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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO Anne Giselle GaIindo Cordeiro Tôrres Silva GARANHUNS – PE 2024 A NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES. Garanhuns – PE 2024 A NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Nutrição. Orientador: Prof. Ms Bruno José Frederico Pimenta Tutora presencial: Adna Tenório Gomes ANNE GISELLE GALINDO CORDEIRO TÔRRES SILVA LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABP TCAP AN TCC TN EM NC BN TA ECA Associação Brasileira de Psiquiatria Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica Anorexia Nervosa Terapia Cognitiva Comportamental Terapia Nutricional Entrevista Motivacional Nutrição Comportamental Bulimia Nervosa Transtorno Alimentar Compulsão Alimentar SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 7 3. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 9 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 10 4.1 Nutrição e Nutrição Comportamental............................................................................10 5. METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 22 6. CRONOGRAMA ................................................................................................................. 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 24 5 1. INTRODUÇÃO O ato de alimentar-se transcende o mero desejo de saciar a fome, sendo também um reflexo de como situações externas podem influenciar na forma como o alimento é visto, e a alimentação praticada. Tendo assim uma relação direta com questões de ordem social, cultural, econômica e, também, com fatores emocionais do indivíduo. Nesta perspectiva, estudos vêm fomentando a discussão sobre como influências externas da sociedade contemporânea tem sido um condicionante pontual para adoção de determinados comportamentos alimentares, principalmente motivados pelo forte apelo midiático que repercute a busca por um padrão estético firmado como ideal e que é associado a como o indivíduo se relaciona com o alimento. Nesse âmbito, de forma ainda mais incisiva, chama atenção a alta repercussão dos conteúdos dispostos em redes sociais como moduladores de comportamentos alimentares, nem sempre benéficos, haja vista que nesses meios ocorrem, demasiadamente, recomendações sem respaldo científico, que disseminam atitudes e práticas relacionadas à alimentação que podem ser nocivas à qualidade de vida e à saúde dos consumidores desses conteúdos. O comportamento alimentar compreende um conjunto de pensamentos e emoções que condicionam a adoção de atitudes e práticas relacionadas à alimentação, sofrendo influência de diversos fatores – biológicos, sociais, culturais e emocionais – capazes de interferir nas escolhas alimentares, de forma positiva ou negativa. Todavia, quando ocorre a adoção de condutas exageradas e desproporcionais, pode desencadear comportamentos disfuncionais, potencializando a insurgência dos chamados Transtornos Alimentares (TAs). Os TAs são transtornos mentais incapacitantes, mortais e dispendiosos, que afetam o comportamento alimentar, levando a crenças distorcidas sobre o próprio corpo, peso, alimentação e valor de si próprio. Essas crenças associadas à autoimagem tendem a desencadear sofrimento e prejuízos em atividades cotidianas do indivíduo, podendo ser incisivas sobre a saúde física e emocional. Os TAs mais comuns são: Anorexia Nervosa (AN), Bulimia Nervosa (BN) e o Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), cujos desdobramentos têm influenciado nas taxas de morbidade e mortalidade. A AN, por exemplo, possui a maior taxa de mortalidade dentre os transtornos, pois cerca de 5% a 20% dos pacientes vão a óbito, seja por consequência de desnutrição e/ou por suicídio associado a este quadro. A prevalência desses transtornos tem aumentado significativamente nas últimas duas 6 décadas, tornando-se um problema de saúde pública que pode gerar consequências letais. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar. O tratamento para quadros de TAs, tem repercutido os benefícios das técnicas de Nutrição Comportamental (NC) como estratégias eficazes no manejo dos sintomas e na readequação do comportamento alimentar de pessoas que desenvolvem esses transtornos. A NC se difundiu como sendo um método inovador que se vale da análise de aspectos sociológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação, para atuar na intervenção de comportamentos nutricionais disfuncionais. O perfil multidisciplinar, mas especificadamente na área da Nutrição representa um campo novo de atuação, onde o nutricionista tem o potencial de transcender as consultas técnicas baseadas em orientações nutricionais e recomendações de dietas tradicionais. Embora essas técnicas sejam primordiais também na condução de tratamentos de TAs, a NC consegue elevar o tratamento a um aspecto mais amplo do ser humano, podendo alcançar resultados mais significativos e eficazes. 