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Construção do Currículo Escolar

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Objetivos de aprendizagem:
1)Identificar maneiras de construir o currículo
da escola a partir dos seus elementos
contextuais.
2)Compreender a avaliação da aprendizagem
para além de suas conceituações e suas
implicações procedimentais para a gestão
escolar.
3)Ampliar o entendimento sobre educação
integral e maneiras de ser desenvolvida na
escola.
a finalidade da Escola é possibilitar que
os alunos adquiram os conhecimentos
da ciência e da tecnologia, desenvolvam
as habilidades para operá-los, revê-los,
transformá-los e redirecioná-los em
sociedade e as atitudes sociais -
cooperação, solidariedade, ética -, tendo
sempre como horizonte colocar os
avanços da civilização a serviço da
humanização da sociedade.
Você já se perguntou por que escolheu trabalhar
na área da educação, especialmente em uma
escola? Qual a importância de um gestor na
dinâmica escolar? Para responder a esses
questionamentos, talvez seja necessário retroceder
um pouco e nos questionar primeiramente:
Se tivermos clareza do papel da escola, será mais
fácil entender o papel de cada um nessa
organização.
Na visão de Selma Pimenta (1993, p.79),
Por que a 
escola existe?
Essa última pergunta vai nos levar a outra que vem
mais adiante nesse processo filosófico e que é
mais pragmática: qual é o meu propósito aqui?
03
Esses dois autores são teóricos que se empenharam em refletir sobre o currículo e sua aplicação na escola.
Na primeira definição, o autor deixa claro que o currículo é um reflexo das ideias, conhecimentos e modos
de agir presentes na cultura, que devem ser reproduzidos e produzidos para garantir o funcionamento de
um tipo de sociedade. Na outra definição, o autor nos diz que existe ensino porque existe cultura, e o
currículo é uma seleção dessa cultura.
Para iniciar nossa conversa, vamos trazer duas definições de currículo que são complementares:
POR DENTRO DO CURRÍCULO DA ESCOLA
04
1
o currículo é a representação da cultura no 
cotidiano escolar (...), o modo pelo qual se
selecionam, classificam, distribuem e
avaliam conhecimentos no espaço das
instituições escolares. (...) um modo pelo
qual a cultura é representada e
reproduzida no cotidiano das instituições
escolares. (PEDRA, 1997, p. 38).
“O currículo é a ligação entre a cultura e a
sociedade exterior à escola e à educação;
entre o conhecimento e cultura herdados
e a aprendizagem dos alunos; entre a
teoria (ideias, suposições e aspirações) e a
prática possível, dadas determinadas
condições.” (SACRISTÁN, 1989, p. 22)
Não esqueça: o currículo precisa atender às
demandas da sociedade na qual a escola
está inserida.
Outro ponto muito importante na vivência do
currículo escolar é como as aulas são organizadas
para contemplar o conjunto de conteúdos a serem
vivenciados. Antes de mais nada é preciso levar em
conta que as Secretarias de Educação elaboram
seus currículos e os encaminham às escolas para
elas terem o parâmetro do que os estudantes têm
direito a aprender. Vamos refletir um pouco sobre
o caso da Base Nacional Comum Curricular
atualmente. Após a homologação da BNCC, pelo
MEC, que contemplou a Educação Infantil e o
Ensino Fundamental e, mais tarde, o Ensino Médio,
as redes estaduais e municipais de educação
tomaram esses documentos como referência e
elaboraram e/ou atualizaram seus currículos. Este
processo permitiu, além das discussões em rede, a
realização de um exercício de contextualização a
partir dos seus aspectos históricos, culturais,
territoriais, econômicos, sociais e políticos.
Quando se enxerga esse elo forte entre o currículo
e a cultura, entendemos primeiramente que a
escola não está nem é isolada. Ela está e precisa
cada vez mais se integrar à sociedade. O currículo
é uma via para esse percurso. Nele a escola vai
dizer o que os estudantes precisam aprender e
para que aprender.
Vamos agora fazer uma reflexão:
Primeiro comece observando o lugar onde sua
escola está localizada: é urbano? Cidade grande
ou pequena? É zona rural? O que move a
do lugar? Existe alguma parte do 
com especificidade? Por exemplo:
economia 
território 
território indígena, quilombola, Unidades de
Conservação Ambiental? Olhar para esses
aspectos faz a gente já entender o que não pode
ficar de fora do currículo que vai ser vivenciado na
escola. Esses fatores precisam influenciar as
práticas curriculares dentro da escola.
05
Na sala de aula, os professores buscam conectar
os conteúdos ensinados à vivência dos estudantes,
visando proporcionar uma aprendizagem
significativa? É muito importante que o gestor da
escola utilize instrumentos de aferição da
motivação e da aprendizagem dos estudantes por
meio de um processo de escuta. Esses fatores, por
sua vez, estão dentro do que chamamos
CURRÍCULO REAL. É o currículo que emerge da
prática dos professores, da percepção e do uso
que eles fazem do currículo formal, assim como o
que é efetivamente apreendido pelos estudantes.
