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ANNE NUTRIÇÂO ´pronto

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anne Giselle GaIindo Cordeiro Tôrres Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GARANHUNS – PE 
2024 
 
 
A NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS 
ALIMENTARES. 
 
 
Garanhuns – PE 
2024 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS 
ALIMENTARES. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel 
em Nutrição. 
 
Orientador: Prof. Ms Bruno José Frederico Pimenta 
 
Tutora presencial: Adna Tenório Gomes 
 
ANNE GISELLE GALINDO CORDEIRO TÔRRES SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABP 
TCAP 
AN 
TCC 
TN 
EM 
NC 
BN 
TA 
ECA 
Associação Brasileira de Psiquiatria 
Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica 
Anorexia Nervosa 
Terapia Cognitiva Comportamental 
Terapia Nutricional 
Entrevista Motivacional 
Nutrição Comportamental 
Bulimia Nervosa 
Transtorno Alimentar 
Compulsão Alimentar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5 
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 7 
3. OBJETIVOS ........................................................................................................................... 9 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 10 
 4.1 Nutrição e Nutrição Comportamental............................................................................10 
5. METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 22 
6. CRONOGRAMA ................................................................................................................. 23 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 24 
5 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O ato de alimentar-se transcende o mero desejo de saciar a fome, sendo também um 
reflexo de como situações externas podem influenciar na forma como o alimento é visto, e a 
alimentação praticada. Tendo assim uma relação direta com questões de ordem social, 
cultural, econômica e, também, com fatores emocionais do indivíduo. 
Nesta perspectiva, estudos vêm fomentando a discussão sobre como influências 
externas da sociedade contemporânea tem sido um condicionante pontual para adoção de 
determinados comportamentos alimentares, principalmente motivados pelo forte apelo 
midiático que repercute a busca por um padrão estético firmado como ideal e que é associado 
a como o indivíduo se relaciona com o alimento. 
 Nesse âmbito, de forma ainda mais incisiva, chama atenção a alta repercussão dos 
conteúdos dispostos em redes sociais como moduladores de comportamentos alimentares, 
nem sempre benéficos, haja vista que nesses meios ocorrem, demasiadamente, recomendações 
sem respaldo científico, que disseminam atitudes e práticas relacionadas à alimentação que 
podem ser nocivas à qualidade de vida e à saúde dos consumidores desses conteúdos. 
 O comportamento alimentar compreende um conjunto de pensamentos e emoções que 
condicionam a adoção de atitudes e práticas relacionadas à alimentação, sofrendo influência 
de diversos fatores – biológicos, sociais, culturais e emocionais – capazes de interferir nas 
escolhas alimentares, de forma positiva ou negativa. Todavia, quando ocorre a adoção de 
condutas exageradas e desproporcionais, pode desencadear comportamentos disfuncionais, 
potencializando a insurgência dos chamados Transtornos Alimentares (TAs). 
 Os TAs são transtornos mentais incapacitantes, mortais e dispendiosos, que afetam o 
comportamento alimentar, levando a crenças distorcidas sobre o próprio corpo, peso, 
alimentação e valor de si próprio. Essas crenças associadas à autoimagem tendem a 
desencadear sofrimento e prejuízos em atividades cotidianas do indivíduo, podendo ser 
incisivas sobre a saúde física e emocional. 
 Os TAs mais comuns são: Anorexia Nervosa (AN), Bulimia Nervosa (BN) e o 
Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA), cujos desdobramentos têm influenciado nas 
taxas de morbidade e mortalidade. A AN, por exemplo, possui a maior taxa de mortalidade 
dentre os transtornos, pois cerca de 5% a 20% dos pacientes vão a óbito, seja por 
consequência de desnutrição e/ou por suicídio associado a este quadro. 
 A prevalência desses transtornos tem aumentado significativamente nas últimas duas 
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décadas, tornando-se um problema de saúde pública que pode gerar consequências letais. 
 De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), estima-se que mais de 
70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar. O tratamento 
para quadros de TAs, tem repercutido os benefícios das técnicas de Nutrição Comportamental 
(NC) como estratégias eficazes no manejo dos sintomas e na readequação do comportamento 
alimentar de pessoas que desenvolvem esses transtornos. 
A NC se difundiu como sendo um método inovador que se vale da análise de aspectos 
sociológicos, sociais, culturais e emocionais da alimentação, para atuar na intervenção de 
comportamentos nutricionais disfuncionais. 
O perfil multidisciplinar, mas especificadamente na área da Nutrição representa um 
campo novo de atuação, onde o nutricionista tem o potencial de transcender as consultas 
técnicas baseadas em orientações nutricionais e recomendações de dietas tradicionais. Embora 
essas técnicas sejam primordiais também na condução de tratamentos de TAs, a NC consegue 
elevar o tratamento a um aspecto mais amplo do ser humano, podendo alcançar resultados 
mais significativos e eficazes. 
 
 
1.1 PROBLEMA 
 
Considerando tais premissas, este estudo se debruça sobre os benefícios da nutrição 
comportamental no tratamento dos transtornos alimentares, delineando a seguinte questão 
problemática: como a nutrição comportamental atua no tratamento das TAs?. 
 