1.1 PROBLEMA Considerando tais premissas, este estudo se debruça sobre os benefícios da nutrição comportamental no tratamento dos transtornos alimentares, delineando a seguinte questão problemática: como a nutrição comportamental atua no tratamento das TAs?. 7 2. JUSTIFICATIVA A nutrição comportamental tem como foco encorajar a relação saudável do paciente com a alimentação, considerando as emoções, a fisiologia e a vida sociocultural do paciente. A nutrição é a ingestão de alimentos, tendo em conta as necessidades alimentares do organismo. Em contrapartida, o transtorno alimentar (TA) é a inadequação ou dificuldade de se alimentar de forma nutritiva e funcional. O (TA) está relacionado com as condições físicas, emocionais, socioculturais, religiosos e hábitos familiares. A imagem corporal é a percepção do próprio corpo e as emoções que resultam desta percepção. O Transtorno Alimentar pode ser dividido em dois principais grupos: anorexia e bulimia. A anorexia nervosa é caracterizada pela redução de peso e manutenção do peso abaixo do normal, o IMC igual ou abaixo de 17,5. A bulimia nervosa é uma preocupação exacerbada com o que se alimenta e um desejo irresistível por comidas hipercalóricas em grandes quantidades em um curto tempo. O indivíduo busca neutralizar os efeitos do engordar com vômitos induzidos, purgantes e uso de drogas como diuréticos. A anorexia (AN) e a bulimia (BN) são doenças distintas, mas pode ocasionar e influenciar diretamente a outra, pois apresentam à preocupação acentuada com o corpo, baixo peso, e o uso demasiado de atividades físicas para alcançar o corpo desejado, mesmo já estando abaixo do peso ideal. Em busca desse desejo, esses indivíduos apostam nas chamadas dietas da moda, alimentação restritiva severa, ingestão alimentar irregular, aversões e compulsão por certosalimentos, geralmente pobres em nutrientes e ricos em açucares, gorduras, ultra processados e utilizam de artifícios como uso de medicamentos no desejo de eliminar o mais rápido possível as calorias. A atitude alimentar saudável, além de permitir competência nas escolhas de suas refeições, também tem o êxito de poder se sentir mais segura na sociedade. Dados amostrais revelam que cerca de 90% a 95% são do sexo feminino. Os sentimentos de rejeição com a insatisfação do próprio corpo, em consequência de padrões impostos pela sociedade, levam a uma visão distorcida do seu real estado, prolongando a percepção da autoajuda para reverter o quadro que podem levar a problemas fisiológicos como: suspensão da menstruação, redução da libido, problemas de ereção nos homens, depressão, suicídio e óbito por agravamento fisiológico. Para todos os transtornos alimentares existem a possibilidade da cura. É preciso 8 procurar ajuda de especialistas no assunto, como nutricionistas que são capacitados para diagnosticar e tratar. O tratamento dessas doenças é baseado em devolver ao indivíduo um peso saudável e um relacionamento sadio com o alimento. As atitudes a serem adequadas que podem ser destacadas são: respeitar a fome física, bem como a vontade de comer, aceitar oscilações na alimentação dependendo do humor e da situação social e obter prazer por meio da alimentação. Com base no TA e no distúrbio da autoimagem, é importante ressaltar os estudos que comprovam que as adolescentes e adultas jovens são mais atingidas de forma precoce. Essas pacientes apresentam um comportamento obsessivo, buscando informações na mídia e as suas tendências, que sem critérios saudáveis pregam um corpo perfeito, colocando em risco a própria saúde. Deste modo esta temática justifica-se por sua relevância social, pois se trata de um problema de saúde pública com alto impacto na vida dos indivíduos que são acometidos por TAs. Pois, profissionalmente, o tema da NC tem ganhado um novo olhar de acadêmicos e profissionais da Nutrição, como sendo um campo de atuação promissor e de abordagens que envolvem suas diferentes técnicas de atuação. 9 3. OBJETIVOS 3.1 GERAL Explorar na literatura científica como se situa o desempenho das técnicas da NC no tratamento dos TAs. 3.1 ESPECÍFICOS Compreender e diferenciar a nutrição básica da nutrição comportamental, dando uma atenção especial aos seus benefícios no tratamento dos TAs; Identificar e descrever os TAs; Diferenciar o comer intuitivo do comer em atenção plena; Conhecer quais são as técnicas mais utilizadas e os benefícios da terapia comportamental no tratamento dos TAs. 10 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Nutrição e Nutrição Comportamental Sabe-se que a nutrição é a ciência que estuda as relações entre os alimentos e nutrientes ingeridos pelo ser humano, e possíveis estados de saúde e doença. Deste modo, percebendo que embora os temas nutrição e alimentação estejam cada vez mais em pauta, as informações estejam mais acessíveis, e a ciência em constante evolução, persiste uma visão restrita e dicotômica do “saudável e não saudável”, dos alimentos categorizados pelos seus nutrientes e como sendo “bons ou ruins”, na qual o prazer em comer é muitas vezes associado à culpa. A nutrição para o profissional que não se atualiza tornou-se nutricionismo, ou seja, a famosa doutrina alimentar com foco