelo de sociedade mais humanizada e solidária. É também uma das muitas contribuições dos africanos de origem banto e seus descen- dentes para pensarmos soluções para os problemas de ordem ética no Brasil de hoje. A palavra ubuntu é de origem quimbundo, a língua mais falada em Luanda, capital de Angola. A ética e filosofia Ubuntu baseiam-se no princípio de que “Eu sou porque nós somos”; ou seja, a existência de um indivíduo está estreitamente ligada à do outro e à da coletividade. Nesse modo de ver, portanto, a comunidade se sobrepõe ao indi- víduo em importância. Isto ajuda a explicar por que nas importantes manifestações de matriz africana, como a capoeira e o samba, os figu- rantes formam uma roda e são chamadas de roda de samba, roda de capoeira, roda de jongo, entre outras. M A RC O A N TO N IO S Á /P U LS A R IM AG EN S 13 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 13D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 13 9/22/20 9:33 AM9/22/20 9:33 AM » Costureiras mostrando máscaras confeccionadas para distribuição durante a pandemia de covid-19, na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo (SP), 2020. Além de estar presentes nessas manifestações artísticas e religiosas da matriz africana, o Ubuntu está presente também no modo de organização de ações, como festas comunitárias, campeonatos esportivos, mutirões para ajudar um vizinho a construir uma casa, obter roupas, material escolar e/ou cadeiras de rodas para deslocar-se até a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) mais próxima. Boa parte dessas ações é geralmente coordenada por mulheres, com grande liderança e respeitabilidade no seio de sua comunidade. Nós vivemos em uma sociedade em que predomina a disputa para saber quem é o melhor e nessas disputas há sempre um vencedor e perdedor. Já a filosofia Ubuntu não se funda na vitória sobre o outro, mas no compartilhamento de téc- nicas, saberes e valores. Os africanos trazidos para o Brasil aos milhões durante mais de três séculos eram portadores de saberes e técnicas e visões de mundo que foram e continuam sendo parte do ser brasileiro; e um desses importantes legados é a ética e filo- sofia Ubuntu, baseada no humanismo e na interconexão com o outro como parte constitutiva da condição humana. A escravização pretendeu desumanizar os africanos, retirando deles o nome, a língua, a lembrança dos amigos, dos familiares e das terras de onde eram origi- nários. A filosofia e a ética Ubuntu querem devolver a eles a força vital para reaver a humanidade e transformar a realidade, apoiadas nos saberes e valores éticos herdados de seus ancestrais. CE SA R D IN IZ /P U LS A R IM AG EN S 14 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 14D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 14 9/22/20 9:33 AM9/22/20 9:33 AM » Jean-Bosco Kakozi é professor da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), em Foz do Iguaçu. Porto Alegre (RS), 2018. O texto a seguir é do doutor em Filosofia Marcelo José Derzi Moraesm. Leia-o com atenção. [...] O filósofo congolês Jean- Bosco Kakozi Kashindi apresenta a dimensão do ubuntu como uma consciência africana; um espírito africano, em que na relação com a alteridade encontramos uma con- dição de vivermos melhor [...], que pode ser compreendida pela máxima [...] do grupo shoto do norte da África do Sul [...]: se e quando tiver de enfrentar uma escolha decisiva entre a riqueza e a preser- vação da vida de outro ser humano, deve sempre optar pela preservação da vida. Esse ensinamento explica a fi losofi a ética ubuntu [...]. A ética [...] ubuntu é a ética da responsabilidade, que invoca o tshiamalenga (a fi losofi a do nós), em que o nós ubuntu é a partilha, a solidariedade e o cuidado mútuo, em que o nós é anterior ao eu; isso não quer dizer que não existe identidade pessoal, autônoma e singular. Para Kashindi, é no o ato de fazer o bem que se gera mais potência e força nas relações de alteridade, é um reconhecimento de ubuntu do doador [...] e, ao mesmo tempo, uma responsabilidade para com esse doador. [...] MORAES, M. J. D. A filosofia ubuntu e o quilombo: a ancestralidade como questão filosófica. Revista África e Africanidades, ano XII, n. 32, nov. 2019. Disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/0320112019.pdf. Acesso em: 7 set. 2020. Para refletir e argumentar 1. Como é seu relacionamento com o outro e sua comunidade? 