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Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4 
2 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA .................................................... 5 
2.1 Possíveis causas ................................................................................................ 8 
2.2 Sintomatologia .................................................................................................... 9 
2.3 A classificação .................................................................................................. 10 
2.4 O diagnóstico .................................................................................................... 11 
3 O BEM-ESTAR DO PACIENTE .............................................................................. 12 
3.1 Recomendações de atividade física para promoção de saúde em idosos ........ 13 
4 ALTERAÇÕES FUNCIONAIS NOS PACIENTES ................................................... 15 
4.1 Manifestações pulmonares ............................................................................... 15 
4.2 Manifestações extrapulmonares ....................................................................... 18 
4.3 Alterações musculoesqueléticas ....................................................................... 20 
5 REABILITAÇÃO PULMONAR ................................................................................. 21 
5.1 Avaliação inicial do paciente ............................................................................. 23 
5.2 A conscientização do paciente .......................................................................... 24 
5.3 Programas de reabilitação pulmonar................................................................. 25 
6 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO .................................................................... 26 
7 TÉCNICAS DESOBSTRUTIVAS CONVENCIONAIS.............................................. 32 
7.1 Drenagem postural ............................................................................................ 33 
7.2 Técnica de expiração forçada ........................................................................... 34 
7.3 Técnica de tosse (explosiva e huffing) .............................................................. 34 
8 TÉCNICAS DESOBSTRUTIVAS ATUAIS ............................................................... 35 
8.1 Drenagem autógena.......................................................................................... 35 
 
3 
 
8.2 Ciclo ativo da respiração ................................................................................... 35 
8.3 AFE (aceleração do fluxo expiratório) ............................................................... 36 
8.4 PEP ................................................................................................................... 36 
8.5 Flutter® ou Shaker® ......................................................................................... 36 
9 EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS ............................................................................ 37 
9.1 Treinamento intervalado .................................................................................... 38 
9.2 Treinamento de membros inferiores e superiores ............................................. 39 
9.3 Eletroestimulação neuromuscular (EENM) ....................................................... 39 
9.4 Treinamento da musculatura inspiratória .......................................................... 40 
9.5 Intensidade de treinamento ............................................................................... 40 
9.6 Frequência do treinamento ............................................................................... 41 
9.7 Terapia com suplementação de oxigênio .......................................................... 41 
9.8 Duração dos programas de exercício................................................................ 42 
9.9 Supervisão do treinamento ............................................................................... 42 
10 ESTRATÉGIAS ADICIONAIS PARA MELHORAR A PERFROMANCE AO 
EXERCÍCIO E/OU REDUZIR DISPNEIA ....................................................................... 43 
10.1 Exercícios respiratórios .................................................................................. 43 
10.2 Treinamento muscular inspiratório (TMI) ....................................................... 44 
10.3 Posicionamento corporal................................................................................ 44 
10.4 Exercícios respiratórios objetivando a redução da hiperinsuflação dinâmica e 
melhora da troca gasosa: freno labial, respiração lenta e profunda e expiração ativa 44 
10.5 Ventilação não invasiva ................................................................................. 45 
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 46 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para 
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça 
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
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2 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA 
 
Fonte: drpereira.com.br 
As doenças pulmonares obstrutivas podem ser agudas ou crônicas. As doenças 
obstrutivas agudas, quando tratadas, não evoluem para alterações perniciosas e o 
paciente retorna a sua funcionalidade integral, sem prejuízo recorrente na qualidade de 
vida. As doenças obstrutivas pulmonares crônicas (DPOC), entretanto, vêm 
apresentando alto índice de óbito de acordo com a Organização Mundial de Saúde 
(OMS). Segundo a mesma, as alterações das vias aéreas no decorrer do tempo mostram 
um maior nível de gravidade, refletindo na redução da atividade física, que interfere nas 
atividades da vida diária e no número de internações decorrentes do agravamento do 
quadro sintomatológico. 
As DPOC acometem homens e mulheres, sendo menor a prevalência em 
mulheres. Segundo o estudo de Lokke et al., a DPOC não tem relação direta com o 
gênero, mas, sim, com fatores como a idade e o tabagismo. Ainda segundo o autor, a 
doença ultrapassa o sistema pulmonar, expandindo-se com repercussões orgânicas, 
sendo analisada como uma condição sistêmica. 
https://drpereira.com.br/
 
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A prescrição e o acompanhamento dos pacientes portadores de DPOC pela 
fisioterapia respiratória é, indispensável para reduzir o impacto das resultâncias 
sistêmicas. A limitação crônica do fluxo expiratório da DPOC, normalmente relacionada 
aos sintomas de aumento da produção de muco, dispneia e tosse, é uma avaliação 
importante para caracterizar a gravidade da doença e direcionar a escolha do tratamento. 
(DOMINGUES, P. W.; ALMEIDA, A. F. 2010). 
Quanto aos sintomas, foi publicado um estudo de coorte estável, em 2011, no 
qual 298 pacientes responderam a um questionário sobre qual sintoma os levou a buscar 
atendimento médico. O resultado indicou que a dispneia prevalece, seguida da tosse 
seca e com expectoração. (DOMINGUES,P. W.; ALMEIDA, A. F. 2010). 
O diagnóstico e a gravidade da DPOC são definidos a partir dos parâmetros de 
função pulmonar, de acordo com as orientações da Global Initiative for Chronic 
Obstructive Lung Disease (GOLD). Apesar das caracterizações clínicas estarem 
estabelecidas, ainda é necessário um maior conhecimento dos vários estágios da 
doença. (DOMINGUES, P. W.; ALMEIDA, A. F. 2010). 
As doenças obstrutivas agudas ou crônicas apresentam alterações patológicas 
que impedem/limitam o fluxo aéreo de forma leve, moderada ou grave. Podem estar 
relacionadas com: a) estreitamento das vias aéreas por broncoespasmo (contração da 
musculatura lisa) e inflamação e edema da mucosa (bronquite); b) presença de material 
intrabrônquico, como secreções e tumores; c) compressão extrínseca (tumores), 
alterando a função pulmonar do paciente. (DOMINGUES, P. W.; ALMEIDA, A. F. 2010). 
Para caracterizar as alterações patológicas do sistema respiratório, vale ressaltar 
as suas funções fisiológicas. O aparelho respiratório, isento de doenças, apresenta 
mecanismos de defesa importantes e eficientes para a manutenção da sua 
funcionalidade. As defesas são divididas em imunológica (natural e adquirida) e mecânica 
(relativa à estrutura pulmonar). São elas que mantêm íntegras as condições para a troca 
gasosa, a filtração aerodinâmica – que está relacionada ao tamanho do material inalado, 
concorrendo para a sua deposição na mucosa – e o transporte mucociliar, responsável 
pela eliminação do muco em direção a orofaringe. (DOMINGUES, P. W.; ALMEIDA, A. F. 
2010). 
 
7 
 
Estes mecanismos de defesa, nas doenças obstrutivas, podem estar gravemente 
comprometidos, propiciando infecções respiratórias, agudizando a doença e piorando a 
função pulmonar já comprometida. A prevenção, a partir da supressão dos fatores de 
risco e o controle da progressão da doença obstrutiva podem ser imprescindíveis no 
impacto (positivo) da qualidade de vida, através de programa de tratamento integral. Aqui 
inclui-se a fisioterapia respiratória, de acordo com diversos autores como BELLAMY ET 
AL., GULINI E KUNIKOSHITA ET AL (2006). 
A prescrição da fisioterapia respiratória deve estar pautada no tempo e gravidade 
da doença, na relação do paciente com a mesma e nas comorbidades apresentadas, 
assim como a frequência e a duração do tratamento. Porém, deve ser levado em conta 
que a intervenção fisioterapêutica – iniciada imediatamente após o diagnóstico da doença 
obstrutiva e realizada regularmente pelo paciente – minimiza os efeitos deletérios da 
obstrução. (BELLAMY ET AL., GULINI E KUNIKOSHITA ET AL 2006). 
As vias obstruídas não são ventiladas e prejudicam as trocas gasosas, 
provocando hipoxemia e infecções por crescimento de micro-organismos. As 
consequentes alterações sistêmicas incluem complicações musculoesqueléticas e queda 
da endurance, prejudicando a qualidade de vida do portador de DPOC. (BELLAMY ET 
AL., GULINI E KUNIKOSHITA ET AL 2006). 
A fisioterapia respiratória nas doenças obstrutivas tem como objetivo tratar o 
paciente proporcionando a melhora da sua funcionalidade pulmonar através da limpeza 
brônquica, estimulando a eliminação das secreções, relaxando a musculatura brônquica, 
otimizando a ventilação pulmonar e melhorando o condicionamento cardiopulmonar do 
paciente. (BELLAMY ET AL., GULINI E KUNIKOSHITA ET AL 2006). 
Os métodos de avaliação da fisioterapia respiratória serão os parâmetros de 
evolução da doença. São eles: a anamnese, o exame físico, a oximetria, a análise do 
condicionamento cardiopulmonar, assim como os testes de função pulmonar, gasometria 
e radiografia de tórax. Dados subjetivos – como a percepção de dispneia, fadiga e dor, 
avaliados pelas escalas de Borg e visual analógica – são importantes para avaliação 
qualitativa. Os exames ergométricos, como o teste de caminhada em seis minutos e o 
teste do degrau, também são avaliações importantes para determinar o condicionamento 
 
8 
 
cardiopulmonar dos pacientes. (BELLAMY ET AL., GULINI E KUNIKOSHITA ET AL 
2006). 
A intervenção da fisioterapia respiratória nas doenças obstrutivas pulmonares e, 
principalmente, na DPOC promove evidente benefício relativo à ventilação pulmonar. 
Tendo sido feitas as devidas considerações, nos capítulos a seguir será demonstrado a 
intervenção da fisioterapia respiratória nas alterações patológicas da obstrução brônquica 
e sua consequente otimização na ventilação pulmonar. (BELLAMY ET AL., GULINI E 
KUNIKOSHITA ET AL 2006). 
 
