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PROGRAMA 
DE EDUCAÇÃO 
PERMANENTE 
EM SAÚDE 
DA FAMÍLIA
UNIDADE 4
Vigilância 
e educação 
em saúde
Módulo: 
Doenças 
Emergentes 
(Dengue, Zika Vírus, 
Chikungunya 
e Outras)
Aristides Vitorino de 
Oliveira Neto
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Nesta unidade, estudaremos alguns conceitos, ferramentas e procedimentos necessários 
para a realização da vigilância em saúde das arboviroses.
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Como vimos na linha do tempo, na década de 1950, com o objetivo de aperfeiçoar estraté-
gias de controle, o conceito de vigilância ampliou, passando de “uma observação sistemática 
de contatos de doentes” para o “acompanhamento sistemático de eventos adversos à saúde 
na comunidade” (WALDMAN, 1998, p. 80).
Aula 1: Introdução à vigilância em saúde
A expressão vigilância em saúde remete ao ato de vigiar, significa observar atentamente, 
estar atento, procurar, estar sentinela, precaver-se.
Quando discutimos a vigilância relacionada à saúde, observamos que historicamente ela 
está associada ao conceito de saúde e aos processos de adoecimento inseridos em cada 
lugar e período histórico às práticas de cuidado direcionada aos doentes e às estratégias 
para tentar impedir a disseminação de doenças.
A seguir, veja a linha tempo sobre esse tema.
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
A vigilância em saúde foi conceituada, em 1963, por Alexander Langmuir, como 
observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças 
mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de mor-
bidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular 
disseminação dessas informações a todos os que necessitam conhecê-la 
(WALDMAN, 1998, p. 91).
Este conceito de vigilância se restringe à produção de informações para subsidiar as decisões 
das autoridades sanitárias quanto à necessidade de medidas de controle (WALDMAN, 1998). 
Essa perspectiva não considera a participação ativa dos trabalhadores de saúde, por exemplo.
Com a evolução do debate sobre a vigilância em saúde, foi possível perceber três elementos 
indissociados: vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e vigilância ambiental.
Estas três “dimensões” da vigilância tendem a ser pensadas e operacionalizadas de forma 
fragmentada, mas vários esforços têm sido empreendidos para evitar essa fragmentação. Tei-
xeira, Paim e Vilasboas (1998) propõem uma noção de vigilância em saúde abrangente e que 
integre as três dimensões, e não dissocie as ações da esfera de gestão com as da atenção. 
Por fim, os mesmos pesquisadores concebem a noção de vigilância em saúde como
uma proposta de redefinição das práticas sanitárias, organizando proces-
sos de trabalho em saúde sob a forma de operações para enfrentar proble-
mas que requerem atenção e acompanhamento contínuos. Estas operações 
devem se dar em territórios delimitados, nos diferentes períodos do proces-
so saúde-doença, requerendo a combinação de diferentes tecnologias (TEI-
XEIRA; PAIM; VILASBOAS, 1998, p. 51).
As discussões que se intensificaram a partir da década de 1990 em torno da reorganização do 
sistema de vigilância epidemiológica, tornando possível conceber a proposta de ação basea-
da na vigilância da saúde, continham pelo menos três elementos que deveriam estar integra-
dos: 1) a vigilância de efeitos sobre a saúde, como agravos e doenças, tarefa tradicionalmente 
realizada pela vigilância epidemiológica; 2) a vigilância de perigos, como agentes químicos, 
físicos e biológicos que possam ocasionar doenças e agravos, tarefa tradicionalmente realizada 
pela vigilância sanitária; 3) a vigilância de exposições por meio do monitoramento da exposi-
ção de indivíduos ou grupos populacionais a um agente ambiental ou seus efeitos clinicamente 
ainda não aparentes (subclínicos ou pré-clínicos), este último se coloca como o principal desafio 
para a estruturação da vigilância ambiental (EPSJV, 2002; FREITAS; FREITAS, 2005). 