 
 
 
7 
 
2. JUSTIFICATIVA 
 
A nutrição comportamental tem como foco encorajar a relação saudável do paciente 
com a alimentação, considerando as emoções, a fisiologia e a vida sociocultural do paciente. 
A nutrição é a ingestão de alimentos, tendo em conta as necessidades alimentares do 
organismo. Em contrapartida, o transtorno alimentar (TA) é a inadequação ou dificuldade de 
se alimentar de forma nutritiva e funcional. 
 O (TA) está relacionado com as condições físicas, emocionais, socioculturais, 
religiosos e hábitos familiares. A imagem corporal é a percepção do próprio corpo e as 
emoções que resultam desta percepção. O Transtorno Alimentar pode ser dividido em dois 
principais grupos: anorexia e bulimia. A anorexia nervosa é caracterizada pela redução de 
peso e manutenção do peso abaixo do normal, o IMC igual ou abaixo de 17,5. A bulimia 
nervosa é uma preocupação exacerbada com o que se alimenta e um desejo irresistível por 
comidas hipercalóricas em grandes quantidades em um curto tempo. O indivíduo busca 
neutralizar os efeitos do engordar com vômitos induzidos, purgantes e uso de drogas como 
diuréticos. 
 A anorexia (AN) e a bulimia (BN) são doenças distintas, mas pode ocasionar e 
influenciar diretamente a outra, pois apresentam à preocupação acentuada com o corpo, baixo 
peso, e o uso demasiado de atividades físicas para alcançar o corpo desejado, mesmo já 
estando abaixo do peso ideal. Em busca desse desejo, esses indivíduos apostam nas chamadas 
dietas da moda, alimentação restritiva severa, ingestão alimentar irregular, aversões e 
compulsão por certosalimentos, geralmente pobres em nutrientes e ricos em açucares, 
gorduras, ultra processados e utilizam de artifícios como uso de medicamentos no desejo de 
eliminar o mais rápido possível as calorias. 
A atitude alimentar saudável, além de permitir competência nas escolhas de suas 
refeições, também tem o êxito de poder se sentir mais segura na sociedade. Dados amostrais 
revelam que cerca de 90% a 95% são do sexo feminino. Os sentimentos de rejeição com a 
insatisfação do próprio corpo, em consequência de padrões impostos pela sociedade, levam a 
uma visão distorcida do seu real estado, prolongando a percepção da autoajuda para reverter o 
quadro que podem levar a problemas fisiológicos como: suspensão da menstruação, redução 
da libido, problemas de ereção nos homens, depressão, suicídio e óbito por agravamento 
fisiológico. 
Para todos os transtornos alimentares existem a possibilidade da cura. É preciso 
8 
 
procurar ajuda de especialistas no assunto, como nutricionistas que são capacitados para 
diagnosticar e tratar. O tratamento dessas doenças é baseado em devolver ao indivíduo um 
peso saudável e um relacionamento sadio com o alimento. 
 As atitudes a serem adequadas que podem ser destacadas são: respeitar a fome física, 
bem como a vontade de comer, aceitar oscilações na alimentação dependendo do humor e da 
situação social e obter prazer por meio da alimentação. 
Com base no TA e no distúrbio da autoimagem, é importante ressaltar os estudos que 
comprovam que as adolescentes e adultas jovens são mais atingidas de forma precoce. Essas 
pacientes apresentam um comportamento obsessivo, buscando informações na mídia e as suas 
tendências, que sem critérios saudáveis pregam um corpo perfeito, colocando em risco a 
própria saúde. 
Deste modo esta temática justifica-se por sua relevância social, pois se trata de um 
problema de saúde pública com alto impacto na vida dos indivíduos que são acometidos por 
TAs. Pois, profissionalmente, o tema da NC tem ganhado um novo olhar de acadêmicos e 
profissionais da Nutrição, como sendo um campo de atuação promissor e de abordagens que 
envolvem suas diferentes técnicas de atuação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. OBJETIVOS 
 
3.1 GERAL 
 
Explorar na literatura científica como se situa o desempenho das técnicas da NC no 
tratamento dos TAs. 
 
3.1 ESPECÍFICOS 
 
 Compreender e diferenciar a nutrição básica da nutrição comportamental, dando 
uma atenção especial aos seus benefícios no tratamento dos TAs; 
 Identificar e descrever os TAs; 
 Diferenciar o comer intuitivo do comer em atenção plena; 
 Conhecer quais são as técnicas mais utilizadas e os benefícios da terapia 
comportamental no tratamento dos TAs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
4.1 Nutrição e Nutrição Comportamental 
Sabe-se que a nutrição é a ciência que estuda as relações entre os alimentos e 
nutrientes ingeridos pelo ser humano, e possíveis estados de saúde e doença. Deste modo, 
percebendo que embora os temas nutrição e alimentação estejam cada vez mais em pauta, as 
informações estejam mais acessíveis, e a ciência em constante evolução, persiste uma visão 
restrita e dicotômica do “saudável e não saudável”, dos alimentos categorizados pelos seus 
nutrientes e como sendo “bons ou ruins”, na qual o prazer em comer é muitas vezes associado 
à culpa. 
A nutrição para o profissional que não se atualiza tornou-se nutricionismo, ou seja, a 
famosa doutrina alimentar com foco nos nutrientes de forma isolada, sem dar importância ao 
alimento como um todo. O nutricionismo vende a ideia de que tudo que se adicionam 
nutrientes é alimento. E está ação torna-se inadequada, pois pressupõe que a ciência da 
nutrição sabe absolutamente tudo sobre os alimentos. O que muitas vezes ocasiona no 
surgimento do “policial nutricionista”, aquele profissional que dita à alimentação, de modo 
que limita o paciente a comer oque foi ou não citado pelo mesmo. Tornando assim a busca 
por acompanhamento nutricional, algo cada vez menos relevante, pois tais ações muitas das 
vezes não proporcionam resultados positivos, mas sim o abandono do tratamento, e a falta de 
interesse na busca por outros profissionais da área. 
Nesta perspectiva houve a busca por inovações, e após a aquisição de conhecimento, 
vários nutricionistas passaram a idealizar a nutrição comportamental como uma abordagem 
cientifica e inovadora. Pois, a investigação sobre a mudança de comportamento tem sido uma 
área de foco na saúde, visando melhorar os serviços oferecidos. Dentro dessa perspectiva, as 
teorias de mudança comportamental têm como objetivo apoiar intervenções, buscando 
geralmente alterar comportamentos específicos. 
 