A DPOC é reconhecida como uma doença que afeta o trato respiratório de forma 
sistêmica onde ocorre uma inflamação no pulmão devido a inalação de fragmentos de 
gases tóxicos, ocorrendo principalmente em adultos de ambos os gêneros que tenham 
histórico longo de tabagismo, ocorrendo com maior prevalência em indivíduos com idade 
igual ou superior aos 40 anos. Esta inflamação afeta os alvéolos, brônquios e altera as 
estruturas das células do parênquima pulmonar resultando em uma obstrução das vias 
aéreas de forma fixa e progressiva. (MACHADO, 2010) 
A DPOC tornou-se um grave problema de saúde pública, sua incidência 
populacional tem aumentado significativamente no decorrer dos anos. Atualmente, a 
mesma se encontra classificado em terceiro lugar nas causas de morte quando 
relacionado as doenças crônicas no Brasil, além de ser um meio que predispõe a outras 
doenças e morbidades que juntas conferem um fator agravante a qualidade de vida de 
seu portador. (MACHADO, 2010) 
2.1 Possíveis causas 
Dentre as causas e fatores que contribuem diretamente para ocorrência da 
doença pulmonar crônica está a inalação de partículas de fumaça como: fumaça de 
cigarro, queima de materiais de biomassa, exposição a componentes químicos por tempo 
prolongado como em ambiente ocupacional. Sendo que, a principal causa já identificada 
é a inalação da fumaça de cigarro (tabagismo). (JARDIM, PINHEIRO E OLIVEIRA 2009) 
 
9 
 
Segundo Jardim, Pinheiro e Oliveira (2009), cerca de 90% dos portadores 
adquirem a doença decorrente do uso de cigarro por um longo período, normalmente 
superiores aos vinte anos de uso. 
A doença crônica apresenta sinais característicos vistos como clássicos que 
remete a sintomatologia apresentada na bronquite crônica e ao enfisema pulmonar, no 
qual ocorrem alterações estruturais nos brônquios, ocorrendo a obstrução e a destruição 
nas células do parênquima pulmonar no enfisema pulmonar, em que ambos resultam no 
comprometimento respiratório. (JARDIM, PINHEIRO E OLIVEIRA 2009) 
Além disso, a DPOC pode também estar relacionada a fatores hereditários, visto 
que nem todos os fumantes adquirem a doença. Um fator genético inclui a deficiência da 
glicoproteína de α1antripsina que é considerada rara, mas que ocorre em alguns 
portadores na fase precoce da doença. Outros fatores: desenvolvimento pulmonar 
inadequado, infecções respiratórias virais e bacterianas frequente desde a infância. 
(JARDIM, PINHEIRO E OLIVEIRA 2009) 
2.2 Sintomatologia 
As primeiras manifestações clínicas da doença ocorrem com a inflamação 
pulmonar devido as partículas tóxicas, ocorre então o espessamento das paredes 
brônquicas levando a obstrução das vias aéreas, a inflamação resultam em lesões nos 
alvéolos e nos capilares pulmonar, ocorrem déficit no funcionamento dos componentes 
elásticos do pulmão, retraindo a musculatura pulmonar o músculo diafragma principal da 
espiração passa a se retrair dificultando sua ação e consequentemente limitando o fluxo 
do processo de ventilação e de troca gasosa. Com a patologia instalada o indivíduo passa 
apresentar alguns sintomas mais característicos da doença, como dispneia (principal 
sintoma), tosse persistente, expectoração, hipersecreção pulmonar, presença de sibilos. 
Devido a obstrução brônquica e a retração pulmonar o portador tende a reter mais ar que 
o normal no volume pulmonar iniciando a inspiração antes mesmo de finalizar a expiraçãoadequada, ocasionando a hipersulflação pulmonar por retenção de ar com sinal 
característico de tórax de tonel. (JARDIM, PINHEIRO E OLIVEIRA 2009) 
 
10 
 
A sintomatologia da DPOC não se limita ao sistema pulmonar, sendo então vista 
como uma condição sistêmica em que pode comprometer o funcionamento de vários 
órgãos e sistemas do corpo. Os portadores apresentam limitações durante a realização 
de alguns exercícios provocando modificações nas trocas gasosas que levam a fadiga e 
cansaço precoce, tem-se a perda da força dos músculos respiratórios e musculatura 
periférica de membros superiores (MMSS), e inferiores (MMII). No período em que os 
pacientes executam as atividades cotidianas relatam que sentem um desconforto 
respiratório (dispneia), logo como mecanismo inibidor da dispneia tendem a assumir um 
estilo de vida sedentário sem realizar exercícios físicos, ocasionando maiores 
comprometimentos devido sua progressão (SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
Na fase inicial da doença a fadiga ocorre com a realização de grandes esforços, 
e posteriormente passa a ocorrer aos mínimos esforços executados nas atividades 
diárias (FARESI ET AL., 2014). 
Além dos sintomas respiratórios, a doença resulta na perda de peso, diminuição 
da massa corporal, afeta o psicológico do indivíduo; pode surgir casos de ansiedade e 
depressão, anemia, e surgimento de doenças associadas como pneumonia, 
pneumotórax, e comorbidades como: osteoporose e doenças coronarianas, conferindo 
um fator agravante para a redução da qualidade de vida do paciente, sendo clara então 
a importância de se realizar um meio de tratamento visando a não progressão da doença. 
(SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
2.3 A classificação 
Acerca da gravidade da DPOC, a mesma é identificada através do quatro de 
classificações da Iniciativa Global para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD): I- 
Leve; II- Moderado; III- Grave; e IV- Muito Grave. 
A classificação é realizada por meio do teste de espirometria que permite 
identificar a funcionalidade da mecânica pulmonar após o uso do broncodilatador (BD) 
através dos valores fornecidos pelo volume expiratório forçado (VEF1) nos primeiros 
segundos, e correlacionar com os valores da capacidade vital forçada (CVF). Para a 
compreensão do teste de espirometria foram padronizados o valor normal de VEF1 e 
 
11 
 
CVF igual a 0,70 para os valores fisiológicos normal de uma expiração, logo se um 
indivíduo obter valores inferiores a este representará uma possível obstrução e limitação 
do fluxo de ar. Os valores para cada classificação da doença estão dispostos no Tabela 
1 a seguir. 
 
 
Fonte: http://www.sopterj.com.br 
Na fase inicial da doença, a espirometria é um teste primordial, onde há presença 
de sintomas características da doença, e relatos de tabagismo ou atividades que 
envolvam a inalação de fumaça por tempo prolongado, sendo que, caso comprovada a 
patologia, é necessário a execução anual do teste para se ter um acompanhamento 
adequado da evolução da doença e diagnóstico precoce em casos onde se tenham uma 
progressão da limitação do fluxo aéreo. (SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
2.4 O diagnóstico 
A doença é diagnosticada a partir da chegada do paciente ao centro de 
atendimento, sendo avaliado se o mesmo se queixa de dispneia, aumento ou alterações 
na produção de escarro e tosses persistentes, presença de sibilos durante a ausculta. 
Deve-se verificar se o paciente é fumante, ou ex-fumante, o tempo estimado de uso, ou 
se ficaram em exposição a fumaças nocivas, e a idade (igual ou superior aos 40 anos). 
Assim após esses resultados pode se realizar a avaliação espirométrica, que é a principal 
forma de diagnóstico e de acompanhamento realizada para analisar os graus e níveis de 
http://www.sopterj.com.br/
 
12 
 
limitações da respiração, sendo de ampla importância em casos de suspeitas da DPOC. 
(SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
A radiografia de tórax pode demonstrar sinais da doença com o aumento da 
estrutura pulmonar, e a retração do músculo diafragma. A radiografia convém tanto para 
diagnóstico como também para identificar as estruturas pulmonares e se há 
anormalidades existentes como o surgimento de doenças associadas. (SILVA E 
BROMERSCHNKEL, 2013). 
A tomografia pode auxiliar na melhor visualização dos danos e estruturas 
pulmonar e de junção de outras doenças. (SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
A gasometria arterial é utilizada em casos de hipoxemia ou também na presença 
de maior retenção de Co² que caracteriza a hipercapnia. Inicialmente é feita a avaliação 
da oxigenação pela oximetria de pulso (não invasiva), e em caso de os valores dos níveis 
de saturação sejam inferiores aos 90% pode ser indicado a realização da gasometria 
arterial. A gasometria é um exame invasivo que irá apresentar saturação de oxigênio e 
alterações no pH sanguíneo, caso haja, os níveis de Co2 e bicarbonato que quando 
alterados dão indício de doenças instaladas, essa medida é realizada principalmente em 
casos onde há a exacerbação da doença, pois obtém um resultado mais amplo dos gases 
sanguíneo (O² e Co²). (SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
A mensuração dos níveis da α1-antripsina, podem ser solicitados para aqueles 
pacientes que possuem histórico familiar de doenças crônicas. Em caso de confirmação 
após os exames devem ser iniciadas o programa de tratamento para evitar a progressão 
da mesma. (SILVA E BROMERSCHNKEL, 2013). 
3 O BEM-ESTAR DO PACIENTE 
A qualidade de vida é definida como um estado de bem-estar no qual pode ser 
alterada por diversos fatores como o impacto de doenças, comprometendo a saúde física 
e psicológica e seu nível de autonomia em relação a vivencia diária. (ARAÚJO, 2013). 
O bem-estar dos pacientes com doenças pulmonares crônicas frequentemente 
diminui substancialmente devido aos comprometimentos sistêmicos como falta de ar, 
fadiga precoce, esses fatores fazem com que o paciente reduza algumas atividades que 
 