No combate às arboviroses, apesar da perspectiva de não fragmentação dos tipos de vigilância, é 
nas vigilâncias epidemiológica e ambiental que as equipes de atenção básica mais se “encaixam”, 
na medida em que identificam os casos suspeitos, notificam, investigam e fazem seguimento; e, 
além disso, atuam junto ao seu território identificando e eliminando focos do mosquito A. aegypti.
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
As equipes de atenção básica desempenham papel fundamental na cadeia de vigilância em 
saúde, uma vez que, geralmente, são elas que fazem o primeiro atendimento e suspeitam 
dos casos de arboviroses, além de conseguirem realizar o seguimento para investigação e 
confirmação dos casos suspeitos.
EQUIPES DE 
ATENÇÃO 
BÁSICA: 
VIGILÂNCIA 
EM SAÚDE DAS 
ARBOVIROSES
VIGILÂNCIA 
EPIDEMIOLÓGICA
Identificam os casos suspeitos, 
notificam, investigam e fazem 
seguimento.
VIGILÂNCIA 
AMBIENTAL
Atuam junto ao seu território 
identificando e eliminando focos 
do mosquito A. aegypti.
Essa cadeia envolve inúmeros procedimentos realizados por diversos sujeitos: agentes de 
saúde ambiental (ASA), equipes de vigilância das secretarias estaduais e municipais, labora-
tórios, pesquisadores.
Dessa forma, nesta Unidade, focaremos nos conhecimentos e ações necessárias à atuação 
das equipes de atenção básica para operacionalizar a vigilância das arboviroses em seu ter-
ritório de atuação.
Combate ao vetor e o papel da educação em saúde
O combate ao mosquito Aedes aegypti depende do esforço conjunto do poder público e da 
sociedade em geral. As ações se baseiam na identificação e eliminação de criadouros, de 
forma mecânica ou com o uso de larvicidas, quando necessário; mas também envolvem a 
prevenção do surgimento de novos criadouros, com foco nas ações de saneamento e de 
coleta adequada do lixo (ZARA et al., 2016).
As ações que visam o monitoramento da propagação do mosquito são denominadas de vigi-
lância entomológica, que devem ser executadas de forma rotineira em toda área urbana do 
município, com o objetivo de levantar os índices larvários para monitoramento das ações exe-
cutadas e adoção de medidas que visem impedir a propagação do mosquito (ZARA et al., 2016).
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Figura 1 - Atuação de equipe entomológica.
Essas ações se baseiam na eliminação dos focos de reprodução do mosquito e devem prio-
rizar os métodos mecânicos, isto é, a remoção, a destruição, a cobertura e a manipulação de 
recipientes, de modo que se tornem incapazes de permitir a reprodução do vetor. Deve-se 
usar larvicida quando as ações mecânicas não puderem ser executadas (ZARA et al., 2016). 
As ações de rotina, além de contribuírem para a redução da infestação por Aedes aegypti, 
podem prevenir a sua reintrodução em outras áreas. Após detecção do aumento no número 
de casos, deve-se iniciar a intensificação do combate ao mosquito (ZARA et al., 2016).
Como você, cursista, tem combatido a dengue no seu território? Que ações estão sendo 
executadas?
O Poder Público (secretarias municipais e estaduais de saúde, além do Ministério da Saúde) 
tem responsabilidade central no combate ao vetor, atuando em quatro eixos (ZARA et al., 
2016), os quais estão descritos a seguir. 
1) Ações de vigilância entomológica.
2) Formação dos profissionais, sobretudo as equipes de Saúde da Família para o combate ao vetor nos 
territórios.
3) Gestão adequada do lixo urbano.
4) Educação em saúde para a população em geral. Este último eixo é fundamental, pois envolve toda a 
sociedade no combate ao Aedes aegypti e, dessa forma, no combate às principais arboviroses: dengue, 
Zika e chikungunya. 
Vamos refletir sobre esse tema? Como vocês realizam educaçãoem saúde na comunidade 
em que atuam? Poderiam fazer melhor?