O comportamento alimentar é entendido como um conjunto de pensamentos e emoções que 
guiam as ações relacionadas à alimentação, estando diretamente ligada à autopercepção dos 
sentidos e à identidade social humana (FRANZONI; MARTINS, 2017). 
 
 Além de atender às necessidades biológicas do ser humano, a comida desperta 
sentimentos, sensação de prazer, espiritualidade e familiaridade. 
 
11 
 
A abordagem da Nutrição Comportamental visa modificar o comportamento alimentar 
através de técnicas de automonitoramento e autocontrole (ALVARENGA et al., 2019). 
 
Dentro desse enfoque, (SEIXA et al., 2020) diz que “a ideia é instruir a pessoa a 
distinguir entre a fome física e a fome emocional, sugerindo que a alimentação deve ocorrer 
em sintonia com as sensações de fome, apetite e saciedade”. Assim, para aperfeiçoar sua 
eficácia, a nutrição comportamental opera com os seguintes princípios: 
 
Inclusão, permitindo a inovação na prática nutricional por profissionais de diversas origens; 
ampliação do escopo de atuação do nutricionista, empregando técnicas que vão além do 
ensino tradicional na graduação; reconhecimento de que todos os alimentos têm um lugar 
válido em uma alimentação saudável, levando em consideração os aspectos fisiológicos, 
culturais e emocionais de cada indivíduo; adoção de uma abordagem biopsicossocial que 
enfatiza a saúde como mais dependente de comportamentos saudáveis do que de 
conformidade com padrões de peso impostos pela sociedade (ALVARENGA et al., 2016). 
 
A compreensão dos padrões estabelecidos e a sugestão de novas abordagens, 
combinando o antigo e o novo comportamento, e podem auxiliar os indivíduos no processo de 
mudança. Além disso, a construção de uma relação terapêutica sólida, por meio de 
comunicação eficaz e reforços positivos, são essenciais para o processo de mudança 
comportamental. 
 
O estabelecimento de uma aliança terapêutica e a aplicação de técnicas específicas é 
fundamental para promover mudanças comportamentais bem-sucedidas no contexto da 
alimentação e da atividade física. (ALVARENGA et al., 2016). 
 
Ainda de acordo com Alvarenga et al. (2016), “o nutricionista que trabalha com essa 
abordagem é chamado de terapeuta nutricional (TN)”. Esse profissional, além de auxiliar 
uma pessoa em relação à estrutura e o que ele deve consumir, também ajuda no entendimento 
de como as emoções influenciam no comportamento e atitudes alimentares. Vale ressaltar que 
o TN também passa por inseguranças quando se depara com as mais diversas situações dos 
seus pacientes, com medo de não conseguir resolver o problema e até mesmo piorá-lo. Para 
que isso seja minimizado, se faz necessário que o TN busque auxílio com outros TN mais 
experientes e também com psicólogos. Vale destacar que essas intervenções não visam 
modificar os alimentos consumidos pelo indivíduo, mas sim compreender a relação que as 
pessoas têm com a comida, com a mente e com o corpo. 
12 
 
 
Atenção, presença e ausência de julgamento em relação à alimentação, junto ao 
reconhecimento dos sinais internos de fome e saciedade, ajudam a reduzir o consumo 
excessivo e a alimentação influenciada por fatores emocionais e/ouambientais. Isso 
repercute positivamente na relação com a comida e no comportamento alimentar 
(WARREN; SMITH; ASHWELL, 2017). 
 
 A nutrição comportamental não é de fato uma especialidade, mas uma abordagem 
inovadora que justifica incluir aspectos sociais, culturais e emocionais da alimentação. 
Abrindo espaço para a atuação do nutricionista, que reconhece a necessidade de um enfoque 
adicional ao tratar pacientes com transtornos alimentares e dificuldades em aderir a dietas 
padrão ou orientações nutricionais convencionais. 
Assim, espera-se que a mudança de comportamento ocorra efetivamente, incentivando 
os pacientes a manterem o tratamento e atingirem seus objetivos. Pois, de acordo com 
(ALVARENGA et. al., 2016) “enquanto nutricionistas estudamos muito sobre o alimento em 
si, seus nutrientes e o corpo humano, mas estudamos muito pouco sobre o ser humano como 
um todo...". 
 