2. Você considera que a filosofia e a ética Ubuntu podem nos ajudar a refletir sobre o Brasil de hoje? Como? Não escreva no livro A ética indígena Para compreender a ética indígena é preciso levar em conta que a educação indígena é responsabilidade da comunidade como um todo; cada criança vai sendo iniciada pelos adultos nos rituais e valores do grupo, por meio de gestos e palavras da família extensa. No convívio com osadultos, a criança e o jovem vão aprendendo os valores relacionados à pessoa e ao meio ambiente do grupo a que perten- cem. Assim, no convívio com pessoas, animais e vegetais do lugar onde vivem vão aprendendo o ser e o fazer dentro de sua comunidade. G U IL HE RM E SA N TO S/ SU L2 1 Consultar as Orientações para o Professor. 15 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 15D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 15 9/22/20 6:11 PM9/22/20 6:11 PM Vão aprendendo na prática, enquanto ajudam os adultos, como a comunidade faz para obter o que precisa para sobreviver: caça, pesca, coleta ou cultivo. Além de aprender todas técnicas e saberes tradicionais, aprendem também os valores sagrados para seu grupo, a noção de certo ou errado, verdadeiro ou falso etc. Esse aprendizado se faz oralmente dos mais velhos para os mais novos, e nas atividades ou conversas do dia a dia. Um valor ético central na vida indígena é o respeito; seja no convívio com outras pessoas do grupo, seja nas atitudes ante a natureza. O indivíduo é ensinado a respeitar por meios de gestos, olhares e palavras e também pelo silêncio, quando a ocasião pede como, por exemplo, quando escuta o que o outro fala, sobretudo se é mais velho. Quem desrespeita perde a consi- deração dos demais bem como a capacidade de influenciar por meio de palavras. Desde que os indígenas conquistaram o direito à educação escolar em sua própria língua foi possível conhecer melhor a força de seus valores éticos e suas cosmovisões e permitiu a eles levar essa riqueza para os currículos escolares de suas escolas por meio dos registros escritos e visuais de alunos e professores. As lutas pela afirmação de suas identidades e em defesa de seus valores se conectam à luta pelo direito à terra onde vivem e estão enterrados os seus ances- trais e por um ensino específico e de qualidade. A importância de valores indígenas, como a responsabilidade compartilhada por crianças e jovens e o respeito ao outro e ao ambiente, com certeza pode pautar nossos debates éticos para a construção de uma sociedade mais justa, mais equâ- nime e que respeita a diversidade de línguas, culturas e opções sexuais e religiosas de seus membros. » Líder indígena falando para crianças na Aldeia Aiha, Parque Indígena do Xingu (MT), 2018. FA BI O C O LO M BI N I 16 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 16D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 16 9/22/20 9:33 AM9/22/20 9:33 AM O texto a seguir foi escrito por uma indígena e por uma doutora em Educação e trata dos valores Kaiowá e Guarani. Leia-o com atenção. [...] Vida é todo ser que res- pira em cima da terra e embaixo dela [...]. Cada uma dessas vidas depende da outra para sobreviver. [...] sem terra não haverá vida e sem vida não haverá a língua. [...] saber respeitar o outro – na caça, na pesca, na hora de lavar roupa no rio, respeitar o lugar de banho dos mais velhos, saber falar na hora certa. [...] A palavra [...] é sagrada por isso não pode ser proferida de qualquer jeito. A palavra tem muita força. É carregada de compromisso e de valor, representa a verdade. [...] ser Kaiowá e Guarani seja onde for. [...] falar a verdade sem magoar o outro. Dar a palavra para o outro e cumprir. [...] viver essa vida sem maldade. [...] saber viver de modo digno, com lealdade [...]. [...] saber ouvir e obedecer aos mais velhos, saber ouvir a terra, [...] a mata, [...] os rios, [...] os animais. [...] saber dividir as coisas com as pessoas [...]