O mesmo deve acontecer na escola com o
currículo, cuja operacionalização foi definida e
normatizada pelas Secretarias de Educação.
Acabamos de falar, portanto, do CURRÍCULO
FORMAL, que está refletido na matriz curricular
organizada em componentes curriculares.
Agora chegamos na escola. Como o currículo
ganha vida e se materializa na sala de aula? Qual o
papel dos professores nesse contexto?
Imagem: O currículo formal. Fonte:
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
Imagem: O currículo real. Fonte: 
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
06
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
E aí, depois de saber de tudo isso, você consegue
identificar e diferenciar, na sua unidade escolar, o
Currículo Formal, o Real e o Oculto? Como gestor
da escola, qual sua contribuição para a
implementação bem sucedida do currículo?
Primeiramente, apropriar-se do currículo é
importante para poder ter diálogos mais assertivos
com os professores e traçar ações de promoção da
aprendizagem significativa e do desenvolvimento
integral de todos os estudantes.
Vamos compreender agora como podemos aplicar
os diferentes currículos na prática, de forma que
faça sentido para aos estudantes e atenda às
demandas da sua comunidade escolar e da
sociedade.
E por fim, é preciso destacar que o currículo da sua
escola também é expresso no dia a dia, para além
da sala de aula. As vivências espontâneas em meio
às várias práticas, atitudes, comportamentos e
gestos compõem o que chamamos de
CURRÍCULO OCULTO. Sabe aquele ditado de: “A
gente ensina pelo exemplo”? Aqui ele nunca fez
tanto sentido.
Imagem: O currículo oculto. Fonte: 
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
07
http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/mod-4/saibacurriculos.html
A EREM Arquipélago de Fernando de Noronha é uma
escola que atende estudantes do 1º ano do Ensino
Fundamental até o Ensino Médio, e oferece também
Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial – EJA.
Considerando os aspectos demográficos e geográficos,
ou seja, o contexto da escola, a temática do meio
ambiente precisava ser contemplada no currículo. Afinal,
a ilha é considerada um importante destino brasileiro de
turismo sustentável. O arquipélago é dividido em duas
Unidades de Conservação: a Área de Proteção
Ambiental (APA) e o Parque Nacional Marinho
(PARNAMAR). Uma APA é uma unidade de conservação
de uso sustentável, ou seja, suas regras já contemplam a
convivência do ser humano, englobando inclusive a
ocupação do solo. Já um PARNAMAR é uma unidade de
conservação restritiva, as regras são mais rígidas para
transitar sobre ele, bem como ocupá-lo.
08
RELATOS DE EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA DE REFERÊNCIA NO ESTADO DE PERNAMBUCO 
EREM ARQUIPÉLADO DE FERNANDO DE NORONHA
Como pensar em um currículo que atenda aos aspectos socioculturais e econômicos 
de uma dada sociedade
Essasregras, por sua vez, trazem muitas implicações
para quem vive em Fernando de Noronha. Elas são,
inclusive, a causa de muitos conflitos, pois também
interferem nas atividades econômicas dos ilhéus.
Olhando para esse contexto, entendeu-se que era preciso
organizar meios para que essas questões fossem
contempladas nos conteúdos ministrados aos estudantes.
É claro que o currículo de uma escola em Fernando de
Noronha deve ter elementos diferentes daqueles que são
adequados a uma escola da Região Metropolitana, por
exemplo. Criou-se, assim, um calendário dos projetos
que seriam realizados anualmente, fazendo parcerias
com os órgãos gestores das Unidades de Conservação,
desenhando um projeto de educação ambiental com
conteúdos que partiam da realidade específica do
arquipélago. Observe, desta forma, que esses são alguns
exemplos do que podemos fazer para o currículo
dialogar e refletir a realidade local no dia a dia da escola.
E agora você pode estar se perguntando: mas, afinal, como podemos engajar os professores a trabalharem os
conteúdos propostos no currículo de forma que façam sentido para os estudantes? Veja algumas das
estratégias que podem ser utilizadas pela coordenação pedagógica em articulação com a gestão escolar:
09
ESTABELEÇA OBJETIVOS CLAROS E SIGNIFICATIVOS:
Certifique-se de que os objetivos de ensino e
aprendizagem sejam claros, relevantes e
significativos. Os professores devem entender por
que estão ensinando um determinado conteúdo e
como isso beneficiará os estudantes em suas vidas
futuras. Que tal buscar, através de uma oficina junto
aos professores, estabelecer o que é essencial e
complementar? Realize um brainstorm com eles.
FLEXIBILIDADE NO CURRÍCULO: Dê aos professores
alguma autonomia e flexibilidade para adaptar o
currículo às necessidades e interesses de seus
estudantes. Isso permite que eles se sintam mais
envolvidos no processo de ensino e personalizem a
experiência de aprendizado.