4.2 Transtornos Alimentar 
 
Os transtornos alimentares são considerados uma doença psiquiátrica que afeta, na 
maioria das vezes jovens adolescentes e adultos, principalmente do sexo feminino. Esses 
transtornos com o passar do tempo trazem grandes prejuízos psicológicos e sociais 
acarretando em uma menor qualidade de vida. Estudiosos encontram algumas dificuldades 
para um diagnóstico correto destes transtornos, pois os pacientes tendem a recursar-se a 
buscar um profissional, a procura por tratamento ocorre apenas após o aparecimento de 
sintomas graves. 
De acordo com (NEPOMUSCENO; QUEIRÓS, 2017) “Transtornos alimentares 
podem ser entendidos por alterações significativas no comportamento alimentar do 
indivíduo, assim como disfunção na forma corporal e no controle do peso, tudo isso 
caracterizando quadros psiquiátricos que podem levar a sérios problemas no convívio social, 
aspectos psicológicos e clínicos”. 
Sua causa é multidimensional, uma interação de fatores culturais, fatores biológicos, 
fisiológicos e emocionais. Que podem ser caracterizada por preocupação exacerbada com o 
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peso, consumo e atitudes alimentares distorcidas, ou até mesmo alteração na absorção de 
nutrientes. 
 
Os transtornos alimentares mais conhecidos são a anorexia nervosa, bulimia nervosa, 
transtorno de compulsão alimentar, pica, transtorno de ruminação, transtorno alimentar 
restritivo evitativo, dentre outros. Essa classificação foi estabelecida pelo Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000). 
 
O tratamento destes transtornos deve ser com intervenções multiprofissionais, ou seja, 
com auxilio de nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, dentistas e médicos clínicos, para que 
atuando em conjunto possam restabelecer a saúde física e mental do paciente (PIRES; 
LAPORT, 2019). 
 A nutrição comportamental possui uma abordagem diferente da tradicional, nesse 
segmento da nutrição os comportamentos do indivíduo também são englobados no tratamento 
nutricional. Estudos demonstram que se tem obtido uma melhora significativa no tratamento 
desses transtornos, assim como uma taxa de recidivas menor do que quando o tratamento é 
feito com base na metodologia convencional. 
Ainda de acordo com os transtornos alimentares, um dos mais conhecidos é a anorexia 
nervosa, que é vista como um transtorno da imagem corporal e um temor intenso de engordar, 
caracterizada pela grande perda de peso resultante de dieta restrita. Este transtorno ocorre 
principalmente em adolescentes e mulheres jovens. Sua etiologia é multifatorial, podendo ser 
até mesmo a pressão da sociedade para que se tenha uma aparência do padrão cultural. 
 Outro transtorno bem conhecido é a bulimia nervosa, representada por episódios de 
grande ingestão de alimentos, com a sensação de perda de controle, e sequencialmente a 
utilização de métodos compensatórios inadequados com o objetivo de neutralizar o grande 
consumo de calorias. Esses métodos consistem em vômitos induzidos, uso de diuréticos, 
inibidores de apetite, laxantes, dietas restritivas e exercícios físicos. 
Tem-se também o transtorno da compulsão alimentar, sendo caracterizado por 
episódios constantes de ingestão de grandes quantidades de alimentos com ausência de 
sensação física de fome, sentimento de vergonha, alimentar-se sozinho e rapidamente, ingerir 
alimento até sentir-se desconfortavelmente cheio e também sentir-se deprimido ou culpado 
posteriormente. 
 Um transtorno comentando e não muito conhecido é a pica, sua principal 
característica é a ingestão de substâncias que não são consideradas alimentícias ou nutritivas, 
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durante um determinado período. As substâncias ingeridas incluem papel, tecido, fios, cabelo, 
giz, terra, talco, cola, metal, detergente, gelo, dentre outros. 
Outro transtorno que também não é muito conhecido é o transtorno de ruminação que 
decorre da regurgitação do alimento depois de ser ingerido. O alimento deglutido é levado 
novamente à boca, podendo então ser remastigado e jogado da boca ou engolido novamente. 
A regurgitação se difere do vômito por poder ser voluntário e não é causado por doença. 
 O transtorno restritivo/evitativo tem como principal característica a restrição da 
ingestão alimentar ou esquiva. O indivíduo pode recusar os alimentos pela cor ou ter 
preferências específicas do aspecto sensorial dos alimentos, podendo preferir somente 
alimentos bem crocantes ou bem macios, bem quentes ou bem gelados. Em alguns casos há 
exclusão de grupos alimentares por inteiro, pode ocorrer perda de peso aparente, deficiência 
nutricional significativa, dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais 
orais e interferência marcante no funcionamento psicossocial. 
 Para a nutrição comportamental obter sucesso no tratamento dos transtornos 
alimentares, deve-se trabalhar a mudança do comportamento alimentar, que consiste na 
disfunção das cognições e afetos relacionados ao alimento. Mas para haver essa mudança de 
comportamento devem ser trabalhados as crenças e os sentimentos relacionados à comida. 
O profissional nutricionista que atua na área comportamental é chamado de terapeuta 
nutricional e deve ter conhecimento de psiquiatria, psicologia, técnicas de mudança de 
comportamento e habilidades de comunicação, para assim auxiliar o paciente a ter uma boa 
relação com a comida e com o corpo. 
 