. [...] vida sem maldade, vida de fé [...] não [...] matar, nem roubar, [nem] falar mal do outro [...]. [...] ter piedade do outro e ajudá-lo sempre que necessário [...], seja na doença, na morte na família, na fome [...] [...] sempre passar a vida de alegria seja onde for [...]. [...] buscar força para viver a vida com coragem [...], na caça [...], na pesca [...], na roça [...]. XAMIRINHUPOTY, V. V.; REZENDE, M. A. Nhande rekoha nhe'e ayvu arandu. Para o bem viver da humanidade na cosmovisão Kaiowá. In: TEIXEIRA, L. C. Povos indígenas e psicologia: a procura do bem viver. São Paulo: Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 2016. p. 27-30. Disponível em: https://www.crpsp.org/uploads/impresso/110/RLAg_HX8E6bm0fVjb2gpqCkreIBkTy0W.pdf. Acesso em: 2 set. 2020. Para refletir e argumentar 1. Um dos importantes valores indígenas é falar a verdade sem magoar o outro. Você tem conseguido pôr em prática este valor? 2. Compare a importância da palavra para os Kaiowá Guarani à que ela tem na nossa sociedade. 3. Os valores sociais dos Kaiowá Guarani podem nos ajudar a pensar sobre a crise de valores vivida pela nossa sociedade hoje? Em quais pontos? Não escreva no livro » Líder indígena da etnia guarani. Na Aldeia Água Bonita (MS), 2015. CA SS A N D RA C U RY /P U LS A R IM AG EN S Consultar as Orientações para o Professor. 17 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 17D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21-AVU.indd 17 9/22/20 6:12 PM9/22/20 6:12 PM Idade Média: Período da história europeia de cerca de mil anos, que tem início em 476, com a deposição do último imperador romano do Ocidente, e termina em 1453, com a queda de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. Essa periodização, que tem como marco inicial o século V e o final do século XV, tem recebido várias críticas, principalmente pelo fato de ser eurocêntrica. Nós a apresentamos por ser muito usada em livros, revistas e jornais. Uma viagem no tempo e no espaço Agora que já dialogamos sobre a ética Ubuntu e a ética Kaiowá e Guarani, vamos fazer uma viagem no tempo e no espaço e estudar filosofias e éticas de europeus ocidentais em outros tempos. Idade Média: conceito e periodização Vamos começar estudando uma ética e filosofia que se formou durante a Idade Média, época em que a Igreja era a instituição mais poderosa na Europa. O poder da Igreja no medievo Como a igreja Católica se tornou poderosa na Idade Média? Durante a lenta e profunda crise vivida pelo Império Romano, a vida na Europa se desorganizou e suas populações foram tomadas pela insegurança e pelo medo. Nesse contexto, a Igreja era a única instituição capaz de oferecer proteção e ajuda a essas populações. Nos primeiros tempos, o sustento da Igreja provinha de esmolas dadas pelos fiéis. Posteriormente, ela passou a acumular um patri- mônio crescente, originário de doações em terras e dinheiro que recebia dos fiéis. No século IV, a Igreja ganhou o direito à isenção de impostos e a um tribunal próprio. Em 445, desejando prestigiar a sua capital, o imperador romano Valentiniano III concedeu ao bispo de Roma auto- ridade sobre os outros bispos. Com o nome de Leão I (440-461), esse bispo passou a se chamar papa. Leão I era herdeiro e representante do apóstolo Pedro, tido como o primeiro bispo de Roma e cujo corpo se acreditava estar enterrado naquela cidade. O poder da Igreja se estendia a todos os campos da sociedade medieval. Aqueles que não seguiam as regras nem participavam das festas e rituais da Igreja Católica eram considerados hereges e podiam ser excomungados. Ser excomungado não significava apenas ser proi- bido de frequentar a igreja, mas ser excluído também de toda a vida social. A Igreja Católica estava presente em todos os momentos da vida de uma pessoa, do nascimento à morte. Todos os acontecimentos importantes da vida dos indivíduos eram regulados pela Igreja. Nesse ambiente social, desenvolveu-se e ganhou força o teocentrismo. O filme O Nome da Rosa, adap- tação do romance homônimo, do escritor italiano Humberto Eco, trata