13 
 
costumava fazer, aos poucos parando de realiza-las devido a doença sem ao menos se 
dar conta. Uma vida sedentária, sem prática de exercícios regulares, e um treinamento 
adequado possibilita a predisposição e predominância de comorbidades como ansiedade 
e depressão, além de ouras doenças que afetam de forma significativa tanto seus 
portadores como os familiares. (ARAÚJO, 2013). 
Diversos estudos apontam que esses pacientes têm apresentado altos índices 
de depressão, ansiedade, constituindo uma das mais comuns comorbidades encontradas 
na DPOC. Conforme apresentado por Araújo (2012), os valores de prevalência da 
depressão e ansiedade encontram-se entre 10 a 40%, possuindo uma variável de acordo 
com a classificação GOLD, logo quanto maior o nível da doença maior o agravante a 
qualidade de vida, sobretudo no nível mais grave devido ocorrer mais casos de 
exacerbações com o aumento da sintomatologia (ARAÚJO, 2013). 
A partir do momento que passou a dar maior importância em se identificar esses 
fatores que acometem e danificam o bem estar do paciente, foram desenvolvidos 
questionários avaliativos para se obter resultados em relação a percepção da qualidade 
de vida do paciente em geral após a doença, como: SF-36 que é para avaliar a qualidade 
de vida em geral, e aqueles questionários específicos desenvolvidos para casos de 
pacientes portador de doenças respiratórias como o questionário em respiratória de Saint 
George e o Chronic Respiratory, ambos os questionários já possuem validação para 
utilização pelos profissionais no Brasil, sendo de grande proveito para busca e avaliação 
de forma mais aprofundada sobre a relação do portador com a doença e a execução de 
suas atividades de vida diária, de forma que possa analisar os comprometimentos, 
sintomas e dificuldades maiores do mesmo pós a doença e assim traçar o programa de 
tratamento com a equipe multidisciplinar visando proporcionar um melhor conforto, 
independênciae adaptação ao como viver melhor com a doença. (ARAÚJO, 2013). 
3.1 Recomendações de atividade física para promoção de saúde em idosos 
Para promover e manter a saúde, idosos precisam de atividade física aeróbica 
de intensidade moderada por, no mínimo, 30 minutos por 5 dias na semana ou atividade 
física de alta intensidade por, no mínimo, 20 minutos 3 vezes na semana. Também é 
 
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possível atingir essas recomendações engajando-se em vários blocos de atividades com 
duração de, no mínimo, 10 minutos. As atividades podem incluir aquelas do dia a dia 
(realizadas como parte da vida diária, como subir escadas ou caminhar rapidamente) ou 
exercícios estruturados ou esportes, ou a combinação deles. Intensidades moderada e 
alta devem ser determinadas relativamente ao condicionamento aeróbico individual. 
Numa escala modificada de sensação de esforço subjetivo, isso corresponderia a 
exercícios numa intensidade de 5 ou 6 (de 10) para moderada e de 7 a 8 (de 10) para 
alta intensidade. Esse nível recomendado de atividade aeróbica deve ser acrescentado 
às atividades rotineiras da vida diária. (ARAÚJO, 2013). 
Em estudos com idosos saudáveis e doentes, a estratégia de mudança de 
comportamento que produziu efeitos mais consistentes em aumentar a participação em 
atividades físicas na vida diária foi o automonitoramento. Intervenções são mais bem-
sucedidas quando incluem o estabelecimento de objetivos em colaboração, estratégias 
para superação de barreiras e monitoração do progresso. Questionários curtos ou 
sensores de movimento podem ser usados durante as intervenções de atividade física 
para facilitar a avaliação do seguimento e automonitoramento da mudança 
comportamental. (ARAÚJO, 2013). 
Técnicas de entrevista motivacional podem ser usadas para motivar pacientes a 
mudar seu comportamento de atividade física com interesse por sua própria saúde. A 
entrevista motivacional é um estilo de consultoria que evita que terapeuta e paciente 
entrem em longas sessões de aconselhamento. O fisioterapeuta deve ajudar o paciente 
a explorar ambivalência no que diz respeito à mudança de comportamento e finalmente 
ajudá-lo a expressar seus próprios argumentos para a mudança. (ARAÚJO, 2013). 
Após a avaliação, informação e concordância sobre o plano de ação, o quarto e 
o quinto “A” (Auxílio e Administrar Seguimento) são de fundamental importância. Esses 
podem ser perfeitamente implementados num plano de tratamento de fisioterapia, já que 
o terapeuta tem tempo suficiente para estabelecer um relacionamento de colaboração 
com o paciente no curso de várias terapias. Diários de atividades, pedômetros ou 
equipamentos mais avançados são potencialmente úteis como ferramentas de 
automonitoramento e feedback durante essas intervenções. Sessões de seguimento 
regulares devem ser organizadas para avaliar os resultados e discutir problemas ou 
 
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barreiras que possam surgir durante o processo de mudança comportamental. A 
educação do paciente é uma responsabilidade dividida entre o paciente e profissionais 
de saúde, mas também envolve a família do paciente. (ARAÚJO, 2013). 
4 ALTERAÇÕES FUNCIONAIS NOS PACIENTES 
 
Fonte: https://www.brasil247.com 
4.1 Manifestações pulmonares 
Nos pacientes com DPOC, os déficits fisiológicos impostos pela natureza 
progressiva da doença, incluindo limitação ao fluxo aéreo e hiperinsuflação, levam à 
redução da tolerância ao exercício, que, por sua vez, levam a uma limitação das 
atividades e ao descondicionamento. Os sintomas de dispneia causam restrições nas 
atividades de vida diária (AVDs) que irão afetar a qualidade de vida. (CELLI ET AL., 
2008). 
https://www.brasil247.com/
 
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Agravamentos agudos, definidos como piora sustentada (≥ 48 horas) da dispneia, 
tosse e produção de escarro, levando ao aumento da utilização das medicações de 
manutenção ou suplementação com medicação adicional, representam a principal causa 
de visitas médicas, admissões hospitalares e morte entre os pacientes DPOC. 
Agravamentos frequentes resultam em um declínio acelerado da função pulmonar. Dessa 
forma, é imprescindível que estratégias de prevenção sejam adotas e as exacerbações 
sejam identificadas e tratadas precocemente. (CELLI ET AL., 2008). 
Pacientes com DPOC experimentam aproximadamente duas crises por ano, e os 
pacientes que apresentam maiores episódios de crises apresentam pior qualidade de 
vida. Entre as estratégias que visam prevenir as exacerbações, encontram-se a cessação 
do hábito de fumar e a reabilitação pulmonar. Pacientes com DPOC apresentam uma 
importante fraqueza dos músculos inspiratórios, que pode contribuir para a dispneia e 
redução do desempenho ao exercício. A principal causa da fraqueza desses músculos é 
a hiperinsuflação pulmonar, que deprime a cúpula do diafragma, encurtando suas fibras, 
além de acarretar mudanças geométricas nos músculos intercostais, fazendo com que 
estes músculos trabalhem em uma porção ineficaz da curva comprimento/tensão. (CELLI 
ET AL., 2008). 
A hiperinsuflação pulmonar é uma característica reconhecida da DPOC. Em 
indivíduos normais, o exercício produz aumento do volume corrente secundário ao 
aumento do volume pulmonar ao final da inspiração e redução no volume pulmonar ao 
final da expiração ou capacidade residual funcional. Na DPOC, em contraste, os 
pacientes apresentam aumento no volume pulmonar ao final da expiração com o 
exercício, reduzindo a capacidade inspiratória e fazendo com que o volume pulmonar ao 
final da inspiração aproxime-se da capacidade pulmonar total. Hiperinsuflação estática 
representa uma elevação permanente no volume pulmonar ao final da expiração, 
causado por mudanças nas propriedades elásticas dos pulmões que ativam aumentos 
dos volumes pulmonares. Algumas evidências suportam o uso da hiperinsuflação como 
um marcador da mortalidade na DPOC. (CELLI ET AL., 2008). 
A mobilidade torácica também influencia a função pulmonar e deve ser avaliada 
no paciente com DPOC. A mobilidade torácica depende das articulações 
costotransversas, costovertebrais e seus músculos associados. A restrição mecânica da 
 
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parede torácica durante o exercício induz grave dispneia, mesmo em indivíduos 
saudáveis. Engel & Vemulpad (2009), mostraram que uma combinação de terapia 
manual direcionada aos tecidos posteriores da parede torácica após os exercícios em 
indivíduos normais e não fumantes melhorou a função pulmonar, além de minimizar 
alguns efeitos respiratórios negativos do exercício. (CELLI ET AL., 2008). 
Pacientes com DPOC, quase sempre, apresentam aumento da secreção de 
muco nas vias aéreas e hipertrofia das células produtoras de muco, levando à obstrução 
das vias aéreas, aumento da resistência das vias aéreas, limitação ao fluxo aéreo, 
aprisionamento aéreo e aumento do volume residual, diminuindo a eficiência do 
diafragma e reduzindo a capacidade para o exercício. Regiões pulmonares pobremente 
ventiladas causam alterações da relação ventilação/perfusão e hipoxemia. (CELLI ET 
AL., 2008). 
Quando o paciente não consegue expectorar as secreções pulmonares, devem 
ser adotadas estratégias que visem facilitar o clearance das secreções, visto que o 
acúmulo pode promover colonização bacteriana, infecções torácicas repetidas e 
exacerbações das condições crônicas. Hipersecreção mucosa crônica é associada com 
piora das variáveis clínicas, incluindo função pulmonar, risco de hospitalização e morte 
(VALDERRAMAS E ATALLAH, 2009). 
Indivíduos que apresentam risco para desenvolver DPOC (estágio 0) são 
frequentemente caracterizados por uma espirometria normal na presença de sintomas 
crônicos como tosse e produção de escarro. Neste grupo, a principal intervenção consiste 
em evitar os fatores de risco. As recomendações incluem sessões educacionais, parar 
de fumar e vacinação contra influenza. Exercícios são benéficos em todos os níveis de 
DPOC por melhorar o desempenho cardiovascular,a função muscular, a força muscular 
e a endurance, que irão reduzir o desconforto respiratório e a fadiga. (VALDERRAMAS 
E ATALLAH, 2009). 
Ainda que nenhuma medida fisiológica simples possa capturar os múltiplos 
fatores que elevam o risco de morte nos pacientes com DPOC, uma redução no volume 
expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) tem sido associada com aumento da 
mortalidade nesses pacientes. Durante muito tempo, o VEF1 foi utilizado como a principal 
 