ENVOLVIMENTO NO PLANEJAMENTO: Inclua os
professores no processo de planejamento curricular.
Eles devem ter a oportunidade de contribuir com
ideias, sugestões e feedback sobre os conteúdos a
serem ensinados. Isso cria um senso de propriedade
e responsabilidade. Nesse caso, você já está
colocando em prática um dos princípios da gestão
democrática em sua escola.
RECURSOS ADEQUADOS: Garanta que os
professores tenham os recursos necessários, como
materiais didáticos, tecnologia e formação
continuada, para implementar o currículo de forma
eficaz.
FORMAÇÃO CONTINUADA: Ofereça oportunidades
de formação continuada para que os professores
possam aprimorar suas habilidades e conhecimentos.
Isso os apoiará a abordar os conteúdos com mais
confiança e entusiasmo.
10
RECONHECIMENTO E INCENTIVOS: Reconheça e
recompense os esforços e conquistas dos
professores. Isso pode ser feito até mesmo por meio
de elogios, não apenas de prêmios e/ou,
promoções.
APOIO ADMINISTRATIVO: Os gestores escolares
devem estar disponíveis para apoiar os professores
e ajudá-los a superar desafios. Isso inclui fornecer
orientação, resolução de problemas e assistência
quando necessário.
COMPARTILHAMENTO DE MELHORES PRÁTICAS:
Estabeleça uma cultura de compartilhamento de
melhores práticas, onde os professores possam
aprender uns com os outros e se inspirar em
métodos eficazes de ensino.
FOCO NO IMPACTO: Mostre aos professores o
impacto positivo que o seu ensino exerce sobre os
estudantes.. Compartilhe histórias de sucesso e
resultados de aprendizado para destacar a
importância do trabalho deles.
Lembre-se de que o engajamento dos professores
é essencial para o sucesso educacional. Ao criar
um ambiente onde os professores se sintam
valorizados, apoiados e envolvidos, você está
contribuindo significativamente para a qualidade
da educação oferecida por sua escola
A avaliação da aprendizagem escolar feita pelos
professores deverá estar a serviço das funções sociais
da escola, dos objetivos de ensino, do projeto
pedagógico da escola, do currículo, das
metodologias. Além disso, se assenta no respeito ao
direito de todos os alunos usufruírem de um ensino
de qualidade. Os critérios de relevância da avaliação
dos alunos centram-se, portanto, em dimensões
qualitativas e quantitativas, ou seja, na melhor
qualidade da aprendizagem para todos os alunos,
em condições iguais.
Vamos considerar que você cumpriu o seu papel
como integrante da equipe gestora. Isto é, você e
sua equipe realizaram um planejamento visando
garantir maior engajamento dos professores com
o currículo, e a proposta vem sendo executada. As
escolhas que a escola fez na hora de traçar a
proposta do currículo vão aparecer no momento
da avaliação. E ela será positiva ou negativa.
Pensar um processo e sua interface com o outro é
essencial para a escola não ficar com um plano de
ação tipo colcha de retalhos, como alerta Libâneo
(2015, p.199):
AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM2
Diante disso tudo, como podemos fazer para identificar se os objetivos educacionais foram atingidos? Na
educação é possível saber se estamos no caminho certo por meio de avaliações. Vamos entender um pouco
sobre esse importante instrumento de acompanhamento da aprendizagem dos estudantes!
11
Convidamos você a refletir sobre o que acontece no
chão da sua escola no que se refere a avaliação. Para
isso, é preciso levar em consideração que já existe um
entendimento e ordenamento sobre avaliação na rede
de ensino.
Desta forma, apesar de termos nossas visões
particulares sobre determinados temas, quando
fazemos parte de uma rede de ensino, precisamos
orientar a nossa ação levando em consideração a
legislação e os atos normativos que regulam o
funcionamento da escola.
Neste caso, sabemos que no cenário atual da
educação, a avaliação desempenha papel
importante, especialmente no que se refere à
realização de avaliações externas criadas pelos
municípios e estados.
Discussões sobre o ato de avaliar e suas
concepções são importantes e devem estar
presentes nas reuniões pedagógicas com os
professores.
Especialmente se a gestão tem recebido queixas
dos estudantes de eventual inadequação da
avaliação realizada em sala de aula. O olhar atento
e canal aberto de diálogo com os estudantes
podem permitir a identificação de possíveis
equívocos no processo de avaliação da
aprendizagem.
Além de inserir na rotina de formação continuada a
temática avaliação da aprendizagem, como já citamos,
no atual contexto educacional brasileiro é necessário
que o gestor escolar esteja atento as avaliações
externas. Assim, é importante ter em mente as
seguintes questões:
•Existem metas pactuadas com a Secretaria de 
Educação para este ano letivo? Quais são?
•As metas são desafiadoras ou estamos confortáveis
para alcançá-las?
•Por outro lado, como gestor da escola, tenho
formulado com a equipe de gestão metas internas?
elencado nossos próprios desafios?