nos nutrientes de forma isolada, sem dar importância ao alimento como um todo. O nutricionismo vende a ideia de que tudo que se adicionam nutrientes é alimento. E está ação torna-se inadequada, pois pressupõe que a ciência da nutrição sabe absolutamente tudo sobre os alimentos. O que muitas vezes ocasiona no surgimento do “policial nutricionista”, aquele profissional que dita à alimentação, de modo que limita o paciente a comer oque foi ou não citado pelo mesmo. Tornando assim a busca por acompanhamento nutricional, algo cada vez menos relevante, pois tais ações muitas das vezes não proporcionam resultados positivos, mas sim o abandono do tratamento, e a falta de interesse na busca por outros profissionais da área. Nesta perspectiva houve a busca por inovações, e após a aquisição de conhecimento, vários nutricionistas passaram a idealizar a nutrição comportamental como uma abordagem cientifica e inovadora. Pois, a investigação sobre a mudança de comportamento tem sido uma área de foco na saúde, visando melhorar os serviços oferecidos. Dentro dessa perspectiva, as teorias de mudança comportamental têm como objetivo apoiar intervenções, buscando geralmente alterar comportamentos específicos. O comportamento alimentar é entendido como um conjunto de pensamentos e emoções que guiam as ações relacionadas à alimentação, estando diretamente ligada à autopercepção dos sentidos e à identidade social humana (FRANZONI; MARTINS, 2017). Além de atender às necessidades biológicas do ser humano, a comida desperta sentimentos, sensação de prazer, espiritualidade e familiaridade. 11 A abordagem da Nutrição Comportamental visa modificar o comportamento alimentar através de técnicas de automonitoramento e autocontrole (ALVARENGA et al., 2019). Dentro desse enfoque, (SEIXA et al., 2020) diz que “a ideia é instruir a pessoa a distinguir entre a fome física e a fome emocional, sugerindo que a alimentação deve ocorrer em sintonia com as sensações de fome, apetite e saciedade”. Assim, para aperfeiçoar sua eficácia, a nutrição comportamental opera com os seguintes princípios: Inclusão, permitindo a inovação na prática nutricional por profissionais de diversas origens; ampliação do escopo de atuação do nutricionista, empregando técnicas que vão além do ensino tradicional na graduação; reconhecimento de que todos os alimentos têm um lugar válido em uma alimentação saudável, levando em consideração os aspectos fisiológicos, culturais e emocionais de cada indivíduo; adoção de uma abordagem biopsicossocial que enfatiza a saúde como mais dependente de comportamentos saudáveis do que de conformidade com padrões de peso impostos pela sociedade (ALVARENGA et al., 2016). A compreensão dos padrões estabelecidos e a sugestão de novas abordagens, combinando o antigo e o novo comportamento, e podem auxiliar os indivíduos no processo de mudança. Além disso, a construção de uma relação terapêutica sólida, por meio de comunicação eficaz e reforços positivos, são essenciais para o processo de mudança comportamental. O estabelecimento de uma aliança terapêutica e a aplicação de técnicas específicas é fundamental para promover mudanças comportamentais bem-sucedidas no contexto da alimentação e da atividade física. (ALVARENGA et al., 2016). Ainda de acordo com Alvarenga et al. (2016), “o nutricionista que trabalha com essa abordagem é chamado de terapeuta nutricional (TN)”. Esse profissional, além de auxiliar uma pessoa em relação à estrutura e o que ele deve consumir, também ajuda no entendimento de como as emoções influenciam no comportamento e atitudes alimentares. Vale ressaltar que o TN também passa por inseguranças quando se depara com as mais diversas situações dos seus pacientes, com medo de não conseguir resolver o problema e até mesmo piorá-lo. Para que isso seja minimizado, se faz necessário que o TN busque auxílio com outros TN mais experientes e também com psicólogos. Vale destacar que essas intervenções não visam modificar os alimentos consumidos pelo indivíduo, mas sim compreender a relação que as pessoas têm com a comida, com a mente e com o corpo. 12 Atenção, presença e ausência de julgamento em relação à alimentação, junto ao reconhecimento dos sinais internos de fome e saciedade, ajudam a reduzir o consumo excessivo e a alimentação influenciada por fatores emocionais e/ouambientais. Isso repercute positivamente na relação com a comida e no comportamento alimentar (WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). A nutrição comportamental não é de fato uma especialidade, mas uma abordagem inovadora que justifica incluir aspectos sociais, culturais e emocionais da alimentação. Abrindo espaço para a atuação do nutricionista, que reconhece a necessidade de um enfoque adicional ao tratar pacientes com transtornos alimentares e dificuldades em aderir a dietas padrão ou orientações nutricionais convencionais. Assim, espera-se que a mudança de comportamento ocorra efetivamente, incentivando os pacientes a manterem o tratamento e atingirem seus objetivos. Pois, de acordo com (ALVARENGA et. al., 2016) “enquanto nutricionistas estudamos muito sobre o alimento em si, seus nutrientes e o corpo humano, mas estudamos muito pouco sobre o ser humano como um todo...". 