18 
 
variável determinante da doença, de sua gravidade e da resposta a diferentes 
modalidades de tratamento (CELLI ET AL., 2008). 
Todavia, o declínio anual da distância percorrida no teste de caminhada de seis 
minutos é maior nos doentes mais graves, em contraste com a taxa de declínio do VEF1, 
que não mostra mudanças significativas. Portanto, a distância percorrida no teste de 
caminhada de seis minutos é o parâmetro mais sensível para detecção de mudanças 
clínicas do que os testes de função pulmonar, devendo ser utilizada de forma rotineira na 
DPOC grave. (CELLI ET AL., 2008). 
4.2 Manifestações extrapulmonares 
As DPOC afetam inicialmente a função pulmonar, mas frequentemente ocorrem 
manifestações extrapulmonares. As comorbidades que ocorrem na DPOC incluem 
doença cardiovascular, câncer de pulmão, descondicionamento, intolerância ao 
exercício, fraqueza muscular, perda de peso acentuada ou obesidade, diabetes, 
osteoporose, ansiedade e depressão. Todas as comorbidades estão associadas com 
altos níveis de morbidade e mortalidade, sendo comum que eles venham a falecer das 
outras doenças e não da DPOC. Dependendo das características da amostra estudada, 
aproximadamente 1/3 a 1/2 das mortes são devido a causas diferentes de DPOC (CELLI 
ET AL., 2008). 
Outro fator importante que influencia o prognóstico e o tratamento é o peso 
corporal do paciente. Pacientes com perda de peso e baixo índice de massa corpórea 
(IMC) possuem um pior prognóstico. Pacientes com sobrepeso tendem a apresentar uma 
limitação da ventilação em exercícios de baixa intensidade (CASABURI & ZUWALLACK, 
2009). 
Os sintomas neuropsiquiátricos associados com a DPOC incluem desconforto 
psiquiátrico elevado, bem como problemas em funções neuropsicológicas. As desordens 
psiquiátricas mais prevalentes incluem depressão e ansiedade. Disfunções 
neuropsicológicas são geralmente evidentes nos déficits em resolver problemas e 
dificuldades com pensamentos abstratos e tarefas sequenciais. (CASABURI & 
ZUWALLACK, 2009). 
 
19 
 
Dos pacientes com DPOC, 6% apresentam sintomas de depressão ou depressão 
clínica. A depressão nos pacientes com DPOC é caracterizada por falta de esperança e 
pessimismo, redução do sono, redução do apetite, aumento da letargia, dificuldade de 
concentração e afastamento social. Depressão é associada com comprometimento das 
habilidades funcionais e do desempenho nas AVDs, redução do cuidado com a própria 
saúde, dificuldade em controlar os sintomas de exacerbação da doença e redução dos 
hábitos de higiene (EMERY ET AL., 2008). 
Os sintomas depressivos são fatores prognósticos independentes para 
mortalidade entre pacientes DPOC estáveis, mesmo quando são considerados fatores 
de risco como idade, sexo e capacidade de exercício. Existem algumas possíveis 
explicações para essa associação. Primeiro, depressão pode afetar o funcionamento de 
eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal, deteriorando o estado de saúde. Segundo, os 
sintomas de depressão podem dificultar o autocuidado, refletindo na ingesta nutricional 
insuficiente, não cessação de fumar, baixos níveis de atividade, não aderência ao 
tratamento medicamentoso, além de iniciação de um plano de ação para evitar 
exacerbações ou tratar os sintomas com mais cuidado (VOOGD ET AL., 2009). 
Acerca da ansiedade, alguns dados indicam a prevalência variando de 2 a 50% 
nos pacientes com DPOC. Ansiedade é associada com redução das habilidades 
funcionais e recorrente hospitalizações. Os sintomas de ansiedade são manifestados de 
diversas formas, incluindo sinais fisiológicos de excitação, como taquicardia, sudorese e 
dispneia. Os sintomas de ansiedade podem se sobrepor aos sintomas de depressão. 
Mais de 41% dos pacientes podem apresentar ataques de pânico (EMERY ET AL., 2008). 
Déficits neuropsicológicos que não estão relacionados à idade têm sido 
observados nos pacientes com DPOC. Déficit cognitivo é associado com mortalidade e 
pode comprometer o tratamento. Não é certo se esses déficits podem ser relacionados à 
hipoxemia. Os comprometimentos encontram-se principalmente relacionados a 
processamento verbal, atenção, pensamento dedutivo, habilidades de desenho, 
reconhecimento passivo, razões abstratas, memória, linguagem e velocidade de 
desempenho. Inteligência verbal parece não ser afetada. (EMERY ET AL., 2008). 
 
20 
 
4.3 Alterações musculoesqueléticas 
A principal manifestação sistêmica é a disfunção musculoesquelética, que afeta 
tanto os músculos respiratórios quanto os músculos periféricos. Análises do tecido 
muscular de membros inferiores revelam redução da atividade enzimática aeróbica, baixa 
fração de fibras musculares tipo I, redução da capilaridade, presença de células 
inflamatórias e aumento da apoptose. Tais alterações tendem a reduzir a capacidade 
aeróbica, ocasionado acidose lática precoce, de forma que a fadiga muscular ocorre em 
nível de atividade pouco intenso. O metabolismo anaeróbico contribui para o aumento da 
demanda ventilatória. Em alguns pacientes com DPOC, a fadiga é mais responsável pela 
intolerância ao exercício do que a dispneia. (EMERY ET AL., 2008). 
A fraqueza muscular que ocorre no DPOC é devida a múltiplos fatores, incluindo 
descondicionamento, inflamação sistêmica presente no período de exacerbações, 
estresse oxidativo, desequilíbrio nutricional, redução do anabolismo, costicosteróides 
sistêmicos, hipoxemia, hipercapnia, distúrbios eletrolíticos, falência cardíaca. O fator mais 
importante parece estar relacionado à inatividade e inflamação sistêmica. A inatividade 
está presente precocemente no curso da doença. A inflamação sistêmica está 
predominantemente presente durante os períodos de exacerbações dos sintomas 
(DECRAMER, 2008). 
A debilidade do principal músculo locomotor, o quadríceps, bem como a redução 
na área de seção transversa desse músculo, parecem predizer melhor a sobrevida de 
pacientes na fase avançada da doença do que o VEF1 reduzido. Está bem estabelecido 
que a capacidade para o exercício, medida através do Índice de BODE (IMC, obstrução 
ao fluxo aéreo, dispneia, capacidade para o exercício) ou em teste laboratoriais, é 
preditora da sobrevida melhor do que o VEF1, e o IMC. A atividade física prediz o 
prognóstico na DPOC e pode ter impacto na frequência de declínio da função pulmonar. 
(DECRAMER, 2008). 
 
 
 
 
21 
 
5 REABILITAÇÃO PULMONAR 
Segundo a American Thoracic Society (ATS) e a European Respiratory Society 
(ERS), reabilitação pulmonar é definida como uma intervenção multidisciplinar para 
pacientes com DPOC que são sintomáticos e que apresentam redução das AVDs. 
Integrado ao tratamento individualizado do paciente, a reabilitação pulmonar é designada 
para reduzir os sintomas, otimizar o estado funcional, aumentar a adesão ao tratamento 
e reduzir os custos com a saúde por estabilizar ou reverter as manifestações sistêmicas 
da doença (ZUWALLACK, 2008). 
A maioria dos programas de reabilitação pulmonar inclui componentes para 
avaliação do paciente, exercícios de treinamento, sessões educativas, intervenção 
psicossocial e avaliação dos resultados, sendo recomendada inclusive para os casos 
mais graves. (ZUWALLACK, 2008). 
A reabilitação pulmonar melhora a dispneia, a capacidade para o exercício e o 
estado de saúde de forma mais eficaz que outras terapias, incluindo broncodilatadores 
ou suplementação de oxigênio. Pacientes com DPOC adotam, frequentemente e 
inconscientemente,um estilo de vida sedentário, provavelmente devido ao estresse 
ocasionado pela dispneia e fadiga ao exercício. A dispneia ao exercício costuma se 
desenvolver gradualmente, e o paciente pode atribuí-la ao processo normal de 
envelhecimento. O descondicionamento físico resultante e as alterações na estrutura e 
função dos músculos periféricos resultam em mais dispneia e fadiga ao exercício, levando 
a mais sedentarismo. Por isso a reabilitação pulmonar interrompe esse ciclo vicioso, 
especialmente por aumentar a capacidade para o exercício e promover atividade física. 
Exercícios de treinamento, principalmente de alta intensidade, tendem a favorecer 
alterações bioquímicas nos músculos. (ZUWALLACK, 2008). 
A intolerância ao exercício é o principal problema do paciente com DPOC, e 
estratégias para melhorar o funcionamento dos músculos são necessárias para reduzir 
essa limitação funcional. Exercícios de treinamento de alta intensidade fornecem mais 
benefícios fisiológicos e maiores aumentos na capacidade de exercício. A intensidade do 
treinamento no paciente com DPOC é afetada por distúrbios respiratórios, 
cardiovasculares e dos músculos periféricos, além da motivação. Na reabilitação 
 