•Temos nossa própria medida do que temos de
potencial e condições de melhorar os indicadores de
aprendizagem dos estudantes?
Esse termômetro preciso ninguém de fora da escola
vai ter com tanta clareza quanto quem está
trabalhando nela diariamente.
12
Sendo assim, é importante que toda a equipe
escolar esteja mobilizada e entenda a importância
das avaliações externas que geram informações
relevantes para a ajudar na realização de uma
gestão com base em evidências.
13
Aqui, aproveitamos, para fazer um alerta: é um
equívoco adotar estratégias pontuais para
alavancar os resultados educacionais da sua
escola. Nós queremos compartilhar com vocês o
entendimento de que educação é processo e que
tem intencionalidade: o desenvolvimento pleno
dos estudantes.
Assim sendo, é muito importante que você
correlacione variáveis pedagógicas e variáveis não
pedagógicas que possam estar interferindo nos
resultados da sua escola. A ideia é traçar um plano
de ação com estratégias para garantir a efetiva
aprendizagem dos estudantes e a melhoria do
fluxoescolar.
Nesse sentido, é importante que, enquanto gestor,
pensando nas avaliações internas da sua escola,
observe:
●As práticas cotidianas de sala de aula que os
professores têm utilizado;
●Atos normativos que a Secretaria de Educação
publicou que norteiam a sistemática de avaliação e
atribuição de notas e conceitos aos estudantes e os
critérios para aprovação/reprovação, como suporte
do que vai ser acompanhado junto aos professores;
●Acompanhamento periódico dos resultados dos
estudantes, de preferência estratificados por turma e
componente curricular.
●Análise aprofundada dos resultados das avaliações
externas.
Hoje em dia, quando o assunto é avaliação da
aprendizagem, todo gestor escolar vive com um olho
na missa e outro no padre. Ou seja: sempre buscando
desenvolver de forma qualitativa os processos
formativos dos estudantes para obter um resultado
interno positivo, mas também ajustando as práticas
para os estudantes se saírem bem nas avaliações
externas.
Afinal de contas, a educação na atualidade vivencia
um processo de monitoramento externo muito intenso
e não podemos, portanto, focar apenas num lado do
processo e fingir que o outro não existe. Cabe à
gestão escolar equilibrar os pratos da balança e
trabalhar na perspectiva de que todos os estudantes
tenham seu direito de aprender garantido.
Um ponto que qualquer gestor deverá blindar na
escola é a AULA! Sim, é isso mesmo! Deve-se fazer
de tudo para que o tempo de aula dos estudantes
seja protegido. É nas aulas que a aprendizagem é
concretizada e o 
oportunidade de ser 
primeiro ponto a se
conhecimento tem a
construído. Portanto, o
prezar na escola é o
cumprimento dos horários.
As aulas, nesse sentido, precisam ser dinâmicas,
preferencialmente, com o uso de metodologias
ativas e com fomento a participação dos
estudantes. Porém, depois de ministrados os
conteúdos, acontecem os momentos de avaliação.
Estar sempre atento às formas e aos instrumentos
que os professores utilizam para avaliar os
estudantes é uma tarefa bem específica da
coordenação pedagógica, mas que precisa ser
supervisionada pela gestão. Isso precisa estar
sempre no radar.
2.1 O dia-a-dia e a avaliação em sala de aula
14
Muitas vezes os estudantes nos trazem queixas
sobre determinado teste, considerando-o injusto
por trazer o conteúdo de uma maneira diferente
da que o professor abordou nas aulas. Será que
houve algum problema na elaboração do
instrumento avaliativo? Talvez o docente não
tenha considerado o que e como se vivenciou
aquele conteúdo em sala de aula. Esse pode ser
considerado um dos problemas na avaliação, mas
também temos outros como: falta de regularidade
na aplicação dos instrumentos, falta de clareza nos
critérios avaliativos, e negação de oportunidade de
recuperação das aprendizagens ao longo dos
bimestres. Para mitigar dúvidas ou possíveis
resistências, é importante ancorar as discussões
nos instrumentos normativos da rede de ensino,
pois eles sempre vão trazer o circuito avaliativo
que deve ser desenvolvido pela escola, bem como
sua periodicidade, informando os direitos dos
estudantes e as obrigações dos professores.
2.2 Trazendo as normativas da Secretaria
de Educação para a cena
15
Os instrumentos normativos que a Secretaria
elabora não são produções filosóficas, que trazem
discussões e que nos levam a refletir, eis a razão
de criar momentos de estudo coletivo com a
equipe gestora e com os professores para melhor
entendimento do que conteúdo e da forma de
execução desses documentos na rede. Geralmente,
esses instrumentos trazem orientações objetivas e,
no caso da avaliação dos estudantes, normalmente
elas desenham o circuito a ser vivenciado. Assim
sendo, se fazemos parte de uma rede de ensino
que possui diretrizes claras sobre como deve se dá
a avaliação da aprendizagem, bimestre a bimestre,
é importante que o gestor escolar esteja atendo
ao cumprimento da legislação vigente.