4.3 Técnicas de Terapia Comportamental / Entrevista Comportamental. 
 
De acordo com Alvarenga et al. (2019), Entrevista Motivacional (EM) é uma técnica 
utilizada na Nutrição Comportamental, em que o objetivo principal é descobrir as reais 
motivações do indivíduo para que ocorra a mudança, através de uma comunicação 
colaborativa do TN. 
Na entrevista, o paciente é guiado para as escolhas de comportamento que deseja 
mudar. Burgess et. al. (2017), também nós diz que a EM é uma conversa que se afasta do 
estilo tradicional de consulta, pois, o TN direciona o indivíduo para declarações auto 
motivacionais, verificando sua prontidão para a mudança. 
A EM se aplica em situações onde envolvem mudanças de comportamento, como por 
exemplo, adesão à dieta, prática de atividade física, tratamento de transtornos alimentares, 
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enfim, tudo que está diretamente relacionada à saúde e bem-estar. 
Para que a EM seja bem-sucedida, se faz necessário criar um ambiente onde o indivíduo 
se sinta acolhido, confortável e seguro, pois geralmente, todo processo de mudança de 
comportamento causa desconforto e ansiedade (ALVARENGA et al., 2019). 
 
Sendo assim, a EM possui etapas que vai desde o primeiro contato do TN com o 
paciente até a finalização do atendimento. Onde sua primeira etapa consiste em “Envolver”, 
ou seja, criar vínculo, escutar e entender a história do paciente, fazendo com que ele se sinta 
aceito, respeitado, confortável e disponível para a mudança. A segunda etapa consiste em 
manter o paciente envolvido, pois, é onde o TN e o indivíduo focam nas questões relacionadas 
à alimentação,questionando quais mudanças ele está interessado em fazer. E por fim, vem à 
etapa de “planejar”, que ocorre quando o paciente está pronto para que a mudança ocorra, e 
ele mesmo encontra sua solução. E é nesse momento, que o TN pode fazer uso de 
instrumentos como o plano de ação e o planejamento de metas para direcioná-lo. 
Corroborando com os autores já citados, Figlies e Guimarães (2014) dizem que a EM 
propõe ajudar as pessoas em sua ambivalência/conflito, agregando uma visão humanista e 
construtivista nas modificações de comportamentos de risco, levando o paciente a tomar uma 
decisão que almeje sua mudança. 
Utilizado no processo de mudança de comportamento alimentar, o modelo 
transteórico, também denominado modelo de estratégias de mudança de comportamento, é 
uma abordagem onde essa mudança em relação à saúde ocorre através de cinco estágios 
distintos, que são eles: pré-contemplação, contemplação, decisão, ação e manutenção. Cada 
estágio caracteriza-se em mostrar o momento da mudança e o grau de motivação para realizá-
la. 
De acordo com (TORAL; SLATER, 2007): 
 
Na pré-comtemplação, o indivíduo ainda não tem intenção de mudança; na contemplação, o 
indivíduo começa a considerar a mudança, mas ainda não tem um prazo para começar; já o 
estágio denominado decisão ou preparação, prevê uma mudança de comportamento para 
um futuro próximo; e a ação corresponde à mudança de comportamento, exigindo 
dedicação por parte do indivíduo para evitar recaídas; no estágio manutenção, o indivíduo 
mudou o comportamento e conseguiu manter por mais de seis meses (TORAL; SLATER, 
2007). 
 
 
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4.4 Comer Intuitivo 
 
Através do olhar de Almeida e Furtado (2017), o Comer Intuitivo (CI), ou Intuitive 
Eathing é uma abordagem que se baseia em evidências ensinando as pessoas a terem uma boa 
relação com a comida, conhecendo seu próprio corpo. Onde tem como objetivo, fazer com 
que o indivíduo possua uma verdadeira sintonia com a comida, mente e corpo. A mesma 
autora relata que são três os pilares dessa abordagem: “permissão incondicional para comer; 
comer para entender as necessidades fisiológicas e não emocionais e apoiar-se nos sinais 
internos de fome e saciedade para determinar o que, quanto e quando comer”. 
TRIBOLE, et. al., 2017, nos diz que: 
 
Consciência introspectiva é a capacidade de perceber sensações físicas que surgem de 
dentro do corpo, mediada diretamente pelo cérebro. Comedores intuitivos tem maior 
consciência intuitiva. A capacidade de sintonia mente-corpo fornece ao indivíduo uma 
poderosa ferramenta para identificar suas necessidades, por exemplo: sonolência, bexiga 
cheia, fome, ou seja, o corpo envia mensagens de acordo com as necessidades físicas e 
psicológicas. Então, quando há regras, como fazer uma dieta, há uma confusão entre a 
mente e o corpo (TRIBOLE et al., 2017). 
 