4.2 Transtornos Alimentar Os transtornos alimentares são considerados uma doença psiquiátrica que afeta, na maioria das vezes jovens adolescentes e adultos, principalmente do sexo feminino. Esses transtornos com o passar do tempo trazem grandes prejuízos psicológicos e sociais acarretando em uma menor qualidade de vida. Estudiosos encontram algumas dificuldades para um diagnóstico correto destes transtornos, pois os pacientes tendem a recursar-se a buscar um profissional, a procura por tratamento ocorre apenas após o aparecimento de sintomas graves. De acordo com (NEPOMUSCENO; QUEIRÓS, 2017) “Transtornos alimentares podem ser entendidos por alterações significativas no comportamento alimentar do indivíduo, assim como disfunção na forma corporal e no controle do peso, tudo isso caracterizando quadros psiquiátricos que podem levar a sérios problemas no convívio social, aspectos psicológicos e clínicos”. Sua causa é multidimensional, uma interação de fatores culturais, fatores biológicos, fisiológicos e emocionais. Que podem ser caracterizada por preocupação exacerbada com o 13 peso, consumo e atitudes alimentares distorcidas, ou até mesmo alteração na absorção de nutrientes. Os transtornos alimentares mais conhecidos são a anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar, pica, transtorno de ruminação, transtorno alimentar restritivo evitativo, dentre outros. Essa classificação foi estabelecida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). O tratamento destes transtornos deve ser com intervenções multiprofissionais, ou seja, com auxilio de nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, dentistas e médicos clínicos, para que atuando em conjunto possam restabelecer a saúde física e mental do paciente (PIRES; LAPORT, 2019). A nutrição comportamental possui uma abordagem diferente da tradicional, nesse segmento da nutrição os comportamentos do indivíduo também são englobados no tratamento nutricional. Estudos demonstram que se tem obtido uma melhora significativa no tratamento desses transtornos, assim como uma taxa de recidivas menor do que quando o tratamento é feito com base na metodologia convencional. Ainda de acordo com os transtornos alimentares, um dos mais conhecidos é a anorexia nervosa, que é vista como um transtorno da imagem corporal e um temor intenso de engordar, caracterizada pela grande perda de peso resultante de dieta restrita. Este transtorno ocorre principalmente em adolescentes e mulheres jovens. Sua etiologia é multifatorial, podendo ser até mesmo a pressão da sociedade para que se tenha uma aparência do padrão cultural. Outro transtorno bem conhecido é a bulimia nervosa, representada por episódios de grande ingestão de alimentos, com a sensação de perda de controle, e sequencialmente a utilização de métodos compensatórios inadequados com o objetivo de neutralizar o grande consumo de calorias. Esses métodos consistem em vômitos induzidos, uso de diuréticos, inibidores de apetite, laxantes, dietas restritivas e exercícios físicos. Tem-se também o transtorno da compulsão alimentar, sendo caracterizado por episódios constantes de ingestão de grandes quantidades de alimentos com ausência de sensação física de fome, sentimento de vergonha, alimentar-se sozinho e rapidamente, ingerir alimento até sentir-se desconfortavelmente cheio e também sentir-se deprimido ou culpado posteriormente. Um transtorno comentando e não muito conhecido é a pica, sua principal característica é a ingestão de substâncias que não são consideradas alimentícias ou nutritivas, 14 durante um determinado período. As substâncias ingeridas incluem papel, tecido, fios, cabelo, giz, terra, talco, cola, metal, detergente, gelo, dentre outros. Outro transtorno que também não é muito conhecido é o transtorno de ruminação que decorre da regurgitação do alimento depois de ser ingerido. O alimento deglutido é levado novamente à boca, podendo então ser remastigado e jogado da boca ou engolido novamente. A regurgitação se difere do vômito por poder ser voluntário e não é causado por doença. O transtorno restritivo/evitativo tem como principal característica a restrição da ingestão alimentar ou esquiva. O indivíduo pode recusar os alimentos pela cor ou ter preferências específicas do aspecto sensorial dos alimentos, podendo preferir somente alimentos bem crocantes ou bem macios, bem quentes ou bem gelados. Em alguns casos há exclusão de grupos alimentares por inteiro, pode ocorrer perda de peso aparente, deficiência nutricional significativa, dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais e interferência marcante no funcionamento psicossocial. Para a nutrição comportamental obter sucesso no tratamento dos transtornos alimentares, deve-se trabalhar a mudança do comportamento alimentar, que consiste na disfunção das cognições e afetos relacionados ao alimento. Mas para haver essa mudança de comportamento devem ser trabalhados as crenças e os sentimentos relacionados à comida. O profissional nutricionista que atua na área comportamental é chamado de terapeuta nutricional e deve ter conhecimento de psiquiatria, psicologia, técnicas de mudança de comportamento e habilidades de comunicação, para assim auxiliar o paciente a ter uma boa relação com a comida e com o corpo. 