Os trabalhos educativos realizados junto à comunidade estão propiciando mudanças no 
comportamento dos moradores?
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
A população adscrita é um importante aliado nas equipes de atenção básica no combate às 
arboviroses, seja na abordagem clínica individual, seja no combate ao vetor. Quando uma 
população compreende a importância das ações, os desafios a serem enfrentados e os ris-
cos atrelados aos agravos e riscos em geral e, em específico, às arboviroses, o trabalho se 
torna mais promissor e o impacto na diminuição da morbimortalidade é maior.
Esse processo de interação com a população é um processo dialógico, no qual todos apren-
dem e se fortalecem, uma vez que nesse encontro há troca de saberes e de experiências. 
Esta é a aposta na perspectiva da educação em saúde.
A educação em saúde pode ser definida como “um campo de práticas e de conhecimento 
do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a 
ação assistencial e o pensar e fazer cotidiano da população” (VASCONCELOS, 2007). Nessa 
perspectiva, podemos pensar que:
toda ação de saúde como uma ação educativa, visto que processos de promo-
ção, prevenção, cura e reabilitação são também processos pedagógicos, na 
medida em que as relações estabelecidas com o outro interferem direta ou indi-
retamente em seus modos de pensar, sentir e agir (VASCONCELOS, 2007, p.18).
Toda a equipe pode e deve partir desse pressuposto, de que toda ação de 
saúde é uma ação educativa, em todo o contato que tem com os usuários. 
No entanto, o agente comunitário de saúde (ACS) pode desenvolver um 
papel diferenciado como educador em saúde, visto que conhece como 
ninguém as pessoas e a cultura local. Perceba que o ACS “pode ter” esse 
papel e não necessariamente “tem”, pois, fazer educação em saúde pres-
supõe uma postura e também metodologias, que devem ser buscadas.
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Além das consultas e atendimentos individuais, a educação em saúde com foco no combate 
às arboviroses pode ser realizada em diversos momentos e espaços, privilegiando aqueles 
nos quais mais pessoas podem ser alcançadas:
• sala de espera na Unidade Básica de Saúde;
• grupos de discussão temáticas/oficinas;
• reunião da equipe de saúde com a comunidade;
• reunião com a associação de moradores;
• teatros e gincanas (caráter lúdico);
• parceria com rádios comunitárias;
• ações coletivas com o objetivo de eliminar os focos dos mosquitos;
• ações educativas nas escolas e nos estabelecimentos comerciais localizados no território adscrito.
Terminando esta aula, vamos rever a nossa situação problema do módulo? As usuárias Dona 
Margarida e Dona Ednelza estão preocupadas com o aumento dos casos de arboviroses na 
comunidade e comentam da importância de mobilização.
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Aula 2: Definição de casos
A atenção básica é um lugar estratégico para realizar vigilância e, para isso, precisa estar 
atenta, vigilante, para identificar os casos suspeitos, notificar, confirmar (ou descartar) o 
caso e fazer seguimento. Todo esse processo começa com a suspeita dos casos. Para isso, a 
Unidade 2 foi importante, mas a seguir vamos entrar em contato com as definições de caso 
das três principais arboviroses.
Na nossa situação problema, a equipe da USF Monte da Lua ficou em dúvida ao definir os 
casos de dengue, Zika ou chikungunya. Vamos aprender a defini-los adequamente para tirar 
todas as nossas dúvidas?
Definição de caso na dengue
Vamos abordar as definições de caso da dengue que podem ser: caso suspeito de dengue; 
caso suspeito de dengue com sinais de alarme; caso suspeito de dengue grave; caso descar-
tado; caso confirmado de dengue e óbito por dengue. Vamos ver as definições uma a uma?