22 
 
pulmonar, intensidade de treinamento de 60% ou mais da capacidade de exercício é uma 
meta razoável. (ZUWALLACK, 2008). 
A reabilitação pulmonar contribui significativamente com a melhora da função 
psicológica, incluindo redução da depressão e da ansiedade, além de aumentar o 
desempenho cognitivo. A redução da depressão após o exercício pode resultar tanto de 
influências biológicas quanto de influências comportamentais. O aumento de endorfinas 
e encefalinas após o exercício é associado com redução da depressão. Além disso, o 
exercício aumenta a viabilidade dos neurotransmissores cerebrais, como serotonina, 
dopamina e norepinefrina, que está reduzida em indivíduos depressivos. O exercício 
também parece estar associado com redução das citocinas pró-inflamatórias, que estão 
associadas com humor depressivo e desconforto psiquiátrico geral, além de aumentar o 
fluxo sanguíneo cerebral, aumentar o transporte e a utilização do oxigênio no cérebro e 
aumentar a atividade metabólica cerebral. Mecanismos comportamentais também são 
hipotetizados. (ZUWALLACK, 2008). 
Além disso, o exercício pode fornecer uma distração de preocupações ou maior 
engajamento em pacientes que são mais susceptíveis à depressão. Exercícios em grupo 
fornecem contatos sociais regulares e suporte social, podendo reduzir a depressão em 
indivíduos isolados socialmente. (ZUWALLACK, 2008). 
A redução da ansiedade ocorre tanto por mecanismos biológicos quanto 
comportamentais. Como os sintomas de ansiedade podem imitar os sintomas da doença 
respiratória, os exercícios de reabilitação permitem que os pacientes experimentem seus 
sintomas de forma segura, permitindo que distingam entre os sintomas emocionais e 
físicos. (ZUWALLACK, 2008). 
A reabilitação pulmonar combina exercícios com sessões educativas, visando 
reduzir a dispneia, melhorar o estado de saúde e reduzir os custos com medicamentos e 
hospitalizações. Apesar das recomendações, apenas uma pequena fração dos pacientes 
portadores de DPOC tem acesso a programas de reabilitação em todo o mundo 
(MALTAIS ET AL., 2008). 
A reabilitação pulmonar não melhora diretamente a função pulmonar. O que 
ocorre é uma otimização da função de outros sistemas, de forma que o efeito da 
disfunção pulmonar é minimizado, além de aumentar a tolerância ao exercício, reduzir a 
 
23 
 
dispneia e melhorar a qualidade de vida. Exercícios de alta intensidade melhoram a 
função muscular por induzir mudanças bioquímicas no músculo, que irão resultar em 
tolerância maior ao esforço, sem acidose metabólica acentuada. Pacientes nos quais a 
disfunção muscular é a causa primária da limitação ao exercício, retardar a fadiga 
aumenta a tolerância ao exercício. Para os pacientes nos quais a causa primária é a 
disfunção ventilatória, reduzir a acidose lática para um determinado nível de exercício 
reduz a demanda ventilatória, provavelmente por reduzir a estimulação dos corpos 
carotídeos. (MALTAIS ET AL., 2008). 
A dispneia também é minimizada ao reduzir a hiperinsuflação dinâmica que 
ocorre quando o indivíduo não treinado aumenta a demanda ventilatória, reduzindo o 
tempo expiratório e causando uma limitação ao fluxo expiratório. Dessa forma, os 
volumes inspiratórios e expiratórios finais são forçados a aumentarem progressivamente, 
aumentando o trabalho elástico da respiração e a dispneia. O treinamento reduz a 
demanda ventilatória, resultando em uma redução da frequência respiratória em um dado 
nível de exercício. Com um tempo expiratório maior, ocorre menos hiperinsuflação 
dinâmica e menos dispneia. (MALTAIS ET AL., 2008). 
5.1 Avaliação inicial do paciente 
Antes de traçar um programa de tratamento, é necessário uma avaliação inicial 
detalhada do paciente. Uma história completa e um exame físico minucioso devem ser 
realizados. A avaliação respiratória inclui uma avaliação dos sinais vitais, oximetria de 
pulso, ausculta torácica, análise dos movimentos torácicos, uso de musculatura 
acessória, presença de edema periférico, presença de tosse e escarro e habilidade de 
falar uma frase completa. História de hospitalizações prévias relaciona-se com a 
condição respiratória e intubação prévia se relaciona com a gravidade da doença e 
prognóstico. Questões sobre o grau de dispneia nas AVDs determinam o grau de 
estabilidade do paciente (KUZMA ET AL., 2008). 
Através da avaliação inicial, a história tabágica do paciente é levantada. O 
paciente também deve ser avaliado quanto à presença de comorbidades, incluindo 
 
24 
 
doença cardiovascular, depressão, ansiedade, perda de peso, osteoporose, fraqueza e 
disfunção muscular. (KUZMA ET AL., 2008). 
Deve ser feito uma avaliação das habilidades funcionais do paciente. Na 
avaliação funcional, incluem teste de caminhada de seis minutos e teste de exercícios 
cardiopulmonares, que irão avaliar a tolerância ao exercício, dispneia ao exercício e 
descondicionamento. A avaliação funcional, em conjunto com os testes de função 
pulmonar ajudam a determinar as diferentes opções de tratamento, incluindo a 
reabilitação pulmonar. Além disso, o teste cardiopulmonar, que irá fornecer informações 
sobre o mecanismo e gravidade da intolerância ao exercício, ajuda a identificar qualquer 
contraindicação cardiovascular para um programa de exercício rigoroso, indicar se é 
necessário a complementação de oxigênio e fornecer informações a respeito da 
intensidade de exercício que poderá ser indicada. (KUZMA ET AL., 2008). 
Para que um programa de exercícios seja instituído, é necessário avaliar força, 
flexibilidade, marcha, postura e limitações ortopédicas e musculoesqueléticas. Também 
é fundamental uma avaliação das AVDs para avaliar a quantidade de esforço usado pelo 
paciente em sua rotina. (KUZMA ET AL., 2008). 
5.2 A conscientização do paciente 
As sessões educativas visam aumentar a compreensão do paciente sobre a 
doença e seu tratamento, bem como promover estratégias de automanejo dos sintomas 
e de intervenções, como cessação do tabagismo, incorporação de práticas de atividade 
física fora do tratamento, promoção de estratégias que forneçam maior aderência ao 
tratamento e desenvolvimento de um plano de ação para detecção precoce e tratamento 
das exacerbações da doença. Como ansiedade e depressão são comuns nos pacientes 
portadores de DPOC que são encaminhados para a reabilitação pulmonar, muitos 
programas incluem um componente psicossocial, baseado na necessidade de cada 
paciente. (KUZMA ET AL., 2008). 
No entanto, há diversos fatores que levam o paciente a não aderir ao tratamento. 
Múltiplas comorbidades são comuns na DPOC, de forma que um grande número de 
medicações é utilizado por estes pacientes, aumentando o risco de não aderênciaao 
 
25 
 
tratamento. Além disso, o manejo da DPOC é complexo, exigindo do paciente mudanças 
comportamentais e no estilo de vida, como cessação do hábito de fumar e aderência ao 
tratamento medicamento e a programas de exercícios. Por isso identificar os fatores que 
poderão levar a não aderência, bem como fornece material educativo sobre medicação, 
que seja fácil do paciente compreender e seguir, é fundamental. A aceitação do paciente 
sobre o processo da doença e tratamento recomendado também contribuem para a 
aderência ao tratamento. 
Ensinar o paciente a reconhecer os sintomas de exacerbação da doença, que 
incluem aumento da dispneia, mudanças na coloração e no volume de secreções 
pulmonares, ajudam a reduzir o número de hospitalizações. 
A intervenção mais eficaz para reduzir os sintomas e o risco de desenvolvimento 
e progressão da DPOC, bem como a mortalidade, é levar o paciente a deixar o hábito de 
fumar. (KUZMA ET AL., 2008). 
5.3 Programas de reabilitação pulmonar 
A reabilitação pulmonar envolve equipes multidisciplinares a nível ambulatorial. 
Normalmente, são encaminhados para a reabilitação pulmonar pacientes que 
apresentam estágio 3 (grave) da doença. Entretanto, aqueles com graus mais leves 
também podem apresentar intolerância ao exercício, podendo se beneficiar da 
reabilitação. A seleção para a reabilitação pode focar nos pacientes nos quais a dispneia 
é desproporcional à gravidade da doença e no qual a fadiga nos membros inferiores é o 
sintoma que limita a tolerância ao exercício. (KUZMA ET AL., 2008). 
Normalmente, a reabilitação não é recomendada para pacientes que são 
incapazes de andar, devido a problemas ortopédicos ou neurológicos, ou naqueles com 
doença cardíaca instável. Outras contraindicações relativas incluem problemas 
cognitivos ou psiquiátricos, que podem impedir que o paciente compreenda ou coopere 
com o plano de tratamento. Alguns programas também excluem fumantes ativos. 
A maioria dos programas de reabilitação envolve três sessões supervisionadas 
por semana, por um período de 6 a 12 semanas, embora alguns estudos sugerem que 
 
26 
 
prolongar o tratamento pode fornecer benefícios maiores e mais prolongado. (KUZMA ET 
AL., 2008). 
6 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO 
 
Fluxograma para intervenção fisioterápica. 
Fonte: https://www.researchgate.net 
O tratamento da DPOC deve ser realizado por uma equipe composta por vários 
profissionais de saúde que atuem em conjunto visando proporcionar o melhor ao paciente 
de acordo com suas respectivas atuações. Logo serão necessários os tratamentos 
medicamentosos prescritos pelo médico educação quanto a doença, prevenção por meio 
https://www.researchgate.net/
 