4.3 Técnicas de Terapia Comportamental / Entrevista Comportamental. De acordo com Alvarenga et al. (2019), Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica utilizada na Nutrição Comportamental, em que o objetivo principal é descobrir as reais motivações do indivíduo para que ocorra a mudança, através de uma comunicação colaborativa do TN. Na entrevista, o paciente é guiado para as escolhas de comportamento que deseja mudar. Burgess et. al. (2017), também nós diz que a EM é uma conversa que se afasta do estilo tradicional de consulta, pois, o TN direciona o indivíduo para declarações auto motivacionais, verificando sua prontidão para a mudança. A EM se aplica em situações onde envolvem mudanças de comportamento, como por exemplo, adesão à dieta, prática de atividade física, tratamento de transtornos alimentares, 15 enfim, tudo que está diretamente relacionada à saúde e bem-estar. Para que a EM seja bem-sucedida, se faz necessário criar um ambiente onde o indivíduo se sinta acolhido, confortável e seguro, pois geralmente, todo processo de mudança de comportamento causa desconforto e ansiedade (ALVARENGA et al., 2019). Sendo assim, a EM possui etapas que vai desde o primeiro contato do TN com o paciente até a finalização do atendimento. Onde sua primeira etapa consiste em “Envolver”, ou seja, criar vínculo, escutar e entender a história do paciente, fazendo com que ele se sinta aceito, respeitado, confortável e disponível para a mudança. A segunda etapa consiste em manter o paciente envolvido, pois, é onde o TN e o indivíduo focam nas questões relacionadas à alimentação,questionando quais mudanças ele está interessado em fazer. E por fim, vem à etapa de “planejar”, que ocorre quando o paciente está pronto para que a mudança ocorra, e ele mesmo encontra sua solução. E é nesse momento, que o TN pode fazer uso de instrumentos como o plano de ação e o planejamento de metas para direcioná-lo. Corroborando com os autores já citados, Figlies e Guimarães (2014) dizem que a EM propõe ajudar as pessoas em sua ambivalência/conflito, agregando uma visão humanista e construtivista nas modificações de comportamentos de risco, levando o paciente a tomar uma decisão que almeje sua mudança. Utilizado no processo de mudança de comportamento alimentar, o modelo transteórico, também denominado modelo de estratégias de mudança de comportamento, é uma abordagem onde essa mudança em relação à saúde ocorre através de cinco estágios distintos, que são eles: pré-contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção. Cada estágio caracteriza-se em mostrar o momento da mudança e o grau de motivação para realizá- la. De acordo com (TORAL; SLATER, 2007): Na pré-comtemplação, o indivíduo ainda não tem intenção de mudança; na contemplação, o indivíduo começa a considerar a mudança, mas ainda não tem um prazo para começar; já o estágio denominado decisão ou preparação, prevê uma mudança de comportamento para um futuro próximo; e a ação corresponde à mudança de comportamento, exigindo dedicação por parte do indivíduo para evitar recaídas; no estágio manutenção, o indivíduo mudou o comportamento e conseguiu manter por mais de seis meses (TORAL; SLATER, 2007). 16 4.4 Comer Intuitivo Através do olhar de Almeida e Furtado (2017), o Comer Intuitivo (CI), ou Intuitive Eathing é uma abordagem que se baseia em evidências ensinando as pessoas a terem uma boa relação com a comida, conhecendo seu próprio corpo. Onde tem como objetivo, fazer com que o indivíduo possua uma verdadeira sintonia com a comida, mente e corpo. A mesma autora relata que são três os pilares dessa abordagem: “permissão incondicional para comer; comer para entender as necessidades fisiológicas e não emocionais e apoiar-se nos sinais internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer”. TRIBOLE, et. al., 2017, nos diz que: Consciência introspectiva é a capacidade de perceber sensações físicas que surgem de dentro do corpo, mediada diretamente pelo cérebro. Comedores intuitivos tem maior consciência intuitiva. A capacidade de sintonia mente-corpo fornece ao indivíduo uma poderosa ferramenta para identificar suas necessidades, por exemplo: sonolência, bexiga cheia, fome, ou seja, o corpo envia mensagens de acordo com as necessidades físicas e psicológicas. Então, quando há regras, como fazer uma dieta, há uma confusão entre a mente e o corpo (TRIBOLE et al., 2017). Estudos mostram que dieta e restrição alimentar para fins de perda de peso leva a um ganho a mais de peso, o que corrobora com o autor acima citado. Alvarenga et. al., (2019) relata que “o comer intuitivo é uma abordagem baseada em evidências, a qual ajudam pessoas a seguir seus sinais internos de fome, comer o que escolhe sem sentir culpa, julgamento ou