Estudos mostram que dieta e restrição alimentar para fins de perda de peso leva a um 
ganho a mais de peso, o que corrobora com o autor acima citado. Alvarenga et. al., (2019) 
relata que “o comer intuitivo é uma abordagem baseada em evidências, a qual ajudam 
pessoas a seguir seus sinais internos de fome, comer o que escolhe sem sentir culpa, 
julgamento ou viver um problema ético”. O mesmo ainda afirma que, o comer intuitivo é 
composto por dez princípios e o foco é na “não dieta” e deve ser visto como um programa no 
qual a ordem em que são trabalhados os dez princípios não é fixa, devendo ser adaptada para 
cada indivíduo. 
Os dez princípios do comer intuitivo segundo (ALVARENGA, et. al., 2019) são: 
 
- Rejeitar a mentalidade da dieta, onde se deve excluir tudo que contenha informações 
sobre dieta e medidas que prometam perda de peso de forma rápida, por exemplo, livros, 
revistas, e etc. não permitindo que outras pessoas determinem o que, quanto e quando vai 
comer; 
- Honrar a fome, para que se honre a fome, é necessário perceber sinais de fome e 
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padronizar horários. É importante não ficar faminto, e o acesso à comida tem que estar 
possível para atender a fome quando assim acontecer. Alguns exercícios podem ser aplicados 
para percepção da fome, como por exemplo, o Odômetro da Fome, em que o paciente 
identifica sua fome e saciedade, que são inversamente proporcionais, ou seja, quando estamos 
com zero de fome, a saciedade se aproxima de dez, e vice-versa. É interessante que o paciente 
treine para realizar suas refeições entre os números quatro e seis, diminuindo assim o risco de 
exageros ou restrição, aumentando sua saciedade; 
- Fazer as pazes com a comida, pois, violar as regras da dieta pode desencadear a 
pessoa a comer mais, sem levar em conta a fome nem saciedade. Isso não quer dizer que o 
indivíduo vai sair comendo tudo o que quiser em qualquer momento e na quantidade que 
quiser, mas fazer com que surjam perguntas do tipo: “eu realmente quero comer isso?”, “eu 
preciso comer isso agora?”. Essa permissão incondicional para comer deve acontecer de 
acordo com os sinais internos, ajudando as pessoas a comer de forma intuitiva, não 
necessariamente seguindo uma regra. De uma forma geral, é permitir-se comer algo que 
gosta, percebendo as sensações do corpo, em especial a fome e saciedade, sem o medo da 
restrição; 
-Desafiar o policial alimentar, nesse princípio, a autora mostra que o indivíduo se 
sente como se estivesse em constante julgamento por um policial interno, as sensações de 
roubar ou mentir em relação à dieta geram um sentimento de culpa, tendo um efeito 
extremamente ruim. Para que isso não ocorra, é necessário mudar esse pensamento, e dar 
espaço a outras vozes internas que não julgam e que dão retornos positivos, ajudando na 
tomada de decisões mais tranquilas em relação à comida; 
 - Sentir a saciedade, sabe-se que a leptina e a insulina são hormônios que interagem 
com receptores hipotalâmicos, favorecendo a saciedade. Em obesos, as concentrações séricas 
desses hormônios são maiores, apresentando maior resistência à sua ação. Mas, para se sentir 
saciado, é necessário aprender a escutar e entender os sinais internos. Para que isso aconteça, 
como já foi relatado anteriormente, deve-se honrar a fome e comer de maneira incondicional. 
Existe alguns exercícios de auto avaliação que podem ajudar nesse processo de entender 
melhor o corpo. Pois, existem pessoas que sofrem de algum tipo de transtorno, e se 
confundem na hora que o corpo sinaliza, gerando muitas vezes a sensação de culpa; 
- Descobrir o fator de satisfação, é fundamental saber identificar quando se está 
satisfeito, pois dessa forma, o indivíduo consegue comer menos, e também usar a comida 
como uma forma de satisfação, não só para matar a fome e se nutrir, até porque, o objetivo do 
comer envolve também questões socioculturais e emocionais, e não só atender as 
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necessidades físicas. Deixar o ambiente agradável, decorar o prato, ter uma boa companhia, 
pode ajudar muito no processo; 
- Lidar com as emoções sem usar a comida, todo ser humano tem a capacidade de 
comer de tudo, o que faz com que ele tenha uma suposta liberdade nas escolhas alimentares. 
No entanto, vários fatores que estão envolvidos na sua história individual, irão pesar nessas 
escolhas (JOMORI et. al., 2008). Pois, o comer vai muito além de satisfazer as necessidades 
fisiológicas do corpo, na maioria das vezes, a comida é usada como forma de recompensa, ou 
uma maneira de demostrar afeto, sendo também usada para diminuir emoções e sentimentos 
negativos, e prolongar os positivos. Sendo assim, o estado emocional interfere totalmente na 
forma de comer, além de levar em consideração também as crenças, medos e ansiedade. 
Exercícios de terapia cognitiva-comportamental podem ser bastante úteis para lidar com essas 
emoções em usar a comida. Nessa abordagem, o TN deve esclarecer sobre o comer desatento 
e o comer emocional e aplicar a atividade para ajudar o indivíduo a criar consciência do seu 
comportamento;- Respeitar o próprio corpo, nos dias atuais, infelizmente o que predomina é a 
insatisfação corporal. As pessoas estão condicionadas a ter um corpo dito perfeito, 
configurando assim um distúrbio de imagem, principalmente entre as mulheres. A 
preocupação e valorização extrema do corpo não valorizam as características naturais de cada 
pessoa, pois estas estão condicionadas a um padrão específico. É preciso exercitar o respeito 
ao corpo por meio de metas, incentivando o indivíduo a se cuidar, sem se comparar aos 
outros, mas sim, ser sua própria referência; 
- Exercitar-se sentindo a diferença, o exercício físico deve ser uma forma de prazer, 
por isso é importante que se busque algo que gosta de fazer, tendo cuidado com as formas 
compensatórias, ou punitivas, pois a proposta do Comer Intuitivo é um exercício focado em 
bem-estar e saúde. O dia a dia é repleto de atribuições pessoais, mas que na maioria das vezes 
acontece de forma sedentária, como ficar sentado no carro, no sofá, no escritório. Para se 
trabalhar isso, é interessante começar pelo “monitoramento de tempo sedentário”, 
estimulando as pessoas a se mexerem mais ao longo do dia, fazendo isso de forma intuitiva; 
- Honrar a saúde – praticar uma “nutrição gentil”, fazer com que as pessoas se sintam 
bem ao comer, respeitando as diretrizes nutricionais. 
Um estudo publicado por Rozin et al. (1999), relata que a atitude em relação à comida, 
em contraponto ao estresse e preocupação, principalmente em relação ao prazer, interfere 
diretamente na saúde humana. 
 