 
Caso suspeito de dengue 
Um caso suspeito de dengue refere-se a um indivíduo que tenha 
viajado nos últimos 14 dias para área com transmissão de dengue 
ou tenha presença do A. aegypti, que apresenta febre, usualmente, 
entre 2 – 7 dias associado a duas ou mais das seguintes manifes-
tações clínicas: náusea, vômitos, mialgias, artralgias, cefaleia, dor 
retro-orbital, petéquias ou prova do laço positivo, ou leucopenia 
(BRASIL, 2016, p. 32). 
Além disso, também pode ser considerado caso suspeito toda crian-
ça ou residente em área de com transmissão de dengue com quadro 
febril agudo, usualmente entre 2 – 7 dias e sem foco de infecção 
aparente (BRASIL, 2016, p. 32).
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Caso suspeito de dengue com sinais
de alarme
É aquele caso que, durante a defervescência da febre apresen-
ta pelo menos um dos sinais de alarme: dor abdominal intensa e 
contínua, ou dor a palpação do abdômen; aumento prrogressivo 
do hematócrito; hipotensão postural; hepatomegalia superior a 2 
cm; vômitos persistentes; acumulação de líquidos (ascites, derra-
me pleural, pericárdico); letargia ou irritabilidade; sangramento de 
mucosas (BRASIL, 2016, p. 33).
Caso suspeito de dengue grave
O indivíduo apresenta pelo menos um dos seguintes resultados, os 
quais estão descritos a seguir.
• Choque devido ao extravasamento grave de plasma evidenciado por 
taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual 
ou maior a três segundos, pulso débil ou indetectável, pressão dife-
rencial convergente ≤ 20 mm Hg; hipotensão arterial em fase tardia, 
acumulação de líquidos com insuficiência respiratória.
• Sangramento grave, segundo a avaliação do médico (exemplos: hema-
têmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema 
nervoso central).
• Comprometimento grave de órgãos, tais como: dano hepático impor-
tante (AST o ALT>1000), sistema nervoso central (alteração da consci-
ência), coração (miocardite) ou outros órgãos (BRASIL, 2016, p. 33).
Caso descartado
 Todo caso suspeito de dengue que possui um ou mais dos crité-
rios listados: tenha diagnóstico laboratorial de outra entidade clíni-
ca; seja um caso sem exame laboratorial, cujas investigações clínica 
e epidemiológica são compatíveis com outras patologias; diagnósti-
co laboratorial negativo; não tenha critério de vínculo clínico-epide-
miológico (BRASIL, 2016, p. 33).
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
O caso confirmado de dengue consiste em todo caso suspeito de 
dengue confirmado laboratorialmente (sorologia IgM, NS1 teste rápido 
ou ELISA, isolamento viral, PCR, imuno-histoquímica).
No curso de uma epidemia, a confirmação pode ser feita por meio de 
critério clínico-epidemiológico, exceto nos primeiros casos da área, 
que deverão ter confirmação laboratorial.
Os casos graves devem ser, preferencialmente, confirmados por 
laboratório (sorologia IgM, NS1 teste rápido ou ELISA, isolamento 
viral, PCR, imuno-histoquímica). Na impossibilidade de realização 
de confirmação laboratorial específica, considerar confirmação por 
vínculo epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente.
Durante surtos, também se considera caso confirmado de dengue aqueles 
casos notificados que não puderam ser investigados, pois considera-se 
que todos possuem vínculo clínico-epidemiológico (BRASIL, 2016, p. 33). 
Infelizmente, algumas pessoas chegam ao óbito por dengue, que 
pode ser definido da seguinte forma: todo indivíduo que veio a óbito 
e que cumpre os critérios de caso suspeito ou confirmado de dengue. 
Além disso, pacientes que evoluíram com dengue, que evoluíram para 
óbito e que apresentem comorbidades devem ter a dengue como a 
causa principal do óbito. 
Nota: Recomenda-se que os óbitos por dengue sejam revisados 
por uma comissão interdisciplinar e deve ter estudos laboratoriais 
específicos para dengue. Na impossibilidadede realização de con-
firmação laboratorial específica, considerar confirmação por vínculo 
epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente. 