Caso não seja o caso de sua rede, é importante mapear
esses números e transformá-los em dados para análise
e auxílio na tomada de decisão. É importante observar
o desempenho dos estudantes a cada bimestre. Isso
nos dá elementos para o replanejamento, porque
vamos saber e conseguir mostrar aos professores
pontos que talvez nem eles tenham conseguido
perceber, por conta da rotina frenética das aulas. Essa
sistemática de monitoramento bimestral do
desempenho das turmas encurta o tempo de
replanejamento que normalmente acontecia a cada
final de ano e já não se podia fazer muito pelos
estudantes naquele ano letivo. Replanejando a cada
bimestre é possível ajustar a rota durante o processo.
Dá para saber onde investir mais tempo definindo em
quais grupos focar e que tipo de apoio necessitam os
estudantes e os professores. A boa prática do
monitoramento dos resultados das avaliações internas
tem impacto positivo na vida escolar no estudante,
ajudando-o a recuperar e/ou recompor aprendizagens
no percurso do ano letivo. Ao mesmo tempo, também,
é uma estratégia que pode ajudar você a 
progressivamente melhorar o fluxo da sua escola.
Uma das coisas que mais se tem clareza sobre as
habilidades do gestor escolar é de que ele precisa
ser um bom ouvinte. Essa escuta deve ser ativa
junto a todos os agentes que fazem parte da
comunidade escolar especialmente professores e
estudantes. No caso dos estudantes o esforço é
para que eles exercitem o protagonismo com
espaço garantido para expressar seus anseios, suas
opiniões e para apresentar soluções quando forem
identificados problemas. A equipe gestora deve
cultivar a prática de discutir os resultados das
avaliações em reuniões periódicas com os
docentes, aproveitando o período de término dos
bimestres para a realização do conselho de classe.
A consolidação, por turma, dos resultados dos
diferentes componentes curriculares ajuda a
mapear os índices escolares. E hoje a maioria das
redes contam com sistemas de registro das
informações educacionais de suas escolas.
2.3 Acompanhamento periódico dos
resultados das avaliações internas
16
Já parou para pensar que durante muito tempo a
escola focou apenas no desenvolvimento cognitivo
dos estudantes? Acontece que nós não somos
apenas cognição ou razão (logos). Como
humanos, somos também corpo em movimento
(eros), somos afetividade (pathos), colocamos o
coração e o sentimento no jogo, e somos
espiritualidade, transcendência (mytho). Quem nos
leva a essa reflexão é o Pedagogo mineiro Antônio
Carlos Gomes da Costa que idealizou, com base
em vasto referencial teórico, a proposta da
Educação Interdimensional.
Por que trazemos este aspecto para a discussão?
Porque nossas práticas de gestão e pedagógicas
ficam distorcidas, desfocadas, aligeiradas, se a
escola focar apenas no desenvolvimento
intelectual dos estudantes.
FORMAÇÃO INTEGRAL DO ESTUDANTE3
O Relatório da UNESCO Educação um Tesouro a
Descobrir, também, conhecido entre nós da educação
como Relatório Delors preconiza que: “A educação deve
contribuir para o desenvolvimento total da pessoa –
espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido
estético, responsabilidade social, espiritualidade.”
É necessário ampliar o olhar e direcionar o currículo para
o desenvolvimento pleno e a formação integral dos
estudantes. A educação integral não é exclusiva das
escolas que funcionam em tempo integral. Mas, é fato
que ao ampliar a jornada escolar tem-se mais tempo
pedagógico para a adoção de práticas e a realização de
vivências que fomentam a educação integral. Sem falar na
repercussão positiva na aprendizagem dos estudantes
quando o currículo, os espaços escolares, a equipe
gestora e a formação continuada dos professores estão
alinhadas a esse tipo de oferta.
17
De acordo com o Centro de Referências em 
Educação Integral:
18
“A Educação Integral é uma concepção que
compreende que a educação deve garantir
o desenvolvimento dos sujeitos em todas
as suas dimensões – intelectual, física,emocional, social e cultural e se constituir
como projeto coletivo, compartilhado por
crianças, jovens, famílias, educadores,
gestores e comunidades locais.”
E ainda:
●é uma proposta contemporânea porque,
alinhada as demandas do século XXI, tem
como foco a formação de sujeitos críticos,
autônomos e responsáveis consigo mesmos
e com o mundo;
●promove a equidade ao reconhecer o direito
de todos e todas de aprender e acessar
oportunidades educativas diferenciadas e
diversificadas a partir da interação com múltiplas
linguagens, recursos, espaços, saberes e
agentes, condição fundamental para o
enfrentamento das desigualdades educacionais.