27 
 
de vacinação e reabilitação pulmonar com a equipe multidisciplinar. A atuação nutricional 
é indicada para evitar que o paciente fique debilitado ou em sobre peso que compromete 
tanto a saúde como também dificulta ações de intervenção a doença. O 
acompanhamento com psicólogo pode ser necessário visto que as principais 
comorbidades envolvem a predisposição de depressão e ansiedade advinda das 
debilidades da patologia (MACHADO, 2008). 
O profissional fisioterapeuta nestes casos torna-se um componente de 
indispensável, pois irá atuar na prevenção e reabilitação do indivíduo através da 
reabilitação pulmonar e treinamento com exercícios físicos e de fortalecimento que 
auxiliem na redução da progressão e sintomatologia da doença. (MACHADO, 2008). 
A intervenção fisioterapêutica deve ser iniciada com a avaliação funcional 
buscando observar a gravidade dos comprometimentos de acordo com cada indivíduo 
para traçar o tratamento terapêutico adequado. Dentro da avaliação aplica-se o teste 
através da caminhada realizada em seis minutos, que é uma forma de avaliação que 
pode fornecer informações quanto as limitações encontradas na realização de exercícios 
e atividades cotidianas, a forma de andar e observar o nível de cansaço aos exercícios 
de mínimos e/ou máximos esforços, este teste também pode ser utilizado para avaliar a 
evolução da terapêutica no paciente. (MACHADO, 2008). 
Outro meio de avaliação constitui-se como um questionário modificado para 
utilização no Brasil, que abrange o estado de função pulmonar e da dispneia a fim de 
proporcionar informações em relação as condições funcionais do paciente sobre sua 
sintomatologia, durante a realização das atividades diárias, elencando as atividades que 
consegue ou não realizar e a intensidade da dispneia sentida durante sua realização. 
Desta forma através destes principais testes é possível se identificar os 
comprometimentos e assim propor o tratamento de acordo com as dificuldades 
encontradas. (MACHADO, 2008). 
A intervenção fisioterapêutica atuará com diversas técnicas visando promover a 
higiene brônquica, melhorar a capacidade funcional, reduzir o ciclo de fadiga e dispneia, 
técnicas que auxiliem na desinsuflação pulmonar, melhoria do condicionamento e físico 
e força dos músculos respiratórios e musculatura periférica, objetivando uma maior 
independência, autonomia, qualidade de vida e autoestima. (MACHADO, 2008). 
 
28 
 
É importante destacar as principais intervenções: manobras de desobstrução 
brônquica para higiene, exercícios que promovam a desinsuflação pulmonar, reabilitação 
pulmonar com exercícios resistidos em membros inferiores (MMII’s), e superiores 
(MMSS’s), cicloergômetro, exercícios aeróbicos para estimular o condicionamento físico 
através de atividades com o uso da bicicleta ergométrica, esteira, caminhada 
coordenando o exercício com a respiração na capacidade respiratória, eletroestimulação 
neuromuscular para os que não conseguem realizar movimentos com alta intensidade 
por apresentarem cansaço precoce em casos mais graves da doença, e treinamento da 
musculatura inspiratória. Outras técnicas incluem a utilização da ventilação não invasiva 
e oxigenoterapia domiciliar ou como auxiliar ao exercício. (MACHADO, 2008). 
A higiene brônquica é realizada visando promover a mobilização e eliminação de 
secreções proporcionando a desobstrução que está prejudicada decorrente das 
obstruções e fraqueza na musculatura respiratória e músculo diafragma que restringem 
e dificultam a mecânica ventilatória normal, desta forma na DPOC são realizados para 
desobstrução: manobras de vibrocompressão, vibração manual ou mecânica, 
posicionamento para drenagem postural nas fases mais amenas da doença, a técnica de 
expiração forçada é também indicada para reter e eliminar a secreção. (MACHADO, 
2008). 
Para a higiene brônquica possui também a manobra de aceleração do fluxo 
expiratório (AFE), que age com intuito de acelerar o processo expiratório permitindo um 
deslocamento e retenção eficaz para eliminar o muco presente, embora seja favorável 
para a higiene brônquica, esta manobra deve se utilizar com cautela, principalmente em 
casos como o enfisema pulmonar, devido a possibilidade de predispor a 
broncoespasmos. (MACHADO, 2008). 
Alguns estudos descreveram o uso de dispositivos como flutter e manobras mais 
atuais como a drenagem autógena que utiliza diferentes volumes respiratórios entre 
inspirações e expirações controladas para eliminar a secreção brônquica. São várias as 
formas de manobras que atuam na desobstrução, ambas se demonstram eficaz 
promovendo a limpeza mucociliar permitindo a passagem adequada do ar para que 
ocorra o processo de ventilação/perfusão. (MACHADO, 2008). 
 
29 
 
O método mais indicado de reabilitação para o paciente portador de doenças 
crônicas envolve atividades que melhorem o condicionamento físico, associado a 
educação para autodisciplina no paciente e a utilização de exercícios respiratórios. A 
literatura enfoca nos exercícios respiratórios buscando melhorias no padrão respiratório 
ofertando um maior conforto com consequente redução da dispneia. Dentre as técnicas 
mais utilizadas incluem exercício de frenolabial, e exercícios diafragmático. O freno labial 
no paciente pode manter os dentes semifechados para que após a inspiração possa 
prolongar o tempo expiratório reduzindo a hiperinsuflação. Já os exercícios para o 
músculo diafragma é realizado a respiração diafragmática com estimulo manual para 
fortalecer o principal músculo envolvido e também na mobilidade torácica. (MACHADO, 
2008). 
Os exercícios respiratórios compreendem também exercícios de expiração ativa 
e terapia que induzam o relaxamento. Na expiração de forma ativa o paciente necessita 
ter controle da respiração para que possa realizar de forma abreviada, ou lenta expirando 
uma maior quantidade de ar para que aumente a ventilação pulmonar na inspiração, após 
a expiração ativa controlada. A técnica de terapia de relaxamento, são exercícios que 
envolve alongamentos e relaxamento muscular para paciente que apresentem esforços 
respiratórios, ou casos de ansiedade, visando obter uma maior expansibilidade torácica, 
otimizando o funcionamento muscular respiratório (SHAHIN, 2008). 
Em suma, a reabilitação pulmonar é um programa de educacional e de exercícios 
ao paciente, onde são realizadas orientações quanto ao dia-a-dia do indivíduo e a 
importância de se manter um estilo de vida saudável com exercícios regulares, pois a 
prática frequente de exercícios é o primeiro passo para garantir mais bem-estar ao 
portador. Deve-se ressaltar que a reabilitação pode ser efetivada em todos os graus da 
doença havendo bons resultados em ambos os graus de gravidade. A reabilitação ocorre 
com treinamentos muscular com e sem resistência que deve ser realizada tanto em 
membros superiores como inferiores em que ambos devem ser trabalhados associados 
ao desempenho aeróbico para que se tenha uma melhora na capacidade funcional e 
condicionamento físico. (SHAHIN, 2008). 
Quanto aos exercícios de membros inferiores, os mesmos podem ser realizados 
por vários meios, como, por exemplo: caminhadas, esteiras, bicicletas ergométricas, etc. 
 
30 
 
Os exercícios dos membros superiores podem ocorrer de forma isolada, sem apoio, com 
utilização de halteres e faixas elásticas e/ou também com o uso do cicloergômetro, onde 
o paciente pode trabalhar os membros superiores apoiado. Embora possa ser realizada 
de ambos os modos, a forma sem apoio trabalha mais ativamente a musculatura 
melhorando a mecânica respiratória do paciente. (SHAHIN, 2008). 
A prática desses exercícios auxilia na prevenção de quedas, decorrente do 
aumento de força e sustentação dos membros, melhoram o desempenho físico e 
aumentam a tolerância respiratória em exercícios nas atividades diárias onde 
consequentemente reduz os sinais de dispneia, além de demonstrar melhorias nas 
condições psicológicas e sociais do indivíduo, conforme já defendido anteriormente. 
(SHAHIN, 2008). 
É importante enfatizar, todavia, que os exercícios devem ser de forma regular 
realizados em cerca de duas a três vezes durante a semana, quanto à intensidade para 
a prática não foram encontrados padrões específicos para sua utilização, porém alguns 
estudos ressaltaram melhores resultados nos exercícios de alta intensidade. É 
considerado um grande desafio ao paciente os exercícios de condicionamento físico 
decorrente da intensidade em que se deve atingir para melhorar a demanda ventilatório, 
desta forma, deve-se aumentar a intensidade gradativamente de acordo com a tolerância 
individual de cada paciente e estimular o mesmo com orientações e resultados que 
advinde ao exercício. (SHAHIN, 2008). 
Atualmente há vasta literatura demonstrando também a utilização da terapia com 
oxigênio (oxigenioterapia), e ventilação não invasiva durante a realização dos exercícios 
para aqueles pacientes que mantém uma oxigenação adequada em repouso, mas que 
tende a descompensar durante o exercício. O uso da suplementação de oxigênio durante 
a prática das atividades proporciona maior conforto respiratório prolongando o exercício. 
A oxigenoterapia também pode ser utilizado em domicílios em casos graves onde o 
paciente apresenta ventilação e perfusão inadequada, garantindo uma melhor sobrevida, 
e diminuição dos efeitos sistêmicos respiratórios da doença (POMIDORI ET AL., 2009). 
A ventilação não invasiva (VNI) como mencionado anteriormente pode ser 
associada a prática dos exercícios. A VNI é dividida em diferentes modalidades no qual 
pode se citar a utilização do modo BiPAP (bilevel positive airrway pressure) está 
 