viver um problema ético”. O mesmo ainda afirma que, o comer intuitivo é composto por dez princípios e o foco é na “não dieta” e deve ser visto como um programa no qual a ordem em que são trabalhados os dez princípios não é fixa, devendo ser adaptada para cada indivíduo. Os dez princípios do comer intuitivo segundo (ALVARENGA, et. al., 2019) são: - Rejeitar a mentalidade da dieta, onde se deve excluir tudo que contenha informações sobre dieta e medidas que prometam perda de peso de forma rápida, por exemplo, livros, revistas, e etc. não permitindo que outras pessoas determinem o que, quanto e quando vai comer; - Honrar a fome, para que se honre a fome, é necessário perceber sinais de fome e 17 padronizar horários. É importante não ficar faminto, e o acesso à comida tem que estar possível para atender a fome quando assim acontecer. Alguns exercícios podem ser aplicados para percepção da fome, como por exemplo, o Odômetro da Fome, em que o paciente identifica sua fome e saciedade, que são inversamente proporcionais, ou seja, quando estamos com zero de fome, a saciedade se aproxima de dez, e vice-versa. É interessante que o paciente treine para realizar suas refeições entre os números quatro e seis, diminuindo assim o risco de exageros ou restrição, aumentando sua saciedade; - Fazer as pazes com a comida, pois, violar as regras da dieta pode desencadear a pessoa a comer mais, sem levar em conta a fome nem saciedade. Isso não quer dizer que o indivíduo vai sair comendo tudo o que quiser em qualquer momento e na quantidade que quiser, mas fazer com que surjam perguntas do tipo: “eu realmente quero comer isso?”, “eu preciso comer isso agora?”. Essa permissão incondicional para comer deve acontecer de acordo com os sinais internos, ajudando as pessoas a comer de forma intuitiva, não necessariamente seguindo uma regra. De uma forma geral, é permitir-se comer algo que gosta, percebendo as sensações do corpo, em especial a fome e saciedade, sem o medo da restrição; -Desafiar o policial alimentar, nesse princípio, a autora mostra que o indivíduo se sente como se estivesse em constante julgamento por um policial interno, as sensações de roubar ou mentir em relação à dieta geram um sentimento de culpa, tendo um efeito extremamente ruim. Para que isso não ocorra, é necessário mudar esse pensamento, e dar espaço a outras vozes internas que não julgam e que dão retornos positivos, ajudando na tomada de decisões mais tranquilas em relação à comida; - Sentir a saciedade, sabe-se que a leptina e a insulina são hormônios que interagem com receptores hipotalâmicos, favorecendo a saciedade. Em obesos, as concentrações séricas desses hormônios são maiores, apresentando maior resistência à sua ação. Mas, para se sentir saciado, é necessário aprender a escutar e entender os sinais internos. Para que isso aconteça, como já foi relatado anteriormente, deve-se honrar a fome e comer de maneira incondicional. Existe alguns exercícios de auto avaliação que podem ajudar nesse processo de entender melhor o corpo. Pois, existem pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno, e se confundem na hora que o corpo sinaliza, gerando muitas vezes a sensação de culpa; - Descobrir o fator de satisfação, é fundamental saber identificar quando se está satisfeito, pois dessa forma, o indivíduo consegue comer menos, e também usar a comida como uma forma de satisfação, não só para matar a fome e se nutrir, até porque, o objetivo do comer envolve também questões socioculturais e emocionais, e não só atender as 18 necessidades físicas. Deixar o ambiente agradável, decorar o prato, ter uma boa companhia, pode ajudar muito no processo; - Lidar com as emoções sem usar a comida, todo ser humano tem a capacidade de comer de tudo, o que faz com que ele tenha uma suposta liberdade nas escolhas alimentares. No entanto, vários fatores que estão envolvidos na sua história individual, irão pesar nessas escolhas (JOMORI et. al., 2008). Pois, o comer vai muito além de satisfazer as necessidades fisiológicas do corpo, na maioria das vezes, a comida é usada como forma de recompensa, ou uma maneira de demostrar afeto, sendo também usada para diminuir emoções e sentimentos negativos, e prolongar os positivos. Sendo assim, o estado emocional interfere totalmente na forma de comer, além de levar em consideração também as crenças, medos e ansiedade. Exercícios de terapia cognitiva-comportamental podem ser bastante úteis para lidar com essas emoções em usar a comida. Nessa abordagem, o TN deve esclarecer sobre o comer desatento e o comer emocional e aplicar a atividade para ajudar o indivíduo a criar consciência do seu comportamento;- Respeitar o próprio corpo, nos dias atuais, infelizmente o que predomina é a insatisfação corporal. As pessoas estão condicionadas a ter um corpo dito perfeito, configurando assim um distúrbio de imagem, principalmente entre as mulheres. A preocupação e valorização extrema do corpo não valorizam as características naturais de cada pessoa, pois estas estão condicionadas a um padrão específico. É preciso exercitar o