Fonte: Rio Grande do Norte (2015).
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Definição de caso de chikungunya
Agora que vimos as definições de caso da dengue, vamos abordar as definições de caso da 
chikungunya que podem ser: caso suspeito ou caso confirmado. 
Caso suspeito
Paciente com febre de início súbito maior que 38,5°C e artralgia ou com artrite intensa de 
início agudo, não explicado por outras condições, sendo procedente de áreas endêmicas ou 
epidêmicas até duas semanas antes do início dos sintomas ou que tenha vínculo epidemio-
lógico com caso confirmado (BRASIL, 2015, p. 16).
Caso confirmado
Todo caso suspeito com positividade para qualquer um dos seguintes exames laboratoriais: 
isolamento viral, PCR, presença de IgM (coletado durante a fase aguda ou de convalescença); 
ou aumento de quatro vezes o título de anticorpos demonstrando a soroconversão entre 
amostras nas fases aguda e convalescente, preferencialmente, de 15 a 45 dias após o início 
dos sintomas, ou 10 a 14 dias após a coleta da amostra na fase aguda. Outra possibilidade 
para confirmação é a detecção de anticorpos neutralizantes por meio do teste de neutraliza-
ção por redução de placas (PRNT) em única amostra de soro (BRASIL, 2015, p. 16).
Definição de caso de Zika
No caso da Zika, foram realizadas novas definições operacionais para notificação, investiga-
ção, classificação e acompanhamento de fetos, recém-nascidos e crianças, desde o pré-natal 
até a primeira infância. A definição de caso se baseia no “caso suspeito de síndrome congê-
nita” e “óbito suspeito de síndrome congênita”.
Caso suspeito
O caso suspeito de síndrome congênita deve ser notificado nas seguintes situações: para 
os recém-nascidos, a notificação tem base em critérios antropométricos e clínicos. No caso 
das condições indetificadas no pré-natal, a notificação se baseia em critérios de imagem ou 
clínicos e laboratoriais (BRASIL, 2017c, p. 22).
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Vigilância e educação em saúde
CASO SUSPEITO 
DE SÍNDROME 
CONGÊNITA
Recém-nascido ou criança após as primeiras 48 horas 
de vida.
Recém-nascido com até 48 horas de vida.
Condições identificadas durante o pré-natal de feto 
com suspeita de síndrome congênita.
Deve ser notificado todo feto cuja gestante apresente resultado laboratorial positivo ou rea-
gente para STORCH+Zika, realizado durante a gestação, e que não se enquadre na definição 
de caso de feto com suspeita de síndrome congênita (BRASIL, 2017c, p. 23). 
Óbito suspeito
O óbito suspeito de síndrome congênita deve ser notificado baseando-se em critérios clínic-
os, antropométricos e laboratoriais: aborto espontâneo até a 22ª semana de gestação, óbito 
fetal ou natimorto e óbito neonatal precoce (BRASIL, 2017c, p. 24). 
Além disso, deve-se notificar o feto em risco de apresentar síndrome congênita: feto cuja 
gestante apresente resultado laboratorial positivo ou reagente para STORCH+Zika, realizado 
durante a gestação, e que não se enquadre na definição de caso de feto com suspeita de 
síndrome congênita (BRASIL, 2017c, p. 25).
Segundo o Ministério da Saúde, nos casos de fetos em risco de apresentar síndrome congênita 
recomenda-se que o monitoramento seja iniciado ainda durante a gestação, 
assim que houver a confirmação da infecção pelo vírus Zika na gestante, e a 
continuação dele até, pelo menos, os 3 anos de vida da criança. Nesse perío-
do, caso o feto, RN ou criança apresente alguma alteração que se enquadre 
nas definições de caso vigentes, ele deverá ser notificado novamente, pas-
sando a ser considerado como caso suspeito de síndrome congênita (BRASIL, 
2017c, p. 22).