31 
 
modalidade oferta uma demanda ventilatória que permite ajustar a pressão respiratória 
durante a inspiração e expiração. O ajuste pressórico ocorre de duas formas sendo uma 
maior pressão durante a inspiração, e menor pressão durante a inspiração, auxiliando na 
entrada e saída de ar do pulmão, sendo de grande proveito em casos de DPOC onde há 
presença de hipoxemia e/ou hipercapnia. (POMIDORI ET AL., 2009). 
Uma intervenção também muito utilizada é a eletroestimulação neuromuscular, 
em casos onde o portador possui fraqueza muscular e está incapacitado de realizar 
exercícios físicos regulares por exacerbação dos sintomas durante a prática. Este método 
é prático e de fácil utilização, onde é imposto uma certa intensidade regulada de forma 
individual com cada paciente para estimular os pontos funcionais dos músculos, tendo 
demonstrado bons resultados para ganho de força muscular. (POMIDORI ET AL., 2009). 
Outras modalidades terapêuticas para DPOC abrange o uso de técnicas de 
treinamento que estimulem o ganho de força de musculatura inspiratória sendo 
recomendado principalmente em casos de graves da doença onde observa-se um maior 
desconforto decorrente da fraqueza destes músculos que para suprir a demanda de 
oxigênio ao organismo tendem a aumentar sua ação, deixando os músculos 
sobrecarregados e consequentemente resultando em fraquezas e déficits em seu 
funcionamento. (POMIDORI ET AL., 2009). 
O treinamento dos músculos inspiratórios pode ocorrer com o uso do dispositivo 
fisioterapêutico Threshold onde o paciente respira e o dispositivo fornece uma resistência 
a essa inspiração, a resistência é de forma gradual podendo aumentar a resistência e 
força da musculatura inspiratória aumentando a demanda de oxigênio e o conforto 
respiratório (RAMOS, 2008). 
Além da reabilitação fisioterapêutica, como já foi abordado também, é de suma 
importância prestar informações educativas ao paciente sobre a doença em geral para 
que o mesmo obtenha maior consciência sobre o tratamento, pois apesar de a 
reabilitação reduzir os sintomas, se não forem associados a inibição dos fatores de risco 
que exacerbam a doença não surgiram efeitos suficientes para evitar a progressão rápida 
da DPOC. A educação e autoconhecimento do paciente e de seus familiares sobre a 
doença é primordial para poder realizar os tratamentos com exatidão (POMIDORI, 2009). 
 
32 
 
Cabe ao fisioterapeuta orientar aos pacientes sobre os fatores que podem vir 
progredir os sintomas da doença e as mudanças que devem ocorrer para evitar sua 
progressão precoce. As orientações incluem: evitar locais onde há exposição de fumaça, 
pode se utilizar exaustores como forma de proteção em locais fechados para evitar 
grande exposição que possa aumentar a obstrução dos brônquios, logo o mesmo deve 
estar ciente que o tabagismo como principal fator ocasional da doença deve ser cessado 
(ENGEL E VEMULPAD, 2009). 
É certo que, ao orientar o paciente sobre os fatores que podem exacerbar os 
sintomas acarretando problemas ao seu bem-estar, trará um maior conhecimento e 
participação do mesmo ao tratamento, devendo este estar ciente que para uma melhor 
efetividade da reabilitação o próprio paciente deve ser o protagonista da sua reabilitação. 
(SHAHIN, 2008). 
7 TÉCNICAS DESOBSTRUTIVAS CONVENCIONAIS 
Atualmente, as técnicas de intervenção fisioterapêuticas são divididas em 
convencionais e atuais. O conteúdo a seguir temcomo objetivo abordar cada uma delas 
e suas peculiaridades. (SHAHIN, 2008). 
As técnicas convencionais da fisioterapia são a drenagem postural, percussões, 
expiração forçada e técnicas de tosse (tosse explosiva e huffing). (SHAHIN, 2008). 
 
Fonte: http://www.vipsaudemedica.com.br 
http://www.vipsaudemedica.com.br/
 
33 
 
7.1 Drenagem postural 
A drenagem postural pode ser associada à percussão. A drenagem, através das 
modificações da postura do paciente obedece a estrutura das vias aéreas em relação à 
ventilação dependente e não dependente. Isto estabelece o diâmetro do alvéolo sob 
atuação da força da gravidade, facilitando a drenagem. (SHAHIN, 2008). 
Os níveis de postura relativos aos decúbitos além de 0º são o Fowler, em que o 
paciente é colocado com o tórax elevado acima de 0º até 45º, e o Trendelemburg, que 
posiciona o paciente com o tórax rebaixado menor que 0º, no máximo. Esta técnica exige 
monitorização constante, em todos os níveis, pois há predisposição a alterações 
ventilatórias pela ação da força da gravidade no sistema cardiopulmonar e pelo 
deslocamento do muco, que pode se organizar em quantidade maior em determinada 
região e promover dispneia por bloqueio momentâneo da passagem do fluxo aéreo. 
(SHAHIN, 2008). 
A indicação de determinada postura é relativa à área estrutural da árvore 
brônquica a ser tratada. As contraindicações à técnica são: edema pulmonar, 
insuficiência cardíaca congestiva, embolia pulmonar, hemoptise ativa, pressão 
intracraniana acima de 20 mmHg, hemorragia ativa, instabilidade hemodinâmica, infarto 
do miocárdio, derrames pleurais volumosos, lesões e cirurgias medulares, além de pós-
operatórios imediatos. (SHAHIN, 2008). 
A drenagem postural, no caso da DPOC, deve ser indicada de acordo com a 
gravidade da doença; os casos moderados e graves limitam a utilização desta técnica. 
(SHAHIN, 2008). 
A percussão pulmonar mais utilizada é a tapotagem, que gera vibrações 
intrapulmonares, descolando e mobilizando, através do fluxo expiratório, as secreções 
na direção da traqueia e, ao entrar em contato com os receptores reflexos, estimulam a 
tosse e a consequente eliminação da secreção. Paralelamente, a vibração manual tem o 
mesmo objetivo da tapotagem e, ambas, deve(m) ser executada(s) na fase da expiração, 
o que otimiza a expectoração. (SHAHIN, 2008). 
Por serem manobras realizadas na superfície externa do tórax, possuem 
contraindicações: lesões pulmonares, fraturas de costelas, osteoporose, hemoptise ativa, 
 
34 
 
edema agudo, tumores, metástase pulmonar e broncoespasmo. A vibração manual na 
DPOC deve ser utilizada sob monitorização auscultatória e a tapotagem no enfisema 
deve ser evitada, pois pode estimular a musculatura brônquica e provocar 
broncoespasmos. (SHAHIN, 2008). 
7.2 Técnica de expiração forçada 
Esta e uma técnica que pode ser realizada com pequeno, médio e grande 
esforço, sendo dependente da força dos músculos respiratórios empreendida para 
expirar um determinado volume pulmonar em uma velocidade de fluxo. Também 
conhecida como huffing, esta técnica tem o objetivo de deslocar a secreção brônquica e 
direcioná-la à orofaringe para ser expectorada, com a menor alteração da pressão pleural 
e reduzido gasto de energia. No caso da DPOC, deve ser orientada para ser feita com 
redução da velocidade de fluxo, minimizando o estimulo brônquico ao broncoespasmo. 
(SHAHIN, 2008). 
7.3 Técnica de tosse (explosiva e huffing) 
A tosse explosiva provoca um grande gasto energético, aumentando a dispneia 
e a percepção subjetiva de fadiga, o que – sabe-se – é prejudicial ao paciente com DPOC. 
Para minimizar os efeitos deletérios da tosse explosiva, o paciente deve ser orientado a 
realizar tosse a partir do conhecimento das suas fases, reduzindo a velocidade do fluxo, 
como o huffing (técnica de expiração forçada), e com a tosse controlada, minimizando 
seus efeitos. (SHAHIN, 2008). 
 
 
 
 
 
35 
 
8 TÉCNICAS DESOBSTRUTIVAS ATUAIS 
As mais atuais técnicas desobstrutivas conhecidas e aplicadas são: drenagem 
autógena, ciclo ativo da respiração, aceleração do fluxo expiratório (AFE), associação de 
aparelhos como o sistema de pressão expiratória positiva (PEP) e o Flutter® ou Shaker® 
(pressão positiva oscilatória). Porém, no enfisema, algumas técnicas estão 
contraindicadas por estimularem a musculatura lisa brônquica e provocar 
broncoespasmos, como a AFE. (SHAHIN, 2008). 
Vejamos agora algumas peculiaridades de cada uma delas. 
8.1 Drenagem autógena 
A drenagem autógena tem o objetivo de remover o muco das paredes brônquicas 
passando pelas fases de “descolar”, coletar e eliminar o muco, através da respiração com 
diferentes volumes pulmonares, e é realizada em três fases. (SHAHIN, 2008). 
O Para doenças que apresentam probabilidade de desenvolver broncoespasmo, 
a velocidade do fluxo deve ser controlada, inclusive com relação à tosse. (SHAHIN, 
2008). 
8.2 Ciclo ativo da respiração 
Assim como a drenagem autógena, esta técnica também é realizada em três 
fases, e consiste em ciclos respiratórios repetidos, através de respirações 
predominantemente diafragmáticas, seguidas de inspirações profundas com velocidade 
de fluxo lento, tanto na inspiração quanto na expiração e, por fim, a eliminação da 
secreção através do huffing, otimizando o transporte mucociliar. (SHAHIN, 2008). 
Esta técnica é indicada para os portadores de DPOC que podem desenvolver 
broncoespasmo. 
 