19 
 
 
4.5 Comer em Atenção Plena 
 
O ato de comer envolve outras razões além das necessidades biológicas. A comida 
desperta sensações e prazer, e este comportamento relacionado à comida está diretamente 
ligado à identidade social do indivíduo. Nesse contexto, o comportamento alimentar reflete 
todos os aspectos. 
Quando se fala de mudança de comportamento alimentar, algumas técnicas são 
utilizadas, como por exemplo, o Mindfullness, expressão inglesa utilizada para descrever 
“atenção plena”, “observação vigilante”, “mente alerta” e “consciência plena” dentre outras 
(HIRAYAMA, 2014). 
Como mais uma proposta de intervenção para tratamento de transtornos alimentares e 
de obesidade, a técnica de Comer em Atenção Plena é uma prática dirigida à percepção e 
ampliação da consciência dos processos internos, onde o foco consiste nas sensações internas. 
 
O Mindful Eating, ou “atenção plena ao comer”, está inserido dentro do Mindfullness. 
Nessa técnica, o indivíduo deve estar totalmente atento ao ato de comer, sentir sabor, odor e 
textura dos alimentos, sem distrações, e assim, saber reconhecer seu corpo e saber quando 
estiver satisfeito, sem utilizar a fome emocional (SILVA; MARTINS, 2017). 
 
De acordo com Almeida e Assumpção (2018), estudos mostram que o Mindful Eating 
é uma boa estratégia para redução da escolha impulsiva de alimentos, podendo auxiliar na 
perda de peso. 
 
4.6 Terapia Cognitiva Comportamental 
 
Criada por Aaron Beck em 1956, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) passou 
ser estudada, e utilizada no mundo inteiro em inúmeros transtornos e problemas psicológicos, 
auxiliando o indivíduo nas mais diversas adversidades como ansiedade, transtornos 
alimentares, obesidades, entre outros. Os resultados obtidos através do tratamento com esse 
tipo de terapia, não proporciona somente uma remissão temporária dos sintomas, mas a 
manutenção em longo prazo da melhora alcançada. Isso ocorre porque o paciente consegue 
mudar seus pensamentos e consequentemente seus comportamentos disfuncionais, 
conseguindo êxito nas suas metas. 
20 
 
De acordo com Duchesne e Almeida (2002): “A terapia cognitivo-comportamental 
(TCC) é uma intervenção semiestruturada, objetiva e orientada para metas, que aborda 
fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos 
psiquiátricos”. Na TCC algumas estratégias são empregadas para tratar os diferentes tipos de 
transtornos alimentares. 
Estratégias para tratamento da Anorexia Nervosa (AN): - Diminuição de restrição 
alimentar, onde o foco consiste na normalização da alimentação; - Diminuição de frequência 
de atividade física, ou seja, incentivar o paciente a suspender gradativamente a rotina de 
exercícios extenuantes, incentivando a prática saudável da atividade física e de preferência, 
que permita relações interpessoais; - Abordagem do distúrbio da imagem corporal, nessa 
abordagem, é trabalhada a imagem corporal, onde o paciente é levado a fazer uma percepção 
do seu corpo, como ele se vê e como realmente é; - Modificação do sistema de crenças, 
pacientes que sofrem com transtornos alimentares apresentam crenças distorcidas 
principalmente em relação ao peso e imagem corporal, associando diretamente na autoestima. 
Para modificar esse sistema, o paciente precisa identificar os pensamentos que sofrem 
distorção. Estratégias como desenhar sua imagem corporal ou expor gradativamente seu 
corpo, podem ajudar esses pacientes a modificarem suas crenças; - Abordagem da autoestima, 
nessa estratégia, trabalha-se a redução da expectativa do desempenho em pacientes com 
Anorexia nervosa. O terapeuta auxilia o indivíduo a se apoiar em outro tipo de atributos além 
da aparência e a melhora em seus relacionamentos interpessoais, favorecendo a modificação 
do comportamento; - Avaliação da eficácia, a eficácia do tratamento em pacientes com 
Anorexia nervosa se dá através da manutenção da mudança, com isso devem ser utilizadas 
técnicas para o controle de recaídas, planejando estratégias para o aparecimento futuro de 
dificuldades, e saber lidar com elas. 
Estratégias para tratamento da Bulimia: - Controle dos episódios de compulsão 
alimentar (ECA) e da indução de vômito, segundo as autoras, nesse tipo de distúrbio devem-
se analisar todos os aspectos, em especial os métodos compensatórios e a ocorrência dos 
episódios. Nesses casos, o terapeuta ensina técnicas de autocontrole, como se expor 
gradualmente condições que favoreçam o aparecimento dos episódios, com o intuito de 
reduzir os facilitadores (ansiedade, tristeza, etc.) de ECA e indução de vômito; - Eliminação 
do uso de laxantes e diuréticos, a partir do momento que a alimentação de paciente com 
Bulimia vai se tornando mais regular, o uso de laxantes e diuréticos vão sendo diminuídos 
gradativamente; - Modificação do sistema de crenças, geralmente os pensamentos do paciente 
que sofre com Bulimia são extremistas, “tudo ou nada”. A terapia utilizada na modificação 
21 
 