respeito ao corpo por meio de metas, incentivando o indivíduo a se cuidar, sem se comparar aos outros, mas sim, ser sua própria referência; - Exercitar-se sentindo a diferença, o exercício físico deve ser uma forma de prazer, por isso é importante que se busque algo que gosta de fazer, tendo cuidado com as formas compensatórias, ou punitivas, pois a proposta do Comer Intuitivo é um exercício focado em bem-estar e saúde. O dia a dia é repleto de atribuições pessoais, mas que na maioria das vezes acontece de forma sedentária, como ficar sentado no carro, no sofá, no escritório. Para se trabalhar isso, é interessante começar pelo “monitoramento de tempo sedentário”, estimulando as pessoas a se mexerem mais ao longo do dia, fazendo isso de forma intuitiva; - Honrar a saúde – praticar uma “nutrição gentil”, fazer com que as pessoas se sintam bem ao comer, respeitando as diretrizes nutricionais. Um estudo publicado por Rozin et al. (1999), relata que a atitude em relação à comida, em contraponto ao estresse e preocupação, principalmente em relação ao prazer, interfere diretamente na saúde humana. 19 4.5 Comer em Atenção Plena O ato de comer envolve outras razões além das necessidades biológicas. A comida desperta sensações e prazer, e este comportamento relacionado à comida está diretamente ligado à identidade social do indivíduo. Nesse contexto, o comportamento alimentar reflete todos os aspectos. Quando se fala de mudança de comportamento alimentar, algumas técnicas são utilizadas, como por exemplo, o Mindfullness, expressão inglesa utilizada para descrever “atenção plena”, “observação vigilante”, “mente alerta” e “consciência plena” dentre outras (HIRAYAMA, 2014). Como mais uma proposta de intervenção para tratamento de transtornos alimentares e de obesidade, a técnica de Comer em Atenção Plena é uma prática dirigida à percepção e ampliação da consciência dos processos internos, onde o foco consiste nas sensações internas. O Mindful Eating, ou “atenção plena ao comer”, está inserido dentro do Mindfullness. Nessa técnica, o indivíduo deve estar totalmente atento ao ato de comer, sentir sabor, odor e textura dos alimentos, sem distrações, e assim, saber reconhecer seu corpo e saber quando estiver satisfeito, sem utilizar a fome emocional (SILVA; MARTINS, 2017). De acordo com Almeida e Assumpção (2018), estudos mostram que o Mindful Eating é uma boa estratégia para redução da escolha impulsiva de alimentos, podendo auxiliar na perda de peso. 4.6 Terapia Cognitiva Comportamental Criada por Aaron Beck em 1956, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) passou ser estudada, e utilizada no mundo inteiro em inúmeros transtornos e problemas psicológicos, auxiliando o indivíduo nas mais diversas adversidades como ansiedade, transtornos alimentares, obesidades, entre outros. Os resultados obtidos através do tratamento com esse tipo de terapia, não proporciona somente uma remissão temporária dos sintomas, mas a manutenção em longo prazo da melhora alcançada. Isso ocorre porque o paciente consegue mudar seus pensamentos e consequentemente seus comportamentos disfuncionais, conseguindo êxito nas suas metas. 20 De acordo com Duchesne e Almeida (2002): “A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos psiquiátricos”. Na TCC algumas estratégias são empregadas para tratar os diferentes tipos de transtornos alimentares. Estratégias para tratamento da Anorexia Nervosa (AN): - Diminuição de restrição alimentar, onde o foco consiste na normalização da alimentação; - Diminuição de frequência de atividade física, ou seja, incentivar o paciente a suspender gradativamente a rotina de exercícios extenuantes, incentivando a prática saudável da atividade física e de preferência, que permita relações interpessoais; - Abordagem do distúrbio da imagem corporal, nessa abordagem, é trabalhada a imagem corporal, onde o paciente é levado a fazer uma percepção do seu corpo, como ele se vê e como realmente é; - Modificação do sistema de crenças, pacientes que sofrem com transtornos alimentares apresentam crenças distorcidas principalmente em relação ao peso e imagem corporal, associando diretamente na autoestima. Para modificar esse sistema, o paciente precisa identificar os pensamentos que sofrem distorção. Estratégias como desenhar sua imagem corporal ou expor gradativamente seu corpo, podem ajudar esses pacientes a modificarem suas crenças; - Abordagem da autoestima, nessa estratégia, trabalha-se a redução da expectativa do desempenho em pacientes com Anorexia nervosa. O terapeuta auxilia o indivíduo a se apoiar em outro tipo de atributos além da aparência e a melhora em seus relacionamentos interpessoais, favorecendo a modificação do comportamento; - Avaliação da eficácia, a eficácia do tratamento em pacientes com Anorexia nervosa se dá através da manutenção da mudança, com isso devem ser utilizadas técnicas para o controle de recaídas, planejando estratégias para o aparecimento futuro de dificuldades, e saber lidar com elas. Estratégias para tratamento da Bulimia: - Controle dos episódios de compulsão alimentar (ECA) e da indução de vômito, segundo as autoras, nesse tipo de distúrbio devem- se analisar todos os aspectos, em especial os métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios. Nesses casos, o terapeuta ensina técnicas de autocontrole, como se expor gradualmente condições que favoreçam o aparecimento dos episódios, com o intuito de reduzir os facilitadores (ansiedade, tristeza, etc.) de ECA e indução de vômito; - Eliminação do uso de laxantes e diuréticos, a partir do momento que a alimentação de paciente com Bulimia vai se tornando mais regular, o uso de laxantes e diuréticos vão sendo diminuídos gradativamente; - Modificação do sistema de crenças, geralmente os pensamentos do paciente que sofre com Bulimia são extremistas, “tudo ou nada”. A terapia utilizada na modificação 21 desse sistema segue o mesmo princípio utilizado na “NA”; - Avaliação da eficácia, em associação com o tratamento farmacológico, esse tipo de terapia tem resultados satisfatórios no tratamento de pacientes com esse tipo de transtorno, favorecendo o aumento da autoestima e funcionamento social. Estratégias para tratamento do Transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP): - Modificação de hábitos alimentares, para ter êxito na mudança de hábitos alimentares em pacientes com TCAP, este é incentivado a se manter distante de alimentos que devem ser consumidos em pequenas quantidades, lembrando que dietas restritivas são contraindicadas nesses casos. A melhor estratégia é o controle de estímulos e a mudança gradual dos hábitos alimentares; - Aumentos da atividade física, neste caso são utilizados estratégias para adesão da atividade física, podendo esta ser flexível e dinâmico vindo até envolver outras pessoas, auxiliando assim no processo; - Abordagem da autoestima, quem sofre com esse tipo de transtorno, dá atenção excessiva à imagem corporal, associado a padrões corporais impostos pela sociedade. O terapeuta auxilia o paciente a buscar um equilíbrio entre a auto aceitação e a mudança; - Avaliação de eficácia, geralmente se obtém resultados a curtos prazos, mas ainda há dificuldades quanto à manutenção em longo prazo. Medicamentos associados à terapiaparecem surtir um efeito melhor. Estas são algumas das estratégias utilizadas por Duchesne e Almeida (2002) empregadas na Anorexia nervosa, Bulimia e TCAP. 22 5. METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia desta pesquisa apresentada é uma revisão científica de literatura, construída através de um levantamento bibliográfico nas bases de dados: National Library of Medicine (PUBMED), Livros, periódicos nacionais disponíveis em revistas ou jornais publicados em plataformas virtuais utilizando os descritores em saúde (DECS): Transtornos Alimentares (Bulimia, Anorexia e Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica), Nutrição, Nutrição Comportamental e Técnicas de Nutrição Comportamental. Deste modo utilizando Alvarenga como um dos autores base deste artigo houve uma abordagem total de dez técnicas utilizadas na Nutrição Comportamental, sendo também incluídos estudos que abordaram a Entrevista Motivacional, Comer Intuitivo, Comer em Atenção Plena e a Terapia Cognitivo-Comportamental, com indivíduos que sofrem de transtornos alimentares. Todos os estudos e abordagens selecionados e listados foram de publicações recentes, estudos publicados de cinco anos atrás ate a presente data de produção deste artigo. A seleção dos dados foi realizada em três etapas, a primeira delas foi uma busca ativa sobre o assunto a fim de obter um maior conhecimento científico e decisão da temática a ser abordada, em sequência, foi realizada uma filtragem por data e título de publicação, e por último a decisão final através de leitura minuciosa dos mesmos. Todo o processo de produção se deu por meio de estudos direcionados a temática escolhida, cada abordagem ou autor referenciado trás consigo a bagagem da nutrição comportamental, do estudo dos transtornos alimentares e das estratégias de abordagem e tratamentos dos mesmos. Dando assim um destaque especial ao Comer Intuitivo (Intuitive Eating) e o Comer com Atenção Plena ou Mindful Eating, pois, são técnicas que procuram atuar na mudança do comportamento alimentar, e na forma como as pessoas ministram os estímulos externos que impactam na sua forma de satisfação com a autoimagem e na própria relação com a comida. 23 6. CRONOGRAMA Atividades Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Pesquisa do tema X X Estudo bibliográfico X Escolha dos Artigos de apoio X X Produção do Artigo X X X Entrega do Artigo monográfico X Defesa da monografia 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, D. C. de. et al. Análise do sucesso da abordagem comportamental nos tratamentos de transtornos nutricionais. 2021. 15f. Artigo científico (Graduação em Nutrição) – Centro Universitário UNA, Catalão, 2021. ALMEIDA, C. C.; ASSUMPÇÃO, A. A. A EFICÁCIA DO MINDFUL EATING PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES E OBESIDADE: REVISÃO INTEGRATIVA. 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