●é uma proposta alinhada com a noção de
sustentabilidade porque se compromete
com processos educativos contextualizados
e com a interação permanente entre o que
se aprende e o que se pratica;
●é inclusiva porque reconhece a singularidade
dos sujeitos, suas múltiplas identidades e se
sustenta na construção da pertinência do
projeto educativo para todos e todas;
A abordagem interdimensional na educação,
portanto, reconhece que o desenvolvimento
holístico dos estudantes vai além das habilidades
acadêmicas. 
educacionais
Ele busca criar ambientes 
que considerem todas essas
dimensões, promovendo uma aprendizagem mais
abrangente e significativa. Essa abordagem ajuda
os estudantes a se tornarem indivíduos mais
conscientes, responsáveis e preparados para
enfrentar os desafios do mundo real. Além disso,
valoriza a diversidade e a individualidade dos
estudantes, reconhecendo que cada um tem
necessidades e potenciais únicos. Quando
olhamos para a Base Nacional Comum Curricular
em vigor no nosso país, entendemos que ela traz
na sua proposta a concepção da educação
integral, a começar pela definição das 10
competências para a Educação Básica a serem
desenvolvidas durante esse período da vida
escolar dos estudantes. Observe a imagem a
seguir.
Assim, é possível entender pela leitura dos ícones
associados a cada competência, que elas orientam o
trabalho pedagógico nas escolas. Essas competências
devem ser desenvolvidas ao longo da Educação Básica
em todas as escolas do país. Então, se buscarmos isso
no nosso trabalho, já estamos dando passos largos
para alcançar uma educação integral, porque partimos
do pressuposto de que não trabalharemos apenas
para desenvolver a racionalidade e a cognição dos
nossos estudantes. Mas sim, teremos que contemplar
todas as dimensões que constituem o ser humano.
Imagem: https://uploads-
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19
Quando há ampliação do tempo do estudantes na
escola, são ampliadas as oportunidades de
materialização de uma educação integral, algo que
sinalizamos anteriormente para você. No entanto,
é possível oferecer educação integral mesmo em
escolas de tempo parcial. Quando a escola norteia
sua proposta pedagógica pela concepção de
educação integral, ela está declarando que o
estudante será estimulado a desenvolver seu
potencial máximo não apenas no que diz respeito
aos conteúdos dos componentes curriculares, mas
no tocante ao aprender a ser e aprender a
conviver. Aqui, é papel do gestor escolar em
conjunto com sua equipe observar se a dinâmica
de funcionamento da escola e suas rotinas estão
alinhadas com esse propósito. É um imperativo
sair do discurso para a prática, por isso a
necessidade de se pensar ações concretas que
sinalizem que o estudante e o seu projeto de vida
estão no cerne das práticas escolares.
20
Estudo de Caso: Pernambuco e a ETI
Em 2008, o Governo do estado de Pernambuco adotou o
modelo escolas de ensino médio em tempo integral (ETI)
como estratégia para reformar o sistema de educação. Para
isso, incentivou a criação dos Centros de Ensino Experimental
– CEE, com o propósito aprimorar a qualidade, a eficiência e
a equidade da educação pública, ao mesmo tempo em que
buscava reestruturar a gestão do sistema educacional.
A Secretaria de Educação implementou um conjunto de
medidas para dar apoio à expansão do programa. O Sistema
de Avaliação Educacional de Pernambuco (Saepe) foi
reestruturado. Além disso, foi realizada a análise das escolas
existentes e estabelecidos critérios de elegibilidade para a
transformação, por etapas, das escolas públicas de ensino
médio de todo o estado em tempo integral. Foi elaborado um
plano de expansão destinado a garantir que houvesse ao
menos uma escola de tempo integral em cada um dos 184
municípios de Pernambuco, além do distrito de Fernando de
Noronha. A implementação gradual da nova metodologia
educacional em cada escola em tempo integral começou
pelos estudantes da 1º ano do ensino médio sendo
implantado paulatinamente até o 3º ano.
Ao adotar o ensino médio em tempo integral o estado de Pernambuco apresentou uma melhora substancial na
aprendizagem dos estudantes, conforme medido pelo IDEB. Em 2008, o estado ocupava uma das baixas
classificações do país, com IDEB de 2,6. Em 2015, o estado alcançou IDEB de 3,9, figurando ao lado dos estados de
melhor desempenho, como São Paulo. Em 2017, Pernambuco alcançou IDEB de 4,0. Ao longo do tempo, algumas
vivências fortaleceram o modelo de educação integral. Essas práticas consolidadas na rede são chamadas de
alavancas de sucesso. São elas:
21
PROJETO DE VIDA
ESTUDO
DIRIGIDO
MONITORIA
GRUPO DE
PROTAGONISTAS
ACOLHIDA 
DIÁRIA
NIVELAMENTO
É o norteador das principais vivências da escola. É
também a grande expressão de que a educação
integral é centrada no estudante. Ou seja, as
práticas devem ser organizadas a partir dos
interesses dos estudantes e de suas aspirações.