de um monge benedi- tino que investiga uma série de assassinatos em um mosteiro italiano no fim da Idade Média. O NOME da Rosa. Direção: Jean-Jacques Annaud. Itália; Alemanha; França: Cristaldifilm; France 3 Cinéma; Les Films Ariane; Neue Constantin Film; Zweites Deutsches Fernsehen, 1986. Vídeo (130 min). Dica 18 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd18D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 18 9/22/20 9:34 AM9/22/20 9:34 AM » A Catedral de Notre Dame, uma das principais atrações turísticas da cidade de Paris (França), foi construída durante a Idade Média. A construção é um exemplo do gótico, um dos principais estilos arquitetônicos medievais. Fotografia de 2018. Teologia: discurso racional sistemático que, apoiando-se no mais das vezes nas religiões reveladas (como o cristianismo, o islamismo, o judaísmo etc.), pretende aproximar-se do conhecimento do divino. Teocentrismo O termo teocentrismo designa uma concepção de mundo que considera Deus como o centro de tudo. O teocentrismo não se restringe a conceber um único deus; nessa concepção, Deus é o centro do universo e essa centralidade é organizadora da vida das pessoas. Na Idade Média, o teocentrismo estava presente em várias áreas da vida social como, por exemplo, na superioridade da dimensão espiritual em relação à carnal. Isso significa dizer que a vida dos cristãos da Idade Média era muito mais voltada para o mundo sagrado do que para o mundo material. No mundo medieval, que como vimos era profundamente cristão, todas as pessoas (ou quase todas) acreditavam em uma vida após a morte e orienta- vam suas ações e comportamentos com vistas a conquistar o paraíso celeste. Na vida cotidiana das pessoas, voltada muito mais para o mundo sagrado – considerado superior à realidade material em que essas pessoas viviam – o corpo e os bens materiais, por exemplo, tinham um valor menor. Por isso, ninguém vivia pensando em acumular o máximo de objetos possíveis, ou então em modificar o próprio corpo a fim de deixá-lo bonito, pois essas preocupações eram menores. Todos acreditavam na existência de uma hierarquia dos saberes; a teologia, ou seja, os estudos sobre Deus, era o assunto primeiro e mais importante. VI AC HE SL AV L O PA TI N /S HU TT ER ST O CK .C O M 19 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 19D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 19 9/22/20 9:34 AM9/22/20 9:34 AM » Vista interior da Catedral de Chartres, também conhecida como a Catedral de Nossa Senhora de Chartres, na França, 2016. Cristianismo e arte gótica [...] A forte infl uência do Cristianismo determina [...] o sentido teocêntrico da civi- lização e da cultura medievais. Deus será [...] o centro de convergência e o supremo referencial da vida. [...] Este teocentrismo exprime-se bem na arte gótica, refl exo de todo um mundo em ogiva. Com a sua perfeita estruturação em vertical, os seus arcos em ogiva, o seu lançamento em altura, as suas agulhas apontando o Céu, a catedral gótica é o símbolo plástico mais eloquente de uma civilização em que tudo converge para Deus. E com ele se liga também o sentido hierárquico da organização da vida [...], em que Deus [...] ocupa o seu trono, no topo da escala dos estratos sociais e dos poderes subordinados, como supremo senhor do mundo e da vida. No domínio do saber, também a teologia ocupa o lugar cimeiro, como rainha das ciências, à qual todas as demais estão subordinadas e em função da qual existem e funcionam. A fi losofi a inclui-se nessa subordinação e serviço, em lugar imediatamente abaixo da ciência divina, como [...] Serva da teologia [...]. O homem medieval tenderá a ver tudo com os olhos da sua fé religiosa. Terá, por- tanto, uma visão tendencialmente [...] sobrenaturalista do mundo e da vida. A Bíblia, como palavra revelada por Deus e fundamento da sua fé, tenderá a exercer para ele um papel [importante] [...] COUTINHO, J. Elementos de História da Filosofia Medieval. Braga: Universidade Católica Portuguesa, 2008. p. 7-8. Disponível em: https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/12729/1/Elementos%20de%20Filosofia%20Medieval.pdf. Acesso em: 9 set. 2020. Para refletir e argumentar Segundo o autor, “a catedral gótica é o símbolo plástico mais eloquente de uma civili- zação em que tudo converge para Deus”. Dê exemplos dessa afirmação retirados da própria imagem. Não escreva no livro TH O M A S DU TO U R/ SH U TT TE RS TO CK .C O M Consultar as Orientações para o Professor. 