Todos os casos que atenderem a essas definições deverão ser registrados no formulário 
eletrônico Resp (Registro de Eventos de Saúde Pública), disponível no endereço: < http://
www.resp.saude.gov.br >.
http://www.resp.saude.gov.br
http://www.resp.saude.gov.br
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Além disso, também podem ser registrados em sistemas de informação oficiais:
- Sinasc: Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
< http://portalsinan.saude.gov.br/ >
- SIM: Sistema de Informações sobre Mortalidade
< http://sim.saude.gov.br/default.asp >
- Sinan: Sistema de Informações de Agravos de Notificação
< http://sinan.saude.gov.br/sinan/login/login.jsf >
 
Para conhecer os critérios clínicos, antropométricos, de imagem e 
laboratoriais das situações de caso suspeito de síndrome congê-
nita e óbito suspeito de síndrome congênita, acessar o documento 
Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da 
Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional, disponível na 
biblioteca do curso. 
Investigação dos casos e óbitos
Todos os casos suspeitos e óbitos relacionados às arboviroses devem ser investigados. No 
entanto, esta seção irá focar na investigação no caso da Zika (síndrome congênita da Zika). 
Este processo contempla duas etapas que se complementam: 
1° Etapa: identificar se o caso ou óbito é decorrente de processo infeccioso durante a gestação; 
2° Etapa: nos casos suspeitos, identificar, de forma ampliada e complementar, o diagnóstico 
completo das crianças para que possa ser dado o melhor encaminhamento para o cuidado 
na rede assistencial (BRASIL, 2017c).
A segunda etapa tem o objetivo de ampliar os achados da vigilância, possibilitando um diag-
nóstico completo para que o melhor encaminhamento possa ser dado de acordo com as 
diferentes necessidades de cada RN ou criança (BRASIL, 2017c).
Caso exista a possibilidade de investigação laboratorial, busca-se a etiologia da infecção, prio-
rizando os STORCH+Zika. Quando a etiologia for identificada, os casos são confirmados para 
síndrome congênita associada ao agente infeccioso, que pode ou não ser o ZIKV (BRASIL, 2017c).
http://portalsinan.saude.gov.br/
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Doenças Emergentes (Dengue, Zika Vírus, Chikungunya e Outras)
Vigilância e educação em saúde
Quando não for possível identificar o agente infeccioso, os casos serão classificados somen-
te com sugestivos ou prováveis de infecção congênita se apresentarem duas ou mais mani-
festações comuns na síndrome congênita da Zika durante o pré-natal, o nascimento e pri-
meiro mês de vida, e após o primeiro mês de vida (BRASIL, 2017c).
Para conhecer as manifestações clínicas mais comuns da síndrome 
congênita da zika, acesse o documento Orientações integradas de 
vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública 
de Importância Nacional, disponível na biblioteca do curso e veja o 
Anexo D, na página 117.
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Vigilância e educação em saúde
Algumas considerações finais
Finalizando... 
Esperamos que o conteúdo abordado tenha ajudado a consolidar seus conhecimentos acer-
ca do conceito, características e epidemiologia das principais arboviroses; manejo clínico das 
arboviroses; organização do processo de trabalho na atenção primária à saúde na abordagem 
das arboviroses, vigilância e educação em saúde. Existem muitas normas, manuais e proto-
colos publicados sobre dengue, Zika e chikungunya. Dessa forma, provocamos você a utilizar 
este módulo do PEPSUS como um gatilho e um guia para que construa seu conhecimento, a 
partir da reflexão sobre sua prática junto a sua equipe e a leitura da literatura disponível.
Agora que você teve o privilégio de se apropriar de novos conhecimentos, não se esqueça 
de socializá-los. Este é o nosso compromisso!
Boa Sorte! A partir de agora poderemos atuar profissionalmente de forma mais segura e 
qualificada na atenção primária e, por consequência, em todos os demais níveis de comple-
xidade do sistema.
Qualquer dúvida, conte comigo e com todo o PEPSUS/AVASUS.