Assim, o projeto de vida deve servir como
estratégia de reflexão sobre a trajetória escolar na
pessoal, cidadã e 
Três enfoques são
construção das dimensões 
profissional do estudante. 
essenciais nesse trabalho:
AUTOCONHECIMENTO: que engloba autoestima,
autoconfiança, autonomia, motivação, tomada de
decisão;
AUTOGESTÃO: para desenvolver pensamento
crítico, criatividade, flexibilidade, possibilidades,
empatia;
PLANEJAMENTO: para exercitar o foco, determinação, 
perseverança, resiliência, estabilidade, cooperação.
NA PRÁTICA: Segundo a BNCC, "... o processo de reflexão
sobre o que cada jovem quer ser no futuro, e de
planejamento de ações para construir esse futuro, pode
representar mais uma possibilidade de desenvolvimento
pessoal e social." Nesse sentido, o trabalho com projeto de
vida é essencial para uma escola que está comprometida
com o desenvolvimento pleno dos seus estudantes. É
possível colocar Projeto de Vida na matriz curricular como
componente da parte diversificada com carga horária
específica. No entanto, as práticas e vivências não podem
se restringir a apenas um componente curricular. É preciso
identificar os sonhos dos estudantes, seus anseios, levá-los
a vislumbrar cenários na próxima etapa da sua vida. Com
isso, a escola consegue levá-los a traçar meios de como
chegar lá. Esse material se transforma em ferramenta para
ajustar ou redefinir o planejamento escolar, pois o projeto
de vida dos estudantes deve estar presente nas diversas
ações e projetos de forma transversal, bem como
transdisciplinarmente em todos os componentes
curriculares.
PROJETO DE VIDA
22
Tem como objetivo incentivar a "cultura do estudo"
e apoiar o estudante na sua organização e
desempenho diário, incentivando práticas de
estudo como: monitoria, pesquisa, resolução de
exercícios, círculo de leitura, produção de texto,
redação, confecção de experimentos, relatórios,
entre outros trabalhos. A pauta das atividades
deve ser definida com a turma e atualizada em um
período não superior a duas semanas.
NA PRÁTICA: O estudo dirigido tem funções
muito importantes na vida dos estudantes que é o
desenvolvimento do autodidatismo e das
atividades didáticas cooperativas.
Ou seja, desenvolver respectivamente a
capacidade de estudar sozinho, saber ter um
horário de estudo, conhecer-se paraentender qual
a sua melhor maneira de estudar, de se concentrar,
as técnicas que dão certo para ele ou ela. Também
ajuda o estudante a aprender em conjunto,
relacionar-se com os pares na busca de soluções
para atividades, desafios e trabalhos que os
professores propõem. As trocas, a capacidade de
negociar, de planejar e dividir as atribuições são
soft skills importantes para o desenvolvimento dos
estudantes. Na escola, a coordenação pedagógica
deve ser responsável por sensibilizar os
professores para as vivências do estudo orientado,
que tanto pode acontecer em cada componente
curricular, como entrar na matriz, na parte
diversificada do currículo, como um componente
com carga horária específica, que funciona como
intersecção de todas as áreas. Nesse caso, a
coordenação atua para organizar o fluxo de
atividades a serem trabalhadas nesse momento
específico. 23
ESTUDO 
DIRIGIDO
É uma atividade que desperta no estudante o
protagonismo
desenvolvimento
juvenil, oportunizando o
de atividades de ensino-
aprendizagem, levando-os a vivenciar experiências
que complementam sua formação, por meio da
prática de atividades didáticas cooperativas. Cabe
ressaltar que a monitoria é voluntária. Nela, o
estudante-monitor não terá nenhuma compensação
financeira ou bolsa pelo seu exercício. A escola emite
ao término do ano letivo uma declaração
comprobatória. É importante ter em mente que os
estudantes-monitores deverão fazer seus horários de
atividades, acordados com os Professores-
orientadores.
NA PRÁTICA: Em articulação com os professores, a
equipe gestora poderá estruturar um edital de
monitoria com critérios bem definidos para a seleção
dos estudantes monitores.
Os interessados deverão fazer sua inscrição dentro do
prazo previsto no cronograma do edital, e os
professores, por componente curricular, definem como
se dará a etapa de avaliação. É importante destacar que
todo monitor é um protagonista, mas nem todo
protagonista será monitor. Ou seja, a monitoria é uma
prática de fomento ao protagonismo, mas não a única.
Os estudantes deverão participar de acordo com seus
interesses e considerando se estão confortáveis com a
atuação. Após seleção, os professores acolhem seus
monitores e estabelecem com eles um cronograma para
que possam ser realizadas reuniões de planejamento
das atividades e de feedback sobre a atuação. Ao final
de cada ano, pode-se fazer um momento de
reconhecimento da atuação desses estudantes.
A monitoria é uma estratégia potente de fomento ao
Protagonismo Juvenil. É uma oportunidade de colocar
estudante falando para estudante para realização de
atividades didáticas cooperativas, o que pode ter uma
repercussão muito positiva na aprendizagem da turma.