36 
 
8.3 AFE (aceleração do fluxo expiratório) 
O objetivo desta técnica é aumentar a velocidade do fluxo expiratório e, assim, 
permitir o deslocamento do muco no ducto brônquico. É realizada através da manobra 
de compressão torácica associada ao fluxo expiratório. (SHAHIN, 2008). 
É contraindicada para as situações que podem desencadear broncoespasmo, 
por estimular a musculatura brônquica. (SHAHIN, 2008). 
8.4 PEP 
Técnica indicada para reduzir o aprisionamento aéreo, reverter atelectasias e 
mobilizar secreções através da resistência ao fluxo respiratório. Acredita-se que previne 
o colapso das vias aéreas e desloca as secreções em direção aos brônquios de maior 
calibre, facilitando a sua eliminação. De acordo com a indicação, pode ser utilizada na 
DPOC. (SHAHIN, 2008). 
8.5 Flutter® ou Shaker® 
Instrumento que associa a fisiologia da PEP às oscilações de alta frequência com 
o mesmo objetivo da PEP. A velocidade do fluxo expiratório pode ser controlada pelo 
paciente, sendo também indicada para a DPOC. (SHAHIN, 2008). 
 
 
 
 
 
37 
 
9 EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS 
 
Fonte: https://www.scielo.br 
https://www.scielo.br/
 
38 
 
A fisioterapia integra várias modalidades de tratamento que são consideradas 
elementares no programa de reabilitação. A seleção de modalidades de tratamento é 
baseada nas causas individuais de limitação ao exercício e, portanto, nos objetivos 
individuais de tratamento. (ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
Como já vimos até aqui, o exercício respiratório deve ser incluído no programa 
de reabilitação pulmonar com o objetivo de aliviar a dispneia através da redução da 
hiperinsuflação dinâmica e melhora da troca gasosa, aumento da força e endurance dos 
músculos respiratórios e otimização do padrão toracoabdominal. As técnicas mais 
comuns para reduzir a dispneia incluem a respiração frenolabial e a respiração 
diafragmática. A respiração frenolabial consiste em aplicar uma resistência expiratória 
variável, contraindo os lábios, prolongando o tempo expiratório. A respiração 
diafragmática consiste em respirar predominantemente com o diafragma, induzindo 
respirações lentas e profundas sem efeitos na ventilação-minuto. Entretanto, alguns 
estudos mostram que a respiração diafragmática pode não ser tão eficaz em alguns 
pacientes, aumentando o padrão respiratório paradoxal e piorando a dispneia. 
(ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
9.1Treinamento intervalado 
O treinamento intervalado é recomendado como uma alternativa ao treinamento 
de endurance em pacientes incapazes de sustentar exercício contínuo numa intensidade 
desejável. Os efeitos são comparáveis aos do treinamento de endurance, contanto que 
a carga total de trabalho realizada seja comparável. As modalidades de treinamento 
intervalado variam de blocos de exercício de 30 a 60 segundos numa intensidade de 90 
– 100% do pico de carga de trabalho atingido num teste incremental máximo com frações 
carga/recuperação de 1:2, até sessões de treinamento com duração de 2 a 3 minutos em 
intensidades moderadas (70% do pico de carga de trabalho), com frações 
carga/recuperação de 2:1. Contanto que o total de trabalho se assemelhe ao do 
treinamento contínuo, cabe ao terapeuta decidir o protocolo que pareça mais pertinente. 
Deve ser enfatizado que o treinamento intervalado consome mais tempo que o 
 
39 
 
treinamento de endurance devido aos períodos regulares de descanso. (ALMEIDA, J. T. 
S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
É recomendado reajustar a intensidade de treinamento semanalmente para se 
assegurar que a intensidade de exercício relativa permaneça constante. Isso irá 
promover um estímulo otimizado para adaptações musculares periféricas. O treinamento 
no cicloergômetro faz com que seja possível ajustar a intensidade de treinamento de 
modo acurado, baseado num teste incremental máximo de exercício. O treinamento 
intervalado na esteira ergométrica também é uma opção. Nos dois casos, a intensidade 
de treinamento deve ser ajustada usando a escala de Borg modificada, levando em 
consideração a tolerância do paciente. (ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
9.2 Treinamento de membros inferiores e superiores 
Exercícios de endurance dos músculos dos membros inferiores são o foco 
principal, com caminhadas em esteiras e bicicletas ergométricas. Regimes de alta 
intensidade são preferidos, com uma carga inicial de 60% da tolerância máxima ao 
exercício, embora exercícios com intensidades menores também são benéficos. A 
intensidade do exercício deve ser aumentada conforme a tolerância do paciente. 
(ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
Exercícios resistidos também devem ser incluídos, pois aumentar a força dos 
membros inferiores é importante para algumas AVDs, além de ajudar a reduzir o risco de 
quedas. (ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
Exercícios resistidos para os membros superiores também são importantes para 
melhorar o desempenho em algumas atividades, além de ajudar a reduzir a dispnéia, 
visto que alguns músculos dos membros superiores também atuam como músculos 
acessórios da respiração. (ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
9.3 Eletroestimulação neuromuscular (EENM) 
A EENM é recomendada para pacientes com força muscular gravemente 
diminuída que não são capazes de participar de atividades físicas regulares (Figura 3). 
 
40 
 
Tem sido mostrado que resulta em melhora na força muscular e capacidade de exercício. 
Além disso, é geralmente bem tolerada, pode ser implementada em casa e é 
relativamente barata. Mais estudos são necessários para se estabelecer seu valor como 
uma intervenção adicional em programas regulares de exercício físico ou mesmo como 
uma estratégia alternativa de treinamento em pacientes com DPOC leve e moderada. 
(ALMEIDA, J. T. S. e SCHNEIDER L. F. 2019) 
9.4 Treinamento da musculatura inspiratória 
Segundo alguns teóricos, o treinamento da musculatura inspiratória com carga 
linear pressórica pode aumentar a força dos músculos respiratórios em pacientes com 
DPOC avançado. A melhora do desempenho dos músculos inspiratórios é associada com 
aumento do desempenho ao exercício, evidenciado pelo aumento da distância percorrida 
no teste de caminhada de seis minutos, e na sensação de dispnéia durante as AVDs, 
sem alteração no VEF1 ou na capacidade vital forçada (SHAHIN ET AL., 2008). 
Os músculos respiratórios se comportam de maneira diferente dos demais 
músculos esqueléticos quando há aumento da sobrecarga. Enquanto que nos músculos 
dos membros inferiores, a fraqueza muscular e a insuficiência respiratória levam à 
inatividade e redução da sobrecarga desses músculos, os músculos respiratórios 
aumentam sua atividade, ficando ainda mais sobrecarregados. (SHAHIN ET AL., 2008). 
9.5 Intensidade de treinamento 
Não existe consenso sobre a abordagem ideal em relação à intensidade de 
treinamento. No entanto, exercícios de membros inferiores numa porcentagem alta do 
pico da carga de trabalho produzem melhores efeitos fisiológicos do que o treinamento 
em baixa intensidade. O treinamento de endurance de alta intensidade pode ser prescrito 
para pacientes capazes de tolerar essas intensidades, ou, alternativamente, pode ser 
oferecido num programa de treinamento para atingir ganhos máximos na capacidade 
aeróbica e anaeróbica. As recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte 
para adultos idosos podem ser seguidas como guia para determinar a intensidade de 
 
41 
 
treinamento. Elas incluem a duração mínima de 20 minutos por sessão de treinamento 
efetivo de exercício. A carga de treinamento deve ser aumentada gradualmente durante 
o curso do programa de treinamento. Os valores de percepção de esforço (ou dispneia, 
na escala de Borg modificada, valores de 5 a 6 em 10 possíveis) podem ser usados para 
ajuste da intensidade durante o programa. (SHAHIN ET AL., 2008). 
9.6 Frequência do treinamento 
Na ausência de estudos que investiguem os efeitos de diferentes frequências de 
treinamento em pacientes com DPOC, frequências de treinamento de 3 a 5 vezes por 
semana para treinamento de endurance e intervalado e de 2 a 3 vezes por semana para 
programas de treinamento de força são recomendados, baseados nos guidelines do 
Colégio Americano de Medicina do Esporte. Quando objetivos específicos de treinamento 
são atingidos, a manutenção dos efeitos do treinamento pode ser feita treinando, no 
mínimo, uma e, preferencialmente, duas vezes na semana, com a garantia de que a 
intensidade de treinamento seja mantida. (SHAHIN ET AL., 2008). 
9.7 Terapia com suplementação de oxigênio 
O oxigênio aumenta a capacidade para o exercício, reduzindo o desconforto 
respiratório, através de vários mecanismos, incluindo redução do drive ventilatório 
hipóxico, retardo da acidose metabólica e redução indireta da hiperinsuflação dinâmica, 
provavelmente por reduzir o drive ventilatório e a frequência respiratória. É aconselhável 
administrar suplementação de oxigênio durante o treinamento em pacientes que não são 
hipoxêmicos em repouso, mas que apresentam substancial hipoxemia induzida pelo 
exercício. A terapia à longo prazo com oxigênio reduz a dispneia, a policitemia, a pressão 
arterial pulmonar, desordens do sono, arritmias noturnas, anormalidades 
neuropsiquiátricas, além de aumentar a tolerância ao exercício. Além disso, a terapia com 
oxigênio é eficaz em aumentar a sobrevida dos pacientes com DPOC com falência 
respiratória crônica. Entretanto, a expectativa de vida dos pacientes que necessitam de 
oxigênio é pobre. Vários fatores influenciam o prognóstico, incluindo índices 
 
42 
 
espirométricos, capacidade de difusão do monóxido de carbono, hipoxemia, hipercapnia, 
capacidade de exercício reduzida, dispneia, IMC, estado de saúde e episódios frequentes 
de exacerbações. (SHAHIN ET AL., 2008). 
9.8 Duração dos programas de exercício 
Embora alguns estudos sugiram que os efeitos benéficos persistam mais com 
programas longos (com duração maior que 12 semanas), programas mais curtos (4 a 7 
semanas) também resultaram em benefícios clinicamente relevantes. Dessa forma, não 
é possível atualmente recomendar uma duração ideal de um programa de exercícios 
físicos. Para se determinar a duração apropriada de programas de reabilitação, as 
características do paciente, objetivos individuais de tratamento e o custo-benefício

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