20 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 20D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 20 9/22/20 9:34 AM9/22/20 9:34 AM � Pense nos aconteci- mentos do seu coti- diano e responda: você concorda com a tese dos maniqueístas de que todos erram por- que o mal faz parte do mundo? Justifique sua resposta com exemplos. Dialogando Ética agostiniana Um dos pensadores mais importantes do mundo medieval foi Agostinho de Hipona (354-430), filósofo e teólogo cujos textos são fundamentais na formação do pensamento cristão. Isso significa dizer que uma série de crenças, explicações e regras da Igreja católica se formaram a partir dos textos desse filósofo. Agostinho preocupou-se com questões éticas como: o que é o bem? Como fazer o bem? O que é a felicidade? Como atingir a felicidade? Filósofos da Grécia Antiga, como Sócrates, Platão e Aristóteles, entendiam que fazer o bem e obter a felicidade eram ações realizadas pelos homens, de forma autônoma. Diziam que todo homem é dotado de razão, e essa característica lhe permite agir desta ou daquela forma, obter felicidade ou não, agir bem ou mal. Agostinho de Hipona formulou essas ques- tões éticas de outra maneira. Para entendermos as diferenças entre o pensamento agostiniano e os filósofos gregos da Antiguidade preci- samos saber um pouco sobre sua vida. Agostinho de Hipona era filho de uma mulher muita cristã e devota, enquanto seu pai acreditava nas divindades greco-ro- manas. Durante sua infância e juventude, apesar do esforço de sua mãe para que ele se convertesse ao cristianismo, Agostinho tinha outros interesses; gostava de ler os escritos dos oradores romanos, sobretudo, Cícero. Nesta época, Agostinho se interessou por três correntes filosóficas: o maniqueísmo, o ceticismo e o neoplatonismo. No campo da filosofia, os maniqueístas constituíam uma seita, fundada por um persa chamado Mani, que reunia num único corpo de doutrina as influências cristãs e os saberes do Oriente. O mani- queísmo acreditava que o mundo era composto por um dualismo fundamental: um princípio bom e um princípio mau. Ou seja, para os maniqueístas o bem e o mal compuseram o mundo. E, numa luta incessante, o bem e o mau se confrontavam a todo instante. Segundo Mani e seus seguidores, os aspectos negativos da exis- tência são decorrências do princípio mau que se confunde com a matéria. Por isso, o erro, o pecado cometido por algum indivíduo, não era simplesmente sua culpa. Todos erram porque o próprio mundo é constituído pelo mal. Explicava assim por que o mal existe, apesar da bondade divina. » Santo Agostinho, afresco de Sandro Boticelli, 1480. LU IS A RI CC IA RI N I/L EE M AG E/ BR ID G EM A N /F O TO A RE N A 21 D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 21D3-CHS-EM-3074-V5-U1-C1-010-035-LA-G21.indd 21 9/22/20 9:34 AM9/22/20 9:34 AM Já o ceticismo tinha como tese principal que nada pode ser conhecido. Para os céticos, era impossível que alguém obtivesse o conhecimento da verdade das coisas. Por isso, a única postura possível diante da realidade era a dúvida radical. Até hoje, quando alguém não confia que se pode chegar à verdade ou a uma solução para um problema, se diz que esta pessoa é cética. Agostinho teve contato com o filósofo cético Arcesilau de Pitane que discordava, inclusive, da afirmação socrática “só sei que nada sei”. Para Arcesilau, era impossível saber que não se sabia. Por fim, o neoplatonismo, corrente que retomava o filósofo grego Platão, autor da teoria das ideias. Para Platão, vivemos em um mundo material, mas existe outro mundo, imaterial, o mundo das ideias, que é superior e mais verdadeiro que o nosso. Cabia aos filósofos conhecer este mundo. O Neoplatonismo combinou a teoria das ideias de Platão com os deuses do panteão grego (como pode ser