24
MONITORIA
Compreende ações definidas pela equipe escolar 
voltadas a apoiar os estudantes na superação de
acompanhamento 
estabelecimento de
sistemático, 
metas, prazos
lacunas de aprendizagem por meio de
com
e
responsabilidades por sua execução.
NA PRÁTICA: O nivelamento pode entrar na 
Matriz Curricular como um componente da Parte
Diversificada. Nesse caso, 
avaliação diagnóstica, as
partindo de uma 
turmas devem ser
organizadas de modo a oportunizar o
agrupamento dos estudantes de acordo com suas
dificuldades específicas.
NIVELAMENTO
25
É interessante que a escola pense em estratégias
de priorização curricular para que o planejamento
pedagógico dos professores possa ser realizado de
maneira mais assertiva.
Há, também, a possibilidade de oferta, no caso das
escolas de tempo parcial, como um projeto e/ou
programa no contraturno. No contexto pós-
pandemia, é possível usar a carga horária de
nivelamento para iniciativas de recomposição de
aprendizagem.
NA PRÁTICA: A equipe gestora da escola deve
estruturar o processo de organização dos Grupos
de Protagonistas. Antes, porém, é importante
garantir que a premissa do Protagonismo Juvenil,
do ponto de vista conceitual e instrumental, esteja
sendo trabalhada tanto com professores quanto
com os estudantes. Protagonismo Juvenil é para
todas e todos os estudantes da escola. Grupos de
Protagonistas organizados para as atividades de
acolhimento, realização de visitas guiadas dentro
da unidade escolar, apoio nos horários dos
intervalos, no funcionamento da biblioteca e dos
laboratórios são algumas possibilidades de
atuação. Há, também, espaço para que os
estudantes se organizem em grupos temáticos de
cultura, arte e esportes.
No campo da educação, o termo protagonismo
juvenil designa a atuação dos jovens como
personagem principal de uma iniciativa, atividade
ou projeto voltado para a solução de problemas
reais. O cerne do protagonismo, portanto, é a
participação ativa e construtiva do jovem na vida
da escola, da comunidade ou da sociedade mais
ampla. A Base Nacional Comum Curricular trata
claramente dessa temática e destaca: "...a
importância do contexto para dar sentido ao que
se aprende e o protagonismo do estudante em
sua aprendizagem e na construção de seu projeto
de vida.“ Portanto, organizar grupos de
protagonistas é uma estratégia potente para
fomentar a participação dos estudantes, engajá-los
e oportunizar que eles contribuam de forma mais
ativa do dia a dia escolar.
GRUPO DE 
PROTAGONISTAS
26
este momento é algo que faz uma grande
diferença. Momentos temáticos podem ser
organizados com a participação tanto de grupos
de protagonistas como de professores também.
Por exemplo, em datas comemorativas. Essas são
ações que fortalecem a vivência de uma educação
integral na escola e vão compor o que foi
discutido anteriormente sobre o currículo oculto.
Acolher significa apoiar, amparar. O acolhimento
aproxima as pessoas, estabelece conexões e
vínculos, baseados na confiança. Acolher é
mostrar-se aberto ao outro e permitir que ele
também se abra. O ato de acolher se relaciona à
presença, possibilitada pelo que há de mais
simples: um olhar, uma palavra, um gesto de
incentivo.
NA PRÁTICA: Estar diariamente na entrada da
escola recebendo os estudantes é algo que faz
toda a diferença no exercício da presença
pedagógica da gestão junto a eles. Não quer dizer
que o gestor ou gestora tenha que estar lá todos
os dias. Isso seria o ideal. Mas organizar um
rodízio entre os membros da equipe gestora para
ACOLHIDA 
DIÁRIA
27
Esperamos que tenha sido útil tudo o que o que
foi abordado nesse capítulo. Que a parte
pedagógica da sua gestão seja fortalecida a partir
do que discutimos nessas páginas.
À gestão escolar coube, desde muito tempo, ir
absorvendo práticas e técnicas que são da área de
administração, no entanto, o que vimos até aqui é
a essência da educação, a área que se ocupa da
formação humana. Que se ocupa em transmitir
para as gerações atuais o percurso histórico do
conhecimento que foi produzido e acumulado ao
longo do tempo e capacitá-la para atuar na
sociedade e fazer a diferença na sua própria vida,
bem como na sociedade em que está inserida,
atuando como cidadão e sujeito histórico.
28
LIBANÊO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. rev. e ampl. São Paulo: Heccus 
Editora, 2015.
Centro de Referência em Educação Integral. Conceito de Educação Integral. Disponível em: 
https://educacaointegral.org.br/conceito/?utm_source=Google&utm_medium=Adwords&utm_campaign=Adwo. 
Acesso em: 24 abr. 2023.
PEDRA, J. A. Currículo, conhecimento e suas representações. Campinas, Papirus, 1997.
PIMENTA, Selma Garrido. Questões sobre a organização do trabalho na escola. Idéias, São Paulo, v. 16, p. 78-83, 
1993.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Referências Bibliográficas
29
ISBN 978-65-87875-39-2