desse sistema segue o mesmo princípio utilizado na “NA”; - Avaliação da eficácia, em 
associação com o tratamento farmacológico, esse tipo de terapia tem resultados satisfatórios 
no tratamento de pacientes com esse tipo de transtorno, favorecendo o aumento da autoestima 
e funcionamento social. 
 
Estratégias para tratamento do Transtorno da compulsão alimentar periódica 
(TCAP): - Modificação de hábitos alimentares, para ter êxito na mudança de hábitos 
alimentares em pacientes com TCAP, este é incentivado a se manter distante de alimentos que 
devem ser consumidos em pequenas quantidades, lembrando que dietas restritivas são 
contraindicadas nesses casos. A melhor estratégia é o controle de estímulos e a mudança 
gradual dos hábitos alimentares; - Aumentos da atividade física, neste caso são utilizados 
estratégias para adesão da atividade física, podendo esta ser flexível e dinâmico vindo até 
envolver outras pessoas, auxiliando assim no processo; - Abordagem da autoestima, quem 
sofre com esse tipo de transtorno, dá atenção excessiva à imagem corporal, associado a 
padrões corporais impostos pela sociedade. O terapeuta auxilia o paciente a buscar um 
equilíbrio entre a auto aceitação e a mudança; - Avaliação de eficácia, geralmente se obtém 
resultados a curtos prazos, mas ainda há dificuldades quanto à manutenção em longo prazo. 
Medicamentos associados à terapiaparecem surtir um efeito melhor. 
Estas são algumas das estratégias utilizadas por Duchesne e Almeida (2002) 
empregadas na Anorexia nervosa, Bulimia e TCAP. 
 
 
 
22 
 
5. METODOLOGIA DA PESQUISA 
A metodologia desta pesquisa apresentada é uma revisão científica de literatura, 
construída através de um levantamento bibliográfico nas bases de dados: National Library of 
Medicine (PUBMED), Livros, periódicos nacionais disponíveis em revistas ou jornais 
publicados em plataformas virtuais utilizando os descritores em saúde (DECS): Transtornos 
Alimentares (Bulimia, Anorexia e Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica), Nutrição, 
Nutrição Comportamental e Técnicas de Nutrição Comportamental. 
Deste modo utilizando Alvarenga como um dos autores base deste artigo houve uma 
abordagem total de dez técnicas utilizadas na Nutrição Comportamental, sendo também 
incluídos estudos que abordaram a Entrevista Motivacional, Comer Intuitivo, Comer em 
Atenção Plena e a Terapia Cognitivo-Comportamental, com indivíduos que sofrem de 
transtornos alimentares. Todos os estudos e abordagens selecionados e listados foram de 
publicações recentes, estudos publicados de cinco anos atrás ate a presente data de produção 
deste artigo. 
A seleção dos dados foi realizada em três etapas, a primeira delas foi uma busca ativa 
sobre o assunto a fim de obter um maior conhecimento científico e decisão da temática a ser 
abordada, em sequência, foi realizada uma filtragem por data e título de publicação, e por 
último a decisão final através de leitura minuciosa dos mesmos. 
Todo o processo de produção se deu por meio de estudos direcionados a temática 
escolhida, cada abordagem ou autor referenciado trás consigo a bagagem da nutrição 
comportamental, do estudo dos transtornos alimentares e das estratégias de abordagem e 
tratamentos dos mesmos. Dando assim um destaque especial ao Comer Intuitivo (Intuitive 
Eating) e o Comer com Atenção Plena ou Mindful Eating, pois, são técnicas que procuram 
atuar na mudança do comportamento alimentar, e na forma como as pessoas ministram os 
estímulos externos que impactam na sua forma de satisfação com a autoimagem e na própria 
relação com a comida. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
6. CRONOGRAMA 
Atividades Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio 
 
Pesquisa do 
tema 
X X 
 
Estudo 
bibliográfico 
 X 
 
Escolha dos 
Artigos de 
apoio 
 X X 
 
Produção do 
Artigo 
 X X X 
 
Entrega do 
Artigo 
monográfico 
 X 
 
Defesa da 
monografia 
 
 
24 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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